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38 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Unidade II 3 GESTÃO DO CONHECIMENTO A gestão do conhecimento, segundo Lacombe (2011, p. 204) É o conjunto de esforços ordenados e sistematizados visando criar novo conhecimento, difundi-lo na organização para os que dele precisam e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas, bem como protegê-lo contra uso indevido. O primeiro ponto da estratégia de gestão do conhecimento é definir os critérios para escolher que tipo de conhecimento a empresa planeja obter e a forma de consegui-lo e distribuí-lo (LACOMBE, 2011). O’Brien e Marakas (2013) enfatizam que as empresas criadoras de conhecimento exploram dois tipos de conhecimento: explícito e o tácito. O primeiro compreende dados, documentos e coisas escritas ou armazenadas no computador. O segundo é uma qualidade pessoal, está nos empregados. O conhecimento tácito pode, em geral, representar algumas das mais importantes informações dentro de uma organização. Empregados antigos sabem muitas coisas úteis para produzir um produto, entregar o serviço, lidar com um vendedor em particular ou operar equipamentos essenciais. Isso não está gravado ou codificado em lugar nenhum, pois evoluiu em sua mente com os anos de experiência. Além disso, muito desse know-how jamais é compartilhado com alguém que possa estar na posição de gravá-lo formalmente, porque em geral há pouco incentivo para fazê-lo ou simplesmente porque “ninguém nunca perguntou”. Na mesma linha de pensamento, Lacombe (2011) acentua que o conhecimento explícito pode ser expresso sob a forma de números e palavras, já o tácito é algo dificilmente visível e exprimível. É muito pessoal e difícil de formalizar, complicando sua transmissão. Está enraizado nas ações e experiências de uma pessoa, bem como em suas emoções, valores e ideias. Por sua vez, o conhecimento explícito pode ser processado por um computador, transmitido eletronicamente ou armazenado em um banco de dados. Assim, um sistema bem-sucedido de gestão do conhecimento cria técnicas, tecnologias, sistemas e recompensas para que o empregado compartilhe o que sabe para fazer melhor uso da capacidade acumulada no trabalho e na empresa. Desse modo, os funcionários aumentam o conhecimento enquanto fazem seus próprios trabalhos. 39 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Inteligência de negócios Criação, compartilhamento e gerenciamento da informação Gerenciamento de documentos Melhora do know-how organizacional Suporte para o desempenho Interação com dados operacionais Criação de redes de especialistas Acessar e recuperar documentos armazenados on-line Obtenção e distribuição das experiências de especialistas Gerenciamento da informação em tempo real Comunicação e colaboração Criação de novos conteúdos Figura 16 O’Brien e Marakas (2013) revelam que a gestão do conhecimento tem se tornado um dos maiores usos estratégicos da TI. Muitas empresas estão criando sistemas de gestão do conhecimento (knowledge management systems – KMS) para administrar o aprendizado organizacional e o know-how do negócio. Conforme destacam O’Brien e Marakas (2013), o objetivo de tais sistemas é ajudar os trabalhadores a criar, organizar e disponibilizar importantes conhecimentos da empresa, onde e quando tais conteúdos se fizerem necessários na instituição. Isso inclui processos, procedimentos, patentes, trabalhos de referência, fórmulas, melhores práticas, prognósticos e soluções. Os sites da internet e da intranet, groupware, data mining, bases de conhecimento e os grupos de discussão em tempo real são algumas tecnologias-chave que podem ser usadas pelos KMS. Os KMS facilitam o aprendizado institucional e a criação de conhecimento. São projetados para fornecer respostas rápidas aos trabalhadores do conhecimento, encorajar mudanças na atitude dos funcionários e melhorar o desempenho dos negócios. Como o processo de aprendizagem organizacional continua e sua base de conhecimento expande-se, a entidade criadora de conhecimento trabalha para integrá-lo aos processos empresariais, produtos e serviços. Essa integração ajuda a empresa a se tornar uma fornecedora ágil e inovadora de produtos e serviços de alta qualidade ao cliente, além de uma formidável competidora no mercado. Segundo Rosini e Palmisano (2012), o conhecimento, de forma genérica, pode ser definido como aquilo que se sabe sobre algo ou alguém e que foi obtido por meio de teorias, práticas, hipóteses, conceitos, procedimentos, observações, teoremas, princípios etc. Asseveram que ele é determinado por um ato intencional, isto é, pela transformação de dados e informações que, a partir de um processo mental, produzirá novos saberes. 40 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Para os autores, a verdade pode ser definida como a “plenitude de um discurso”, que é capaz de convencer que um fato ou um evento é da forma como está́ sendo descrito, apresentado e defendido por esse discurso. Assim, ele se manterá́ pleno, portanto, verdadeiro, até que um novo discurso possa se impor como uma nova verdade, demonstrando a relatividade de uma verdade e a existência de um ciclo de vida que a caracteriza (ROSINI; PALMISANO 2012). Rosini e Palmisano (2012) acentuam que ao longo da história é possível comprovar que vários discursos se mantiveram verdadeiros durante anos, séculos e milênios. Acreditava-se que o Sol girava em torno da Terra e que o átomo era a menor partícula material indivisível. Depois essas verdades foram substituídas por outras, que então se instalaram como novas verdades e assim permanecerão válidas até que sejam sucedidas por outras. Esse é o ciclo do conhecimento. Lacombe (2011) diz que no cerne da gestão do conhecimento estão quatro processos: Geração Organização Desenvolvimento Distribuição do conteúdo Figura 17 Vamos analisar cada um desses processos. • Geração: envolve duas tarefas – identificar o conteúdo desejado e fazer as pessoas contribuírem com ideias. Algumas barreiras precisam ser vencidas. Alguns tendem a guardar as ideias para si. • Organização: uma vez que a informação foi coletada, deve ser ordenada para ser representada e recuperada eletronicamente com rapidez e facilidade. • Desenvolvimento: é a seleção e o refinamento do material para aumentar seu valor para os usuários. Material em excesso polui a informação e o conhecimento, dificultando sua recuperação e seu uso, podendo rebaixá-lo ao nível de dados. É preciso decidir os conhecimentos que devemos armazenar na rede. Stewart (1998 apud LACOMBE, 2011) recomenda três tipos: — Páginas amarelas da empresa: os contratos da empresa; quais os fornecedores potenciais; quais os clientes potenciais; quais as habilidades disponíveis na empresa e por quem; quais os conhecimentos disponíveis e quem os possui etc. 41 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS — Lições aprendidas: checklist do que deu certo e do que deu errado nos projetos já realizados; o conhecimento adquirido nos programas anteriores; decisões que foram tomadas de forma certa e errada e por que isso aconteceu. — Inteligência do concorrente: planos, produção, produtos, fatia do mercado, preços e processo de vendas dos produtos dos concorrentes. Podemos incluir também políticas, normase valores da instituição, fórmulas de produtos e informações que não constituem conhecimento da empresa como variáveis macroeconômicas nacionais e internacionais que podem ser úteis. • Distribuição do conteúdo: refere-se à forma pela qual as pessoas acessam o material. Existem duas maneiras objetivas: tornando o material fácil de ser encontrado e encorajando seu uso. Quando decide implantar um projeto de gestão do conhecimento, a empresa precisa entender essas etapas e, principalmente, capacitar a equipe que executará o projeto. 