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Art 5º da Constituição Federal Comentado

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Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 1 
WWW.PROVESTIBULLAR.COM.BR 
 
 
Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
O artigo 5º trata dos direitos e deveres individuais e coletivos que são objeto dos incisos I ao 
LXXVIII e parágrafos. Estes são, em suma, os princípios fundamentais hoje genericamente 
denominados Direitos Humanos. 
O Caput do artigo 5º garante o princípio da isonomia, assegurando aos brasileiros (natos e 
naturalizados) e aos estrangeiros residentes no país os direitos nele elencados (há autores que 
afirmam que os turistas também têm os direitos do artigo 5º, e o caput desse artigo estaria com 
falha de construção; há também quem diga que a Constituição quis dizer isso mesmo, e os turistas 
seriam protegidos por tratados internacionais [{§3º} Leonardo Martins]. O princípio da isonomia é 
um princípio jurídico informador de toda a ordem constitucional. A igualdade pode ser formal ou 
material. Fala-se em igualdade formal [perante a lei] quando todos são tratados da mesma 
maneira (igualdade perante a lei), e em igualdade material [real; na lei] quando os mais fracos 
recebem um tratamento especial no intuito de se aproximar aos mais fortes. 
O termo igualdade pode ser interpretado de duas formas: 1. a primeira 
no sentido de dar aos cidadãos as mesmas regras (“todos são iguais perante 
à Lei”) – sentido de “Igualdade Formal”; 2. o segundo no sentido de conceder 
a cada cidadão a devida norma, prezando por suas diferenças e igualdades 
(Conceito Aristotélico de justiça ) – sendo este no sentido de “Igualdade 
Material”. 
“A legislação não pode diferenciar de forma arbitrária os indivíduos, para tanto considera-se 
três finalidades fundamentais: 1º - A limitação do legislador - O legislador está obrigado no exercício 
de sua função legislativa a respeitar o principio da igualdade não podendo por meio de leis diferenciar 
abusivamente e até mesmo arbitrariamente as pessoas; 2º - Limitação ao intérprete - Diz respeito 
principalmente à autoridade pública. Podemos citar como exemplo a limitação ao poder judiciário 
quando tribunais diferentes ao aplicar a mesma lei a fatos idênticos dão diversas interpretações aos 
casos concretos, neste caso caberá recurso especial para o STJ garantir o principio da igualdade; 3º 
- Limitação aos particulares - Os particulares em suas relações devem respeitar o princípio da 
igualdade, impedindo que façam discriminações abusivas, para tanto poderão responder pelos seus 
atos, como por exemplo: responder por danos morais ou constrangimento ilegal, etc”. 
São características dos direitos fundamentais: 
a) historicidade: tiveram origem no Cristianismo; 
b) universalidade: são destinados a todos os seres humanos; 
c) limitabilidade: não são absolutos. Dois direitos fundamentais podem se chocar, hipótese 
em que o exercício de um implicará a invasão do âmbito de proteção de outro. Nesse caso, exigese 
um regime de cedência recíproca; 
d) concorrência: podem ser “acumulados” (um mesmo titular pode ter diversos direitos); 
e) irrenunciabilidade: os indivíduos não podem dispor desses direitos; f) inalienabilidade; 
g) imprescritibilidade: não há perda pelo não-exercício; 
É preciso lembrar que os direitos fundamentais não são apenas os numerados pelo Título II da 
Constituição, podendo ser encontrados esparsamente. E, por fim, não esquecer que, segundo o artigo 
60, §4º da Constituição Federal, todos os direitos e garantias individuais (o artigo 5º por completo) 
são cláusulas pétreas, sem prejuízo das demais enumeradas. 
Completa ainda o caput a garantia da inviolabilidade do direito à vida (o Estado deverá 
promover todas as ações necessárias à saúde das pessoas, criando e mantendo hospitais, por 
exemplo), o princípio da liberdade, o princípio do direito à segurança (segurança contra assaltos, 
contra o desemprego, etc.) e o direito à propriedade, onde a Constituição fornece alicerces para o 
desenvolvimento econômico e social do país. 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 2 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
Também faz parte do princípio da igualdade. Reforça o princípio da isonomia, no qual todos 
são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, mas dessa vez com enfoque na 
igualdade entre os sexos. 
Com relação a esse princípio, ele é baseado no artigo 3º, IV (afastamento de qualquer forma 
de discriminação) e firma, por exemplo, o artigo 7º, XXX (proibição da diferença de salários para a 
mesma função, por motivos de sexo, idade, cor ou estado civil). Nota-se influências também no 
artigo 5º, XLVIII. 
 
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 
lei; 
Vê-se aqui a enunciação de um princípio basilar do Estado de Direito: o Princípio da 
Legalidade, ou seja, somente a letra da lei pode impor obrigações ou dispensas. 
Alguns atos administrativos, no entanto, possuem força de lei quando nos obrigam à 
determinados procedimentos (apresentar determinados documentos pessoais, requerimentos, ou 
então obedecer a regulamentos de órgãos públicos). Embora determinados atos administrativos, 
como decretos e portarias, também obriguem os cidadãos, em última análise, isto só é possível 
porque alguma lei permite. 
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; 
Decorre do direito à vida. A lei 9.455/97 define em seu artigo 1º o que é tortura: 
“Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe 
sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
 II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência 
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo 
pessoal ou medida de caráter preventivo.” 
Tratamento degradante é o que humilha e diminui a pessoa diante dos olhos dos outros, e dos 
próprios olhos. Tratamento desumano é o aplicado com intenso sofrimento físico ou mental, sem que 
tenha um propósito claro, sem haver uma motivação aparente. 
 
se externa de diversas formas – oralmente, por escrito, entre outras. Porém, tais liberdades públicas 
não se dão de maneira absoluta e incondicionada, havendo limites que impossibilitam manifestações 
As gar ant ias tr azidas no inciso III do a rt igo 5 º sã o v alor es ind ivid uais superio res a qualquer 
in te resse col eti v o . 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
A liberdade manifestação constit ui um direito fun damenta l do ci dadão , man ifestação esta que 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 3 
de conteúdo imoral e que venham a implicar qualquer ilicitude. Além disso, é vedado o seu 
anonimato, cuja finalidade consiste em prevenir mensagens apócrifas (suposta, secreta); de cunho 
calunioso, injurioso, difamatório. A vedação ao anonimato, nada mais é do que uma garantia à 
incolumidade dos direitos de personalidade como a honra, a vida privada, a imagem e a intimidade, 
visando desta maneira, inibir o abuso cometido no exercício de manifestar seu pensamento e sua 
possível responsabilização, “a posteriori”, civil ou criminal. 
 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por 
dano material,moral ou à imagem; 
Esse inciso está relacionado com a atividade da imprensa e com os limites à liberdade de 
expressão. Resposta proporcional ao agravo seria, por exemplo, “publicação de resposta ou 
retificação na mesma página de veículo impresso, com destaque, dimensões (...) idênticos ao escrito 
ofensivo e em edição com tiragem normal” (art. 20, §1º, Nova lei de imprensa). 
Importante observar também a previsão de indenização por dano material (lesão concreta que 
afeta um interesse relativo ao patrimônio da vítima), moral (O dano moral é aquele que traz como 
conseqüência ofensa à honra, ao afeto, à liberdade, à profissão, ao respeito, à psique, à saúde, ao 
nome, ao crédito, ao bem estar e à vida, sem necessidade de ocorrência de prejuízo econômico) e 
dano à imagem (aqueles que denigrem, através da exposição indevida, não autorizada ou reprovável, 
a imagem das pessoas físicas, bem como a utilização indevida do conjunto de elementos como marca, 
logotipo ou insígnia, entre outros, das pessoas jurídicas). 
A imagem pode ser de dois tipos: a “retrato”, que é literalmente o aspecto físico da pessoa; e 
a “atributo”, que corresponde à exteriorização da personalidade do indivíduo, a forma como a pessoa 
é vista socialmente. Quanto à sua violação, tanto a sua utilização indevida quanto o desvio de 
finalidade de seu uso autorizado caracterizam-na. 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício 
dos cultos religiosos e garantida, na forma de lei, a proteção aos locais de culto e a 
suas liturgias; 
A Constituição Federal de 1988 consagra como direito fundamental a liberdade de religião, 
prescrevendo que o Brasil é um país laico. Com essa afirmação se quer dizer que, consoante a 
vigente Carta Magna, o Estado deve se preocupar em proporcionar a seus cidadãos um clima de 
perfeita compreensão religiosa (regime de tolerância), abolindo a intransigência e o fanatismo. 
Deve existir uma divisão muito acentuada entre o Estado e a Igreja (religiões em geral), para que 
possa ser garantido o livre exercício de todas as religiões. 
A Constituição assegura a todos escolher livremente a crença e a ideologia política ou filosófica 
que quiserem. É a chamada liberdade interna, também conhecida por liberdade subjetiva ou 
liberdade moral. Quando esse direito se exterioriza, com a expressão da crença através do culto, 
por exemplo, estamos diante da liberdade objetiva, que também é resguardada pelo Estado. 
Evidentemente esta liberdade não é absoluta: pela interpretação sistemática, ela se mantém até 
onde inicia a liberdade do outro. Não se pode, por exemplo, fazer pregações às duas horas da manhã, 
pois isso interfere no direito de intimidade e privacidade do outro. 
Outro ponto relevante do atual texto constitucional é o afastamento de consciência e crença, 
para se protegerem ambas. É, esta sem dúvida, a melhor técnica, pois a liberdade de consciência 
não se confunde com a de crença. Em primeiro lugar, porque uma consciência livre pode determinar-
se no sentido de não ter crença alguma — por exemplo, a liberdade de consciência de ateus e 
agnósticos (doutrina que declara o espírito humano incompetente para conhecer o absoluto), a que 
é dada proteção jurídica. Em segundo, a liberdade de consciência pode apontar para uma adesão a 
certos valores morais e espirituais que não passam por sistema religioso algum. Exemplo disto são 
os movimentos pacifistas que, embora tendo por centro um apego à paz e o banimento da guerra, 
não implicam uma fé religiosa própria. 
Assim, o inciso VI, do art. 5º traz uma garantia imprescindível em relação aos assuntos 
concernentes à religião, corolário de tempos de intolerância e desrespeito religioso. 
 
