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Doenças transmissíveis e não transmissíveis

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Aula 9: Doenças Transmissíveis e Doenças Não-Transmissíveis
Professora: Daniela Aquino
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 Uma determinada doença, em relação a uma população, que afete ou que possa vir a afetar, pode ser caracterizada como:
Presente em nível endêmico
Presente em nível epidêmico
Presente em casos esporádicos
Inexistente
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 O favorecimento de uma dessas situações dependerá de inúmeros fatores relacionados ao agente, ao ambiente e ao suscetível, a que denominamos estrutura epidemiológica.
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Atenção
Elevado número de casos de certa doença em determinado lugar não indica necessariamente a existência de uma epidemia.
 Ex.: 241 casos de coqueluche registrados na Bahia no ano 2000 não foram considerados como definindo um evento epidêmico, pois há mais de um decênio os casos de coqueluche na Bahia vêm se mantendo em níveis de 63 a 1300 casos (www.funasa.gov.br).
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Já um único caso pode ser tido como epidêmico.
 Ex.: Um morador do Ceará foi hospitalizado com suspeita de cólera e confirmado laboratorialmente como portador do Vibrio cholerae.
 A partir deste primeiro caso, inúmeros outros foram notificados em uma comunidade residente em torno de uma única cacimba, confirmando assim, o processo epidêmico. Uma vez tendo-se o controle da situação, hoje a cólera se mantém em níveis endêmicos no Ceará.
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Hipócrates usou os termos:
Endemeion: no sentido de “habitar” o lugar, nele residindo de longa data ou nele se instalando por longo tempo. 
Epidemeion: no sentido de “visitar”, no intuito talvez de salientar o caráter de temporalidade, de provisório.
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Logo, definimos Endemia como sendo:
A ocorrência coletiva de uma determinada doença, no decorrer de um largo período histórico, acometendo sistematicamente grupos humanos distribuídos em espaços delimitados e caracterizados, mantendo à sua incidência constante, permitidas as flutuações de valores , tais como as variações sazonais.
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Ou seja,
 Qualquer doença espacialmente localizada, temporalmente ilimitada, habitualmente presente entre os membros de uma população e cujo nível de incidência se situe sistematicamente nos limites de uma faixa endêmica que foi previamente convencionada para uma população e época determinadas.
 
 
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E Epidemia:
É a ocorrência de um nítido excesso de casos de uma doença em relação ao esperado, para uma determinada área ou grupo específico de pessoas, num período de tempo particular.
Ou seja,
É a ocorrência de doença em um número elevado de pessoas ao mesmo tempo.
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Curva Epidêmica
Através desta curva é possível avaliar o processo saúde-doença de massa até uma situação epidêmica.
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 Egressão: ocorrência de um descontrole que compromete o equilíbrio endêmico. Os coeficientes de incidência ultrapassam o limite superior endêmico estabelecido, permanecendo acima do limiar epidêmico. É a fase de surgimento dos primeiros casos, terminando na anulação da incidência ou estabilização da endemicidade.
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 Progressão: é a fase inicial do estabelecimento da epidemia atingindo seu clímax. Caracteriza-se por:
Incidência progressivamente crescente, acima do limiar epidêmico;
Desequilíbrio acidental, permanente ou continuamente crescente, na estrutura epidemiológica;
Evento inesperado e fora de controle.
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 Incidência Máxima: é o ponto máximo da progressão.
 A exaustão da força progressiva se deve a uma combinação de alguns fatores:
Diminuição do número de suscetíveis;
Diminuição do número de casos acidentais;
Ação intencional de vigilância e controle;
Processos naturais de controle.
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 Regressão: é a última fase na evolução de uma epidemia. Caracteriza-se por:
Retorno aos valores iniciais de incidência;
Estabilização em um patamar endêmico;
Regressão até incidência nula, ou mesmo erradicação.
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Surto Epidêmico
 Trata-se de uma ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, edifícios, bairros, etc. Pode se transformar em uma epidemia.
Exemplo Clássico: uma cozinheira dos EUA, que ficou conhecida na história como Maria Tifosa, portadora da Salmonella typhi, foi responsável pelo grande número de casos registrados em casas de família, colégios e restaurantes.
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Pandemia
 É a ocorrência epidêmica caracterizada por uma larga distribuição espacial, atingindo várias nações, podendo passar de um continente a outro. É limitada no tempo e ilimitada no espaço.
