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Direito Constitucional

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RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL - Diego Dias
1. HERMENEUTICA CONSTITUCIONAL	3
1.1. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA	3
1.2. QUESTÕES DE PROVOCAÇÃO	3
1.3. NORMAS CONSTITUCIONAIS	3
1.3.1. CLASSIFICAÇÃO (ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO)	3
1.3.2. PECULIARIDADES	4
1.4. VISÃO POSITIVISTA	5
1.4.1. ESTRUTURA DA HERMENEUTICA	5
1.4.1.1. CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NORMATIVOS APARENTES	6
1.4.2. PARADIGMAS DO POSITIVISMO JURÍDICO	6
1.4.3. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CLÁSSICOS	7
1.5. CONSTITUCIONALISMO	7
1.5.1. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO	8
1.6. VISÃO PÓS-POSITIVISTA	10
1.6.1. PARADIGMAS	10
1.6.1.1. COMPARATIVO: POSITIVISTA X PÓS-POSITIVISMO	11
1.6.2. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DO PÓS-POSITIVISMO	11
1.6.3. PRINCIPAIS TEMAS DA HERMENÊUTICA	12
1.7. PRINCÍPIOS	12
1.7.1. MATERIAIS CONSTITUCIONAIS	12
1.7.2. INSTRUMENTAIS CONSTITUCIONAIS (POSTULADOS NORMATIVOS, HUMBERTO ÁVILA)	13
1.8. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS	15
1.8.1. ESCOLAS	16
1.9. QUESTIONÁRIO	18
2. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE	19
2.1. INTRODUÇÃO	19
2.1.1. VISÃO RACIONALISTA NA TEORIA DO PODER CONSTITUINTE	19
2.2. CLASSIFICAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE	21
2.2.1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO	21
2.2.1.1. CARACTERÍSTICAS	22
2.2.1.2. TITULARIDADE	22
2.2.1.3. MANIFESTAÇÕES	22
2.2.1.3.1. FORMAS	23
2.2.1.3.2. QUESTÕES AFETAS AO PODER CONST. ORIG.	23
2.2.1.4. CAIU EM PROVA	25
2.2.2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO (SEGUNDO GRAU)	25
2.2.2.1. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR	26
2.2.2.1.1. CONDICIONAMENTOS	26
2.2.2.2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE	28
2.2.2. PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL	29
3. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO	30
3.1. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO	30
3.1.1. CLÁSSICOS	30
3.1.2. MODERNOS	30
3.2. NORMAS MATERIAL E FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS	30
3.3. CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO	31
3.4. CLASSIFICAÇÃO	32
4. PODER EXECUTIVO (art. 76 a 91)	35
4.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIA	35
4.2. ATRIBUIÇÕES (Art. 84) - Exemplificativo	36
5. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE	40
5.1. SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE	44
5.2. NATUREZA DO ATO INCONSTITUCIONAL E DA DECISÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE	46
5.3. TIPOS/ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE	46
5.4. SISTEMAS DE CONTROLE	48
5.5. EVOLUÇÃO HISTÓRICA	49
5.6. MODELOS DE DECISÃO NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE	50
5.7. CONTROLE DIFUSO (VIA DE EXCEÇÃO), INCIDENTAL	52
5.8. CONTROLE CONCENTRADO (VIA DE EXCEÇÃO), INCIDENTAL	56
6. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS	59
6.1. ESTADOS DE EXCEÇÃO	59
6.1.1. ESTADO DE DEFESA	59
6.1.2. ESTADO DE SÍTIO	61
6.1.2.1. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O ESTADO DE DEFESA X ESTADO DE SÍTIO	61
6.2. FORÇAS ARMADAS (FFAA)	62
1. HERMENEUTICA CONSTITUCIONAL
1.1. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
Curso de Direito Constitucional Contemporâneo, Luís Roberto Barroso;
Direito Constitucional, Daniel Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto.
1.2. QUESTÕES DE PROVOCAÇÃO
1a) Na análise sobre a validade material de uma emenda constitucional em face de um dispositivo da redação original da Constituição qual(is) princípio(s) deve(m) ser aplicado(s): o da supremacia da Constituição e/ou o da unidade da Constituição?
Aqui o que se quer saber é: quando se coloca no controle de constitucionalidade o objeto, a emenda constitucional, tendo como paradigma uma norma original da Constituição, qual ou quais princípios instrumentais de hermenêutica devem inspirar essa análise de validade material: o princípio da supremacia do dispositivo da norma original da Constituição ou o da unidade da Constituição? É necessário um conhecimento teórico para resolver essa questão.
2a) É possível a invocação de direito adquirido em face de Emenda Constitucional? Primeiramente tem que se trabalhar com a questão da possibilidade, ou não, da invocação de direito adquirido em face da Constituição na redação original, se é possível invocar um direito adquirido em face da Constituição de 88. 
Ultrapassada essa questão, é possível invocar direito adquirido em face de um dispositivo de emenda constitucional?
1.3. NORMAS CONSTITUCIONAIS
Quanto às classificações, será adotado a do Prof. José Afonso da Silva em seu livro “A Aplicabilidade das Normas Constitucionais”, que classifica as normas constitucionais nas seguintes espécies:
1.3.1. CLASSIFICAÇÃO (ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO)
	ORGÂNICAS
	São normas (princípios ou regras) que tratam da estrutura do Estado. Ex: o art. 1o da CRFB/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito. Alguns princípios estão vinculados a esse artigo, tais como o princípio republicano, o princípio federativo, o princípio do Estado de Direito, o princípio do Estado Democrático; art. 84/CF - atribuições do PRFB, entre outros.
	LIMITATIVAS
	Tem por objetivo conter, restringir a atuação do Estado em relação ao ingresso no âmbito da liberdade humana, da intimidade ou da privacidade. Muitas se encontram no art. 5o da CRFB/88. Normas que tratam da liberdade de expressão, da liberdade religiosa, da liberdade de ir e vir são exemplos de normas limitativas. Assim, a norma limitativa é uma norma que está ligada à proteção da liberdade humana.
	SÓCIO-IDEOLÓGICAS
	É uma norma peculiar de constituições sociais, pois elas tratam da intervenção do Estado na ordem social e na ordem econômica/financeira, o que não acontece em constituições do modelo garantista, mas apenas nas constituições de modelo dirigente.
Então, as normas sócio-ideológicas estão vinculadas tanto à intervenção do Estado na ordem econômica, quanto na proteção de direitos sociais, principalmente de direitos sociais prestacionais. Normas que tratam da proteção da educação (art. 208), da previdência social (art. 201), da saúde pública (art. 196), da assistência social (art. 203) são de natureza sócio-ideológicas.
	DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL
	Se destinam a dar perenidade, estabilidade às instituições. São normas que buscam evitar, diminuir, contornar atritos institucionais.
Buscam dar estabilidade, perenidade à Constituição, evitando que existam choques institucionais. Normas que tratam de controle de constitucionalidade, de intervenção, de estado extraordinário de legalidade (estado de defesa, estado de sítio, por exemplo) são normas de estabilização constitucional.
	DE APLICABILIDADE DA CONSTITUIÇÃO
Formais de aplicabilidade
	São normas que tratam de vigência da Constituição.
Excepcionalmente, se houvesse uma norma na Constituição que fizesse recepção expressa de uma norma constitucional, ou que criasse uma vacatio legis em um determinado setor da Constituição seria uma norma de aplicabilidade da Constituição. O art. 34 do ADCT, que traz uma norma de prorrogação da vigência da Constituição, estabelece um termo a quo diferido para a vigência da Constituição de 1988 na parte do sistema tributário. Esse artigo criou uma vacatio legis de natureza constitucional no sistema tributário. Com isso, a Constituição de 1988 prorrogou a vigência das normas previstas no sistema tributário da Constituição de 1967, com a redação dada pela EC no 01/69. Essa é nitidamente uma norma de aplicabilidade da Constituição. A doutrina reconhece também o preâmbulo como norma de aplicabilidade da Constituição. Assim, apesar de a doutrina entender que o preâmbulo não tem força de cogência sobre as condutas humanas, apesar de não servir para criar direitos subjetivos, o preâmbulo serve muito bem como vetor de interpretação de outras normas constitucionais. Então, o preâmbulo é uma parte da Constituição de inspiração da redação do corpo principal da Constituição, que tem uma função interpretativa, uma função hermenêutica, de servir de vetor para a interpretação de outras normas constitucionais.
Em síntese, há cinco espécies normativas da Constituição, segundo José Afonso da Silva, e essa é a classificação seguida por muitos autores, já tendo sido cobrada em inúmeros concursos públicos.
Normas constitucionais, antes de mais nada, são normas e devem ser interpretadas de acordo com os métodos clássicos (histórico, teleológico, sistemático, gramatical).
1.3.2. PECULIARIDADESHá alguma peculiaridade das normas constitucionais que fariam com que o intérprete tivesse cuidado na hora de enfrentar uma questão sobre a compreensão do conteúdo de um dispositivo constitucional? Haveria algum tipo de peculiaridade nas normas constitucionais que faria com que tivéssemos que ter atenção na hora de interpretá-las? Sem dúvidas. A doutrina tem reconhecido algumas peculiaridades de normas constitucionais:
	SUPERIORIDADE
	No ordenamento jurídico as normas constitucionais têm superioridade em relação a outras normas.
	NATUREZA DA LINGUAGEM MAIS ABERTA
	As normas constitucionais têm uma estrutura um pouco mais abstrata que as demais normas do ordenamento jurídico. Ex: a linguagem do decreto é muito mais concreta do que a linguagem da Constituição, que traz mais conceitos indeterminados, conceitos abertos, que passam por uma interpretação mais fluída de seus dispositivos.
	CONTEÚDO ESPECÍFICO
	Trata da relação do Estado com a sociedade e da relação básica entre os membros desta.
	CARÁTER POLÍTICO
	O que faz com que as normas da Constituição sejam mais aptas a um debate entre componentes ideológicos que as vezes são divergentes.
Por que a Constituição tem uma linguagem mais simples do que uma lei como a de responsabilidade fiscal, por exemplo? Porque a Constituição é a Carta básica das relações sociais, não apenas da relação social do indivíduo com o Estado, mas também da relação entre os indivíduos dentro da sociedade.
