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UNIVERSIDAEDE ESTÁCIO DE SÁ 2018 ENFERMAGEM EM Prof. Alexander Ramalho e-mail: agaramalho@hotmail.com A POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL * Década de 40 – preocupação com a não “recuperação” do louco no hospital psiquiátrico, com denúncias dos métodos bárbaros utilizados. O isolamento e a exclusão da loucura passa a ser questionada. * Nos anos de 1960, da ditadura militar, a política manicomial sofreu grande expansão, devido à contratação e ao financiamento pela Previdência Social de clínicas privadas, que futuramente se constituiriam o grande problema da política de saúde mental no Brasil. * Uma das características deste período foi a política de assistência médica no Brasil, "em nome de uma racionalidade necessária e viabilizadora da expansão de cobertura, dá prioridade à contratação de serviços de terceiros em detrimento dos serviços médicos próprios da Previdência Social" (Oliveira & Teixeira, 1985:210). * Desta forma, o privatismo na atenção psiquiátrica, provocou um crescimento desordenado, falta de planejamento e critério nas demandas de internação, causando uma cristalização do modelo manicômio-dependente, consolidando-se como política oficial até o final dos anos de 1970. * Década de 70 – Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM) = Preventivismo. Introdução de planos e programas de caráter preventivista (Lançamento do Manual de Assistência Psiquiátrica com referencial preventivo-comunitário) por Luiz Cerqueira. * Entretanto, uma contradição era instalada no momento em que a crise social e política acontecia no país: ao mesmo tempo em que os anos de 1970 foram marcados por uma profunda crise política, aconteceu o início da reorganização política do país, intensificando as discussões sobre a assistência à saúde. * Desde a década de 60, na Itália, Franco Basaglia liderava um movimento que questionava a psiquiatria. No final da década de 70 (1978) o movimento consegue aprovação de uma lei proibindo a construção de novos hospitais psiquiátricos e redirecionando os recursos públicos destinados à saúde mental para a criação e manutenção de serviços substitutivos, abertos como leitos psiquiátricos em hospitais gerais, lares abrigados, hospital-dia, albergues ou pensões protegidas. (Lei 180 ou Lei Baságlia) * Os primeiros movimentos da Reforma Psiquiátrica no Brasil podem ser caracterizados no fim da década de 70, com o surgimento do Movimento dos Trabalhadores em Saúde mental (MTSM) – debate e encaminhamento de propostas de transformação da assistência psiquiátrica. * Movimento dos trabalhadores de saúde mental (MTSM), movimento composto por técnicos de diferentes categorias profissionais com o objetivo de propor práticas transformadoras à política vigente (preventivista e organicista). * O ápice foi atingido no final da década de 80 no contexto de redemocratização - facilitador para o processo de contestação das práticas psiquiátricas. * A experiência italiana, com os trabalhos de Basaglia, na década de 60 e a sua experiência em Triestre, trouxeram contribuições teóricas e práticas para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. A década de 80 é marcada por propostas de uma psiquiatria menos repressora, seja, através do processo de desospitalização, ou de um trabalho mais voltado para os interesses e necessidades da comunidade. Desinstitucionalização – termo criado nos anos 60, nos EUA, para designar processos de alta administrativas e reinserção de pacientes psiquiátricos na comunidade, porém, assume caráter de desospitalização, tentando substituir o hospital psiquiátrico por uma rede de serviços comunitários substitutivos, enfatizando a prevenção e a reabilitação. Um dos principais papéis do processo de desistintucionalização é possibilitar o surgimento de outras formas de relação cotidiana com a loucura, que facilitem a inter- relação. Desconstruir formas institucionalizadas de lidar com a loucura. [...] a desinstitucionalização é, sobretudo um trabalho terapêutico, voltado para a reconstituição das pessoas, enquanto pessoas que sofrem, como sujeitos. Talvez não se "resolva" por hora, não se "cure" agora, mas, no entanto seguramente "se cuida". Depois de ter descartado a "solução-cura" se descobriu que cuidar significa ocupar-se, aqui e agora, de fazer com que se transformem os modos de viver e sentir o sofrimento do ‘paciente’ e que, ao mesmo tempo, se transforme sua vida concreta