Buscar

Direito Civil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL - Diego Dias
1. POSSE	2
1.1. Noções fundamentais sobre a posse, as suas teorias justificadoras e a posição do CC	2
1.2. Autonomia da posse em relação à propriedade	3
1.3. Mera detenção (1.198 e 1208/CC)	3
1.4. Composse (coposse ou compossessão, art. 73, P2/CPC)	4
1.4. Função Social da Posse (Art. 5, XXII, XXIII e 170/CF; 1.228, P1/CC)	5
2. OBRIGAÇÕES	7
2.1. NOÇÕES GERAIS	7
2.1.1. TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL (OU DO INADIMPLEMENTO MÍNIMO, OU DA “SUBSTANTIAL PERFORMANCE”)	8
2.1.2. PRINCÍPIO DO DUTY TO MITIGATE THE LOSS (DEVER DE MITIGAR/DIMINUIR AS PERDAS)	9
2.1.3. CLASSIFICAÇÃO DA OBRIGAÇÃO	10
2.1.3.1. QUANTO AO CONTEÚDO	10
1. POSSE
1.1. Noções fundamentais sobre a posse, as suas teorias justificadoras e a posição do CC
	TEORIA SUBJETIVA DA POSSE
Savigny
	A posse, antigamente, era um apêndice da propriedade e perdurou até que Savigny criasse a obra “Teoria da Posse” que trouxe a autonomia da posse. 
Teoria subjetivista da posse:
- Corpus (elemento objetivo): apreensão, ter contato físico com a coisa;
- Animus rem sibi habendi (elemento subjetivo): vontade (intenção) de ter a coisa como sua, ser titular.
Contudo havia uma imperfeição técnica, equivocava ao centralizar as forças da posse no elemento subjetivo. O possuidor pode ter a coisa com sigo, mas não ter vontade de ser dono. Ex. Locatário, comodatário.
	TEORIA SIMPLIFICADA DA POSSE
Teoria Objetiva
Rudolf Von Ihering
	Propôs uma simplificação da teoria subjetiva da posse. 
Não basta ser autonoma a posse, ela não está baseada no elemento subjetivo (ser possuidor) também. O possuidor pode ter a coisa consigo sem ter a intenção de ser titular.
- CC/16: art. 485;
- CC/22: art. 1.196/CC - Poderes inerentes à propriedade (art. 1288/CC): uso, gozo (fruição), livre disposição, reivindicação. Quem dispuser de algum tem a posse.
CUIDADO! O CC adota em regra a teoria objetiva, mas faz concessões à teoria subjetiva. Ex. Ao tratar do usucapião (posse com animus domini - intenção de ser dono).
	STJ
	Posse, na visão contemporânea da teoria objetiva, não é, necessariamente, apreensão física (contato físico), mas poder físico sobre a coisa - efetivo poder sobre a coisa (REsp 1.158.99s/MG). Ex. Ente despersonalizado, PF, PJ.
1.2. Autonomia da posse em relação à propriedade
	E. JORNADA 492
	A posse constitui direito autônomo em relação à propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses existenciais, econômicos e sociais merecedores de tutela.
Arnaldo Jabour: “posse é sexo, propriedade é amor”.
1.3. Mera detenção (1.198 e 1.208/CC)
	CONCEITO
	Determinadas pessoas, embora tenham contato físico, não são consideras possuidoras, pois a lei não o quer (devem estar previstos em lei). A mera detenção é uma desqualificação da posse.
	CONSEQUÊNCIAS
	Não gera nenhum efeito possessório. A mera detenção não gera usucapião e direito de indenização por benfeitorias ou acessões (REsp 1.183.266/PR), mesmo que esteja de boa-fé.