3.1 Organização baseada na informação Lacombe (2011) cita que as organizações de sucesso administram o conhecimento – adquirido pelas suas operações, desenvolvimento de produtos e serviços, pesquisas, atendimento ao cliente, marketing etc. – de forma objetiva, e as pessoas que precisam desse conhecimento para fazer seu trabalho têm condições de recuperá-lo com facilidade. O grande problema para a implantação de sistema de gestão do conhecimento é como retê-lo e disponibilizá-lo a todas as partes interessadas na corporação. Assim, a coleta de informações, bem como sua organização e sua facilidade de uso são itens cada vez mais vitais. Conforme Lacombe (2011), nesse contexto, um fato simples vem à tona: uma quantidade enorme do conhecimento da instituição não lhe pertence, mas sim aos indivíduos que a compõem. Quando alguém deixa a empresa, é comum sua experiência desaparecer com ele. Então, leva consigo parte do conhecimento empresarial, que deveria estar registrado em algum lugar. O autor ainda diz o seguinte sobre o conhecimento: ou nós o temos pessoalmente, ou sabemos onde encontrá-lo. Em uma era de aumento incessante da quantidade de informações e conteúdos, torna-se cada vez mais importante saber onde encontrar exatamente o que precisamos, pois é impossível sabermos tudo o que seria necessário para nossas atividades profissionais. Isso aumenta a relevância da gestão do conhecimento. Carvalho (2012) destaca que há dois canais pelos quais as informações são transmitidas nas organizações: • Rede hard: caracteriza-se por uma infraestrutura bem definida que, atualmente, é cada vez mais baseada em tecnologia (cabos de fibra ótica, servidores, computadores, antenas etc.), mas que também conta com serviços mais tradicionais, como correios, entregas expressas, informes, jornais etc. 42 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II • Rede soft: nesse canal, é mais difícil encontrar uma estrutura formal ou mesmo perceber que se está utilizando um canal. Isso ocorre porque a rede soft é circunstancial, ela pode se estabelecer, por exemplo, em uma reunião com a equipe, em uma conversa durante o cafezinho ou até mesmo no happy hour depois do expediente. Segundo Rosini e Palmisano (2012), o conhecimento pode ser classificado como: Científico Teológico Filosófico Conhecimento Popular Intuitivo Figura 18 Agora vamos estudar esses conhecimentos: • Científico: obtido por meio de métodos e processos objetivando encontrar a verdade sobre as coisas e os fatos. Está baseado na utilização da racionalidade e de eventos que possam ser comprovados. Para tanto, o uso de metodologia científica representa o principal instrumento para investigação. • Filosófico: está focado na condição humana e em sua existência, portanto, trata de questões imensuráveis sobre a natureza humana. Podemos dizer que é o resultado do raciocínio que leva a um processo de reflexão. • Intuitivo: pautado em fatores subjetivos e na percepção dos indivíduos que, a partir da intuição, obtêm alguma informação por um processo que não utiliza da razão. • Popular: é aquele que vem sendo transmitido de geração em geração. Nesse caso, não está alicerçado em processos metodológicos para sua obtenção. Ele ocorre pela simples experimentação de forma não planejada. Também recebe o nome de conhecimento empírico. • Teológico: baseado na fé e na crença inquestionável de Deus. Como pilares de sua sustentação, tem os dogmas, assumidos como verdades absolutas e não suscetíveis a questionamentos. Rosini e Palmisano (2012) destacam que as classificações apresentadas possuem uma pertinência em relação aos diversos campos do saber. Sem menosprezar nenhuma delas, centraram a sua atenção no conhecimento científico, uma vez que ele é o grande responsável pelo progresso da humanidade. Foi por meio da ciência que o homem conseguiu assimilar os mais variados fenômenos na natureza. 43 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS O descobrimento das relações de causa e efeito propiciou a construção de conhecimentos e sua utilização e manutenção por diversas gerações. Considerando o contexto das organizações e com o objetivo de exercer uma forma de gestão sobre esse conhecimento nas empresas, Ikujiro Nonaka e Hirotaka Takeuchi (1977 apud REZENDE; ABREU 2014), ao tratarem do processo de criação e gestão do conhecimento, definem dois tipos: Conhecimento explícito Conhecimento tácito Figura 19 Segundo Rezende e Abreu (2014), o conhecimento explícito é aquele que se apresenta de maneira formal, expresso por meio de números, palavras, fórmulas, esquemas, desenhos, fluxos, procedimentos, processos e outros meios que retratam um conhecimento obtido e que pode ser transmitido levando- se em conta a própria maneira pela qual é exposto, manifestado e compartilhado nas empresas. Possui como característica a facilidade de transmissão. Já o conhecimento tácito decorre da ação pessoal de uma pessoa. Baseia-se no conjunto de valores, ideias, emoções e experiências de cada indivíduo, de forma que esses fatores influenciarão na forma pela qual esses conhecimentos serão utilizados. Esse é o mais difícil para retenção, portanto, requer atenção dos gestores, que devem adotar mecanismos por meio dos quais as pessoas o disponibilizem para todos. O conhecimento tácito possui duas dimensões: Técnica Cognitiva Figura 20 A dimensão técnica é designada pelos fatores técnicos presentes no conhecimento; a dimensão cognitiva, pela maneira como se aprende, e é centrada na percepção individual que cada um tem sobre tudo o que nos cerca. Cada pessoa lida com determinada situação de modo diferente, e há diversas razões para isso. Para Rosini e Palmisano (2012), a gestão do conhecimento nas organizações tem a sua tarefa facilitada toda vez que lidamos com o conhecimento explícito. A apreensão do conhecimento tácito não é tarefa fácil e representa o grande desafio das empresas. É natural que se busquem padrões de conhecimento capazes de lidar com a dimensão da criatividade e inovação, observáveis em ações individuais e, portanto, mais associadas aos conhecimentos tácitos. 44 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Simonetti (1996 apud ROSINI; PALMISANO, 2012) revela que no século XX houve um processo contínuo de brutal aumento e de transformação no conhecimento disponível. Hoje dizem que o conhecimento dobra a cada cinco anos. Desse modo, há obsolescência do conteúdo adquirido dentro da própria existência, e é essencial uma permanente atualização. Na verdade, o aumento do conhecimento leva à necessidade de as pessoas serem o que podemos chamar de multiespecialistas atualizados, isto é, devem dominar profundamente mais de uma área de conhecimento, mantendo-os atualizados. Essa renovação depende do indivíduo e também das empresas, que devem propiciar condições para a formação continuada de seus colaboradores.Por outro lado, segundo Rosini e Palmisano (2012), cresce a dificuldade de compreensão das coisas e não há elementos suficientes disponíveis para o julgamento (informação). Assim, a credibilidade das pessoas e de seus relacionamentos (network) ganha relevância. A leitura passa a ser um elemento importante não só́ para a obtenção de informações, mas como o início de um processo reflexivo sobre os objetos conceituais (intangíveis) que exprimem os aspectos da vida e de seus significados, como felicidade, alegria, tristeza, medo, surpresa, qualidade, mudanças, trabalho, cliente, realização, objetivos, riqueza, sabedoria, inteligência, valor etc. Nesse sentido, a revolução da informação vem se acelerando nos últimos anos, podendo ser muito benéfica para o desenvolvimento de nossa sociedade, desde que possamos conseguir um equilíbrio entre a informação, o conhecimento e a sabedoria. O contexto socioeconômico, independentemente dos resultados futuros da economia, é trazido à tona hoje pela internet. Essas mudanças no plano econômico terão muitos reflexos na sociedade: as pessoas deverão ser mais criativas, participativas, envolvidas, determinantes e obstinadas em relação ao seu futuro (ROSINI; PALMISANO, 2012). Na nova economia, a informação está em formato digital: bits. Para Tapscott (1999 apud ROSINI; PALMISANO, 2012), quando ela é digitalizada e comunicada por meio de redes digitais, revela-se um novo mundo de possibilidades, em que quantidades enormes de informação podem ser comprimidas e transmitidas na velocidade da luz, pois a qualidade desse conteúdo pode ser muito melhor do que nas transmissões analógicas. É possível combinar diferentes formas de informação, criando, por exemplo, documentos multimídia, e esses registros podem ser armazenados e recuperados instantaneamente de qualquer parte do mundo, propiciando, por conseguinte, acesso instantâneo à maior parte das informações registradas pela civilização humana. Em uma corporação de serviços cujo principal ativo seja o conhecimento coletivo sobre os clientes, os processos de negócio e a concorrência, as informações são a matéria-prima do trabalho de cada indivíduo na organização. A divisão de atribuições no trabalho não preexiste aos objetivos da empresa, mas é criada justamente para viabilizá-los. Nas instituições, a “espiral do conhecimento” tem ganhado mais espaço, nas diversas ações possíveis, tendo como base conhecimentos específicos sobre métodos, técnicas e ferramentas de gestão da informação. 