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades 
civis e militares de internação coletiva; 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 4 
Garantia ao cidadão do direito de assistência religiosa em entidade civis, como por exemplo 
nos hospitais, e militares, além de garantir o acesso dos religiosos, às dependências internas dos 
referidos estabelecimentos, mediante identificação, quando solicitado. 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivos de crença religiosa ou de convicção 
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximirse de obrigações legais a todos 
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
É comum, no caso de algumas religiões, alegar-se escusa de consciência (proibição do 
exercício de alguma atividade em virtude da opção religiosa) para a dispensa do serviço militar, 
obrigatório para todas as pessoas do sexo masculino com 18 anos de idade. 
Nesses casos, deve então a autoridade competente conceder uma prestação alternativa 
(fixada em lei), aonde, ao invés do treinamento militar, que contraria determinada religião, o 
indivíduo preste algum outro serviço (p.ex. serviços comunitários, execução de serviços bancários, 
etc.). Assim, dada a garantia constitucional, o cidadão deve cumprir o dever alternado, sob pena de 
perder seus direitos políticos e deixar de ser um cidadão, isto é, não poderá mais votar ou ser votado 
em uma eleição – o que em um pais democrático como o Brasil é algo muito grave. 
Um cuidado se deve ter: só se pode alegar escusa de consciência quando a obrigação legal a 
todos imposta permitir uma prestação alternativa, ou seja, quando esta estiver prevista em lei. Caso 
contrário, ela não poderá ser alegada. Quem presencia um crime, por exemplo, não pode dizer ao 
juiz que não pode testemunhas por razões de consciência – não há ato que substitua o depoimento 
dessa pessoa e, portanto, não há prestação alternativa que possa ser aplicada, acarretando ao 
individuo a perda de seus direitos políticos. 
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura ou licença; 
Eis o direito de liberdade de expressão intelectual, artística, científica e de comunicação. A 
liberdade não pode ser interpretada de forma extrema, “encontrando a sua justa medida de 
contenção na esfera jurídica do outro”. 
Conforme julgado de HC do STF, as liberdades públicas não são incondicionadas, de forma que 
devem ser exercidas de maneira harmônica, observados os limites definidos na própria Constituição 
(CF, art. 5º, primeira parte do §2º). Assim, “o preceito fundamental de liberdade de expressão não 
consagra o “direito à incitação ao racismo“, dado que um direito individual não pode constituir-se 
em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos contra a honra.” há “prevalência 
dos princípios da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica”. 
Esse inciso também veda expressamente a censura, de forma que, “pacífico está que a censura 
foi definitivamente abolida do nosso sistema legal”. 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado 
o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
Nos dias de hoje, onde a tecnologia faz com que a informação prepondere, as Cartas Políticas 
vêm buscando proteger o cidadão de devidas intromissões, impedindo a invasão à área intangível de 
sua personalidade, no que diz respeito ao direto de privacidade, protegendo os bens jurídicos da 
intimidade, da vida privada, da honra, da imagem e, até mesmo, o que se tem denominado de 
“direito de estar só” (não ser invadido na personalidade). 
O inciso X, do art. 5º, oferece guarida ao direito à reserva da intimidade, assim como ao da 
vida privada. Consiste na faculdade que tem cada individuo de obstar a intromissão de estranhos na 
vida privada e familiar, assim como de impedir-lhes o acesso a dados sobre a privacidade de cada 
um,e também de impedir que sejam divulgadas informações sobre esta área de manifestação 
existencial do ser humano. 
Assim, o homem detém direitos sobre si e sobre suas projeções na sociedade, em categoria 
jurídica, permitindo a manutenção e desenvolvimento de suas potencialidades individuais e sociais, 
na consecução das respectivas metas e contínuo aperfeiçoamento. De conseguinte, a lesão 
provocada "contra ius" à esfera de outrem, tem-se a noção de dano no âmbito jurídico, que pode ser 
material ou moral, conforme o efeito produzido no ofendido. 
 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 5 
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Esse artigo consagra a inviolabilidade do domicílio. Porém, a terminologia “casa” é mais ampla 
que domicílio, razão pela qual foi utilizada na Constituição. Ela é inviolável, de forma que ninguém 
pode entrar nem sem consentimento do morador, salvas as hipóteses de flagrante delito, desastre, 
prestação de socorro e por determinação legal, durante o dia. Nos casos de urgência, como estado 
de flagrância, é permitida a entra mesmo no período noturno (inclusive afasta a exigência de 
mandado judicial). 
Deve se considerar casa como o próprio imóvel que serve para residência do indivíduo. Os 
trailers que servem como residência estão protegidos. Segundo o STF, o conceito de “casa” abrange: 
a) qualquer compartimento habitado; 
b) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; 
c) qualquer compartimento privado onde alguém exerce profissão ou atividade (área interna 
não acessível ao público) ; 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados 
e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses 
e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução no 
processo penal; 
O direito assegurado neste inciso é reflexo do direito de intimidade. A inviolabilidade das 
correspondências e demais comunicações telegráficas é absoluta, mas a das comunicações 
telefônicas não, sendo permitido colocar escutas e gravar conversas telefônicas, desde que haja 
ordem judicial neste sentido ou quando feita por um dos interlocutores da conversa (excludente de 
antijuricidade), e apenas com finalidade de investigação criminal ou de instrução no processo 
penal. 
A garantia que a Constituição dá, até que a lei o defina, não distingue o telefone público do 
particular, ainda que instalado no interior de presídio, pois o bem jurídico protegido é a privacidade 
das pessoas, prerrogativa dogmática de todos os cidadãos. 
É importante notar que a redação do inciso XII é restritiva, ou seja, pelo que é descrito no 
texto legal, não é permitida a escuta telefônica, por exemplo, para instruir um processo civil. Assim, 
cabe apenas para “... fins de investigação criminal ou instrução no processo penal.”. 
 