Então, a norma constitucional deve ser mais apta a compreensão pelo homem comum. Se o leitor for extremamente técnico na interpretação do caput do art. 84 da CRFB/88, por exemplo, que é um caput simples, ele corre o risco de exigir mais do que a Constituição pretendia. No referido caput, a Constituição utiliza o termo compete, e o leitor poderia interpretar isso como um equívoco, pois quem tem competência é o juiz, o Presidente da República tem atribuição. A Constituição, em princípio, não trabalha com esse tecnicismo, ela não está interessada na diferença técnica entre competência e atribuição. Porém pode ter normas constitucionais que tem que ter um conhecimento técnico para interpretá-la, tem que ter jogo de cintura.
1.4. VISÃO POSITIVISTA
1.4.1. ESTRUTURA DA HERMENEUTICA
Qual é a estrutura da hermenêutica na visão positivista? Será analisado o conceito de ordenamento jurídico apresentado por Norberto Bobbio, que é um positivista sociológico, histórico, ao contrário de Hans Kelsen que é um positivista normativista.
	CONCEITO DE ORDENAMENTO JURÍDICO
	Bobbio afirmava que o ordenamento jurídico é o conjunto sistemático de normas dotado de unicidade e completude.
	CARACTERÍSTICAS
	Bobbio destaca três características do ordenamento jurídico como um conjunto de normas: 
É um sistema: perfeito;
É único: A unicidade do ordenamento jurídico é uma característica que decorre da soberania do Estado. Assim, em cada Estado deve haver apenas um ordenamento jurídico;
É completo: É dotado também, de acordo com Bobbio, de completude. O ordenamento jurídico, por ser completo, não existe um fato da vida que não pode ser solucionado pela aplicação de uma norma, ainda que seja uma norma não expressa. O juiz tem obrigatoriamente que julgar, pois, como o ordenamento é completo, há sempre alguma norma (explícita ou implícita) que pode solucionar o caso.
1.4.1.1. CRITÉRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS NORMATIVOS APARENTES
Para o positivismo, o ordenamento jurídico é um sistema perfeito. Existindo duas normas em conflito, o que os positivistas sugerem como critério de solução? Eles afirmam que um conflito entre normas é sempre um conflito aparente, pois esse conflito pode ser solucionado por um dos critérios indicados. Eles afirmam, deste modo, que os conflitos não são reais e indicam os seguintes critérios, exatamente na seguinte ordem:
	HIERARQUIA
	Se das normas em conflito, uma norma for constitucional e outra legal, esta última será afastada para que a norma constitucional seja aplicada. O controle de constitucionalidade é uma decorrência desse critério. Esse critério também se aplica quando a norma superior é uma norma legal e a inferior uma norma de ato administrativo. Assim, o método da hierarquia pressupõe que, havendo um conflito normativo, deve ser afastada a norma inferior com aplicação da norma superior. Porém, ele não soluciona os casos em que as normas têm a mesma estatura e quando isso ocorrer será necessário ir para o critério da especialidade.
Se contra a constituição, será inválida para todos os casos.
	ESPECIALIDADE
	Se das normas em conflito de mesmo status, em que uma é especial e a outra geral, diante de um caso especial será adotada a norma especial, sem que haja qualquer invalidação da norma geral. As duas normas continuam a conviver no ordenamento jurídico e a questão se soluciona no âmbito da aplicabilidade. Se o fato fosse um fato geral, seria aplicada a norma geral em detrimento da especial. Se as normas são de mesma estatura e têm a mesma especialidade, deverá ser aplicado o critério temporal.
	TEMPORAL
Novidade
	Se das normas em conflito de mesma estatura e mesma especialidade, em que uma é mais nova e outra mais antiga, será aplicada a norma mais nova e haverá uma revogação tácita da norma mais antiga.
Para os positivistas, esses três critérios de solução de conflito normativo são critérios que vão solucionar todos os casos concretos.
A visão positivista pode influenciar mais determinado ramo do direito do que outro. Os métodos positivistas são mais fortes nos ramos do direito em que é necessária uma maior segurança jurídica (ex: direito penal, direito tributário), pois geram maior segurança jurídica.
Caso contrário, tais ramos estariam sujeitos à ponderações de interesses que deixaria o indivíduo desprotegido em face de determinadas interpretações que o Estado pudesse fazer.
1.4.2. PARADIGMAS DO POSITIVISMO JURÍDICO
	NEUTRALIDADE DO INTERPRETE
	Alguns sugeriam que o intérprete se afastasse completamente do fato para não ser influenciado por este. Esse paradigma atualmente foi superado, sendo o intérprete visto como alguém engajado socialmente e que tem suas experiências, carregando isso como uma pré-compreensão quando analisa as normas, não sendo vista como uma pessoa neutra.
	FALTA DE PREOCUPAÇÃO COM AS CONSEQUÊNCIAS DA INTERPRETAÇÃO
	O que interessa é a solução abstrata, e não a consequência. Não importa se milhões vão morrer.
	DELIMITAÇÃO CLARA DA DIFERENÇA ENTRE INTERPRETAR E APLICAR
	Para os positivistas, primeiro se interpreta a norma em abstrato, se interpreta a norma abstratamente sem qualquer influência do fato. Depois que se conhece a norma em abstrato, e isso é a interpretação, vem a segunda fase que é a aplicação daquela premissa maior sobre uma premissa menor através de um método de subsunção dessa premissa menor à premissa maior. Para os positivistas a fase de interpretar e a fase de aplicar eram fases diferentes. É chamado de processo hermenêutico linear.
	DISTINÇÃO ENTRE INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO
	Os princípios, como não tem capacidade de cogência, fazem parte da integração.
	AS NORMAS SE LIMITAM AS REGRAS
	Para os positivistas não há diferença entre regra e norma, pois quando se olha o dispositivo escrito isso já é a própria norma.
1.4.3. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CLÁSSICOS
	GRAMATICAL
	Se utiliza tanto do sentido leigo quanto do sentido científico das palavras para conseguir interpretar o dispositivo.
	HISTÓRICO
	Busca a razão da legislação na época em que foi feita. Então, qual era o mens legis quando foi editada uma lei na década de 60, qual era o objetivo daquela lei.
	SISTEMÁTICA
	Procura coadunar, coordenar, que se dialoguem e se pacifiquem os diversos subsistemas dentro do ordenamento jurídico. Está sempre buscando uma harmonização.
	TELEOLÓGICO
	Procura ver qual é a finalidade da lei, ela foi feita com que objetivo.
	LÓGICO
	Procura trabalhar com determinadas premissas de compreensão lógica, de raciocínio mais cartesiano.
1.5. CONSTITUCIONALISMOCom a queda do Nazismo há um fenômeno chamado de retorno da descoberta da Constituição, o Constitucionalismo novo ou Neoconstitucionalismo. Este tem parâmetros que vão modificar como se vê a hermenêutica, de como se vê e se aplicam as normas do ordenamento jurídico, principalmente com a influência da Constituição.
	CONCEITO
	Parte da inserção e alteração no padrão hermenêutico. A Constituição passa efetivamente a ser tratada como o conjunto de normas mais importantes do ordenamento jurídico e, em virtude disso, as normas constitucionais passam a ser utilizadas mais como paradigmas no controle de constitucionalidade.
	PÓS-POSITIVISMO
	É o reencontro do Direito com a Moral, por meio de interpretação de princípios constitucionais abertos. Recorre-se à argumentação jurídica intersubjetiva e mais permeável à moral, que não se esgota na lógica formal. Ou seja, uma norma não tem validade simplesmente pelo seu estatuto formal, por exemplo, mas sim pelo seu conteúdo moral.
	NEOCONSTITUCIONALISMO
	- Reconhecimento da força normativa dos princípios e a valorização de sua importância;
- Rejeição do formalismo e recurso mais frequente a métodos mais abertos de raciocínio, baseados na razão pública e submetidos à avaliação da sociedade: ponderação, a tópica e a teoria da argumentação;
- Constitucionalização do Direito, com irradiação dos valores constitucionais, sobretudo os relacionados com os direitos fundamentais, para todo ordenamento;
- Judicialização da política e das relações sociais, com significativo deslocamento de poder do Executivo e do Legislativo para o Judiciário, em especial para a Corte Constitucional.
OBS. No Neoconstitucionalismo a fundamentação que se utiliza na aplicação da lei aos fatos deve ser uma razão que possa ser objeto de compreensão por qualquer pessoa e também objeto de crítica.
1.5.1. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
A principal característica trazida pelo movimento do pós-positivismo é colocação da Constituição no centro do ordenamento jurídico. Isso influência em várias questões, tais como:
	FILTRAGEM
	É a utilização principalmente dos princípios constitucionais como filtros morais de todo o ordenamento jurídico. Se na época do Positivismo o movimento de aplicação de uma determinada norma legal era aplicada sobre determinado fato em um sistema de subsunção, na visão pós-positivista existem filtros morais (ex: dignidade da pessoa humana, república, etc.) que faz com que a aplicação dessa norma no ato de aplicação ao fato tenha que passar pela Constituição.
	RECEPÇÃO
	É a continuidade da vigência de uma norma anterior à Constituição que não seja contrária ao novo paradigma constitucional. A lei continua em vigor por ser compatível materialmente com a Constituição posterior. Assim, o que se analisa é a validade da lei anterior no aspecto material. Se a lei anterior for compatível com a Constituição ela será recepcionada por esta, continuando vigente. A lei diante da nova Constituição passa a ser influenciada por ela. Assim, o fenômeno da recepção deve ser lido também com a filtragem. A recepção é um fenômeno muito importante para a garantia da segurança jurídica;
	NORMAS ANTERIORES E MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA FEDERATIVA
	Para a maioria da doutrina não há recepção de normas que eram da competência estadual, mas que passassem a ser de competência federal. Contudo, se a competência fosse federal e passasse a ser estadual parte da doutrina acredita que seria possível a recepção da norma federal, caso o estado-membro não editasse norma referente àquela matéria.
	NORMAS DA ANTIGA CONSTITUIÇÃO COMPATÍVEIS COM A ATUAL
	As normas de Constituição anterior poderiam continuar como normas infraconstitucionais no ordenamento com uma nova Constituição? A doutrina brasileira não aceita o fenômeno da desconstitucionalização de forma tácita. Entrando em vigor uma nova Constituição, salvo se ela excepcionar expressamente, as normas da Constituição anterior são revogadas porque a entrada em vigor da nova Constituição faz com que haja uma quebra institucional no ordenamento jurídico.
