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A baixa idade media (1)

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APROVA – HISTÓRIA PARA VESTIBULANDOS. 
 
 
 
 
APROVA 
 
A Baixa idade Média (XI-XV) e a 
Emergência das Práticas e Concepções 
Pré-Capitalistas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Baixa Idade Média (XI- XV) 
 
O período da Baixa Idade Média (XI- XV) promoveu significativas alterações na sociedade feudal, 
até então rigidamente estamental. Tais alterações contribuíram para crise do sistema feudal e, por 
consequência para a emergência do sistema capitalista, à época, identificado em sua fase Pré-
Capitalista. 
 
Devido às mudanças, a economia que tendia à autossuficiência, foi lentamente se convertendo 
em uma economia mercantil. Na sociedade, a economia de mercado, projetou o grupo social 
burguês. No plano político, com a fragilização dos poderes locais, viu-se um vertiginoso processo 
de centralização do poder em torno da autoridade real, o que originou a formação de Estados 
Nacionais. Por fim, foi a partir da Baixa Idade Média, que se reconheceram transformações em 
vários níveis estruturais e conjunturais que modificariam as relações humanas na Europa 
Ocidental. 
 
O Cenário de Mudanças 
 
Após os séculos IX e X, as invasões que provocaram constantes instabilidades político-militares 
nos períodos anteriores, reduziram. Por consequência, nesse período, houve significativo 
aumento populacional: a taxa de mortalidade teve brusca redução. Com o crescimento 
demográfico o sistema feudal viu-se incompatível em atender ao volume populacional e assumiu 
uma nova dinâmica – o que não necessariamente atendeu às novas exigências da sociedade. Por 
certo, foi em meio à própria dinâmica feudal que se produziram contradições que levaram à sua 
ruína. 
 
Foram adotadas novas técnicas agrícolas, como a introdução do arado de ferro, a foice, a enxada 
e a utilização de moinhos de vento e de água. Tais modificações concorreram para o aumento da 
produção agrícola, estimulando ainda mais o crescimento populacional. Introduziram a prática dos 
arroteamentos, ou seja,novas áreas para o cultivo foram implantadas em antigas regiões de 
pântanos e florestas. Os arroteamentos estimularam a produção de alimentos, gerando 
excedentes que permitiram impulsionar trocas e, de certa forma, reviver o comércio. 
 
"Deixai os que outrora estavam acostumados a se bater contra os fiéis em guerras particulares, 
lutar contra os infiéis (...). Deixai os que até aqui foram ladrões tornarem-se soldados. Deixai 
aqueles que outrora se bateram contra seus irmãos e parentes lutarem agora contra os bárbaros, 
como devem. Deixai os que outrora foram mercenários, a baixos salários, receber agora a 
recompensa eterna. (...) uma vez que a terra que habitais, fechada de todos os lados pelo mar e 
circundada por picos de montanhas, é demasiado pequena para a vossa grande população: a sua 
riqueza também não abunda, mal fornece o alimento necessário aos seus cultivadores (...). Tomai 
o caminho do Santo Sepulcro; arrebatai-o àquela raça perversa e submetei-o a vós mesmos." 
 
O texto é um trecho do discurso do Papa Urbano II, convocando os cristãos a organizarem as 
Cruzadas, proferido no Concílio de Clermont em 1095. As expedições militares-cristãs fazem parte 
do cenário histórico da Baixa Idade Média e, por consequência, encaixam-se em meio ao instante 
de derrocada do sistema feudal. 
 
 
 
 
 
 
 
Os senhores feudais, procurando regular o consumo e a produção, aumentavam as obrigações e 
expulsavam os excedentes populacionais dos feudos. A parcela social expulsa dos feudos passou 
a se estabelecer em pequenos vilarejos em meio aos antigos centros urbanos, que, com o passar 
do tempo, transformaram-se polos mercantis. Outra parcela passou a viver dos saques, tanto dos 
feudos quanto dos vilarejos que se constituíam. Foi nesse cenário de aumento demográfico que 
os excedentes populacionais foram estimulados a participar de expedições militares para a 
conquista e ocupação dos novos territórios – assim nascia o movimento cruzadista. 
 
As Cruzadas 
 
O papa Urbano II, em uma conclamação proferida no Concílio de Clermont (1095), convocava a 
cristandade a ingressar nas Cruzadas. O movimento se estendeu por oito edições entre 1096 e 
1270. Assim, as Cruzadas são, tradicionalmente, definidas como um conjunto de expedições 
militares e religiosas dos cristãos contra os “infiéis” muçulmanos. Tinham por objetivo central 
libertar os lugares considerados sagrados para a fé cristã, a exemplo do Santo Sepulcro, na 
Palestina. Ainda constava das ambições católicas recuperar a influência no Oriente, perdida com 
o Cisma do Oriente de 1054. Não se pode negar que o espírito religioso cristão foi o impulsionador 
pilar para a origem do movimento cruzadista. Contudo, seu empreendimento encontrou motivação 
também em outros fatores: a marginalização social, consequência do aumento da população e o 
princípio de primogenitura, também motivaram o envolvimento do europeus pelas Cruzadas. Para 
os nobres não primogênitos os embates poderiam significar conquistas territoriais; para os 
humildes a redenção espiritual; além da oportunidade de saques; para ambos. À medida que o 
movimento cruzadista avançava, novas ambições iam se somando às iniciais: mercadores 
italianos enxergavam a oportunidade de rearticulação comercial com a reabertura do mar 
Mediterrâneo e assim, adquirir vantagens mercantis no Oriente – ambiente das valiosas 
especiarias. 
 
