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Décimo Sexto Dia
Não há competição santa
Tornou-se comum nas igrejas células o que as pessoas chama de competição santa. Dizem que a competição é santa porque acontece no meio dos santos e o seu objetivo é supostamente motivar os crentes ao trabalho. Mas a verdade é que não existe competição santa.
A competição pode ser uma forma válida de interação no mundo, mas não dentro da igreja. Competição não é um meio que Deus usa para edificar a sua igreja. Creio que essa é a causa de muitos problemas no ministério, pois é a competição que leva pastores a verem outros ministros como adversários e competidores. Não há competição do reino de Deus.
Não me importo que meu irmão seja mais santo do que eu, desde que eu seja tão santo quanto devo ser. Se eu puder, eu quero dar espaço para que o meu irmão cresça. Muitos pastores não permitem que outros obreiros cresçam, pois temem perder o seu  lugar. Vivem numa eterna competição para serem sempre considerados os melhores. Isso tem distruido a igreja do Senhor. Você não tem que ser melhor que ninguém, você tem que ser o que Deus  chamou para ser.
 Podemos ler em João 4.1-3, que o Senhor Jesus fugiu da competição e não permitiu que os fariseus o comparassem com João Batista. Os fariseus adoravam a competição, então começaram discutir para saber quem fazia mais discípulos, quem batizava mais, a quem o povo queria seguir; João Batista ou Jesus? Quando o Senhor percebeu aquele espírito de competição ele se retirou e foi pregar na Galiléia.
Quando, pois, o Senhor veio a saber que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos que João (se bem que Jesus mesmo não batizava, e sim os seus discípulos), deixou a Judéia, retirando-se outra vez para a Galiléia. Jo. 4:1-3
João Batista também não aceitou nenhum espírito de competição.
E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro. Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua. Jo. 3:26-30
Em João 3.27, ele disse: “O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.” Tudo que você tem foi Deus que lhe deu. Tudo que o irmão tem foi Deus que deu para ele. Mas ainda assim há irmãos que pensam que aquilo que possuem procede deles mesmos e por isso vivem se comparando com outros e competindo com eles.
Quem é competidor pensa que tudo provém da sua capacidade e força própria. Se um ministério conseguiu crescer e se tornar uma multidão, ele nunca vêem isso como sendo obra de Deus. Presumem que tudo é fruto da capacidade humana.
É triste reconhecer, mas há muita competição entre as igrejas. Nunca olhe para outras igrejas como competidores, somos todos irmãos, trabalhamos do mesmo lado, lutamos contra o mesmo inimigo, edificamos o mesmo reino, o Reino de Deus. Há também aqueles que estão competido dentro da mesma igreja, líderes de células chateados com outros que supostamente estão “roubando” membros de suas células, membros que perguntam a qual rede tal pessoa pertence, pois estão dispsotos a ajudar somente se for da mesma rede que ele. Isso é pecado. Não há competição santa. Por causa desse espírito de competição, as redes de células se transformam em times, uma competindo com a outra para ver quem fecha o encontro primeiro, quem batiza mais ou quem multiplica mais células.
Nos dias de Paulo havia alguns que pregavam a Cristo por discórdia e insinceramente, mas Paulo disse: “que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me alegrarei” (Fp. 1.17-18). Talvez podemos ter essa atitude para com irmãos de outras localidades, mas não podemos tolerar esse espírito entre nós.
O espírito de competição não é o espírito de Cristo. Para aquele que compete é difícil celebrar as vitórias do outro. É fácil chorar com os que choram, mas é diicil rir com os que riem. Aquele que compete quer sempre estar a frente dos outros. Queremos ser considerados os melhores e não toleramos que outros recebam a glória que não temos ainda.
Jesus e João Batista estavam desenvolvendo ministérios ao mesmo tempo. Mas ambos tinham a postura correta no coração. A respeito de Jesus, João Batista disse: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo. 3:30). Por sua vez Jesus testemunhou a respeito de João Batista: “entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João” (Lc. 7:29). Jesus era nascido de mulher e ele disse que João era maior do que ele mesmo. Ele considerou João como superior a si mesmo. Esse é o espírito de Cristo.
Jesus disse que não havia profeta maior que João, e João desejou que Jesus crescesse. Não temos visto muitos líderes de célula com essa mesma postura, que têm a disposição de enviar membros para  fortalecer uma outra célula. Todos nós constituimos um só time e, não adianta muito ser considerado o craque se o time perdeu o jogo. Devemos ter o encargo para que todas as células cresçam e avancem.
Muitos argumentam que uma “competição santa” pode ajudar o Reino de Deus a crescer. O problema é que o espírito de competição não está de acordo com o Espírito de Cristo. Quando permitimos que esse espírito de competição entre em nosso coração, isso contamina o ambiente espiritual e já não conseguimos edificar a Casa de Deus apropriadamente. De nada adianta levar a igreja a crescer se as pessoas continuarem com o espírito do mundo, e não se parecerem com Cristo. Nós queremos ganhar pessoas, mas não somente isso, queremos que elas se pareçam com Jesus. Não queremos gerar filhos que tragam esse espírito de competição.