e cotidiana, que alimenta este sofrimento (Rotelli, 1990:33). O hospício é construído para controlar e reprimir os trabalhadores que perderam a capacidade de responder aos interesses capitalistas de produção.” Franco Basaglia Desconstrução – uma outra perspectiva da desinstitucionalização que também influencia o processo brasileiro de reforma – movimento de dentro para fora, rompendo paradigmas secularmente reforçados - superar o aparato manicomial com toda sua trama de saberes e práticas em torno do objeto doença mental. Valorização do Doente e não da Doença! Década de 80 – Instituições privadas eram remuneradas pelo Setor Público nas internações psiquiátricas – setor conveniado ou contratado - INPS - INAMPS - SUS. 1987 - I Conferência Nacional de Saúde Mental – distanciamento do MTSM dos dirigentes de órgãos públicos federais e aproximação das entidades de usuários e familiares. 1988 – Intervenção do MS no Centro Psiquiátrico Pedro II e Colônia Juliano Moreira, com exército e polícia federal. Os interventores são porta-vozes do setor privado e as lideranças das unidades são afastadas, o episódio ganha repercussão nacional. 1989 – Projeto de Lei 3.657 do deputado federal Paulo Delgado que propõe a extinção progressiva dos hospitais psiquiátricos públicos no Brasil, controlando a expansão e a contratação dos hospitais que prestam serviço ao estado. (aprovado na Câmara mais vetado no Senado). Lobbie da FBH (Federação Brasileira de Hospitais). Criação da AFDM (Associação de Familiares de Doentes Mentais), patrocinada pela FBH. 1990 - Conferência Regional para a Reestruturação da Atenção Psiquiátrica, organizada pela Organização Pan-Americana de Saúde, realizada em Caracas. Declaração de Caracas – momento inaugural da reforma psiquiátrica que proclamou a necessidade de promover recursos terapêuticos e um sistema que garanta o respeito aos direitos humanos e civis dos pacientes com distúrbios mentais. 18/05/1987 – LUTA ANTIMANICOMIAL Necessidade de se superar o hospital psiquiátrico, estabelecendo serviços alternativos na própria comunidade, em suas redes sociais. Nível Central de Gestão – Coordenação Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Portaria 189/91 Ministério da Saúde – Instituía rol de procedimentos e dispositivos de atenção em saúde mental custeados por verba pública. Portaria 224/92 Ministério da Saúde – Divide o atendimento em Saúde Mental em dois grandes grupos de atendimento: - Hospitalar – internação e semi-internação - Ambulatorial – Atendimento ambulatorial, CAPS / NAPS. II Conferência Nacional de Saúde Mental – final de 1992 – Brasília - marcos conceituais a atenção integral e a cidadania - resultou na apresentação de um projeto de lei no Senado, propondo a “extinção progressiva dos manicômios e sua substituição por outros recursos assistenciais, bem como a regulamentação da internação psiquiátrica involuntária”. Proibia também a construção de novos hospitais psiquiátricos públicos. 1995 – Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro assumiu a gestão do SUS na cidade. O primeiro CAPS é inaugurado no RJ em 1996. Reestruturação da Assistência Psiquiátrica, novos modelos de assistência O SUS é definido como “O conjunto de ações e serviços de saúde, prestadospor órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público” (Brasil, 1990, p. 8). A assistência em saúde mental é discutida como parte das políticas de saúde, principalmente na esfera municipal e, no município do Rio de Janeiro organiza-se o controle da rede hospitalar, a reestruturação da rede ambulatorial com sistema de referência e contra referência e, a implantação de uma rede de Centros de Atenção Psicossocial - Caps regionalizado, seguindo os princípios e organização do SUS – rede de serviços hierarquizados, regionalizados e, administração descentralizada. Todavia, na prática, ainda existe uma distância entre a proposta oficial de estruturação organizacional e a realidade desta implementação com relação aos recursos financeiros. A Reforma Psiquiátrica é um processo dinâmico de reflexões e transformações que unifica, integra e vincula diferentes níveis assistenciais, políticos, sociais, econômicos, culturais e conceituais, num movimento que visa desmistificar o estigma da doença mental, assegurando o direito da cidadania, como sua meta maior. Para isso, é necessária aceitação do modo de ser do outro no mundo, transformação de práticas e saberes, construção e resgate da autonomia, com