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1 
 
ANEXO C – Entrevistas com professores, diretores e coordenadores pedagógicos 
 
ROTEIRO DE ENTREVISTA 
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO/ FACULDADE DE EDUCAÇÃO 
 
PARTE I 
1 - Caracterização da Pré-escola 
1.1 Dados Gerais 
a) Localização, bairro, região, características gerais 
b) Tipo de clientela: nível socioeconômico 
c) Períodos e número de salas 
 
1. 2. Estrutura Administrativa e de Apoio 
a) Corpo técnico-administrativo (diretor, coordenador, funcionários etc.). 
b) Situação funcional dos professores e tempo de serviço na escola. 
c) Instalações e infraestrutura disponível (biblioteca, quadras, sala de informática etc.) 
d) Recursos didáticos e de apoio (vídeo, computador, máquina fotocopiadora etc.) 
e) Parcerias 
 
2. Estrutura Pedagógica 
a) Proposta Pedagógica/ Regimento Escolar/ Plano de Gestão 
b) Relação escola/família/comunidade circundante/cidade. 
 
3. Acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem 
a) Registros, portfólios, relatórios etc. 
b) Observação e registro da presença da cultura escrita na escola (tipos de materiais expostos: impressos, 
produzidos por professores e crianças). 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
PARTE II 
 
1. Entrevista com Coordenadora Pedagógica e Diretora 
 
a) Formação, tempo de experiência no magistério e nesta pré-escola 
b) Como planeja o seu trabalho anual? 
1. Sobre reuniões na escola: 
. Tipo de reunião (pedagógica, de pais, APM, Conselho de Escola, Conselho de classe) e frequência com 
que ocorrem? 
. Que temas são normalmente tratados? 
 . Que dinâmicas são utilizadas? Como é o “clima geral” das reuniões? No geral, como são os resultados e 
os encaminhamentos? 
2. Sobre a função que desempenha 
. Dificuldades e satisfações da coordenação pedagógica de modo geral e nesta escola 
. Em que medida sente que interfere efetivamente na vida da escola (estrutura, organização, 
relacionamento, clima etc.)? 
. Se tivesse que passar um “segredo do sucesso” para uma futura coordenadora pedagógica, qual seria? 
3. Sobre o trabalho pedagógico e a formação de professores 
- Existência de projetos institucionais: descrição dos mesmos em sua vinculação com a leitura e a escrita. 
- Relação da equipe gestora com a formação em serviço (horário de trabalho coletivo, pautas e temas da 
formação continuada etc.) 
- Percepção do trabalho da professora. 
2. Entrevista com Professora 
- Tempo na função e tempo de trabalho na Educação Infantil 
- Tempo no cargo nessa instituição 
- Outros cargos coexistentes 
- Percepção pessoal acerca de seu próprio desempenho no papel. Já se considera formada ou busca 
aperfeiçoamento? No segundo caso, como busca complementar sua formação? Cursos? Formação em 
serviço? Leitura bibliográfica? 
- Como planeja seu trabalho? O que já trabalhou relacionado à leitura e à escrita? O que ainda pensa em 
trabalhar? 
- Como descreveria o grupo de crianças com o qual trabalha? 
3 
 
- Pedido de seleção de 15 crianças que integrarão a amostra a partir dos critérios apresentados: 
a) Cinco crianças que pedem pouco apoio nas atividades de leitura e escrita. Cinco crianças das que 
necessitam muita ajuda para realizar as atividades de leitura e escrita e cinco crianças que, às vezes, 
requerem ajuda e, outras vezes, realizam as atividades com mais autonomia. 
b) 70% de frequência em sala. 
c) Não ter tido nenhuma experiência ou problema recente, nem ter características específicas que afetem 
seu processo de aprendizagem. 
3. Sobre as propostas de leitura e escrita 
a) Análise de documentos, planejamentos e cadernos de classe (uso, tipo de atividades: o que a 
professora solicita que a criança faça em seu caderno, escritas presentes, marcas do docente etc.) 
e pastas com produções das crianças. 
b) Observação não participante e registro gravado em vídeo de uma atividade de leitura ou escrita 
escolhida pela professora. 
c) Observação do ambiente da classe: disposição das carteiras, biblioteca de sala, materiais à 
disposição das crianças, materiais produzidos pelas crianças expostos na classe ou na escola. 
4. Sobre o contexto familiar 
- Análise de documentos: 
a) País, estado e cidade de origem. 
b) Nível de instrução dos pais. 
c) Ocupação dos pais. 
d) Tipo de moradia no entorno da escola (casa, cortiço, favela etc.). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
ANEXO C - ENTREVISTAS 
Transcrição da gravação em áudio de entrevista com a Diretora e Coordenador Pedagógico da Escola 
X1 
Data: 15.06.2011 
_______________________________________________________ 
Entrevistadora – P: Conta um pouquinho do seu percurso profissional, o que você estudou, a sua formação, 
onde você trabalhou... 
Entrevistada – Diretora - R1: bom, comecei primeiro fazendo curso superior, primeiro fui fazer matemática. 
P: Você também? 
Entrevistado – Coordenador - R2: também sou de matemática. 
R1: mas aí depois eu tive um problema de saúde, tive até que parar a faculdade no caminho, no meio do 
caminho. Na época tive que trabalhar para pagar a faculdade também, né, e eu tive que optar entre uma 
coisa ou outra e tive que continuar trabalhando. Aí no meio do caminho, mesmo tendo feito o ensino médio, 
que a gente falava colegial, eu resolvi fazer o magistério. Ai fui fazer o magistério, gostei. Aí saí da firma 
que eu trabalhava e comecei já a dar aula... quando estava no último ano do magistério, que tive que fazer 
dois anos, que era o terceiro e quarto para ter a complementação, e aí eu comecei a dar aula particular, em 
casa. Comecei a dar aula particular em casa, dei mais ou menos uns 2 anos, aí eu fui trabalhar em uma 
escola de reforço, trabalhei praticamente uns 2 anos nessa linha... 
P: com matemática... 
R1: não, aí já não mais com matemática. Até dava aula, mas mais para as áreas do Fundamental I. E aí 
tentava, na época, me lembro, no Estado, vaga para eventual, todo aquele sufoco que a gente tem no início, 
foi bastante difícil. Aí depois de dois anos de formada eu consegui começar no Estado. Aí comecei no 
Estado como eventual, depois logo já fui substituindo as professoras. Me lembro que peguei uma licença 
maternidade, que na época eram só 3 meses. Era o que na época chamavam de pré-escola, né, que tinha 
pré-escola no Estado, lembro que peguei uma classe de pré-escola. E fui assim me identificando muito com 
educação infantil. Aí fiquei 2 anos no Estado. Mas naquela coisa de uma hora tem aula, outra hora não tem 
aula... né... a gente precisando trabalhar, aí eu consegui entrar em uma escola particular noTucuruvi, eu 
tinha estudado nessa escola, meus irmãos também. Aí eu fui trabalhar lá, trabalhei 2 anos com educação 
infantil lá. Depois foram 2 anos com a segunda série. Aí depois surgiu uma oportunidade entre os familiares 
e eu quis abrir uma escolinha infantil. Aí abri uma escolinha infantil. Fiquei 8 anos com a escolinha infantil. 
Muito difícil, muito complicado. A escola infantil é difícil você... os pais tiram a criança da escola por 
motivos diversos, então você não tem uma estabilidade, você não pode contar. Muito interessante eu achava, 
que chegava novembro... eles tiravam as crianças da escola para não ter que pagar dezembro e janeiro. Aí 
quando chegava fevereiro eles voltavam e punham as crianças de novo, e a gente tinha toda aquela 
dificuldade de final de ano com as despesas maiores. Mas eu tentei durante 8 anos. Aí teve aqueles 
problemas... o sistema financeiro do Brasil, todos aqueles problemas, né... e resolvi fechar. Aí fechei a 
escola e resolvi fazer pedagogia. E aí eu voltei a fazer... voltei para a faculdade para fazer pedagogia... 
P: onde você fez pedagogia? 
R1: na UNG. Universidade de Guarulhos. Aí fiz o curso, tive um curso com professoresmuito bons lá. E... 
voltei, comecei tudo de novo. Aí voltei para o Estado, comecei tudo de novo, como eventual, toda aquela 
vida novamente, aquela confusão. Aí eu tentava emprego em escola particular, não conseguia, porque eles 
5 
 
diziam que eu era velha para trabalhar com crianças. Que existe esse preconceito na escola particular. E 
tinha... acho que 37 anos na época. Aí voltei tudo de novo, comecei tudo de novo no Estado como eventual, 
comecei a prestar concurso... aí estava tendo concurso da Prefeitura para professor... aí não fui tão bem 
colocada. Aí fiz o de Guarulhos, passei no concurso de Guarulhos, fui a vigésima colocada, prestei o 
concurso em maio e em agosto me chamaram. 
P: professora de que segmento? 
R1: educação infantil, porque eu sempre gostei muito da educação infantil. Aí fui para a educação infantil 
em Guarulhos. Apesar que lá eles não tem uma divisão, mas graças a Deus eu tinha sorte e sempre pegava 
classes de educação infantil. Fui para Guarulhos, fiquei 4 anos em Guarulhos, como professora lá, 
concursada. Aí fui chamada em São Paulo, nisso eu prestava concurso pelo interior, prestei para vários 
lugares... Aí, prestava tanto para professora como para diretora, porque tinha feito administração... junto fiz 
supervisão, aí depois eu fiz um curso assim de especialização. E... fui chamada em São Paulo. Aí saí de 
Guarulhos e vim para São Paulo. 
P: aí já como... 
R1: como professora, em 2006 eu iniciei aqui em São Paulo, também com educação infantil, no Jardim 
Tremembé. Aí depois em agosto de 2008, eu tinha prestado concurso para diretora e aí eu fui chamada para 
diretora também aqui em São Paulo. Aí primeiro fiquei no Mazzei, em Itaquera, 6 meses de 2008. Aí em 
2009 eu vim para aqui, no Teotônio Vilela, fiquei 2009 e 2010 e agora em 2011 estou aqui na EMEI 
Alexandre Gama. 
P: e aí quando que você começou a trabalhar na direção? 
R1: agosto de 2008. 
P: e foi concurso? 
R1: foi. 
P: e aqui, conta um pouco como é a comunidade, as características do bairro, a relação das famílias com a 
escola... 
R1: bom, nós estamos na periferia, uma comunidade carente onde nós temos aqui pessoas que a maioria 
está no trabalho informal ou trabalhos assim mais braçais, empregados domésticos. Agora... fiquei sabendo 
agora que também tem uma área de invasão muito próxima aqui, que está crescendo também. 
P: essa favela aqui chama D.? 
R1: chama J. D. Só que aqui nós temos uma parte que é... não é invasão, é uma parte legalizada, que as 
pessoas tem a propriedade. E a outra parte nós temos a área de invasão, agora estamos com uma área de 
invasão bem grande, de favela mesmo de... de barracos, né, aqui próximo também. Então, nós temos uma 
parte da comunidade trabalhadora, teoricamente formal, e uma parte bem... mais carente, né. Bastante 
carente. Mas eles são participativos, eu considero a comunidade participativa. Eles vem à escola, 
participam, mas são pessoas assim simples, são pessoas... eh... humildes. E uma característica que eu vejo 
aqui, muito interessante, é que eles procuram muito também a escola assim, por exemplo, para usar no final 
de semana... 
P: ah, pode usar a escola... 
R1: pode... 
6 
 
