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Apostila UNIP Economia

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Economia
Professor conteudista: Cláudio Dittício
Sumário
Economia
Unidade I
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................1
2 A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO .............................................................................................9
2.1 A escassez dos recursos disponíveis na economia ...................................................................11
2.2 As necessidades ilimitadas dos agentes econômicos ............................................................ 17
2.3 O provimento de bens e serviços ................................................................................................... 20
2.4 Os fluxos fundamentais da economia ......................................................................................... 22
2.5 As questões centrais da economia ................................................................................................ 26
2.6 As alternativas de sistemas econômicos .................................................................................... 35
3 A EVOLUÇÃO PARA A SOCIEDADE DE MERCADO .............................................................................. 37
3.1 As mudanças .......................................................................................................................................... 39
3.2 A configuração dos fatores de produção: trabalho, terra e capital ................................. 42
3.3 A ascensão do “motivo de lucro”, a “filosofia” do comércio e o
mecanismo de mercado ............................................................................................................................ 46
Unidade II
4 A ESTRUTURA DO MERCADO ..................................................................................................................... 50
4.1 Os modelos de estrutura de mercado .......................................................................................... 51
4.2 Uma visão histórica ............................................................................................................................. 60
5 A OFERTA, A DEMANDA E O EQUILÍBRIO DE MERCADO ................................................................. 61
5.1 O equilíbrio de mercado .................................................................................................................... 63
5.2 O excedente do consumidor ............................................................................................................ 66
5.3 O excedente do produtor .................................................................................................................. 72
5.4 A eficiência de mercado .................................................................................................................... 77
5.5 As elasticidades da demanda .......................................................................................................... 81
6 DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA SOCIEDADE DE MERCADO ........................................................... 91
6.1 Economia centralizada versus economia de mercado .......................................................... 92
6.2 O capitalismo e a economia de mercado ................................................................................... 97
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1 INTRODUÇÃO
A disciplina Economia objetiva apresentar as relações 
econômicas que balizam as decisões dos agentes econômicos 
(pessoas, residentes ou não no país, empresas e governo).
Os assuntos serão tratados em cinco capítulos fundamentais, 
além deste introdutório.
No segundo capítulo, nossa preocupação é voltada à análise 
do que se denomina “problema econômico”, representado pelo 
confronto entre as necessidades dos agentes e a capacidade 
da economia de atendê-las, dada a escassez dos recursos 
de que dispomos, qualquer que seja o nível de riqueza da 
sociedade. Procuramos entender como a economia se organiza 
para resolver as suas questões básicas de produção, circulação 
e designação de quem terá direito aos diferentes bens e 
serviços.
No capítulo três, procuramos compreender a sociedade de 
mercado em que vivemos, identificando, inclusive, aspectos 
históricos que apontem de que maneira as novas orientações, 
como, por exemplo, as relacionadas com os lucros das operações 
e a concessão de maior liberdade às atividades comerciais 
e, posteriormente, industriais, determinaram o crescimento 
econômico de várias nações.
O capítulo quatro, complementado com uma visão histórica, 
contém as diferentes estruturas do mercado e dos modos de 
produção adotados pela sociedade e pelas forças produtivas para 
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o alcance de seus objetivos econômicos, isto é, para a solução do 
“problema econômico”.
Denominamos modos de produção as variadas 
alternativas adotadas pelas sociedades econômicas para a 
solução de seus problemas até chegarmos à época atual 
– Revolução da Informação –, passando pela Agrícola 
(de cerca de doze mil anos atrás) e pela Industrial, cujo 
desenvolvimento ocorreu inicialmente entre 1760 e 1830. 
Cada modo de produção engloba os objetos de trabalho 
adotados, como ferramentas, máquinas e organização 
industrial. 
Forças produtivas expressam a posição do homem em 
relação às coisas e às forças da natureza utilizadas para a 
criação dos bens materiais.
No capítulo cinco, abordamos o funcionamento básico dos 
mercados e da interação entre os agentes, por meio da conhecida 
lei da oferta e da procura. É aí que tratamos de mostrar como 
o sistema se mantém em equilíbrio, direcionado não de forma 
central, mas pelos preços que assumem os vários bens e serviços. 
E mostra-se como o mercado, por sua livre atuação, atinge o 
grau de eficiência econômica.
O último capítulo apresenta argumentos que contrapõem 
os modelos baseados em planejamento e controle centrais aos 
da liberdade dos mercados, mencionando que existem também 
vários problemas que não podem ser ou são insuficientemente 
resolvidos com a estrutura baseada no funcionamento dos livres 
mercados, notadamente quando a preocupação é a distribuição 
equitativa dos bens e serviços criados na economia.
Finalmente, incluímos uma lista das obras referenciadas ou 
consultadas para a elaboração deste texto.
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A disciplina Economia é um importante suporte para o 
desenvolvimento das atividades do administrador, já que estamos 
inseridos num sistema econômico baseado na livre atuação dos 
mercados, que determina as diferentes políticas adotadas pelos 
governos.
O estudo da economia pode ser dividido basicamente em:
• microeconomia: estuda os aspectos e influências sobre 
a atuação das unidades econômicas individuais, como as 
pessoas (famílias), as empresas, o governo e mesmo os 
agentes não residentes. Esse é o foco fundamental do 
presente texto;
• macroeconomia: tem a sua preocupação voltada para 
a mensuração dos agregados econômicos, tais como 
consumo, poupança, investimento e produto total 
gerados pela sociedade numdeterminado período de 
tempo;
• desenvolvimento econômico: objetiva a compreensão 
das razões que levam ao crescimento econômico 
sustentável e não apenas no curto prazo.
A economia é, acima de tudo, uma ciência social, e os seus 
assuntos estão presentes no dia a dia de todos nós, e no próprio 
contato entre as pessoas e empresas, e são fartamente mostrados 
na mídia.
Naturalmente, estamos sempre preocupados com os assuntos 
a ela relacionados, como, por exemplo:
• aumentos dos preços dos produtos;
• pouco crescimento das atividades econômicas;
• maior ou menor participação das entidades governamentais 
nessas atividades;
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• dívidas contraídas pelo governo com os habitantes do 
próprio país ou do exterior;
• má distribuição dos frutos do crescimento econômico 
entre os indivíduos e as organizações.
Há correlações com outras disciplinas, já que estudam uma 
mesma realidade.
Vasconcellos e Garcia (2003, p. 31) comentam, a 
propósito da hipótese coeteris paribus, o que significa “tudo 
o mais constante”:
(...) torna-se possível o estudo de um determinado 
mercado selecionando-se apenas as variáveis que 
influenciam os agentes econômicos (...) neste 
particular mercado, independentemente de outros 
fatores, que estão em outros mercados, poderem 
influenciá-los.
Conceitos econômicos originaram-se de estudos em física e 
biologia. Os primeiros pensadores econômicos foram, igualmente, 
bastante influenciados pela filosofia, pela moral e pela justiça.
Aspectos religiosos também determinavam certas condutas 
dos indivíduos.
A matemática e a estatística auxiliam na constituição de 
modelos de trabalho para uma melhor análise dos fenômenos 
econômicos.
Economia e política são fortemente inter-relacionadas. 
Com a segunda, temos as instituições sobre as quais serão 
desenvolvidas as atividades econômicas. Mas, decisões e fatos 
econômicos conduzem a mudanças na estrutura política das 
nações.
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Podem ser constatados vários exemplos do inter-
relacionamento entre economia e política, lembrando, como 
fazem Vasconcellos e Garcia (2003, p. 11), da política do café-
com-leite, antes de 1930, que dividia o poder federal entre São 
Paulo e Minas Gerais. Enumeram, também, práticas e políticas 
que visam combater latifúndios, oligopólios e monopólios e 
que tentam aliviar o poder das grandes corporações, mesmo as 
estatais.
Mencionamos como importante a relação que se dá com 
a história, visto que muitas ocorrências históricas podem ser 
melhor compreendidas quando se levam em conta as questões 
econômicas em cada uma das épocas estudadas.