Muitos não conseguem ver o problema dessa dita competição santa. Por meio do espírito de competição, o diabo tem oportunidade para entrar em nosso meio. Onde existe competição, existe o ego; e onde o ego se levanta, o diabo tem espaço para atuar. Saul é um exemplo de alguém que se deixou levar pelo espírito de competição e o resultado é que um espírito maligno entrou nele, conforme o relato de I Samuel 18.7-10.
As mulheres se alegravam e, cantando alternadamente, diziam: Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares. Então, Saul se indignou muito, pois estas palavras lhe desagradaram em extremo; e disse: Dez milhares deram elas a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta, senão o reino? Daquele dia em diante, Saul não via a Davi com bons olhos. No dia seguinte, um espírito maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul, que teve uma crise de raiva em casa. I Sm. 18:7-10
Os carnais gostam dessa competição. Naquela situação o que estava em jogo era quem feria mais, Saul ou Davi? Todas as vezes que você faz comparações, você pode incorrer nesse erro. Quando diz que este pastor ou aquele líder é o melhor, você já ranqueou todos os demais, e assim estabeleceu uma competição. Com qual escala você mede a liderança? Como você chegou a essa conclusão? Quando fazemos isso não incentivamos a edificação, mas apenas estimulamos o ego, o desejo carnal de ser melhor que o outro.
O que levou Saul a aquele  estado de opressão? O diabo usou aquelas mulheres ara instigar nele o espírito de competição. Nenhum líder está aqui para ser melhor que o outro, ter uma célula maior que a do outro.
Os fariseus sempre competiam com Jesus. E no final das contas eles mataram a Jesus justamente por causa dessa competição.
O resultado da competição
Você deve se perguntar: “Qual o problema de permitir o espírito de competição dentro da igreja? O importante não são resultados?” Isso quem diz é o diabo. Para Deus, a maneira como alcançamos algo é tão importante quanto os resultados. Precisamos alcançar o alvo da maneira de Deus e não da nossa maneira.
Então qual
é o problema da competição? O primeiro problema da competição é que ela faz surgir a inveja porque o seu alvo é descobrir quem é o melhor. Toda competição gera inveja, pois estou sempre invejando o outro que tem algo que e eu não tenho, que consegue realizar algo que eu não consigo. A inveja produz todo tipo de pecado. O diabo estimula a inveja, o Espírito Santo estimula a admiração e o respeito. A admiração e a inveja estão muito perto uma da outra, mas estão separadas por um mundo de diferença. Na admiração eu fico motivado e contente pelo sucesso do outro, mas na inveja o sucesso do outro me irrita, ao ponto de não conseguimos nem ouvir falar daquele assunto, pois não é admiração, é apenas inveja. No lugar de inveja, gere admiração na sua vida.
A segunda conseqüência é que, como toda competição, a competição dita “santa” produz sectarismo, ou seja, ela separa os irmãos em vez de uni-los. Tiago diz que onde há inveja e sentimento faccioso, nesse lugar surgirá todo tipo de obra maligna.
Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. Tg. 3:16
Em terceiro lugar a competição produz o orgulho de se achar melhor. Sempre haverá um grupo que se acha melhor que os demais e evidência que eles possuem são os resultados superiores. Não se espera que os que vencem uma competição sejam humildes. Eles se vangloriam em suas próprias habilidades. No meio de uma competição não se vê generosidade ou bondade , mas cada um deve buscar intensamente seus próprios objetivos.
 O espírito de competição não produz os frutos do espírito (Gl 5.22). Na verdade, os frutos do espírito são incompatíveis com a competição, pois toda competição produz provocação, difamações, suspeitas malignas dos irmãos, dolo, engano e contendas. No meio da competição não dá para ser paciente e longânimo com o irmão. Como não se vangloriar depois de ser considerado o melhor? Competidores não são bondosos e nem generosos com o adversário na competição. Já viu alguém servir o adversário ou o competidor? Competição não combina com o espírito de servo. Toda competição traz consigo a provocação. No futebol, no vôlei, no basquete; as torcidas se provocam, se atacam. Isso produz difamação. Tudo isso pode fazer parte da competição no mundo, mas não da vida da igreja do Senhor. O melhor atleta até pode se valer do dolo pra vencer, isso faz dele até um bom competidor, mas não um bom atleta. Bons atletas lutam de acordo com as regras. No jogo há todo tipo de artimanha. Alguém um dia me questionou se no milênio haverá olimpíadas, eu respondi que achava pouco provável, pois para que precisaríamos descobrir quem é o melhor? Isso tem a ver com o nosso ego, não com o espírito de Cristo.
As pessoas acham maravilhoso os jogos olimpicos, e pensam ser isso a celebração da paz entre os povos, mas isso é mentira. Pois estão todos ali pensando quem tem o melhor sistema e quem é o melhor. Já houve batalha entre nações por causa de uma partida de futebol. Não há celebração genuína. Não podemos trazer isso para dentro da igreja. Não vamos transformar nossas redes em times para competirem entre si para descobrir qual é a melhor.
Os frutos da carne podem ser divididos em três grupos (Gl5.18-21). Há o grupo dos desejos sexuais, que são prostituição, impureza e lascívia. Há um segundo grupo,  o grupo da glutonaria,  desejos de comer e beber, que são bebedices e glutonaria. E há o grupo maior, dos pecados de relacionamento: idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções e invejas. Esse grupo está ligado à relacionamentos. Observe como esses últimos estão intimamente associados com qualquer competição. Sem eles, uma competição fica sem graça, porque sem carne não há competição.