	PROCEDIMENTO DE ILEGITIMIDADE
	Ação dirigida indevidamente contra o detentor:
- Art. 62/ACPC: o detentor deveria processualmente se valer da figura da intervenção de terceiros por NOMEAÇÃO À AUTORIA (se todos aceitassem, o nomeado assumia);
- Art 337, XI/CPC: o novo CPC extinguiu a nomeação à autoria. Hoje, alega PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA para a causa, devendo indicar o verdadeiro réu, se souber, sob pena de perdas e danos. Realizada a substituição o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído (PU, art. 338).
	HIPÓTESES
	Fâmulo da posse (gestor da posse), Art. 1.198/CC: Aquele que tem a coisa consigo por força de uma relação subordinativa. Ex. Caseiro, capataz, veterinário, adestrador do animal, empregado da fazenda.
Posse injusta (1.208/CC): tem natureza de detenção. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
- Precária: não convalesce (sinonimo de interversão, curar), então significa que a precariedade se mantém como detenção, mas pode sofrer uma mutação de sua natureza (alteração substancial) quando deixa de ser tratada de como posse precária. Ex. Comodato, empréstimo, é posse precária, enquanto perdurar o empréstimo é tratado como mero detentor, não possuidor; contudo, se tinha que restituir a coisa no dia 30 do mês e não devolveu na data acaba de cometer esbulho contratual, transmudando-se em posse violenta;
- Violenta: admite convalescimento (depois do prazo de ano e dia, ou, independente de prazo, quando cessada a causa que a originou). Configurada, cessa a natureza de detenção e enquadra-se como posse e computa-se o prazo de usucapião e efeitos da posse (ex nunc - dali para frente);
- Clandestina: admite convalescimento (resto igual a violenta).
Jurisprudência (No Direito Administrativo):
- Bem público de uso comum ou especial (STJ, REsp 1003708/PR);
- Ocupação irregular de áreas públicas (STJ, REsp 556721/DF).
	OBJETO DA POSSE
	A posse submete-se à teoria objetiva (é o contato físico, apreensão). 
Assim, o objeto da posse são bens corpóreos, materializáveis.
CUIDADO! Os bens incorpóreos são insuscetível de posse, mas nada impedem que sejam suscetíveis de propriedade (ex. Direito autoral). 
	EFEITOS
	Descabimento de interdito possessório: reintegração, manutenção e interdito de posse (ações possessórias), 228/STJ.
- São defendidos por meio de tutela específica (para fazer cessar) e ação indenizatória (para prejuízo já causado), art. 497-500/NCPC.
Se o objeto da posse são somente os bens corpóreos, os incorpóreos são insuscetível de usucapião (salvo, usucapião de linha telefônica, 193/STJ).
1.4. Composse (coposse ou compossessão, art. 73, P2/CPC) #
	CONCEITO
	É o exercício simultâneo da mesma posse por duas ou mais pessoas ao mesmo tempo.
Só haverá quando houver indivisibilidade da coisa e multiplicidade de sujeitos. Ex. Casamento, união estável, herança.
Cada possuidor exerce seus direitos sobre o todo, independente da cota (fração ideal). Assim, cada um deles pode defender o todo (contra terceiros e contra uns contra os outros, segundo o STJ REsp 537.363/RS).
	USUCAPIÃO
	Um compossuidor pode usucapir a coisa dos demais? Não, porque todos exercem seus poderes sobre o todo, assim, ordinariamente não pode. Contudo, o STJ excepcionou no caso de posse estabelecida com exclusividade, ou seja, um compossuidor afastar os demais por meio de estabelecimento de exclusividade (REsp 10.978/RJ, leading case, só ele cuida da fazenda, pagando contas, faz tudo no bem).
	ART. 73/NCPC
	O consentimento do conjuge só é necessário para ações reais imobiliárias e a ação de posse não é ação real. Assim, não preciso citar o casal em ação possessória, salvo se estiverem em composse, mas não pela qualidade de conjuge e sim pela qualidade de copossuidor.
Aplicável também à união estável tal regra.