45 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Rosini e Palmisano (2012) revelam que a organização precisa tanto da agilidade, da iniciativa, da capacidade de se modificar, de se adaptar continuamente, quanto da confiabilidade, constância e permanência de seus sistemas de informação. Hoje, administrar envolve uma gama muito mais abrangente e diversificada de atividades do que no passado. A ênfase na gestão vem da necessidade de aperfeiçoar continuamente os processos de negócio, pelo aprendizado e inovação permanentes. Na administração, estamos na era da ênfase no talento dos indivíduos e na importância do trabalho em equipe. A evolução da empresa precisa considerar, então, três pontos fundamentais: Visão estratégica Tecnologia Cultura administrativa Figura 21 A visão estratégica é a forma pela qual a empresa percebe a evolução do ambiente em que atua e como se vế no cenário futuro. Já a cultura administrativa destaca como os valores e pressupostos básicos das pessoas que atuam na organização interagem com essa visão estratégica, e como as pessoas se posicionam diante da inovação. A tecnologia representa como os recursos tecnológicos disponíveis podem ser usados pela empresa na realização de sua visão estratégica, considerando sua cultura administrativa atual. Para Sveiby (1998 apud ROSINI; PALMISANO, 2012), o conhecimento humano é tácito e orientado para a ação; baseado em regras, é individual e está em constante mutação, e seu uso normalmente não é pratico. Para o autor, a melhor definição de conhecimento é competência, que consiste em cinco elementos interdependentes: Rede social Experiência Julgamento de valor Habilidade Conhecimento explícito Figura 22 O conhecimento explícito é aquele que abrange o conhecimento dos fatos, e é adquirido em geral pela informação – quase sempre pela educação formal. A habilidade está relacionada à arte de saber fazer e envolve uma proficiência prática, física e mental, ou seja, o elemento principal é a prática. A experiência, por sua vez, é obtida principalmente pela reflexão sobre erros e sucessos passados. Quanto ao julgamento de valor, podemos dizer que são percepções de que o indivíduo acredita estar 46 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II certo. Por último, temos a rede social, que é formada pelas relações do indivíduo com outros seres humanos dentro de um ambiente e uma cultura transmitida pela tradição. Assim, na organização aprendiz, o principal ativo é o capital intelectual; por extensão, o trabalhador do conhecimento é, essencialmente, a fonte básica da formação do conhecimento na entidade. Contudo, quais os aspectos que devem ser considerados no processo de gestão do conhecimento? Podemos citar dois: Utilização do conhecimento Retenção do conhecimento Figura 23 Para a utilização do conhecimento, a TI faz toda a diferença. Não adianta a empresa investir na criação do conhecimento se não houver uma cultura voltada para o aproveitamento dele. Outro aspecto que é muito discutido é a retenção do conhecimento e como fazê-lo. Nesse caso, a questão pode assumir dois sentidos: assimilá-lo ou preservá-lo. Ao implantar o sistema de gestão do conhecimento, muitas organizações se deparam com resistências na fase de identificar e reter o conhecimento. A participação do indivíduo é fundamental nessa etapa, e muitas vezes não disponibiliza o que detém. O quadro a seguir destaca a transferência do conhecimento: Quadro 6 Informação Tradição Transfere informações articuladas Transfere capacidades articuladas e não articuladas Independente do indivíduo Dependente e independente Estática Dinâmica Rápida Lenta Codificada Não codificada Fácil distribuição em massa Difícil distribuição em massa Adaptado de: Rosini; Palmisano (2012, p. 142). 47 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Os autores também acentuam que outro ponto importante é a diferença empregada entre o contexto estratégico da informação e do conhecimento. Para Sveiby (1998 apud ROSINI; PALMISANO, 2012), existem alguns pontos relevantes diferenciando essas duas abordagens: Quadro 7 Estratégia orientada para a informação Estratégia orientada para o conhecimento Baixo grau de customização Alto grau de customização Conhecimento vendido como derivativo Conhecimento vendido como processo Lucros crescentes por conta da eficiência Lucros crescentes por conta da eficácia Vantagens de economia de escala na produção Desvantagens de economia de escala na produção Grande volume e mercado de massa Pequeno volume e clientes individuais Investimento em TI Investimento em pessoal As pessoas são vistas como custo As pessoas são vistas como receita Adaptado de: Rosini; Palmisano (2012, p. 142). De fato, o que podemos ter certeza é a grande diferença entre informação e conhecimento, e que as duas abordagens utilizam-seda TI; entretanto, na gestão do conhecimento, é o indivíduo que está mais valorizado. Avaliando o que estudamos até aqui, surge a pergunta: qual é a importância da TI nesse processo? Angeloni (2008) relata que a gestão do conhecimento é entendida como um conjunto de atividades responsáveis por criar, armazenar, disseminar e utilizar eficientemente o conhecimento na organização, atentando para o seu aspecto estratégico tão evidente e necessário no ambiente empresarial moderno. Destaca que se trata de uma expressão com muitos significados, que inclui esforços deliberados para a maximização do desempenho de uma organização por meio da criação, do compartilhamento e da promoção do conhecimento e experiência de fontes internas e externas. Muitas das tecnologias que apoiam a gestão do conhecimento em cadeias de suprimento ou, mais especificamente, no relacionamento entre empresa e clientes, já existem há algum tempo (ANGELONI, 2008). Essas tecnologias podem ser classificadas em cinco categorias, conforme suas funções: • armazenagem de conhecimento; • intercâmbio de dados; • distribuição de informações; • colaboração; e • criação de conhecimento. 48 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II De acordo com Angeloni (2008), a primeira categoria de tecnologias inclui aquelas responsáveis pelo armazenamento do conhecimento gerado em qualquer elo da cadeia por meio de tecnologias de bancos de dados, sistemas de arquivos e sistemas legados. Quase todas as empresas têm, em seus bancos de dados, registros de operação e outros que podem ser convertidos em informação e conhecimento. Saber identificar quais são as informações que serão convertidas em conhecimento é uma decisão estratégica que as empresas adotam para preservar o conhecimento em sua essência. O objetivo final desse armazenamento é moldar um servidor de conhecimentos que permita a integração entre múltiplas empresas que usam um servidor desse tipo. Ele fornece uma arquitetura extensiva, unificando e organizando o acesso a repositórios corporativos e recursos de dados na internet (ANGELONI, 2008). O intercâmbio de dados, a distribuição de informações e a colaboração desempenham a mesma função no sistema de gestão do conhecimento – a distribuição. Angeloni (2008) revela que, na primeira função, dados formalmente estruturados (tais como de produto, técnicos ou de engenharia) são transmitidos por meio de tecnologia de EDI (Electronic Data Interchange) ou de páginas na internet; na segunda função, entretanto, transfere-se informação estruturada formal (como documentos e outros arquivos) e informalmente (como correio eletrônico e discussões); já́ as tecnologias da terceira função referem-se ao processo de criar, compartilhar e aplicar conhecimentos. Atividades baseadas em conhecimento relativas a inovações e à resposta da empresa ao mercado são intensivamente colaborativas, envolvendo pessoas de diferentes localizações e com formações diversas. Segundo a autora, tecnologias básicas para apoio à colaboração incluem groupware (software colaborativo), reuniões eletrônicas e videoconferência (ANGELONI, 2008). Por fim, a criação de conhecimento vincula-se à adição de conhecimento e correção do conhecimento existente e enfatiza interações entre indivíduos e organizações. Essa função inclui tecnologias como sistemas de apoio à decisão, algoritmos genéticos, redes neurais, agentes inteligentes e outras, com o objetivo final de identificar, sumarizar, interpretar e analisar grandes volumes de dados e contextualizar informação de modo eficaz e eficiente. Conforme O’Brien e Marakas (2013), o intercâmbio eletrônico de dados pela internet é a principal aplicação de e-commerce empresa-empresa. 