O primeiro pecado aqui relacionado é a idolatria. Nós competimos para descobrir quem é o ídolo, quem é o melhor, o campeão, quem as crianças irão idolatrar a partir de agora. Não precisa ser muito observador para ver esse espírito nos torneios de futebol. Por que precisamos definir quem são os melhores? Para idolatrá-lo. Mas isso é um frutpo da carne que não deve existir na igreja.
A feitiçaria também tem a ver com competição. O próprio conceito de torcida é um tipo de feitiçaria. Quando eu admito que alguma atitude minha tem o poder de levar meu time a vencer a milhares de quilômetros de onde estou. Mas existe todo tipo de desejo ruim para o adversário. Até nos alegramos com a calamidade alheia. Isso é remotamente parecido com o reino de Deus? Claro que não.
Toda inimizade está ligada à competição. O meu competidor é meu adversário e até inimigo. Não teremos como desenvolver uma amizade genuina e nem ter uma comunhão verdadeira.
Porfia é o mesmo que briga. Mesmo em competições onde não há contato físico, existem brigas; chingamentos e coisas parecidas. A competição evoca essas coisas do coração do homem caído.
O que dizer do ciúme e da ira? Numa competição não há quem não fique irado. Chega-se a pensar que a ira é a base de uma boa competição. Se for muito pacíficica dirão que os competidores estão entregando o jogo.
Em toda competição há muita discórdia. Para se descobrir quem é o melhor é preciso discutir, se foi ou não gol, se a bola entrou ou não, se foi um pênalti ou não. Como competir sem um forte espírito de antagonismo e discordância? Mas como colocar tudo isso dentro do corpo de Cristo? São espírito inconciliáveis.
O último fruto da carne são as facções. Mas as facções são os times, as nossas redes podem se tornar grupos facciosos. Não podemos deixar de servir os irmãos porque  não estão debaixo da liderança da nossa rede. Temos que servir a todos irmãos, independentemente da célula, discipulado ou rede a que pertencem. Esse é o espírito de Cristo.
Você consegue perceber que os frutos da carne estão ligados à competição? Por isso, não podemos edificar a igreja com esse espírito. A competição é maneira do mundo de construir relacionamentos, mas não é maneira de Deus de edificar Sua igreja. Essa não pode ser a maneira de agirmos na vida da igreja.
Conta-se que nos Estados Unidos  estava acontecendo uma corrida de crianças com necessidades especiais. Na verdade, eram adolescentes, mas que tinham um comportamento infantil. Foi dada então a largada, e quando estavam na corrida um deles tropeçou e caiu, o outro que estava na frente voltou atrás para pegar ele, os demais que estavam à frente também voltaram para socorrê-lo, pegaram e sua mão enquanto as pessoas reprovavam a atitude daqueles competidores, eles o puxaram até a linha de chegada. Isso nos mostra que aqueles deficientes estão muito mais perto do céu que nós. Para eles, a graça era de chegarem juntos, não havia prazer em chegarem, se aquele colega não pudesse chegar com eles.
Motivação encorajadora
Nossa motivação não pode ser a de querer ser o melhor entre os irmãos. Não existe problemas em elogiar e em receber elogios, mas quando consideramos um como o melhor de todos, estabelecemos um ranking. Há muitos irmãos que querem ter a melhor célula, ser o melhor líder, o melhor discipulador, o melhor pastor, ter a melhor rede. Quando desejam isso, é porque estão movidos pelo espírito de competição. Esse espírito pode até motivar por um momento, mas não resultará em uma edificação genuína, porque esse não é o espírito de Cristo. Nesse espírito temos sempre a intensão de ceder, e não de reter para nós mesmos.
Você deve estar se perguntando: “como podemos motivar os irmãos sem levá-los a competir uns com os outros?” O padrão de Deus para incentivar os santos não é a competição, mas é a motivação enconrajadora. O mundo se motiva com competição, mas na Casa de Deus somos motivados pelo enconrajamento.
O Padrão de Deus está em Filipenses 2:3-7. Nesse texto temos a descrição do Espírito de Cristo que é completamente o posto do espírito de competição.
Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que
é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo… Fp. 2:3-7
No espírito de Cristo nós consideramos o irmão melhor do que nós, mas na competição, queremos sempre provar que somos os melhores. No espírito de Cristo queremos aprender com todos e não sobressair ao nosso irmão. Qual tem sido o espírito na sua célula, na sua rede, no seu discipulado?
Pelo encorajamento somos motivados pelo testemunho dos irmãos. Paulo motivava elogiando e testemunhando, como vemos em II Coríntios 8 e 9. Há aqueles que não motivam, apenas pressionam. Ao invés de encorajar, colocam um fardo nas costas dos irmãos. Isso não é motivar. Ganhar almas não pode ser um fardo; multiplicar células não pode ser fardo. Alvos de crescimento não existem para ser fardo. Devemos fazer tudo isso com alegria.
Paulo usou o exemplo dos irmãos da Acaia para encorajar os coríntios a contribuírem com generosidade. Não fez comparações, mas os  motivou a fazer como os irmãos das igrejas da Macedônia. O padrão é caminharmos juntos.