1.5. Função Social da Posse (Art. 5, XXII, XXIII e 170/CF; 1.228, P1/CC)
	CONCEITO
	Teoria sociológica da posse (Hernández Gil): muito mais importante do que enquadrar a posse na concepção objetiva ou subjetiva, seria uma visão sociológica. Propõe que a grande importância do estudo da posse seria o desdobramento de seus efeitos sobre a sociedade (contribuição social do estudo da posse).
No nosso CC, Miguel Reale, trata implicitamente da função social da posse (posse trabalho).
Norberto Bobbio: na obra da estrutura à função, revela que não se deve estudar o direito pela sua estrutura (o que é o direito?), mas também a sua função (para que serve o direito?). Assim, venceu os paradigmas e criou-se três outras, no novo CC: eticidade, operabilidade e socialidade.
Portanto, a função social é o cumprimento de uma diretriz de um paradigma do código (vocação da posse como instrumento da garantia da dignidade humana).
A CF e o CC não se referiram expressamente a função socialda posse. E nessa circunstância, percebe-se que, se não há referência expressa a função social da posse, mas há sim da propriedade, então a função social da posse nada mais é do que um substitutivo da função social da propriedade (implicita na função social da propriedade).
	HIPÓTESES
	Assim, se o titular (proprietário) não cumprir a função social e alguém o fizer em seu lugar o que se terá aí é a função social da posse (implicita na função social da propriedade). 
Ex. 
Contrato de promessa de compra e venda (pode caracterizar direito real à aquisição quando estiver registrada no cartório de imóveis, art. 1.417/CC). Mesmo que a promessa de compra e venda não se caracterize como direito real, não estando registrado, gera direito a adjudicação compulsória (239/STJ), ou seja, se o promitente comprador provar que quitou, terá direito a adjudicação compulsória, pois está exercendo a posse. Fara jus também aos embargos de 3º, pois se não registrou, ficará livre e desembaraçado em nome do promitente vendedor. Se o promitente vendedor sofre uma penhora, pois está em seu nome, o promitente comprador que não registrou, pode utilizar de embargos de 3ºs (84/STJ e 674/CPC). Instrumento idoneo àquele que cumpre a função social da posse.
Art. 1.210, P2/CC – em sede de ação possessória não se discute a propriedade (557/CPC). O juiz julgará a ação possessória em razão do melhor possuidor, pouco importando quem seja o proprietário (merece proteção, mas deve-se discutir isso em ação reinvindicatória). Assim, perdeu o objeto a súmula 487/STF, porque em sede de ação possessória não interessa quem seja o proprietário.
Art. 1.238 e 1.242, PU/CC: permitem a redução do prazo de usucapião em 5 anos (ordinário: de 10 para 5; extraordinário: de 15 para 10), de ofício, quando o usucapiente estiver morando ou tiver tornado a terra produtiva. Não tem propriedade, mas dispõe de posse. O art. 10/CPC expressamente estabelece que o juiz não pode aplicar (deliberar) nenhuma matéira, mesmo de ordem pública, sem prévia intimação das partes (princípio da não surpresa);
Desapropriação judicial indireta (Art. 1.228, P4 e P5/CC): o proprietário pode perder a propriedade se o imóvel reinvindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 5 anos, de considerável número de pessoas, a estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante (baseado em 5 conceitos abertos). Difere de usucapião que não tem contraprestação. 
Quem pagará por isso são os próprios possuidores, salvo população de baixa renda e com finalidade de moradia (E. 308/JDC), enquanto não for paga a indenização não haverá registro (E. 311/JDC), agora, se a indenização não for paga, pode ocorrer prescrição (comum). 
Agora para que o poder público possa pagar, precisa ser citado (ação autônoma de desapropriação contra o proprietário, ou o proprietário entra com uma ação reinvindicatória de propriedade e os possuidores alegam na con testação, incidentalmente) para que se defenda e possa ser alcançado pelos efeitos da coisa julgada. 