49 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Banco do comprador Comprador Banco do fornecedor Fornecedor Autorização de pagamento Notificação de depósito Aviso de remessa de pagamento Aviso de remessa de pagamento Nota de remessa de pagamento transferência eletrônica de fundos Resposta ao pedido de cotação, aviso de recebimento da requisição de compra, resposta sobre posição do pedido, aviso de remessa e fatura Pedido de cotação, requisição de compra, alteração da requisição de compra, notificação de recebimento e aviso de pagamento Figura 24 – Exemplo de intercâmbio eletrônico de dados No quadro a seguir, podemos observar as funções relacionadas ao conhecimento e tecnologias de apoio. Quadro 8 Funções Armazenamento Intercâmbio Distribuição Colaboração Criação Tecnologias de apoio Bancos de dados Intercâmbio eletrônico de dados Correio eletrônico Groupware Mineração de dados Sistemas de arquivos Páginas na internet BBS (Bulletin Board System) Reunião eletrônica DSS Sistemas legados FTP (File Transfer Protocol) Videoconferência Redes neurais Repositórios de dados Gestão de projetos Agentes inteligentes Provedores de conhecimento Workflow Adaptado de: Angeloni (2008, p. 250). Observação DSS é um padrão de assinatura digital que usa o algoritmo de assinatura digital (DSA) para seu algoritmo de assinatura e SHA-1 como algoritmo de hash de mensagens. O DSA é uma codificação de chave pública aplicada apenas para gerar assinaturas digitais, e não pode ser usada para criptografia de dados. 50 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Lembrete EDI (Electronic Data Interchange – troca eletrônica de dados) é a troca de documentos via sistemas de teleinformática entre duas ou mais organizações de forma padronizada. Rezende e Abreu (2014) destacam que o conhecimento poder ser entendido como algo pessoal, pertencente aos indivíduos que compõem a empresa. Portanto, existe a necessidade de se capturar, mapear e distribuir esse conhecimento a todos e em todos os níveis da organização para que ele se torne uma vantagem competitiva e possibilite o crescimento e a inteligência empresarial das corporações. Todo e qualquer sistema que manipula ou gera conhecimentos estruturados para contribuir com os seres humanos, com as entidades e com a sociedade como um todo pode ser chamado de sistemas de conhecimentos. Nesse sentido, Os sistemas de conhecimentos podem ser compostos de recursos emergentes da tecnologia da informação ou por simples softwares específicos, nos quais são geradas informações com conhecimentos agregados. O que significa a difusão das informações relevantes e úteis, “trabalhadas” por pessoas ou por recursos computacionais, produzidas com qualidade e de forma antecipada, transformando-as em conhecimento explícito, que possa ser utilizado por todas as pessoas da organização como suporte à obtenção da vantagem competitiva inteligente (REZENDE; ABREU, 2014, p. 15). Lembrete Groupware é um software que apoia o trabalho em grupo, coletivamente. O termo mais comum para software social se aplica a sistemas fora do ambiente de trabalho, por exemplo, serviços de namoro on-line e redes sociais, como o Facebook e o Instagram. Observação Um Bulletin Board System (BBS) é um sistema informático, um software, que permite a ligação (conexão) via telefone a um sistema através do seu computador e a interação com ele, tal como hoje se faz com a internet. FTP ou File Transfer Protocol (em português, protocolo de transferência de arquivos) é uma forma de transferir arquivos. 51 Re vi sã o: N om e dore vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Na figura a seguir, podemos verificar o modelo de sistemas de conhecimentos utilizando os recursos da TI. TI TI TI Base de dados única das funções organizacionais Base de conhecimentos Conhecimentos Conhecimentos Dados Informações Sis te m as d e co nh ec im en to s SIE SIG SIO Figura 25 – Modelo de sistema de conhecimento O modelo indicado na figura anterior complementa os demais modelos de sistemas de informação com TI, tais como: Sistema de Informação Operacional (SIO), Sistema de Informação Gerencial (SIG) e Sistema de Informação Estratégico (SIE), que possibilitam disponibilizar os sistemas de conhecimentos para a organização. Na visão dos autores, o que chamamos de bases de conhecimentos representa o local onde são depositados conhecimentos expressos em dados não triviais, ou seja, textos, imagens, vídeos, sons, raciocínios elaborados etc. A TI permite a integração e a troca de dados com a base de dados única e com as demais bases de dados dos diversos sistemas utilizados pela empresa (REZENDE; ABREU, 2014). [...] esse modelo complementa o modelo de sistemas de informação com Tecnologia da Informação. [...] Paralelamente ao sistema de informação operacional (SIO), sistema de informação gerencial (SIG) e sistema de informação estratégico (SIE), surgem os sistemas de conhecimentos para disponibilizar os conhecimentos na organização (REZENDE; ABREU, 2014, p. 19). Importante destacar que a integração dos sistemas é fundamental para que o conhecimento possa ser compartilhado de forma a agregar valor para a empresa. De acordo com Audy et al. (2011), o processo de transformação de dados em informações e conhecimentos é necessário para a definição das competências individuais e institucionais. Para tal, é preciso fixar políticas de informação, que devem estar alinhadas com a estratégia da organização. Nesse contexto, podemos citar como exemplo o uso da TI na esfera governamental. A TI é um forte elemento para a modernização da área governamental, federal, estadual e municipal. Há vários 52 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II sistemas, no entanto, a integração desses diversos sistemas de informação é um fator crucial para a disponibilização de informações ao cidadão. Assim, os dados e as informações são requisitos necessários para a elaboração de projetos de governo eletrônico e de gestão pública, seja federal, estadual ou municipal. O planejamento dos investimentos em TI deve fazer parte dos planos de governo, e há vários exemplos bem-sucedidos nesse sentido. Um deles é o governo eletrônico (e-gov), que pode ser entendido como a aplicação dos recursos da TI ou da TIC na gestão pública e política das organizações federais, estaduais e municipais. Envolve atividades de governo, seja de governo para governo, seja de governo para com a sociedade e seus cidadãos (e vice-versa), disponibilizando as respectivas informações em meios eletrônicos. Saiba mais Conheça mais sobre gestão do conhecimento. Acesse: <http://www. ipea.gov.br/observatorio/espaco-academico>. Segundo Rosini e Palmisano (2012), para uma implementação eficaz da gestão do conhecimento, é essencial haver conscientização e participação efetiva das pessoas, bem como um forte apoio redimensionado pela cultura organizacional, inclusive pela alta direção da empresa e, em alguns casos, é preciso mudar regras e condutas internas. Consequentemente, é necessário identificar, adaptar e controlar algumas dessas regras. Davenport e Prusak (1998 apud ROSINI; PAMISANO, 2012) acentuam a seguinte metodologia aplicada a esses casos: • Começar por uma área de alto valor adicionado e desenvolver o projeto com base em experiências anteriores. • Iniciar com um projeto-piloto, testando os conceitos, deixando que a procura defina as iniciativas a serem realizadas depois. • Primeiro concluir algo. • Trabalhar simultaneamente várias frentes, e não somente a tecnologia, por exemplo, a institucional (estrutura). • Não limitar a captação e circulação do saber. Há outros tipos de saber acumulado que não podem ser desprezados, como o feedback dos clientes. • Não estar restrito apenas à filosofia das learning organizations (organizações que aprendem). • Não confundir a captação do saber com a digitalização dos dados. • Adequar os projetos à cultura da corporação, investigando qual ela é, depois decidindo o estilo de atuação e a base de partida do controle do conhecimento. 53 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Conforme Rosini e Palmisano (2012), a TI tem um papel vital que muitas vezes é negligenciado ou mesmo passa despercebido. As competências essenciais e o conhecimento coletivo se baseiam em informações de negócio, conhecimento e experiência que não necessariamente cabem ou se restringem, por exemplo, em um data warehouse da área ou da empresa. Na maioria das entidades, a responsabilidade pela gestão do conhecimento não está centralizada no nível de diretoria, mas sim disseminada entre a média gerência, e muitas vezes é vista como parte do trabalho de cada colaborador da empresa. Segundo os autores, é preciso sair do patamar do processamento de transações, da integração da logística, do workflow (processo de início, meio e fim de um fluxo, a partir de um determinado processo na organização) e do comércio eletrônico, e agregar um perfil de construção de formas de comunicação, de conversação e aprendizado no trabalho, de comunidades de trabalho, e de estruturação e acesso às ideias e experiências (ROSINI; PALMISANO, 2012). Assim, o papel a ser executado pela TI é estratégico: ajudar o desenvolvimento do conhecimento coletivo e do aprendizado contínuo, facilitando o compartilhamento de problemas, perspectivas, ideias e soluções. 