Eu amo meus filhos pelo que eles são e não pelo que eles produzem. Antes que Jesus tivesse realizado quanquer coisa o Pai lhe disse: “Esse é meu filho amado em quem me comprazo”. Somente por sermos filhos de Deus, já somos o prazer d’Ele, somos amados pelo Senhor. Muitos crentes possuem o complexo de Lia. Ela pensava que se tivesse um filho teria o favor do marido. Muitos irmãos imaginam que só serão amados por Deus se gerarem mais filhos, ganharem mais almas. O senhor deseja que sejamos como Raquel, que sabia que era amada, mas que queria ter filhos porque era o encargo do seu coração e sabia que esse era o propósito do Senhor. Lia queria ter filhos para ser amada pelo seu esposo. Deus quer que tenhamos frutos, mas não precisamos conquistar o amor d’Ele porque este já foi derramado em nossos corações.
O que o motiva? Se você fosse descrever em uma única frase o propósito principal e mais sublime de sua vida, que frase seria? A coisa mais sublime que existe é viver para fazer a vontade de Deus. Lembre-se que nós não temos sonhos, os nossos sonhos são os de Deus. O que mais agrada a Deus? A prioridade do coração de Deus não é o que você faz, mas quem você é (Rm 8.28-29). O propósito não é apenas gerar filhos, mas trabalhar para que todos os filhos sejam colocados na forma que é Jesus. Deus deseja muitos filhos semelhantes a Jesus.
O segredo da multiplicação é a intimidade. Para que Adão cumprisse o propósito de Deus, ele precisava comer da árvore da vida e ter comunhão com Deus na viração do dia. Se conhecemos a graça e vivemos nela, produziremos muitos frutos. O diabo sempre procura trazer acusações levando-nos a fazer muitas coisas e desviando-nos da nossa relação com Deus. Ser servo de Deus não é trabalhar para Deus, mas ter Deus sendo trabalhando em nós (Cl 1.23-29). Alguns se motivam pela competição comparando-se com outros e exaltando a si mesmo um em detrimento do outro. Não use seus liderados como trampolim para o seu sucesso motivando-os pelo espírito de competição. Que a sua motivação seja ver seus filhos serem aprovados por Deus. Tenha intimidade com o Senhor e você gerará muitos frutos (2Co13.6-10).
O que a Bíblia diz sobre Competição O que a Bíblia diz sobre Competição 
“Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.” Salmos 133:1
A sociedade em que vivemos há todo momento enfatiza para o ser humano o valor da competição e isso tem se tornado algo normal pela maioria das pessoas. Quando está no sentido de alcançar um objetivo comum, como por exemplo, no esporte ou uma vaga no vestibular, não há razão de se preocupar, porém quando ultrapassa os limites saudáveis então já se torna motivo para uma observação mais rigorosa.
As bênçãos de Deus estão relacionadas com a unidade, Ele deseja que seus filhos estejam unidos ao invés de buscar apenas seu próprio êxito ou se comparar ao outro, no livro de II Coríntios, capítulo 10 e versículo 12 esclarece melhor essa afirmação: “Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas eles, medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez.” Entre os filhos de Deus não se deve ter competição, pois o alvo a ser alcançado é igual para todos, isto é, a salvação eterna.
No livro de I Coríntios, capítulo 12 e nos versículos 20, 25 e 27 relata sobre a unidade orgânica da igreja de Cristo: “O certo é que há muitos membros, mas um só corpo. Para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo.” É enfatizado que cada membro funciona para o bem do corpo, e essa ilustração mostra que a igreja não é diferente, cada pessoa deve trabalhar em conjunto para que o todo possa presenciar o agir de Deus.
Assim sendo, a competição deixa de ser algo natural quando esta desvia do real objetivo e visa a satisfação do próprio ego, nem que para isso a pessoa prejudique o outro. É preciso analisar o modo de como tem enfrentado as situações do dia a dia, se tem ou não trilhado uma vida certa ou errada.
Por que há tanta competição destrutiva na igreja evangélica? Um diagnóstico de gestão.
Dia destes, em animada conversa com meu amigo e pastor Davi Charles Gomes, em minha igreja local, concluímos, com base nos episódios que vivemos e testemunhamos que não existe meio mais competitivo do que o eclesiástico e o paraeclesiástico. Supera tudo: mercado financeiro, propaganda, política, magistratura, negócios em geral. Somos superlativos em traição, vaidade, competitividade, disfunção de propósito, fofoca, politicagem, falsidade, ciúmes...
É evidente a dor e o desencorajamento que estes males causam no Corpo de Cristo.
Ficamos a discutir as razões disto tudo e os meios de seguirmos em frente com alegria e motivação. Claro, Cristo é a nossa alegria e motivação e nos basta. Concordamos que todo este aperto que se sente no coração quando nos confrontamos com estas situações difíceis fazem parte da nossa vida cristã. É nosso desafio. Mas a fenômeno incomoda. Por que alimentamos tanta competição destrutiva? Seria tudo fruto apenas de vaidade, o pecado favorito do “inimigo”?
