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1 PROTÓTIPOS DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO PARA ELETRÔNICA Um estudo sobre técnicas de produção Luiz Henrique Nery, Plínio Damião Ferreira, Wladimir André de Jesus, Leonardo Stefani, Sidney F. da Luz Curso de Engenharia Elétrica da Uniradial lhnery@bol.com.br, sfluz@lsi.usp.br Resumo: As placas de circuito impresso utilizadas na eletrônica são de fundamental importância para o bom funcionamento dos circuitos, mas os custos e o tempo necessários para a preparação da placa inicial para os testes do sistema podem prejudicar o desenvolvimento do mesmo. O presente artigo apresenta algumas das técnicas de produção de PCIs e traça um quadro comparativo entre as elas. Ao final o grupo propõe uma alternativa de baixo custo para uma das técnicas. Palavras-chave: Placas de Circuito Impresso, PCI. 1. Introdução A eletrônica desempenha um papel fundamental no cotidiano das pessoas. Presente em praticamente todos os campos da atuação humana, ela impulsiona o mundo para novas descobertas, torna tecnologias mais acessíveis, a custos menores e com qualidade maior que opções antecessoras. Continuamente se modernizando, a eletrônica passa por um processo de miniaturização e integração reduzindo outrora grandes circuitos. Resistores, capacitores, semicondutores e outros comp onentes que compõe os circuitos eletrônicos, em tamanhos milimétricos, têm possibilitado produtos menores e recursos inimagináveis até mesmo para escritores de ficção científica. A inovação acontece também no campo da microeletrônica, criando chips com imensas quantidades de componentes trabalhando em conjunto e integrados em uma única pastilha de silício, em um espaço reduzido comparado a outros chips antigos. Graças a estes acontecimentos, a eletrônica se desmistificou e alcançou pessoas e áreas que nunca antes tinham criado algum objeto ou dispositivo utilizando esta tecnologia. Entretanto, mesmo com a miniaturização e a integração alcançando tais níveis, há componentes de um circuito eletrônico que não podem ser integrados à pastilha semicondutora. Por exemplo, embora seja possível integrar capacitores no substrato da pastilha semicondutora, a capacitância destes podem alcançar apenas alguns nanofarads, mas em circuitos de fontes de alimentação são utilizados capacitores de alto valor, na ordem de microfarads ou mesmo milifarads para que a mesma tenha sua operação correta. Tais componentes, devido a seu tamanho, impossibilita a integração na pastilha de silício, tornando-se necessário utilizar um meio de interligá-los não somente com o chip, mas também com outros componentes essenciais ao funcionamento do sistema eletrônico. Nos primórdios da eletrônica muitas técnicas foram criadas para interligar componentes eletrônicos, mas com o processo de miniaturização várias delas se mostraram impróprias devido a impossibilidades físicas e/ou elétricas. Para um grande número de componentes e interligações, a técnica que apresenta os melhores resultados é a Placa de Circuito Impresso, ou simplesmente PCI. Formada por um meio isolante e um elemento condutor, a PCI oferece suporte mecânico e elétrico para o desenvolvimento e operação dos circuitos eletrônicos. Na produção industrial de PCIs algumas técnicas têm papel de destaque, pois permitem qualidade e produção a custos baixos. Entretanto para produção de uma PCI para protótipo os custos envolvidos não diminuem de forma relevante, dificultando e encarecendo o desenvolvimento do circuito eletrônico. Neste artigo algumas técnicas para a produção de PCIs são revistas, assim como alguns de seus aspectos para comparar os métodos e seus custos. Ao final há a proposta de alternativa de baixo custo e boa qualidade para a produção de PCIs. 2. Produzindo uma PCI Para produzir uma PCI é necessário seguir alguns passos. A PCI em si é constituída de um material isolante e um meio condutor. O isolante pode ser fenolite em aplicações de baixo custo e baixa