3.2 Estratégias para gestão do conhecimento Como vimos, Lacombe (2011) descreve que o primeiro ponto de estratégia de gestão do conhecimento é definir os critérios para escolher que tipo de conhecimento a empresa planeja obter e a forma de consegui-lo e distribuí-lo. O conhecimento explícito pode ser expresso sob a forma de números e palavras, já o tácito é algo dificilmente visível e exprimível, é muito pessoal e difícil de formalizar, o que dificulta sua transmissão e compartilhamento. De acordo com Lacombe (2011), o conhecimento tático está enraizado nas ações e experiências de uma pessoa, bem como em suas emoções, valores ou ideias. Diz que o conhecimento explícito pode ser processado por um computador, transmitido eletronicamente ou armazenado em um banco de dados. Seguindo o pensamento do autor, observamos que a natureza subjetiva e intuitiva do conhecimento tácito dificulta o processamento ou a transmissão do conteúdo adquirido por qualquer método sistemático ou lógico. Para ser comunicado e compartilhado dentro da corporação, o conhecimento tácito terá de ser convertido em palavras ou números que qualquer um possa assimilar. É exatamente quando essa conversão ocorre – de tácito para explícito e novamente para tácito – que o conhecimento organizacional é criado. Exemplo de aplicação 1) Pesquise na internet, nos portais do governo de sua região, e identifique como a TI está sendo utilizada para gerar conhecimento à sociedade. 54 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ador - d at a Unidade II 2) Lacombe (2011) elaborou o teste da organização que aprende, baseado nas questões a seguir. Verifique, com base nesse teste, se a empresa que você trabalha é uma entidade que aprende. A organização aprende com a experiência e não repete os erros? Quando alguém sai da organização, seu conhecimento permanece? Quando conclui uma tarefa, uma equipe dissemina e documenta o que aprendeu? O conhecimento gerado em todas as áreas da empresa é investigado, legitimado e disponibilizado para toda a organização por meio de banco de dados, treinamento e outros eventos de aprendizagem? A organização reconhece e recompensa o valor do conhecimento criado e compartilhado por pessoas e equipes? A organização avalia sistematicamente suas necessidades de conhecimento e desenvolve planos para atendê-las? A organização facilita a experimentação como um modo de aprender? A organização aprimora suas capacidades de gerar, adquirir e aplicar o conhecimento aprendendo com os processos de aprendizado de outras organizações? (LACOMBE, 2011, p. 209). 4 BANCO DE DADOS Imagine como seria difícil obter qualquer informação de um sistema se os dados estivessem armazenados de forma desorganizada ou se não houvesse nenhuma maneira sistemática para recuperá- los. Portanto, em todos os sistemas de informação, os recursos de dados devem ser ordenados de maneira lógica, assim podem ser acessados com facilidade, processados de maneira eficiente, recuperados com rapidez e gerenciados com eficácia (O’BRIEN; MARAKAS, 2013). As estruturas de dados e os métodos de acesso, variando do simples ao complexo, foram inventados para organizar eficientemente e acessar dados armazenados pelo sistema de informação. Em geral, os dados são dispostos em bancos de dados que possuem e processam dados ordenados ou em bases de conhecimento; eles mantêm o conhecimento em uma multiplicidade de formas, tais como fatos e regras para conclusão a respeito de um determinado assunto. Dados se constituem em fatos ou observações brutas, eventos, fenômenos ou transações de negócios. Constituem-se em matérias-primas que sofrem o tratamento até darem origem ao produto final. 55 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS O dado é comumente submetido a um processo que agrega valor (processamento/transformação), no qual seu formato é adicionado, manipulado, ordenado e transformado; seu conteúdo é analisado, avaliado e julgado; então, é apresentado dentro de um contexto adequado ao seu destinatário. O banco de dados é um conjunto organizado de dados, fatos e informações sobre os elementos da empresa, tais como produtos, serviços, stakeholders, vendas, produção, concorrências etc., representando informações sobre um domínio específico. É uma coleção integrada de registros ou arquivos inter-relacionados. Por exemplo, o banco de dados de clientes de uma empresa poderia conter o cadastro, o histórico de compras e pagamentos etc. Observação Stakeholder (em português, parte interessada ou interveniente), é um dos termos utilizados em diversas áreas como gestão de projetos, comunicação social (Relações Públicas) administração e arquitetura de software referente às partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança corporativa executadas pela empresa. 4.1 Conceito de banco de dados Banco de dados é um conjunto de dados estruturados que são confiáveis, coerentes e compartilhados por usuários que têm necessidade de diferentes informações. Exemplos: lista telefônica, controle do acervo de uma biblioteca, sistema de controle dos recursos humanos de uma empresa. Banco de dados de recursos humanos Arquivo de folha de pagamento Arquivo de benefícios Registro do empregado 1 Registro do empregado 2 Registro do empregado 3 Registro do empregado 4 Campo do nome Campo do CPF Campo do salário Campo do nome Campo do CPF Campo do salário Campo do nome Campo do CPF Campo do seguro Campo do nome Campo do CPF Campo do seguro Silva, J. 275.328.871-03 20.000 Amaro, V. 349.887.913-25 28.000 Alves, L, 542.403.718-18 100.000 Senna, P. 617.877.915-37 50.000 Figura 26 – Exemplo de banco de dados de recursos humanos Nesta figura, temos o exemplo do registro da folha de pagamento de uma pessoa. Possui campos de dados que descrevem seus atributos, como nome, CPF e valor da remuneração. Os registros de comprimento fixo contêm um número fixo de campos de dados de tamanho fixo, e os registros de comprimento variável contêm um número variável de campos de tamanhos fixos. O registro também representa um exemplo único de uma entidade. Cada registro em um arquivo de empregado descreve um empregado específico. 56 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Segundo O’Brien e Marakas (2013), banco de dados é um conjunto integrado de elementos de dados relacionados com lógica; consolida registros anteriormente providos em arquivos separados em um lote comum de elementos de dados que fornece dados para muitas aplicações. Tais registros são independentes dos programas de aplicação que os usam e do tipo de dispositivos de armazenamento nos quais eles são fornecidos. Os autores enfatizam que os bancos de dados contêm elementos que descrevem entidades e relações entre entidades. Por exemplo, a figura a seguir esboça algumas das entidades e relações em um banco de dados de uma concessionária de energia elétrica. Também indica algumas das aplicações empresariais (faturamento, processamento de pagamento) que dependem do acesso aos elementos no banco de dados (O’BRIEN; MARAKAS, 2013). Banco de dados de concessionária de energia elétrica Faturamento Leitura de medidores Início e final do serviço Processamento de pagamento Entidades: Clientes, medidores, notas fiscais, pagamentos, leituras métricas Relações: Envio de faturas aos clientes, clientes efetuam pagamentos, clientes usam medidores... Figura 27 – Exemplo de banco de dados de concessionária de energia elétrica Vale destacar o que dizem Puga, França e Goya (2013) sobre o banco de dados, haja vista que a influência mais significativa nas organizações empresariais, nos últimos anos, foi a rápida transformação nos modos de estruturar e utilizar os sistemas de informação. Cada vez mais, a informação é considerada um dos ativos estratégicos mais relevantes de uma empresa. Ela representa todo o fluxo que transmite e gera conhecimento sobre um determinado negócio, não importando seu segmento e sua complexidade (PUGA; FRANÇA; GOYA, 2013). Dessa forma, os bancos de dados também ajudam as empresas a gerar informações que podem auxiliar na redução de custos, no aumento de lucros, no controle das atividades de negócios e na abertura de novas oportunidades de mercado. 