Fui para casa caminhando e me veio um insight de uma mente que pensa teologicamente, mas foi torneada nas teorias de administração e marketing. Um olhar de um MBA “convertido” se debruça sobre o comportamento organizacional das igrejas locais e a cultura evangélica brasileira acendendo esta ideia de uma perspectiva comparada dos ambientes competitivos das denominações e congregações vis a vis o meio empresarial. 
Análise competitiva
As práticas dos mercados, a análise competitiva são matérias da microeconomia que explicam como os recursos são distribuídos para a consecução dos resultados econômicos. Incrivelmente, são ferramentas que ajudam a explicar muitos dos resultados vistos na igreja evangélica de hoje. São princípios que não explicam e nem constroem os resultados do Reino e, nem sempre, seguem os princípios preconizados do “Regulador”, Jesus, mas explicam muito o resultado da prática humana no meio religioso. Está tudo lá! Em especial, quando vemos como as denominações e as congregações aplicam os seus recursos para atrair mais clientes e expandir o seu mercado e como, sob muitos aspectos, as decisões tomadas pelos seus líderes seguem a ótica de mercado e, por consequência, produzem resultados econômicos, mas não necessariamente em prol do Reino. Basta lembrar dos exemplos relacionados a: teologia da prosperidade, indústria de entretenimento religioso, roleta de milagres, prática moderna da simonia, etc. 
Da mesma forma, no ambiente interno, na maioria das congregações identificamos uma cultura organizacional calcada na prática das empresas, promovendo um ambiente competitivo e hostil, cujo resultado menos evidente
é a produção de feridos espirituais e emocionais e o resultado mais óbvio, nem por isto menos deletério, é a produção em massa de novos prosélitos, a quase totalidade dos quais, “convencidos”, captados pela cultura evangélica, raramente efetivamente convertidos, recuperados da morte. Até porque, o Espírito sopra para onde quer e como quer e não faz parte deste “esquema”. 
A opressão do negócio religioso perpetrada pelos inimigos da Cruz é o veneno evidente, mas há outras vertentes na natureza caída do homem explorados pelo “inimigo” de nossas almas a fim de colocar obstáculos à Igreja. Alguns dizem -e eu concordo- que a precariedade e a imaturidade das estruturas institucionais evangélicas explicam muitos dos problemas enfrentados no dia-a-dia das igrejas locais. Fato é que a maior parte das congregações evangélicas emerge autonomamente sem qualquer peso e tradição institucional, seja no ensino, na administração eclesiástica, sem história, praticamente uma tábula rasa eclesiológica. Carentes de um DNA organizacional apurado em séculos de prática religiosa, diferentemente dos católicos, os nossos líderes evangélicos, na sua maioria, adotam práticas organizacionais de empresa. Os resultados, obviamente, são mais conectados com o que se vê no mercado do que com uma instituição com gravitas, peso, para dar suporte a uma missão religiosa. Qual seja, um instituto com a vocação para reunir, apoiar, formar e promover uma conexão transcendental: o Corpo de Cristo e Sua missão. 
Chegamos ao ponto. 
E por que a competividade no ambiente eclesiástico e paraeclesiástico produz tantos feridos graves? 
Porque a despeito de vivermos em um mundo em que a competição descontrolada (e a ganância) produzem a grande encruzilhada civilizatória, a questão que constrói ideologias e sustenta utopias e estarmos, cada um de nós, em constante processo de endurecimento das nossas armaduras pessoais, em preparo para um mundo competitivo, estamos, em geral, despreparados para a competitividade predatória dentro da Igreja. Idealizamos a comunhão dos santos como um ambiente protegido e fraterno. Deixamos as armaduras na porta. Por isto é tão comum saber de irmãos reclamando que foram lesados em negócios com outros irmãos de fé por terem agido sem a devida, e normal, cautela. Outros tantos, se dizem usados e traídos por terem sido excepcionalmente ingênuos. Muitos dizem ter sido alvejados em um momento de fragilidade por líderes de quem esperavam acolhimento. Tantos outros, testemunham terem sido enganados (ou se deixado enganar) ao depositar esperança em devaneios construídos em meio a situações de desespero.
Nas congregações vemos todos se portando como cordeiros inocentes e até nos rendemos, nós mesmos à nossa cota de hipocrisia. Para muitos, é só a influencia da cultura da organização, que sem geral não produz nada além de alguma decepção em algum momento adiante. Mas há também os lobos... 
Sim, Irmãos! É tão bom estar com os irmãos, na “casa de Deus, mas vigiem! A imagem é um espelho turvo, estamos mais para hospital do que para paraíso. Há trigo, mas há muito mais joio!
Na teoria, deveríamos estar acastelados, livres da peleja de todo o dia... mas não é bem assim. O Senhor está no controle da nossa vida, estejamos em casa, na rua, na igreja ou no trabalho, mas isto não significa que não teremos aflições, sofreremos perseguições... E basta uma leitura rápida das cartas paulinas para constatar que desde sempre o ambiente dos santos nunca esteve livre das intrigas, das fofocas, das traições e altercações. Apesar disto, a nossa cultura evangelística cria certas utopias infantis. Vende “comunidades de amor”, “refúgios da família”, “apriscos de ovelhas”, adoração de excelência”, etc. Está na Palavra o vislumbre de um reino de amor, em que a vitória não é pessoal, mas com Cristo. De uma alegria, por excelência, comunitária. Reino onde a hierarquia faz do menor, o maior; Do serviçal, o mestre. Mas será que é assim mesmo, nesta nossa vida presente? São as nossas comunidades lugares onde os santos só produzem o bem? Há muito crente sério vivendo neste propósito, mas a realidade decepciona. A idealização do ambiente da igreja desarma as pessoas e produz muitos feridos de morte, gente vitimada por golpes de canivetes, quando em qualquer outro lugar as vítimas estariam prontas a se defender e enfrentar espadas e lanças. 