	REPRISTINAÇÃO CONSTITUCIONAL
	Não é aceito no Brasil de forma tácita. Seria o retorno da vigência das normas constitucionais anteriores que foram revogadas pela atual Constituição;
	INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA EDITADA SOB A ANTIGA CONSTITUIÇÃO COMPATÍVEL COM A ATUAL
	Ela poderia ser recepcionada? Se a lei foi inválida com a Constituição anterior, mesmo que ela não tenha sido declarada inválida por ADI, não pode ser aplicada ao fato porque não se pode aplicar uma lei inválida, pois é nula. Um juiz pode, incidentalmente, declarar a inconstitucionalidade de uma lei por agredir a Constituição de 1967, por exemplo.
	DIREITO ADQUIRIDO E PODER CONSTITUINTE
	A doutrina é unânime ao afirmar que não se pode invocar direito adquirido sob nova Constituição. Isso, inclusive, é colocado de forma expressa pela Constituição de 1988, em seu art. 17 do ADCT, que veda a alegação de direito adquirido em face da Constituição. Outro ponto que é discutido é se seria possível invocar direito adquirido com a entrada em vigor de emenda constitucional. A maioria da doutrina, após a Constituição de 1988, passou a afirmar que na interpretação do art. 5o, XXXV, quando ele dispõe “a lei não prejudicará direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”, o termo lei deva ser interpretado também como emenda constitucional, uma vez que os direitos individuais formam cláusulas pétreas. Então, a lei não seria apenas a formal, mas também abrangeria a emenda constitucional. Isso faz com que a maioria da doutrina afirme que não é possível a emenda constitucional agredir ou desrespeitar um direito adquirido. A questão já foi em parte decidida pelo STF no julgamento de um mandado de segurança, em que afirmou que a emenda constitucional não possa desrespeitar um direito adquirido que tenha sede constitucional, mas ainda não julgou se a emenda constitucional tem que respeitar um direito adquirido com base na lei. A maioria da doutrina afirma que a emenda constitucional não pode desrespeitar o direito adquirido com base na lei.
	MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
	É um método silencioso, informal de alteração da norma constitucional através de uma interpretação evolutiva, de modificação do costume, mantendo o seu dispositivo escrito como ele sempre foi. O Prof. informa que este ponto poderá ser melhor estudado no módulo de “Teoria da Constituição”.
1.6. VISÃO PÓS-POSITIVISTA
A interpretação passa a ser realizada à vista dos elementos do caso concreto, dos princípios a serem preservados e dos fins a serem realizados. É importante se ter a compreensão de que na hermenêutica do pós-positivismo o fato é muito importante desde o momento da interpretação, abandona-se a visão de que a interpretação é feita somente com a lei em abstrato e que somente depois se faz a aplicação da norma. Aqui, o fato já é integrado no momento da interpretação e isso faz com que se gerem métodos de interpretação diferentes daqueles estudados.
1.6.1. PARADIGMAS
	NORMAS NÃO SE CONFUNDEM COM O TEXTO
	O texto é o significante, a norma é o significado. O texto (dispositivo) é algo que se interpreta. A norma é o resultado da interpretação. Assim, norma e dispositivo não se confundem. Isso é muito importante para o entendimento da mutação constitucional, pois sem que haja qualquer alteração na redação do dispositivo há uma alteração no sentido da norma, que era uma antes e passa a ser outra depois
	CONTEXTUALIZAÇÃO DO INTÉRPRETE E ABERTURA DO ROL DE INTÉRPRETES
	O intérprete não é visto mais como um ser neutro, admite-se que o intérprete tenha uma história de vida que faz com que ele leve pré-compreensões para o ato de interpretar. Deste modo, não se exige que o intérprete seja neutro, mas imparcial, pois deve ouvir com igual atenção e respeito os argumentos das partes, deve permitir que as partes tenham igual possibilidade de produção de prova. Quando o juiz não é imparcial pode ser destinatário de uma exceção de imparcialidade. A sociedadedos intérpretes é uma sociedade aberta, e ao Judiciário não cabe a exclusividade de interpretar;
	IMPORTÂNCIA DAS CONSEQUÊNCIAS DA INTERPRETAÇÃO
	A visão de “faça-se justiça e pereça o mundo” é abandonada. Os juízes devem ser atentos quanto à consequência da interpretação realizada.
Em virtude disso, apareceram técnicas mais finas de controle de constitucionalidade (ex: declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade);
	INTERPRETAÇÃO QUE CONSIDERA OS FATOS SUBJACENTES
	A interpretação não é feita com a norma em abstrato, os fatos já são considerados no processo de interpretação, o que leva, consequentemente, à espiral hermenêutica.
	ESPIRAL HERMENEUTICA
	O processo hermenêutico intelectivo no positivismo é linear (primeiro há interpretação da lei em tese e depois existe a fase de aplicação). No processo hermenêutico do pós-positivismo há um círculo, como o intérprete não é um ser isolado, mas que carrega um prévio conhecimento sobre aquele fato na compreensão do dispositivo. A doutrina cria a espiral hermenêutica, e não o círculo (que se chega ao mesmo ponto), pois na espiral dá uma noção de progredir.
	USO DA RAZÃO
	Argumentação desprovida de sentido religioso ou de ética particular. A argumentação deve girar sobre questões sobre as quais qualquer cidadão possa se manifestar. Assim, dogmas religiosos e morais devem ser evitados.
	COSMOPOLITANO
	Diálogo internacional nos institutos constitucionais – a utilização da técnica de hermenêutica comparativa faz com que haja uma importância muito grande no diálogo principalmente travado entre as Cortes Constitucionais.
1.6.1.1. COMPARATIVO: POSITIVISTA X PÓS-POSITIVISMO
	NEUTRALIDADE DO INTERPRETE
	NORMAS NÃO SE CONFUNDEM COM O TEXTO
	FALTA DE PREOCUPAÇÃO COM AS CONSEQUÊNCIAS DA INTERPRETAÇÃO
	CONTEXTUALIZAÇÃO DO INTÉRPRETE E ABERTURA DO ROL DE INTÉRPRETES
	DELIMITAÇÃO CLARA DA DIFERENÇA ENTRE INTERPRETAR E APLICAR
	IMPORTÂNCIA DAS CONSEQUÊNCIAS DA INTERPRETAÇÃO
	DISTINÇÃO ENTRE INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO
	INTERPRETAÇÃO QUE CONSIDERA OS FATOS SUBJACENTES
	AS NORMAS SE LIMITAM AS REGRAS
	ESPIRAL HERMENEUTICA
	
	USO DA RAZÃO
	
	COSMOPOLITANO
1.6.2. MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO DO PÓS-POSITIVISMO
	JURÍDICO
Hermenêutico Clássico
	É a reunião dos métodos positivistas.
	TÓPICO-PROBLEMÁTICO
Theodor Kewegh
	Parte-se da solução do caso concreto para se estabelecer um diálogo entre as instituições. Se parte do fato.
Ou seja, parte-se do problema para se chegar a norma (no dispositivo).
Características: criação de um causuísmo sem limites e sistema aberto de regras e princípios (Konrad Hesse).
	HERMENÊUTICO-CONCRETIZADOR
Konrad Hesse (CESPE)
	Parte-se do dispositivo (norma) para o fato (problema), mas o fato é levado em consideração no momento da interpretação, e não somente no da aplicação.
Círculo/Espiral Hermenêutico: o interprete vale de suas pré-compreensões (pressupostos subjetivos), medindo norma e realidade (pressuposto objetivo), movimento de ir e vir.
	CIENTÍFICO-ESPIRITUAL
Rudolf Smend
	Se considera que a Constituição carrega o espírito moral de uma determinada sociedade. A interpretação seria uma técnica científica para se descobrir esse sentido espiritual da sociedade;
Seria captar o espírito e conteúdo axiológico (valores).
	NORMATIVO-ESTRUTURANTE
Concretista-estruturante
Frederich Muller
	Leva em consideração a busca da harmonização de instituições, de órgãos e de estruturas de atribuições de normatização.
Faz uma distinção: texto: é semântico; norma: resultado da interpretação (genérica e abstrata); e norma de decisão (é a norma constitucional concretizada). Não há diferença entre interpretação e aplicação.
CUIDADO! É possível o raciocínio voltado ao problema, desde que não ultrapasse o texto da norma.
	COMPARAÇÃO CONSTITUCIONAL
Peter Haberle
	Decorre do cosmopolitismo, da intensidade do diálogo entre as instituições, em especial das Cortes Constitucionais.
1.6.3. PRINCIPAIS TEMAS DA HERMENÊUTICA
- Normatividade dos princípios;
- Ponderação de interesses;
- Método da argumentação jurídica.
	CRITÉRIOS
	NORMAS
	
	PRINCÍPIOS
	REGRAS
	DIREITO AO VALOR PROTEGIDO
	Justiça
	Segurança
	CONTEÚDO
	Axiológico
	Deontológico
	ESTRUTURA NORMATIVA
	Estados ideais a serem atingidos
	Especificam condutas a serem observada
	APLICABILIDADE
	Mandado de otimização
	Mandado de cumprimento
1.7. PRINCÍPIOS
1.7.1. MATERIAIS CONSTITUCIONAIS
São princípios que contém conteúdo constitucional. Barroso os classificam em três grupos:
	FUNDAMENTAIS
	Têm abrangência em toda a Constituição; quanto ao conteúdo, cuidam da estrutura do Estado. Ex.: princípio federativo, princípio republicano, princípio presidencialista, princípio da separação de poderes.
	GERAIS
	Têm abrangência em toda a Constituição; e quanto ao conteúdo, tratam dos direitos fundamentais. Ex.: dignidade da pessoa humana, princípio da liberdade, princípio da proteção da vida, princípio da propriedade.
	SETORIAIS
	Têm abrangência/aplicação em apenas parte da Constituição (ex.: princípios da seguridade social, princípios da ordem econômica, princípios penais, princípios tributários); e tem conteúdo variado, dependendo de setor em que são aplicados (ex.: conteúdo próprio do direito tributário, próprio da ordem econômica, próprio da esfera penal etc). Ex.: dentro dos princípios da ordem tributária há o princípio da anterioridade e da reserva legal; quanto aos princípios da ordem econômica, identifica-se o princípio da autonomia privada, da função social da propriedade; no que toca aos princípios da ordem financeira, verificar-se o princípio da anualidade.