4.2 Sistema de gerenciamento de bancos de dados (SGBD) É a principal ferramenta de software da abordagem de gestão de banco de dados, uma vez que ele controla a criação, a manutenção e o uso dos bancos de dados de uma organização e de seus usuários finais. Os pacotes de gerenciamento de bancos de dados de microcomputadores, como 57 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Microsoft Access, Lotus Approach ou Corel Paradox, permitem estabelecer e administrar bases de dados em seu PC, servidor de rede ou na world wide web. Em sistemas mainframe e servidores de grande porte,o sistema de gerenciamento de banco de dados é um importante pacote de software de sistema que controla o desenvolvimento, o uso e a manutenção dos bancos de dados das instituições que utilizam computadores. O SGBD ou Database Management System (DBMS) é um software com recursos específicos para facilitar a manipulação das informações dos bancos de dados e o desenvolvimento de programas aplicativos. O SGBD funciona como uma interface de software entre usuários e o banco de dados. Assim, o gerenciamento de bancos de dados envolve o uso de software de gestão de bancos de dados para controlar como os bancos de dados são criados, consultados e mantidos para fornecerem as informações desejadas por usuários finais e suas organizações. É comum um SGBD ser chamado de banco de dados, por exemplo: banco de dados Oracle, MySQL ou SQL Server. Na verdade, esses são os SGBDs, banco de dados é o que eles oferecem, e o correto é chamá-los de: SGBD Oracle, SGBD MySQL, SGBD SQL Server. Cada um implementa um banco de dados de uma maneira diferente, mas para o usuário isso é quase transparente, pois a linguagem de acesso aos dados é a mesma, o SQL (structured query language – linguagem de consulta estruturada). A figura a seguir representa a estrutura de um SGBD. Nela, os usuários, DBAs (database administrator – administrador de banco de dados), programadores e até mesmo aplicações externas enviam ou operam o sistema, fornecendo instruções de consultas ou criando programas a serem executados pelo SGBD. Antes de acessar o banco de dados, o SGBD efetua o gerenciamento do ambiente de administração, do ambiente de desenvolvimento e do código das aplicações, traduz comandos de DML (data manipulation language – linguagem de manipulação de dados) e DDL (data definition language – linguagem de definição de dados), otimiza os acessos, executa o processamento em tempo de execução (run-time) e gerencia as transações. Feito todo esse gerenciamento, o SGBD acessa o banco de dados mantendo um catálogo com a definição dos dados armazenados (metadados) e efetua o acesso ao banco de dados, além de manter os registros das cópias de segurança (backup). Após efetivar as requisições o SGBD devolve o resultado dos comandos ao usuário que o requisitou. Observação Transações em SGBDs permitem a execução de uma sequência de operações como um bloco indivisível, garantindo a integridade dos dados em um ambiente com acesso concorrente. 58 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) Usuários DBAs Programadores Aplicações externas Ambiente de administração Código da aplicação Ambiente de desenvolvimento Otimizador de acesso Gerenciador de transações Processador run-time Tradutor de comandos DML e DDL MetadadosBanco de dados Registros de cópias de segurança Figura 28 – Estrutura de um SGBD A linguagem SQL é um dos principais recursos disponíveis para acesso e manipulação de dados em bancos relacionais. Constituída de uma série de comandos em inglês, com uma estrutura razoavelmente próxima daquela utilizada em uma comunicação entre pessoas, ela apresenta-se com um bom nível de padronização, em especial quanto à consulta de dados. Ela é dividida em dois tipos e de acordo com a funcionalidade dos comandos: DDL e DML são tipos de linguagem SQL. A DDL interage com os objetos do banco, comandos do tipo: CREATE (criação de tabelas), ALTER (alteração nas tabelas) e DROP (exclusão de tabelas). A DML interage diretamente com os dados dentro das tabelas. São comandos do tipo: INSERT (inserção de dados na tabela), UPDATE (atualização de dados na tabela) e DELETE (exclusão de registros na tabela). No que se refere à realização de consultas, sua estrutura básica é a seguinte: SELECT [campos desejados] FROM [nome da tabela] Esse comando pode ser traduzido como: SELECIONE [campos desejados] DA [nome da tabela] Entre os objetivos de um sistema de bancos de dados, estão: • isolar os usuários dos detalhes mais internos do banco de dados (abstração de dados); • prover independência de dados às aplicações (estrutura física de armazenamento e à estratégia de acesso). 59 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Vejamos os benefícios dos SGBDs ao mundo corporativo: • rapidez na manipulação e no acesso à informação; • subtração do esforço humano (desenvolvimento e utilização); • disponibilização da informação no tempo necessário; • controle integrado de informações distribuídas fisicamente; • redução de redundância e de inconsistência de informações; • compartilhamento de dados; • aplicação automática de restrições de segurança; • redução de problemas de integridade dos dados. O banco de dados executado em um SGBD pode ser projetado para utilizar uma estrutura de dados específica. Há cinco estruturas fundamentais que representam os modelos básicos de desenvolver e expressar a relação entre os elementos de dados em um banco de dados gerenciado por um SGBD: hierárquico, rede, relacional, orientado a objetos e multidimensional (O’BRIEN; MARAKAS, 2013). No modelo hierárquico, as relações entre registros formam uma classificação semelhante à estrutura de uma árvore. Todos os registros são dependentes e organizados em escalas multiníveis, consistindo em um registro-raiz e qualquer número de níveis subordinados; a relação entre eles são “um-para-muitos”, pois cada elemento de dado está associado a apenas um elemento acima dele. O elemento de dado ou o registro no nível mais alto da hierarquia é chamado de elemento-raiz. Qualquer elemento de dado pode ser acessado movendo-se progressivamente para baixo de uma raiz e ao longo dos ramos da árvore até que o registro desejado seja localizado (O’BRIEN; MARAKAS, 2013). A figura a seguir ilustra o modelo hierárquico. Elemento de dados do departamento Elementos de dados do projeto A Elementos de dados do funcionário 1 Elementos de dados do funcionário 2 Elementos de dados do projeto B Figura 29 – Modelo hierárquico de um banco de dados 60 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Observação A integridade não permite que ocorram alterações na informação, ou seja, a informação manipulada deve manter todas as características originais fixadas pelo proprietário da informação. A estrutura em rede expressa relações lógicas mais complexas e ainda é usada por alguns pacotes SGBD. Para mainframes, podemos citar o COBOL; para microcomputadores, o dBASE. Permite relações “muitos-para-muitos” entre registros, ou seja, o modelo em rede pode acessar o elemento seguindo um de muitos caminhos, porque qualquer elemento de dados ou registro pode estar associado a qualquer número de outros elementos de dados. Por exemplo, na figura a seguir, os registros de departamentos podem estar ligados a mais de um registro de empregado, e os registros de empregados podem estar ligados a mais do que um registro de projeto. Assim, é possível localizar todos os registros de empregados para um departamento específico ou todos os registros de projeto relacionado a determinado empregado. Departamento A Departamento B Funcionário 1 Funcionário 2 Funcionário 3 Projeto A Projeto B Figura 30 – Modelo em rede de um banco de dados Note que nem a estrutura hierárquica nem a estrutura em rede são normalmente encontradas na organização moderna. A estrutura de dadosseguinte, a relacional, é a mais comum de todas e serve como base para a maioria dos modernos bancos de dados utilizados nas organizações. Um banco de dados relacional é composto de um conjunto de tabelas relacionadas, e é por ter essa característica que recebe tal designação. Uma tabela é um conjunto de informações sobre uma entidade dispostas em forma de linhas e colunas. Neste caso, a entidade em questão pode ser uma pessoa, um funcionário de uma empresa qualquer, uma lista de produtos, a lista de produtos vendidos com suas respectivas datas, quantidades e valores. Uma tabela é formada por vários registros. Um registro é uma linha da tabela, ou seja, expressa todas as informações de uma entidade em particular. No exemplo (da figura a seguir), um registro contém todas as informações sobre uma pessoa específica. Um registro é formado por um conjunto de campos. Um campo é uma coluna da tabela, ou seja, indica