E, claro, não pode ser esquecida a interação com o direito, 
considerando que a economia depende do estabelecimento de 
normas jurídicas, como, por exemplo, leis que combatam os 
entraves ao livre funcionamento dos mercados e que também 
permitam a resolução dos problemas e ineficiências deste último 
(as imperfeições de mercado).
Entre as imperfeições de mercado, podem ser 
mencionadas as externalidades: quando a produção ou 
o consumo de um bem afeta, negativa ou positivamente, 
outros indivíduos, sem que isso seja apontado pelos preços 
de mercado. Outro aspecto relaciona-se às falhas de 
informação, que impedem a adequada tomada de decisões. 
O poder de monopólio, normalmente, também conduz a 
preços maiores do que os que seriam praticados caso os 
produtores pudessem competir mais acentuadamente nos 
mercados.
É, pois, bem significativo o efeito trazido pelas 
normas jurídicas sobre a atuação dos diferentes agentes 
econômicos.
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Como indicam Vasconcellos e Garcia (2003, p. 25):
No texto constitucional de 1988 encontra-se que a 
competência para a execução da política monetária, 
de crédito, cambial e de comércio exterior é da União. 
Esta tem a competência para emitir moeda e para 
legislar sobre o sistema monetário e de medidas, 
títulos e garantias de metais; a respeito da política de 
crédito, câmbio, seguros e transferências de valores; e 
sobre o comércio exterior. Porém, cabe ao Congresso 
Nacional, com a sanção do Presidente da República, 
dispor sobre a moeda, seus limites de emissão e 
montante da dívida mobiliária federal, conforme 
estipula o art. 48 da Constituição Federal.
A economia é reconhecida como uma ciência jovem, surgida 
na segunda metade do século XVIII, com o reconhecimento mais 
ou menos geral de que a obra seminal de Adam Smith, publicada 
em 1776 (Uma investigação sobre a natureza e a causa da 
riqueza das nações), é a sua “certidão de nascimento”.
Anteriormente, já na Antiguidade e na Idade Média, existiram 
preocupações econômicas, mas não de forma sistematizada e 
organizada, e fortemente determinadas por aspectos morais e 
religiosos.
Entre os mais imediatos precursores de Smith, destacaram-
se os mercantilistas (a partir do século XVI), que incentivavam o 
crescimento do comércio e a acumulação de riquezas, sob a forma 
de ouro e prata, propugnando a não intervenção do governo nos 
assuntos econômicos. É atribuído a esse movimento o estímulo 
às guerras entre as nações e o exacerbado desenvolvimento do 
espírito nacionalista.
Os fisiocratas, que, na verdade, representavam uma reação 
ao mercantilismo, acreditavam que o mundo era comandado 
por leis naturais e universais que contribuíam para a felicidade 
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da humanidade. Para eles, a agricultura deveria ser privilegiada, 
dado que a terra era a fonte fundamental da riqueza, em relação 
a outras atividades, como o comércio e as finanças.
Smith (1723-1790) e outros economistas clássicos, como 
David Ricardo (1772-1823), Thomaz Robert Malthus (1766-
1834) e John Stuart Mills (1806-1873), apesar de divergirem em 
alguns aspectos, tinham como premissa básica a crença no livre 
funcionamento dos mercados, fundamentados na propriedade 
privada dos meios de produção.
A situação social extremamente difícil (subnutrição, 
jornada de trabalho de mais de quatorze horas por dia, 
utilização acentuada de mulheres e crianças nas manufaturas 
e fábricas, más condições de higiene) dos primeiros momentos 
da Revolução Industrial (1770/1830) conduziu ao surgimento 
de ideias socialistas, traduzidas pelos trabalhos de Karl Marx 
(com destaque para O capital, cujos primeiros volumes foram 
publicados no final do século XIX) e Friedrich Engels.
Outras escolas surgiram, como a neoclássica, que procurava 
se abstrair dos aspectos relacionados às diferentes classes sociais 
e concentrar sua atenção na formulação de leis e princípios que 
mostram, muitas vezes com o auxílio da matemática, como a 
economia chega, naturalmente, ao seu ponto de equilíbrio e que 
este é eficiente.
Um equilíbrio de mercado é considerado eficiente 
quando não se consegue, com alterações determinadas 
por políticas governamentais,melhorar a situação de um 
agente econômico sem prejudicar a de outros.
Esse conceito não se relaciona, porém, com o de 
equidade ou justiça social, pois mesmo uma economia que 
tivesse toda a sua renda destinada a um único agente seria 
considerada eficiente.
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No século XX, com o término da Segunda Guerra Mundial, 
tivemos o predomínio do chamado consenso keynesiano, 
alicerçado nas ideias e teorias propugnadas por John Maynard 
Keynes e expressas na obra Teoria geral do emprego, da 
moeda e dos juros, publicada em 1936, que procura justificar 
a necessidade de maior participação do governo na economia, 
quando o mundo enfrentava aquela que, até hoje, é considerada 
a maior recessão econômica, surgida a partir do final dos anos 
1920.
O desemprego, mesmo para os clássicos, é admitido 
quando ocorre por desajustes sazonais ou em momentos de 
troca de empregos pelos trabalhadores.
As ideias e proposições clássicas e neoclássicas não foram 
eficientes para explicar a grave recessão da época (afinal, para 
elas, a economia sempre se equilibrava em condições de pleno 
emprego voluntário), ficando essa tarefa para Keynes.
Os acontecimentos da década de 1970 (alta e generalizada 
inflação, crise do fornecimento de petróleo etc.) fizeram com 
que as ideias liberais fossem fortemente retomadas, voltando 
à proposição de uma drástica diminuição da intervenção do 
Estado nas atividades econômicas.
Ao tempo em que estamos escrevendo este texto, admite-
se que um novo ciclo de mudanças e orientações básicas 
poderá ocorrer, como reflexo da crise financeira mundial 
aguçada a partir do segundo semestre de 2008 e que muitos 
debitam à excessiva desregulamentação das atividades 
econômicas.
Para a complementação das informações e dos conceitos 
apresentados neste texto, sugerimos a consulta às obras 
constantes nas referências bibliográficas.
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Acreditamos, também, que é de muita importância a leitura de 
jornais e revistas relacionados com economia e negócios, tendo 
em vista a apreensão da realidade dos agentes e dos fatores de 
natureza econômica, política e social que os influenciam.
2 A NATUREZA DO PROBLEMA ECONÔMICO
Objetivo
Neste capítulo, demonstramos qual é o “problema econômico” 
fundamental a ser tratado pela economia: é o equacionamento 
das necessidades ilimitadas dos agentes econômicos e sua ânsia 
pela obtenção de mais bens e serviços.
Tal questão deve ser analisada considerando-se que toda 
sociedade dispõe de recursos escassos, necessários para o 
provimento das necessidades, sob a forma de bens e serviços 
que são colocados nos mercados.
Considerações iniciais
Cada indivíduo desempenha diferentes papéis na sociedade 
e, em particular, no sistema econômico em que está inserido. 
Muitas vezes, somos responsáveis pela própria produção (nos 
variados setores da economia) dos bens e serviços destinados à 
coletividade.
Entre os setores em que se divide a economia, podemos 
identificar: o primário, representado pela produção agrícola 
e a pecuária; o secundário, composto pelas atividades 
manufatureiras e industriais; e o terciário, composto pelos 
variados serviços oferecidos à comunidade.
Além disso, muitos de nós nos envolvemos com os processos 
de comercialização e distribuição desses bens. Queremos sempre 
melhorar a produtividade e reduzir os custos de nosso trabalho.
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E, afinal, consumimos ou poupamos a renda que auferimos, 
sob as mais diferentes formas, na condição de proprietários dos 
recursos, isto é, dos fatores de produção necessários para que se 
criem os produtos e serviços que almejamos.
A sociedade em que vivemos é baseada na liberdade de 
atuação dos agentes econômicos nos vários mercados (de 
bens ou financeiros), os quais, agindo em nome dos seus 
interesses individuais, devem conduzir ao bem-estar geral a 
organização.