reestruturação e humanização da assistência psiquiátrica, criando novas formas de cuidar, escutar e acolher. A reforma psiquiátrica reinvidica a cidadania do louco. Embora trazendo exigências políticas, administrativas, técnicas - também teóricas - bastante novas, a Reforma insiste num argumento originário: os "direitos" do doente mental, sua "cidadania". Por trazer à cena, como sujeitos (cidadãos), aqueles que são seus clientes, a dimensão dominante da Reforma deixa de ser técnico administrativa, para constituir-se em enigma teórico. Um imprevisível político (Delgado, 1992:29). Projeto de Lei original do Deputado Paulo Delgado - após mais de 10 anos – aprovada - Lei Federal da Reforma Psiquiátrica – Lei nº 10.216 de 06/04/2001- implantação de serviços substitutivos ao modelo tradicional: - Leitos psiquiátricos em hospitais gerais; - Serviços de atenção diária, de base comunitária; - Emergências psiquiátricas em pronto-socorros gerais; - Unidades de atenção intensiva em saúde mental em regime de hospital-dia; - Pensões protegidas; - Centros de convivência. Redução de leitos de hospitais psiquiátricos em todo o País, abertura de leitos de psiquiatria nos hospitais gerais e o crescimento dos recursos comunitários alternativos voltados para a reinserção social. Melhoria na qualidade assistencial pelos decretos e normas ministeriais proporcionados pela Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde (Portaria Ministerial 224/1992 - 251/2002). Processo de Reforma Psiquiátrica: reestruturação da assistência, superando o modelo asilar e construindo novas possibilidades de assistência substitutivas a ele. REFORMA PSIQUIÁTRICA ou Política de Desistitucionalização, que prescreve a extinção dos hospitais psiquiátricos, e sua substituição por outras modalidades e práticas assistenciais, e que “implica não apenas num processo de desospitalização, mas de invenção de práticas assistenciais territoriais; um processo prático de desconstrução dos conceitos e das práticas psiquiátricas”. (AMARANTE, 1994, p. 81). Trata-se, na verdade, de dar ao doente o direito a um cuidado real, concreto, “não de ser excluído, mas de receber ajuda no seu sofrimento, na sua positividade e na sua possibilidade de ser sujeito (...) de não ser despossuído de seus direitos não apenas sociais, civis e políticos, mas de ser uma pessoa, de ter seus desejos e projetos” (AMARANTE, 1996). A cidadania plena do doente mental está “enunciada com o propósito de que seu tratamento não seja seu passaporte para a exclusão social” (LANCETTI, 1987). O Governo brasileiro tem como objetivo reduzir progressivamente os leitos psiquiátricos, qualificar, expandir e fortalecer a rede extra-hospitalar - Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e Unidades Psiquiátricas em Hospitais Gerais (UPHG) - incluir as ações da saúde mental na atenção básica, implementar uma política de atenção integral a usuários de álcool e outras drogas, implantar o programa "De Volta Para Casa“ Ministério da Saúde (LEI Nº 10.708, de 31 de Julho de 2003), manter um programa permanente de formação de recursos humanos para reforma psiquiátrica, promover direitos de usuários e familiares incentivando a participação no cuidado, garantir tratamento digno e de qualidade ao louco infrator (superando o modelo de assistência centrado no Manicômio Judiciário) e avaliar continuamente todos os hospitais psiquiátricos por meio do Programa Nacional de Avaliação dos Serviços Hospitalares - PNASH/ Psiquiatria. CENÁRIO ATUAL: -Tendência de reversão do modelo hospitalar para uma ampliação significativa da rede extra-hospitalar, de base comunitária; -Entendimento das questões de álcool e outras drogas como problema de saúde pública e como prioridade no atual governo; -Ratificação das diretrizes do SUS pela Lei Federal 10.216/01 e IV Conferência Nacional de Saúde Mental realizada em (2010). - Inclusão da Saúde Mental no atendimento da ESF DESAFIOS: -Fortalecer políticas de saúde voltadas para grupos de pessoas com transtornos mentais de alta prevalência e baixa cobertura assistencial; -Consolidar e ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial, promotora da reintegração social e da cidadania; -Implementar uma política de saúde mental eficaz no atendimento às pessoas que sofrem com a crise social, a violência e desemprego; - Aumentar recursos do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental.
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