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 6 
É a garantia a liberdade para exercício de qualquer profissão ou ofício, vedan do 
limitação laboral, de forma que todos possam se orientar por suas vocaçõ es, 
necessidades, mas desde que a opção não revele transgressão a qua lquer norma 
proibit 
A importância dessa norma é que ela assegura que não é o Estado que 
determina mas o homem e as suas aptidões, necessidades e conveniências. 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso a informação e a resguardo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
de sigilo 
A Constituição assegura dois princípios no inciso XIV do art. 5º: o da informação e do 
sigilo da fonte. 
O direito de informação contém um tríplice alcance: direito de informar, o de se informar 
e o de ser informado. Tal garantia, quando violada, possui uma ação especifica para proteger os 
indivíduos: o habeas data. 
Já o resguardo da segunda garantia abordada no inciso, vem com a necessidade do exercício 
da atividade jornalística. O sigilo da fonte é indispensável para o êxito de certas investigações 
jornalísticas, permitindo a ampla apuração dos fatos comprometedores (direito regulamentado pela 
Lei n. 5.250/67, art. 71). 
 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, 
nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
Essa norma assegura o direito de locomoção a todas as pessoas, de livremente ir e vir no 
território nacional, em tempos de paz, sem qualquer limitação ou empecilho. Além da pessoa, vale 
também a garantia para os bens, desautorizando qualquer lei que impeça a livre circulação de bens 
legitimamente adquiridos. 
Essa liberdade é garantida pelo Habeas Corpus. 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, 
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido o aviso prévio à autoridade competente; 
As liberdades de expressão coletiva (pressupõem uma pluralidade de pessoas para 
ser exercido) são modalidades de direitos individuais (pertencem ao individuo), abrangendo o direito 
de reunião e o direito ou a liberdade de associação. No inciso XVI do art. 5º, apenas é tratado o 
direito de liberdade de reunião. 
A liberdade de reunião deve ser entendida como o agrupamento de pessoas, 
organizado, de caráter transitório, com uma determinada finalidade. Em locais abertos ao público 
devem ser observados alguns requisitos: a) reunião pacifica, sem armas; b) fins lícitos; e c) aviso 
prévio à autoridade competente (atende a uma necessidade administrativa, sua finalidade é 
evitar a frustração de outra reunião previamente convocada para o mesmo local). É importante 
salientar que o aviso prévio não deve ser confundido com a autorização do Poder Público. 
A reunião em locais fechados é garantida pelo Texto constitucional de forma implícita, 
podendo ser exercida de forma absoluta, sem exigência de aviso prévio à autoridade competente. 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 7 
O direito de passeata também é assegurado pela Constituição, pois nada mais é do que o exercício 
do direito de reunião em movimento. 
 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; 
Direito coletivo que se diferencia da liberdade de reunião pela dur ação 
associação é uma reunião estável e permanente, que visa um fim comum. 
Associação paramilitar é a que se destina ao treinamento de pessoas com 
objetivos ilícitos. 
 