P: então a gente deixa, não a escola em si, mas a parte externa, né. Eles usam o pátio de fora, o parque, eles 
procuram bastante a escola para isso. Também às vezes eles querem... procuram a escola também para 
algumas associações que nós temos, algumas... ONGs que existem aqui na região... tem um grupo de 
terceira idade, que inclusive no ano passado nós tivemos doação de brinquedos para as crianças da escola 
e para a comunidade. Então eles às vezes solicitam o espaço, o prédio... Nós não temos grandes problemas, 
grandes dificuldades, pelo menos eu não tive até agora. A gente tem um bom relacionamento com a 
comunidade... 
P: aqui, você já está há um ano... 
R1: não, entrei agora em janeiro. 
P: e você sabe se algumas famílias participam, são beneficiárias de algum programa do governo, Bolsa 
Escola... 
R1: Bolsa Família eu achei interessante aqui, tem poucos... até semana passada nós tivemos que fazer o 
levantamento, uma criança só que recebe o Bolsa Família, pelo menos que veio para nós. Uma criança só 
que nós percebemos. Durante o ano nós tivemos alguns... houve uma época que teve uma frequência de 
pais pedindo declarações, que eles falam que é para poder participar do Bolsa Família. Eu acredito que mais 
para frente a gente tenha outros alunos participando desse tipo de programa. 
P: e você tem algum dado sobre o nível de alfabetização dos pais?, se tem pais analfabetos? 
R1: olha, tem, porque na reunião de pais a gente conversa com as professoras e às vezes quando tem que 
assinar lista às vezes elas não comentam, mas – ah, esqueci o óculos... ah... não consigo assinar -, coisas do 
tipo. Não são muitos, mas tem alguns. 
P: e aqui você tem quantas salas? 
R1: manhã e tarde. Dois períodos, são 4 salas... 8 classes, 280 alunos... 
P: ao todo. Quatro salas de espaço físico e 8 turmas, porque 4 de manhã e 4 à tarde. 
P: Quatro em cada período... tem por volta de quantos alunos em cada turma? 
R1: 35 fechado. [ri] 
P: tem alunos de inclusão? 
R1: temos, duas. 
P: e quando tem alunos de inclusão há uma diminuição... 
R1: aqui não, aqui não houve essa diminuição, devido à demanda. Nós estamos com uma demanda muito 
grande ainda de espera. Na região, né. 
P: e aqui vocês atendem 4 e 5, né? 
R1: isso. 
P: e quantas salas são, duas e duas? 
R1: duas e duas. Duas de quinto infantil e duas de sexto. Nos dois períodos. 
7 
 
P: e além de você e do CP, quais são os outros profissionais ou técnicos, administrativos, da equipe de 
apoio? 
R1: então, na parte de gestor sou eu, a diretora. Assistente de direção é a Simone... e um coordenador 
pedagógico. Na parte gestora. Na equipe administrativa eu tenho uma AT de secretaria e dois ATs de 
inspeção. 
P: e de apoio à merenda... 
R1: apoio nós temos só a parte da cozinha, a merenda, porque a limpeza é terceirizada. Então no quadro de 
apoio nós temos 5 que trabalham na cozinha. 
P: e a equipe de limpeza é terceirizada... 
R1: terceirizada. São quatro. 
P: aqui além das 4 salas, há outros espaços físicos? 
R1: temos a sala de informática... 
P: funcionando? 
R1: funcionando, graças ao nosso coordenador, que resolveu ajudar [ri]... ele acumula função, então ele 
ajuda, junto com as professoras... tem todo um esquema para poder usar a sala... 
R2: é o nosso plano de metas, inclusive... 
R1: é, para esse ano... é a utilização da sala de informática. 
P: Biblioteca? 
R1: não, não temos. 
P: e quadras? 
R1: quadras também não. Tem o parque externo. 
P: refeitório? 
R1: No refeitório temos uma área coberta onde a gente tem a piscina de bolinhas e uma casinha de bonecas. 
P: quantos computadores tem na sala de informática? 
R2: em funcionamento? Em funcionamento 10. 
P: tem datashow, vídeo, tv... 
R1: uma tv, um DVD e um aparelho de som em cada sala de aula. E um datashow. 
P: você estava falando dessa parceria com uma ONG que trabalha com a terceira idade... 
R1: é, eles nos procuram... 
P: tem outras parcerias a escola? 
8 
 
R1: nós temos... agora teve um pai de aluno, da APM, que nos procurou, que ele vai ter, provavelmente, se 
der tudo certo... ele gostaria de solicitar o espaço de fora, para escola de samba, para ensinar os ritmos, os 
instrumentos, para as crianças do bairro. Mas isso ainda não está formalizado... 
P: ele é de uma escola de samba do bairro? 
R1: ele é do bairro, da região... 
P: você sabe como chama a escola de samba? 
R1: não... ele é daquela de Taipas... eh... é uma escola pequena. 
P: você tem um projeto político pedagógico da escola, tem regimento escolar... quais são os documentos?R1: regimento temos. O projeto político pedagógico está em construção... o novo projeto... 
P: você já tem a parte de histórico da escola... e... 
R1: temos alguma coisa. O prédio é tombado... 
P: ah, é?, por que? 
R1: olha não sei... falar... Fiquei sabendo porque como nós solicitamos reformas, algumas coisas, aí o 
pessoal que informou que o prédio é tombado. Eu não sei se é porque é uma das primeiras escolas aqui da 
região, né, porque é bem antiga... 
P: é bem antiga? Tem quantos anos mais ou menos? 
R2: 81... 
R1: 30 anos... 
P: você tem digitalizado?, pode me mandar por e-mail esse histórico da escola? 
R2: vou providenciar... 
P: tá, obrigada. E como é trabalhado esse projeto político pedagógico, você falou que está em construção... 
como é? 
R1: nós estamos começando porque... acho que isso elr vai saber esclarecer melhor, porque nós estamos 
em um processo inicial. Começamos por essa parte histórica... 
R2: O projeto já tinha iniciado no ano passado, mas como a escola tinha 3 turnos e agora passou para 2, 
precisa rever toda a questão do que a gente vai oferecer para os alunos e tudo mais. Então a gente já está 
olhando por esse lado. Estamos tendo o cuidado de construir uma coisa que realmente... a criança ficando 
6 horas aqui, possa aproveitar bem. 
P: e quem que participa da elaboração do PPP? 
R1: são todos da escola, os professores, os profissionais, os pais também, porque já foi até levantado uma 
pesquisa com os pais, sobre a questão da região, as famílias mesmo, o tipo de família, de moradores que 
nós temos aqui na escola. 
P: e a maioria das crianças elas... vem à pé para a escola ou elas tem aquele transporte escolar? 
9 
 
R1: nós temos duas peruas de transporte escolar gratuito, porque aqui a região... é uma região difícil, porque 
nós temos muitas ruas sem calçada, então... né, existe o perigo da criança ir pela rua. Nós temos uma avenida 
de muito movimento para ser atravessada, porque nós temos crianças que moram lá, que vem para cá. Então 
nós temos 2 peruas de transporte gratuito, de manhã e à tarde. E fora isso tem peruas particulares que às 
vezes os pais contratam, para facilitar por causa da subida aqui... que é muito íngreme as subidas e às vezes 
são as avós que olham, então fica mais difícil de trazer para a escola, buscar, levar. Então tem também a 
perua particular que aí os pais contratam, né. 
E tem as crianças que vem à pé, que moram bem próximas mesmo, mas as que moram a mais de 2 km., são 
poucas. O transporte é mesmo pelas condições geográficas do lugar. 
P: quais são as reuniões pedagógicas, ou as reuniões que tem no calendário escolar? 
R1: nós temos 4 reuniões pedagógicas no ano, 2 em cada semestre, que já foram realizadas. Fora as reuniões 
pedagógicas nós tivemos a jornada pedagógica, tivemos uma no início do ano e a próxima será no segundo 
semestre. Quatro reuniões de pais também. Nós tivemos 2 no primeiro, são 2 em cada semestre. 
P: e tem aqui a chamada HTPC? 
R1: não. aqui é JEIF e PEA... PEA é o projeto especial de ação, que é a formação dos professores, que o 
coordenador faz com os professores. 
P: O JEIF... 
R1: o JEIF é a Jornada Especial Integral de Formação. 
P: qual é a diferença entre PEA e JEIF? 
R1: PEA é o projeto. JEIF é a jornada. 
P: PEI é o que acontece no JEIF. 
R1: isso mesmo. Porque o PEA é o projeto, a JEIF é a jornada. Nessas jornadas nós temos 8 horas aulas de 
horário coletivo. E dentro dessas 8 horas aula de horário coletivo nós temos o PEA... e o PEA pode ser de 
4, de 6, de 8... 2 de 4... depende da escola. No nosso caso nós temos um PEI com 4 horas aula. 
P: quantos professores têm na escola? 
R1: professores no total? 
P: são 8 salas... 
R1: 8 salas... 
P: tem quantas eventuais... 
R2: E., R., M., M., G., de manhã. Depois R., V., M. de novo e E. 
R1: isso. 
R2: Aí à tarde tem...V. 
R1: a R. já foi... e a L. 10. Ah, e tem uma licença maternidade... a E. 
R2: 11. 
10 
 