Se imóvel em zona urbana (município, vara da fazenda pública) em zona rural (união, JF). Em ambos os casos irá ocorrer deslocamento de competência.
O MP pode ter legitimidade para requerer quando houver interesse social relevante (E. 305/JDC).
Como não é usucapião é possível se admitir inclusive em relação aos bens públicos (E. 304/JDC).
Diferença entre o usucapião especial urbano coletivo (1.5):
	DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL INDIRETA
Art. 1.228, P4 e P5
	USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO COLETIVO
Estatuto da Cidade
	Extensa área, em imóvel urbano ou rural
	Urbano, não superior a 250 m2
	Prazo de 5 anos
	Prazo de 5 anos
	Considerável número de pessoas
	População de baixa renda, em composse
	Posse de boa-fé
	Posse de boa ou de má-fé
	Pagamento de indenização
	Sem contraprestação
	Alegação em ação autônoma ou em matéria de defesa
	Alegação em ação autônoma ou em matéria de defesa (237/STF).
OBS. Direito civil dos pobres (Mezger): toda vez que o direito civil se adapta à população de baixa renda, caracteriza este direito civil.
Esses possuidores estão cumprindo a função social no lugar do proprietário.
1.6. Classificação da posse
	POSSE DIRETA E INDIRETA
1.197/CC
	Aqui vê-se com clareza o chamado desmembramento da posse que ocorre quando o titular concede o contato físico a terceiro sem perder a qualidade de possuidor. Decorre sempre de negócio jurídico, se não há NJ, não há desmembramento e, portanto, nem posse direta e indireta.
Só haverá posse direta quando houver uma indireta e viceversa e só haverá um desmembramento da posse quando houver um contrato. Ex. Usufruto, locação.
Tal desmembramento tem por finalidade a possibilidade do possuidor indireto também defender a coisa, inclusive um contra o outro (E. 76 JDC – o possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este, contra aquele (1.197, in fine, do CC).
IMPORTANTE! Se o dono do objeto é o proprietário, ele é o possuidor pleno e não detém posse direta ou indireta, pois não possui NJ subjacente, ou seja, não há desdobramento. Ex. Esbulhador que invade propriedade é possuidor pleno, pois não há NJ subjacente.
Possibilidade do possuidor indireto ceder a terceiro o seu direito de reclamar a retomada da posse da coisa (STJ, Resp 881.270/RS).
Sucessivos desdobramentos da posse: o possuidor direto pode promover um novo desdobramento de posse. Ex. Sublocação, subcomodato. Quem era possuidor direto agora se torna possuidor indireto.
Qual dos dois podem usucapir a coisa (possuidor direto, indireto ou ambos)? Nenhum dos dois, pois o possuidor indireto não pode usucapir, pois já é proprietário (se não for proprietário, só tem a coisa por força de um contrato, lhe falta animus damini); já o direto tem contato, mas só recebeu a coisa por força de contrato, assim lhe falta posse com animus damini. 
	POSSE JUSTA E INJUSTA
	O Critério é objetivo, pois o código adotou a classificação por exclusão, previu a posse injusta no art. 1.208/CC, assim, todas as demais são justas.
Posse injusta:
Admitem convalecimento: depois do prazo de ano e dia ou quando cessar a sua causa (origem):
Violenta;
Clandestina;
Precária: Não convalece, mas pode sofrer mutação em sua natureza (E. 237JDC)
Enquanto não houver o convalecimento (interversão da posse), a posse injusta é classificada como detenção. Por esta razão, só é possível o usucapião após o convalecimento (STJ Resp 143.876/GO).
	POSSE DE BOA-FÉ E MÁ-FÉ
	Baseia-se em critérios subjetivos: ao conhecimento (saber ou não saber).
Boa-fé: quando o possuidor ignora (não sabe, não conhece) eventual vício que pesa sobre ela;
Má-fé: possuidor conhece do vício.