 e 
no 
pela finalidade. A 
manejo de 
armas, 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas 
independem 
funcionamento; 
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu 
O direito à livre associação constitui uma garantia básica de realização pessoal dos 
indivíduos na vida em sociedade. O direito à constituição de associações passa a ser livre e a 
personalidade jurídica adquire-se por mero ato de deposito dos estatutos, sendo vedada qualquer 
interferência estatal em seu funcionamento. Tal vedação, contudo, não é absoluta, pois se exige 
que a associação seja para fins lícitos, estando proibida, de qualquer forma, a que tenha caráter 
paramilitar (que possui as características de uma força militar; órgãos particulares que se 
estruturam de forma análoga às Forças Armadas). 
No que toca à formação da cooperativa, a Constituição assegura a sua liberdade de criação, 
condicionando-aá observância do disposto na lei. Não é possível qualquer interferência estatal no 
funcionamento das cooperativas após terem sido legalmente constituídas. 
É mister destacar também que o inciso XVIII, configura-se como norma de eficácia 
contida, na medida em que esta sujeita a restrições a serem impostas pelo legislador ordinário 
que limitem sua eficácia e aplicabilidade. 
 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades 
suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; 
A decretação de dissolução ou de suspensão de associações só poderá ser dada pelo Poder 
Judiciário, de forma que, se for o caso de dissolução (mais grave), deverá ter ocorrido o trânsito em 
julgado (quando não há mais recursos possíveis contra a decisão). 
Dissolução é o término de uma associação, enquanto suspensão é uma paralisação temporária 
das atividades da associação. 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou permanecer associado; 
A hermenêutica constitucional deste inciso permite consagrar três garantias: o direito de 
adesão voluntária, sem autorização ou constrangimento, a uma associação; a faculdade de 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 8 
desvincular-se espontaneamente, também sem constrangimento ou independente de autorização; 
e, por fim de usufruir o status negativo de não se associar a nenhuma associação. 
Em outras palavras, nenhuma pessoa física ou jurídica, está obrigada a associar-se, nem a 
se filiar, vincular-se ou prestar conta a outra pessoa jurídica de direito privado. Porém, o fato de 
se exigir a filiação de determinados profissionais aos respectivos Conselhos Regionais (CREA, 
OAB, CRM, CRC, etc.), sob pena de exercício ilegal da profissão, indica situação em que este inciso 
não é aplicado. 
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para 
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente; 
Com autorização expressa dos filiados (como um mandado, por exemplo) uma associação tem 
legitimidade para mover um processo contra o Estado para obter benefícios que a eles façam jus, 
representando-os judicial ou extrajudicialmente. Um sindicato de trabalhadores, por exemplo, pode 
entrar, em nome de seus filiados, em negociação com o sindicato patronal para efetuar determinados 
acertos salariais (representação extrajudicial). 
XXII – é garantido o direito de propriedade; 
Em termos constitucionais, o direito de propriedade abrange qualquer direito de 
conteúdo patrimonial, econômico, tudo que possa ser convertido em dinheiro, alcançando créditos 
e direitos pessoais. A utilização e o desfrute devem ser feitos de acordo com a conveniência social 
da utilização da coisa (função social da propriedade). O direito do dono deve ajustar-se aos 
interesses da sociedade e, em caso de conflito, o interesse social pode prevalecer sobre o individual 
(ex.: em razão da função social da propriedade é prevista pela CF a desapropriação, para fins de 
reforma agrária, de uma propriedade rural improdutiva, com pagamento de indenização em títulos 
de divida agrária). 
O direito de propriedade importa em duas garantias sucessivas: 
a) garantia de conservação: ninguém pode ser privado de seus bens fora das 
hipóteses previstas na CF. 
b) garantia de compensação: caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de 
receber a devida indenização, equivalente pelos prejuízos sofridos (desapropriação). 
A garantia estende-se desde os bens imóveis (terrenos, casas, empresas, fazendas, 
etc.), aos bens móveis (veículos, jóias, objetos de arte), até os bens imateriais (direitos autorais, 
etc.). No entanto, essas garantias estão submissas aos preceitos restritivos previstos nos incisos 
seguintes. 
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; 
A propriedade poderá ser urbana ou rural. Assim, a função social da propriedade urbana será 
cumprida quando se atende às exigências do Plano Diretor (instrumento de política urbana) e, em 
relação às propriedades rurais, sua função social está definida no art. 186 da Constituição, quando 
define, por exemplo, que elas devem atender o aproveitamento racional e adequado. 
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade 
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, 
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
Desapropriação é a transferência compulsória da propriedade de um bem de uma 
determinada pessoa para o Estado, em razão da necessidade (desapropriação indispensável 
para a realização de uma atividade essencial do Estado) ou utilidade pública (embora não 
imprescindível, é conveniente para a realização de uma atividade estatal) ou interesse social 
(desapropriação conveniente para o progresso social, para o desenvolvimento da sociedade, em 
razão da justa distribuição da propriedade ou da adequação a sua função social). 
A indenização consiste no pagamento de uma importância que recomponha o 
patrimônio da pessoa desapropriada. É justamente a indenização que distingue a desapropriação do 
mero confisco, da simples transferência da propriedade particular para o Estado, sem qualquer 
recomposição do patrimônio individual. A indenização deve atender determinadas exigências 
constitucionais para ser válida: 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 9 
1. Justa: deve ser feita de forma integral, reparando todo o prejuízo sofrido pelo particular. 
2. Prévia: o pagamento deve ser feito antes do ingresso na titularidade do bem 
3. Em dinheiro: o pagamento deve ser feito em moeda corrente e não em títulos para 
pagamento futuro e de liquidez incerta, salvo disposto na lei. 
Entretanto, para tais exigências existem algumas exceções, previstas ao final do inciso 
XXIV: 
- Desapropriação para reforma urbana (desapropriação-sanção): o pagamento pode 
ser feito em títulos de divida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado 
Federal, com prazo de resgate de dez anos. 
- Desapropriação para reforma agrária: o pagamento pode ser feito em títulos de 
divida agrária, resgatáveis no prazo de até vinte anos. 
- Iminente perigo público (requisição): a CF autoriza que a autoridade pública utilize 
qualquer propriedade particular, mediante o pagamento de posterior indenização, se 
houver dano. 
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; 
No caso desse inciso, o direito de posse da propriedade privada passará temporariamente para 
o Estado, mas não haverá alteração de domínio. Esta é uma previsão de restrição ao direito de 
propriedade (requisição administrativa ou utilização de propriedade alheia). É a utilização de bens 
ou serviços particulares coativamente pelo Poder Público, para a execução de obras, serviços ou 
atividades públicas ou de interesse público. 
A requisição poderá implicar perda irrecuperável. Se houver dano, caberá indenização 
ulterior/posterior. 
Embora o inciso preveja caso iminente de perigo público, há outras formas de requisição 
administrativa que são efetuadas sem a necessidade desse perigo presente, como nos casos da 
Justiça Eleitoral, que pode requisitar um prédio particular a fim de nele realizar as eleições, ou da 
Prefeitura Municipal, que pode requisitar a instalação de uma placa, com nome de rua, na parede do 
imóvel do particular. 
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela 
família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade 
produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar oseu desenvolvimento; 
A pequena propriedade rural foi considerada bem de família, insuscetível de penhora, 
ficando a salvo de execução por dividas decorrentes da atividade produtiva. 
A penhora é o ato judicial pelo qual são apreendidos os bens do devedor para que por eles 
seja pago ao credor o que lhe é devido. Assim, este inciso protege o pequeno agricultor que poderia 
perder sua propriedade em virtude do não-pagamento dos empréstimos que fez para o plantio. 
Destarte, para que a propriedade não seja objeto de penhora, ela deverá ser pequena e trabalhada 
pela família, além disso, a divida deverá ser contraída em função da atividade produtiva. O 
favor constante neste inciso não abrange dividas fiscais, pelo que poderá ser efetuada a penhora 
em decorrência do não-pagamento de tributos. 
Diz ainda o legislador que o pequeno produtor rural deverá receber recursos previstos em 
lei que financiem o seu desenvolvimento. Trata-se de uma preocupação do constituinte com a fixação 
do pequeno produtor rural e sua família na terra em que trabalham. 
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução 
de suas obras, transmissível 
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
O direito do autor de exploração exclusiva de sua obra é vitalício, conforme a lei 5988/73. 
Perdura também por toda a vida de seus herdeiros, se esses forem filhos, pais ou cônjuges. Os 
demais sucessores do autor gozarão de direito patrimonial pelo período de 60 anos. Esgotados os 
prazos, a obra cai no domínio público, de forma que seu uso passa a ser inteiramente livre. 
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem 
e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 10 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de 
que participarem os criadores, aos intérpretes e às respectivas representações 
sindicais e associativas; 
No inciso XXVIII, alínea a, nota-se uma mistura generalizada de conceitos: direito autoral 
(obras coletivas) funde-se com direitos de personalidade (imagem e voz), que por sua vez 
desembocam no chamado direito de arena. 
O direito de arena (previsto no final do dispositivo) consiste na faculdade, 
pertencente às entidades de prática desportiva, de negociar a imagem coletiva do espetáculo, e a 
obrigação que elas possuem de, salvo expresso em acordo em sentido contrário, repassar aos atletas 
um quinto do valor comercializado. Tal direito foi confirmado pela Lei 9.615/98 (Lei Pelé) como 
instituto exclusivo do Direito Desportivo. 
Já na alínea b do mesmo inciso, a Constituição vem assegurando direitos aos 
que contribuem para uma maior divulgação de obras intelectuais. São artistas, intérpretes e 
produtores, pessoas que participaram da elaboração de obras coletivas, como novelas e 
semelhantes. Assim, quem de alguma forma colaborou na composição de uma produção deverá ser 
contemplado com uma porcentagem no lucro sobre a obra. 
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para 
sua utilização, bem como proteção às criações 
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos 
distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico 
do País; 
Esse é o direito de obter a patente de propriedade do invento, tendo-se o direito de sua 
utilização exclusiva, mas apenas temporariamente. A lei ordinária o regulará, de forma que ele não 
será perpétuo. É o “privilégio da invenção industrial”. 
XXX – é garantido o direito de herança; 
Uma decorrência do direito de propriedade (a propriedade se perpetua através 
da herança), elevada à condição de direito constitucional, é a possibilidade da transferência dos 
bens de uma pessoa falecida a seus herdeiros e legatários. O direito das sucessões está 
regulamentado pelo Código Civil nos arts. 1784 a 2027. 
Ao assegurar o direito de herança, a Constituição impede que o Estado se aproprie 
dos bens do falecido quando não forem encontrados herdeiros diretos logo após sua morte. Isso 
acontece principalmente em relação aos bens de pessoas idosas que não providenciaram um 
testamento, vivem sozinhos ou reclusos, não dando sinais de possuírem parentes próximos. 
Normalmente publicam-se editais em jornais de grande circulação, promove-se uma investigação da 
vida do falecido ate que se encontrem parentes habilitados a receberem seus bens. 
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei 
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja 
mais favorável a lei pessoal do de cujus; 
Quando a sucessão incidir sobre bens do estrangeiro situados no Brasil, aplicar-se-á sempre a 
lei que for mais favorável aos filhos ou cônjuge brasileiros. 
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; 
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. Equipara-se ao consumidor a coletividade de pessoas, ainda que de 
pessoas indetermináveis, que participe das relações de consumo, assim como as vitimas que tenham 
experimentado lesão em razão de anterior relação de consumo. 
Em face da atual Constituição, para conciliar o fundamento da livre iniciativa e do principio da 
livre concorrência com os de defesa do consumidor e da redução das desigualdades sociais, em 
conformidade com os ditames da justiça social, pode o Estado regular a política de preços de bens e 
serviços, diante da abusividade decorrente do poder econômico que visa ao aumento arbitrário dos 
lucros. 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 11 
Na esfera do Poder Legislativo o Estado deve formular normas que garantam sua proteção, 
atualmente vige a Lei n. 8.078/90; no âmbito do Poder Executivo, deve diligenciar para que sejam 
efetivadas políticas de atendimento e prevenção, inclusive por meio dos Procons; e na esfera do 
poder Judiciário, deve garantir ao lesado amplo acesso a Justiça, o que hoje é buscado por meio 
dos Juizados Especiais Civis e dos Juizados do Consumidor. 
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse 
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança 
da sociedade e do Estado; 
O direito de acesso às informações públicas e privadas está protegido nesse inciso, a fim de 
que haja transparência dos atos administrativos. O inciso é regulamentado por uma lei, e o prazo é 
de 15 dias. É parte do princípio da publicidade administrativa. 
A violação dessa regra é passível de impetração de mandado de segurança e, caso a caso a 
demora da administração cause prejuízo ao requerente, pode esse buscar reparação do prejuízo pela 
via judicial. 
A ressalva da lei se orienta para os casos que seu sigilo são imprescindíveis à segurança da 
sociedade e do Estado. Porém, “A prática demonstra que há casos em que informações relevantes e 
à disposição de órgãos públicos são omitidas da sociedade, sob o argumento do sigilo, como é o caso 
de financiamentos feitos pelo banco federal de investimento”. 
 