1.7.2. INSTRUMENTAIS CONSTITUCIONAIS (POSTULADOS NORMATIVOS, HUMBERTO ÁVILA)
São técnicas que auxiliam a hermenêutica de normas constitucionais. Não veiculam valores morais constitucionais (como igualdade, privacidade etc), são técnicas de hermenêutica. Podem ser identificados os seguintes princípios instrumentais:
Mnemónico: MaFoCo Ha UnEfInR
	MÁXIMA EFETIVIDADE
Eficiência
Canotilho
	Na interpretação das normas constitucionais deve-se dar a elas o significado que maior eficácia lhes conceda.
Quando uma norma constitucional tiver várias interpretações possíveis tem que dar preferência ao significado que mais realize os direitos do cidadão. Ex. inviolabilidade do domicílio, o que é casa:
- Sentido estrito: casa é apenas o imóvel residencial;
- Sentido amplo: casa é qualquer compartimento habitado (prevalece, pois garante uma máxima efetividade).
	FORÇA NORMATIVA
	No conflito entre a norma e os fatos quem tem que prevalecer é a norma. Ex. Tortura ou tratamento desumano ou degradante é vedado. Porém ainda existe no Brasil, mas o que deve prevalecer é a norma.
	CONFORMIDADE FUNCIONAL
Justeza
	Significa que o intérprete deve respeitar o equilíbrio entre os poderes, não pode dar poderes a mais a outros entes. Ex. o PRFB poderá editar MP em caso de relevância ou urgência. O judiciário pode ou não pode analisar isso?
O STF pode declarar inconstitucional uma MP por falta de relevância ou urgência, mas somente em casos excepcionais, pois se ele disse-se que podia analisar em qualquer situação estaria lhe dando muitos poderes
	HARMONIZAÇÃO
Cedência Recíproca, concordância Prática, ponderação de interesses e teoria dos Limites
	Quando duas normas constitucionais estiverem em aparente conflito o interprete deve ponderar os valores em jogo para definir à luz do caso concreto qual delas deverá prevalecer. Usando a regra da cedência recíproca (qualquer uma pode ganhar ou perder, mas tudo depende do caso concreto). Ex. liberdade a vida e liberdade a religião, transfusão de sangue, depende do caso concreto:
Testemunha de jeová que tinha um filho que teve um problema e tinha que fazer a transfusão sanguínea, mas os testemunhas de jeová não quiseram fazer, o médico fez.
Pessoa com câncer que tinha a chance de sobreviver uns 6 meses e preferia não fazer os exames para não ir contra sua religião (prevalênciada liberdade de religião).
Proibição ao racismo e a liberdade de expressão (HC 82.424/RS) caso Evanguer, escreveu um livro “holocausto judeu” (prevaleceu a proibição ao racismo).
	UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO
	A CF deve ser interpretada como um todo, uno e indivisível. “Não se interpreta o direito em tiras”. Ex. art. 61, P1, II, “b” é privativa do PRFB a iniciativa de lei sobre o MPU, c/c art. 128, P5/CF diz que é concorrente com o PGR.
Consequências:
- Não existe hierarquia entre normas constitucionais;
- Não há conflitos reais entre normas constitucionais. Ou seja, quando uma norma diz uma coisa e outra norma diz outra e são incompatíveis. Um eventual conflito entre normas constitucionais há somente um aparente conflito, pois podem ser harmonizados. Ex. direito a intimidade e a liberdade de imprensa há um conflito aparente, pois tem como cumprir as duas normas desde que as harmonize.
	EFEITO INTERADOR
Reserva do possível
	Na resolução de problemas jurídico-constitucionais o interprete deve dar primazia à interpretação que gere reforço da unidade política, integração social e paz. Toda vez que uma norma tiver duas interpretações deve se preferir a que gera maior paz social. 
O intérprete deve buscar uma interação entre o político e o social. Ex. exigência de matrícula perto de casa; O STF em 2009, por maioria de votos, decidiu que a lei de anistia deveria ser recepcionadas em sentido amplo, tanto os torturados, como os que torturaram.
	INTERPRETAÇÃO CONFORME A CF
	Quando uma lei possuir vários significados possíveis deve-se preferir aqueles que sejam compatíveis com a CF excluindo-se os demais. Ex. adicional noturno e horas extras, a CF no art. 37, VIV, diz que o adicional não pode incidir sobre outro adicional.
ADPF 54 - aborto anencéfalo;
ADPF 132 E ADI 4277: união estável de pessoas do mesmo sexo.
- Caráter contramajoritário dos direitos fundamentais: de nada vale o exposto na CF se fossem lidos conforme a opinião pública dominante.
	RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE	
	O STF trata “razoabilidade” como sinônimo de “proporcionalidade” e “vedação de excesso”, em que pese a doutrina estabelecer algumas distinções.
Significa que na interpretação das normas constitucionais devem ser excluídas as interpretações absurdas a interpretação deve respeitar o bom senso e ser equilibrada (proibição de proteção ineficiente).
Teoria da Katchanga (Alexy): ninguém sabe ao certo quais são as regras do jogo. Quem dá as cartas é quem define quem vai ganhar, sem precisar explicar os motivos. Então o que seria considerado razoável e proporcional?
- Adequação: a medida imposta é apta;
- Necessidade: averiguar se não existe outra solução mais gravosa;
- Proporcionalidade em sentido estrito: onde irá se ponderar os benefícios e malefícios que serão causados com o ato.
Ambos são princípios de ponderação:
- Razoabilidade: é oriundo da matriz de interpretação da Suprema Corte norte-americana, e se traduz em uma relação de coerência entre o fato que origina a norma, a norma e a aplicação dessa norma ao fato.
- Proporcionalidade (Alemanha): é utilizado pela Corte Constitucional alemã, que a define como sendo uma relação de causalidade entre os meios empregados pela norma e o fim que pretende alcançar, e a subdivide em três subprincípios: adequacao, necessidade e proporcionalidade propriamente dita.
	SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
	Serve de base para o estabelecimento de um sistema de controle de validade de normas, como o controle de constitucionalidade e o controle de legalidade dos atos adminitrativos. Serve como fundamento para possibilitar e avaliação das normas inferiores em face de normas superiores, de modo que aquelas possam ser invalidadas quando em conflito com estas (sobretudo quando as normas superiores forem constitucionais).
	CORREÇÃO FUNCIONAL
	A interpretação de normas constitucionais deve ser feita de forma que as instituições tenham melhor funcionamento. Ex.: as normas atinentes à Presidência da República não devem ser interpretadas de forma a enfraquecer a Presidência da República, mas sim fortalecê-la dentro da estrutura de poderes, sem supervalorizar o Poder Executivo em relação aos outros.
Com isso, o princípio em comento procura corrigir determinadas arestas, fazendo com que os institutos constitucionais tenham melhor aplicação.
	PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS E DOS ATOS DO PODER PÚBLICO
	O intérprete deve partir de uma interpretação de que os atos elaborados pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo estão de acordo com a Constituição. Deve-se partir da visão de que a lei é constitucional. As leis e atos normativos somente serão declarados inconstitucionais quando não houver alguma via de interpretação que possibilite confirmar a sua constitucionalidade. As leis e atos do Poder Público são presumidamente constitucionais.
1.8. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
A norma deve ser analisada quanto à sua:
a) Existência;
b) Vigência;
c) Eficácia;
d) Validade;
e) Efetividade (eficácia social).
	EXISTÊNCIA
	A norma jurídica existe quando tem forma, conteúdo e é produzida por um órgão do Estado (elementos primários). A Lei, contudo, existe a partir da sanção do Presidente da República ou da rejeição do veto pelo Congresso Nacional, antes disso o que existe é o projeto de lei, conforme dispõe o art. 66, caput e §7.o.
	VIGÊNCIA
	A vigência depende do esgotamento de todas as fases do processo legislativo (iniciativa; discussão e votação; sanção ou veto; promulgação e publicação). Se não houver vacatio legis, a lei entra em vigor com a publicação. No caso de vacatio legis, a lei é publicada mas não está ainda em vigor. Ou seja, a lei existe antes da publicação, mas não há lei em vigor sem publicação. 
A vigência é a aptidão genérica da lei para produzir efeitos.
	EFICÁCIA
	A eficácia é uma aptidão menos abrangente, na medida em que uma lei que está em vigor pode não ser eficaz. Em princípio a lei que está em vigor é também eficaz (gera efeitos), mas é possível que uma lei tenha sua eficácia suspensa. Ex.: uma lei tributária, no período em que deve ser respeitada a anterioridade, está em vigor mas tem eficácia suspensa. Outro exemplo é a medida cautelar em ADI, que suspende a
eficácia da norma.
	VALIDADE
	A validade é a verificação da compatibilidade dos elementos essenciais do ato normativo (órgão, forma e conteúdo) com a Constituição. Assim, a norma será nula se houver um vício de iniciativa, se não for observado o processo legislativo, ou se o conteúdo afrontar materialmente a Constituição.
	EFETIVIDADE
Eficácia social
	Analisa se a lei é respeitada/observada pela sociedade. Trata-se de um conceito que diz respeito à sociologia.
Há duas escolas sobre a eficácia das normas constitucionais: a escola americana, introduzida no Brasil por Ruy Barbosa; e a escola italiana, defendida por José Afonso da Silva (A Eficácia das Normas Constitucionais, Ed. Malheiros).
1.8.1. ESCOLAS
	AMERICANA
Ruy Barbosa
	A escola americana identifica:
a) Normas auto-executáveis (ou auto-aplicáveis): aquela que são aplicadas aos fatos, e, portanto, têm eficácia.
b) Normas não auto-executáveis (ou não auto-aplicáveis): são normas que não podem ser aplicadas aos fatos (na medida em que dependem de uma regulamentação), logo não têm eficácia. 
Essa teoria começou a sofrer críticas da escola italiana: a norma é um dispositivo que coage condutas humanas, e uma norma que não consegue coagir condutas humanas em verdade não é uma norma. Assim, haveria uma incoerência em falar “norma não eficaz”.
