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Ginecologia 2 – Oncologia Câncer de Colo de Útero Conceitos iniciais: Epitélio colunar cilíndrico simples Regiao endocervical Epitélio escamoso estratificado não queratinizado Região da ectocérvice JEC (junção escamocolunar) Se localiza no orifício externo do colo Metaplasia escamosa Processo fisiológico de transforação do epitélio colunar em escamoso, originando uma nova JEC. Ectopia ou Ectrópio A JEC ativa deslocada para fora do orifício externo do colo uterino. Epidemiologia: É o segundo tumor mais comum entre as mulheres. Perde apenas para o câncer de mama. Entre todos os tipos de câncer, é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura. Fatores de risco: Infecção de HPV: Responsável por 99% dos casos de CA de colo. Faixa etária entre 20 e 40 anos (pode acometer qualquer idade) É endêmica entre os indivíduos sexualmente ativos. É um parasita intracelular capaz de acelerar a velocidade das mitoses celulares, aumentando assim a chance de desenvolvimento de atipias. Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por 70% de todos os casos. Os tipos virais associados ao condiloma acuminado são o 6 e o 11. Diagnóstico Confirmação histológica, Colpocitologia de rotina Tratamento O objetivo inicial não é a erradicação do vírus! Erradicar por questões estéticas e evitar infecções secundárias, prevenir evolução para malignidade, prevenção da transmissão vertical, prevenção da transmissão horizontal. HPV e Gravidez A cesariana só está indicada nos casos de condiloma acuminado que obstrua o canal de parto. A cesariana não protege o RN da infecção, pois o vírus pode ser encontrado no LA. Inicio precoce da atividade sexual Numero de parceiros sexuais Outras DST Uso de ACO Deficiências vitamínicas (A e C) Tabagismo Imunidade Baixo nível socioeconômico Diagnóstico: Anamnese e Exame Físico: Procurar fatores de risco e sinais e sintomas de suspeição Em estágios iniciais as lesões costumam ser assintomáticas Em estágios mais avançados queixas de dor, corrimento vaginal e perdas sanguíneas anormais podem surgir. Inspeção da vulva, vagina e colo uterino Toque vaginal Toque retal Avaliação da infiltração dos paramétrios Coleta de Citologia: É um exame preventivo. É um método de rastreamento do CA de colo e de suas lesões precursoras. Periodicidade Dos 25 aos 65 anos de idade, com intervalos de um ano e após duas amostras negativas, a cada três anos. Técnica utilizada Espátula de Ayre + Esvova endocervical. Técnica de coloração Papanicolau Orientações: Não utilizar duchas vaginais 48h antes do exame, abstinência sexual 48-72h antes do exame, não utilizar cremes vaginais 7 dias antes do exame, não lubrificar o espéculo. Melhor época para colher o exame Periodo periovulatório. Situações especiais: Gravidas Idêntico ao das não gravidas Puérperas Aguardar seis a oito semanas após o parto Virgens Dispensadas do rastreamento Histerectomias total Dispensadas do rastreamento Histerectomia subtotal Rotina normal Classificações: Lesões precursoras do câncer Câncer invasivo Papanicolau Classe III e IV Classe V OMS Displasia leve Displasia moderada Displasia acentuada Ca in situ Carcinoma escamoso invasivo Richart (Histologia) NIC I NIC II NIC III Bethesda (Citologia) LIE de baixo grau LIE de alto grau Indicações de Colposcopia + Biópsia: Resultado citológico de LIE-AG Lesão intraepitelial de alto grau Duas citologias consecutivas com resultado de ASC-US Celulas escamosas atípicas de significado indeterminado Resultado citológico de ASC-H Não é possível excluir LIE-AG Resultado citológico de AGC (ou AGUS) Atipias celulares glandulares (o canal cervical deve ser obrigatoriamente avaliado) Pacientes imunossuprimidas com lesos intraepiteliais de baixo grau na citologia. Colposcopia + Biopsia: É a visualização do colo após a aplicação de acido acético a 5% e lugol (Teste de Schiller). O acido acético coagula as proteínas citoplasmáticas do epitélio alterado. Portanto quanto mais proteínas, mais esbranquiçada fica a lesão. O lugol permite identificar áreas de epitélio escamoso desprovidas de