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: 
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra a ilegalidade 
ou abuso de poder; 
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e 
esclarecimentos de situações de interesse pessoal; 
A petição – presente em todas as Constituições brasileiras - trata do direito pleitear, deformular pedidos para a Administração Pública em defesa de direitos próprios ou alheios, bem como 
de formular reclamações contra atos ilegais e abusivos cometidos por agentes do Estado. Pode ser 
exercido por qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, maior ou menor, tendo o 
órgão público o dever de prestar os esclarecimentos solicitados. A CF assegura a gratuidade do 
exercício desse direito, o termo taxa (empregado no inciso) foi utilizado em sentido amplo, proibindo 
a cobrança de qualquer importância, a que titulo for (taxa, tarifa ou preço público), que possa 
obstar ou dificultar seu exercício. 
Já a certidão consiste no documento expedido pela Administração Pública, comprovando 
a existência de um fato e gozando de fé pública até prova em contrário. Direito de certidão é o de 
obter do Estado esse documento para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações de 
interesse pessoal. A CF também assegura o exercício do direito de certidão “independente de 
pagamento de taxa”. No entanto, no caso de qualquer outra certidão sem os objetivos específicos 
(defesa de direito ou esclarecimento de interesse pessoal), admite-se a cobrança de um preço público 
que reponha o custo exigido para a confecção do documento pela Administração Pública. 
 
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
Esse inciso garante o direito de ação e, conseqüentemente, o princípio da inafastabilidade da 
jurisdição. O direito de ação é um direito público subjetivo do cidadão. Importante notar que a o 
direito de ação é: 
Abstrato [independe do resultado final]; 
Autônomo [embora vise proteger um direito material, não se confunde com este] ; É dirigida 
contra o Estado; 
Quanto à inafastabilidade jurisdicional, toda jurisdição só pode ser executada pelo Poder 
Judiciário, sendo somente dele a prerrogativa de, quando provocado, dizer o direito aplicável em 
cada fato concreto, solucionando um conflito de interesses. 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 12 
Tanto a lesão quanto a ameaça de direito (que ocorre antes da concretização da lesão) devem 
ser apreciados, uma vez que, havendo plausibilidade de ameaça ao direito, o Poder Judiciário é 
obrigado a efetivar o pedido de prestação judicial requerido pela parte de forma regular. 
“Prevendo que cabe o controle judicial ocorrendo mera ameaça a direito individual, a 
Constituição está implicitamente autorizando ao Poder Judiciário interferir em atos da órbita 
administrativa”. 
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa 
julgada; 
Estes institutos (direito adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada) 
surgiram da necessidade de impedir a retroatividade das leis, obstando os seus efeitos onde há uma 
situação jurídica consolidada, tudo em prol da segurança jurídica, pois fere mortalmente o equilíbrio 
moral e material do individuo se, depois de incorporado um direito ao seu patrimônio, houver a 
abrupta modificação do mesmo. 
O direito adquirido consiste na faculdade de continuar a extrair os efeitos de um 
ato ou continuar a gozar dos efeitos de uma lei pretérita mesmo depois de ter sido revogada. Assim, 
tal direito pode ser encarado como uma espécie de direito subjetivo definitivamente incorporado ao 
patrimônio jurídico do titular, já consumado ou não, porém exigível na via jurisdicional. 
O ato jurídico perfeito é aquele ato que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos 
necessários à sua formação, debaixo da lei velha. O ato jurídico perfeito possui definição normativa 
presente no art. 6º da Lei de Introdução ao Código Civil: 
“Art.6º - a lei em vigor terá efeito imediato e geral, 
respeitado o ato jurídico perfeito, direito adquirido e a 
coisa julgada: 
§ “1º - reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado 
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.”. 
A coisa julgada divide-se em duas espécies: material e formal. A material é a qualidade 
da sentença que torna imutáveis e indiscutíveis seus efeitos substanciais. Verifica-se após o trânsito 
em julgado da decisão, ou seja, quando há impossibilidade de se manejar qualquer recurso. Já a 
coisa julgada formal ocorre quando há impossibilidade de, no mesmo processo, voltar a ser discutida 
a decisão. Todavia, aquele que se encontra insatisfeito com a decisão ainda poderá recorrer da 
decisão proferida. Entenda-se que a proteção constitucional aplica-se apenas a coisa julgada 
material. 
Por fim, é importante frisar que a palavra lei foi empregada genericamente, em latu 
sensu, podendo significar dispositivo da Constituição ou de lei infraconstitucional. 
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
Esse inciso tem inequívoca relação com o princípio do juiz natural, mas há entendimentos de 
que com ele não se confunde [há quem ache que ele está ligado com o princípio, mas não o 
representa totalmente]. Quem sustenta essa posição, diz que o princípio do juiz natural está 
consagrado no inciso LIII, que diz que “ninguém será processado nem julgado senão pela autoridade 
competente”. 
Tribunal de exceção é aquele constituído em caráter temporário e/ou excepcional, presente 
mais comumente em estados ditatoriais. São eles tribunais que ferem o princípio da igualdade e da 
legalidade democrática, onde as pessoas são julgadas, muitas vezes, sem que haja lei para o caso 
correspondente. 
Não deve se entender por tribunal de exceção aquele que não seja realizado pelo Poder 
Judiciário. O tribunal de exceção não se caracteriza somente pelo órgão que julga, mas, 
fundamentalmente, por não ser legitimado pela própria Constituição para o regular exercício da 
jurisdição. 
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com organização que a lei lhe der 
assegurados: 
a) a plenitude de defesa; 
b) o sigilo das votações; 
c) a soberania dos veredictos; 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 13 
d) a competência para o julgamento de crimes dolosos contra a vida; 
Tribunal do Júri é aquele composto por um juiz de direito (que é o seu presidente) e de 
sete jurados, que constituirão o conselho de sentença em cada sessão de julgamento. O serviço do 
júri será obrigatório, devendo os jurados, escolhidos dentre os cidadãos de notória idoneidade, serem 
cidadãos maiores de vinte e um anos. 
Constitucionalmente são assegurados para as atividades do Tribunal do Júri: 
a) plenitude de defesa: o réu tem assegurado o exercício irrestrito da sua defesa 
(autodefesa e defesa técnica); 
b) sigilo das votações: os jurados devem votar em segredo; 
c) soberania dos veredictos: somente os jurados podem dizer se é procedente ou não a 
pretensão punitiva e essa decisão, em regra, insusceptível de modificação pelos Tribunais. 
d) competência para julgamento de crimes dolosos contra a vida: homicídios 
dolosos; infanticídio; auxilio, induzimento ou instigação ao suicídio e ao aborto; em suas formas 
tentadas ou consumadas. Além dos crimes dolosos, é competência do Júri os crimes comuns que lhe 
são conexos. O júri não julga pessoas que gozam de foro privilegiado, ainda que pratiquem crimes 
contra a vida (salvo estabelecido em Constituição Estadual). 
A garantia constitucional do Tribunal do Júri esta prevista também nos arts. 443 a 438 do 
Código de Processo Penal. 
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; 
Eis o princípio da reserva legal. Não é sinônimo do princípio da legalidade, mas espécie dele. O 
princípio da legalidade estabelece a submissão e o respeito à lei (art. 5º, II); já o princípio da reserva 
legal, consiste em dizer que a regulamentação de determinadas matérias há de se fazer 
necessariamente por lei formal. O primeiro trata de lei em sentido amplo(constituição, leis 
ordinárias, leis complementares, resoluções, etc...), enquanto o segundo refere-se especificamente 
à emenda constitucional, à lei complementar, etc, para regular determinado assunto. 
“Se todos os comportamentos humanos estão sujeitos ao princípio da legalidade, somente 
alguns estão submetidos ao da reserva da lei” (Alexandre de Moraes). 
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
O principio da irretroatividade da lei penal está previsto tanto na Constituição, 
quanto no Código Penal, ao prescrever: 
“Art. 2º - ninguém poderá ser punido por fato que a lei 
posterior deixa de considerar crime, cessando em 
virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória”. 
Esse princípio confere ao cidadão a segurança de não ser punido, ou não ser apenado 
mais severamente, pelo cometimento de fatos que passaram a ser considerados crimes ou passaram 
a ter pena menos branda por uma lei posterior, isto é, a lei penal mais severa não pode retroagir 
para alcançar fatos praticados anteriormente a sua vigência. Esse postulado corresponde à 
interferência direta do principio da anterioridade da lei. 
Por outro lado, é permitida a retroatividade da lei penal mais benéfica. Assim, se 
uma lei nova incriminar algum fato (novatio criminis) ou agravar a pena, será menos favorável e 
não poderá retroagir. Mas se a lei nova for mais favorável de modo a eliminar uma incriminação 
(abolitio criminis), reduzir a pena ou de qualquer outra maneira beneficiar o réu, a lei poderá 
retroagir para alcançá-lo (retroatividade in mellius). 
 