	ITALIANA
José Afonso da Silva
	A escola italiana parte de um pressuposto que a diferencia da escola americana: toda norma têm eficácia. O que essa escola propõe é uma distinção entre a eficácia meio e a eficácia fim.
- Eficácia meio: toda norma tem eficácia meio, que se consubstancia na eficácia interpretativa (serve como orientação de interpretação das normas infraconstitucionais); na eficácia negativa (possibilidade de figurar como parâmetrodo controle de constitucionalidade e invalidar uma norma infraconstitucional) e na eficácia de vedação de retrocesso.
- Eficácia fim: é a eficácia de ser aplicada aos fatos independentemente de regulamentação.
A partir disso, José Afonso da Silva propõe uma classificação das normas constitucionais em:
a) Normas de eficácia plena: 
- têm aplicabilidade imediata (desde a promulgação), direta (produz efeitos independente de lei) e integral (sem limitações ou restrições) sobre os fatos. 
- Não dependem de regulamentação para serem aplicadas (auto-aplicáveis), podendo haver lei regulamentando, mas não pode limitar sua aplicação (não restringíveis).
- Jurisprudência: Direito de resposta (ADPF 130); Contribuição confederativa (RE 161547); Gratuidade de Coletivos (ADI 3768); e Autonomia Funcional e Administrativa (ADI 3569).
b) Normas de eficácia contida (contível ou restringível): têm aplicabilidade imediata e direta, podendo não ser integral nos casos em que outra norma (prevista na própria Constituição ou em sede infraconstitucional) restringe a aplicação da norma constitucional.
- Jurisprudência: exercício de trabalho, ofício ou profissão (art. 5, XIII/CF); direito de reunião; Direito de greve na iniciativa privada.
c) Normas de eficácia limitada: a aplicabilidade será mediata, indireta e não integral. Essas normas apenas possuem eficácia meio, não eficácia fim. Não podem ser aplicadas diretamente sobre os fatos, mas têm eficácia interpretativa, negativa e de vedação de retrocesso.
- Jurisprudência: direito de greve dos servidores públicos (LO); remuneração para atividades penosas, insalubres ou perigosas; participação em lucros e resultados do trabalhador; aviso prévio proporcional ao tempo de serviço; direito à saúde; hipóteses de inelegibilidade; criação de municípios; aposentadoria especial para servidor público; cargos, empregos ou funções acessíveis aos estrangeiros (se aos brasileiros é contida).
CUIDADO! José Afonso da Silva argumenta que as normas definidoras de direitos individuais têm estrutura normativa de norma de eficácia contida. O art. 5.º, §1., da CRFB/88, apenas prevê que tais normas têm aplicação imediata, o que não contraria a afirmação de José Afonso da Silva, uma vez que as normas de eficácia contida também têm aplicabilidade imediata.
Há quem traga a distinção de aplicação e aplicabilidade.
Há quem diga que há também a eficácia exaurida: aplicabilidade esgotada; sem eficácia jurídica. Ex. ADCT.
1.9. QUESTIONÁRIO
1) Indique a alternativa incorreta:
Norma limitativa é aquela que está ligada à proteção da liberdade humana.
Normas orgânicas são aquelas que tratam da estrutura do Estado.
Normas sócio-ideológicas são as tratam da intervenção do Estado na ordem social e na ordem econômica.
Normas de Estabilização Constitucional são as que tratam da vigência da Constituição.
2) Indique a alternativa correta:
Os critérios hierárquico, especial e temporal não precisam ser necessariamente observados nesta ordem na solução de conflito entre normas.
Bobbio destaca três características do ordenamento jurídico: a sistematicidade, a unicidade e a incompletude.
A superioridade, a linguagem mais aberta, o conteúdo específico e o caráter político são características das normas constitucionais.
A atuação diária de um juiz é basicamente uma atividade de hermenêutica pós-positivista.
03) Indique a alternativa incorreta:
 a) Para os positivistas as normas se subdividem em regras e princípios.
 b) A neutralidade do intérprete é um dos paradigmas do positivismo.
 c) Os métodos de interpretação do positivismo são chamados de clássicos e incluem o gramatical, o histórico, o sistemático, o teleológico e o lógico.
 d) Com o pós-positivismo as normas constitucionais passam a ser mais utilizadas como paradigmas no controle de constitucionalidade.
04) Indique a alternativa correta:
 a) Para a maioria da doutrina há recepção de normas que eram da competência estadual, mas que passassem a ser de competência federal.
 b) As normas da Constituição anterior serão sempre revogadas pela nova Constituição.
 c) O STF já afirmou que emenda constitucional não pode desrespeitar um direito adquirido que tenha sede constitucional.
 d) O dispositivo é alterado com a mutação constitucional.
05) Indique a alternativa incorreta:
 a) Norma e dispositivo não se confundem no pós-positivismo.
 b) No pós-positivismo a neutralidade do intérprete é exigida.
 c) No pós-positivismo a argumentação desprovida de sentido religioso ou de ética particular.
 d) No pós-positivismo os fatos são considerados no processo de interpretação, e não somente do processo de aplicação.
2. TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
	TOPOLOGIA
	A Teoria do Poder Constituinte será tratada através de:
1. Introdução – serão feitas algumas colocações iniciais sobre a Teoria do Poder Constituinte;
2. Classificação geral e conceito de Poder Constituinte;
3. Poder Constituinte Originário;
4. Poder Constituinte Derivado – nos 2 aspectos, tanto o Reformador quando o Decorrente, com suas características e conceituações próprias.
2.1. INTRODUÇÃO
	HISTÓRICO
	A Teoria do Poder Constituinte é, antes de mais nada, uma teoria que trata da legitimação do poder, que procura explicar porquê uma sociedade aceita uma determinada estrutura em que determinadas pessoas têm o poder de mando e outras devem obedecer, seguir as regras estipuladas dentro do relacionamento social. 
 
A legitimação do poder passa a receber uma preocupação com uma explicação racional principalmente a partir dos séculos XVI e XVII, ingressando na Idade Moderna. 
Antes disso havia também justificativas divinas da própria encarnação de Deus na figura do governante. Ex. Roma, Japão (até a segunda guerra mundial).
2.1.1. VISÃO RACIONALISTA NA TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
	JEAN BODIN
1ª Visão
	Escreveu no século XVI, já no final do Feudalismo e início da Era Moderna, Seis Livros da República. 
Escreveu, em 1576, defendendo a figura de nação, a construção do seu conceito. 
A obra dele é importante para justificar a soberania do Estado e para afirmar que há uma separação do interesse da Coroa e do interesse do próprio Estado. 
	THOMAS HOBBES
2ª Visão
“O Leviatã”
	Escreveu em meados do século XVII. É um autor importante no contratualismo.
Para Hobbes, o Estado é formado pelo contrato social, no qual os indivíduos verificam que o estado da natureza, que é caótico, os levará à própria destruição, abrindo mão da liberdade e entregando-a para a formação da instituição estatal. O Estado, na obra de Hobbes, é uma entidade que tem por finalidade a garantia da paz e da segurança e que é formado pelo somatório das liberdades dos indivíduos.
	JOHN LOCKE
3ª Visão
	Já no final da Revolução Inglesa. Outro inglês que escreveu sobre o contratualismo, mas de uma forma um pouco mais atenuada do que na obra de Hobbes.
Escreveu o 2º Tratado do Governo Civil, por volta de 1690, depois da edição do chamado Bill of Rights, que é a 1ª lei que organiza os direitos dos cidadãos ingleses em face do Estado. O Estado já está limitado por uma Constituição não formal, não escrita. Começam a aparecer as principais leis que vão organizar, de maneira formal e mais esparsa, o que se entende como Constituição inglesa. 
Ele se utiliza também da figura do contrato social mas atenua o conceito de estado da natureza. O de Hobbes leva à desintegração de qualquer tipo de organização social. Para Locke, o estado da natureza é de dificuldade de organização, mas não que ele leve à destruição do próprio homem. 
Teoricamente, como o indivíduo que vai contribuir com sua liberdade para a formação do Estado não entrega toda ela, mas apenas parte dela, é a parte que ele não entregou para a formação do Estado que faz com que ele possa ter uma justificativa para se opor a uma ordem absurda e arbitrária do Estado. 
A obra de Locke é importante para a teoria da formação do Estado, através da justificação contratualista, e para,também, a Teoria Geral dos Direitos Humanos. John Locke também é muito importante porque foi 1 dos 1ºs autores a falar em separação de Poderes. Na obra dele os Poderes são:
- Legislativo, que é o poder de editar regras dotadas de generalidade e abstração;
- Executivo, que é o poder de concretizar as regras dotadas de generalidade e abstração. Neste encontra-se a Administração e o Judiciário. Cabe ao último concretizar a vontade da lei na decisão do caso concreto;
- Poder Federativo, que é o poder que o Estado tem de se relacionar com outras nações na comunidade delas.
	MONTESQUIEU
4ª Visão
“Espírito das Leis”
	Foi muito importante para construir uma teoria da limitação da atuação do Estado. 
A obra de Montesquieu é muito importante para a separação de Poderes. Ele propõe que o Poder, uma vez organizado, não seja entregue a 1 pessoa, mas que seja exercido a partir de determinadas funções que têm atribuições específicas e que 1 Poder deva fazer o controle sobre o outro. A obra de Montesquieu é muito importante e foi escrita em meados do século XVIII.
	JEAN-JACQUES ROUSSEAU
5ª Visão
	Contrato Social. Escreveu um pouco antes da Revolução Francesa. É um autor importante, que trata da chamada soberania popular. Todo o poder vai demandar do povo. É legítimo que o povo sempre organize o Estado. Não é possível se opor a essa vontade legítima do povo. Toda a estrutura da justificação democrática do exercício do poder será encontrada a partir da obra de Rousseau. 
A evolução dessas ideias será muito importante para a teoria do poder constituinte.
2.2. CLASSIFICAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE
	PODER CONSTITUINTE
	É o poder de criar a organização do Estado e de alterá-la. Nos Estados Federais, é também o poder de organizar os Estados Federados. 
	ORIGINÁRIO
	Inicial, de primeiro grau. Preexiste ao próprio Estado.
Está vinculado ao núcleo verbal CRIAR o próprio Estado, ORGANIZÁ-LO. 