glicogênio, que não se coram (coloração amarelo-mostarda). *O Teste de Schiller é positivo quando o Iodo é negativo. A colposcopia é considerada satisfatória quando a JEC é visualizada. Quando isso não ocorre, o exame é considerado indeterminado e o canal endocervical deve ser fortemente investigado. A colposcopia permite a identificação de uma área acometida, sua extensão, além de orientar o local da biopsia e contribuir para o planejamento adequado do tratamento. A biopsia é o exame padrão-ouro para a confirmação diagnóstica. Deve ser solicitada também quando uma lesão condilomatosa não responde ao tratamento convencional. O carcinoma epidermoide é o tipo histológico mais frequente, respondendo por 80% dos casos. Estadiamento: É clinico e envolve (exame ginecológico, colposcopia, histopatológico, métodos de imagem, cistoscopia e retossigmoidoscopia). EO Ca in situ E1 Ca restrito ao colo uterino 1A Profundidade < 5mm e Extensão < 7mm 1B Profundidade > 5mm e Extensão > 7mm (clinicamente visível) E2 Ca estende-se até além do colo, mas não há extensão para a parede 2A Invasão da vagina e ausência de comprometimento parametrial 2B Acometimento visível do paramétrio, mas sem atingir a parede pélvica E3 Ca estendeu-se até a parede pélvica 3A Extensão ao terço inferior da vagina 3B Extensão à prede pélvica ou Hidronefrose E4 O Ca estendeu-se além da pelve verdadeira ou há acometimento visível da mucosa da bexiga ou do reto. 4A Disseminação do tumor para órgãos adjacentes (bexiga ou reto) 4B Disseminação para órgãos distantes Tratamento: Lesões Intraepiteliais Cervicais: Métodos físico-destrutivos NIC I Crioterapia Vaporização com laser Eletrocoagulação Exéreses NIC II e III Cirurgias de alta frequência Conização a frio Ca de colo uterino: Ca in situ ou Estagio 1ª que desejam engravidar Conização Histerectomia tipo 1 Estagio 1A que não desejam mais engravidar Traquelectomia Histerectomia Radical Não há desejo de engravidar Quimioradioterapia primária Estágios 2, 3 e 4 Seguimento: Primeiro ano: Exame ginecológico de 3 em 3 meses Coleta de citopatológico e colposcopia do fundo-de-saco vaginal Toque vaginal e retal US abdominal e USTV aos 6 e 12 meses Rx de tórax aso 12 meses (Estagios 3 e 4) Hemograma s/n Segundo ao Quinto ano: Consultas semestrais Todas as rotinas acima mantidas Após o Quinto ano: As consultas e os exames passam a ser anuais Outros exames devem ser solicitados conforme as queixas da paciente Doença Benigna da Mama Mastalgia: É um sintoma, não uma doença. Etiologia desconhecida. Faixa etária mais prevalente é a menacme. 40% das mulheres se queixam deste sintoma nas consultas. Associa-se com dor, ingurgitamento mamário e aumento da sensibilidade. Cíclica (70%): Varia com o ciclo menstrual. Ocorre mais na fase lutea tardia. Geralmente é bilateral Predomina no QSE. É uma AFBM. Acíclica (25%): Sem relação com o ciclo menstrual. Unilateral e localizada. Causas: ectasia ductal, adenose, mastites, nevralgia intercostal. Fatores de risco: estresse, tabagismo, retenção hídrica, cafeína, drogas (antidepressivos, hormônios, ansiolíticos). Diagnóstico: Anamnese + EF; USG de mamas; RX de tórax Tratamento: deve ser evitado nos casos com duração menor que 6 meses. Medicamentoso: Tamoxifeno e Danazol Mastalgia grave Derrame ou Descarga Papilar: Corresponde a saída de secreção pela papila fora do ciclo gravídico-puerperal e do período de lactação. 95% dos derrames são de origem benigna. Coloração: AFBM (2º causa) Seroeverdeado Galactorreia Leitoso Farmacológicas (ACO, Verapamil, Metildopa, Tricíclicos) Microadenomas Bromocriptinaou Cabergolina Macroadenomas Ressecção cirúrgica Ectasia ductal Amarelo-esverdeado Papiloma intraductal (1º causa) Sanguinolento ou serossanguinolentoCarcinoma Agua de rocha ou sanguinolento Gravidez Sanguinolento (20%) Mastites Purulento Fisiológico Multiductal, Bilateral, Provocado Patológico Uniductal, Unilateral, Espontâneo, sanguinolento, em agua de rocha Investigar com biópsia cirúrgica (Histopatologia) Nódulos: 80% dos nódulos palpáveis são benignos. Características: Há quanto tempo existe? Aumentou de tamanho? Há