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais; 
Discriminação é o tratamento diferenciado no qual há prejuízo para uma das partes. Em relação 
a indivíduos, é definida como a classificação pejorativa em virtude de fatos de diversas naturezas a 
eles relacionados, os quais trazem a eles prejuízos de ordem moral e/ou material. Os atos 
discriminatórios de qualquer natureza são opostos à cidadania e à dignidade da pessoa humana, 
contrários aos princípios e objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. 
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 14 
imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da lei; 
A Constituição Federal faz uma rigorosa proibição de qualquer forma de 
discriminação contra os direitos fundamentais e as liberdades fundamentais (direito de ir e vir, 
liberdade de pensamento, liberdade de culto etc.). No inciso XLII, a Carta Magna foi absolutamente 
rigorosa no sentido de proibir a prática da discriminação racial, considerando um crime que não se 
admite o pagamento de fiança para o acusado aguardar o julgamento em liberdade (inafiançável) 
e poderá o responsável ser punido a qualquer momento (imprescritível) com a pena mais grave: 
reclusão. 
A lei 7716/89 caracteriza o racismo como “qualquer discriminação ou preconceito 
de raça, cor, etnia (...)”. O art. 20 deste diploma ainda decreta “Praticar, induzir ou incitar a 
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, pena de reclusão 
de 1 a 3 anos e multa”, ou seja, não pode haver dúvida que tanto a prática, como a simples defesa 
destas ações racistas, constituem crime de séria gravidade e devem ser punidos como tal. 
 
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a 
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os 
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os 
que, podendo evitá-los, se omitirem; 
Fiança vem de garantia (em dinheiro, por exemplo) prestada pelo réu, ou por alguém para ele, 
a fim de poder defender-se em liberdade, nos casos em que a lei permitir. É prestada perante a 
autoridade judicial ou policial. No caso desse inciso, os autores dos crimes mencionados devem 
permanecer presos até a sentença final do processo. 
A tortura pode ser tanto crime, como circunstância agravante ou como qualificadora. 
Os crimes de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, estão definidos na lei 
11.343/06. 
Terrorismo é a prática de violência que coloque em risco a incolumidade física de um número 
indeterminado de pessoas. 
Crimes hediondos são os mencionados na lei 8072/90, que foi parcialmente modificada pela 
lei 11464/07 no que diz respeito à progressão de regime. A lei 11464/07 é uma novatio legis in 
pejus, e não retroage para produzir efeitos em fatos anteriores a ela. Ela prevê a possibilidade de 
progressão de regimes após 2/5 da pena cumprida (pelo réu primário) ou 3/5 (pelo réu reincidente). 
 
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
A Constituição Federal reservou a determinados crimes particular severidade repressiva, 
mas por sua própria natureza as restrições que estabelecem (ação de grupos armados, civis ou 
militares contra a ordem constitucional e o Estado Democrático) são taxativas: delas, não se 
podem inferir, portanto, exceções a garantia constitucional, estabelecida sem limitações em função 
da gravidade dos crimes investigados. 
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano 
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e 
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; 
É a previsão do princípio da pessoalidade das penas, na qual as penas nunca poderão passar 
da pessoa do autor dos crimes. Porém, ele admite exceções, como no caso do perdimento de bens 
ou da pena de confisco. 
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: 
a) privação ou restrição da liberdade; 
b) perda de bens; 
c) multa; 
d) prestação social alternativa; 
e) suspensão ou interdição de direitos; 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 15 
O inciso XLVI, da atual CF, versa a respeito de temas que deverão ser objeto de regulação 
da lei, como o principio da individualização da pena, a privação ou restrição da liberdade, a perda 
de bens, a multa, a prestação social alternativa e a suspensão ou interdição de direitos. 
Pelo principio da individualização da pena, entende-se que não deve haver a padronização 
da sanção penal, assim, para cada crime tem-se uma pena que varia de acordo com a 
personalidade do agente, meio de execução e etc. 
A privação ou restrição da liberdade consiste na sanção penal imposta pelo Estado, em 
execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal. Várias são as 
possibilidades dessa sanção estatal: reclusão, detenção, prisão simples, e as demais que 
restringem direitos e liberdades dos indivíduos infratores. 
A perda de bens ocorre com o confisco generalizado do patrimônio licito do agente (bens 
móveis, imóveis ou de valores) para que seja revertido em favor do Fundo Penitenciário 
Nacional. Trata-se de uma pena principal substitutiva da privativa de liberdade imposta. 
A multa possui um caráter reparatório, mediante depósito judicial em favor da vitima e seus 
sucessores. O valor será fixado de acordo com a extensão do dano e a capacidade econômica 
do agente, ficando a cargo do juiz buscar a justa medida entre ambos. 
A prestação social alternativa consiste na atribuição de tarefas ao condenado, junto a 
entidades sociais, hospitais, orfanatos e outros estabelecimentos congêneres, em programas 
comunitários ou estatais, ou em beneficio de entidades públicas. 
E, por fim, a suspensão ou interdição de direitos trata de limitações impostas ao agente 
infrator, taiscomo proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de 
mandato eletivo; proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio que dependam de 
habilitação especial, autorização ou licença do Poder Público; proibição de freqüentar 
determinados lugares; e suspensão da autorização ou habilitação para dirigir veículos. 
XLVII – não haverá penas: 
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos t. artigo 84, XIX; b) de caráter 
perpétuo; 
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento; 
Esse inciso proíbe expressamente: 
a) a pena de morte, também chamada de pena capital, no Brasil e na maioria dos países 
da América do Sul é permitida apenas para certos crimes, mas que estão completamente fora 
da realidade cotidiana dos cidadãos. No nosso caso, a pena de morte é permitida 
excepcionalmente em caso de guerra declarada. A pena de morte é tratada pelo Código Penal 
Militar. Ela é prevista em casos de traição, favor ao inimigo, conspiração, fuga em presença do 
inimigo, deserção em presença do inimigo, e etc. 
b) a pena perpétua; 
c) a pena de trabalhos forçados; 
d) a pena de banimento, que serve de método de repressão política, pelo qual um 
cidadão 
perde direito à nacionalidade de uma país, passando a ser um apátrida; 
 
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do 
delito, idade e o sexo do apenado; 
A LEP (Leis de Execuções Penais) enumera as instituições nas quais as penas podem 
ser cumpridas. Os presos cujas penas têm de ser cumpridas em regime fechado serão mantidos 
em unidades prisionais ou penitenciárias. As penas a serem executadas em regime semi-aberto 
devem ser cumpridas em colônias industriais ou agrícolas. E os presos condenados cujas penas têm 
de ser cumpridas em regime aberto devem ser mantidos em uma "casa do albergado". 
Entretanto, em conformidade com o inciso XLVIII, do art. 5º da Constituição Federal, 
"a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 16 
e o sexo do apenado". Assim, as mulheres devem cumprir suas sentenças em estabelecimentos 
prisionais distintos, dispondo de berçários, onde possam cuidar de seus filhos. Deverão também ser 
supervisionadas por agentes penitenciários femininos. Já as pessoas com idade superior a 60 anos 
precisam ser acomodadas em uma instituição penal própria e adequada a sua situação pessoal. 
Quanto à natureza do delito, tem-se a diferenciação das penas que deverão respeito às suas crenças 
religiosas, aos cultos e aos preceitos morais do preso. O preso terá direito de ser chamado pelo seu 
nome. Diz a resolução nº14 de 11/11/04: “Salvo razões especiais, os presos deverão ser alojados 
individualmente”. 
 
 
 
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possa permanecer com seus filhos 
durante o período da amamentação; 
O dispositivo constitucional acima tem caráter eminentemente humanitário e trata-se de um 
desdobramento do princípio mais amplo de que a pena não pode passar da pessoa do réu. Para 
que a amamentação seja possível, é necessário que as cadeias e presídios femininos dispensem 
condições materiais. A Constituição Federal e as leis infraconstitucionais (LEP- Art. 82, § 2º e art. 
89; ECA- Art. 9º) asseguram esse direito e muito embora o dispositivo constitucional faça referência 
a condições futuras que serão asseguradas, encerra, na verdade, um dispositivo de aplicabilidade 
imediata, pois as providências nele referidas não chegam a exigir qualquer medida legislativa. 
 