Mochón (2006, p. 65) esclarece que
No curto prazo, há dois tipos de custos: os 
fixos (aqueles que não dependem do volume de 
produção) e os variáveis (os que aumentam junto 
com o nível de produção). O custo total é a soma 
dos dois. Para calcular o custo médio, dividimos o 
custo em questão entre o número de unidades do 
produto obtidas. O custo marginal é aquele gerado 
pela produção de uma unidade adicional. 
Essa organização, porém, está fundamentada nas trocas que 
são feitas entre os vários agentes econômicos. Quem detém os 
fatores de produção os vende a quem é encarregado de produzir 
os diversos bens e serviços, que, por sua vez, os comercializa 
com aqueles que estão interessados em suas aquisições.
Passos e Nogami (2005, p. 5) mencionam a definição de Paul 
A. Samuelson, um dos maiores economistas do século XX:
A Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade 
decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter 
utilizações alternativas, para produzir bens variados e para 
distribuí-los para o consumo, agora ou no futuro, entre várias 
pessoas e grupos da sociedade.
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Síntese do capítulo
Ao final deste capítulo, você terá visto alguns conceitos 
fundamentais, refletidos sobre o problema econômico e sobre as 
formas de organização da sociedade para a solução das questões 
relacionadas à produção, à circulação e à distribuição dos bens, 
requeridas para o atendimento às ilimitadas necessidades 
humanas.
2.1 A escassez dos recursos disponíveis na 
economia
Ficamos maravilhados com o que a natureza nos oferece, 
sem que precisemos nos esforçar muito para obter os benefícios. 
Também nos surpreendemos quando constatamos as grandes 
mudanças propiciadas pelo próprio homem em função do 
notável desenvolvimento científico dos dois últimos séculos.
Porém, continuamos carentes, comparativamente aos bens 
que desejamos, objetivando melhorias em nosso bem-estar. 
E sabemos que os recursos, ou melhor dizendo, os fatores 
de produção que podemos empregar para que consigamos 
obter esses bens estão ficando cada vez mais difíceis de ser 
conseguidos.
Mas, afinal, quais são esses fatores de produção?
O capital
Referimo-nos, aqui, a todo bem que se destina à produção 
de outro, destinado ao consumo da sociedade. Por isso, eles são 
denominados, também, bens de produção.
Podemos classificar os recursos de capital em:
• físico: representado pelos instrumentos utilizados na 
produção (máquinas, ferramentas), pelas instalações e 
fontes de energia (elétrica, eólica, solar, nuclear etc.);
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• financeiro: capital, sob a forma de dinheiro, utilizado 
para os pagamentos dosinvestimentos empresariais;
• humano: identificado nos talentos e habilidades, fruto 
das experiências e dos conhecimentos adquiridos pelos 
indivíduos.
O capital é constituído ou acumulado a cada período de 
atividades econômicas à medida que a sociedade dirige parte 
de seus esforços para a produção de bens não destinados 
diretamente ao consumo presente da coletividade, mas sim para 
poder manter ou, melhor ainda, fazer crescer as possibilidades 
de desenvolvimento de novos produtos ou serviços que serão 
utilizados no futuro.
A remuneração pelo emprego desse fator de produção é 
denominada lucro, que é a diferença entre as receitas e as 
despesas de uma organização, já deduzidos os pagamentos 
de taxas, impostos e da parcela que ficou retida para uso 
futuro.
Para a formação de capital, a economia pode se valer da 
própria poupança interna de seus agentes (sejam os indivíduos 
ou as empresas). Os primeiros quando optam por não consumir, 
de imediato, a renda que lhes é devida, e os outros quando 
retêm, para quaisquer necessidades futuras, parte de seus lucros, 
obtidos em suas atividades durante certo período.
Sendo essa poupança insuficiente, como ocorre na maioria 
das vezes, principalmente nos países menos desenvolvidos, 
procura-se complementar as necessidades de investimentos por 
meio da poupança externa (dos agentes não residentes no país) 
e do próprio governo.
A própria poupança individual não é somente decidida 
de forma voluntária, mas pode ser induzida ou imposta pelas 
próprias políticas e práticas governamentais.
Cabe fazer uma distinção entre os 
meios de produção e os objetos de 
trabalho. Os primeiros compreendem 
o capital físico, incluídos os meios 
de transporte. Os segundos referem-
se aos elementos sobre os quais 
é desenvolvido o trabalho humano 
(matérias-primas, solo etc.).
A poupança externa é conseguida 
com base em empréstimos ou 
investimentos trazidos do exterior. O 
governo participa da poupança global da 
sociedade quando consegue superávits 
(maiores receitas do que despesas) em 
suas transações com os outros agentes 
econômicos.
A poupança compulsória dos 
agentes econômicos é conseguida 
mediante aplicação de impostos ou 
práticas governamentais que conduzam 
à diminuição de suas alternativas e 
possibilidades de consumo.
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O fator terra ou recursos naturais
Neste caso, enquadramos os bens fornecidos diretamente 
pela natureza (recursos naturais), que podem constituir a base 
em que se empregará o capital físico.
Esses bens (vegetais ou animais) podem ser renováveis ou 
não renováveis (como é o caso dos minerais), sob a forma natural 
ou transformados pela ação humana.
No passado, os primeiros economistas indicavam ser esse 
o fator de produção mais importante e, algumas vezes, o 
único que poderia fazer crescer a riqueza de uma nação. Os 
fisiocratas, na França de meados do século XVIII, advogavam 
que as atividades agrícolas eram as únicas capazes de produzir 
excedentes econômicos (excesso de produção em relação às 
necessidades de uma coletividade), enquanto as demais classes, 
apesar de necessárias, seriam consideradas estéreis (como os 
funcionários públicos, sacerdotes, comerciantes, soldados 
etc.).
Conforme Vasconcellos (2007, p. 21),
[A fisiocracia] dividiu a sociedade em classes sociais, 
e teve a preocupação de justificar os rendimentos 
da classe proprietária de terras. Diferentemente dos 
mercantilistas (cuja escola era ativa durante essa 
época), os fisiocratas consideram a riqueza de um 
país não medida pelo estoque de metais preciosos, 
mas por tudo aquilo que era retirado da terra (o 
chamado produto líquido).
O fator trabalho
Considerado pelos economistas clássicos e pelos socialistas 
como o principal fator, responsável pelo crescimento do país, o 
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trabalho humano é combinado com os outros fatores, como a 
terra e o capital.
Os clássicos desenvolveram, desde Adam Smith e com o 
maior detalhamento elaborado por David Ricardo, a teoria do 
valor-trabalho, segundo a qual poderiam ser mensurados os 
valores de todos os bens.
Os socialistas, sobretudo Marx, refinaram as ideias de Ricardo 
e as utilizaram em seus argumentos, para comentar sobre os 
interesses divergentes entre as necessidades capitalistas e as dos 
trabalhadores.
Para a escola neoclássica, porém, esses valores só podem ser 
encontrados quando há a colaboração de diferentes fatores de 
produção e não apenas do trabalho humano, desenvolvendo a 
teoria do valor-utilidade.
Vasconcellos (2007, p. 32) indica que:
Pode-se dizer que a teoria do valor-utilidade veio 
complementar a teoria do valor-trabalho, pois já não 
era possível predizer o comportamento dos preços 
dos bens apenas com base nos custos, sem considerar 
o lado da demanda (padrão de gostos, hábitos, renda 
etc.).
Ademais, a teoria do valor-utilidade permitiu distinguir 
claramente o que vem a ser o valor de uso e o valor de troca de 
um bem.
A tecnologia
De forma geral, a tecnologia pode ser entendida como 
todo o conjunto de conhecimentos humanos aplicado para os 
mais diferentes objetivos. Pode ser conceituada, de forma mais 
estrita, como sendo as inovações nas técnicas que alteram 
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o modo de trabalho, contribuindo para o aumento de sua 
produtividade.
O maior crescimento do trabalho e da produção ocorreu 
a partir do advento da Revolução Industrial. Como as demais 
mercadorias, os economistas entendem que a tecnologia tem 
um preço e pode, portanto, ser negociada no mercado.