O meio evangélico e o meio empresarial
Mesmo em uma grande empresa supercompetitiva há, no limite, a percepção da missão da corporação, da "cor da camisa" e as coisas acontecem. É incrível que no nosso meio sejam maiores as dificuldades provocadas pela competição, tanto mais se temos tão clara e comum Missão. É certo que Deus está no controle e, a despeito da nossa vontade e de toda a confusão e dos enganos no nosso meio a Obra acontece. Mas poderia ser tão mais fácil! E como sofrem os que estão verdadeiramente na Obra. Em geral, comem a carne do pescoço enquanto os vendilhões se refastelam no filé!
Muitas coisas levam a esta deformação no nosso meio. Os católicos vaticinaram, já por ocasião da reforma, que o nosso espirito sectário, divisionista e nossa recusa em seguir a liderança patriarcal nos levariam a esta maldição. Mas, deixemos isto de lado (risos!) e, desta feita, vamos nos concentramos nos aspectos organizacionais do problema.
Na teoria da Administração, chamamos de comportamento organizacional o estudo dos comportamentos dos indivíduos e seus impactos no ambiente de uma empresa. É um tipo de “psicologia das organizações", vamos simplificar assim. Toda empresa tem a sua cultura própria, a sua estrutura, suas políticas, plano de carreira, sistema de remuneração, etc. Todos fatores internos que afetam como as pessoas se comportam na organização e como este capital humano movimenta a firma na direção de seus objetivos e como esta dinâmica afeta a sociedade à sua volta. Nossas igrejas locais são organizações, muitas delas, parte de organizações maiores (denominações) e todas, ao menos na teoria (risos!) parte da Igreja de Cristo. Peças do Reino já presente entre nós.
Um rápido olhar com a lente do “comportamento organizacional“ identifica no nosso meio evangélico traços e características culturais, incluindo ai: valores, práticas, políticas, sistemas de liderança e de recompensa (de todos os tipos, tangíveis e intangíveis) e na dinâmica das nossas organizações diversas especificidades que explicam muitos dos problemas que constatamos no início deste artigo. 
Em termos organizacionais, o que se desejaria para as nossas congregações seriam estruturas proporcionando a maior sinergia possível de todos os esforços na direção da Missão dada por Cristo. E, como preferem alguns, na missão integral, incluindo, portanto a persecução da justiça na vida do próximo, dos irmãos, da nação, do planeta. Contudo, é assim que acontece ou há deformações prejudicando o resultado?
Plano de carreira evangélico
Com certeza, temos traços culturais, padrões de liderança, valores endógenos (incutidos por processos históricos, não promovidos pelo Noivo) causando transtornos diversos no comportamento organizacional do Corpo. Nesta direção, a primeira coisa que nos veio a mente foi esta cultura de carreirismo eclesiástico absolutamente exacerbada entre os evangélicos. Obviamente, todos nós protestantes somos chamados a reconhecer o sacerdócio universal e, nas boas comunidades, somos instados a levar muito à sério o apoio às missões, pelo reconhecimento do IDE e coisa e tal... Mas não é disto que estamos tratando. Há esta cultura, muito impulsionada pelas denominações pentecostais no Brasil, mas que está disseminada em toda parte, que leva o fiel comum a pensar em termos de um “plano de carreira para o crente”. Ou seja, na sua vida de comunhão cristã em termos de um projeto de existência,” em que as etapas rumo ao “Alvo” são representadas por cargos, ministérios, lideranças e títulos. Na busca desenfreada de galardões espirituais a serem exibidos aqui nesta vida mesmo, chegamos a deformações diversas. Em certas
paróquias, imaginem vocês, ficar “no banco” é praticamente uma maldição. Crente comum, sem medalha ou pedigree é crente de segunda linha, mesmo que se trate de um irmão de oração, servo dedicado à intercessão. Estranho, não? Mas é assim! 
Em termos organizacionais, o que se desejaria para as nossas congregações seriam estruturas proporcionando a maior sinergia possível de todos os esforços na direção da Missão dada por Cristo. E, como preferem alguns, na missão integral, incluindo, portanto a persecução da justiça na vida do próximo, dos irmãos, da nação, do planeta. Contudo, é assim que acontece ou há deformações prejudicando o resultado?