 
Ex: Sétima pandemia de cólera;
 Gripe asiática 
 aids
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Doença
 Desajustamento ou falha nos mecanismos de adaptação do organismo ou uma ausência de reação aos estímulos a cuja ação está exposto.
 História Natural da Doença:
Estado inicial de saúde;
Organismo em presença de agentes patogênicos ou de fatores de risco (agente causal + suscetível + ambiente);
Perturbações da normalidade;
Avanço da doença (defeitos, invalidez, recuperação ou morte).
 
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 As doenças do ponto de vista etiológico pertencem a duas categorias:
Doenças infecciosas
Doenças não-infecciosas
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Doença Infecciosa: é a doença clinicamente manifesta, do homem ou dos animais, resultante de uma infecção (OPAS, 1983).
 
Infecção: é a penetração e desenvolvimento ou multiplicação de um agente infeccioso no organismo de uma pessoa ou animal.
 Logo, infecção não é sinônimo de doença infecciosa. Pois, pode ocorrer infecção sem doença.
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Infestação: alojamento, desenvolvimento e reprodução de artrópodes na superfície do corpo ou nas vestes.
 Objetos e locais infestados são os que albergam ou abrigam formas animais (artrópodes e roedores).
Doenças Contagiosas
 São doenças infecciosas cujos agentes etiológicos atingem os sadios através do contato direto desses com os indivíduos infectados.
Ex.: sarampo, transmitido por secreções oronasais; doenças sexualmente transmissíveis (gonorréia, sífilis, etc.)
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 Toda doença contagiosa é infecciosa, mas o inverso não é verdadeiro.
Ex.: o tétano é uma doença infecciosa não contagiosa, porque não se transmite diretamente de pessoa a pessoa, mas é transmissível porque os esporos dispersos no meio ambiente podem se transmitir às pessoas sadias através da pele e mucosas.
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Doenças Transmissíveis
 
 São doenças transmitidas de seres humanos para seres humanos, ou de animais para seres humanos, trazidas até nós por insetos ou outros vetores, ou transmitidas através do ar que respiramos, da água que bebemos e mesmo do solo que pisamos (OMS).
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 A causa “necessária” da doença infecciosa é o seu “agente biológico específico”. Mas, o agente nem sempre é suficiente para produzir a doença; outros fatores (causas contribuintes), como a redução da resistência do organismo do hospedeiro favorece o desenvolvimento da doença.
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Agentes etiológicos: vírus, bactérias, fungos, helmintos, protozoários.
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Características do ambiente físico e biológico são, muitas vezes, fatores fundamentais no circuito de transmissão.
A cólera se alastra, rapidamente, em ambientes sem condições adequadas de saneamento básico;
As florestas são propícias para o desenvolvimento dos anofelíneos (transmissores da malária), ao contrário do cerrado. Esta doença também não ocorre em lugares elevados, pela impossibilidade de adaptação do vetor às grandes altitudes;
Muitos agentes etiológicos de doenças infecciosas não resistem a condições desfavoráveis, como o clima seco, o frio e a exposição direta à luz solar.
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 Além disso, outros fatores podem contribuir para a transmissão de doenças:
O incremento do turismo e do intercâmbio de produtos animais e vegetais;
A hospitalização traz o risco de infecção hospitalar;
O uso extensivo e inadequado de antibióticos facilita a eclosão de infecções por germes a eles resistentes;
A utilização
de técnicas invasivas de diagnóstico e de tratamento, altera profundamente o meio interno, o que favorece o aparecimento de infecções oportunistas.
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Cadeia Epidemiológica
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Tríade Epidemiológica
1. Agente etiológico;
2. Meio ambiente propício à transmissão;
3. Hospedeiro suscetível.
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Características dos componentes da Tríade Epidemiológica
Com relação ao Agente Etiológico
Infectividade: capacidade de se instalar no hospedeiro e nele multiplicar-se (infectar). Agentes com alta infectividade (vírus da gripe). Agentes com baixa infectividade (fungos);
Patogenicidade: capacidade de produzir doença. Alta patogenicidade (vírus do sarampo); baixa patogenicidade (vírus da poliomielite);
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Virulência: capacidade de produzir manifestações graves ou fatais. Alta virulência (vírus da raiva, onde todo caso é fatal); baixa virulência (vírus do sarampo);
Dose infectante: é a quantidade do agente etiológico necessária para iniciar uma infecção. Varia com a virulência do agente etiológico e com a resistência do hospedeiro;
Poder invasivo: é a capacidade que tem o parasito de se difundir através de tecido, órgãos e sistemas do hospedeiro;
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Imunogenicidade: é a capacidade que tem o agente etiológico de induzir imunidade no hospedeiro. Alta imunogenicidade (vírus da rubéola, do sarampo, da varicela, etc); baixa imunogenicidade (vírus da rinofaringite aguda);
Antigenicidade: capacidade de produzir anticorpos;
Mutagenicidade: capacidade de alterar características genéticas.