Verifica-se um acentuado desnível em termos de dotação 
de tecnologia, conforme o status de desenvolvimento das 
nações, fazendo com que sua importação ocorra, com mais 
frequência, pelos países menos desenvolvidos, muitas vezes 
incentivando a instalação de empresas estrangeiras no país, 
o que, em contrapartida, fará com que aumentem, no futuro, 
suas despesas com pagamentos de licenças, royalties e 
lucros.
Mudanças tecnológicas podem transformar bastante, 
às vezes de forma radical, as características e a divisão do 
trabalho numa sociedade, pois, apesar de contribuírem para a 
redução dos esforços na produção de bens e serviços, podem 
levar ao desemprego de fatores que não consigam se adaptar 
à nova realidade econômica; são, muitas vezes, combatidas 
pelos grupos cujas atividades e cujos interesses foram por elas 
afetados.
De qualquer forma, é com elas que se obtém maior 
crescimento econômico, mediante uma combinação mais 
vantajosa do emprego dos diferentes fatores de produção.
A inovação tecnológica pode ser:
• de processo: caracterizada pela diminuição do tempo e/ou 
do número de operações/etapas do processo produtivo;
• de produto: relativa às características de produção e de 
distribuição do produto.
Os royalties referem-se aos 
pagamentos a detentores de patentes 
de licenças para utilização da marca 
e das especificações de fabricação 
de um determinado produto ou 
desenvolvimento de um serviço.
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A capacidade empresarial
Cada vez mais tem sido reconhecida a importância da 
inclusão desse fator entre os que mais contribuem para o 
desenvolvimento da produção e da nação como um todo.
Por certo, o empresário desempenha um papel de extrema 
relevância no contexto do sistema capitalista, baseado no livre 
funcionamento dos mercados, à medida que emprega novos 
métodos e técnicas nos seus procedimentos e na geração de 
seus produtos e serviços em atividades:
• industriais;
• comerciais;
• administrativas;
• financeiras;
• de pesquisa e desenvolvimento.
Os empreendedores são responsáveis pela geração de novos 
produtos e serviços, à medida que organizam e coordenam 
as operações de forma eficiente. Schumpter, um dos maiores 
economistas do século XX, admite ser esse o fator mais 
significativo para o crescimento do investimento do país.
O empresário é responsável pela otimização dos outros 
fatores de produção, os quais são direcionados às funções 
industriais, comerciais, administrativas, financeiras e de pesquisa 
e desenvolvimento, cruciais para o sucesso de um novo projeto 
ou investimento.
Jorge e Silva (1999, p. 31) esclarecem que:
Ao conjugar capital, terra, trabalho e tecnologia, o 
empreendedor estará reunindo os elementos que 
possibilitarão, sob sua orientação, uma participação 
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no processo produtivo, que será tanto mais eficaz e 
duradoura quanto mais eficiente forem suas ações de 
planejamento, organização, produção, comercialização, 
administração financeira, administração do fator 
humano e outras.
Síntese do item
Os recursos de produção aqui referenciados – capital, terra, 
trabalho, tecnologia e capacidade empresarial – têm como 
principal identidade o fato de serem limitados para a produção 
dos bens voltados ao atendimento das necessidades dos agentes 
econômicos.
2.2 As necessidades ilimitadas dos agentes 
econômicos
Na verdade, o objetivo fundamental da atividade econômica 
é poder criar bens que satisfaçam essas necessidades. Isso é a 
própria razão de ser dessa ciência, cujo conhecimento e cujo 
desenvolvimento não seriam necessários se pudéssemos, sempre, 
contar com todos os bens e serviços de que precisamos ou que 
desejamos.
Mas elas são inesgotáveis e tendem a se diversificar e até 
aumentar com o próprio desenvolvimento da civilização. Essa 
realidade pode ser observada nas visitas a mercados e centros de 
consumo. Os desejos se multiplicam, enquanto os recursos não 
conseguem acompanhar essa evolução.
É certo que essas necessidades variam de pessoa para pessoa 
e conforme a região onde habitam.
Podemos classificar essas necessidades humanas em:
a. coletivas: enquadram-se nesta categoria as necessidades 
relacionadas com segurança, defesa, educação, 
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saneamento básico, saúde etc. Muitas delas não 
conseguem ser supridas pela própria iniciativa privada, 
determinando a existência dos chamados bens públicos, 
produzidos sob a égide do Estado, que discutiremos 
posteriormente;
b. individuais: neste grupo, estão incluídas as necessidades 
básicas (absolutas ou biológicas), como dormir, respirar, 
comer, habitar, procriar, vestir etc., por sinal, nem sempre 
atendidas por processos econômicos.
Aspectos ambientais, como a preservação das áreas verdes e 
o controle da poluição do ar, quase sempre dependem de ações 
e políticas econômicas. Também podemos incluir nesse conjunto 
as chamadas necessidades relativas ou sociais, isto é, as que 
não são as mesmas para todos os indivíduos (hábitos, normas, 
costumes e valores – uso de talheres e pratos, cama para dormir, 
hábito da leitura e outros).
No Quadro 1, a seguir, estão resumidas as categorias que 
refletem as várias necessidades dos indivíduos.
Quadro 1
Tipos de necessidades
Coletivas
Individuais
Absolutas Relativas
Segurança, defesa, 
educação, saneamento 
básico, saúde etc.
Dormir, respirar, comer, 
habitar, procriar, vestir etc.
Hábitos, normas, 
costumes e valores.
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
Abraham Maslow, psicólogo norte-americano (1908-1970), 
desenvolveu uma teoria em que as necessidades humanas 
são hierarquizadas, indo das mais básicas (biológicas) às mais 
específicas, como as de valorização individual e cultural.
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Esse cientista demonstrou a sua teoria sob a forma de 
uma pirâmide. Resolvidas as necessidades da base (iniciais/
básicas), o indivíduo procura segurança na sua própria 
residência e no seu emprego e coletividade. Satisfeito esse 
nível de necessidades, ganha força o sentimento de viver 
em comunidade, ser aceito pelo grupo, de relacionar-se com 
outros. Depois, procura objetivos que satisfaçam sua procura 
por reconhecimento, status, poder. Finalmente, aumentam as 
necessidades relacionadas a sua autorrealização, oferecendo-
se para participar de projetos arrojados ou sofisticados, 
como a exploração de regiões ou variadas experimentações e 
aventuras.
Os grupos de necessidades só serão atendidos após 
o atingimento das necessidades anteriores, devendo ser 
considerado que o indivíduo ocupa diferentes degraus nessa 
pirâmide ao longo do tempo.
Autorrealização
Autoestima
Associação
Segurança
Necessidades biológicas ou básicas
O atendimento dessas necessidades, porém, muitas vezes, 
somente será conseguido com a aplicação dos escassos fatores 
de produção, que irão gerar os necessários bens e serviços.
Síntese do item
Neste item, foram abordadas as necessidades, ordenadas 
em coletivas e individuais e hierarquizadas, cujo atendimento 
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depende da eficiência na produção dos bens destinados à 
coletividade.
2.3 O provimento de bens e serviços
Os bens voltados à satisfação das necessidades humanas 
e obtidos com a utilização dos variados e escassos fatores de 
produção são denominados econômicos, em contraposição 
aos livres, para os quais não há a formação de preços pelos 
mercados.
Dois dos exemplos mais notórios de bens livres são o ar 
que respiramos e a energia do sol, que, pela sua abundância 
e disponibilidade, não precisam ser providos pelos homens e, 
como tal, não são tratados pela análise econômica.
Portanto, é dos bens econômicos que cuidaremos, por 
existirem em quantidade limitada. Eles se diferenciam entre si 
em função de sua natureza física, mas têm em comum o fato 
de serem:
• escassos;
• úteis;
• exclusivos: só podem ser adquiridos por quem consegue 
pagar o seu preço, estabelecido no mercado.
De pronto, podemos classificá-losem duas grandes 
categorias:
• bens tangíveis, representados pelos materiais e bens 
físicos em geral;
• bens intangíveis, compreendendo o conjunto de serviços 
gerados numa economia em um determinado período.