uma das informações do registro (pessoa). “Nome_Funcionário” é um dos campos dos registros da “Tabela Funcionário”. Podemos dizer, portanto, que o campo é a menor unidade de informação de um banco de 61 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS dados. A interseção entre a linha e a coluna de uma tabela é chamada atributo e representa o valor de um campo. “João”, por exemplo, é um valor do campo “Nome_Funcionário” de um registro da tabela. Matrícula Nome_Funcionário 1000 João 1001 Valdice 1002 José 1003 Antonio 1004 Ecila Tabela Funcionário Campos Registros Figura 31 – Exemplo de tabela Os pacotes de sistemas de gerenciamento do banco de dados baseados no modelo relacional podem ligar elementos de dados de várias tabelas para fornecer informações aos usuários. O modelo relacional consegue associar dados em qualquer arquivo com dados em outro arquivo se os dois arquivos compartilham elementos de dados ou campo em comum. Por essa razão, a informação pode ser criada recuperando dados de vários arquivos até́ mesmo se eles não estiverem armazenados na mesma localização física. O banco de dados relacional está representado na figura a seguir. Matrícula Nome_Funcionário Cód_Cargo 1000 João 100 1001 Valdice 200 1002 José 300 1003 Antonio 100 1004 Ecila 300 Cód_Cargo Nome_Cargo Salário_Cargo 100 Professor 3.000,00 200 Coordenadora 5.000,00 300 Analista de sistemas 4.000,00 400 Recepcionista 800,00 500 Vigia 1.000,00 Matrícula Nome_Funcionário Cód_Cargo Nome_Cargo Salário_Cargo 1000 João 100 Professor 3.000,00 1001 Valdice 200 Coordenadora 5.000,00 1002 José 300 Analista de sistemas 4.000,00 1003 Antonio 100 Professor 3.000,00 1004 Ecila 300 Analista de sistemas 4.000,00 Tabela Funcionário Tabela Cargo Tabela Geral Estamos considerando para este exemplo que o valor do salário por cargo é fixo (todos os funcionários com o mesmo cargo terão exatamente o mesmo salário). Caso não fosse o campo Salário_Cargo não faria parte da dependência da matrícula do funcionário Figura 32 – Exemplo de tabelas relacionadas 62 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II No exemplo da figura, foi necessário aplicar metodologias inerentes à estrutura de bancos de dados relacional no tocante à subtração de redundância e inconsistências de informações. Suponhamos um caso em que, usando este mesmo exemplo, há redundância e inconsistência nos dados. Repare que o campo “Nome_Cargo” (da figura a seguir) com o conteúdo “Analista Sistemas” e o campo “Salário_Cargo” com o conteúdo 3.500,00 estão inconsistentes com a “Tabela Geral”, pois nenhum deles estão associados na “Tabela Cargo”. O mesmo ocorre no registro seguinte com o conteúdo “Prof” no campo “Nome_Cargo” e o valor de 2.500,00 no campo “Salário_Cargo”. Matrícula Nome_Funcionário Cód_Cargo 1000 João 100 1001 Valdice 200 1002 José 300 1003 Antonio 100 1004 Ecila 300 Cód_Cargo Nome_Cargo Salário_Cargo 100 Professor 3.000,00 200 Coordenadora 5.000,00 300 Analista de sistemas 4.000,00 400 Recepcionista 800,00 500 Vigia 1.000,00 Matrícula Nome_Funcionário Cód_Cargo Nome_Cargo Salário_Cargo 1000 João 100 Professor 3.000,00 1001 Valdice 200 Coordenadora 5.000,00 1002 José 300 Analista sistemas 3.500,00 1003 Antonio 100 Prof. 2.500,00 1004 Ecila 300 Analista de sistemas 4.000,00 Tabela Funcionário Tabela Cargo Tabela Geral Figura 33 – Exemplo de tabelas relacionadas com inconsistência Logo, o modelo ilustrado na figura anterior não satisfaz às condições de um Modelo de Entidade Relacionamento (MER) para que um SGBD relacional gerencie de modo eficaz o relacionamento entre tabelas, causando inconsistência nos dados. O modelo orientado a objeto é considerado uma das tecnologias-chave de uma nova geração de aplicações de multimídia baseadas na web. Conforme a figura a seguir ilustra, um objeto consiste em valores de dados que descrevem os atributos de uma entidade, acrescido das operações que podem ser realizadas pelos dados. Essa capacidade de encapsulamento permite que este modelo manipule mais facilmente tipos complexos de dados, tais como gráficos, imagens, voz e texto do que qualquer outra estrutura de banco de dados. O modelo orientado a objeto também suporta herança, isto é, novos objetos podem ser automaticamente criados replicando algumas ou todas as características de um ou mais objetos identificados como objeto-pai. No exemplo, os objetos conta-corrente e conta-poupança podem herdar os atributos e as operações comuns do objeto-pai conta bancária. Tais capacidades tornaram os sistemas de gerenciamento de bancos de dados orientados a objeto (SGBDOO) populares nos projetos apoiados por computador (CAD) e em um número crescente de aplicações (O’BRIEN; MARAKAS, 2013). 63 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Atributos • Cliente • Saldo • Juro Operações • Depósito (montante) • Saque (montante) • Identificar o titular Atributos • Linha de crédito • Extrato mensal Operações • Calcular juros devidos • Imprimir extrato mensal Atributos • Número de saques • Extrato do trimestre Operações • Calcular juros pagos • Imprimir extrato do trimestre Objeto conta bancária Objeto conta-corrente Objeto conta-poupança Herança Herança Figura 34 – Modelo orientado a objeto de um banco de dados Segundo O’Brien e Marakas (2013), o modelo multidimensional é uma variação do modelo relacional que usa estruturas multidimensionais para organizar os dados e expressar as relações entre eles. Podem- se visualizar as estruturas multidimensionais como cubos de dados e cubos dentro de cubos de dados. Cada lado do cubo é considerado uma dimensão dos dados. A figura a seguir é um exemplo de que cada dimensão pode representar uma categoria diferente, tal como o tipo de produto, a região, os canais de vendas e o período. Cada célula dentro de uma estrutura multidimensional contém dados agregados relacionados a elementos em cada uma de suas dimensões. Por exemplo, uma célula única pode conter o total de vendas de um produto em uma região por um canal de vendas específico em um único mês. O benefício mais importante dos bancos de dados multidimensionais é que eles são uma maneira compacta e fácil de visualizar e manipular os elementos de dados que têm muitas inter-relações. Dessa forma, os bancos de dados multidimensionais têm se tornado a estrutura de banco de dados mais popular para os bancos de dadosanalíticos que suportam aplicações do processamento analítico on-line (Olap – on-line analytical processing – ferramentas de processamento analítico on-line), nos quais são esperadas respostas rápidas a questões complexas de negócios. Este tipo de banco de dados é utilizado em business intelligence. 64 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Leste Real RealOrçado Orçado Fevereiro Março Denver Los Angeles São Francisco Oeste Margem Vendas Câmera TV Videocassete Áudio Câmera TV Videocassete Áudio Janeiro Vendas VendasMargem Margem Real Orçamento Abril 1º trimestre Março Fevereiro Video- cassete TV Leste Oeste Sul Total Leste Oeste Sul Total Vendas Real RealOrçamento Orçamento Leste Oeste Lucro Total de despesas Margem Custo de produção Video- cassete TV Janeiro Fevereiro Março 1º trimestre Janeiro Fevereiro Março 1º trimestre Janeiro TV TVVideocassete Videocassete Vendas Margem Abril 1º trimestre Março Fevereiro Oeste Leste Real Orçamento Previsão Variação Real Orçamento Previsão Variação Figura 35 – Modelo multidimensional de um banco de dados Os bancos de dados formam um repositório essencial para os dados e informações da empresa, oferecendo diversas possibilidades quanto à sua configuração e uso. Dados e informações, cada vez mais, constituem os principais ativos de muitas empresas, sem os quais as operações ficariam seriamente prejudicadas ou mesmo inviabilizadas. O correto dimensionamento dos bancos de dados, assim como sua administração consciente e profissional, é relevante para o sucesso de organizações que operam nos mais diversos segmentos. O’Brien e Marakas (2013) acentuam que os dados são recursos institucionais vitais que precisam ser administrados como qualquer outro importante ativo da empresa. Hoje as empresas de negócios não conseguem sobreviver ou obter êxito sem dados de qualidade sobre suas operações internas e o ambiente externo. Por essa razão, O’Brien e Marakas (2013) dizem que as organizações e seus líderes devem fazer o gerenciamento dos recursos de dados, uma atividade que aplica tecnologias de sistemas de informação. 