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INDICADORES DE SAÚDE Professora: Daniela Aquino Mensurar o estado de saúde e bem estar de uma população é crucial para diagnósticos, realização de intervenções e avaliação de impactos em grupos de indivíduos. ATRAVÉS DAS MEDIDAS É POSSÍVEL: Conhecer as principais doenças e agravos à saúde que afetam as comunidades; Os grupos mais suscetíveis; As faixas etárias mais atingidas; Os riscos mais relevantes; Os mecanismos efetivos de controle para cada caso. INDICADORES DE SAÚDE São parâmetros utilizados internacionalmente para avaliar o quadro sanitário de uma maneira geral, fornecendo subsídios para ações de planejamentos de saúde, acompanhamento das flutuações e tendências históricas. Os indicadores de saúde revelam a situação de saúde de um indivíduo ou da população (morbidade e mortalidade), propõem intervenções atuais (diagnósticos) e novos caminhos a seguir (prognósticos). ATENÇÃO Não há um indicador mais apropriado A escolha de um indicador depende dos objetivos propostos em cada situação, aspectos metodológicos, éticos e operacionais. CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE INDICADORES Validade Confiabilidade (Reprodutibilidade ou Fidedignidade) Representatividade (Cobertura) Preceitos Éticos Enfoque Técnico-Administrativo VALIDADE O indicador deve ser adequado para medir o problema, o evento, além de discriminar corretamente um evento do outro. Ex.: A anemia pode ser medida através de um indicador como a hemoglobina no sangue periférico, determinando que a dosagem inferior a 12g/dL reflete a existência da doença. CONFIABILIDADE Obtenção de resultados semelhantes quando a mensuração é repetida. Ex.: A repetição da dosagem de hemoglobina em uma mesma amostra apresenta concordância de resultados? Um indicador de “baixa confiabilidade” não tem utilidade pratica, enquanto um de “alta confiabilidade” só tem utilidade se for também de “alta validade”. REPRESENTATIVIDADE Um indicador sanitário mais apropriado é aquele que apresenta uma cobertura populacional maior. Ex.: As estatísticas vitais vigentes no Brasil não refletem a real situação por motivos de coletas de dados. PRECEITOS ÉTICOS Mantidos de forma discreta e competente facilitam a implementação de indicadores, desde que não acarretem malefícios ou prejuízos às pessoas investigadas. ENFOQUE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO O emprego de indicadores exige consideração detalhada de outras características, como simplicidade, flexibilidade, facilidade de obtenção, custo operacional compatível e oportunidade. Logo, a obtenção de dados pertinentes à pesquisa deve ser confiável e de fácil obtenção, sendo também conveniente aos pesquisadores. Uma máquina administrativa eficiente com um sistema de informação adequado gera melhores indicadores de saúde. EXPRESSÃO DOS RESULTADOS A preparação de indicadores envolve: A contagem de unidades: doentes, inválidos, acidentados, óbitos, episódios, etc. A medição de alguma característica: peso, altura, nível de pressão arterial, glicose, colesterol, mercúrio, chumbo, etc. Valores absolutos: é a maneira mais simples de apresentar resultados, também chamados de dados não-trabalhados. Não informam a real grandeza do problema, mas são suficientes para causar o impacto desejado. Ex.: Número de óbitos por febre amarela no Rio de Janeiro, no período 1872-1909. Valores Relativos: as comparações entre as freqüências são feitas com base na relação entre elas, assim é possível analisar mortalidade e morbidade. Podemos analisar os óbitos por febre amarela no Rio de Janeiro da seguinte maneira: 1. em relação à população, ou seja, o número de pessoas falecidas por febre amarela no Rio de Janeiro, entre as que residiam nesta cidade, em cada ano; essa forma de expressão é denominada “coeficiente” ou “taxa” (números de eventos reais e os que poderiam acontecer). Este coeficiente é, portanto, uma medida de risco; 2. em relação ao total de óbitos; no caso, expressaria a “proporção” de óbitos devidos a febre amarela, no obituário geral; 3. em relação a um outro evento, isto é, a “razão”, por exemplo, entre o número de óbitos por febre amarela e o número de óbitos por tuberculose. OBSERVAÇÃO: A situação (1) é mais facilmente destacada em saúde pública pela noção de risco empregada, enquanto que as situações (2) e (3) refletem o que chamamos de índices com referência a outros eventos. Coeficiente = número de casos X constante população sob risco Numerador: no de casos (doença, óbito, incapacidade) Denominador: a população sob risco de adoecer, morrer, etc (grupo de origem dos casos). Constante: 10, 100, 1000, 10.000, 100.000, etc.; pode ser qualquer múltiplo de 10 que evite muitos decimais e melhor expresse o resultado final. A comparação dos dados deve estar associada a mesma base para análise final. Ex.: coeficiente anual de morbidade por tuberculose: cinco casos de tuberculose por mil habitantes, quer dizer que a chance de um indivíduo adquirir a doença no período de um ano é de cinco em 1000 ou um em 200 (5/1000 = 1/200). PRINCIPAIS INDICADORES UTILIZADOS EM SAÚDE Mortalidade, Morbidade, Nutrição, Aspectos Demográficos, Condições Socioeconômicas, Saúde Ambiental, Serviços de Saúde. MORTALIDADE Foi o primeiro indicador utilizado em avaliações da saúde coletiva, e hoje, é o mais empregado. Todo óbito, ao contrário da doença, tem que ser registrado e forma uma base de dados. Refere-se ao conjunto de indivíduos que morreram num dado intervalo de tempo. Os