Podemos, outrossim, classificar os bens econômicos 
tangíveis em:
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1. Bens finais
Englobam os bens de consumo que já foram completamente 
transformados pelo processo de produção e que, por sua vez, se 
subdividem em:
• bens de consumo não duráveis: aqueles que são 
consumidos num período curto de tempo, desaparecendo 
após satisfazer uma determinada necessidade, como é o 
caso dos produtos alimentícios;
• bens de consumo duráveis: permitem o uso por um 
tempo maior, não sendo destruídos de imediato, como é 
o caso dos eletrodomésticos, automóveis etc. São muito 
importantes para o desenvolvimento da economia, já 
que se valem de produtos intermediários, máquinas, 
fornecimentos de terceiros e um grande número de 
pessoas, ocupadas direta ou indiretamente, cujas 
rendas serão utilizadas no consumo de outros bens 
econômicos.
Devem ser mencionados, entre os bens finais, os bens de 
capital ou de produção, que se prestam à produção de novos 
bens, como é o caso das máquinas e de outros utensílios.
Por suas características e diversidade, os bens econômicos 
podem ser a razão de existência de uma economia complexa. 
Como argumenta Riani (1998, p. 23), “aquelas economias com sua 
base produtiva nos bens de consumo não duráveis seguramente 
têm complexo produtivo muito menor do que outra cujo peso 
econômico se pauta pelos bens de consumo duráveis ou pelos 
bens de capital”.
2. Bens intermediários
Trata-se dos bens que ainda não completaram o seu 
processo de transformação e conversão em bens de consumo ou 
Determinados bens, como os 
automóveis, podem ser classificados 
como de consumo duráveis quando são 
utilizados por indivíduos, ou de capital, 
quando empregados em atividades 
empresariais.
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de capital e que são incapazes de atender às necessidades dos 
agentes econômicos, entre os quais podemos citar, por exemplo, 
o cimento, o ferro e o aço.
O Quadro 2, a seguir, sintetiza os diversos tipos de bens.
Quadro 2
Classificação geral dos bens
Bens econômicos Bens livres
(água do 
mar, luz do 
sol etc.)
Bens tangíveis Bens 
intangíveis
(serviços)Bens finais Bens 
intermediários
(a cal, o 
cimento, o 
ferro, o aço, 
alumínio etc.)
Bens de consumo Bens de 
capital
(máquinas, 
ferramentas 
etc.)
Bens de 
consumo não 
duráveis
(alimentos, 
artigos de 
vestuário etc.)
Bens de consumo
duráveis
(eletrodomésticos, 
automóveis etc.)
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
Síntese do item
Neste item, abordamos os diferentes tipos de bens e suas 
condições de atendimento às necessidades dos agentes 
econômicos.
2.4 Os fluxos fundamentais da economia
Podemos identificar a existência de dois mercados globais na 
economia. O primeiro, comumente chamado de real, é aquele 
no qual são feitas as trocas para a obtenção dos fatores de 
produção e em que ocorrem a produção e a distribuição dos 
bens e serviços finais da economia. Esse mercado real é, pois, 
subdividido em:
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• mercado de fatores de produção;
• mercado de bens e produtos finais.
Os indivíduos que são, de fato, os proprietários dos fatores 
de produção, e que chamaremos de famílias, oferecem-nos às 
empresas, que têm a responsabilidade pela produção dos bens 
e serviços finais. De outra parte, com a remuneração paga pelas 
empresas, sob a forma de salários (trabalho), juros (capital 
financeiro), lucros (resultados de participações no capital das 
empresas) ou aluguéis (pela utilização de imóvel, terreno ou 
mesmo máquinas na atividade empresarial), os indivíduos 
adquirem os bens e serviços finais que procuram. Esses fluxos 
constituem o lado monetário da economia.
A Figura 1, a seguir, mostra esses fluxos – real e monetário –, 
onde pode ser observada a interdependência entre os diferentes 
mercados.
Figura 1
Os fluxos real e monetário e os mercados de fatores de 
produção e de bens e serviços finais
Mercado de fatores de produção
Fornecimento de fatores de produção
(capital, terra, trabalho, tecnologia, capacidade empresarial)
Remuneração pelos fatores de produção
(salários, juros, lucros, aluguéis)
Unidades 
produtoras 
(ou empresas)
Unidades 
consumidoras 
(ou indivíduos)
Pagamento pelos 
bens e serviços
Suprimento de bens e serviços finais
Mercado de bens e serviços finais
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
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A linha cheia, demonstrando o suprimento de fatores de 
produção e de bens e serviços finais, caracteriza o chamado 
fluxo real. A linha pontilhada mostra os pagamentos feitos 
pelos agentes econômicos, revelando o fluxo monetário.
Vazamentos e injeções no fluxo circular da renda
Uma parte dos rendimentos das famílias é retida sob a forma 
de poupança (S, do inglês saving), identificando um vazamento 
da renda gerada pela economia num determinado período e, 
portanto, produção que não será adquirida. As empresas também 
podem poupar, na medida em que não utilizam todo o seu lucro 
para a aquisição de novos fatores de produção.
Por outro lado, nem toda produção de bens e serviços finais é 
destinada às famílias. Estamos tratando, aqui, dos bens de capital 
que irão compor os ativos totais da empresa, que compreendem 
o ativo imobilizado e os investimentos sob diversas formas. 
Podemos, pois, observar a existência de fluxos que caracterizam 
entrada (injeções) no fluxo circular da renda.
Diz-se que o sistema econômico está equilibrado quando os 
vazamentos são iguais às injeções, ou seja, quando a poupança 
S é igual ao investimento:
I = S
Para Keynes, diferentemente do pensamento dos 
economistas clássicos, o investimento precedia a poupança, 
e não o contrário. Keynes atribuía o crescimento dos 
investimentos a fatores como a taxa de juros em vigor na 
economia, o que denominava de eficiência marginal do 
capital e o denominado “espírito animal” dos empresários. 
A poupança, para ele, era decorrência do não consumo da 
renda pelos proprietários dos fatores de produção num 
determinado período, tendo em vista, por exemplo, a 
perspectiva de um futuro menos radiante.
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Na figura 2, a seguir, estão incorporados esses vazamentos 
e injeções.
Figura 2
Os fluxos real e monetário e os mercados de fatores de 
produção e de bense serviços finais, com incorporação da 
poupança (S) e dos investimentos (I)
Mercado de fatores de produção
Fornecimento de fatores de produção
(capital, terra, trabalho, tecnologia, capacidade empresarial)
Remuneração pelos fatores de produção
(salários, juros, lucros, aluguéis)
Unidades 
produtoras 
(ou empresas)
Unidades 
consumidoras 
(ou indivíduos)
Pagamento pelos bens 
e serviços
Suprimento de bens e serviços finais
Mercado de bens e serviços finais
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Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
Síntese do item
Tratamos do fluxo circular da renda em sua mais simples 
versão, com a participação das empresas e das famílias que 
interagem na produção e na distribuição de fatores de produção 
e bens e serviços finais. A inclusão do governo e dos agentes 
econômicos externos (denominados “resto do mundo”) completa 
esses fluxos da economia.
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2.5 As questões centrais da economia
O problema econômico determinado pela impossibilidade 
dos recursos escassos de atenderem às necessidades 
humanas limitadas nos conduz a questões fundamentais, que 
demandam soluções por meio dos processos econômicos:
• O que e quanto produzir?
• Como produzir?
• Para quem produzir?
À ciência econômica cabe reunir informações e orientar 
processos que possibilitem o tratamento de cada um desses 
problemas. A aplicação das soluções propostas pela economia 
é de responsabilidade da própria coletividade, observados os 
aspectos de natureza social, política, histórica, física, tecnológica 
etc.
O que e quanto produzir?
A produção de determinado bem, em função da escassez 
de recursos, implica a não produção de outro. Como 
exemplo, o fato de que a terra usada na produção de álcool, 
visando gerar combustível para os automóveis, não poderá 
ser utilizada na produção de alimentos. A fronteira de 
possibilidades de produção é um instrumental simples, mas 
que auxilia a explicar a questão relacionada com “o que e 
quanto produzir”.
A Tabela 1, a seguir, revela algumas alternativas de 
produção para dois bens (alfa e beta), ditadas pelos recursos 
disponíveis – capital, terra, trabalho, tecnologia e capacidade 
empresarial – e pelo estágio da tecnologia de uma determinada 
economia.