R1: teríamos 12, mas um foi acomodado em uma outra sala. 
P: é 12 por causa dessa passagem de 4 para 6 horas... né? 
R1: isso, isso. Nós temos 8, mas teoricamente teríamos que ter 12, porque o professor ele trabalha 4 horas 
e não 6 com o aluno. Esse aluno de 6 horas ele tem 2 professores, que isso é uma diferença esse ano. Tem 
todo um período de adaptação das crianças, dos pais... né, então é todo um processo de adaptação. 
P: tá. E dessas 10, quantas participam da JEIF? 
R2: JEIF 3... 
P: só três? 
R1: PEA 4... 
R2: JEIF 3. 
R1: você quer saber da jornada ou do JEIF? Porque você pode não ser JEIF e participar do projeto, que é o 
caso de uma professora. 
P: como não participa... não tem horas de formação? 
R1: é opcional... 
R2: é opcional. Mesmo que o professor não seja JEIP, ele pode entrar. 
R1: e a JEIP é opcional também, você não obrigatoriamente precisa... nós temos só 4 que fazem o projeto. 
Os que fazem formação são só 4. A formação são só 4 professores que fazem. 
P: certo. muito obrigada, acho que deu para entender um pouco a gestão da escola... a sua experiência 
anterior, e aí eu vou conversar um pouquinho com o CP... vou deixar o gravador mais perto dele... 
Obrigada. 
Conta um pouquinho do seu percurso profissional até chegar aqui... de estudos... 
R2: bem, comecei a trabalhar na área da educação em 97, metade do ano. Dei praticamente 6 meses de aula 
no Estado, ainda como professor contratado. 
P: você fez qual formação? 
R2: eu fiz magistério. Fiz magistério... 
P: e aí começou a trabalhar como professor de Fundamental 1? 
R2: Fundamental 1, isso. Aí nesse tempo prestei concurso em Mairiporã, entrei na rede municipal de 
Mairiporã, em 98. E fiquei na rede municipal de Mairiporã até 2006. Nesses anos dei aula praticamente 3 
anos como professor de Fundamental 1. Os três anos como especialista de matemática, mas não o cargo, 
entrei como professor assistente de matemática. 
P: nesse ínterim você já tinha feito a faculdade de matemática? 
R2: isso, exatamente. Ingressei... no mesmo ano que ingressei na Prefeitura de Mairiporã ingressei no curso 
de matemática. Fiz o curso de matemática de 98 a 2001. Aí saindo, terminando o curso de matemática entrei 
11 
 
para a equipe de... como se fosse .?. na Prefeitura, mas a equipe de formação da Prefeitura Municipal de 
Mairiporã. 
P: você morava lá? 
R2: não, não, moro em Caieiras. É próximo. Eu fiquei 2 anos na parte de assessoria técnica. Aí voltei para 
a escola no ano de 2004, fiquei um ano... um ano e meio dando aula e peguei a direção da escola. Nesse 
ínterim também fiz pedagogia. Comecei em 2002, terminei em 2005. E aí em 2006 eu ingressei como diretor 
lá, cargo comissionado. Fiquei como diretor 2006 e 2007. Aí no final de 2007 eu fui chamado pela Prefeitura 
para o cargo de coordenação. Foi o último concurso... 
P: ah, prestou concurso para coordenação... 
R2: para coordenação aqui... eu já entrei como coordenador, foi o último concurso para isso. Agora só .?. 
P: e aí você... quando foi isso, em que ano? 
R2: 2008. 
P: 2008... 
R2: isso, o concurso foi em 2007 mas ingressei em 2008. 
P: e foi a primeira vez que você trabalhou com a educação infantil... 
R2: na escola que eu fui diretor já tinha educação infantil. 
P: mas você não tinha sido professor... 
R2: não, professor não. 
P: tá. E nessa escola você está há quanto tempo? 
R2: desde janeiro também, de 2011. Vim de uma outra diretoria de ensino, de Pirituba... né... Trabalhei em 
Mairiporã 5 anos em uma escola rural, que é uma realidade completamente diferente dessa daqui, né?, então 
lá a gente lá tinha dificuldade de encontrar aluno. A sala era com 16... 17 alunos. Então era meio que uma 
idéia de escola particular. Só que além de pouco aluno você tinha pouco recurso e tudo mais. 
Então,quando eu comecei na Prefeitura de São Paulo foi um susto muito grande para mim. Até comentei 
com a S., quando você cai na Prefeitura de São Paulo você não entende qual é o... como é tão avolumado 
assim, né. Na Prefeitura de São Paulo tem muito código, tem muito... JEIP, JEA... 
P: outro idioma... 
R2: outro linguajar, né. Então fiquei uns dois anos mesmo para entender como é que funcionava... Fiquei 2 
anos como coordenador em uma EMEB, uma EMEB grande. O ano passado fui para uma EMEI, fiquei no 
ano passado em uma EMEI. E esse ano vim para cá, optei por uma escola menor então estou aqui. 
P: D., como você planeja o seu trabalho anual?, como coordenador pedagógico?, o que... que... você chegou 
aqui no começo do ano, o que você achou da escola, da comunidade, da equipe de professores, quais foram 
as suas impressões. O que te deu vontade de fazer e você já está fazendo, o que você ainda tem vontade de 
fazer e ainda não conseguiu... 
R2: certo. Então, quando eu cheguei aqui, na verdade em janeiro, eu procurei um pouco... vamos dizer 
assim... uns 2 meses, até março, metade de março mais ou menos, tentar entender qual era a sistemática da 
12 
 