historia de biopsias ou aspirações previas de cistos? É acompanhada de dor? Está associado ao ciclo menstrual? Qual a idade da paciente? Investigação: PAAF: É o primeiro passo na investigação de nódulos mamários Diferencia as lesões císticas das sólidas. Método ambulatorial de baixo custo. Possui sensibilidade e especificidade > 90%. Seu resultado NEGATIVO não exclui a possibilidade de câncer. A aspiração de liquido sanguinolento, a presença de massa palpável após a retirada de todo o liquido, mais de duas recidivas de coleções de liquido e a persistência de densidade mamográfica após a aspiração, favorecem a hipótese de carcinoma. Nestas situações, a realização de biopsia esta formalmente indicada para estudo histopatológico. USG: Assegura boa diferenciação entre nódulos sólidos e císticos. Complementa o rastreio mamografico. É indicado principalmente em mamas jovens, lactantes e gestantes. É incapaz de detectar microcalcificações e possui baixa resolução em mamas lipossubstituidas. MMG: É particularmente útil na avaliação de modularidades, andesamentos, calcificações e cistos em mamas adiposas. Indicações: Rastreamento de lesões subclínicas em mulheres assintomáticas. Estudo de lesões palpáveis Acompanhamento pré e pós-terapeutico de paciente com câncer de mama Guia para procedimentos invasivos. Planejamento cirúrgico. *Recomendações para rastreamento de Câncer de Mama segundo o MS: Rastreamento por meio do exame clinico anual da mama para todas as mulheres a partir de 40 anos. Em caso de alteração, esta indicada a MMG diagnóstica. Rastreamento por MMG para as mulheres entre 50 e 69 anos, com o máximo de dois anos entre os exames. (deve ser preferencialmente anual). Exame clinico da mama e MMG anual a partir dos 35 anos para as mulheres pertencentes a grupos de risco para câncer de mama. *Classificação de Bi-Rads: Categoria 0 Inconclusivo Categoria 1 Sem achados mamográficos, sem sinal de malignidade Conduta Repetir o exame anualmente Categoria 2 Achados benignos Conduta Não merecem investigação. Repetir o exame anualmente. Categoria 3 Achados provavelmente benignos Conduta Preconiza-se o controle mamógrafico semestral por 3 anos para confirmar a estabilidade da lesão. Categoria 4 Achados suspeitos de malignidade Conduta Avaliação histopatológica Categoria 5 Achados altamente sugestivos de malignidade Conduta Avaliação histopatológica Categoria 6 Malignidade confirmada Diagnóstico histopatológico: Biopsia por agulha grossa (Core biopsia): Indicações: nódulo solido, microcalcificações agrupadas, densidade assimétrica, distorção de parênquima. Desvantagens: pode ter resultados inconclusivos, ocasionar sangramentos. Mamotomia (percutânea à vácuo): Indicações: esclarecimento de lesões não palpáveis. Biopsia Cirúrgica: Excisional Lesões menores Incisional Tumores de grandes dimensões. Organograma: LESÕES NODULARES PAAF NÓDULO SÓLIDO NÓDULO CÍSTICO LIQUIDO SUSPEITO LIQUIDO TÍPICO CISTO CITOLOGIA/ MMG/ USG / BIÓPSIA MMG/USG MMG/USG ALTERADAS NORMAIS BIOPSIA SUSPEITA OU BIÓPSIA SEGUIMENTO NEGATIVA CONFIRMADA SEGUIMENTO BIOPSIA DE CONGELAÇÃO TRATAMENTO Principais tumores benignos da mama: Fibroadenoma: É o mais prevalente. Faixa etária de 20 – 35 anos. Manifesta-se como tumor palpável, de consistência fibroelastica, móvel, indolor, com rápido crescimento inicial, pode ser único ou múltiplo, uni ou bilateral. Tratamento conservador Caracteristicas benignas, < 25 anos. Conduta individualizada 25 – 35 anos. Cirúrgico > 35 anos, historia familiar +, crescimento rápido. Papiloma intraductal: É relativamente frequente. Faixa etária dos 30 – 50 anos. É solitário, não excede 2-3mm, e se localiza nos ductos terminais. Manifesta-se com descarga papilar uniductal serossanguinolenta ou sanguinolenta, espontânea ou à compressão. Câncer de Mama Excetuando o câncer de mama não melanoma, o câncer de mama é o segundo tipo de tumor maligno mais frequente no Brasil e no mundo, além de ser o mais comum entre as mulheres. É ainda o câncer que mais mata mulheres no Brasil e no mundo. O programa mais efetivo para reduzir a mortalidade do câncer de mama é a