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Com relação ao Reservatório e Fonte de Infecção
Homem: seja em fase clínica e subclínica da doença, ou estado de portador;
Animal: selvagem ou doméstico;
Solo: esporos (formas de resistência).
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Com relação à porta de entrada no hospedeiro
Respiratória: sarampo, varicela, etc;
Intestinal (ou alimentar): hepatite infecciosa, cólera, etc;
Pele e mucosas (sem vetor): micoses, doenças sexualmente transmissíveis, etc;
Sangue (por vetores): malária, doença de Chagas.
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Transmissão
Levar ou fazer passar algo de um ponto a outro.
O quê?
De onde?
Para onde?
Por que meios?
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Vias de Transmissão
Transmissão direta: por contato físico (tocar, morder, beijar e ter relações sexuais – contágio imediato). Também por projeção de muco ou gotículas de saliva através do ato de falar, cantar, tossir, cuspir e espirrar;
Transmissão indireta: mediante objetos ou veículos contaminados (roupas, talheres, água, alimentos, produtos biológicos- sangue, urina), etc; por intermédio de um inseto vetor (transmissão passiva ou ativa); através de aerossóis microbianos (suspensão no ar de material infectante).
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 Entre os fatores que influenciam a propagação de agentes infectantes estão: a densidade populacional, as condições higiênicas e a proporção de indivíduos suscetíveis na coletividade.
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Veículos
São objetos ou materiais contaminados que sirvam de meio mecânico, auxiliando um agente infeccioso a ser transportado e introduzido em um hospedeiro suscetível. Ex.: água, leite, outros alimentos e objetos contaminados.
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Substrato
É o material de origem vital produzido em processo fisiológico ou patológico por organismos vivos, que carreia consigo formas de sobrevivência do agente infectante.
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Medidas específicas utilizadas no controle das doenças infecciosas
Atuação nos reservatórios
Animal: eliminação (ratos), vacinação (gado e animais domésticos);
Humano: isolamento (meningite meningocócica), diagnóstico e tratamento (portadores crônicos de salmonelose);
Meio ambiente: desinfecção (destruição dos agentes fora do organismo, pelo formol, raios ultravioletas, etc) e limitação da exposição aos agentes (do solo e das cavernas).
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Interrupção de transmissão no meio ambiente
Saneamento ambiental (da água, ar e solo);
Vigilância sanitária (de gêneros alimentícios e drogas);
Controle de vetores (desinsetização e moluscicidas).
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Proteção do indivíduo suscetível
Educação para a saúde, incluindo higiene pessoal;
Imunização ativa e passiva;
Quimioprofilaxia e quimioterapia;
Diagnóstico precoce de casos (busca de casos);
Tratamento efetivo.
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Doenças Emergentes e Reemergentes
Doenças Emergentes: são aquelas que surgiram recentemente (nas 2 últimas décadas) numa população ou as que ameaçam se expandir num futuro próximo.
Ex.: HIV/aids
 Hantavírus
 Dengue, febre hemorrágica do dengue 
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Doenças Reemergentes: são aquelas causadas por microorganismos bem conhecidos que estavam sob controle, mas tornaram-se resistentes às drogas antimicrobianas comuns ou estão se expandindo rapidamente em incidência ou em área geográfica (cólera nas Américas).
Ex.: Malária
 Tuberculose
 Cólera
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Doenças Não – Infecciosas
 Nas últimas décadas, o Brasil tem passado por importantes modificações no seu padrão de morbidade e mortalidade, relacionados, principalmente com as seguintes condições:
1. redução da mortalidade precoce, especialmente aquela ligada a doenças infecciosas e parasitárias;
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2. aumento da expectativa de vida ao nascer, com o conseqüente incremento da população idosa e das causas de adoecimento e morte mais prevalente nesse grupo etário;
3. processo acelerado de urbanização e de mudanças socioculturais que respondem, em grande parte, pelo aumento de acidentes e das violências, bem como por determinadas mudanças no perfil epidemiológico de algumas doenças transmissíveis.
