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FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA DOR Prof. Dr. Marcelo R. Guerino DOR DOR Envolve vários componentes sensoriais, comportamentais (motores), emocionais e culturais Uma vez iniciado impulso da dor e sendo ele recebido pelo cérebro, a interpretação se baseia em fatores biológicos, psicológicos e sociais interrelacionados os impulsos dolorosos são enviados ao cérebro pelas fibras nervosas, os nociceptores, avisando que o corpo está em risco RESPOSTA MOTORA Somáticas reflexo de retirada vocalização expressão facial posição anti-algica choro Viscerais sudorese vasoconstriçâo periférica náuseas vômitos, etc EXPERIÊNCIA SENSORIAL Dor rápida (percepção objetiva) Dor lenta (percepção subjetiva) EXPERIENCIA PSICOLOGICA Ansiedade, Depressão (dor crônica) Sofrimento Alterações de comportamento A dor evoca experiências e reações múltiplas Resposta emocional: “%@!!??#! Qdo a dor é intensa ou inesperada: Um arco reflexo imediato ativa a resposta comportamental enviando instruções para os nervos motores retirarem parte do corpo submetida ao estímulo • Quando os impulsos aferentes alcançam a medula espinhal, forma-se um arco reflexo em um a dois níveis de entrada: uma parte do arco é enviada de volta pelo trato p/ ativar os mm necessários p/ retirar da fonte do estímulo os outros impulsos do reflexo continuam em direção ao cérebro Dor rápida Estímulos cutâneos causam reações motoras inatas denominadas reflexos de retirada que afastam rapidamente o membro afetado do estimulo nocivo. Se o indivíduo tem conhecimento de um estímulo potencialmente doloroso, mecanismos cognitivos podem inibir o arco reflexo e bloquear parte da resposta comportamental Componentes culturais da dor são complexos de definir EFEITOS DA DOR NA QUALIDADE DE VIDA Aspectos psicológicos - Diminuição da alegria e do humor - Aumento da ansiedade e do temor - Depressão, sofrimento. - Dificuldade de concentração - Somatização - Perda do controle - Perdas sociais - Diminuição das relações sociais - Diminuição da atividade sexual e afetiva - Aumento da necessidade de cuidados - Tensão financeira como resultado de contas médicas, medicamentos e perda de renda devido ao tempo fora do trabalho Termos relacionados à dor • Analgesia – ausência de dor à estimulação nociva • Anestesia dolorosa – dor em uma área anestesiada • Causalgia – dor queimante que persiste após lesão nervorsa traumática • Disestesia - sensação anormal deságradável • Hiperalgesia - sensibilidade aumentada à estimulação nociva, limiar da dor reduzido Termos relacionados à dor • Hiperestesia – sensibilidade aumentada à estimulação , excluindo os sentidos especiais, mas incluindo sensibilidade cutânea • Hiperpatia – reação dolorosa excessiva e retardada após um estímulo repetitivo • Hipoalgesia – sensibilidade diminuída à estimulação nociva • Hipoestesia - sensibilidade diminuída à estimulação nociva , excluindo as sensações especiais • Neuralgia – dor na distribuição de um ou mais nervos FISIOLOGIA DA DOR O primeiro passo na sequência dos eventos que origina o fenômeno sensitivo-doloroso é a transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas periféricas, são transmitidas para o SNC. FISIOLOGIA DA DOR • Os receptores nociceptivos são representados por terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas finas A-delta e amielínicas C • Os nociceptores relacionados com as fibras C respondem à estimulação mecânica, térmica e/ou química intensas e, os relacionados às fibras A-delta, à estimulação mecânica e/ou térmica intensas FISIOLOGIA DA DOR • As fibras C – amielínicas são responsáveis pela transmissão da dor tipo lenta, e estão localizadas em estruturas profundas: músculos, tendões, vísceras. São conduzidas após o CPME principalmente ao feixe paleoespinotalâmico, sem organização somatotópica precisa , por este motivo a dor transmitida pelas fibras lentas C é difícil de ser localizada e quantificada • As fibras A – mielínicas são responsáveis pela transmissão da dor tipo rápida , e estão localizadas na pele , músculos, tendões. São conduzidas após o CPME principalmente ao feixe neoespinotalâmico , com organização somatotópica precisa e detalhada, por este motivo a dor somática