indicadores que expressam a mortalidade da população são numerosos. Os mais comumente usados são: Mortalidade geral Mortalidade infantil, mortalidade materna, expectativa de vida, mortalidade por sexo, por idade, por causas, por local. Indicador de Swaroop e Uemura ou razão de mortalidade proporcional (RMP) Óbitos de pessoas com idade igual ou superior a 50 anos RMP = x 100 Total de óbitos INDICADOR DE SWAROOP E UEMURA OU RAZÃO DE MORTALIDADE PROPORCIONAL (RMP) 1º nível (RMP ≥ 75,0%): países ou regiões onde 75% ou mais da população morre com 50 anos ou mais de idade, típico de países desenvolvidos; 2º nível (RMP entre 50,0% e 74,9%): países com certo desenvolvimento econômico e regular organização dos serviços de saúde; 3º nível (RMP entre 25,0% e 49,9%): países em estágio atrasado de desenvolvimento das questões econômicas e de saúde; 4º nível (RMP < 25,0%): países ou regiões onde 75% ou mais dos óbitos ocorrem em pessoas com menos de 50 anos, característico de alto grau de subdesenvolvimento. INDICADOR DE NELSON MORAES É uma maneira especial de agrupar as idades, para construir curvas de mortalidade proporcional. É muito usada no Brasil com a finalidade de comparar regiões ou acompanhar a evolução da mortalidade, em dada população. CONSTRUÇÃO DA CURVA DE MORTALIDADE PROPORCIONAL A distribuição de óbitos é feita em cinco grupos etários: 1. óbitos infantis (menores de 1 ano) 2. pré-escolares (1 a 4 anos) 3. escolares e adolescentes (5 a 19 anos) 4. Adultos jovens (20 a 49 anos) 5. Adultos de meia-idade e velhos (50 e mais anos). INDICADOR DE GUEDES (QUANTIFICAÇÃO DE MORTALIDADE PROPORCIONAL POR IDADE) Esta forma de mensuração de mortalidade, toma por base as mesmas faixas etárias utilizadasno indicador de Nelson Moraes. Através de um sistema de ponderação, chega- se a um único número, que resume a mortalidade da população. Limitações do Uso da Mortalidade como Indicador Nem sempre as estatísticas de morte revelam a real história de uma doença, fatores incompletos; Danos de natureza dermatológica, osteoarticular e psiquiátrica não estão representados nas estatísticas de óbito; O indicador de mortalidade aponta para a necessidade de um outro indicador que seja complementar na avaliação do óbito. COEFICIENTES DE MORTALIDADE Coeficiente de mortalidade geral: No total de óbitos período x 1000 População total na metade do período Coeficiente de mortalidade por idade (local) No de óbitos no grupo etário, no período x 100.000 Pop. do mesmo grupo etário, na metade do período DECLARAÇÃO DE ÓBITO A partir de 1976 foi adotado um modelo único de Declaração de Óbito no País, sendo um passo decisivo para a uniformização das nossas estatísticas de mortalidade. Alguns pontos da “declaração de óbitos” têm recebido atenção especial dos especialistas por apresentar erros que podem comprometer as estatísticas de mortalidade. São eles: O preenchimento da declaração O diagnóstico médico das causas do óbito A codificação das causas do óbito A classificação das causas do óbito MORBIDADE Indicador essencial para avaliação do nível de saúde da população e o aconselhamento de medidas de caráter abrangente, que visem melhorar o estado sanitário da comunidade. Refere-se ao conjunto de indivíduos que adquiriram a doença num dado intervalo de tempo. Incidência: é o número de casos NOVOS de um evento, em uma população definida, num dado período de tempo. É dinâmica na coletividade. Ex.: incidência da infecção por HIV durante o ano de 2006 no estado de Pernambuco. Ex.: entre 400 adultos acompanhados durante um ano foram diagnosticados 2 casos de febre amarela → 2/400 = 0,005 = 0,5% = 5 casos por mil adultos, no ano. número de “casos novos” em TI= determinado período x constante (10n=1000) número de pessoas expostas ao risco, no mesmo período Prevalência: é o número de casos EXISTENTES de um evento, em uma população definida, em determinado momento. É estática na coletividade. Ex.: prevalência de infecção por HIV no dia de hoje no município do Recife, Pernambuco. Somam-se casos novos e antigos, ou seja, os que entraram somente hoje (incidência) e os casos totais até o dia de hoje (prevalência). TP= número de casos existentes x constante (10n=1000) número de pessoas na população Ex.: entre os mesmos 400 adultos submetidos a exame parasitológico de fezes, no início do ano, foram encontrados 40 com exame positivo para Entamoeba histolytica (amebíase) → 40/400 = 0,1= 10%= 100 casos por mil. INDICADORES NUTRICIONAIS Avaliação indireta do estado nutricional: mortalidade pré-escolar (1 a 4 anos); mortalidade infantil (< 1 ano); mortalidade infantil tardia (28 dias a 11 meses); disponibilidade de alimentos, renda per capita e distribuição de renda. Avaliação direta do estado nutricional: avaliações dietéticas, avaliações clínicas e avaliações laboratoriais. INDICADORES DEMOGRÁFICOS Mortalidade, esperança de vida, fecundidade, natalidade, composição da população (idade, sexo). INDICADORES SOCIAIS Renda per capita, distribuição de renda, taxa de analfabetismo e proporção de crianças em idade escolar fora de escolas. INDICADORES AMBIENTAIS Relacionados com o nível socioeconômico da população: condições de moradia e peridomicílio. Indicadores sanitários: saneamento básico (abastecimento de água, esgotos, coleta de lixo, águas pluviais). SERVIÇOS DE SAÚDE Recursos humanos e materiais, recursos financeiros, distribuição dos recursos financeiros, indicadores de processo, indicadores de resultado.
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