Ao possuidor de má-fé também dispõe efeitos, mas não são os mesmos efeitos deferidos ao possidor de boa-fé. Ex. Prazo de usucapião (boa-fé: 10 anos, podendo reduzir; má-fé: 15 anos, podendo reduzir para 10 se cumprir a função social).
	POSSE NOVA E POSSE VELHA
	Critério temporal: ano e dia, critério antigo.
Nova: aquela que é exercida a menos de ano e dia;
Velha: aquela que passou de ano e dia. É a única que admite convalecimento.
É diferente de ação de força nova ou de força velha: se leva em conta a data do esbulho ou turbação, se o esbulho ou turbação passou de ano e dia, aí a ação é de força velha, se menos, ação de força nova.
	POSSE NATURAL E CIVIL
	Posse civil (posse contratual, jurídica, constituto possessório, cláusula constituti): Posse por força de contrato: sem nunca ter contato físico (sem apreensão). Recebe a posse de outrem por força de um contrato, sem ter contato físico, mas só a posse indireta que se pode adquirir por força de um contrato.
Efeito natural: aquele que adquire a posse por força de um contrato possa se valer das ações possessórias (STJ Resp 1.158.992/MG).
É forma originária de aquisição de posse.
Posse natural: de acordo com a teoria objetiva adotadapelo código civil, como regra, a posse é o poder físico sobre a coisa. Ordinariamente será adquirida de forma natural (contato).
A CERS 2016 2.1
2. OBRIGAÇÕES
2.1. NOÇÕES GERAIS
	ESTRUTURA DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL
	Elemento subjetivo: é o credor e devedor;
Elemento abstrato/espiritual: ligados por um vínculo jurídico (por meio de lei ou negócio);
Elemento objetivo: sujeitos a uma prestação (é o objeto da prestação). Em regra, deve ter conteúdo patrimonial, pois, ainda que não seja dinheiro, deve ter valor econômico.
ATENÇÃO! Qualquer relação obrigacional será enquadrada na seguinte estrutura.
OBS. O contrato é mais amplo que a obrigação, ou seja, é uma fonte de várias obrigações.
	FINALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
	a) Fim primário: criar o débito (o que os alemães chamavam de “schuld”). A
finalidade principal ao contrair uma obrigação é criar uma dívida, ou seja, vincular o devedor ao credor.
b) Fim secundário: caso haja o inadimplemento da obrigação, implicará responsabilidade civil (“haftung”) do devedor. Responsabilidade civil significa dever de indenizar.
Obs.1: é possível haver casos de responsabilidade sem o débito, como o fiador, por exemplo.
Obs.2: há também o débito sem responsabilidade (obrigação natural). É o caso da dívida prescrita, dívida de jogo etc. Tratando-se de dívida de jogo, a regra geral do código não se aplica a jogos legalmente disciplinados, pois, se uma pessoa ganhar na Mega-Sena, ela pode entrar com ação judicial e obrigar a Caixa Econômica Federal a pagar o prêmio.
	OBRIGAÇÕES COMPLEXAS
Obrigações como processo
Clóvis de Couto e
Silva
	A obrigação não se resume ao mero ato de cumprir a prestação, pois é:
- um conjunto de atos;
- destinados à satisfação do crédito (pagamento da dívida);
- de modo compatível com a boa-fé, com as funções sociais e com a ausência de abuso de direito. 
A ideia da obrigação como processo é que o devedor deve prestar obrigação de forma que seja útil e importante para o credor e menos onerosa para si, mas deve-se agir de acordo com a boa-fé. 
Daqui, surge o conceito de deveres anexos/deveres laterais ou deveres instrumentais (DEVERES GERAIS DA BOA-FÉ OBJETIVA), são os deveres que não precisam de previsão expressa no contrato e que decorrem da boa-fé objetiva. Exemplo: a doutrina afirma que há o dever de cooperação, dever de informação, dever de proteção etc.
Obs.: ao descumprimento da obrigação dá-se o nome de violação positiva do contrato.