Surge da criação de um país ou de uma revolução ou golpe de Estado.
	DERIVADO
	PODER CONSTITUINTE DERIVADO, chamado PODER CONSTITUINTE CONSTITUÍDO, tem natureza jurídica, encontrando fundamento de validade na própria Constituição. 
Este ainda pode ser subdividido em:
- REFORMADOR: vincula-se a ALTERAR as instituições estatais (Art. 60/CF, ADCT de revisão constitucional, no art. 3º - sistema de governo). 
- DECORRENTE: é uma particularidade dos ESTADOS FEDERAIS. É o poder de ORGANIZAR OS ESTADOS FEDERADOS. Ex. Art. 25/CF.
2.2.1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
	CONCEITO
	É o poder de organizar as instituições estatais (Poderes Legislativos, Executivo e Judiciário).
É o poder de criar o Estado, de organizá-lo através da Constituição. 
	NATUREZA JURÍDICA
	Preexiste à Constituição, é anterior a ela. A partir daí existem 2 correntes sobre a natureza dele. Pode ser entendido como:
- Poder de fato (político, Hanz Kelsen): O PODER CONSTITUNTE ORIGINÁRIO é uma FORÇA SOCIAL consciente de si, que cria e organiza o Estado. Para o STF, é essencialmente política, pré-jurídico (antes do Direito) e metajurídico (além do direito).
- Poder Jurídico (Sieyès): o PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO é um PODER JURÍDICO porque encontra o fundamento de validade no DIREITO NATURAL. Não é essa a teoria que prevalece. Logo, ele não é um poder de fato, mas um poder que está baseado em um ordenamento jurídico, apesar de não ser um ordenamento jurídico escrito. 
2.2.1.1. CARACTERÍSTICAS
Mnemónico: JiPE IA
	ORIGINÁRIO
Primário, Inicial
	É dele que nasce a fonte da constituição, derruba a anterior.
	ILIMITADO
Juridicamente ilimitado
	No sentido de que não está adstrito a determinadas decisões anteriores a ele.
O Poder Constituinte Originário, em regra, é ilimitado, mas sofre constrangimentos de ordem, valoração, moral por determinados valores que são compartilhados com outras nações:
- Limitações possíveis: histórica, política e sociológica;
- Vanossi: limites extrajurídicos: ideológicos - crenças e valores; estruturais: conformam o âmbito social subjacente (sistema produtivo).
	INCONDICIONADO
Em regra
	Não há nenhuma regra prévia para dizer como o Poder Constituinte Originário vai se manifestar. Não precisa respeitar procedimentos impostos pela CF anterior.
	DOUTRINA
	Autônomo: livre para definir o conteúdo da nova;
Permanente: não se esgota na elaboração de uma nova CF;
Extraordinário: exercido excepcionalmente.
Há 2 revoluções importantes no século XVIII que foram fundamentais para a consolidação do conceito de Poder Constituinte Originário:
- a própria constituição, organização, dos Estados Unidos da América do Norte: e a constituição de fato é a origem de toda a organização dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário;
- a Revolução Francesa: afirmação de que o poder está efetivamente com o povo e que essa organização preexiste à própria constituição.
2.2.1.2. TITULARIDADE
	PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO NACIONAL
Abade Emmanuel Sieyès. 
	O conceito de nação é importante e advém da Revolução Francesa.
A NAÇÃO, segundo ele, não é um conjunto de pessoas, mas de valores compartilhados por um determinado país. 
	PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO POPULAR
Jean-Jacques Rousseau
Prevalece
	É a de que o titular do Poder Constituinte é o POVO, democraticamente. O povo tem a titularidade para organizar o Estado. 
2.2.1.3. MANIFESTAÇÕES
	FORMAS DE MANIFESTAÇÃO
Clássica
	- REVOLUÇÃO;
- ASSEMBLEIA;
- Método BONAPARTISTA;
- OUTORGA. 
	CENÁRIOS DE MANIFESTAÇÃO
Contemporâneo (Barroso) 
Só para Prova Oral Magistratura
	- REVOLUÇÃO VITORIOSA: advém de uma revolução vitoriosa;
- CRIAÇÃO DE NOVO ESTADO por AGREGAÇÃO: Estados Unidos da América do Norte;
- EMANCIPAÇÃO POLÍTICA: constituição de 1824. Emancipação em relação a Portugal;
- COLAPSO: pode vir através de um enfraquecimento brutal econômico, através de uma guerra. Há, por exemplo, o caso de colapso da constituição alemã, a Lei Fundamental de Bonn, de 1949;
- GRAVE CRISE INSTITUCIONAL: 
- GOLPE DE ESTADO: gera uma constituição que não tem viés democrático, que praticamente é imposta;
- TRANSIÇÃO PACÍFICA: ma constituição nasce dela. Caso da constituição de 1988, que pode ser enquadrada aqui. 
2.2.1.3.1. FORMAS
	REVOLUÇÃO
	Quebra da ordem institucional anterior e de criação de uma nova ordem institucional. Ex: Revolução Francesa, guerra de libertação dos Estados Unidos. 
	ASSEMBLEIA
	Foi o caso da Assembleia Nacional Constituinte de 1987/1988, do qual derivou a Constituição de 1988. No Brasil houve também a Assembleia de 1946, de 1889 a 1891 etc. 
	BONAPARTISTA
	Muito utilizado por Napoleão. A Constituição é redigida por um colégio de intelectuais a serviço do Imperador, e depois é colocada para RATIFICAÇÃO POPULAR. 
	OUTORGADA
	Não é democrático. Método de impor a constituição.
2.2.1.3.2. QUESTÕES AFETAS AO PODER CONST. ORIG.
	SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
	A CF passa a ter supremacia sobre outros atos dos poderes constituídos.
A aplicação desse princípio, na prática, acaba dependendo da existência de uma Constituição escrita e rígida. 
No sistema constitucional brasileiro é um dos princípios mais importantes da Hermenêutica e é um pressuposto para o estabelecimento do sistema de controle de constitucionalidade. 
	FILTRAGEM CONSTITUCIONAL
	A partir do momento em que as normas infraconstitucionais devam ser lidas a partir da Constituição, em que se deve interpretar uma norma conforme à Constituição, esta acaba funcionando como um grande filtro moral dos valores escolhidos para aquela sociedade.
O fenômeno da filtragem constitucional rejeita uma visão hermenêutica da aplicação da lei ao fato. O que ocorre é que a lei, para ser aplicada a um determinado fato, antes precisa ser interpretada de acordo com a Constituição. O movimento hermenêutico é outro a partir da aceitação da filtragem da Constituição.
	MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA FEDERATIVA
	No exemplo, há uma lei da União, que decorre do exercício de atribuição prevista na 1a Constituição para o tratamento de determinadoassunto. Vem uma nova Constituição e prevê que essa atribuição é estadual. Até que o Estado exerça, prevalece no território dele a lei anterior da União, que foi legitimamente editada na época própria. A partir do momento em que o Estado exerce a atribuição, suspende-se a eficácia no âmbito do território do Estado da aplicação da lei nacional. 
O melhor posicionamento é o de que quando acontece o contrário em princípio não se tem como recepcionar as legislações variadas dos Estados. Quando a 1o lei passa da União para os Estados, há como recepcionar. Quando passa dos Estados para a União, em princípio não há como recepcionar. Essa parece ser a melhor posição em relação à matéria.
	RECEPÇÃO
	Natureza jurídica: fenômeno da lei no tempo que mantém a vigência de uma norma editada antes da Constituição
Requisitos:
- Norma em vigor;
- Compatível formal e material com a CF anterior;
- Compatível materialmente com a CF atual.
Em todo fenômeno de recepção, que no Brasil é tratado como fenômeno da lei no tempo, há dentro dele também a aplicação da filtragem. A norma então passa a ter um novo fundamento de validade. Isso é obrigatório.
No Direito Constitucional, a maioria dos autores afirma que há alteração da natureza jurídica.
Qual é a natureza da lei não recepcionada? A lei não recepcionada porque é incompatível materialmente com a Constituição é como se fosse uma lei revogada (Teoria do direito intertemporal)
CUIDADO! O que no Brasil se chama de inconstitucionalidade superveniente não é o fenômeno da recepção. A inconstitucionalidade superveniente no Brasil decorre do fenômeno da mutação.
Recepção material de normas constitucionais: é diferente de desconstitucionalização; norma continua constitucional; prazo certo; expresso na CF atual.
	REPRESTINAÇÃO
	Volta ao vigor da lei revogada.
O Brasil não aceita o fenômeno da repristinação. O Brasil não trabalha com esse conceito.
	INCONCTITUCIONALIDADE DE NORMA EDITADA ANTES DA NOVA CF E COMPATÍVEL COM ELA
	No controle de constitucionalidade difuso é possível deixar de aplicar uma norma pela afirmação incidental de que ela era inconstitucional em relação a uma Constituição que no momento do julgamento não está mais em vigor.
Esse controle de constitucionalidade é possível que seja feito mesmo que a Constituição que serve de fundamento de validade não esteja mais em vigor.
	PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO E DIREITO ADQUIRIDO
	Não é possível invocar direito adquirido em face de nova Constituição (art. 17/ADCT). Esta institui um novo ordenamento jurídico.
	MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
	É um processo informal de alteração da Constituição a partir de uma nova interpretação (natureza fática, CESPE) ou de uma modificação jurídica de um dispositivo (percepção do direito) que influencia o dispositivo que é objeto da atenção, e que faz com que este tenha de ser interpretado de forma diferente, ou por uma alteração fática.
Limites:
- Texto constitucional;
- Expectativas normativas que emergem das práticas sociais;
- Sistema constitucional como um todo.
	DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO
	A CF anterior como lei (não pode).
2.2.1.4. CAIU EM PROVA
	EXERCENTES
	Eleito:
- soberana: sem limites anteriores;
- não soberana: tem limites pré-estabelecidos (plebiscito e referendum).
Não eleito:
- Ditador;
- Revolucionário;
- Comissão de notáveis.
	PARADOXO DA ONIPOTÊNCIA
	Inaplicável no Brasil, pois não pode criar limites a si próprio.
2.2.2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO (SEGUNDO GRAU)
Agora será estudado o Poder Constituinte Derivado. 1o o Reformador e depois o Decorrente. Eles têm as mesmas características, a mesma natureza jurídica, mas existem observações importantes que são aplicadas a 1 e não ao outro.
