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Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 1 - Departamento de Matema´tica Aplicada (GMA) Notas de aula - 2008-2 Profa. Marlene Dieguez Fernandez Integral definida Observac¸a˜o: esse texto conte´m apenas a parte teo´rica desse assunto, na˜o esta˜o aqui os exemplos e exerc´ıcios que sa˜o parte integrantes desse assunto. Comec¸aremos introduzindo alguns novos termos e nomenclaturas necessa´rios para o entendimento da integral definida. Partic¸a˜o de um intervalo fechado e limitado Escolha nu´meros xi, i = 0, · · · , n no intervalo [a, b], da seguinte forma: a = x0 < x1 < x2 < x3 < · · · < xn−1 < xn = b ✲ a = x0 x1 x2 x3 x4 · · · xn−1 xn = b Dessa forma o intervalo [a, b] ficou dividido em n sub-intervalos do tipo [xi−1, xi] , i = 1, · · · , n. (Observe que os comprimentos desses intervalos na˜o sa˜o necessariamente iguais) O conjunto desses n sub-intervalos e´ denominado partic¸a˜o do intervalo [a, b] e denotado por P . Comprimento ou norma de uma partic¸a˜o. Denotamos por: ∆xi = xi − xi−1 o comprimento de cada intervalo da partic¸a˜o. ‖∆‖ = max {∆xi, i = 1, · · · , n} a norma ou comprimento da partic¸a˜o Verifica-se que ‖∆‖ → 0 ⇒ n→∞ A Soma de Riemann de uma func¸a˜o f com partic¸a˜o P do intervalo [a, b] Considere uma func¸a˜o f : [a, b] −→ R Escolha uma partic¸a˜o P de [a, b] com n sub-intervalos de compri- mentos ∆xi. Observe na Fig. 1 os valores xi no eixo horizontal. Escolha em cada [xi−1, xi] um valor ci tal que xi−1 ≤ ci ≤ xi. Para cada ci podemos calcular f (ci). Observe na Fig. 1 que as ordenadas f(ci) podem ser positivas ou negativas. n21 cc c nn–1210 x =bxxa=x x y=f(x) Fig. 1 Define-se a Soma de Riemann de uma func¸a˜o f com partic¸a˜o P do intervalo [a, b] por: S = n∑ i=1 f (ci) ∆xi A integral definida de uma func¸a˜o f no intervalo [a, b] Considere uma func¸a˜o f : [a, b] −→ R com partic¸a˜o P e Soma de Riemann S. Se existe o seguinte limite, lim ‖∆‖→0 S = lim ‖∆‖→0 n∑ i=1 f (ci) ∆xi diz-se que o limite e´ a integral definida de uma func¸a˜o f no intervalo [a, b] e denota-se por ∫ b a f(x)dx. Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 2 Isto e´, se existe o limite, diz-se que f e´ integra´vel em [a, b] e podemos escrever: ∫ b a f(x)dx = lim ‖∆‖→0 S = lim ‖∆‖→0 n∑ i=1 f (ci) ∆xi Observe qua a Soma de Riemann pode resultar em valor positivo, negativo ou nulo, portanto a integral definida tambe´m pode ser um nu´mero positivo, negativo ou nulo. Denomina-se a de limite de integrac¸a˜o inferior e b de limite de integrac¸a˜o superior. Teorema Considere uma func¸a˜o f : [a, b] −→ R. Se f e´ cont´ınua em [a, b] enta˜o f e´ integra´vel em [a, b]. Justificativa: A teoria para a demonstrac¸a˜o desse teorema na˜o faz parte de Ca´lculo I-A. Uma aplicac¸a˜o geome´trica da integral definida Considere uma regia˜o plana acima do eixo horizontal, sob o gra´fico de uma func¸a˜o integra´vel y = f(x) ≥ 