	OBRIGAÇÃO “PROPTER REM”
	Quando há uma obrigação que se vincula à coisa, e não à pessoa. Significa que novos adquirentes respondem pela dívida, porque o que importa para a dívida é a “coisa”, por isso quem for o dono pagará por ela. Ex. Devendo condomínio.
2.1.1. TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL (OU DO INADIMPLEMENTO MÍNIMO, OU DA “SUBSTANTIAL PERFORMANCE”)
	ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL
	Cumprimento de grande parte de uma prestação.
	INADIMPLEMENTO MÍNIMO
	Foi descumprida uma pequena parte da prestação, mas grande parte foi cumprida;
	SUBSTANTIAL PERFORMANCE
	Performance formidável, com uma pequena falha.
	TEORIA
	Fala-se nessa teoria quando:
- o devedor cumpriu parcela substancial da dívida;
- de maneira que, em nome da boa-fé objetiva e da função social (princípio da razoabilidade), a medida drástica da resolução contratual é vedada;
- restando apenas ao credor a cobrança da dívida por vias ordinárias. 
Explicando:
- A resposta tem de ser proporcional à falha cometida.
- Se uma pessoa cumpriu 98% do contrato, não faz sentido, por conta do inadimplemento de 2%, acabar com o contrato e retomar o bem.
- Para verificar se o adimplemento foi substancial ou não, devem ser analisados conjuntamente critérios qualitativos e quantitativos.
- O STJ aplica essa teoria para situações como financiamento de veículo (por alienação fiduciária em garantia – AFG), em que o devedor já pagou a maior parte da dívida e a inadimplência se fez em uma pequena parcela dela; o banco não pode acionar busca e apreensão do bem, restando apenas cobrar pelas vias ordinárias (como penhora).
	CUIDADO
	STJ (2ª sessão do STJ, órgão máximo do STJ em matéria de direito privado): a teoria do adimplemento substancial não impede a busca e apreensão no caso de alienação fiduciária em garantia, porque o decreto-lei 911 (art. 3, P2) exige pagamento da integralidade da dívida após a consolidação da propriedade por meio de liminar. Se afastar a busca e apreensão acaba estimulando a prática.
Tendência: afastar a teoria para qualquer situação de execução de garantias (hipotécas, AFG).
Atenção! Essa é uma teoria muito utilizada. As obrigações devem ser cumpridas, mas o cumprimento de grande parte do pagamento gera repercussão jurídica, e medidas drásticas de coerção não serão admitidas.
2.1.2. PRINCÍPIO DO DUTY TO MITIGATE THE LOSS (DEVER DE MITIGAR/DIMINUIR AS PERDAS)
	CONCEITO
	O credor deve observar a boa-fé objetiva (a conduta) do devedor para não
estimular o aumento da dívida. Ele tem o dever de atenuar as próprias perdas.
	EXEMPLOS
	Exemplos de uso: astreintes (multa combinatória – meio de coerção indireta processual para se conseguir uma execução de obrigação de fazer/não fazer/entregar coisa certa).
– Um professor particular foi contratado, mas deixa de dar aula: ele é obrigado a cumprir a obrigação, e o contratante pode acionar a Justiça, condenando-o a pagar multa diária até cumprir a obrigação.
– Uma pessoa tem seu nome negativado no Serasa sem ser previamente informada (o aviso é obrigação por lei). Ela pode acionar judicialmente o Serasa, pedindo que a instituição seja condenada a retirar seu nome do cadastro de inadimplentes. O juiz pode antecipar a tutela para que o
nome seja retirado sob pena de multa diária enquanto não for resolvido pela instituição. O funcionário que recebeu a determinação esqueceu-se de cumprir a obrigação, e a multa foi se acumulando. A pessoa que acionou a Justiça percebe o não cumprimento da determinação e não se pronuncia. Após passar um período razoável de tempo, essa pessoa aciona a Justiça para executar as astreintes (o valor acumulado da multa), pleiteando um valor maior. Por conta da conduta de má-fé do interessado, o juiz pode reduzir o valor das astreintes, tornando-o proporcional.