pode ser precisa e quantificável Terminações Nervosas em Pele FISIOLOGIA DA DOR • A atividade dos receptores nociceptivos das fibras C é modulada pela ação de substâncias químicas, denominadas algogênicas, liberadas em elevada concentração no ambiente tecidual em decorrência de processos inflamatórios, traumáticos e/ou isquêmicos. • São originadas de células lesadas • Dentre as substâncias algogênicas, destacam-se: a acetilcolina, as prostaglandinas, a histamina, a serotonina, a bradicinina, o leucotrieno, a substância P, a tromboxana, o fator de ativação plaquetário, os radicais ácidos e os íons potássio. Dor Perturbações do sono Ansiedade Depressão Défice funcional FISIOLOGIA DA DOR • As fibras projetam-se nas unidades celulares do corno posterior da substância cinzenta da medula espinhal (CPME). • O CPME não é apenas uma estação de coleta de informações transmitidas pelos aferentes primários. • Contém interneurônios que interferem no processamento das informações sensitivas, inibindo ou facilitando a transmissão dos potenciais veiculados pelos aferentes primários para os sistemas de projeção supra- segmentares. FISIOLOGIA DA DOR • A transmissão das informações nociceptivas da medula espinhal para as estruturas encefálicas é realizada mediante sistemas neuronais que compõem o trato espinotalâmico, espinorreticular, espinomesencefálico, espinocervical e outros •Desempenha um papel protector •Em geral, identifica-se uma agressão •Não tem um papel protector •Deteriora a saúde e a funcionalidade Dor aguda Agressão Dor crônica ≥ 1–6 meses Até 1 mês O PROCESSO DA DOR um estímulo nocivo ou nociceptivo causa a ativação das fibras da dor irritação química ou deformação mecânica disparado pela força mecânica inicial da lesão, e continua pela mecânica resultante resposta por nociceptores, terminações nervosas especializadas: • nociceptores mecanossensíveis e quimiossensíveis complexa rede de vias aferentes e eferentes (transmitir e reagir aos impulsos) todos os impulsos nocivos são transmitidos pelas vias aferentes para o tálamo MODULAÇÃO DA DOR • Depois do trauma subst. são liberadas no interior dos tecidos Imediatamente após o trauma, ocorre: Hiperalgesia primária reduz o limiar da terminação nervosa aos estímulos nocivos e amplifica a respos ta dolorosa Hiperalgesia secundária aumenta o tamanho da área dolorida, a medida que as subst químicas se difundem nos tecidos vizinhos (hipersensíveis) Liberação de dopamina e norepinefrina ativação da fosfolipase permitindo que a memb libera ac aracdônico combinando-se com cicloxigenase o ac. aracdônico é convertido em prostaglandina Hiperalgesia: aumento da sensibilidade dolorosa. Estímulos antes inócuos passam a causar dor devido a facilidade de despolarização dos neurônios aferentes nociceptivos polimodais. inocuo nocivo 100 80 20 060 40 SE N SA Ç Ã O D O LO R O SA Intensidade do estímulo Normal Injuria Hiperalgesia Inflamação Integração Inflamatória da Resposta Dolorosa Mediador Ação Bradicininas Estimulação direta da fibra nervosa que transporta os estímulos nocivos Prostaglandina Sensibilização das fibras nervosas de forma que outros mediadores possam iniciar a nocicepção Substância P Extravasamento de substâncias que podem causar nocicepção Integração Inflamatória da Resposta Dolorosa A prostaglandina desempenham muitos papéis na inflamação sensibiliza iniciando a nocicepção (bradicinina – vasodilatadoras, permeabilidade vascular) Subst P influencia a transmissão da dor, liberada pelas terminações do axônio das fibras C (corno dorsal – sem mielina) e fibras A-delta (maiores – fina camada de mielina) A despolarização ocorre por causa do Na e K Nociceptores Fibras A delta • Receptores mecânicos • Receptores termomecânicos Fibras C • Receptores polimodais - mecânicos, térmicos e químicos MECANISMO DA HIPERALGESIA Em uma torção (A-delta) conduzem impulsos provenientes da periferia: 1) sensação de dor bem localizada 2) dor de ardência ou de queimação = dor protopática (dor primária) – o indivíduo percebe que ocorreu um trauma 3) a sensação de ardência ou queimação se transforma em sensação dolorosa ou latejante (fibras C) = dor epícrita (dor secundária) 4) um terceiro tipo de fibra mielinizada aparecem (fibra A-beta) Dor nociceptiva