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O contexto geral do psicodiagnóstico

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REFERÊNCIA: ANCONA-LOPEZ, M. O contexto geral do psicodiagnóstico in Trinca W. Diagnóstico psicológico: a prática clínica. SP: EPU,1984. 
	 
	A autora, Marília Ancona-Lopez, inicia seu texto falando a respeito da origem e do significado da palavra “diagnóstico”, a palavra advém do grego e suas significações são “discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de” (SIC). Ancona-Lopez nos diz então que em um significado mais amplo, o diagnóstico vem a ser o que ocorre toda vez que demonstramos compreender um fenômeno, e tal conhecimento é obtido por observações e avaliações que realizamos se baseando em nossas experiências, informações e percepções. Em contrapartida, numa significação mais específica, o termo “diagnóstico” vem a ser um conhecimento que foge do senso comum e usa de conceitos e teorias científicas paras se firmar.
	O texto lido começa a discorrer do tema “psicodiagnóstico”, frisando que tal diagnóstico deve ser realizado apenas por psicólogos e que isso está assegurado pela Lei nº 4119 de 27/08/1962. A autora nos fala que pôr a Psicologia ter muitas teorias existentes e que nem sempre elas se conversam, a atuação do psicólogo frente a um diagnóstico pode variar, já que seus conhecimentos, suas técnicas e métodos de estudo se divergem. O termo utilizado para representar a tarefa de diagnóstico dentro da Psicologia também é algo que vai depender do pressuposto teórico do psicólogo.
	A Psicopatologia surge da Psiquiatria, onde ela é viés da ciência que estuda os comportamentos tidos como anormais, definindo, compreendendo suas causas e como essas são vistas socialmente. Em paralelo a Psicologia, nasce então a Psicologia Clínica, com o pressuposto de prevenir e dar um alívio ao sofrimento psíquico do homem.
	A autora nos apresenta diversas abordagens psicodiagnósticas, dividindo as abordagens de acordo com a orientação e entendimento do fenômeno que elas escolheram. A forma inicial de atuação em psicodiagnóstico, teve uma postura positivista principalmente em território americano, onde os cientistas pensavam que era possível se chegar à um conhecimento objetivo de um fenômeno utilizando de observações imparciais e experimentações. Os modelos que nasciam nesse período são: o modelo médico, o modelo psicométrico e o modelo behavorista.
	O modelo médico influenciou e muito no início da nossa atuação, já que nos apossamos de elementos da prática médica como o de enfatizar os aspectos patológicos do sujeito e a de usar instrumentos para medir características do mesmo. Esse modelo também ajudou a estabelecer a causalidade que há entre os distúrbios fisiológicos e os distúrbios da psique. Passou a se procurar uma forma de estabelecer quadros clínicos das doenças mentais e nisso as síndromes sintomáticas que tivessem relação a algum quadro passou a ser observada, e os comportamentos que pudessem ser tidos como patológicos começaram a ser descritos em detalhes. Muitos testes foram elaborados nesse período para ajudar os profissionais da época a detectar e determinar processos da mente e eventuais sinais de patologias. Algumas dificuldades encontradas por esse modelo advêm do fato de que muitas vezes os sintomas apresentados pelo sujeito não tinham relação ao quadro clínico, já que muitos dos sintomas podiam ser de causas diferentes e/ou de que muitas causas podiam causar sintomas diferentes. E a nossa classe perdia muito de conhecer, estudar e entender o indivíduo dando ênfase a aspectos psicopatológicos. 
	O modelo psicométrico foi um campo bem prospero para a Psicologia, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, onde os testes psicológicos tiveram grande patrocínio para avaliar se indivíduos estavam aptos para servir ao exército e para verificar quais foram os efeitos causados pela guerra nos indivíduos que dela retornavam. No decorrer dos anos essa área foi se tornando e hoje é exclusiva do campo de atuação do psicólogo. Os testes que inicialmente eram ministrados tratavam-se de medir a capacidade intelectual, aptidões e dificuldades de crianças na escola; esses resultados eram utilizados para se fazer orientações a pais, professores e médicos. A visão de homem desse modelo diz que o indivíduo possui características imutáveis advindas de ordem genética e constitucional, onde os testes psicológicos eram utilizados para medir tais aspectos e posteriormente classificá-los. 
	O modelo behavorista tem influência do movimento positivismo, onde declaram que o indivíduo pode ser estudado e desse pressuposto dizem que os comportamentos que advém do indivíduo são passiveis de observações e estudos, e que esse seria o único objeto possível da Psicologia estudar. Acreditam que os comportamentos humanos são aprendidos e podem ser modificados, criaram então novas formas de se avaliar um comportamento e abdicaram o termo “psicodiagnóstico” de seu vocabulário, utilizando termos equivalentes de acordo com sua linha teórica.