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei; 
Extradição é “um ato de entrega que um Estado faz de um indivíduo procurado pela Justiça 
para ser processado ou para a execução da pena, por crime cometido fora de seu território, a outro 
Estado que o reclama e que é competente para promover o julgamento e aplicar a punição”. É um 
ato bilateral que visa à cooperação internacional no combate ao crime. A extradição pode ser ativa 
(quando solicitada pelo Brasil) ou passiva (quando for solicitada ao Brasil por outro Estado). 
Como um dos requerimentos essenciais da extradição, está a necessidade de o crime não ser 
político. Não poderá ser extraditado também o que houver de responder, no Estado requerente, 
perante Tribunal ou Juízo de exceção. 
Apenas o brasileiro naturalizado poderá ser extraditado, desde que obedecidas as condições 
desse inciso: 
a) em caso de crime comum praticado antes da naturalização; 
b) em hipótese de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas. 
“A extradição do naturalizado condiciona-se à prestação de compromisso de reciprocidade 
específico por parte do Estado requerente”. 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 17 
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; 
Não caberá extradição de estrangeiro acusado de crime político ou de opinião em 
seu país de origem, pois essas acusações muitas vezes poderão estar ocultando verdadeira intenção 
de perseguição do individuo. É importante saber que, ainda que haja delito comum envolvido, será 
este absorvido pelo crime político, não ensejando extradição. 
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; 
 
 
 
É a consagração do princípio do juiz natural, pelo qual “todas as pessoas têm o ser 
processado e julgado por pessoa devidamente investida no cargo, tendo sua previamente 
estipulada pela Constituição Federal ou por lei”, de forma que não deverá hav pré-
constituídos nem tribunais de exceção. O juiz deve ser imparcial, e a autoridade deve 
igualdade entre as partes. 
 
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o processo legal; devido 
O devido processo legal, versado no inciso LIV do art. 5º, é um postulado 
fundamental de todo o sistema processual. Significa o conjunto de garantias de ordem 
constitucional, que de um lado asseguram às partes o exercício de suas faculdades e poderes de 
natureza processual e, de outro, legitimam a própria função jurisdicional. O devido processo legal é 
a garantia de um processo justo, é a garantia do acesso à justiça, que não se confunde com um 
simples acesso ao judiciário. Assim, nenhum individuo poderá ser condenado a uma pena privativa 
de liberdade ou qualquer outra sem ter sua garantia constitucional do processo legal. 
Tal princípio se bifurca em dois aspectos: o contraditório e a ampla defesa. O 
contraditório é a garantia da ciência bilateral dos atos e termos do processo, com a conseqüente 
possibilidade de manifestação sobre os mesmos. E a ampla defesa é a possibilidade de utilização 
de todos os meios e recursos legais previstos para a defesa de seus interesses e direito em juízo. 
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Assegura-se aqui os princípios do contraditório e da ampla defesa. 
O contraditório e a ampla defesa são garantias do cidadão baseadas no princípio da igualdade, 
ou seja, ambos os princípios derivam de um outro: isonomia processual. "Por ampla defesa, entende-
se o asseguramento que é dado ao réu de condições que lhe permitam trazer para o processo todos 
os elementos tendentes a esclarecer a verdade ou mesmo de omitir-se ou calarse, se entender 
necessário, enquanto o contraditório é a própria exteriorização da ampla defesa, impondo a condução 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 ºPágina 18 
dialética do processo(par conditio), pois a todo ato produzido pela acusação, caberá igual direito da 
defesa de opor-se-lhe ou de dar-lhe a versão que melhor se apresente, ou, ainda, de fornecer uma 
interpretação jurídica diversa da que foi dada pelo autor". 
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; 
Na CF/88, entre os direitos e garantias individuais, encontra-se referência às provas 
ilícitas. São elas as obtidas com violação da intimidade, da vida privada, da honra, da imagem, 
do domicilio, e das comunicações, salvo nos casos permitidos no inciso XII do art. 5º. São as provas 
ilícitas espécie das chamadas provas vedadas, porque por disposição de lei é que não podem ser 
trazidas a juízo ou invocadas como fundamento de um direito. 
Dentro dessa mesma linha de raciocínio, existem as chamadas provas ilícitas por 
derivação, ou seja, provas obtidas de forma lícita, porém a que a ela se chegou por intermédio 
da informação extraída de prova ilicitamente colhida. Assim, a prova ilícita por derivação fica 
maculada pela prova ilícita da qual derivou. 
 
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória; 
Esse inciso pertence ao Direito Processual Penal. É o princípio da presunção de inocência. 
Porém, muitos debates levaram a dizer que, da forma como foi redigido, esse é verdadeiramente o 
princípio da “desconsideração prévia da culpabilidade”, ou da “não-culpabilidade”. Houve discussão 
pois o texto da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão diz “todo o homem se presumirá 
inocente, até que seja condenado”, diferentemente do que diz nesse inciso (essa discussão traz duas 
correntes político-ideológicas, não é apenas uma questão semântica). 
 
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas 
hipóteses previstas em lei; 
A identificação criminal no contexto constitucional significa o registro, guarda e 
recuperação de todos os dados e informações necessárias para estabelecer a identidade do 
acusado. No inciso LVIIII do art. 5º, percebe-se que a intenção do constituinte foi de evitar, o 
quanto possível, a identificação criminal, apenas admitindo-a em casos excepcionais, onde se 
justificasse quer pela potencialidade ofensiva do delito imputado, quer pela ausência de qualquer 
outra forma de identificação civil confiável. Assim, a regra geral é a de que o civilmente identificado 
(aquele que já reúna suas características que o distinga dos demais) não será submetido à 
identificação criminal, esta apenas ocorrera como ultima ratio, quando não sobrevier outra forma 
de individualização do suspeito presumidamente inocente. 
Por se tratar de uma norma de eficácia contida, isto é, norma cujos efeitos podem ser 
limitados por norma infraconstitucional, em 07 de dezembro de 2000 a Lei nº 10.054 veio para 
regular a identificação criminal. 
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no 
prazo legal; 
O que esse inciso trata é a ação penal subsidiária da pública. Ação penal é a atividade que 
impulsiona a jurisdição penal. No direito brasileiro, as ações penais podem ser privadas (quando a 
iniciativa for do ofendido) ou públicas (quando a iniciativa for do Ministério Público, iniciada através 
da denúncia). Quando o crime for de ação pública, e o representante do Ministério Público se omitir, 
ou for negligente, o ofendido pode propor uma ação penal subsidiária da pública. 
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais ou o interesse social 
o exigirem; 
Impera no ordenamento jurídico brasileiro o Principio da Publicidade dos Atos 
Processuais, que, via de regra, são públicos, constituindo exceção o sigilo. Assim, 
excepcionalmente correm em segredo de justiça os processos em que o exigir o interesse público, 
bem como aqueles que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão 
em divorcio, alimentos e guarda de menores. Nesses casos, a audiência realiza-se a portas fechadas. 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 19 
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada 
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei; 
A prisão só pode ser efetivada em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de 
uma autoridade judiciária competente (juiz). A exceção a essa regra está nos casos de transgressão 
militar, durante o estado de sítio e no caso de recaptura do evadido. 
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados 
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; 
O inciso LXII do art. 5º trouxe uma verdadeira agitação no ordenamento jurídico, 
principalmente no que tange ao processo penal. Isso porque com o advento da CF de 1988, o preso 
não pode mais ficar incomunicável, o artigo do CPP que permitia a incomunicabilidade do preso, na 
fase de inquérito policial, foi revogado pela CF. Qualquer restrição à liberdade da pessoa constitui 
medida de excepcionalidade, somente permitida em casos especiais, tais como os que autorizam a 
prisão preventiva, temporária ou em flagrante. 
 