– Uma pessoa tem uma conta-corrente e deixa de movimentá-la. Os juros do cheque especial se acumulam ao longo dos anos. O banco não aciona
o cliente, sugerindo formas mais baratas de juros. O credor age de má-fé, silenciando-se.
2.1.3. CLASSIFICAÇÃO DA OBRIGAÇÃO 
2.1.3.1. QUANTO AO CONTEÚDO
	OBRIGAÇÃO DE MEIO
	O devedor se obriga a empregar seus esforços/sua dedicação para obter o resultado (mas não necessariamente garante a obtenção do resultado). Só há inadimplemento se o devedor não empregar seus esforços de maneira cautelosa.
	OBRIGAÇÃO DE RESULTADO
	O devedor se obriga a obter o resultado (necessariamente). O inadimplemento ocorre quando o resultado não é obtido.
Essa classificação é importante porque podem ser encontrados precedentes que tratem dela, além de questões de concursos.
– Na prática, obrigação do advogado/do médico, em geral, é uma obrigação de meio. O profissional vai usar todos os meios para obter o resultado (ganho da causa/cura), mas não pode garantir esse resultado.
– O contrato de empreitada é um exemplo de obrigação de resultado. Ao fim do prazo contratual, o resultado tem de ser entregue como acordado.
– Em caso de cirurgia estética (não é cirurgia reparadora, quando o médico atua em obrigação de meio), há obrigação de resultado.
Obrigação de resultado: a não obtenção do resultado faz presumir inadimplência; o ônus de provar caso fortuito ou força maior é do devedor.
A responsabilidade do médico, mesmo na cirurgia estética, é subjetiva (§ 4º do art. 14 do CDC). É necessário provar a culpa, mas ela é presumida pela não obtenção do resultado (na cirurgia estética).
Obrigação de meio (médico): não basta a prova da não obtenção do resul-
tado; é necessário provar a negligência no esforçoempreendido para obter o resultado. O ônus de prova é do credor.
	OBRIGAÇÃO DE GARANTIA
	O devedor se obriga a proteger o credor de riscos. Exemplo: contrato de seguro, contrato de fiança.
- Contrato de seguro: o segurador assume uma obrigação perante o segurado de protegê-lo. Em caso de acidente, por exemplo, a seguradora ressarce o segurado.
- Fiador: assume uma obrigação de, caso o devedor não pague a dívida, pagá-la no lugar do afiançado.
	QUANTO AO MOMENTO
	Obrigação/Contrato:
– Obrigação de execução instantânea: pagamento no ato do surgimento da obrigação (pagamento à vista).
– Obrigação de execução diferida: o pagamento ocorre em uma prestação futura (exemplo: entrega alguns dias após o pagamento).
– Obrigação de execução continuada (obrigação de trato sucessivo): o pagamento ocorre em várias parcelas futuras (exemplo: crediário).
UTILIDADE PRÁTICA:
Nas obrigações de execução instantânea e diferida: pode ser aplicada a Teoria da Imprevisão. A aplicação se dá porque o pagamento só acontecerá no futuro; no intervalo de tempo, pode haver mudanças macroeconômicas, e a prestação pode ter onerosidade excessiva. Assim, autoriza a resolução do contrato por onerosidade excessiva (317 e 478CC).
	QUANTO À LIQUIDEZ
	Líquida: o objeto é individualizado (exemplo: quitação feita por um imóvel).
Ilíquida: o objeto não é individualizado (exemplo: quitação baseada em valores que não são absolutos nem podem ser calculados no ato da decisão).
	QUANTO Á ACESSORIEDADE
	Principal: existe por si só.
Acessória: serve a um principal (não existe sem ele).
	OUTRAS
	Puras;
Simples;
Condicionais;
A termo;
Modal/com ônus.
4

Outros materiais