escola, tanto a nível de comunidade como o próprio andamento mesmo da escola. Quando a gente chega a 
gente não pode dar ouvidos às coisas que acontecem. A gente tem que sentir, né. Então, cada um tem uma 
visão da comunidade. E como eu venho de uma comunidade inclusive mais pobre do que essa, a 
comunidade da EMEI do ano passado, é uma comunidade muito mais complicada e tudo. Então assim, 
quanto a isso não senti dificuldade. 
P: qual comunidade? 
R2: a Jardim da Conquista em Perus. É uma comunidade realmente de invasão, uma comunidade com um 
relacionamento com a autoridade muito... eh... violenta. Mas assim, com a escola não tinha essa realidade. 
Então quando vim para cá isso não foi uma problemática para mim. Na verdade eu até agora estou bastante 
tranqüilo, né, justamente por isso, porque não senti muita dificuldade na questão da comunidade e quanto 
à questão dos professores a gente também consegue fazer um trabalho muito bom. Porque as professoras 
apesar delas já estarem em fase de aposentadoria, mas elas demonstram bastante interesse de aprender, 
querem evoluir... 
P: a maioria das professoras aqui é bem antiga? 
R2: bem antigas... estão a 3... 5 anos de se aposentar. A grande maioria, 85% delas vai se aposentar... 
P: e será que isso tem a ver com o fato delas não fazerem a JEIP?, não participarem na JEIP? 
R2: olha... pode ser que sim, pode ser que não... isso é muito relativo... 
P: essas 4 que participam são também... estão também com esse perfil de se aposentar? 
R2: elas também estão nesse perfil... 
P: e mesmo assim participam... 
R2: e mesmo assim participam. É que nós temos 3 professoras que dobram, então justamente pelo fato de 
terem dois cargos, a JEIP não comporta... 
P: ah!, estruturalmente não comporta... 
R2: não comporta. Dá uma certa problemática para elas... 
P: quem faz duas jornadas não consegue fazer JEIP... 
R2: até que dá para dar uma... mas não é... depende do horário, depende de uma série de fatores, o local 
onde a pessoa mora... 
P: aqui, qual dia da semana tem a JEIP? 
R2: JEIP de segunda a quinta, PEIA de terça e quarta também. Nós temos JEIP... 
R1: JEIP é a jornada, o PEIA é o projeto... 
R2: o JEIP é 8 horas semanais... 
R1: a mais... 
P: tá. JEIP é 8 horas semanas de formação. 
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R2: isso, de formação. 
P: e como acontecem essas 8 horas semanais de formação? 
R2: 4 dessas 8 são reservadas para o projeto, o PEIA... 
P: tá... 
R2: então nós temos... de segunda a quinta é considerado todos JEIP, mas de terça e quarta especificamente 
é o PEIA, ou seja, a gente senta... 
P: ah, de segunda a quinta... 
R2: de segunda a quinta... 
P: eu tinha entendido assim ... segunda e quinta... 
R2: não. 
P: que de segunda e quinta era o JEIP e de terça e quarta o PEIA... 
R2: não. De segunda a quinta, né... 
P: segunda a quinta, então são duas horas semanais... 
R2: duas horas diárias... então de terça e quarta nós nos debruçamos encima do projeto, do nosso projeto 
de jogos e brincadeiras. Temos um projeto encima disso, fazemos estudos, pesquisamos, testamos 
brincadeiras... e jogos com as crianças. 
E de segunda e quinta, que também é JEIP, mas ela não está necessariamente atrelado ao projeto. Aí a gente 
discute as questões que surgem dentro da sala de aula, a gente conversa sobre atividades, como fazer 
determinados encaminhamentos, então é algo mais abrangente, que não tem uma temática ‘especializada’, 
apesar de planejada. 
P: quem participa da JEIP além dos professores? 
R2: a JEIP... eu, a diretora também participa, a assistente... 
P: e não é um problema ter mais da metade dos professores que não participam dessa formação? 
R2: eu sinto um pouco de dificuldade às vezes para articular determinados encaminhamentos coletivos. Por 
que o que acontece? você tem que encontrar formas de sentar com esses outros professores que não fazem 
parte da JEIP e passar para eles as coisas que estão sendo planejadas, ouvi-los também, porque eles também 
fazem parte da equipe, né. 
P: e como consegue fazer isso? 
R2: nas horas das atividades com os professores. Então tenho 3 professores que não são JEIP, que fazem 
horas de atividade de terça feira de manhã. Então eu reservo terça feira do meu horário para sentar com 
elas. Não só para posicionar o que vem acontecendo... 
P: as atividades... é como se fossem horas do planejamento delas? 
R2: isso, é como se fosse o HTPI da escola estadual... que tem HTPI e HTPC... isso. 
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P: então, você estava... eu te interrompi... para entender a estrutura, você estava falando o que deu vontade 
de fazer quando você chegou aqui, o que já está conseguindo fazer, o que você ainda quer fazer... 
R2: então, algo que facilita muito, que eu não vi nas outras escolas que eu trabalhei... que o corpo de 
professores está muito envolvido com o que acontece na escola. Elas gostam da escola. Elas moram todas 
muito longe... eu tenho professor de Jabaquara, eu tenho professor do outro lado, praticamente, da cidade, 
mas elas optaram por firmar aqui. Então, elas gostam da escola, gostam da comunidade, conhecem as 
famílias. E o que acontece?, isso ajuda muito no meu trabalho, porque você percebe que qualquer situação, 
qualquer coisa que você proponha fazer, elas tem dúvidas, elas tem certo receio... mas se elas perceberem 
o que você realmente quer, elas abraçam e vão junto. 
P: a Prefeitura ela tem uma ajuda de custo para transporte, para gasolina, no caso do professor que mora 
longe? 
R1: não, só vale transporte. 
R2: é. 
R1: se o professor vier de condução, transporte coletivo, ele tem um vale transporte. Quem vem com sua 
condução própria não tem ajuda nenhuma... 
P: não tem ajuda... 
R1: não, o que a escola tem, e dependendo da escola, da localização, é para a escola de difícil acesso, mas 
isso depende da distancia delas em relação ao marco zero da cidade, que é a Praça da Sé, a quilometragem. 
A partir de uma certa distancia... e quando você atinge aquela distancia, que são 30%, né, mas não é 30% 
do salário, é 30% do valor, né, aí... existe um benefício... 
P: uma verba... 
R1: mas é da escola, não é porque o professor mora longe... 
P: sei... 
R1: o professor pode morar aqui ao lado, eu tenho funcionários que moram aqui ao lado e eles também 
recebem esse benefício, porque a escola fica... 
P: e essa é uma escola de difícil acesso... 
R1: de difícil acesso, é uma questão de 30%. Uma escola, por exemplo, em Perus, é 50%, porque é mais 
distante ainda do marco zero de São Paulo... 
P: ah, entendi. 
R1: e tem algumas escolas que mesmo sendo em um lugar difícil, como se aproxima maisda Praça da Sé, 
elas não tem isso. 
P: entendi. 
R2: e eu sou um exemplo dessa realidade. Eu trabalhava a 10 minutos da escola. Eu trabalhava em uma 
escola completamente... mas justamente é isso, um local onde eu possa realizar aquilo que eu realmente 
acredito, né. E aqui estou encontrando isso... 
P: ahá. E aqui na escola tem APM? 
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R1: APM registrada... 
P: e tem conselho de escola? 
R2: também. 
R1: a APM são reuniões ordinárias, 6 durante o ano e o conselho de escola são 11... 
P: o conselho de escola... 11. 
Quais são as suas principais dificuldades como coordenador pedagógico e as suas principais satisfações? 
R2: olha, a minha maior dificuldade, que eu tenho visto desde que eu assumi, inclusive aqui também, em 
todos os anos, este é o meu quarto ano como coordenador, é conseguir sentar para estudar. Eu não consigo 
ainda, esquematizar o meu horário de estudo. Por que?, porque a demanda da escola é muito grande, então 
não posso também fechar a porta, ler um texto, ler um livro, e ver que a coisa está... está pegando na escola. 
Então, preciso também ter esse bom senso, então eu ainda não consegui fazer esse... Tenho um rotina, tal 
dia eu sento para preparar PEIA da semana, tal dia eu sento para preparar JEIP, tal dia vou sentar e preparar 
a reunião pedagógica, mas assim, eu preciso trabalhar isso mas com muita flexibilidade. Apesar da função 
exigir isso, eu ainda não consigo sentar e propor fazer isso... fazer uma hora de pesquisa, isso eu não consigo 
fazer. Esse é um grande desafio, que eu quero ainda um dia estabelecer, que era o que a gente estava... é 
justamente ter esse momento pedagógico para você, para você poder realmente passar isso para a frente. 
Agora, quanto à questão da satisfação, a minha maior satisfação enquanto coordenador é porque... eu tenho 
um acesso muito grande aos alunos. Então, apesar do meu trabalho ser muito atrelado aos professores, ele 
é mais atrelado ainda aos alunos, né. Tudo que eu faço eu penso no aluno, o que eu vou propor na reunião 
pedagógica que vai fazer os professores pensarem, mas que isso alcance os alunos. Isso que me dá 
satisfação. E você vê às vezes... pequenos toques, pequenas palavras, textos, vídeos, mesmo que você não 
fale nada, mas eles falam por si, e isso move o professor a fazer mudança. Mesmo pequenas, mas aquilo 
vai entrando em um ciclo muito positivo que chega para o aluno. Então essa que é a satisfação. Aí eu vejo 
que o coordenador ele realmente tem a sua função, né. 
P: você trabalha 40 horas... 
R2: 40 horas. 
P: e aqui, as reuniões de pais, como são as reuniões de pais? 
R2: as reuniões de pais nós organizamos praticamente duas a cada semestre. No começo de cada semestre 
e na finalização, e a gente usa muito as reuniões de pais para realmente passar para os pais, orientar os pais 
das necessidades das crianças e principalmente para passar para os pais a avaliação do professor quanto à 
aprendizagem dos alunos. 
P: e você também participa da reunião de pais? 
R2: sim, monto a pauta junto com os professores. Geralmente nós da equipe gestora introduzimos as 
reuniões no geral, no pátio da escola, dando as boas vindas, fazendo pequenas observações e depois 
encaminhamos os pais para que possam sentar com os professores. E aí a gente pede para os professores 
focarem a questão da criança. Senão a gente perde um pouco o objetivo da reunião de pais, e fica tratando 
de coisas burocráticas, preenchimento de papeis, planilhas, formulários, e a gente foca na avaliação do 
professor com o pai, o que o professor pode dizer para o pai, que vai auxiliar o pai que faça parte dele para 
ajudar a escola nesse sentido. As reuniões aqui são muito boas. As professoras sentam, conversam... 
P: os pais participam... 
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R2: participam na sua grande maioria. A gente percebe ainda que os alunos que mais precisam do 
acompanhamento dos pais, esses não aparecem. Mesmo que convocados em outros dias, em outras 
possibilidades... a gente liga para o pai – olha, em que horário você pode vir... -, aí a gente faz um arranjo, 
fica aguardando o pai, mas ele não aparece. Mas é rara essa situação. 
P: então você já está desde 2008... 9... 10... é seu quarto ano como coordenador pedagógico? 
R2: isso. 
P: que orientação você daria para um coordenador pedagógico novo, que fosse começar na função?, o que 
você diria sobre a importância dessa função? 
R2: olha, eu diria uma coisa que eu não fiz, que eu errei nos meus dois primeiros anos como coordenador, 
que é ouvir, ouvir muito, professores, ouvir muito os pais, ouvir muito os alunos, porque o seu trabalho é 
baseado nisso. O coordenador pedagógico não vai conseguir construir nada se ele não conseguir ouvir, de 
fato o outro. E a gente vê que às vezes as angústias dos professores, as reclamações que eles têm... na 
verdade isso é justo, não é algo que ele tem para te questionar ou para te violentar de alguma forma. Mas 
ele realmente precisa ser ouvido, porque ele tem angústias também. 
Por isso que eu diria, aprender a ouvir porque encima do ouvir que você constrói depois encaminhamentos. 
Porque se você não escuta você não sabe de fato o que está acontecendo. E se você não sabe o que está 
acontecendo você, aí morre a ação. Então aí fica um ciclo parado, o coordenador perde a função. 
P: tem algum tipo de orientação, de ajuda? 
R2: sim, sim, e como. 
P: que tipo de ajuda? 
R2: olha, eu procuro participar de todas as formações, todos os cursos que a Secretaria Municipal de 
Educação disponibiliza, né. Tanto é que esse ano ainda... o ano passado não tive tanta essa chance, mas 
agora nessa diretora de ensino que eu estou eu percebi que a gente tem mais chances ainda, de construir, de 
ir amarrando os projetos diversos à realidade da escola. 
P: Vcs têm algum projeto institucional? 
R2: o projeto que tem a ver aí com o projeto da escola também tem a ver com voltar... as crianças terem 
acesso à linguagem mediática, que é o uso da sala de informática que ficou parada, né. Então... é um projeto 
da escola, os professores pesquisam, estamos pesquisando no PEIA... jogos, brincadeiras, estamos 
avaliando tudo isso e a área de informática está funcionando. Nós estamos trabalhando com essas 
linguagens... 
P: e as crianças tem usado os computadores para fazer que tipo de atividades? 
R2: agora para início eles estão trabalhando jogos, jogos voltados na matemática, lúdicos mesmo. E nosso 
intuito é que conforme eles forem trabalhando e realmente tendo acesso à própria linguagem do 
computador, sabendo utilizar o maquinário, aí a gente vai partir... para uma outra fase, que é a própria 
construção mesmo de histórias, construção de material para exposições, enfim... 
 