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Tabela 1
Possibilidades de produção, conhecidos os fatores
Alternativa Quando a produção do bem alfa é...
...a produção do bem beta 
é...
A 0 20
B 1 19
C 2 17
D 3 13
E 4 8
F 5 0
A representação gráfica em duas dimensões – um eixo 
dos x, considerada a primeira variável, e um eixo dos y, a 
segunda variável –, utilizando dados econômicos observados 
ou idealizados, é um instrumento de apoio de fundamental 
importância na apresentação das questões econômicas. Podemos 
apresentar os dados da Tabela 1 num gráfico de duas dimensões 
(denominado plano cartesiano), tal que as quantidades do bem 
beta sejam demonstradas no eixo dos y (das ordenadas) e as do 
bem alfa, no eixo dos x (abscissas).
Dessa forma, utilizando esse sistema de coordenadas 
cartesianas, poderemos posicionar as alternativas A, B, C, D, E e F:
Gráfico 1
Disposição dos dados
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Bem beta
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A
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C
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Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
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O Gráfico 2 une os pontos A a F, que constituem a fronteira 
ou curva de possibilidades de produção (CPP) e representam 
as alternativas apresentadas na Tabela 1. Pode ser observado 
um decréscimo na produção do bem beta à medida que 
aumenta a produção do alfa. No ponto A, todos os fatores 
são utilizados para a produção de beta. Em F, os recursos são 
alocados, exclusivamente, para a produção de alfa. Entre esses 
dois extremos, há pontos intermediários (B a E) que revelam a 
escassez dos recursos e o sacrifício de unidades de produção de 
um bem quando se aumenta a produção do outro.
Gráfico 2
Traçado da curva de possibilidades de produção
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Bem beta
Bem alfa
A
B
C
D
E
F
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
Todo ponto da CPP representa, pois, uma alternativa que 
utiliza com a máxima eficiência, dada a tecnologia disponível, 
as alternativas de escolhas de produção dos dois bens. 
Eventualmente, a produção pode ficar num ponto aquém dessa 
fronteira, como se observa com U no Gráfico 3, em função 
de problemas econômicos, políticos ou sociais, como crises 
financeiras, guerras, epidemias etc. Nesse caso, não estamos 
empregando os fatores de produção com a máxima eficiência, ou 
seja, não estão sendo empregados todos os recursos disponíveis 
com a máxima eficiência, havendo, portanto, desemprego de 
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fatores. Poderíamos, então, expandir a produção de um ou mesmo 
dos dois bens até chegarmos aos limites das possibilidades de 
produção (CPP).
Gráfico 3
Curva de possibilidades de produção 
e o desemprego de fatores
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Bem beta
Bem alfa
A
B
C
D
E
F
U
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
Não podemos, entretanto, produzir além da CPP, isto é, 
acima da curva.
A CPP, porém, pode ser deslocada para cima e à direita, como 
demonstra o Gráfico 4, a seguir, possibilitando o crescimento 
da produção em função de novas e melhores combinações de 
utilização dos fatores de produção, que pode ocorrer devido 
a um aumento na quantidade do fator capital, uma melhoria 
qualitativa na força de trabalho e, ainda, do progresso 
tecnológico, responsável por novos métodos de produção. 
Inversamente, uma diminuição de fatores de produção pode 
levar a um deslocamento da CPP para a esquerda, e pelo mau 
funcionamento da economia, devido a fatores internos ou 
externos.
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Gráfico 4
Deslocamento da CPP em função de alterações 
nos fatores de produção
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Bem beta
Bem alfa
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
A análise da CPP conduz à discussão sobre o conceito de custo 
de oportunidade, entendido como a renúncia ou o sacrifício de 
produção ou obtenção de um bem quando outro é escolhido. 
Assim, o custo de oportunidade para a obtenção da primeira 
unidade do bem alfa é uma unidade de beta, conforme pode 
ser verificado na Tabela 2. A segunda unidade de alfa demanda 
a desistência da produção de mais duas unidades de beta; a 
terceira unidade de alfa exige um custo de oportunidade de 
mais quatro unidades de beta, e assim pordiante. Ao final, para 
a produção da quinta unidade de alfa, deverão ser sacrificadas 
mais oito unidades de beta.
Sandroni (2005, p. 218) orienta que
(...) os custos não devem ser considerados absolutos, 
mas iguais a uma segunda melhor oportunidade 
de benefícios não aproveitada. Ou seja, quando a 
decisão para as possibilidades de utilização de A 
exclui a escolha de um (...) B, podem-se considerar 
os benefícios não aproveitados decorrentes de B 
como (...) custos de oportunidade.
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Esse custo de oportunidade, no caso específico de opções 
entre cada alternativa de produção de alfa e beta, está 
demonstrado no Gráfico 5.
Tabela 2
Custo de oportunidade
Alternativa
Quando a 
produção do 
bem alfa é...
...a produção do 
bem beta é...
...e o custo de 
oportunidade (em 
unidades de beta) é...
A 0 20
B 1 19 1
C 2 17 2
D 3 13 4
E 4 8 5
F 5 0 8
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
Gráfico 5
Custo de oportunidade
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Bem beta
Bem alfa
1
2
4
5
8
Fonte: Elaborado pelo economista e professor Fauzi Timaco Jorge.
A análise da CPP traz, também, o conceito conhecido como “Lei 
dos rendimentos decrescentes” ou, ainda, “Lei da produtividade 
marginal decrescente”. Vimos que o aumento da utilização dos 
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fatores de produção ocasiona deslocamentos positivos da CPP. 
Ampliando-se a quantidade de um fator variável e fixando a 
dos demais fatores, a produção aumentará, inicialmente, mas 
as taxas serão decrescentes. Se mantivermos essa situação, 
atingiremos um ponto a partir do qual teremos decréscimo da 
própria produção.
A produtividade marginal decrescente revela que a cada 
acréscimo de uma unidade de um determinado fator a produção 
crescerá a uma menor proporção.
Suponhamos que, num primeiro momento, como resultado 
da utilização de
• 100 unidades do fator terra;
• 300 unidades do fator capital;
• 50 unidades do fator trabalho;
obtém-se:
• 30 unidades do bem alfa; e
• 40 unidades do bem beta.
Num segundo instante, mantendo-se constante a quantidade 
do fator terra e aumentando-se o capital e a mão de obra para 
360 e 60 unidades, respectivamente, a produção passaria para 
35 e 45 unidades de alfa e beta.
Assim, para um aumento de 20% nos fatores, a produção 
cresceria em torno de 17%.
Num terceiro momento, utilizando-se:
• 100 unidades do fator terra;
• 430 unidades do fator capital;
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• 70 unidades do fator trabalho;
a possibilidade de produção atinge:
• 38 unidades do bem alfa; e
• 48 unidades do bem beta.
Percebe-se, nessa simulação, que a cada novo aumento de 
20% nos fatores capital e trabalho, mantendo constante a terra, 
as possibilidades de produção aumentam menos de 9%.
Como produzir?
Esta indagação está relacionada às possibilidades tecnológicas 
de produção da economia, que devem adotar técnicas e processos 
de produção que combinem, de forma eficiente, seus recursos 
humanos e patrimoniais. A absorção de novas tecnologias, 
todavia, não deve gerar desperdício de capital humano.
Para quem produzir?
Vasconcellos (2007, p. 5) lembra que essa questão é “(...) 
decidida no mercado de fatores de produção (pelo encontro 
da demanda e oferta [que estudaremos posteriormente] dos 
serviços dos fatores de produção”.
Trata-se de uma questão relacionada com a distribuição da 
renda entre os vários agentes econômicos, que se almeja que 
seja a mais justa possível, resolvendo os problemas de grande 
inequidade entre indivíduos, setores e regiões. Essa desigualdade 
tem servido de base para as contendas entre as classes sociais.
A Figura 3, a seguir, apresenta uma combinação entre uma 
estrutura produtiva eficiente, resolvendo as questões “o que e 
quanto produzir” e “como produzir” – e a justa distribuição da 
produção, solucionando o problema “para quem produzir”.
