Mutação constitucional e a constituiçao

Prévia do material em texto

Para o sociólogo francês Henri Lévi-Bruhl as normas do direito possuem caráter essencialmente provisório de acordo com esse autor as normas jurídicas não têm caráter estável e perpétuo. O Direito existe para regular o comportamento dos indivíduos dentro de uma sociedade segundo valores preestabelecidos e vigentes à época. 
O Direito existe para regular comportamentos baseados em valores sendo que estes valores estão sempre mudando diante das evoluções sociais que acontecem naturalmente como o passar do tempo portanto as normas devem acompanhar e adquar -se a novas realidades sociais.
 As normas constitucionais pesar de sua forma mais rigorosa para alteração também pode haver alterações, sendo assim as normas fundamentais também estão sujeitas à alterações previstas pelo próprio Poder Constituinte Originário que estabelece as diversas maneiras em que estas poderão ser alteradas.
A Constituição Federal de 1988 estabelece tanto regras quanto as limitações ao Poder Reformador, distribuídas em três grupos que são as limitações temporais, circunstanciais e materiais, todas com a finalidade de tornar mais difícil o processo de mudança constitucional frente aqueles em relação às leis infraconstitucionais.
Surge assim o fenomeno da Mutação constitucional que é uma forma pela qual o poder constituinte difuso se manifesta trata-se de uma alteração do significado do texto, que é adaptado conforme a nova realidade na qual a constituição está inserida.
De acordo com o Dicionário Houaiss, mutação possui como significado a “facilidade para mudar de idéia, opinião ou atitude” ou, ainda, “alteração, modificação, transformação”. Diante desses significados, “mutação constitucional” poderia ser a alteração de normas constitucionais por meio de uma mudança de opinião ou atitude, isto é, por meio da aplicação das normas ao caso concreto, interpretação.
Mutação Constitucional, segundo José Afonso, “consiste num processo não formal de mudanças das constituições rígidas, por via da tradição, dos costumes, de alterações empíricas e sociológicas, pela interpretação judicial e pelo ordenamento de estatutos que afetem a estrutura orgânica do estado”. É não formal a partir do momento que sua previsão não está expressa em nenhuma legislação.
 A Mutação Constitucional surge a partir do Poder Judiciário ao interpretar o texto constitucional na aplicação a um caso concreto contudo, como a Constituição brasileira reserva ao Supremo Tribunal Federal a guarda da Constituição, a este cabe, em sua totalidade, avaliar se houve uma mutação constitucional através da interpretação da Constituição segundo a evolução da sociedade.
A Mutação Constitucional é a forma de dar um novo sentido para a norma interpretada decorrente da incompatibilidade entre a Constituição escrita e a real onde a norma é alterada sem alteração textual, diante da realidade social com situações novas e em constante evolução social.