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, 
sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; 
A prisão e o local onde o preso se encontra devem ser informados imediatamente ao juiz 
competente, à família do preso ou à pessoa por ele indicada. O instituto da incomunicabilidade do 
preso, outrora permitido, não é mais aceito no nosso ordenamento jurídico. 
O preso também deverá ser informado de seus direitos, entre eles o de ficar em silêncio, ou 
pedir para conversar com seu advogado. 
 
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial; 
O preso tem direito de saber os nomes de quem o mandou prender e o nome de 
quem fez o interrogatório na policia. Desta garantia decorre o dever de identificação da 
autoridade, vedado o anonimato, pois, neste caso, o objetivo é impedir ou, pelo menos, coibir as 
arbitrariedades e ilegalidades no ato da prisão ou do interrogatório, possibilitando a responsabilidade 
por eventuais abusos. 
 
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; 
O juiz, ao verificar a ilegalidade da prisão, deverá relaxá-la, ou seja, de imediato mandar soltar 
o acusado, sendo dispensável parecer do membro do Ministério Público. Prisão ilegal é aquela que 
não foi feita em flagrante nem ordenada pelo juiz. 
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei permitir a liberdade 
temporária, com ou sem fiança; 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 20 
De acordo com o inciso LXVI do art. 5º, ninguém poderá se 
se a lei diz que o ato se enquadra na liberdade temporária com ou sem 
fiança provisória com ou sem fiança somente é admissível na prisão em 
flagr ante de pronuncia e na prisão resultante de sentença condenatória 
recorrível, com a prisão temporária ou preventiva. 
 
r levado para a 
. Todavia, a 
, na prisão deco 
não sendo c omp 
prisão 
liberdade 
rrente 
atível 
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo 
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e depositário 
infiel; 
a do 
 
A prisão civil não é uma regra, e sim uma exceção, não possuindo caráter criminal. A 
constituição só permite prisão civil do devedor voluntário de prestação alimentícia e do depositário 
infiel. 
LXVIII – conceder-se-á “habeascorpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de 
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de 
poder; 
Habeas Corpus são duas palavras de origem latina que significam: TENHA (habeas) 
CORPO (corpus). É a ação constitucional para a tutela da liberdade de locomoção, utilizada sempre 
que alguém estiver sofrendo ( habeas corpus liberatório ), ou na iminência de sofrer (habeas 
corpus preventivo, através do salvo-conduto), constrangimento ilegal em seu direito de ir e vir. 
Embora não seja o único remédio jurídico para cessar uma prisão ilegal, trata-se do mais eficaz e 
célere. 
O CPP estabeleceu o procedimento a ser adotado em ação de habeas corpus. Trata- 
se de um rito especial, sem maiores formalidades, sempre em favor do bem jurídico maior: a 
locomoção. Já se admitiu habeas corpus apresentado por telefone e reduzido a termo pela serventia 
judicial. Existem três figuras importantes quando se fala em tal remédio constitucional: impetrante 
(a pessoa que ingressa com o habeas corpus); paciente (é a pessoa em favor de quem é impetrada 
a ordem do habeas corpus, sempre pessoa física); e a autoridade coatora (a pessoa em relação a 
quem é impetrada a ordem de habeas corpus). 
É importante saber que o habeas corpus pode ser concedido também de oficio pela 
autoridade judicial, que não é exigível a capacidade postulatória para impetrá-lo e também que a 
ordem pode ser concedida contra atos de particulares, como diretores de estabelecimento 
psiquiátricos, casas geriátricas, clinicas de repouso e donos de fazenda. 
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não 
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso 
de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições 
do Poder Público; 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 21 
Mandado de segurança é uma medida constitucional que protege direito certo, do qual não há 
dúvidas, e que não pode ser defendido nem por habeas-corpus nem por habeas-data. São os casos 
em que se cabe mandado de segurança os de ilegalidade ou abuso de poder praticado por alguma 
autoridade. 
 
LXX – o mandado de segurança pode ser impetrado por: 
a) partido político com representação no Congresso Nacional; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados; 
Como espécie do mandado de segurança, o mandado de segurança coletivo pode 
igualmente ser conceituado como um instituto de direito processual constitucional, cujo objetivo é 
o de que uma só decisão possa atingir a um numero maior de interessados. Esse meio de tutela 
diferenciada, do ponto de vista processual, visa ampliar a possibilidade de acesso à Justiça, 
evitando decisões contraditórias nos pedidos para diversas pessoas que se encontrem na 
mesma situação jurídica. 
O mandando de segurança antes da atual CF, ao exigir a legitimidade do sujeito ativo, 
restringia o campo de atuação das corporações civis e sindicais, que só podiam buscar a segurança 
se a lesão de direito recaísse sobre a corporação em si, sem ser particularmente incidente sobre os 
membros ou associados, um, alguns ou todos. Assim, a atual CF ampliou o âmbito de atuação do 
mandado de segurança coletivo, agrupando determinados indivíduos e dando ao grupo capacidade 
processual (alíneas a e b). Jurisprudência: 
a) Não há necessidade de indicação nominal de todos os beneficiários da impetração na petição 
inicial. 
b) Podem ser postulados direitos de apenas alguns membros do sindicato ou entidade de 
classe. 
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora 
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas 
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 
Quando a constituição assegura um direito que ainda precisa de uma lei regulamentadora, 
poder-se-á utilizar o mandado de injunção, a fim de utilizar-se daquele direito previsto. “Trata-se, o 
mandado de injunção, de uma ação constitucional que autoriza o juiz a romper com a tradicional 
aplicação rígida de lei ao caso concreto para, de acordo com o pedido e o ordenamento jurídico, 
construir uma solução satisfatória, de modo a concretizar o direito constitucional do impetrante”. 
O pressuposto essencial para o mandado de injunção é a falta de uma norma regulamentadora 
de qualquer espécie ou natureza; 
LXXII – conceder-se-á “habeas datas”: 
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, 
constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter 
público; 
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, 
judicial ou administrativo; 
O habeas data é uma ação constitucional, de caráter civil, conteúdo e rito sumário, o qual tem 
por objeto a proteção de direito liquido e certo do impetrante em conhecer todas as 
informações e registros relativos à sua pessoa e constantes de repartições públicas ou 
particulares acessíveis ao público, para eventual retificação de seus dados pessoais. 
No que tange aos legitimados ativos para impetração desse remédio constitucional, pode ser 
pessoa física, brasileira ou estrangeira ou até mesmo pessoa jurídica, pois essa tem existência 
diversa das pessoas físicas que a integra. É vedado o requerimento de informações através de 
terceiros, há nessa ação caráter personalíssimo. 
O habeas data está presente tanto no inciso LXXII, art. 5º da CF como na Lei nº 9.507/97, 
que regula o direito de acesso as informações e disciplina seu rito processual. 
 
 
Direito Constitucional: Artigo 5 º Página 22 
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato 
lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, 
salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; 
A ação popular é um remédio legal para proteger a sociedade das autoridades corruptas, que 
não zelam pelos bens públicos e pela natureza. É um meio processual a que tem direito qualquer 
cidadão para se questionar os atos que forem considerados lesivos ao patrimônio público, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Qualquer cidadão 
é titular desse direito. Para quem usa a ação popular de boa fé, ela é gratuita, de forma que o autor 
fica isento das custas judiciais e, se perder na justiça, fica isento da responsabilidade de pagar os 
ônus processuais. 
 
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos; 
O inciso LXXIV vem com o propósito de assegurar aos que comprovarem insuficiência de 
recursos o direito fundamental a Justiça gratuita. Na assistência judiciária, o Estado assume a 
obrigação de arcar não só com as despesas processuais, como também com os honorários 
advocatícios do patrono do assistido (advogado). 
A garantia constitucional de não serem cobradas as custas processuais do hipossuficiente não 
revogou a de assistência judiciária gratuita da Lei nº 1.060/50 (Lei de assistência judiciária aos 
necessitados). Essa norma infraconstitucional põe-se, ademais, dentro do espírito da CF que deseja 
que seja facilitado o acesso de todos a Justiça. 
Na Justiça gratuita a isenção suportada pelo Estado restringe-se às despesas processuais, 
sendo o patrono (advogado) escolhido, constituído e remunerado pelo próprio cliente (STJ, 3º 
Turma, REsp. 238.925-SP,

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