 
 
17 
 
ANEXO C - ENTREVISTAS 
Transcrição da gravação em áudio de entrevista com o diretor escolar da Escola X2 
27.07.2011 
_______________________________________________________ 
Entrevistadora – P: Me conta um pouco do seu percurso profissional, o que você estudou, qual a sua 
graduação, onde você trabalhou, até chegar aqui nessa escola. 
Entrevistado - R: Bom dia. A minha formação básica é a faculdade de matemática, eu estudei no Instituto 
de Matemática e Estatística da USP, me formando na licenciatura em matemática. Após a formação de 
matemática eu prestei concurso público de Provas e Títulos, para ingressar como professor de matemática 
na rede estadual. Era um sonho inclusive. Eu fiz o curso de matemática por opção mesmo, foi a primeira 
opção de vida. Lembro que na época tinha prestado algumas faculdades, PUC, Mackenzie, UNICAMP e 
USP. Ingressei na USP. Aí em 1984 ingressei como professor titular de matemática na rede estadual. 
Fazendo ali então 15 anos de carreira. Percorri 15 anos de carreira docente na sala de aula, ensino médio e 
depoisensino superior. Então a minha experiência na educação com matemática foi o ensino superior das 
faculdades particulares... e na rede pública o ensino médio. Uma escola inclusive na zona norte. Na época 
era da 4º delegacia de ensino de São Paulo. Feito isso eu fiz o mestrado em educação em 1988. Eu fiz o 
mestrado na UNESP em Educação, mas não em educação em matemática, em educação pura, voltando a 
tese para observar a prática do entendimento e da compreensão das diretrizes curriculares nacionais da 
educação no trabalho pedagógico do professor. O que o professor entendia das diretrizes da educação 
nacional no exercício profissional em sala de aula, como ele aplicava isso. Esse era o mote da pesquisa, né, 
que eu desenvolvi na UNESP obtendo o título de mestre. Em seguida, em 1999 prestei concurso para 
coordenador pedagógico na Prefeitura de São Paulo mas aí... vamos dizer assim... não fui necessariamente... 
pelo prazer apenas de ser CP, porque o prazer estava realmente voltado à sala de aula. Eu fui muito feliz 
nos 15 anos na sala de aula, e não a deixei pelo prazer de exercer um cargo técnico, não. Foi pelo fato do 
salário, o salário era muito, muito melhor do que o salário pago pelo Estado. Eu já estava há 15 anos na 
rede estadual e na referência que eu entrei... era a referência que eu estava já com o título de mestre. Então 
eu fiquei decepcionado com a rede estadual, porque eu vi que... - puxa, eu tenho grau de mestrado, inúmeros 
cursos lato sensu, que eu fiz... tudo por iniciativa própria -, não era porque o Estado me direcionava para 
estudar em algum lugar. Era por iniciativa própria. E aí os colegas começaram a falar - olha, com tudo isso 
que você tem, vai para a Prefeitura que você vai ver o salto brusco que vai dar no seu salário -, e confesso 
que isso também faz parte da formação docente, todos querem ganhar bem e ascender na carreira. Aí fui e 
prestei o concurso de CP, por ingresso naquela época. Passei, me classifiquei, e escolhi uma escola da zona 
norte também, de ensino fundamental, ciclo I e II, Ensino Médio técnico. E... me exonerei do Estado indo 
para o cargo de coordenador dessa unidade, onde lá permaneci 4 anos, como CP. Em seguida vieram dois 
concursos, o concurso de diretor de escola, simultaneamente com o concurso de supervisor de ensino, da 
Prefeitura. Prestei os dois também, passei nos dois, tendo sido chamado nos dois, quase que 
simultaneamente. Fui chamado primeiro na direção, três meses antes, aceitei a direção. E depois fui 
chamado novamente para supervisão. Mas aí eu já estava envolvido com as questões da administração 
escolar de forma que a chamada para a supervisão eu declinei. Naquele momento eu declinei, porque eu 
comecei a me apaixonar pelo trato, pelo exercício da gestão escolar. 
P: Você foi para qual escola? 
R: Para essa mesma. 
P: Então você está há bastante tempo aqui... 
R: Eu estou. Estou aqui este ano completando sete anos de exercício na direção. Aliás, minha carreira eu 
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passei por três unidades escolares tão somente, ao longo dos 25 anos. Uma como professor de matemática, 
outra como coordenador pedagógico e aqui como diretor. São três cargos diferentes e foram três 
experiências de unidades que eu tive, em 25 anos de carreira. 
P: Como você caracterizaria a clientela dessa EMEI, a comunidade que a escola atende, os pais das 
crianças... o que você observa nesses anos todos que você está aqui? 
R: Após estes quase 7 anos exercendo a gestão escolar aqui nesta unidade, eu já consigo fazer uma leitura 
um pouquinho mais ampla em relação à comunidade escolar. A comunidade escolar ela tem exatamente 
uma característica de heterogeneidade. Nós temos o que eu poderia definir como três grandes segmentos 
de pais aqui. Nós temos os pais que, ambos, mãe e pai trabalham, então têm uma condição social e financeira 
mais tranqüila, onde eles podem participar, inclusive, do lazer da criança. Eles participam com tranquilidade 
de algumas atividades mais espontâneas. Observando que a escola só trabalha com as verbas públicas 
direcionadas para a unidade. Nós não temos aqui contribuição espontânea de pais. Eu enquanto diretor não 
me sinto à vontade e não vejo necessidade de aceitar contribuição... de 50 centavos, um real... 10 reais... 
Não. Quando aqui cheguei em 2005 a escola tinha essa rotatividade de contribuição espontânea dos pais, 
mas ali encerrei, por conta dos recursos financeiros que foram sendo implementados pela gestão 
administrativa da Prefeitura. Nós temos o programa PTRF que dá suporte e cobertura total para as 
necessidades pedagógicas e de manutenção e conservação do prédio. 
P: o que é essa sigla? 
R: PTRF significa Programa de Transferência de Recursos Financeiros. É um programa da Prefeitura 
Municipal. Ele nasceu em 2005 exatamente. Ele começou a ser implementado em novembro de 2006 e é 
um programa que dá ampla cobertura para a manutenção e conservação da estrutura do prédio e também 
do caráter pedagógico, para o desenvolvimento de pequenos projetos e ações pedagógicas que são 
elaboradas pela coordenação pedagógica em comum acordo com a equipe docente. Então, é uma verba 
voltada para isso. Outra verba que a escola trabalha é o PDDE - Programa Dinheiro Direto na Escola, do 
MEC. Esta verba é federal, ela acontece uma vez por ano, em meados de agosto, setembro. E uma verba 
mensal, que também é da Prefeitura, é a verba chamada 'Adiantamento Bancário'. Esta é uma verba de 
caráter menor, de menor vulto financeiro, mas é uma verba que auxilia as emergências da escola. Quebrou 
um muro, estamos precisando colocar uma grade de segurança, uma porta de segurança, fazer um 
desentupimento de emergência, é com adiantamento bancário. De forma que voltando a sua pergunta, eu 
só fiz um adendo, os pais aqui são assim caracterizados: tem pais cujas famílias, mãe e pai trabalham, e 
portanto tem um pouco mais de condição financeira e famílias onde só um deles trabalha, ou só o pai 
trabalha, ou só a mãe trabalha. Então, são famílias onde a situação financeira já é um pouco mais, digamos 
assim, apertada, a situação financeira é um pouco mais modesta, mas existe ainda a participação dessa 
família em algumas ações escolares, sim. Ou então, famílias onde nem o pai nem a mãe trabalham. Então 
são famílias onde os provedores estão nesse momento desempregados. Aí são famílias mais carentes, 
dependentes do Programa Bolsa Família, Bolsa Escola, então elas ficam mais na carência dos programas 
sociais propriamente ditos. Agora, em regra geral, a comunidade escolar daqui é uma comunidade 
participante, atuante. Eu posso dar um pequeno exemplo... fizemos aqui a festa junina, que foi agora no dia 
2.07... foi em 2 de julho. Uma festa junina inaugurada pela equipe docente, sob os cuidados e coordenação 
direta da nossa CP, onde tanto a equipe docente, como a equipe de funcionários, como a coordenação 
pedagógica assumiu totalmente o preparo, o planejamento e a organização da festa... como os pais, em 
contrapartida, assumiram a participação dos seus filhos. Todas as crianças da escola estavam, 
compareceram, vestidas a caráter, e as fotos estão ali, o filme está aí, que não traz nenhuma inverdade. As 
roupas das crianças eram novas, novíssimas... os pais fizeram questão de caracterizar os seus filhos como 
'caipirinha', o menino vestido de 'caipirinha' também... com roupas novas. Isso representa e mostra que a 
família está tendo mais rendimentos. Inclusive uma observação que eu faço aqui, nesse atropelo de adendos 
e citações, que, desde que a escola foi convertida, eu fui o primeiro diretor da região da B., a transformar a 
escola em escola de 6 horas, em dois turnos. Porque isso pesou muito. Pesou muito nessa comunidade. Era 
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uma comunidade muito mais carente e quando a escola se transformou em dois turnos, a criançaaqui 
permanece por seis horas, oportunizando a essa mãe ter um trabalho ou de empregada doméstica, ou um 
trabalho de meio período em outro local qualquer, mas em que ela possa ter um rendimento. Então, muitas 
dessas famílias passaram a ter duplo rendimento, através do pai e da mãe, através do trabalho de ambos, 
podendo oportunizar melhor condição, até de lazer para a criança. Então é na somatória de ações que vai 
refletir nesse melhor rendimento. Então, a comunidade escolar assim está caracterizada: uma comunidade 
que vem com o passar do tempo ganhando rendimento no seu interior, podendo portanto até transpor de 
classe social. 
P: A maioria das famílias reside aonde? 
R: A grande maioria das famílias reside no entorno da escola e nos bairros adjacentes. Entretanto, nós 
tivemos a seguinte situação no ano passado: como a escola vem ano a ano perdendo... não diria perdendo 
clientela, mas atendendo a sua demanda na sua totalidade, nós acabamos ficando sem demanda para atender 
além do entorno. O entorno tem a demanda plenamente atendida. Aqui não há criança do entorno que não 
seja atendida por nós e absorvida. O que acontece é que ficamos no ano passado com sala ociosa, ou seja, 
com falta de aluno e maior oferta de vagas. Foi aí que decidimos pegar crianças mais distantes, de bairros 
mais longínquos... por que? Para atender a capacidade total, para funcionarmos com a capacidade total da 
unidade. O que resultou em nós termos que pegar crianças que recebem o transporte escolar gratuito, o 
TEG, porque vêm de bairros de mais de 2 km. de distância da escola. As crianças do entorno moram em 
casas urbanizadas, que... eu vou até usar o termo, a favela que existia... isso antes da minha gestão... já antes 
de 2005... ela foi... com o passar do tempo se urbanizando. Tanto é que você pode observar o entorno, que 
ele é todo formado por casas de alvenaria. São casas de alvenaria, de tijolo, de bloco, então não é dessa 
forma mais. Não são barraquinhos de madeira. Existem pequenos e não tão significativos, focos ainda na 
grande região... no distrito da B. ainda existem focos de favelas, onde o barraco ainda é de madeira. Mas 
não é mais a grande maioria. Não. É urbanizado, com água, com esgoto e com luz. Isso já existe há bastante 
tempo... 
P: Você tem algum dado sobre o nível de escolaridade dos pais dos alunos? Porque eu vi que na ficha de 
matrícula não há essa pergunta... 
R: Não, não há essa pergunta. Essa pergunta houve em 2005... 2006, quando eu fiz uma sondagem. A 
sondagem foi feita em 2006 por mim. Naquela época... e estou para revalidar isso em uma oportuna reunião 
de pais... talvez esse ano, porque isso eu preciso combinar com a nossa coordenadora. As ações têm que ser 
combinadas, né, a coordenadora pedagógica da escola ela tem essa autonomia. As ações são todas 
coordenadas entre mim e ela e isso nós ainda não chegamos nesse ponto. Porque só um detalhe que tem 
que ser feita a observação, esta escola desde que eu aqui cheguei, era uma escola onde existia o cargo de 
coordenador, mas não existia a figura. O exercício da coordenação pedagógica, real e de fato, ele passa a 
existir aqui, porque eu até acumulei essa função durante um tempo aqui, por ter sido coordenador antes de 
ser diretor. Mas o exercício mesmo do cargo passa desde a chegada da atual CP, que é coordenadora efetiva, 
que veio para aqui como titular e que assumiu o cargo. Isso faz 2 anos. 
CP: Completa 3 neste ano, né? 
P: Mas porque não havia ninguém ou a pessoa que estava não exercia a função? 
R: O cargo existia, provido por uma titular que ficou 4 anos afastada com câncer, e aí a substituições eram 
ingratas, ninguém queria, porque a substituição interrompe o pagamento. Por questões burocráticas da 
Prefeitura a designação de um CP para substituir um titular, ela é muito sofrida para quem faz essa 
substituição, porque interrompe o pagamento cada vez que o CP titular tem que fazer perícia médica. Então 
há uma quebra de pagamento, a pessoa nunca pode contar com o salário como líquido e certo... 
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P: Essa escola tem quantos anos? 
R: Essa escola tem 15... e está vindo para o décimo sexto ano. Então agora nós temos a coordenadora, 
realmente efetiva, em exercício e desempenhando as funções realmente de acordo... não somente com a 
legislação, mas de acordo com o programa pedagógico escrito e construído por todos nós aqui... Eu fiz as 
sondagens lá em 2006, que a gente precisa até resgatar essa sondagem. Mas só para ter uma ideia... porque 
não acredito também que isso tenha mudado muito. A grande maioria, mais de 90% dos pais da EMEI, 
possui o ensino fundamental completo. Os 8 anos de escolaridade. Muitos deles possuem o ensino médio 
incompleto. Houve desistência da parte deles em completar o ensino médio. 
P: colocaram no mundo. Mesmo assim, sem saber o que estavam fazendo. Então, é uma conjectura... Mas 
a gente percebe pelas orientações educacionais que a coordenadora trabalha, que às vezes eu participo junto 
com ela, a gente sente a imaturidade do casal ou do pai, ou da mãe, nesse aspecto de acompanhamento. 
Mas imaturidade no aspecto psicológico mesmo. Então, muitas vezes eles têm o grau de alfabetização 
necessário que exigiria para acompanhar a criança, mas eles não mobilizam, porque estão envolvidos com 
questões muito particulares, até do seu próprio relacionamento. E aí a criança é passada para segundo ou 
terceiro plano. 
CP: E aí ainda tem a questão da Educação Infantil, que você tem que mostrar 
E: Existem pais analfabetos? 
R: Existe, existe. Existe uma pequena percentagem, muito pouco significativa de pais... E aí só uma 
observação, eu não vou chamar de constatação, mas pela experiência eu vou chamar de inferência. Estou 
inferindo, estou levantando a questão, uma conjectura. Que na verdade a gente percebe que não é só um 
fator... tem outras variáveis aí que interfeririam nesta participação do pai ou da mãe no letramento da 
criança, nesta questão. Não só de letramento, mas acompanhamento da criança, no desenvolvimento da 
criança. O por que?, os pais hoje tem outros interesses, eles são muito jovens... a maioria dos nossos pais 
também é muito jovem, ainda estão se ajustando no seus respectivos casamentos. Que muitas vezes os 
casamentos estão se desfazendo com 2... 3 anos entre o casal. Então, o que você percebe é que eles mesmos 
não estão amadurecidos, até para ter a compreensão necessária da importância do acompanhamento deste 
filho que eles o que é Educação Infantil, a importância. Isso a gente está fazendo esse ano com mais força, 
desde o começo do ano. 
P: A escola trabalha em dois períodos? 
R: Sim... então, funcionamos assim: a escola é organizada em dois turnos de funcionamento, o primeiro 
turno vai das 7 às 13 horas e o segundo turno vai das 13 às 19 horas. Isso em termos de sala de aula nós 
temos... são 9 salas por turno, na verdade. Mas como são dois turnos, são 18 salas de aula. Entretanto, o 
trabalho do professor ele corre em três turnos. Para o aluno são dois turnos de funcionamento. Para o 
professor, por questão de composição de jornada, são 3 turnos de opção de jornada. São 585 alunos 
frequentes, de 4 e 5 anos... 
P: O corpo técnico administrativo... é composto de um diretor, coordenador... 
R: e o assistente de direção. 
P: A maioria dos professores é concursada? 
R: Sim, aqui é assim, nós temos 36 professores. 35 professores sendo titulares, concursados, efetivos 
estáveis. Um professor é não estável readaptado. 
P: Há muita rotatividade ou é uma equipe estável? 
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R: A grande maioria daqui é estável. 
P: Como você descreveria o espaço físico da escola? 
R: Assim, todas as salas são salas transformadas em salas de aula... eu acho precárias as instalações, porque 
nós perdemos um laboratório de informática e perdemos umabrinquedoteca. A escola perdeu uma 
brinquedoteca anos atrás, antes da minha chegada, quando houve uma explosão de demanda e aí nós 
perdemos... eu não estava aqui, mas estou falando pela escola, né? Nós estávamos com a brinquedoteca e a 
brinquedoteca foi transformada em sala de aula. O ano passado nós nem tínhamos a demanda necessária 
aqui para termos 9 salas de aula, mas por uma questão passada pela Secretaria de Educação, era necessário 
abrir salas de aula porque tinha crianças da educação infantil que estavam fora da escola. Eram crianças da 
educação infantil não da demanda da EMEI que como eu retorno a falar, a demanda dessa escola está 
atendida há algum tempo. Tanto é que esta escola funcionava com 24 salas no seu total, sendo 8 
subdivididas em três turnos, e há 4 anos funcionamos com... eram 8 salas por turno... 16 salas atendendo 
plenamente a demanda. Porém, entendemos assim, uma conjectura, eu não sei... houve uma situação em 
que o Prefeito mesmo, o seu Secretário estavam tendo que responder ao Ministério Público por que tinha 
tantas crianças fora das salas de aula. Então aí tivemos que abrir mais uma, foi aonde eu acolhi crianças de 
longe, de muito longe. Eu não vi isso como uma atitude pedagógica. Mas foi uma atitude técnico - 
administrativa. E como servidor público que eu sou eu tenho um limite de atuação. Extrapolando esse limite 
eu tenho que cumprir a legislação. 
P: E aí tinha uma sala de informática com computadores... 
R: que desapareceu, foi desativada... 
P: E os computadores estão aonde? 
R: Os computadores permanecem na escola, nesta sala, que seria uma sala rotativa, até pelo espaço físico... 
e eles permanecem ali, só que não cabe designação de um POIE, e pela Prefeitura é só um POIE que pode 
efetivamente operacionalizar... 
P: essa sigla é... 
R: Professor Orientador de Informática Educativa... e aí um professor orientador de informática educativa 
é que pode organizar esse tipo de aula... 
P: então as crianças não estão tendo... 
R: ... nada impede de que o grupo de professores assuma alguma atividade, coordenada pela nossa 
coordenadora, com os computadores. Nada impede. Isso é um trabalho pedagógico, plausível, e a escola 
também pensa isso. A CP já pensou isso com os professores e está até sendo montado um processo nesse 
sentido, para que as crianças possam ter esse contato. Porém, é de registrar que não é o ideal, não são as 
condições ideais, porque a Prefeitura tem a figura do professor orientador de informática educativa. 
Entretanto, existe uma outra situação que esbarra em uma questão: a sala de laboratório de informática ela 
foi toda montada com rede lógica, com rede elétrica, com... eh... 
CP: ... ar condicionado... 
R: E isso demanda tempo da escola, dar um jeitinho, fazer uma situação 'ajeitada'. Então não é o 
pedagogicamente ideal. Eu acho que nós educadores, profissionais da educação precisamos, todos juntos, 
sair de situações de 'ajeitamento', de ajustes, para situações reais. Nós tínhamos a situação real. Tanto que 
no sistema 'EOL', Escola On line, a sala está suprimida. Eu não posso constar aí como sala de laboratório, 
porque ela não é mais. Ela é legalmente uma sala de aula. Então, foi uma situação decepcionante. Mas 
22 
 