	Surgindo após o positivismo, uma corrente de filósofos veio contestar a visão científica que pensava ser possível separar o sujeito de seu objeto de estudo. Esse novo pensamento surgiu no início do século passado, onde a subjetividade não pode ser negada ou desconsiderada quando se trata de estudar e trabalhar com seres humanos. Isso acabou mudando os rumos da Psicopatologia e da própria Psicologia, onde correntes que surgiram nesse momento afirmam que o indivíduo determina e é determinado pelo mundo; correntes que surgiram desse pensamento: o Humanismo, a Psicologia Fenomenológico-existencial e a Psicanálise.
	O Humanismo diferentemente de outras linhas, se estabelece sem realizar reducionismos ao que se entende do indivíduo, visando manter uma imagem global e compreender o mundo em que este se insere e seus significados. Faz críticas ao psicodiagnóstico por seu caráter reducionista de testar e classificar os indivíduos, dizem que diagnósticos estão carregados de julgamentos que se pautam em uma corrente teórica que descaracterizam o indivíduo. Se utilizam do relacionamento que criam com o cliente para compreender o mesmo, deixando de utilizar testes e gerar diagnósticos.
	A Psicologia Fenomenológico-existencial influenciou uma reformulação de como vemos o psicodiagnóstico, pois para os psicólogos atuantes nesse referencial teórico os resultados dos testes e de entrevistas serão trabalhados na terapia conjuntamente com o cliente a partir de discussões com o mesmo e obtendo com estas possíveis conclusões, pois os resultados não ficarão restritos ao psicólogo e sua interpretação.
	A Psicanálise influenciou muito na história da Psicologia quando trouxe aos Estados Unidos uma corrente já famosa na Europa que trabalhava com conceitos diferentes do que havia na época, como o conceito do inconsciente, e isso acabou abrindo novas discussões sobre como entender o indivíduo e suas determinações psíquicas, seus diferentes aspectos de personalidade. Como dentro da Psicanálise se originou diferentes escolas de pensamento, há então diferentes formas de se ver o homem e sua personalidade, porém todas são pautadas em conceitos fundamentais da Psicanálise e isso não diminuiu a influência na prática do psicodiagnóstico, ela acabou por implementar mais métodos que auxiliam no diagnóstico, como uma valorização maior as entrevistas, técnicas projetivas e observações, a transferência e contratransferência, e utilizar tudo isso como instrumentos de trabalho.
	Após a apresentação de algumas correntes a autora nos relembra que apesar da Psicologia ter diferentes formas de se olhar um fenômeno, estes as vezes conseguem se interseccionar, promovendo diálogos e discussões que enriquecem a Psicologia como ciência, tomando cuidado para não cair no conto de que uma linha teórica detém todo o conhecimento de indivíduo e podendo assim ocasionar discussões que não são pertinentes e nem promovem benefícios. A autora ressalta que as correntes vigentes atualmente na Psicologia concordam que o indivíduo é um ser biopsicossocial, e que não podemos analisar tão e somente apenas um desses aspectos,já que estão totalmente interligados em menor ou maior intensidade, evitando de atribuir explicações e significações psicológicas a aspectos que não competem a isso.
	O texto aborda a questão da teoria e da prática como noções que se complementam, que não devem ser subordinadas ou desenvolvidas unicamente. Essas noções implicam no conhecimento que devemos ter sobre a Psicologia como ciência, para evitar situações onde possamos alienadamente utilizar de diferentes referenciais teóricos e suas práticas, sem conseguir definir e sem manter uma postura frente aos mesmos; também devemos conhecer as dificuldades que a Psicologia encontra para refletirmos e compreender como essas se dão em nossa prática e buscando formas diferentes de atuar em conjunto com o cliente.
	Quanto a prática em psicodiagnóstico nosso objetivo como profissionais psicólogos é de atender a objetivos que o pressuposto teórico já defende, aplicando-os e os validando ou modificando, buscando organizar os resultados obtidos dessa prática para compreender o cliente e ajuda-lo.
	Para finalizar o texto a autora faz uma reflexão acerca do contexto de atuação do psicólogo em psicodiagnóstico, este que geralmente esta atrelado a consultórios privados e prestando serviços a uma clientela privilegiada. Quando um psicólogo decide optar por atuar em instituições ele se depara com o fracasso da utilização dos modelos de psicodiagnósticos que são utilizados em consultórios, pois os objetivos e necessidades de psicólogos, clientes e instituições, são divergentes; além de que a demanda do profissional pode ser influenciada pelo meio social em que a instituição está inserida. Para se trabalhar com psicodiagnóstico devemos nos apropriar de conhecimentos e recursos de uma forma coerente e ética, sem nos alienarmos e se manter abertos possíveis reestruturações de atuação.

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