0, definida no intervalo [a, b]. Na Fig. 2, o intervalo [a, b] = [−0.5, 3]. Como poder´ıamos calcular aproximadamente a a´rea dessa regia˜o? Podemos trac¸ar retaˆngulos adequadamente e enta˜o somar as a´reas desses retaˆngulos. Na Fig. 3 trac¸amos 7 retaˆngulos. y=f(x) x0 10 20 –1 –0.5 0.5 1 1.5 2 2.5 3 y=f(x) x0 10 20 –1 –0.5 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Fig. 2 Fig. 3 Poder´ıamos tambe´m trac¸ar mais retaˆngulos, como na Fig. 4, e enta˜o somar as a´reas desses retaˆngulos. Na Fig. 4 trac¸amos 14 retaˆngulos. A soma das a´reas dos 14 retaˆngulos da Fig. 4 e´ uma aproximac¸a˜o melhor do que a soma das a´reas dos 7 retaˆngulos da Fig. 3. x y=f(x) 0 10 20 –1 –0.5 0.5 1 1.5 2 2.5 3 Fig. 4 Se continuarmos com esse processo de aumentar o nu´mero de retaˆngulos e somar as suas a´reas, estaremos calculando nu´meros cada vez mais pro´ximos da a´rea da regia˜o. Para um nu´mero n de retaˆngulos, observe: ∆xi = base de cada retaˆngulo; f(ci) = altura de cada retaˆngulo. Portanto a Soma de Riemann = n∑ i=1 f(ci)∆xi = soma das a´reas de todos os retaˆngulos. Agora, basta fazer ‖∆‖ → 0 na Soma de Riemann e obtemos: ∫ b a f(x)dx = a´rea sob o gra´fico de f . Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 3 A Integral Definida de duas func¸o˜es particulares: 1. ∫ b a (0)dx = 0 (justificativa: na Soma de Riemann todos os valores de f(ci) sa˜o nulos. Geometricamente, todos os retaˆngulos teˆm altura e a´rea nula) 2. ∫ b a (1)dx = ∫ b a dx = b− a = comprimento do intervalo [a, b]. (justificativa: na Soma de Riemann todos os termos sa˜o os comprimentos dos sub-intervalos) Interpretac¸o˜es geome´tricas: Considere a func¸a˜o y = f(x) definida e integra´vel em [a, b]. Considere tambe´m A = a a´rea da regia˜o delimitada pelo gra´fico de f , pelo eixo x e pelas retas x = a e x = b. 1. Se f(x) ≥ 0 ∀x ∈ [a, b] enta˜o A = ∫ b a f(x)dx e ∫ b a f(x)dx ≥ 0 Aqui diz-se que e´ a a´rea sob o gra´fico, ver Fig. 5 (justificativa: e´ a aplicac¸a˜o geome´tica vista anteriormente) 2. Se f(x) ≤ 0 ∀x ∈ [a, b] enta˜o A = − ∫ b a f(x)dx e ∫ b a f(x)dx ≤ 0 Aqui diz-se que e´ a a´rea sobre o gra´fico, ver Fig. 6 (justificativa: as alturas dos retaˆngulos na Soma de Riemann sa˜o iguais a −f (ci) ) 2–1–2 y=f(x) x 30 y=f(x) x Fig. 5 Fig. 6 A´rea A = ∫ 2 −2 f(x)dx A´rea A = − ∫ 3 0 f(x)dx A seguir, veremos propriedades, teoremas e novas definic¸o˜es que sera˜o bastante u´teis para as simplificac¸o˜es do ca´lculo de integrais definidas. Propriedades da Integral Definida Considere as func¸o˜es y = f(x) e y = g(x) definidas e integra´veis em [a, b] e uma constante c real. Valem as seguintes propiedades: 1. ∫ b a (f(x) + g(x)) dx = ∫ b a f(x)dx + ∫ b a g(x)dx (justificativa: usar as propriedades comutativa e associativa na Soma de Riemann) 2. ∫ b a c f(x)dx = c ∫ b a f(x)dx (justificativa: usar a propriedade distributiva na Soma de Riemann) 3. Se f(x) ≤ g(x) ∀x ∈ [a, b] enta˜o ∫ b a f(x)dx ≤ ∫ b a g(x)dx (justificativa: f(x) ≤ g(x) ⇒ g(x)− f(x) ≥ 0 ⇒ g(x) + (−1)f(x) ≥ 0 ⇒ ∫ b a (g(x) + (−1)f(x))dx ≥ 0 ⇒ ∫ b a g(x)dx + (−1) ∫ b a f(x)dx ≥ 0 ⇒ ∫ b a g(x)dx ≥ ∫ b a f(x)dx. c.q.d. Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 4 Teorema da decomposic¸a˜o Considere uma func¸a˜o f : [a, b] −→ R. Se f e´ integra´vel em [a, b] enta˜o para todo c tal que a < c < b temos que: ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx + ∫ b c f(x)dx a bc y=f(x) x Fig. 7 Interpretac¸a˜o: sempre podemos decompor uma integral definida como a soma de duas outras integrais definidas, ver Fig. 7. Justificativa: Para demonstrar, basta considerar c = xk, tal que 1 < k < n e separar a Soma de Riemann da seguinte forma: S = n∑ i=1 f (ci) ∆xi = k∑ i=1 f (ci) ∆xi + n∑ i=k+1 f (ci) ∆xi Os dois somato´rios do lado direito correspondem a`s partic¸o˜es dos intervalos [a, c] e [c, b]. Calculando os limites, encontram-se as integrais definidas nestes intervalos. Duas novas definic¸o˜es Ate´ aqui, na integral ∫ b a f(x)dx foi considerado a < b. Define-se: 1. ∫ a a f(x)dx = 0 , por exemplo, ∫ 4 4 f(x)dx = 0 2. Se a func¸a˜o f e´ integra´vel em [a, b].∫ a b f(x)dx = − ∫ b a f(x)dx por exemplo, f e´ integra´vel em [2, 3], temos ∫ 2 3 f(x)dx = − ∫ 3 2 f(x)dx Obs. : no caso da definic¸a˜o 2, dizemos que ao trocarmos os limites de integrac¸a˜o, a integral muda de sinal. Novo Teorema da decomposic¸a˜o Considere uma func¸a˜o f : I −→ R, onde I e´ um intervalo fechado e limitado Se f e´ integra´vel em I enta˜o para quaisquer nu´meros a, b, c, todos pertencentes a I e a < b, temos que: ∫ b a f(x)dx =∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx Atenc¸a˜o: este teorema e´ diferente do teorema anterior porque aqui o nu´mero c pode estar em qualquer ordem em relac¸a˜o a a e b. Justificativa. Temos 5 casos a considerar: (i) c < a < b, pelo teorema da decomposic¸a˜o, ∫ b c f(x)dx = ∫ a c f(x)dx + ∫ b a f(x)dx. Logo ∫ b a f(x)dx = ∫ b c f(x)dx − ∫ a c f(x)dx. Invertendo a ordem de integrac¸a˜o na integral mais a` direita, a integral troca de sinal e obtemos ∫ b a f(x)dx = ∫ b c f(x)dx + ∫ c a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx + ∫ b c f(x)dx (ii) c =< a < b, podemos escrever ∫ b a f(x)dx = 0 + ∫ b a f(x)dx. Logo, como ∫ a a f(x)dx = 0, temos ∫ b a f(x)dx = ∫ a a f(x)dx + ∫ b a f(x)dx. Agora como c = a, substituimos a por c nas integrais do lado direito e obtemos ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx + ∫ b c f(x)dx Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 5 (iii) a < c < b, essa e´ a hipo´tese do teorema da decomposic¸a˜o, logo ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx+ ∫ b c f(x)dx (iv) a < b = c, podemos escrever ∫ b a f(x)dx = ∫ b a f(x)dx + 0. Logo, como ∫ b b f(x)dx = 0, temos ∫ b a f(x)dx = ∫ b a f(x)dx + ∫ b b f(x)dx. Agora como b = c, substituimos b por c nas integrais do lado direito e obtemos ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx + ∫ b c f(x)dx (v) a < b < c, pelo teorema da decomposic¸a˜o, ∫ c a f(x)dx = ∫ b a f(x)dx + ∫ c b f(x)dx. Logo ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx− ∫ c b f(x)dx. Invertendo a ordem de integrac¸a˜o na integral mais a` direita, a integral troca de sinal e obtemos ∫ b a f(x)dx = ∫ c a f(x)dx + ∫ b c f(x)dx. Teorema do Valor Me´dio para Integrais Considere uma func¸a˜o f : [a, b] −→ R. Se f e´ cont´ınua em [a, b] enta˜o existe um valor x∗, com a < x∗ < x e tal que ∫ b a f(x)dx b− a = f(x∗) Uma interpretac¸a˜o geome´trica desse teorema: Se f(x) ≥ 0 em [a, b], a integral do numerador e´ a a´rea da regia˜o sob a curva e o denominador e´ a base dessa figura. O quociente e´ igual a altura de um retaˆngulo cuja base e a´rea sa˜o as mesmas dessa regia˜o. O teorema garante que existe um valor x∗ tal que f(x∗) e´ exatamente o valor da altura desse retaˆngulo. O teorema acima e´ particularmente u´til na demonstrac¸a˜o do ı´mportant´ıssimo teorema a seguir. Teorema Fundamental do Ca´lculo Considere uma func¸a˜o f : I −→ R t 7→ f(t) onde I e´ um intervalo fechado e limitado e f e´ cont´ınua em I. 1a. parte: Para um valor constante a dado e x varia´vel , a e x em I, definimos uma nova func¸a˜o F (x) = ∫ x a f(t)dt Nestas condic¸o˜es, F e´ uma anti-derivada de f(x), isto e´, F ′(x) = f(x) 2a. parte: Se G(x) e´ uma anti-derivada qualquer de f(x) enta˜o ∫ b a f(x)dx = G(b)−G(a). Observac¸o˜es: • Uma outra maneira de escrever a 1.a parte e´ Se f e´ uma func¸a˜o cont´ınua no intervalo fechado e limitado I enta˜o f admite uma func¸a˜o primitiva ou anti-derivada. Uma primitiva de f e´ F (x) = ∫ x a f(t)dt, onde a e´ uma contrante, a ∈ I. • Nas mesmas condic¸o˜es sobre f , pelo que ja´ foi visto de integral indefinida, podemos escrever∫ f(x) dx = ∫ x a f(t)dt+ C Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 6 Demonstrac¸a˜o do Teorema do Valor Me´dio para Integrais Como a hipo´tese e´ que f e´ cont´ınua no intervalo [a, b], podemos aplicar o Teorema dos Valores Extremos: existem dois valores xmı´n e xma´x, tais que f (xmı´n) = mı´nimo de f e f (xma´x) = ma´ximo de f . Logo, ∀x ∈ [a, b] temos que f (xmı´n) ≤ f(x) ≤ f (xma´x). Como f e´ cont´ınua, e´ tambe´m integra´vel, pela propriedade de integral definida ”calculando-se a integral definida, a desigualdade na˜o se altera”, obtemos∫ b a f (xmı´n) dx ≤ ∫ b a f(x)dx ≤ ∫ b a f (xma´x) dx. Agora, como f (xmı´n) e f (xma´x) sa˜o constantes, por propriedade de integral definida, temos f (xmı´n) ∫ b a dx ≤ ∫ b a f(x)dx ≤ f (xma´x) ∫ b a dx. Lembrando que ∫ b a f(x)dx = b − a 6= 0 porque a 6= b, podemos dividir todos os termos das desigualdades por b− a e obtemos f (xmı´n) ≤ ∫ b a f(x)dx b− a ≤ f (xma´x) dx. Mas ∫ b a f(x)dx b− a = constante = k. Donde, f e´ cont´ınua em [a, b] e f (xmı´n) ≤ k ≤ f (xma´x). Assim, podemos aplicar o Teorema do Valor Intermedia´rio e concluir que ∃ x∗ entre xmı´n e xma´x tal que f (x ∗) = k. Mas xmı´n ∈ [a, b], xma´x ∈ [a, b] e, finalmente conclu´ımos que ∃ x ∗, a < x∗ < b tal que f (x∗) = k = ∫ b a f(x)dx b− a . Demonstrac¸a˜o do Teorema Fundamental do Ca´lculo - Parte I Com a hipo´tese f cont´ınua no intervalo I, a constante e x varia´vel, definimos F (x) = ∫ x a f(t)dt e queremos provar que F ′(x) = f(x). Lembrando, a definic¸a˜o de derivada de F (x) e´ F ′(x) = lim ∆x→0 F (x+∆x)− F (x) ∆x . Vamos determinar primeiro F ′+(x) = lim ∆x→0+ F (x+∆x)− F (x) ∆x . Fica como exerc´ıcio determinar F ′−(x) = lim ∆x→0− F (x+∆x)− F (x) ∆x Substituindo pela definic¸a˜o de F , F ′+(x) = lim ∆x→0+ ∫ x+∆x a f(t)dt− ∫ x a f(t)dt ∆x , aplicando a propriedade de de- composic¸a˜o na primeira integral, F ′+(x) = lim ∆x→0+ ∫ x a f(t)dt+ ∫ x+∆x x f(t)dt− ∫ x a f(t)dt ∆x = lim ∆x→0+ ∫ x+∆x x f(t)dt ∆x . Observando que o denominador ∆x = (x+∆x) − (x) e como f e´ cont´ınua em [x, x+∆x], podemos aplicar o TVM para integral, isto e´, ∃x∗, x < x∗ < x+∆x tal que ∫ x+∆x x f(t)dt ∆x = f (x∗). Mas, x < x∗ < x+∆x, pelo Teorema do Sandu´ıche, lim ∆x→0+ (x∗) = x. Isto e´, F ′(x) = lim ∆x→0+ ∫ x+∆x x f(t)dt ∆x = lim ∆x→0+ f (x∗) = f(x). c.q.d. Demonstrac¸a˜o do Teorema Fundamental do Ca´lculo - Parte II Hipo´teses: f cont´ınua em I, a ∈ I e b ∈ I constantes e G(x) e´ anti-derivada de f , isto e´, G′(x) = f(x). Na func¸a˜o F da parte I temos tambe´m F ′(x) = f(x). Logo G′(x) = F ′(x)⇒ G′(x)− F ′(x) = 0⇒ (G(x) − F (x))′ = 0⇒ G(x) − F (x) = C ⇒ G(x) = F (x) + C. Logo G(b) = F (b) + C e G(a) = F (a) + C e portanto G(b)−G(a) = F (b)− F (a). Usando a definic¸a˜o de F , G(b)−G(a) = ∫ b a f(t)dt− ∫ a a f(t)dt = ∫ b a f(t)dt c.q.d. Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 7 Mudanc¸a de Varia´vel na Integral Definida Observac¸a˜o: Este to´pico sera´ visto depois de estudarmos a te´cnica de integrac¸a˜o por substituic¸a˜o simples (ou por mudanc¸a de varia´vel), para encontrar uma primitiva de f . Considere u = g(x) definida em [a, b], invert´ıvel e diferencia´vel em (a, b). Se f(u) e´ cont´ınua em [g(a), g(b)], enta˜o vale a seguinte fo´rmula de mudanc¸a de varia´vel: ∫ b a f(g(x))g′(x)dx = ∫ g(b) g(a) f(u)du Integral de func¸a˜o par em intervalo sime´trico. Considere f(x) uma func¸a˜o definida e integra´vel no intervalo [−a, a]. Vale a seguinte simplificac¸a˜o: se f e´ par enta˜o ∫ a −a f(x)dx = 2 ∫ a 0 f(x)dx Justificativa. Queremos calcular ∫ a −a f(x)dx = ∫ 0 −a f(x)dx + ∫ a 0 f(x)dx. (*) Como f e´ par, temos que f(x) = f(−x), portanto ∫ 0 −a f(x)dx = ∫ 0 −a f(−x)dx. Agora observe que se tomamos u = −x = g(x) podemos aplicar a fo´rmula de mudanc¸a de varia´vel na integral de- finida. Precisamos substituir du = −dx; quando x = −a, u = g(−a) = −(−a) = a; quando x = 0, u = g(0) = 0. Logo ∫ 0 −a f(−x)dx = ∫ 0 a f(u)(−1)du = − ∫ 0 a f(u)du = ∫ a 0 f(u)du = ∫ a 0 f(x)dx. Agora, substituindo a u´ltima integral em (*), obtemos ∫ a −a f(x)dx = ∫ a 0 f(x)dx + ∫ a 0 f(x)dx = 2 ∫ a 0 