detecção precoce. Estratégia diagnostica: Anamnese e Exame físico: Queixa mais comum: massa palpável Exame Físico: Crescimento lento, geralmente localizado no QSE, unilateral, firme, de consistência endurecida ou até pétrea, indolor, contornos irregulares e limites imprecisos e fixo (aderido a planos profundos). A descarga papilar (agua de rocha ou sanguinolenta) pode estar associada. Fatores de risco: Sexo feminino, raça branca Idade > 40 anos, Antecedente pessoal de câncer de mama, Antecedente de outros cânceres (endométrio, ovário, cólon), Doenças benignas com padrão proliferativo (hiperplasia ductal ou lobular com atipias), Historia familiar positiva, Menarca precoce ou menopausa tardia, Nuliparidade ou primiparidade idosa, dieta rica em gorduras, Uso crônico de bebidas alcóolicas, Uso de ACO, Terapia hormonal superior a 10 anos, genética (BRCA 1 e 2). *O tabagismo não é considerado fator de risco!!! *A amamentação não afeta a incidência de câncer de mama!!! O auto-exame só é capaz de identificar o nódulo em fase clinica (maior que 1 cm). É um método de rastreio. Deve ser rotineiramente realizado após os 25 anos. Investigação e localização das lesões nodulares: PAAF USG MMG HISTOPATOLOGIA Classificação Histológica: Ca in situ: Doença local, restrita ao epitélio. Não ocorre infiltração do estroma. Carcinoma ductal in situ: Lesão precursora. Prognóstico favorável. Carcinoma lobular in situ: Não se apresenta como lesão palpável, sem expressão mamográfica, não é considerada lesão precursora. Representa um indicador biológico de aumento de risco para o desenvolvimento de um tumor invasivo. Carcinomas infiltrantes (invasivos): Ductal: é o mais comum (70-80%). Massa palpável de consistência pétrea. Possui grande expressão radiológica e ultrassonográfica. Lobular: é pouco frequente. Maior tendência à bilateralidade e multicentricidade. Células em anel de sinete. Estadiamento: Exames pré-operatórios: cintilografia óssea, rx de tórax, usg de abdome e pelve, LDH e fosfatase alcalina. Tumor T0 Sem evidencia Tis In situ T1 < 2 cm T2 2 – 5 cm T3 > 5cm T4 Extensão à parede torácica Linfonodo N0 Não invade linfonodos N1 Linfonodos axilares homolaterais moveis N2 Linfonodos axilares homolaterais fixos, aderidos N3 Linfonodos infraclaviculares homolaterais Metástases M0 Ausência M1 Metástase à distância Estágios 0 Tis, Dça de Paget I T1 II A T2 ou N1 B T3 III A N2 ou T3N1 B T4 C N3 IV M1 *Estágio III Doença localmente avançada Tratamento Cirúrgico: Indicado para as pacientes sem doenças metastáticas à distancia, ou seja, para todas as estadiadas até o estagio III. Cirurgias conservadoras: Limitam-se à ressecção da área que contem o tumor, com boa margem de segurança. Indicada para tumores pequenos. Tumorectomia, Segmentectomia ou Quadrantectomia. Cirurgias radicais: Indicada nos casos que o tumor ocupa mais de 20% do volume da mama ou em casos de tumores localmente avnçados. Simples Exérese apenas da mama. Indicada nos tumores multicêntricos ou intraductais extensos. Radical clássica (Halsted) Ressecção de todo o tecido mamário, dos músculos peitoraismaior e menor, além do esvaziamento axilar. Esta técnica está em desuso. Radical modificada (Patey) Retirada da mama e do musculo peitoral menor, associada ao esvaziamento axilar. O musculo peitoral maior é preservado. É a técnica mais empregada atualmente. Radioterapia: Indicada para o controle locorregional da doença. É mais empregada no pós-operatório, de forma adjuvante, para diminuir as taxas de recidivas. Esta obrigatoriamente indicada: Cirurgias conservadoras da mama Tumores maiores que 4 cm Na presença de 4 ou mais linfonodos axilares acometidos Quimioterapia: Visa auxiliar o tratamento locorregional, controlar e tratar o surgimento de metástases à distancia. Normalmente é recomendada para pacientes com tumores infiltrantes, linfonodos positivos ou quando o tumor é grande. Parece ser o principal responsável por afetar a evolução natural da doença, com melhora estatisticamente significativa da sobrevida. Pode ser neo-adjuvante ou adjuvante.
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