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Figura 3
Combinação ideal entre produção e distribuição
Solução ótima às questões “o quê e quanto produzir”, 
“como produzir” e “para quem produzir”
Estrutura 
produtiva eficiente
Justa e efetiva
distribuição da produção
Fonte: Jorge; Silva, 2001, p. 40.
A economia de mercado e as questões centrais da 
economia
Numa economia de mercado, com a propriedade privada dos 
meios de produção, as questões econômicas são resolvidas via 
mecanismo de preços, verificados nos vários mercados de bens, 
serviços e financeiros.
Os indivíduos procuram pelas alternativas que lhes tragam 
mais satisfação e vantagens, enquanto as empresas esperam 
maximizar seus lucros. Nessa liberdade de atuação da oferta e da 
procura, contrabalançada pela livre concorrência, não é desejável 
a intervenção do Estado na economia, cabendo-lhe, outrossim, 
estabelecer leis e contratos que possibilitem o funcionamento 
do mecanismo dos preços e do mercado.
As decisões sobre “o que e quanto produzir” seriam tomadas 
pelos consumidores e produtores. “Como produzir” seria resolvido 
pela competição entre os produtores, em busca de condições 
mais eficientes de alocação dos fatores de produção. A questão 
“para quem produzir” dependeria da capacidade de aquisição 
dos bens produzidos, de acordo com os rendimentos auferidos 
pelos agentes econômicos.
Síntese do item
Abordamos aqui os conceitos de fronteira de possibilidades 
de produção, custos de oportunidade e lei dos rendimentos 
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decrescentes e as questões centrais da economia: “o que e quanto 
produzir”, “como produzir” e “para quem produzir”, e como isso 
é resolvido por uma economia baseada no funcionamento dos 
mercados.
2.6 As alternativas de sistemas econômicos
Ao longo do tempo, cada sociedade tem organizado a 
sua vida econômica visando ao atendimento às prioridades e 
escolhas que objetivam o seu crescimento, apesar de contar 
com escassez de recursos.
Essas alternativas de organização, visando resolver os 
problemas relacionados com a produção e a distribuição dos 
bens e serviços, podem ser sintetizadas em três conjuntos, isto 
é, economias que se valem da tradição, mando e mercado.
A tradição ou herança
Nestas sociedades, as respostas aos problemas centrais da 
economia eram conseguidas com base em tarefas ensinadas e 
transferidas para as sucessivas gerações – de pai para filho.
Adam Smith, em sua obra The wealth of nations (A 
riqueza das nações), indicava que, por princípios religiosos, o 
indivíduo era obrigado a seguir a ocupação de seu pai, como 
uma espécie de força estabilizadorada sociedade. Apesar da 
crescente transferência do campo para a cidade, basicamente, 
era o nascimento que determinava as funções a ser exercidas 
pelo indivíduo na sociedade, seguindo a mesma trilha de seus 
antecedentes.
Por um longo tempo, as economias baseadas na tradição 
procuravam resolver as suas necessidades de produção e 
distribuição. Mas essa alternativa de solução dos problemas 
e questões econômicas era estática e, como tal, dificultava a 
mobilidade e o crescimento da sociedade.
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Abreu (1995, p. 13) comenta:
É uma sociedade tribal, onde as tarefas são rotineiras 
e herdadas através dos tempos, não evoluem e se 
tornam estagnadas em todos os aspectos – técnicos, 
sociais, econômicos etc. Possuem uma rudimentar 
divisão do trabalho em poucas atividades, gerando um 
sistema de trocas diretas (...) tornando desnecessário 
o uso da moeda.
O mando
Antigo como a alternativa anterior, este método é 
caracterizado por um sistema que opera sob o comando de 
um líder ou ditador, e as atividades econômicas são impostas 
e coordenadas via planejamentos centrais e setoriais. Ele, 
porém, não foi somente adotado pelas antigas sociedades, 
considerando-se, por exemplo, os casos dos países que optaram, 
no próprio século XX, pelo comunismo como orientação política 
e social.
Diferentemente da tradição, nesse sistema, pode ocorrer, 
em vez da diminuição, um aumento no ritmo da mudança 
econômica. A existência de uma liderança pode se tornar 
um importante facilitador para a implantação de mudanças 
econômicas, aliviando as pressões sobre o governo, que, então, 
pode melhor direcionar os recursos públicos visando aumentar 
a eficiência da economia ou melhorar a distribuição de renda 
entre os agentes econômicos.
O mercado
Uma terceira solução para o atendimento ao problema 
econômico é a organização da sociedade com base no livre 
funcionamento dos mercados, garantindo a interação de 
indivíduos, sem a orientação da tradição ou do mando. O bom ou 
mau funcionamento desse sistema é responsável pelos problemas 
enfrentados pelas sociedades atuais e, por isso, reconhece-se 
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a importância do conhecimento da ciência econômica para a 
compreensão dos mecanismos que balizam as atividades das 
sociedades que escolheram esse tipo de organização para a 
produção e distribuição dos seus bens e serviços.
Abreu (1995, p. 14) indica que
No sistema capitalista, tem-se a garantia institucional 
ou legal da propriedade privada dos meios de 
produção, e os agentes possuem plena liberdade de 
escolha entre o que, como e para quem produzir.
Síntese do item
Procuramos demonstrar as alternativas de solução dos 
problemas e questões econômicas com base na tradição, no 
mando, mais adotados no passado, e no mercado, que tem sido 
a escolha atual da maioria dos países.
3 A EVOLUÇÃO PARA A SOCIEDADE DE 
MERCADO
Objetivo
Neste capítulo, são analisados a evolução e os determinantes 
das várias organizações econômicas, cobrindo, de forma mais 
detalhada, o período desde o declínio da Idade Média até o 
século XIX, com a consolidação da Revolução Industrial.
Introdução
Abreu (1995, p. 21) comenta:
As primeiras manifestações sobre o significado do 
que era economia constituíam mais um conjunto 
de regras de moral prática e de conselhos políticos 
aos soberanos do que um conjunto de investigações 
científicas.
O valor de uso de um bem está 
relacionado com a sua utilidade. O valor 
de troca reflete a facilidade com que 
determinado bem possibilita a compra 
de outros.
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Os pensamentos econômicos eram uma das preocupações 
de Aristóteles, na Grécia antiga. Esse filósofo, ao que se sabe, foi 
o primeiro a tentar estabelecer as diferenças entre valor de uso 
e valor de troca.
Nessas sociedades da Antiguidade, havia o predomínio do 
poder político sobre o econômico.
Heilbroner (1980, p. 42) observa que “todas as sociedades 
antigas eram basicamente economias rurais. Isso não impediu 
que houvesse uma sociedade urbana muito (...) rica (...)”.
Henry Pirenne (apud Abreu, 1995, p. 22) escreveu a respeito 
das corporações de trabalho da Idade Média: “(...) um grupo 
que desfrutava o privilégio de praticar exclusivamente uma 
profissão determinada segundo os regulamentos sancionados 
pela autoridade pública (...)”.
A queda do Império Romano do Ocidente e as sucessivas 
invasões de povos oriundos do Norte, do Leste e do Sul fizeram 
com que os campos europeus fossem retalhados, e iniciou-se 
o período que ficou conhecido como Idade Média. A região 
passou a contar com uma hierarquia feudal na qual o servo ou 
camponês era protegido pelos senhores feudais, que também 
deviam fidelidade e eram protegidos por senhores mais 
poderosos. Essa era a estrutura do sistema até chegar-se ao 
rei. Os camponeses eram vinculados a determinado senhor, que 
representava amplamente o poder (político, militar, econômico 
e social). Trabalhavam para esse senhor, entregando-lhe bens em 
espécie e, posteriormente, pagando taxas e tributos. Recebiam 
do senhor feudal, em troca, proteção militar e, muitas vezes, 
econômica (em situações de crises).
Desse período até o (re)surgimento das ideias liberais, em 
meados do século XVIII, notadamente, ocorreram vários fatos 
que desaguaram na implementação da moderna sociedade de 
mercado.
O extenso período histórico 
conhecido como Idade Média abrange 
todo o mundo Ocidental, da Suécia 
ao Mediterrâneo, começando com a 
queda de Roma e terminando com o 
Renascimento.