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O que é uma doença não-infecciosa?
É aquela que, no estado atual do conhecimento clínico e fisiopatológico, não se relaciona com uma invasão do organismo por outros seres vivos parasitários.
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 Algumas designações “não-infecciosa”, “não-transmissível”, “crônico-degenerativa”, “crônica não-transmissível” ou, simplesmente, “crônica” são muitas vezes empregadas como sinônimos, mas devem ser feitas restrições quanto a isto.
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Doença crônica: doença com evolução de longa duração. O termo “doença crônica” é bastante utilizado como sinônimo de doenças não-infecciosas, porém, muitas doenças infecciosas são crônicas. Ex.: hanseníase, tuberculose, esquistossomose, doença de Chagas, etc. 
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Doença crônico-degenerativa: é o termo empregado em acometimentos como arteriosclerose, artropatias, diabetes. Em doenças infecciosas crônico-degenerativas podemos encontrar doença de Chagas e hanseníase.
Ex.: Doença de Chagas – miocardiopatia, megaesôfago, megacólon, alterações degenerativas do tecido muscular e dos gânglios nervosos.
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Doença não – transmissível: não são transmitidas de pessoa a pessoa, ou seja, não há risco de propagação na coletividade.
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Fatores Causais das Doenças Não – Infecciosas
 As doenças crônicas resultam de um processo multifatorial, em geral, gradativo e cumulativo, que é explicado por uma inter-relação complexa entre fatores hereditários e não-hereditários.
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 Agentes: mercúrio, chumbo (intoxicações); vírus da hepatite B (hepatocarcinoma); fumo, álcool, pesticidas, fertilizantes, monóxido de carbono, dióxido de enxofre, radiações.
 Todavia, a maioria das doenças crônico-degenerativas não tem agente etiológico, o que não significa que ele não exista.
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Exposição a fatores de risco: a falta de um agente específico dificulta as pesquisas sobre o assunto. São chamados “fatores de risco” as circunstâncias do ambiente ou as características das pessoas, herdadas ou adquiridas, que lhes conferem uma maior probabilidade de acometimento, imediato ou futuro, por um dano à saúde.
Ex.: mulher hipertensa, que fuma e usa anticoncepcional, é séria candidata a sofrer de doença cardiovascular. Porém, muitas mulheres com os mesmos fatores de risco, não sofrerão dos mesmos problemas.
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Predisposição do organismo: a hereditariedade tem um importante papel
na explicação de agravos à saúde na população. As cargas genéticas são variáveis, pis dependem dos seus antepassados, tanto para as doenças infecciosas como para as não-infecciosas.
As pessoas se expõem de maneira desigual aos riscos e respondem também de maneira desigual às agressões.
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 Principais fatores de riscos e de agravos à saúde de natureza crônico-degenerativa
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O fator de risco é central no raciocínio causal da epidemiologia moderna.
Classificação dos fatores de risco
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As afecções crônico-degenerativas estão muito associadas à idade, ao processo de envelhecimento e ao modo de vida das pessoas. 
A industrialização, a urbanização da população, a poluição ambiental, as condições de trabalho, as preocupações, o estilo de vida, a dieta, o desemprego e a modernização da sociedade produzem estímulos que concorrem para aumentar a incidência das doenças metabólicas e degenerativas, de natureza ocupacional, de acidentes e violências de todos os tipos, assim como de patologias sociais (uso de drogas) e ambientais (intoxicações).
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Desenvolvimento da Doença
Período de latência das doenças crônico-degenerativas:
Semelhante ao período de incubação das doenças infecciosas.
Exposição ao agente e aparecimento dos primeiros sintomas.
 Ex.: Exposições às radiações em Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945 e o aparecimento de cânceres.
 Período de latência – 5 a 10 anos → leucemias em crianças
 3 a 4 décadas → neoplasias de 
 estômago e mieloma múltiplo.
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Medidas de prevenção e controle das doenças não-infecciosas
Prevenção primária: consiste em manter o indivíduo sadio o maior tempo possível. Existem duas maneiras de agir preventivamente:
1. redução ou eliminação das exposições ambientais;
2. proteção do indivíduo contra as exposições existentes na meio ambiente.
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Prevenção secundária: tem o objetivo de evitar ou retardar o progresso da doença que se instalou e está em atividade no organismo.
Prevenção terciária: tem o objetivo de reabilitar o indivíduo com o propósito de proporcionar-lhe um pronto retorno às suas atividades.
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