2.2.2.1. PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR
	NATUREZA JURÍDICA
	É um PODER DE DIREITO, nascendo de uma previsão jurídica. No caso da Constituição de 88, para o poder de emenda constitucional, a previsão é do art. 60. Para emendas de revisão, é o art. 3o do ADCT.
Jamais será um poder fático. Tem um fundamento constitucional. É um poder constituinte constituído, derivado da própria Constituição. Portanto, é um PODER DE DIREITO.
	CONCEITO
	É o poder de alterar as instituições do Estado através da aprovação de emendas constitucionais.
OBS. a mutação constitucional também faz com que haja uma modificação, mas é informal, sem que se altere a forma de redigir formalmente os dispositivos constitucionais.
	CARACTERÍSTICAS
	Secundário/derivado: Porque deriva da Constituição, a secunda, nasce a partir dela;
Condicionado;
Juridicamente limitado.
2.2.2.1.1. CONDICIONAMENTOS
	LIMITAÇÕES PROCESSUAIS
Quanto à iniciativa
	Poder Constituinte Derivado Reformador só pode ser exercido pela apresentação da proposta de emenda à Constituição:
- pelo Presidente da República;
- 1/3 dos Deputados;
- 1/3 dos Senadores; ou,
- por mais da metade das Assembleias Legislativas por manifestação da maioria relativa.
OBS. Prevalece na doutrina de Direito Constitucional a afirmação de que não é possível a iniciativa popular em matéria de proposta de emenda constitucional porque a previsão da iniciativa nos incisos do art. 60 forma uma relação numerus clausus, fechada (a minoria, José Afonso, afirma se o poder é do povo por que ele fica afastado?).
Discussão e votação: 2 turnos; maioria de 3/5 em cada casa; votação sucessiva (Regimento). A votação de emenda constitucional não pode ser feita por Comissão. Obrigatoriamente tem de ser votada no Plenário. 
- Bicameralismo puro: ping pong;
- PEC paralela: parte a PEC, a parte em consenso pode aprovar, já a sem consenso volta;
- Emendas à PEC: tem que ter concordância de 1/3;
- Não há interstício mínimo.
Promulgação e publicação: pelas Mesas da Câmara e do Senado. Não é pela Mesa do Congresso Nacional.
CUIDADO! a matéria que é objeto de rejeição de proposta de emenda constitucional não pode retornar na mesma sessão legislativa. Já a de PL pode, desde que com maioria de apoio.
OBS. Para a minoria é uma limitação temporal.
Projeto de Lei: A provocação do Poder Constituinte Derivado Reformador é limitada em relação ao projeto de lei.
	CONDICIONAMENTO CIRCUNSTANCIAL
	A proposta de emenda constitucional não pode ser objeto de deliberação durante o estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção (§1º do art. 60 da CF).
	LIMITAÇÃO TEMPORAL
	A Constituição poderia, em tese, colocar como limite temporal a impossibilidade de aprovação de proposta de emenda constitucional antes de um determinado tempo. Este existe no art. 3o do ADCT. Este está vinculado ao art. 2o do ADCT.
Para a maioria não há na do Brasil. O previsto na ADCT faz parte do poder de revisão, não são normas originárias, trâmite:
- CN em sessão unicameral;
- Turno único;
- MA.
	LIMITAÇÃO MATERIAL
	O Poder Constituinte Derivado é LIMITADO quanto à matéria pelas chamadas cláusulas pétreas, que estão previstas no art. 60, §4o, da Constituição (FODI VOSE):
- Forma Federativa;
- Voto secreto, universal e direto;
- Separação dos Poderes; e,
- Direitos e garantias individuais: na verdade são os direitos fundamentais.
Implícitas (Nelson de Souza):
- Limites ao poder de emenda;
- Titularidade do poder constituinte originário;
- Extinguir o Estado.
CUIDADO! Pode alterar o dispositivo, até diminuir a proteção do valor, desde que não seja uma alteração abolidora da proteção dele. E não é só revogação. Também uma alteração que enfraqueça tremendamente a proteção do valor.
Dupla revisão: Emenda que altere cláusulas pétreas, não se admite.
2.2.2.2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE
Específico dos Estados Federais para a organização dos Estados Federados.
	CONCEITO
	o Poder Constituinte Derivado Decorrente é um poder constituinte típico de Estados Federais, capaz de organizar as entidades federadas .
	NATUREZA JURÍDICA
	É um PODER DE DIREITO. Ex. Art. 25/CF.
	CARACTERÍSTICA
	Secundário/derivado: decorre da Constituição;
Condicionado: a CF, em relação asregras formais e princípios;
Juridicamente limitado: ao art. 25/CF. São 4 ordens de princípios que limitam o exercício do Poder Constituinte Decorrente.
Ordem de princípios: as chamadas cláusulas pétreas;
Princípios constitucionais sensíveis;
Princípios indicativos;
Princípios extensíveis.
	PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS
	Esses limitam o poder de auto-organização dos Estados, previstos no art. 34, VII, da Constituição:
CF, art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta;
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
	PRINCÍPIOS INDICATIVOS
	São os que a Constituição da República determina a observância para todas as entidades federativas. Ex: princípios de organização da Administração Pública, no caput do art. 37 da CF.
	PRINCÍPIOS EXTENSÍVEIS
	Os princípios constitucionais extensíveis, diferentemente dos indicativos, não estão indicados expressamente pela Constituição como de observância dos Estados e Municípios. Eles formam as chamadas normas de simetria, por aplicação sistemática do que foi previsto expressamente para a União, e que deve ser estendido às outras entidades federativas. Ex: as matérias que são de iniciativa privativa do Presidente da República, no art. 61, §1o, da CF, no âmbito do Estado são de iniciativa privativa também, do Governador, mesmo que a Constituição do Estado não faça previsão.
	MUNICÍPIOS
	A lei orgânica municipal não é manifestação do Poder Constituinte Derivado Decorrente.
CUIDADO! O CESPE e STF já estendeu ao DF. FGV diz que Municípios tem (Novelino acompanha).
2.2.2. PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL
	DIGRESSÃO
	Existe na União Europeia;
Vários Estados abrem mão de parte da soberania em prol de um poder central;
Manifestação máxima do que se chama de direito comunitário.
3. TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
3.1. CONCEITOS DE CONSTITUIÇÃO
O que é a Constituição.
3.1.1. CLÁSSICOS
	POLÍTICO
Carl Schmitt (1928)
Conceito Material
	São decisões políticas fundamentais o tipo de Estado (unitário, composto), o tipo de Governo (monarquia, república), o sistema de Governo (presidencialista, parlamentarista, semi-presidencialista, diretorial).
Constituição (normas constitucionais): decisão política fundamental do povo;
Leis constitucionais: parte formal.
	SOCIOLÓGICO
Ferdinand Lassale (1861)
Conceito Material
	A Constituição é o conjunto de fatores reais de poder, isto é, como conjunto de instituições, pessoas, organizações que de fato mandam na sociedade.
Constituição real: Soma dos fatores reais do poder;
Constituição escrita: Folha de papel.
	JURÍDICO
Hanz Kelsen
	Constituição é o conjunto de normas fundamentais, ou seja, normas que vão servir de base para a organização de outras normas.
Lógico-jurídico: normas hipotética fundamental;
Jurídico-positivo: norma positivada suprema.
As três concepções acima se complementam. A Constituição é o conjunto de normas fundamentais, que servem de fundamento de validade das demais normas no ordenamento nas quais são veiculadas as decisões políticas fundamentais (constituição total).
3.1.2. MODERNOS
	PÓS-POSITIVISTA
Konrad Hesse
	Sistema aberto de regras e princípios. Pegou o conceito sociológico e flexibilizou-o.
	PROCEDIMENTAL
Peter Häberle
	Processo público de interpretação.
	SISTÊMICO
Niklas Luhmann
	Teoria dos sistemas: acoplamento estrutural entre o direito e política.
	CULTURAL
Meireles Teixeira
	Normas condicionadas pela cultura e condicionantes desta.
3.2. NORMAS MATERIAL E FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS
É a partir do conceito político de Constituição que podemos fazer uma distinção entre as normas materialmente constitucionais e normas formalmente constitucionais.
	MATERIALMENTE CONSTITUCIONAIS
	São as que tratam de decisões políticas fundamentais, mas não estão na Constituição escrita.
Decisão política fundamental:
- A organização do Estado (tipos de Estado, de Governo e sistemas de Governo); e 
- Direitos fundamentais (relação do indivíduo com o Estado e as relações dentro da sociedade).
É isso que se considera como materialmente constitucional.
	FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS
	São as que constam no documento formal da Constituição, mas não tratam das decisões políticas fundamentais.
	MATERIAL E FORMALMENTE CONSTITUCIONAIS
	São as que estão na Constituição e tratam das decisões políticas fundamentais.
3.3. CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
É para que serve a Constituição.
	Como garantia do status quo econômico e social
Ernst Forsthoff
	A Constituição serve para garantir o status quo econômico e social, isto é, para implantar juridicamente o poder daqueles que são conhecidos como fatores reais de poder dentro da sociedade.
	Como instrumento de governo 
Hennis
	A Constituição vai formar o conjunto de normas que vai ser manuseado pelo Governo para estabelecer o seu poder na sociedade. A Constituição serviria como um instrumento de poder para o Governo;
	Como ordem fundamental e programa de ação
Bäulin
	A Constituição é uma ordem fundamental da sociedade, é ela que vai estabelecer os principais cânones de relação dentro da sociedade, e também serve como um programa de ação para o Governo, em que o Governo projeta para o futuro um determinado programa de desenvolvimento daquela sociedade.