superamos, trabalhamos com isso e a equipe entende-se disposta a fazer os ajustes necessários para não 
prejudicar também a formação e o desenvolvimento do aluno. 
P: Tem biblioteca? 
R: Não. Não temos sala de leitura. Não há nem espaço físico para tal. 
P: Como é o acervo de livros? 
R: Acervo de livros temos, né, que é mandado... 
CP: estão em um armário e nós fazemos as divisões... tem uma parte lá em cima que vai ser... 
R: temos o acervo, a coordenadora está providenciando até um armário... já tem um armário, já arrumou, 
onde ela vai montar um espaço específico, então, para que esses livros sejam catalogados e... 
CP: de fácil acesso... 
R: de fácil acesso para que os professores possam usar em sala de aula. 
P: Há algum projeto institucional de leitura? 
CP: Não, até o ano passado tinha... 
P: As crianças podem fazer empréstimos de livros, para levar para casa? 
CP: Podem... 
P: Fala um pouquinho mais alto só... 
CP: Tá. É que eu sou tímida. Algumas professoras elas selecionam os livros conforme elas estão 
trabalhando... as crianças levam em uma pastinha... elas fazem todo o trabalho... para o adulto ler com a 
criança, enfim... Então há o projeto, mas elas trabalham como uma atividade. 
P: A escola tem um projeto político pedagógico? 
CP: Tem... 
R: Temos. Inclusive o nosso projeto pedagógico de 2010 está com a nossa supervisora, que nos solicitou 
até para levar para casa, para poder ler com mais atenção, né. É um projeto onde tem 2 eixos e os eixos 
temáticos desse projeto eles se referem assim... a trabalhar os valores humanos nas interrelações. Primeiro 
na intrarelação pessoal e depois na interrelação pessoal. Esse eixo... só para explicar um pouco o que 
significa, é assim: a escola, o grupo entende que enquanto a gente não consegue resolver interiormente, 
porque como profissional da educação, como ser humano, como profissional de qualquer área que chega 
de manhã para dar o seu 'bom dia' no seu trabalho para os seus colegas, eu preciso me conhecer. O 
autoconhecimento é fundamental. Então, avançar, mesmo que em doses homeopáticas no 
autoconhecimento, para que eu trabalhe intravalores, para que eu trabalhe internamente comigo mesmo, 
valores e conhecimentos que não tinha de mim mesmo, para que eu possa trabalhar a interrelação pessoal, 
que seria um estágio mais difícil. A gente percebe ao longo dos anos aqui esses eixos eles estão perenes há 
muito tempo, desde que aqui cheguei... porque desde que aqui cheguei a gente vem só redimensionando o 
projeto, mas ele não foi ainda alterado nesses eixos por conta da grande dificuldade que eu como diretor 
encontrei. Cheguei aqui e posso dizer assim, a casa estava de pernas para o ar mesmo. Pessoas batendo na 
mesa, professores gritando uns com os outros. Uma direção... não estou falando do antigo gestor que estava 
aqui, porque nem o encontrei, o cargo era vago. O cargo era vago, mas existia aqui uma forma de gestão 
23 
 