f(x)dx. Integral de func¸a˜o ı´mpar em intervalo sime´trico. Considere f(x) uma func¸a˜o definida eintegra´vel no intervalo [−a, a]. Vale a seguinte simplificac¸a˜o: se f e´ ı´mpar enta˜o ∫ a −a f(x)dx = 0 Justificativa. Queremos calcular ∫ a −a f(x)dx = ∫ 0 −a f(x)dx + ∫ a 0 f(x)dx. (*) Como f e´ ı´mpar, temos que f(−x) = −f(x) ou f(x) = −f(−x) portanto, ∫ 0 −a f(x)dx = ∫ 0 −a −f(−x)dx. Agora observe que se tomamos u = −x = g(x) podemos aplicar a fo´rmula de mudanc¸a de varia´vel na integral de- finida. Precisamos substituir du = −dx; quando x = −a, u = g(−a) = −(−a) = a; quando x = 0, u = g(0) = 0. Logo ∫ 0 −a −f(−x)dx = ∫ 0 a −f(u)(−1)du = ∫ 0 a f(u)du = − ∫ a 0 f(u)du = − ∫ a 0 f(x)dx. Agora, substituindo a u´ltima integral em (*), obtemos ∫ a −a f(x)dx = − ∫ a 0 f(x)dx + ∫ a 0 f(x)dx = 0 . Integral Definida Notas de aula - profa. Marlene - 2008-2 8 Ca´lculo de a´rea de regio˜es planas Caso 1 Seja R uma regia˜o compreendida entre o gra´fico de duas func¸o˜es y = f(x) e g(x) definidas em [a, b], Ver Fig. 8. Se f(x) ≤ g(x) enta˜o a fo´rmula da a´rea A da regia˜o R e´ A = ∫ b a (g(x)− f(x))dx ba f g g f y x Fig. 8 Justificativa. Temos treˆs casos a considerar para as posic¸o˜es dos gra´ficos de f e g em relac¸a˜o ao eixo x. Considere A1 = a´rea entre o eixo x e o gra´fico de y = f(x), A2 = a´rea entre o eixo x e o gra´fico de y = g(x). 1. 0 ≤ f(x) ≤ g(x) para a ≤ x ≤ b . Ver Fig. 9. Neste caso A = A2 −A1, A1 = ∫ b a f(x)dx e A2 = ∫ b a g(x)dx. Logo A = ∫ b a g(x)dx− ∫ b a f(x)dx. 2. f(x) ≤ 0 ≤ g(x) para a ≤ x ≤ b. Ver Fig. 10. Neste caso A = A1 +A2, A1 = − ∫ b a f(x)dx e A2 = ∫ b a g(x)dx. Logo A = − ∫ b a f(x)dx+ ∫ b a g(x)dx = ∫ b a g(x)dx − ∫ b a f(x)dx. 3. f(x) ≤ g(x) ≤ 0 para a ≤ x ≤ b . Ver Fig. 11. Neste caso A = A1 −A2, A1 = − ∫ b a f(x)dx e A2 = − ∫ b a g(x)dx. Logo A = − ∫ b a f(x)dx− (−) ∫ b a g(x)dx = ∫ b a g(x)dx − ∫ b a f(x)dx. ba g f y x Fig. 9 ba g f y x Fig. 10 ba g f y x Fig. 11 Caso 2 Seja R uma regia˜o compreendida entre os gra´ficos das func¸o˜es y = f(x) e g(x) definidas em [a, b]. Observe que aqui na˜o ha´ restric¸a˜o para a posic¸a˜o relativa entre os gra´ficos de y = f(x) e y = g(x). Neste caso e´ preciso encontrar todos os valores de x correspondentes a`s intersec¸o˜es dos gra´ficos e deteminar os intervalos em que f(x) ≤ g(x) e em que f(x) ≥ g(x). Feito isso, a a´rea da regia˜o R sera´ a soma das integrais nesses intervalos, sempre da func¸a˜o de maior valor menos a func¸a˜o de menor valor. A Fig. 12 representa uma poss´ıvel regia˜o compreendida entre os gra´ficos de duas func¸o˜es integra´veis em [a, b] que possuem treˆs intersec¸o˜es: x = a2, x = a3, x = a4 = b. Aqui fizemos a = a1. A1 = a´rea de R1 A2 = a´rea de R2 A3 = a´rea de R3 A = a´rea entre f e g A = A1 +A2 +A3 321 RRR 321 4aaa a g gg ff f y x Fig. 12 Logo A = ∫ a2 a1 (f(x)− g(x)) dx+ ∫ a3 a2 (g(x)− f(x)) dx+ ∫ a4 a3 (f(x) − g(x)) dx
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