freqüência, ou fibra de vidro para aplicações com grande número de componentes, interligações e freqüências mais altas. O elemento condutor é uma fina lâmina de cobre na superfíce do material isolante para criar as conexões entre os componentes. Na figura 1 podemos observar como é uma placa virgem, ou seja, sem circuito ou interligações. Figura 1 - PCIs virgens (sem circuito) 2 De acordo com a quantidade de ligações e componentes, o substrato isolante pode receber esta lâmina nas duas faces ou até mesmo em camadas adicionais, em um processo conhecido como multicamadas (em inglês multilayer). Inicialmente a lâmina de cobre recobre totalmente o substrato da PC, fazendo-se necessário remover partes desta para interligar os componentes da forma correta. A remoção de locais específicos da lâmina de cobre ocorre através de um ataque químico por meio ácidos corrosivos, protegendo a lâmina de cobre com tintas e/ou emulsões resistentes a ataques químicos nos pontos de interconexão, também conhecidos como ilhas e trilhas. Áreas não desejadas da superfíce cobreada são deixadas em seu estado natural. Desta forma o ataque do ácido concentra-se apenas nas áreas não protegidas do cobre, retirando-os e deixando apenas as áreas desejadas. Na figura 2 podemos ver alguns dos produtos utilizados para a proteção do cobre. Figura 2 - tintas e emulsões para proteção do cobre Uma técnica ainda pouco explorada para a realização de PCI é através da utilização de fresadora ferramenteira com Comando Numérico Computadorizado, ou Fresadora CNC ou Centro de Usinagem. Seu princípio baseia-se na usinagem das áreas indesejadas da placa metálica por meio de uma ferramenta de corte de metais, denominada fresa. O processo é bastante simples. A PCI é fixada na mesa móvel da fresadora que, deslocando de acordo com um roteiro pré-estabelecido pelo desenho da placa e com a ferramenta acoplada a um mecanismo que a faz girar, corta a superfíce do cobre deixando apenas as trilhas e ilhas necessárias para o funcionamento do circuito. A figura 3 mostra um equipamento voltado especificamente para a usinagem de PCIs. Embora a confecção de PCI por usinagem tenha algumas vantagens como será abordado adiante, o custo do equipamento inviabiliza a utilização do mesmo para o pequeno usuário ou desenvolvedor de soluções em eletrônica. Figura 3 - Fresadora CNC para PCI O mesmo ocorre para a realização de protótipos de circuitos eletrônicos devido a complexidade e ao custo destas formas de realização de PCI. Por vezes pode tornar-se desagradável, demorada ou mesmo inviável a realização de algumas das técnicas de produção por ataque químico. 4. Preparação da PCI para ataque químico Os métodos químicos utilizam ácidos corrosivos para a retirada do cobre nas áreas indesejadas. Essencialmente são usados dois ácidos: o percloreto férrico e a combinação ácido clorídrico + peróxido de hidrogênio. O percloreto férrico é o ácido mais conhecido, sendo bastante utilizado por iniciantes e técnicos para a produção de placas para protótipos. Vendido comumente em pó, sua forma de utilização é bastante simples, bastando dissolve-lo na proporção de 1 parte de percloreto para 1 parte de água. É possível encontra-lo no mercado já dissolvido em diluições de até 43%. A seu favor conta a baixa toxidade e a facilidade de uso. Contra ele pesa o tempo para a realização do ataque, que pode variar de 10 a 30 minutos e a necessidade da superfíce cobreada estar isenta de sujeiras e/ou oxidações. Já a combinação ácido clorídrico + peróxido de hidrogênio é mais utilizada industrialmente, pois sua alta velocidade de corrosão possibilita alta produção em pouco tempo. Um ataque com essa solução finaliza em no máximo2 minutos. Sua fórmula básica é simples, geralmente usando 5 partes de água, 5 partes de ácido clorídrico a 50%, e 1 parte de peróxido de hidrogênio a 200 volumes. A seu favor, além da velocidade, conta a imunidade a sujeiras e oxidações. As desvantagens advêm do fato de ser um ácido altamente corrosivo, portanto perigoso, cuja compra é controlada juntamente com o peróxido, também corrosivo e controlado. Além disso, é necessário que as emulsões ou tintas sejam resistentes aos ataques. Para preparar a superfíce do cobre é necessário limpar a lâmina de cobre retirando oxidações, sujeira e gorduras que impedem a fixação da tinta ou emulsão, e afeta a corrosão, caso seja utilizado o percloreto férrico. 