Dor causada por lesão tecidular (musculo-esquelética, cutânea ou visceral) Habitualmente, a região dolorosa situa-se no local da lesão Dor nociceptiva Frequentemente descrita como latejante, moinha ou rigidez Pode ser crônica, mas geralmente é transitória, desaparecendo após cura dos tecidos lesados Responde aos analgésicos “convencionais” Activação de nociceptores locais Nervo periférico Medula espinhal Lesão tecidular Informação ascendente Dor nociceptiva crônica Percepção da dor Modulação descendente Dor iniciada ou causada por disfunção ou lesão primária do sistema nervoso central ou periférico (incluindo o sistema nervoso autónomo) International Association for the Study of Pain. IASP Pain Terminology Dor Neuropática Dor neuropática Frequentemente descrita como “descarga”, “choque eléctrico” ou “queimadura” Muitas vezes associada a “formigueiro” ou “dormência” Exemplo de dor neuropática: lesão do nervo cubital após fractura óssea Nervo Cubital Nociceptores periféricos Informação ascendente Modulação descendente Lesão nervosa Percepção da dor Impulsos gerados no nervo cubital Medula espinhal Lesão Mecanismos Envolvidos na Gênese dos Sintomas Fibras aferentes A- e C (dor) – Sintomas espontâneos: dor em queimação e pontada – Sintomas provocados: hiperalgesia Fibras aferentes A- (tato) – Sintomas espontâneos: disestesia (dolorosa) e parestesia (não dolorosa) – Sintomas provocados: alodínia Dor espontânea Sensação dolorosa sem estímulo evidente Alodínia Resposta dolorosa a um estímulo habitualmente não doloroso (toque, movimento, frio, calor) Hiperalgesia Resposta aumentada a um estímulo habitualmente doloroso (frio, calor, picada) Disestesia Sensação desagradável, espontânea ou evocada (por exemplo sensação de descarga) Parestesia Sensação anormal não desagradável, espontânea ou evocada (por exemplo sensação de formigueiro, zumbido, vibração) Dor neuropática – sintomas “positivos” Hipoestesia Diminuição da sensibilidade a estímulos, excluindo os sentidos especiais (por exemplo: toque, dor) Anestesia Perda total de sensibilidade Analgesia Ausência de dor em resposta a estímulos habitualmente dolorosos Hipoalgesia Diminuição da dor em resposta a estímulos habitualmente dolorosos Dor neuropática – sintomas “negativos” Activação dos nociceptores periféricos – componente nociceptiva da dor Compressão e inflamação da raíz nervosa – componente neuropática da dor Exemplo de dor mista: hérnia discal com radiculopatia VIAS ASCENDENTES DA DOR a subst cinzenta da medula espinhal é dividida em 10 camadas de corpos cels chamadas de lâminas neurônios de 1a ordem e de 2a ordem todos os neurônios de 1a ordem trafegam da periferia para a sinapse no gânglio da raiz dorsal e das lâminas antes de cruzarem a medula espinhal em direção ao trato espinotalâmico As áreas do Trato Paleo-espinotalâmico Área Função Medula oblonga Controla as funções autônomas, como batimento cardíaco, respiração e vômito. Liga a medula espinhal com o cérebro. Mesencéfalo Funciona com o centro para muitos reflexos e ajuda a coordenação de movimentos e do movimento ocular Hipotálamo Controla a liberação de hormônios do sistema endócrino. Por meio desse mecanismo, o hipotálamo regula o metabolismo e a resposta ao estresse. Tálamo Influencia o humor e os movimentos do corpo que estão associados com o medo, ansiedade e raiva. Sistema límbico Ligado ás emoções e, por meio do giro cingulado, controla a resposta visceral ás emoções e a sensação de dor e prazer. Substância cinzenta periaqueductal Controla hormonalmente a liberação de -endorfina e de outras substâncias da dor. seguem pela via sensório-discriminativa da dor formação reticular (evocar respostas motoras) sistema límbico (integração superior) com reações motivacionais e emocionais Trajeto TRATO PALEOESPINOTALÂMICO • Transmissão lenta-crônica tipo C • Subst. P principal neurotransmissor nas terminações nerv. Tipo C • Terminam: (1) Núcleos reticulares do bulbo, da ponte e do mesencéfalo (2) Área tectal do mesencéfalo (3) Região da subst cinzenta periaquedutal VIAS DESCENDENTES se origina no trato corticoespinhal do córtex desce até a medula, onde cruzam sobre o lado oposto da medula e p/ níveis mais baixos da medula espinhal uma segunda estrutura que exerce controle