muito estranha onde tudo parecia que acontecia da forma como um determinado grupo achava. Então a 
escola era dirigida por ninguém, era dirigida por grupos e por momentos assim. Então isso é uma falta de 
trabalho interior das pessoas. As pessoas precisam se conhecer. As pessoas estavam feridas, magoadas 
consigo próprias. Então por isso esse eixo do desenvolvimento das relações intrapessoais primeiro, 
abrangendo um conhecimento interno, para depois o desenvolvimento das relações éticas e interpessoais. 
Existia e ainda existem alguns focos, mas eu acredito que são muito em menor quantidade, da falta de ética 
entre os próprios servidores. Isso é algo que tem que ser registrado porque isso é uma verdade, é uma 
fotografia dura, crua, nua, mas que eu senti enquanto gestor, porque eu vinha de uma outra formação, de 
uma outra situação, inclusive eu sou da educação infantil. Então era um diretor chegando, homem, com 
formação de matemática, com experiência mínima no ensino médio, nunca tive experiência no ensino 
fundamental, nada... Com experiência mínima de prática... de ser professor do ensino médio, que é uma 
outra realidade, que você trabalha com outros colegas. Quando chego aqui eu presencio brigas homéricas, 
brigas enormes, pela cor do papel crepom comprado... a cor do papel crepom não era roxo, não era lilás, 
não eram as nuances que deviam ser. E aí eu me pergunto como gestor - bom, se a cor do papel crepom 
comprado era roxo e precisava ser lilás... onde é que a gente amarra a situação pedagógica nisso, né? -, 
então eram coisas assim que eu como diretor, como professor, nãoconseguia entender. Então, daí o motivo 
de um dos eixos do projeto ser a construção das relações éticas, primeiramente entre nós equipe escolar, 
funcionários da casa. Agentes, direção, equipe técnica, docência, corpo docente. E o segundo eixo é a 
valorização das diferenças. As diferenças de gênero, as diferenças de situação sócioeconômica, as 
diferenças de credo, portanto de religião, as diferenças da orientação sexual entre as pessoas, até porque 
elas aparecem na mais terna idade. Aos 4, 5 anos aqui, se você for olhar o todo, você vai perceber as 
diferenças de crença, as diferenças sócioeconômicas, as diferenças étnicas. Eu tinha aqui colega professor 
proferindo... falando - não, a raça branca, a raça européia, a raça negra... -, eu acho isso grave, sério, afinal 
a única raça conhecida é a raça humana, com as suas subdivisões étnicas. Então, eu tenho por premissa, até 
por ser professor de matemática, eu tenho que tomar esse cuidado, porque quem pensa errado, professa 
errado, verbaliza errado e consequentemente age errado. Então, o pensamento errado leva diretamente a 
uma ação completamente equivocada. E essa ação equivocada uma vez tomada, o estrago pode estar feito. 
Aí a gente entra com aqueles processos remediativos. Então, antes de entrar com processo remediativo, 
vamos investigar o profilático. Vamos prevenir para que não aconteça, se possível for. Então, são esses os 
dois eixos do projeto, está completamente escrito, né, registrado inclusive. 
P: Se vocês puderem me dar uma cópia... 
R: O projeto pedagógico desse ano, de 2011, o redimensionamento do outro... mas eu e a CP... aliás... ela e 
eu, na verdade, estamos ainda em construção, não conseguimos encadernar ainda. Leva geralmente um 
ano... a gente finaliza... como ela falou... a gente finaliza no final do ano. Por quê? porque o eixo ele está 
todo no papel, registrado, mas ele é um acompanhamento, e ele é perene nos seus eixos, na sua carta de 
intenção, mas ele é flexível nessa coisa: chega um professor... entra de licença um, vêm alguém... muda às 
vezes o funcionário da empresa terceirizada... e elas estão inseridas no projeto pedagógico... elas têm plano 
de trabalho completamente inserido dentro dessa ótica, tudo. Então, você formata, reformata, e para não 
ficar 'põe folha, tira folha', a gente já... agora por volta de setembro... encaderna tudo. 
 
 
 
 
 
24 
 
Transcrição da gravação em áudio de entrevista com a Coordenadora Pedagógica da Escola X2 
Data: 27.07.2011 
_______________________________________________________ 
 
Entrevistadora - P: Me fala um pouquinho da sua experiência até chegar aqui. O que você estudou, onde 
você já trabalhou... 
Entrevistada - R: Bom, eu praticamente nasci em uma escola. Porque minha família, minha mãe tem uma 
escola particular e sempre, desde pequena, convivi e me apaixonei, naturalmente. 
P: Essa escola particular da sua mãe é de Educação Infantil? 
R: Sim, e de Ensino fundamental I e II também. Então, desde pequena, praticamente nasci na escola e 
fiquei... No comecinho eu era louca para dar aula, a minha mãe me deixava ficar na sala só como auxiliar, 
aquela coisa de... paixão mesmo de dar aula... Eu gosto muito de dar aula, de estar dentro da sala de aula, 
com aluno, com criança... E aí eu fiquei, fiz o magistério... o ano não lembro direito... Fiz o magistério... 4 
anos num colégio particular. E continuei. E já no magistério, no último ano, quando peguei a minha primeira 
sala de aula foi de educação infantil. Comecei com educação infantil e fiquei um bom tempo com educação 
infantil. Logo fiz a faculdade de pedagogia na UNI S. e vários outros cursos, né... que surgiram ali... até 
hoje não perco oportunidade de curso. O que me deu suporte mesmo foi a minha experiência, porque a 
faculdade... não foi lá essas coisas... o magistério foi até mais forte. 
P: E você começou a trabalhar em uma escola de educação infantil particular? 
R: É, da minha mãe... 
P: E depois? 
R: Continuei, fiquei um bom tempo na educação infantil e depois passei para o ensino fundamental I. E lá 
o sistema de primeira a quarta série é disciplinar também, a professora que pega aquela disciplina dá mais 
valor e ensina melhor. Eu também acreditei nisso. No começo não, queria ser polivalente, queria dar tudo... 
mas depois eu fui vendo que realmente a criançada aprende mais, a professora pegando uma matéria acaba 
se envolvendo mais naquele ponto. Eu dei história e geografia no começo... dava teatro... enfim... uma 
professora maluquinha. Depois peguei ciências, adorei, foi uma paixão... Depois veio português. Aí eu 
prestei o concurso da Prefeitura... que era o único que entrava direto, sem estar dentro da Rede, lá na 
Prefeitura. E eu prestei, fui mais para ver como é que era, sabe... 
P: Era um concurso para professor de educação infantil? 
R: Não, para coordenação pedagógica. Ah, nesse tempo também fui coordenadora, um período, fui 
coordenadora da escola. E também trabalhei um pouquinho em outra escola particular, trabalhava de 
manhã... para ter outra experiência. A minha mãe achava muito importante. Bacana lá também. Fui 
professora de segundo e terceiro ano. Bem bacana lá, ela polivalente também... E... enfim... Fui 
coordenadora um pouco lá também, não muito... e aí prestei o concurso... foi mais por experiência, para ver 
como que era a prova... porque eu nunca tinha prestado concurso nenhum. Até estava doente no dia... aí 
uma menina que já era da Prefeitura, uma amiga minha, falou: – não, vai... fica... -, era o dia inteiro, um era 
para professora e o outro para coordenador... os dois juntos, o dia inteiro. Aí eu prestei... bacana, gostei das 
dissertativas. Falei – bom, vamos ver, né -, mas eu amo, amava muito, amo até hoje a escola lá. O colégio 
particular, a escola da minha mãe, tenho paixão por aquilo. Então, fui por experiência, falei – ah, vou tentar 
25 
 