4.3 Computação em nuvem (cloud computing) É um conceito que utiliza uma rede de computadores interligados pela internet, usufruindo da capacidade de armazenamento, da memória e da velocidade de cálculos que esses servidores possuem quando estão interligados e compartilhados. A aplicação desse conceito permite o acesso a arquivos e execução de tarefas pela internet, ou seja, não é necessária a instalação de nenhum aplicativo no computador do usuário; uma vez conectado ao 65 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS serviço on-line, é possível salvar e acessar arquivos e serviços de qualquer computador que tenha acesso à internet. No computador ou equipamento local, é preciso apenas um monitor e os periféricos para interação, pois tudo é executado em servidores remotos. Podemos citar duas vantagens impactantes: não é preciso ter um equipamento potente e é possível acessar dados, arquivos e aplicativos de qualquer lugar, contanto que haja acesso à internet. Quanto às desvantagens, o fato de manter informações em um ambiente virtual gera desconfiança e, com a necessidade de acessar servidores remotos, é essencial que a conexão com a internet seja rápida e estável, caso contrário será desfavorável no aproveitamento absoluto da tecnologia. Há três tipos para implantar e utilizar os recursos na computação em nuvem: Pública Privada Hí br id a Figura 36 Vamos analisar cada uma delas a seguir. Nuvem pública: este tipo de nuvem é oferecida por um provedor de serviços utilizando a internet, em que os recursos computacionais, como servidores e armazenamento, são compartilhados pelos seus clientes. Quanto ao hardware, software e outras infraestruturas de suporte, são de propriedade e gerenciadas pelo provedor, como a Amazon Web Services (AWS). Nuvem privada: este tipo se caracteriza pelos serviços e infraestrutura serem mantidos em uma rede privada. Esta rede pode estar fisicamente dentro da empresa ou externamente a ela, sendo possível a empresa contratar provedores de serviços de terceiros para hospedar seus dados, neste caso, os recursos computacionais são dedicados a esta empresa e estão isolados dos recursos necessários de outra empresa. Ou seja, ela é operada exclusivamente para uma organização, pode ser gerenciada pela organização ou por um terceiro e pode existir dentro ou fora de suas dependências. Nuvem híbrida: combinam os serviços da nuvem pública com os serviços da nuvem privada, são ligadas por tecnologias que permitem que os dados e aplicativos sejam compartilhados entre elas (LAUDON; LAUDON, 2014, p. 59). 66 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Conheça alguns exemplos de computação na nuvem: Google Docs, Google Maps, Google Drive, DropBox, Sky Drive, iCloud, Netflix, entre outros. Figura 37 Segundo dados da Opus Software (2015, p. 40): Em tese, uma nuvem privada oferece um grau maior de segurança do que uma nuvem pública, dado que o tráfego de informações e a migração de dados entre servidores virtuais e físicos é limitada aos recursos que estão sob controle direto da empresa cliente que a controla e administra. Entretanto, a questão de segurança dos sistemas está muito mais relacionada à sua arquitetura, mecanismos de proteção e utilização de técnicas de sigilo de dados do que ao tipo de nuvem no qual eles são executados. Ou seja, o uso de uma nuvem privada potencializa, mas não necessariamente oferece, de fato, maior segurança. Observação Um data center ou centro de processamento de dados é um ambiente físico projetado para reunir servidores, sistemas de rede e equipamentos de processamento e armazenamento de dados. Portanto, é vital que seja prevenido contra incêndios, pragas e umidade, evitando dados aos equipamentos. Saiba mais Para saber mais sobre a nuvem, leia: BORGES, H. P. et al. Computação em nuvem. Brasil: Ibict, 2011. 67 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS Exemplo de aplicação Faça uma pesquisa na internet sobre os aplicativos de computação na nuvem e identifique as diferenças entre eles quanto à aplicabilidade e flexibilidade para o usuário. Resumo Nesta unidade, estudamos a importância das informações para a gestão do conhecimento. Para uma empresa obter vantagem competitiva em seus negócios, deve saber lidar com as informações e disponibilizá-las de modo organizado, com fácil acesso para todas as partes interessadas; isso é uma questão estratégica. Assim, o uso da TI para o desenvolvimento de sistemas de gestão do conhecimento possibilita o acesso às informações que são geradas e documentadas em todos os processos da instituição. Várias empresas fizeram projetos voltados à implantação da gestão do conhecimento para ter um diferencial na formação de seus colaboradores. Entidades de sucesso descobrem como cultivar nas pessoas o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis organizacionais. Abordamos o conceito de banco de dados e seu sistema de gerenciamento. Para gerar informações, é vital que o acesso seja rápido e que o resultadosatisfaça às necessidades da parte interessada. Dessa maneira, dimensionar o banco de dados que dará suporte ao negócio bem como sua manutenção faz parte da gestão de qualquer empresa que pretende atuar de forma eficaz. Acentuamos ainda o avanço da computação em nuvem e o uso da TI para atender às demandas dos usuários, que são cada vez mais exigentes e seletivos quanto aos aplicativos mais flexíveis e confiáveis para guardar suas informações. 68 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade II Exercícios Questão 1. (CESPE 2015) Assinale a alternativa correta acerca de cloud computing. A) No modelo de serviço SaaS, o cliente gerencia e controla remotamente os recursos da infraestrutura subjacente da nuvem, como rede, servidores, sistemas operacionais e áreas de armazenamento. B) No modelo de serviço PaaS em cloud computing, o cliente tem controle remoto dos recursos de rede e segurança, dos servidores, dos sistemas operacionais, das áreas de armazenamento, das aplicações disponibilizadas e das configurações de hospedagem das aplicações. C) No modelo de public cloud, a infraestrutura computacional em nuvem é compartilhada por várias organizações, a critério da empresa hospedeira; cada uma dessas organizações tem visibilidade e controle sobre onde está hospedada a sua infraestrutura computacional. D) Organizações que têm a sua própria infraestrutura computacional e se utilizam de cloud computing para manter um sítio de backup para fins de continuidade de negócios enquadram-se no modelo denominado hybrid cloud. E) Uma das características essenciais de cloud computing é propiciar a capacidade de medição dos serviços em níveis de abstração apropriados: o uso dos recursos é monitorado, controlado e reportado, o que confere transparência aos fornecedores e aos clientes do serviço. Resposta correta: alternativa E. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: temos aqui a descrição do IaaS (infrastructure as a service – infraestrutura como serviço), que é o modelo no qual a infraestrutura de servidores é contratada como serviço para fazer o hosting de uma ou mais aplicações. B) Alternativa incorreta. Justificativa: a descrição é do IaaS. C) Alternativa incorreta. Justificativa: esse modelo é conhecido como nuvem comunitária. D) Alternativa incorreta. Justificativa: esse modelo é conhecido como nuvem privada. 69 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM COMÉRCIO E SERVIÇOS E) Alternativa correta. Justificativa: faz parte de umas das cinco características definidas pelo NIST para o modelo de computação em nuvem. As demais são: autosserviço sob demanda, acesso amplo via rede, agrupamento de recursos e elasticidade rápida. Questão 2. (ESAF 2005) Com relação aos conceitos básicos de banco de dados, é correto afirmar que: A) A chave primária é um atributo de uma tabela que, mesmo com valores nulos, identifica univocamente uma coluna. B) Uma coluna definida como chave estrangeira em uma tabela-destino não pode aceitar valores nulos, e essa mesma tabela-destino pode ter uma e somente uma coluna definida como chave estrangeira. C) O modelo relacional refere-se à visualização física, e não lógica, dos dados. Está relacionado ao nível conceitual interno. A teoria relacional não diz nada sobre o nível externo, preocupa-se somente com o armazenamento e manipulação dos dados executados pelo SGBD. D) Um banco de dados relacional é um conjunto de arquivos sequenciais que são acessados e modificados por operações que manipulam a álgebra relacional. Tais operações só podem ser executadas se atenderem à regra da primeira forma normal, devendo-se manipular apenas um dado de cada vez. E) Chaves estrangeiras são os elos entre as tabelas. Uma coluna definida como chave estrangeira deve ser chave primária em outra tabela. Resolução desta questão na plataforma.
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