descendente dos estímulos nocivos é a Subst. Pariaquedutal Cinzenta recebe estímulo do córtex, do sistema límbico, do hipotálamo (-endorfinas) o hipotálamo envia -endorfinas p/ núcleo magno da Rafe desencadeando reações de inibição descendente da dor baseada na capacidade de produzir poiáceos endógenos (cada qual com funções distintas) SISTEMA DE SUPRESSÃO DA DOR Sistema de analgesia 3 componentes principais: (1) Subst cinzenta periaquedutal e áreas periventriculares do mesencéfalo (2) Núcleo magno da rafe (3) Complexo inibitório da dor - subst transmissoras de analgesia: encefalinas (núcleo magno) e serotoninas (núcleos locais da medula) ANALGESIA CÉREBRO TRONCO ENCEFALICO MEDULA Inibição do neurônio de 2a ordem Neurônios aferentes Mecanismos endógenos de analgesia: modulação ou inibição dos impulsos nervosos que chegam ao córtex AVALIAÇÃO DA DOR AVALIAÇÃO DA DOR Expressão pessoal do que uma pessoa sente A sensação é baseada em um processo discriminativo, eficaz e avaliativo O processo de apreciação deve abranger avaliações subjetivas e objetivas para documentar adequadamente o nível e magnitude da dor que o paciente está sentindo AVALIAÇÃO DA DOR Avaliação Subjetiva da Dor Onde você sente dor? Quandosua dor começou? Qual é a duração da sua dor? Você já sentiu esta dor antes? Você consegue descrever a dor? A dor está melhorando ou piorando? A dor aumenta quando você faz exercícios? Você sente mais dor após o exercício? Você sente dor à noite? AVALIAÇÃO DA DOR • As respostas a essas questões permitem que o clínico mapeie um valor de referência basal subjetivo da condição do estado doloroso do paciente. Bem como avaliações adicionais. • Teste de McGill de dor • Efeito placebo (ligado a mecanismos psicológicos – não fisiológicos) DOR REFERIDA Queixa de dor em uma área que não tem sinais de lesão Um erro do cérebro em localizar a fonte do estímulo nocivo ou uma dor deslocada As fibras que emergem do local da lesão se dividem em ramificações dentro da medula espinhal Essas ramificações fazem contato com outras que transmitem impulsos dolorosos O resto se conecta com vias nervosas sensoriais que partem da pele, e os sinais se misturam • pinçamento de um nervo (queimadura e dor que se irradia na coluna vertebral), pode ter dor no braço ou na perna Dor Referida Referência à dor de origem visceral na pele Convergência de fibras aferentes viscerais sobre os neurônios de 2a ordem provenientes da pele Dor do membro fantasma Referência à dor do membro ausente Percepção da estimulação espontânea nos cotos nervosos remanescentes da via nociceptiva Pontos gatilho: • áreas hipersensíveis que se formam dentro dos mm ou tecido conjuntivo (disparo da dor referida) Não segue os padrões normais de distribuição sensorial Mas segue uma certa construção lógica O fisioterapeuta deve realizar um histórico e ser cuidadoso em sua avaliação DOR CRÔNICA Dor que se prolonga O tratamento p/ dor aguda é ineficaz neste momento Seu objetivo de tratamento é romper a alça de retroalimentação positiva (desprender a sentir dor) Características da Dor Crônica Sintomas duram mais que 6 meses Poucos achados médicos objetivos Abuso de medicamento Dificuldade para dormir Depressão Comportamento manipulador Preocupação somática Escalas de intensidade da dor Escala visual analógica Escala numérica Escala qualitativa Escala de faces TÉCNICAS DE MANIPULAÇÃO DA DOR Classificadas como físicas, comportamentais ou cognitivas Os profissionais da área da saúde tendem a centrar seus programas de controle da dor em meios físicos, empregando recursos terapêuticos Um plano abrangente de manipulação da dor deve incluir as 3 técnicas Devem incluir modalidades térmicas, elétricas e mecânicas, medicação e cirurgia (controlar os efeitos da lesão e da dor) abordagens comportamentais e cognitivas p/ manipulação da dor (diminuição da ansiedade com relação a lesão, estímulos calmantes ou de distração, acabar com medo do desconhecido) uso de músicas, fones de ouvido, Tv, livros, aromas, conversas ou estratégia semelhante a maioria dos regimes de tratamento é planejada p/ reduzir o dano físico resultante da lesão portanto, realmente aliviar a causa da dor • Fim twitter: @guerafisio
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