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Síntese do capítulo
Este capítulo apresentará uma análise da história das 
transformações das sociedades econômicas até a atual 
organização fundamentada na livre atuação dos mercados.
3.1 As mudanças
O mercador itinerante pode ser identificado como um dos 
fatores transformadores das anteriores organizações sociais e 
econômicas. Percorriam enormes distâncias em estradas de 
péssima conservação e contribuíam para a mudança dos hábitos 
das comunidades que visitavam, incentivando o comércio entre 
os agentes econômicos.
A crescente urbanização, reforçada a partir dos burgos 
(pequenas regiões em que os mercadores se instalavam, 
próximas a castelos e fortificações medievais), ia também 
contribuindo para o desenvolvimento das atividades de 
comércio. Desenvolvimentos básicos na agricultura e melhorias 
nos esquemas de energia e de transportes foram pré-requisitos 
para essa disseminação, estimulando a expansão urbana e 
incentivando a indústria.
A influência desintegradora do feudalismo fazia com 
que as cidades, cada vez mais, surgissem como organizações 
cooperativas, com crescente independência política e econômica. 
Sua existência proporcionava a base para a expansão das 
transações monetárias.Com a crescente liberdade e prosperidade 
das cidades, começaram a surgir diferentes classes sociais – a 
oligarquia comercial, associada em guildas – e os governos das 
cidades.
As expedições que ficaram conhecidas como Cruzadas 
constituíram, por certo, outro componente de grande 
importância nessas mudanças econômicas e sociais.
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Elas não podem ser consideradas apenas como ações de cunho 
religioso, para a conversão ao cristianismo dos povos pagãos 
do Oriente, já que tinham objetivos econômicos, tais como os 
de colonização e de exploração das regiões que conquistavam. 
A partir delas, houve a aproximação de dois universos muito 
diferentes: o feudalismo europeu, com predominância das 
atividades rurais, e a exuberância urbana das nações orientais, 
que, ao contrário das primeiras, buscavam ativamente o comércio 
e a obtenção de lucros.
Heilbroner (1980, p. 74) comenta que “(...) os simplórios 
cruzados viam-se transformados em peões de um jogo de 
interesses econômicos que eles pouco entendiam (...)”.
No rol dessas mudanças, não se pode esquecer do forte papel 
desempenhado pela constituição dos Estados nacionais, em 
função da aglutinação das fragmentadas entidades econômicas 
e políticas da Europa em conjuntos maiores. Durante grande 
parte da Idade Média, muitos dos direitos do senhor feudal 
tornaram-se fracos ou incertos, ocasionando a fragmentação 
do poder político.
Papel de grande importância em todas essas transformações 
foi também representado pela empreitada das grandes 
explorações marítimas, entre os séculos XIV a XVI. Elas 
permitiram um afluxo de metais preciosos (ouro e prata) para a 
Europa, a partir da Espanha, originados das minas do México e 
do Peru. Tais metais eram transferidos para outros países, com 
os pagamentos, em ouro, das importações espanholas. Tal fato 
elevou drasticamente a inflação, favorecendo a especulação e o 
comércio.
Outro fator de destaque para a explicação dessas mudanças 
pode ser encontrado na mudança do espírito religioso que 
vigorava na época.
A Igreja, detentora de grandes fortunas, exercia uma enorme 
influência sobre a vida humana em geral. Abreu (1995, p. 23) 
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comenta que “o pensamento econômico medieval era prático e 
dependente da moral cristã, a qual exercia uma forte restrição ao 
ganho excedente. A Igreja reconhecia a dignidade do trabalho, 
mas condenava os juros e só admitia o preço justo”.
A Igreja ensinava que era temporária a vida na terra e, assim, 
todos deveriam se preparar para a eternidade. O reformador 
protestante João Calvino (1509-1564) foi um dos responsáveis 
por uma grande reforma, ao pregar com base em uma nova ótica 
teológica, segundo a qual, desde o começo, Deus tinha escolhido 
os salvos e os condenados, e nada que o homem pudesse fazer 
na terra alteraria essa determinação sagrada e inviolável.
Heilboner (1980, p. 67) comentando a condenação à 
usura:
Durante toda a época medieval, a Igreja – principal 
organização social do período – suspeitou da 
atividade de compra e venda. Em parte, isso refletia 
a aversão pelas práticas de exploração da época e, 
em parte, era consequência de um antigo desprezo 
pelo ganho de dinheiro e, especialmente, pelo 
empréstimo de dinheiro (usura). Os líderes religiosos 
da época preocupavam-se a respeito dos preços 
‘justos’ e não admitiam que a compra e a venda não 
regulamentadas dessem origem a preços justos. 
Os calvinistas aprovavam, porém, o esforço humano, o 
que desenvolveu a ideia de que isso era uma demonstração da 
dedicação à vida religiosa. Foi tomando corpo a ideia de que um 
homem bem-sucedido poderia estar mais perto de Deus.
Gradualmente, foi ocorrendo, também, a monetarização 
das obrigações feudais. Os pagamentos em espécie são 
gradativamente substituídos por tributos e rendas da terra em 
dinheiro, o que era bem-visto pela nobreza rural, que precisava 
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pagar por seu consumo. A inflação, destarte, corroía o valor real 
dos recebimentos feudais, diminuindo o seu poder de compra. 
A expansão da economia monetária é, pois, um novo fator 
que transferiu o poder às novas classes mercantis, bem mais 
habituadas ao uso do dinheiro.
Weber (2008, p. 129):
A riqueza (...) é condenável eticamente só na medida 
em que constituir uma tentação para vadiagem e 
para o aproveitamento pecaminoso da vida. Sua 
aquisição é má somente quando é feita com o 
propósito de uma vida posterior mais feliz e sem 
preocupações. Mas, como o empreendimento de 
um dever vocacional, ela não é apenas moralmente 
permissível, como diretamente recomendada.
Os reis foram cada vez mais se associando aos mercadores, 
já que estavam frequentemente endividados e tinham grandes 
despesas com a manutenção do reino e o suporte às atividades 
militares.
Síntese do item
Neste item, foram abordadas as grandes transformações que 
estavam ocorrendo nas sociedades econômicas a partir do século 
X, e que levaram ao surgimento da sociedade de mercado.
3.2 A configuração dos fatores de produção: 
trabalho, terra e capital
O progressivo aumento da monetarização alterou as 
próprias relações sociais e o modo de produção da economia.
O trabalho já não era meramente uma relação social em que 
servo ou aprendiz trabalhava para um senhor feudal ou mestre de 
corporação, recebendo deste uma proteção militar e econômica 
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para a sua subsistência; transformou-se numa mercadoria, 
oferecida no mercado pelo melhor preço que se pudesse obter, 
desprovida de quaisquer responsabilidades recíprocas por parte 
do comprador, excetuando o pagamento de salários.
A terra passou a ser considerada também possível de ser 
comprada ou arrendada, em função do retorno econômico 
que propiciava. A renda monetária determinada pelo seu uso 
produtivo substituiu os antigos tributos e taxas e os pagamentos 
em espécie. Ocorre a mesma transformação com a propriedade: 
passou a ser tratada como capital, podendo gerar juros ou 
lucros.
Os cercamentos e delimitações dos campos pelos senhores 
rurais eram fortemente estimulados pelo florescimento da 
manufatura e crescimento das exportações de lã, também 
fontes de receita monetária, ao permitir a criação de carneiros 
e ovelhas.
Com a delimitação das terras para criação de carneiros, 
aldeias inteiras foram dizimadas. Sir Thomas More descreveu 
esse episódio no Livro I de sua Utopia:
Esses animais [os carneiros], tão dóceis e tão sóbrios 
em qualquer outra parte, são entre vós de tal modo 
vorazes e ferozes que devoram mesmo os homens 
e despovoam os campos, as casas, as aldeias. De 
fato, a todos os pontos do reino onde se recolhe a 
lã mais fina e mais preciosa acodem, em disputa do 
terreno, os nobres, os ricos e até os santos abades. 
Essa gente não se satisfaz com as rendas,

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