	Como programa de integração e representação 
Krüger
	De integração da sociedade, ou seja, se a Constituição serve como um conjunto de decisões que serão acreditadas pelas pessoas como valores
fundamentais do convívio dentro daquela comunidade, ou seja, se as pessoas vão compartilhar a concepção de que aqueles valores são os que devem ser integrados pelas pessoas da sociedade, a Constituição vai funcionar como programa de integração e de representação,
	Como ordem jurídica fundamental, material e aberta
Hesse (é a que mais cai)
	É a concepção contemporânea que mais tem aceitação na comunidade jurídica, sendo a mais importante atualmente. A Constituição é uma ordem jurídica, ou seja, um conjunto de normas fundamentais, principalmente de natureza material. Ademais a Constituição deve ser aberta, ou seja, há uma comunidade aberta de intérpretes da Constituição. Dizer o que a Constituição de fato é não é um monopólio do Poder Judiciário. Todas as pessoas poderiam fazer uma interpretação válida da Constituição. É legitimo que qualquer ser humano interprete a
Constituição. Naturalmente, havendo diversos intérpretes e existindo conflito na interpretação, o Estado será chamado para dirimir o mesmo e dar a última palavra naquilo que se entende como a interpretação da Constituição. Quem faz a interpretação dinâmica da Constituição é a sociedade.
3.4. CLASSIFICAÇÃO
Mnemónico: MeEsFOLI CUn EfEx FuFiS: DREDAS FOr NoA QuaDiPri
	MODO DE ELABORAÇÃO
	Dogmática: são aquelas que resumem o pensamento da sociedade em um determinado momento no tempo.
- Ortodoxas (comprometidas): uma ideologia;
- Heterodoxas (ecléticas, compromissárias): ideologias distintas.
Históricas: trazem concepções de diversos momentos da história daquela sociedade (ex: Reino Unido).
- Juridicamente flexíveis;
- Politicamente e socialmente rígidas.
OBS. Cabe destacar que existem exceções, mas, em geral, a constituição escrita é dogmática (CESPE/2013/BACEN) e a constituição não-escrita é histórica;
	ESTABILIDADE
Alterabilidade
Mutabilidade
	Rígida é aquela que para ser alterada depende de um processo legislativo mais elaborado. Segundo a doutrina a CF rígida dá supremacia à CF, não estabilidade. Difere das fixas que só são alteradas pelo poder que as criou.
Flexível é aquela que podeser alterada pelo mesmo rito da lei. Para alguns doutrinadores são plásticas.
Semiflexível (semirrígida) é aquela em que parte de suas normas dependem de um rito mais elaborado para ser alterada, e parte pode ser alterada pelo rito comum. Ex. CF de 1824.
Alguns autores (ex: Alexandre de Morais) adicionam a constituição:
- Imutável (graníticas, permanente, intocáveis) é aquela que não tem previsão para ser alterada.
- Superrígida é aquela que tem um núcleo imutável, enquanto as outras normas podem ser modificadas por um rito mais difícil. 
OBS. Alexandre de Morais entende que a Constituição de 1988 é superrígida, em razão das cláusulas pétreas. O Prof. Marcelo entende que esse não é o melhor entendimento, uma vez que as cláusulas pétreas podem ser modificadas, o que elas não podem é ser reduzidas ao ponto de trazer a abolição.
	FORMA
	Escrita (instrumentais): é aquela que é consolidada em um único documento, é aquela em que o comando “pegue a Constituição” faz sentido.
- Codificadas (unitárias): normas em um único texto;
- Legais (pluritextuais): em diversos documentos solenes.
Não escritas (consuetudinárias): se o comandado “pegue a Constituição” não faz sentido é porque as normas constitucionais estão espalhadas em diversos documentos e o costume e as decisões judiciais são fontes primárias do Direito Constitucional. Constituição não escrita não quer significar que não existem normas constitucionais escritas, o que quer significar é que as normas escritas e não escritas não estão consolidadas em um único documento.
	ORIGEM
	Promulgada (democrática, populares, votadas, constituições) é aquela que tem legitimação democrática (1891, 1934, 1946 e 1988);
Outorgada (autocráticas, ditatoriais, impostas, cartas constitucionais) é aquela imposta por uma pessoa ou determinado grupo dentro da sociedade (1824, 1937, 1967 e a EC 1/69).
Cesaristas (bonapartidas), outorgadas, mas com referendo popular.
Dualistas (convencionadas, pactuadas) são as com monarquia enfraquecida e burguesia em ascensão.
	LOCAL DE DECRETAÇÃO
	Heteroconstituições (heterônomas): elaboradas fora do estado onde produzirão efeitos;
Autoconstituições (homoconstituições): CF88.
	IDEOLOGIA
Quanto ao Objeto 
	Liberais: buscam limitar a atuação estatal (constituição-garantia);
Sociais: buscam igualdade material + efetivação dos direitos sociais;
QUANTO À IDEOLOGIA ECONÔMICA
Capitalistas: 
- Princípios: propriedade privada e livre iniciativa;
- Classificação: 
-- Liberal-clássica: estado não intervém; 
-- Socialdemocrata: estado intervém (welfirestate).
Socialista: princípios: propriedade estatal; economia pacificada e igualdade entre as pessoas.
	CONTEÚDO
	Material é formada pelo conjunto de normas que tratam das decisões políticas fundamentais, estando ou não no documento chamado de Constituição.
Formal (procedimental): é o documento chamado de constituição; são as inseridas na CF.
	UNIDADE DOCUMENTAL
	Orgânica: documento único (codificadas, unitextuais); Maioria diz ser a adotada pela CF.
Inorgânica: bloco de constitucionalidade (legal, pluritextuais).
	EFETIVIDADE
Ontologia, REalidade política
	Normativa é aquela em que a sociedade a cumpre. É a mais efetiva das três. O poder submete-se a CF. Adotada pelo Brasil.
Nominal é aquela que, em regra, é respeitada, mas possui uma crise de efetividade em relação a alguns dispositivos. Ex. Angolana, Minoria diz ser adotada pelo Brasil.
Semântica é mera folha de papel. Ela diz algo, mas a sociedade funciona de maneira própria. Os fatores reais de poder não estão representados adequadamente na Constituição, não houve uma tradução jurídica dos fatores reais de poder.
	EXTENSÃO
	Sintética (concisas, curtas, sumárias) é aquela mais reduzida, com elementos substancialmente constitucionais;
Analítica (prolixas) é aquela mais extensa.
	FUNÇÃO DESEMPENHADA
	Constituição-lei: constituição com status de LO (papel de diretriz);
Constituição-fundamento: Constituição como fundamento de todas as atividades do Estado; Legislador só para dar efetividade às normas constitucionais;
Constituição-quadrado (moldura): legislador só atua dentro de determinado espaço estabelecido pelo constituinte. Brasil.
	FINALIDADE
Modelo
	Garantia é aquela que, no que se refere aos direitos fundamentais, praticamente, protegem os direitos individuais. Elas garantem o indivíduo contra o Estado (ex: constituição norte-americana);
Dirigentes (programáticas) são aquelas que preveem a intervenção do Estado na ordem econômica e na ordem social (ex: constituições brasileira, espanhola e portuguesa).
Balanço é típica de países socialistas. Ela coloca um plano econômico de gestão de médio e longo prazo, procura cumprir e depois faz um balanço do estágio alcançado;
	SISTEMA
	Principiológicas possuem um traço maior de princípios constitucionais;
Preceituais são aquelas em que os dispositivos são mais de regras constitucionais; prevalece as regras.
4. PODER EXECUTIVO (art. 76 a 91)
4.1. NOÇÕES INTRODUTÓRIA
	ELEIÇÕES
	No Brasil, não é permitida a candidatura avulsa, ou seja, não é possível candidatar-se sem estar filiado a um partido político.
Segundo Turno: é possível a realização de segundo turno para os cargos de Presidente da República, de Governadores e de Prefeitos, nas cidades com mais de 200 mil habitantes, desde que nenhum candidato tenha obtido maioria absoluta dos votos válidos. Porém há uma contradição quanto ao segundo turno:
- Primeiro turno é realizado no primeiro domingo 
- Segundo turno é realizado no último domingo. Isso significa intervalo de 21 (vinte e um) dias. Porém a Constituição menciona que o segundo turno deve ser realizado em até 20 (vinte) dias. Na prática, essa redação não tem prevalecido.
OBS. Se houver morte antes do 2º turno convoca-se o próximo mais votado (TER/MG – 2010).
CUIDADO! As questões relacionadas a fidelidade partidária, ou seja, a impossibilidade de troca de partido afeta, exclusivamente, as eleições proporcionais, pois, nesses casos, os cargos majoritários – Presidentes, Governadores, Prefeitos e Senadores – podem realizar troca de partido político.
OBS. Só anula a eleição se for declarado nulos os votos pela justiça.
	NÃO TOMAR POSSE
	O candidato que ganhar a eleição e não tomar posse em até 10 (dez) dias o cargo é declarado vago.
Se ficar ausente do país por mais de 15 dias sem licença do CN: deve solicitar licença ao Congresso Nacional.
CUIDADO! Segundo o STF, essa norma deve ser entendida como uma norma de repetição obrigatória, ou seja, as Assembleias Legislativas, ao produzir a Constituição Estadual, não poderão prever a perda do cargo.
	DURAÇÃO DO MANDATO
	Atualmente, o mandato de Presidente tem duração de 4 (quatro) anos com possibilidade de reeleição. Porém, na redação original da Constituição, o mandato era de 5 (cinco) anos sem possibilidade de reeleição.
	SUCESSÃO X SUBSTITUIÇÃO
	Sucessão é definitiva e, geralmente, acontece em caso de morte. 
Substituição é temporária, ocorrendo em caso de viagem. NÃO CONTA COMO MANDATO.
Ordem de vocação sucessória:
- Presidente.
- Vice-Presidente.
- Presidente da Câmara.
- Presidente do Senado.
- Presidente do STF: se não tiver, será por quem estiver na presidência do STF.
CUIDADO! Se o vice morrer e houver impeachment do PRFB, o cargo fica vago e o Presidente da CD fica como sucessor.
	DUPLA VACÂNCIA
	A dupla vacância ocorre quando o cargo de Presidente e de Vice-Presidente ficam vagos. Notem que o mandato do Chefe do Executivo subdivide-se em:
• Primeiro biênio – eleição direta em 90 (noventa) dias.
• Segundo biênio – eleição indireta em 30 (trinta) dias. PODE SER ABERTO (STF), na verdade deve ser aberto, pois o povo tem que saber.
CUIDADO! na eleição indireta para governadores e prefeitos, cabe ao ente da federação disciplinar o voto aberto ou fechado (não se trata de direito eleitoral).
4.2. ATRIBUIÇÕES (Art. 84) - Exemplificativo
Os itens previstos no artigo 84 tornam a aprendizagem

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