Plano de carreira evangélico
Com certeza, temos traços culturais, padrões de liderança, valores endógenos (incutidos por processos históricos, não promovidos pelo Noivo) causando transtornos diversos no comportamento organizacional do Corpo. Nesta direção, a primeira coisa que nos veio a mente foi esta cultura de carreirismo eclesiástico absolutamente exacerbada entre os evangélicos. Obviamente, todos nós protestantes somos chamados a reconhecer o sacerdócio universal e, nas boas comunidades, somos instados a levar muito à sério o apoio às missões, pelo reconhecimento do IDE e coisa e tal... Mas não é disto que estamos tratando. Há esta cultura, muito impulsionada pelas denominações pentecostais no Brasil, mas que está disseminada em toda parte, que leva o fiel comum a pensar em termos de um “plano de carreira para o crente”. Ou seja, na sua vida de comunhão cristã em termos de um projeto de existência,” em que as etapas rumo ao “Alvo” são representadas por cargos, ministérios, lideranças e títulos. Na busca desenfreada de galardões espirituais a serem exibidos aqui nesta vida mesmo, chegamos a deformações diversas. Em certas paróquias, imaginem vocês, ficar “no banco” é praticamente uma maldição. Crente comum, sem medalha ou pedigree é crente de segunda linha, mesmo que se trate de um irmão de oração, servo dedicado à intercessão. Estranho, não? Mas é assim! 
Outra deformação organizacional promovida pela liderança -vamos usar esta expressão forte- é o chamado clientelismo. O clientelismo se manifesta no favorecimento dos indivíduos do rebanho em troca das doações para sustentação da organização e dos objetivos do líder (em geral coisas que o Espirito Santo, #SQN, colocou no coração do líder: programa de rádio, caminhão, placa de neon, etc.). No limite, o clientelismo promove a simonia que é a venda de favores divinos, bênçãos, cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas, perdões, objetos ungidos, aos patrocinadores do “ministério” e por ai vai. 
Defraudações
Seguindo o exercício, vamos pensar no que seria um “sistema de remuneração” da “empresa” igreja local e como este é inadequado, suscitador de sérios problemas aos membros da organização, que não são apenas os líderes e servidores, recebendo seus salários e ofertas, mas também os fiéis. Os membros sustentam a organização e usufruem do serviço, mas também buscam a sua remuneração social, que se traduz naquele do carreirismo evangélico que mencionamos antes, fruto de toda esta cultura “do galardão” sustentada pela imaturidade da fé, em especial pela eterna questão da culpa advinda da incompreensão da Graça que faz com que se acredite que obras sustentam a salvação. Mas não só isto. Está presente toda a questão da fragilidade emocional, da imaturidade psicológica posta diante da presença de um líder carismático, cheio de poder. O fenômeno da “transferência” emocional na direção da figura do líder se exacerba pela questão espiritual. No plano coletivo, a fórmula perfeita para um ambiente de muita ciumeira, intriga, fofoca, etc.. Se não há cuidado, eventualmente, testemunhamos a exploração e o domínio do líder sobre os indivíduos, chegando a extremos de defraudações as mais diversas, incluindo o abuso financeiro, sexual, etc.
Mercado competitivo
Muitas questões também emergem nas relações dos líderes com a sociedade e com os líderes de outras organizações no mesmo meio (mercado?). Diferentemente do que nos ensinou Cristo, e como me fez ver o amigo +Bill Mikler, impera entre nós este entendimento distorcido de que a salvação é um projeto individual. Fugindo das controvérsias teológicas, pois não é este o nosso objetivo aqui, temos, claro, um Deus pessoal, que nos salva individualmente, mas a salvação, como resultado, reúne um coletivo. A Assembleia dos Santos não são muitas pessoas salvas protegidas por guarda-chuvas individuais, mas uma comunidade separada sob uma grande tenda proposta por Cristo. Na tenda, deveríamos cooperar, como membros de um só Corpo, em prol do Reino. Contudo, tendemos a nos distrair com o que nos divide. Criamos guarda-chuvas denominacionais e, eventualmente, as pontas de um e outro furam os nossos olhos. A competitividade está no DNA protestante, nas querelas teológicas e na vaidade manipulada pelo inimigo de nossas almas de forma poderosa em dois flancos, os quais chamo de: “o mercado das igrejas” e a “cultura do legado”.
Separo a “cultura do legado líder” porque não é só fruto da vaidade, mas também tem todo este traço cultural carreirista que tratamos anteriormente no âmbito da membresia. O veneno do legado do líder supera a simples diferenciação de mercado entre igrejas porque pretende estabelecer uma marca reconhecida, diferenciada para o líder. Muito mais do que promover o “ministério A ou B” no mercado religioso, há o desejo ególatra dos líderes de fazer história, deixar uma marca, um legado para além da própria geração. Some-se à questão da recompensa da honra, da “unção especial” , de que tratamos antes, temos a natureza idólatra do legado. Nosso coração é, como disse João Calvino, uma fábrica de ídolos e, entre tantos já no nosso altar, queremos nos colocar no panteão da nossa comunidade. Buscamos a segunda imortalidade na mente das futuras gerações. Queremos nossos nomes e fotografias em placas nos corredores das instituições, na entrada dos templos. Queremos construir espaços sagrados e nos imortalizar em placas. Perturba a noite de sono de nossos líderes um certo comichão pela grandeza, um certo ímpeto patrimonialista, ególatra, que os levam a ansiar construir uma marca própria, a erigir catedrais. O “evangelho” do cimento, do carpete, do data-show, do estacionamento próprio, do berçário, das classes escolares, dos seminários, das universidades. Líderes são tentados a atribuir ao Espirito Santo o seu próprio desejo expansionista. E, não se sabe o porquê, “deus” parece insistir em colocar no coração dos pastores projetos grandiosos envolvendo tijolos, cimento e ofertas especiais! Seria uma transcendentalidade cimentada, envidraçada, pintada? O espirito de porco “mercantilista” não nos larga e, se o diabo correr solto, haveremos de construir templos salomônicos e colocar nestes os nossos mausoléus e estátuas.