-. Aí a minha amiga mesmo falou – e aí, você passou, não passou? Como é que é? -, falei – não sei, já saiu 
o resultado? -, aí ela falou – nossa, você passou na coordenação -, falei – nossa, como assim? -, porque 
tinha feito um mini curso de um dos sindicatos dela, que me indicaram, e aí o moço tinha me falado que a 
porcentagem era muito pequena, sei lá... era 10%... não sei... E aquele monte de gente fazendo... falei – tá 
bom que eu vou passar, não vou passar nunca! -, aí eu consegui. Falei – ah...-. 
P: Faz 3 anos isso? 
R: isso... aí fui para outra escola... Era... precária, né... estava inaugurando... aqui pertinho, muito bonita a 
escola, conhece? Estava inaugurando, não tinha sala, a diretora também era precária, tinha acabado de 
prestar o concurso também... mas ela já era da Rede... Eu falei – meu Deus, eu não sou da Rede, não conheço 
professor de Prefeitura -, era totalmente diferente na particular... e Prefeitura, muito diferente. Falei – e 
agora? -, mas o grupo foi muito bacana, me acolheram super bem assim. Percebi que a criança é a mesma, 
então se a gente domina, podem ser 30... 40, mas eu consigo... eu não sei se é dom, e aí fui conquistando 
aos poucos, de conquistar mesmo, agora esse grupo me reconhece como coordenadora, já tem um respeito 
melhor... 
P: E depois de lá você veio para cá... 
R: Então, aí teve remoção, tive que sair, eu não pude ficar lá... porque eu queria ficar lá, porque lá era 
inauguração... era tudo novinho, bacana... a comunidade da escola... E a gente ficou um grupo legalzinho, 
mas tive que sair. E aí escolhi algumas, e sabia que ia para EMEF, porque tinha um monte de coordenadoras 
com ponto, né, e eu zerada, né... não tinha ponto nenhum de Prefeitura. Aí eu inscrevi um monte de escolas, 
aí que veio a minha sorte maior, porque eu caí em uma EMEF... Em janeiro fui para lá... falei – meu Deus, 
eu aqui... socorro! -, mas fiquei... para pegar experiência,tinha que arriscar mesmo e ir. Se não der certo... 
fazer o que? [ri] Daí eu fui, a diretora muito bacana também... falou – olha, você está com um cargo... -, 
ah... esqueço as palavras... como é que fala?, excedente... Aí quando ela falou – o que é um cargo excedente? 
-, - não, é que assim... eram três coordenadores... e até hoje tem essa vaga da terceira coordenação, mas não 
existe mais, então você vai ter que ir lá e escolher outra escola -. Falei – não, eu fico em janeiro -, era 
recesso, estava em férias... fiquei um pouquinho lá, conheci, li bastante... aí li bastante o que era, o que não 
era... a diretora até tentou... porque eles gostam de coordenadora nova... Aí ela até tentou que eu ficasse 
mas não deu. Aí o dia que foi para escolher, a hora que eu li a lista assim... falei – meu Deus, vou parar lá 
longe... se é muito longe eu não gosto... prefiro perto e me arriscar. Aí eu fui para lá... E na hora que eu fui 
escolher tinha pouquíssimo... tinha pouquíssimos mesmo, mas a minha sorte foi que tinha uns 15 excedentes 
e quase nenhum era dessa região. Aí acho que tinha umas... duas EMEIs. A minha tia também é 
coordenadora pedagógica... há muito tempo da Prefeitura, já se aposentou... então... todo mundo fala – não, 
pede EMEI, porque EMEF no começo não dá -. Aí eu li EMEI C. e escolhi... 
P: E faz 3 anos que está aqui? 
R: Faz 3 anos que estou aqui. Esse ano completa 3. 
P: E quais são as reuniões que tem aqui na escola? 
R: Reuniões gerais? Tem a pedagógica que é com o grupo todo. De vez em quando faço o grupo só com 
professor, depois o Manoel faz com técnico... ou junta tudo... 
P: Essa reunião é de quanto em quanto tempo? 
R: Geralmente dá uns 2 meses... E tem a JEIF... que é a Jornada Especial Integral de Formação... 
P: E de quanto em quanto tempo é? 
26 
 
R: Então, aqui na escola a gente divide 4 horas de PEA, que é o projeto especial de ação da escola, que é o 
estudo do projeto... 
P: Esse ano qual é o projeto especial de vocês? 
R: Eu não modifiquei, porque até o ano passado... elas já estavam há 8 anos com esse tema... aí eu já 
coloquei mais assim: Formação Docente na Linguagem Infantil. Então foi um tema que dava para você 
trabalhar com textos... com todas as linguagens... Aqui a gente está construindo uma nova concepção, 
estamos em construção... 
P: E esse projeto que ficou 8 anos era do que? 
R: Era de literatura infantil, só. Era o lúdico e a literatura infantil, e tinha uma parte de valores éticos, eu 
não gostava muito [ri]. Até que consegui modificar. 
P: E tem Conselho de Escola... 
R: Tem, tem APM, tem a Jornada Pedagógica que vai acontecer agora dia 5... 
P: Como é a Jornada Pedagógica? 
R: Geralmente a coordenadoria dá um tema para a gente e todo mundo trabalha esse tema. Esse tema foi o 
acolhimento da criança, como foi o acolhimento, antigamente tinha conversa, então o que aconteceu no 
acolhimento, o começo, como foi... 
P: E esse ano é acolhimento também? 
R: Ainda não deram o tema. Mas a gente já tem em mente... que a gente está com uma concepção sócio 
afetiva, então a gente está mais nesse momento trabalhando mais o lado afetivo. Então, também o vínculo 
do professor, aquela coisa toda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
 
 
28 
 
ANEXO C 
Transcrição da gravação em áudio de entrevista com a Diretora e Coordenadora Pedagógica da 
Escola Z1 
03.05.2011 
_______________________________________________________ 
Entrevistadora – E: Me conta um pouquinho a tua formação e seu percurso profissional até chegar à direção 
dessa escola. 
Diretora – D: estou há 11 anos nessa rede. Iniciei o meu trabalho no magistério com Fundamental. Trabalhei 
dois anos seguidos com a 4ª série. No meu 3º ano de magistério estava na educação infantil... então para 
mim foi algo muito novo mesmo, porque a prática do Ensino Fundamental ela é muito diferente da 
Educação Infantil, então eu tive que aprender com parceiros mesmo. O coordenador entrando na sala, o 
vice diretor entrando na sala, o diretor entrando na sala, com todo esse suporte, - ah, como eu faço isso?, 
como faço aquilo?, estou perdida, tenho medo das crianças, né, então era um universo muito diferente. Mas 
eu venci. Trabalhei com turma de seis anos, depois trabalhei com turma de cinco. O meu maior tempo foi 
com Infantil 4, são crianças menores, né. E em 2008 ingressei na gestão, na direção... 
E: você prestou concurso? 
D: prestei concurso, passei no concurso, em 2008 fui chamada, comecei a trabalhar na EMEB V., uma 
escola com seis turmas, uma escola central. E em 2008 vim para essa escola. 
E: em 2008? 
D: não, em 2009, desculpa. Em 2008 trabalhei no V. que é uma escola central. Em 2009 vim para cá, que 
é uma escola que a gente vê mesmo a diferença. Escola central e escola periférica. 
E: é, isso ia te perguntar, você agora é diretora de uma escola da periferia, que é considerada ali uma área 
de vulnerabilidade social... uma região pobre. Como você sente isso, se é que você sente essa diferença, na 
gestão da escola... Como que isso se manifesta no dia a dia da escola? 
D: bom, a minha maior preocupação aqui é fazer com que os professores entendam e compreendam que o 
trabalho se dá dentro da escola. Que tendo todas as questões sociais, não se pode esperar de casa... então a 
criança tem que ter tudo ali. O suporte, tem que ter possibilidades, tem que ter oportunidades dentro da 
escola. Então, trabalhar com aquela questão de esperar da família não dá. Ali não tem possibilidades. Então, 
a gente tem que enfrentar. Mobilizar mesmo os professores, toda a equipe para que a aprendizagem aconteça 
na escola. 
E: agora, quando você diz assim ‘não dá para esperar muito das famílias’, na prática o que isso significa? 
Significa que as famílias são distantes, que não participam da escola, das reuniões dos pais, como que é? 
D: é tempo mesmo. Não é questão de ser distante. Os pais eles se esforçam muito, o tempo que eles têm se 
dedicam, sim, em estar na escola, em conhecer a escola, em conhecer o trabalho da escola. O que não dá 
para contar com a família é nessa questão das tarefas. Por exemplo, o professor ele se preocupa muito com 
o ensino do alfabeto. Então a criança tem que saber o alfabeto, e aí manda a plaquinha para casa. E aí o pai 
ele não tem mesmo esse contato. O pai sai às 5 horas da manhã, só volta à noite, a mãe também. E ali as 
famílias, em sua maioria, são criadas por tias, por avós... né, alguns alfabetizados, outros não. Então, o 
professor, eu não digo assim, que a criança tem dificuldade, que ele não aprende porque a família não ajuda. 
Então não é isso. 
29 
 
CP: posso falar um pouquinho? O ano passado nós tivemos uma criança na escola que tinha toda uma 
questão social... condições de higiene mesmo, não tinha água encanada, moravam super distantes da escola, 
tinha que andar muito para conseguir pegar um ônibus que demora um tempão para passar... E aí essa 
criança foi encaminhada para um acompanhamento dentário. E a professora simplesmente entregou um 
bilhete para a criança e não comentou do que se tratava. Esse menino levou o bilhete para a mãe com o 
encaminhamento para o dentista, na UBS, e o bilhete foi ficando na bolsa. Porque a mãe era analfabeta, 
próximo de onde eles moravam tinha uma outra família que também não tinha leitores. A criança não sabia 
do teor deste bilhete e aí eu acompanhava as crianças que ficavam após o horário, que os pais não vinham 
buscar, então eu acabava ficando com as crianças. E num dado dia fiquei com essa criança. Fiquei com ele, 
e aí conversando com ele... porque vai ficando uma situação que... a professora vai embora e a mãe não 
chegou, estava escurecendo, porque eles estudam no período da tarde... dependendo da época do ano 
escurece um

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