De certo que as Cruzadas não alcançaram plenamente seus objetivos religiosos, mas provocaram 
significativas mudanças nas relações históricas na Baixa Idade Média. 
 
O Renascimento Comercial e Urbano 
 
As Cruzadas provocaram a reabertura do mar Mediterrâneo (fechado desde a expansão islâmica 
do século VIII) e, como desdobramento disso,a rearticulação do contato comercial entre a Europa 
e o Oriente. As cidadelas italianas passaram a monopolizar a comercialização das especiarias 
como temperos a exemplo do cravo, da canela e da pimenta por toda a Europa. No Norte 
europeu, o comércio teve seu maior desenvolvimento nas áreas entre os mares do Norte e Báltico 
-região de Flandres. Eram comuns nessa região a circulação de tecidos, peles, madeira, mel e 
peixes. 
 
Rotas, terrestres e fluviais, que interligavam as regiões, se desenvolveram. Em meio a esse 
cenário também se desenvolveu a Feira de Champagne – próxima a Paris. 
 
No século XIV, devido à Crise (peste, fome e guerra), o comércio das feiras de Champagne 
passou por um período de profunda retração. Uma nova rota mercantil ganhou impulso – A rota 
Marítima – via Atlântico. Esta, em muito projetou a atividade mercantil a oeste da Europa. As 
cidades portuárias da Península Ibérica foram as mais favorecidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os mercadores que circulavam pelas rotas passaram a se fixar em certos locais em meio ao 
percurso entre o Norte e o Sul da Europa para realização de trocas comerciais — eram 
geralmente locais protegidos por um castelo, em pontos de confluência das vias mercantis. 
Nesses ambientes os comerciantes se reuniam para negociar suas mercadorias por um 
determinado tempo -surgiram as feiras medievais. O nobre abrigava os comerciantes em suas 
fortalezas – “burgos”, em latim – e oferecia proteção militar e aplicação de justiça para julgar 
desacordos. Em troca, estabelecia cobranças tributárias sobre produtos e participação nos 
eventos. Feiras ao Norte, Centro e Sul europeus se notabilizaram. Assim, os ambientes “burgos” 
se multiplicavam e com eles uma nova mentalidade se enraizava na Europa – a capitalista. A 
monetarização passou a ordenar as trocas. Nas feiras havia cambistas, que trocavam moedas (a 
multiplicidade de moedas ainda era uma realidade muito presente) para os clientes de várias 
procedências. Empréstimo de capital a juros tornou-se prática
corrente. Lucro e usura passaram a 
figurar como concepção e prática, respectivamente, comuns. 
 
Para proteger os interesses de mercadores e artesãos surgiram, no século XII, associações que 
se constituíram em corporações de ofício (de artesãos) e de mercadores; estas denominadas no 
sul de Guildas e no norte de Hansas.As hansas tiveram fundamental importância na impulsão dos 
mercados e das cidades medievais. Sua busca pelo lucro e pelo acúmulo de capitais caracterizam 
o pré-capitalismo da Baixa Idade Média. 
 
As corporações de ofício e de mercadores eram associações de artesãos e de comerciantes, que 
tinham o objetivo de manter o monopólio da produção ou comercialização de determinado produto 
numa região, entre seus membros. Garantia-se a uniformidade de preços, a qualidade dos 
produtos e agrupavam-se todos os trabalhadores de uma mesma atividade em uma determinada 
região. As corporações eram formadas por mestres, oficiais e aprendizes. O mestre-artesão era o 
proprietário da oficina e dono também da matéria-prima e das ferramentas e, por consequência, 
detentor do lucro na negociação do gênero. Os oficiais, geralmente filhos ou parentes do mestre, 
recebiam um salário pelo seu trabalho. Os oficiais podiam se tornar mestres. Isso dependia da 
ampliação do mercado e de autorização da corporação. Os aprendizes ficavam diretamente 
subordinados ao mestre, com o qual aprendiam a profissão. Depois de aprender o ofício, o 
aprendiz ascendia à condição de oficial. Embora permitida, a ascensão hierárquica dentro das 
oficinas era muito lenta e de difícil alcance. 
 
 
 
 
 
 
Na Baixa Idade Média, com a projeção da mentalidade pré-capitalista foi se edificando uma 
concepção de vida cada vez mais urbana e cada vez menos enraizada nos estamentos sociais 
feudais - fortificava-se uma sociedade de classes. 
 
No período, as vilas e cidades eram compostas por uma população cada vez mais numerosa. 
Nesses “burgos” se guardava de relativa liberdade, mas por se tratarem de ambientes em meio ao 
domínio de um nobre, ficavam os burgueses sujeitados a respeitar as leis locais e às pesadas 
tributações impostas pelo senhor. Os burgueses passaram a ambicionar por mais autonomia em 
relação aos nobre. A insurgência burguesa em relação ao poder feudal ficou conhecida como 
movimento comunal. Isso podia ser feito por via pacífica com o pagamento de indenizações aos 
senhores feudais ou com apoio dos monarcas que tiveram seus exércitos financiados pela 
burguesia; assim a autonomia se dava pela luta armada. 
 
Foi nesse cenário que as condições capitalistas encontraram seus pilares. A partir da Baixa Idade 
Média, o capitalismo enquanto modo de produção passou por vários modelos de estruturação e 
de concepção, mas foi nesse período que suas bases foram constituídas por via das práticas e 
das concepções pré-capitalistas.

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