3 4.1 Emulsões Fotossensíveis Preparar uma placa para protótipo pela técnica de emulsões fotossensíveis requer os seguintes passos: 1) limpar a placa; 2) aplicar a emulsão (fotossensível ou térmica), de forma uniforme e a espessura da camada adequada; 3) secar a emulsão; 4) preparar o fotolito; 5) fixar o fotolito na superfíce que recebeu a aplicação da emulsão; 6) expor a emulsão a uma fonte de luz com potência e comprimento de onda adequado, de forma a gravar o desenho. 7) revelar a emulsão, retirando as áreas não expostas; 8) preparar o ácido a ser usado na corrosão em um recipiente adequado, resistente a ácidos; 9) colocar a placa no recipiente com o ácido; 10) aguardar a corrosão; 11) lavar a placa e retirar a emulsão; 12) aplicar o verniz protetor; 13) executar a furação das ilhas para inserir os terminais dos componentes. Tempo necessário para todo o processo: aproximadamente 5 horas. 4.2 Processo por Serigrafia O processo de impressão silk-screen se dá através da preparação de uma tela feita de náilon ou outro material similar, que recebe uma emulsão fotossensível cuja função é fechar os poros da tela, de forma que apenas as áreas que não receberão tinta são mantidas após a revelação. Gerar a placa protótipo através do processo de silk- screen tem os seguintes passos: 1) limpar a placa; 2) preparar o fotolito; 3) preparar a tela de impressão, aplicando a emulsão; 4) secar a emulsão e fixar o fotolito na tela; 5) expor a emulsão à luz adequada de forma a gravar o desenho. 6) revelar a emulsão, retirando as áreas não expostas; 7) fixar a tela no suporte de impressão, alinhar o desenho da placa com a área da placa; 8) realizar a impressão na superfíce da placa, aplicando a tinta própria (resistente à corrosão) pra proteger as trilhas; 9) secar a tinta na superfíce do cobre; 10) preparar o ácido a ser usado na corrosão em um recipiente adequado; 11) colocar a placa no recipiente com o ácido; 12) aguardar a corrosão; 13) lavar a placa e retirar a emulsão; 14) aplicar o verniz protetor; 15) executar a furação das ilhas para inserir os terminais dos componentes. Tempo necessário para todo o processo: aproximadamente 8 horas. 4.3 Processo Térmico O processo de preparação para impressão térmica se dá por meio da utilização de uma folha de transferência térmica ou de por meio da utilização uma folha de papel fotográfico, que é impressa em uma impressora de computador tipo laser. A tinta utilizada nesta impressora contém micro-partículas de polímero pigmentado que, fundidas por meio de um conjunto de rolos de silicone aquecidos, criam a imagem na superfíce da folha de papel fotográfico, que podem ser transferidos para outro substrato. A preparação para a realização desta técnica se dá através das seguintes etapas: 1) impressão do desenho da PCI no substrato; 2) limpar a placa; 3) preparar a máquina para transferência térmica; 4) alinhar a placa com o desenho; 5) fixar a placa na máquina de transferência térmica e realizar a operação; 6) retirar o papel fotográfico da placa, deixando o desenho na mesma; 7) preparar o ácido a ser usado na corrosão; 8) colocar a placa no recipiente com o ácido; 9) aguardar a corrosão; 10) lavar a placa e retirar tinta da transferência térmica; 11) aplicar o verniz protetor; 12) executar a furação das ilhas para inserir os terminais dos componentes. Tempo necessário para todo o processo: aproximadamente 3 horas. 