E, claro, há o mercado. 
O mercado também promove o “evangelho” patrimonialista, não é só a vaidade dos líderes. Juntos, vaidade coletiva (mercado) e vaidade pessoal são uma força que só Jesus na causa para segurar! 
Você já foi a um encontro, um congresso de pastores? É um exercício de maturidade da fé. A observação cautelosa pode balançar a sua estrutura. Quem tem fundamento, pode ir observar como as coisas são de fato, especialmente nos eventos supradenominacionais. Ali não se irá encontrar diferença alguma com o que se vê numa feira empresarial. As pessoas se encontram e logo “trocam” credenciais. São de uma igreja de tantos membros, tantas filiais, tanto faturamento por culto, com isto e aquilo... etc. A cultura da competição é fortíssima. Recomendo que o jovem na fé não passe nem perto da porta destes encontros!
No meio dos líderes religiosos o “pau come”. A concorrência é imensa. Tem todo o tipo de torpeza que se possa imaginar. E no meio pentecostal então, e que me desculpem alguns de meus amigos, se sabe de casos arremedando práticas mafiosas! Pastores que perdem os seus púlpitos a gangs de outros
“pastores” na ponta da faca. Comunidades que são vendidas de porteira fechada, tal como empresas. Extorsão, chantagem, concorrência predatória, crimes imobiliários. Coisa de máfia. Traições entre pais e filhos, fraudes eleitorais, práticas criminosas, reservas de território. E se tudo isto é exceção, a regra, contudo, está bem longe dos padrões que se esperaria de cristãos. E eu não estou aqui afirmando que os católicos com suas ordens, sucessões e conclaves sejam muito melhores, mas a ausência de um poder central entre os evangélicos e o divisionismo já natural criam um ambiente competitivo inóspito, agentes perniciosos (picaretas da fé) e sucessões problemáticas.
Seria positivo contar com um órgão supradenominacional moderador, um conselho de auto-regulamentação, como fazem os publicitários para coibir abusos. Sabemos que, ao menos, nas denominações históricas o sistema de governo estruturado e em níveis ajuda muito. Longe destas denominações, contudo, na miscelânea das igrejas independentes e nas denominações sem muita história, o espirito do cada-um-por-si promove uma verdadeira briga de navalha em quarto escuro. 
Evangelismo ou disputa de mercado?
Na prática, os esforços reais de evangelização em novos campos é mínimo, o que acontece no dia-a-dia é a pesca no lago alheio e toda a mesmíssima estratégia de marketing que se vê em qualquer empresa. Localização e comodidade da igreja, mensagem segmentada e motivacional para determinado público-alvo, entretenimento, etc. E como todo mundo é medido e avaliado pelo tamanho da igreja, o número de membros, a localização, filiais, louvor, famosos, etc... A briga é feia e o resultado nada espiritual.
Nem mesmo as causas comuns juntam os crentes por muito tempo. É difícil, mesmo, juntar alguns líderes seja para que causa for... Nem para marchar por Jesus! Já se vê até neste segmento que há a Marcha para Jesus do Fulano, a do Cicrano e a do Beltrano. Juntar líderes diferentes para alguma coisa útil? Quase impossível. Só a Graça. Uma plataforma política, uma candidatura, um desagravo coletivo diante de algum tipo de “perseguição”, uma agenda comum... Coisa pontual. Logo cada qual busca o seu esforço pessoal, junto ao seu rebanho. Vamos ajudar a Cracolândia? Beleza. Vamos. Você vai lá e já encontra cinco missões fazendo a mesma coisa. Vamos nos juntar a alguma delas e buscar a sinergia de recursos? Nem pensar! Temos a nossa visão! Volte ao mesmo lugar em alguns meses e você vai descobrir que o ponto virou moda missional. Toda comunidade quer fazer uma obra ali. Vais encontrar 100 missões diferentes, uniformizadas com a sua marca, sua visão, seu slogan... A maioria irrelevante. Se as mais capacitadas juntassem esforços, com uma parcela do investimento feito resolveriam o problema daquela Cracolândia e de todas as outras da cidade. No ano seguinte a moda será o lixão, no outro a reciclagem social, etc... Dezenas de ações diferentes, descoordenadas, muitas competindo entre si, desfalcando a mordomia do recursos do Reino. O missão de ser Sal para mundo se perde num resultado quase insipido, no projeto de saleiros de múltiplas marcas. Vistosos ministérios. 
Muitas lâmpadas debaixo do alqueire. Nenhuma no velador.
É preciso repensar a forma como nos organizamos como igreja. Estamos desperdiçando recursos preciosos por conta de nossas muitas vaidades. Um dia haveremos de dar conta disto tudo ao nosso Senhor. A igreja tem bons servos da Palavra. Precisa de bons diáconos também. Gestores de diáconos. Servos sábios e fiéis.

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