5. Processo por Usinagem O processo para fabricação de PCI por usinagem uma ferramenta de corte retira o cobre das áreas não desejadas por meio da interpretação do desenho e conseqüente controle da mesa móvel. As tarefas a serem executadas são: 1) fixação da placa á mesa móvel; 2) preparação das ferramentas de corte e furação; 3) preparar a máquina fresadora CNC; 4) descarregar o desenho na fresadora; 5) iniciar a operação e aguardar seu término; 6) efetuar a limpeza da placa; 7) aplicar o verniz protetor. Tempo necessário para todo o processo: aproximadamente 30 minutos. É interessante ressaltar que no processo por usinagem a furação é realizada em conjunto com a usinagem, não necessitando de processo posterior. 6. Comparando os métodos Na tabela 1 podemos resumir os principais pontos das técnicas analisadas. Processo Tempo Risco Ambiental Qualidade Emulsão Foto. 5 horas Alto Ótima Silk-Screen 8 horas Moderado Boa/Ótima Térmico 2 horas Moderado Médio/Baixa CNC < 1 hora Muito Baixo Boa/Alta Tabela 1 – Quadro Comparativo 4 O quadro demonstra que para a produção de protótipos a técnica produção de PCIs por usinagem ganha em tempo e em riscos para o meio ambiente, pois não gera resíduos químicos como nas técnicas de corrosão. A emulsão fotográfica tem a vantagem da qualidade. Embora a PCI gerada pela técnica de usinagem tenha boa qualidade, este processo não recomendado para circuitos que trabalham com altas freqüências, pois minúsculas rebarbas do cobre que possam existir no comprimento das trilhas podem interferir no bom funcionamento do circuito. O mesmo ocorre com os protótipos produzidos com a técnica de transferência térmica. Processo Equipamento Custo Equip. Emulsão Foto. Expositora R$ 1.000 Silk-Screen Expositora + Impressora R$ 1.200 Térmico Prensa Térmica R$ 800 CNC Fresadora R$ 5.000 Tabela 2 – Custos dos equipamentos em out/2008 Processo Material Fabricante Custo Prod. Emulsão Foto. PRP200 Eletrolube R$ 80 Silk-Screen Emulsão+Tinta Saturno R$ 50 Térmico Pap. Fotográfico Epson R$ 2 CNC Fresa Irwin R$ 20 Tabela 3 – Custos dos produtos em out/2008 A tabela 2 mostra os custos dos equipamentos principais envolvidos para os processos apresentados, enquanto a tabela 3 apresenta os custos médios dos principais materiais usados na feitura das placas. Podemos identificar que a melhor relação de qualidade e custo ainda é da técnica de usinagem, embora o custo do equipamento seja o mais alto entre os apresentados. 7. Projeto de Fresadora CNC de baixo custo Para verificar as potencialidades e avaliar a qualidade do processo de fabricação de PCI por usinagem, o grupo desenvolve uma máquina fresadora CNC de baixo custo. O projeto encontra-se em estágio avançado como visto nas figuras 4 e 5. Os objetivos que norteiam o projeto são: . Baixo Custo do equipamento; . Construí-la apenas com componentes disponíveis no mercado nacional; . Precisão; . Repetitibilidade; . Conectividade fácil e acessível (preferência USB); . Área ampla, suficiente para a maioria dos tamanhos padrões de PCI do mercado. Até o momento todos os objetivos definidos estão sendo cumpridos, apesar das dificuldades encontradas. 4. Conclusão Após a análise do grupo, constatou-se que a opção mais adequada para protótipos de PCIs é a técnica de usinagem em Fresadora CNC, pois a mesma não gera resíduos tóxicos, custo aceitável e rápida resposta para testes. Mesmo com a ressalva do custoelevado do equipamento, ainda é uma opção mais adequada para protótipos. A opção se tornar ainda mais atrativa com o desenvolvimento de uma opção com custo menor, desde que mantida a precisão e qualidade do objeto final. Figura 4 - Fresadora CNC para protótipos de PCI Figura 5 - Outra vista da Fresadora CNC 5. Referências [1] Artigos diversos sobre a confecção de Placas de Circuito Impresso nas Revistas Saber Eletrônica, Elektor. [2] Belmiro, Arnaldo, Serigrafia-Silk Screen, Editora Ediouro, 1979, 2º edição, SP. [3] Manual de Operação do produto PRP200. Electrolube, 2008, UK. [4] Krempelsauer, Ernest. Produção de Placas de Circuito Impresso, Revista Elektor, edição Brasileira, p.38-43 Set. 2007.
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