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Material de Apoio - Elaboração e Análise de Projetos Ambientais e Sociais

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WANESSA MÜLLER BUJOKAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Elaboração e Análise de Projetos 
Ambientais e Sociais” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-Curitiba- 
2014 
SUMÁRIO 
 
Capítulo 1 
 Definição de projeto 
 Escolha do tema 
 Formulação do problema 
 Formulação da hipótese 
 Síntese 
 Referências 
 
Capítulo 2 
 Justificativa 
 Objetivos 
 Materiais e Métodos 
 Síntese 
 Referências 
 
Capítulo 3 
 A escrita do projeto 
 Organização para a composição do texto 
 Plágio 
 Síntese 
 Referências 
 
Capítulo 4 
 
 Elementos textuais 
 Introdução 
 Revisão Bibliográfica 
 Materiais e Métodos 
 Resultados Esperados 
 Considerações Finais e Conclusão 
 
Capítulo 5 
 Implantação do projeto 
 Gerenciar conflitos 
 Avaliação e monitoramento do projeto 
 Síntese 
 Referências 
 
Capítulo 6 
 Degradação Ambiental e Restauração Ecológica 
 Atividades impactantes e a lei ambiental 
 Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) 
 Instrução Normativa no 4 do IBAMA e Composição do PRAD 
 Síntese 
 Referências 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
1. Definição de Projeto 
 
Convivemos com projetos diariamente e, muitas vezes, nem notamos. 
Eles são aplicados nas mais diversas áreas, como na criação de um novo 
carro, na produção de filmes, na construção de moradias e, o que nos interessa 
aqui, na área ambiental. O tempo de duração de um projeto é variável, 
dependendo muito do objetivo a ser alcançado. A definição de metas claras e 
de prazos para atingi-las, no entanto, é fundamental para alcançar bons 
resultados. 
Um projeto é um tipo especial e não rotineiro de atividade e, por isso, 
demanda atenção diferenciada. Difere de um processo contínuo, porque este 
não possui um fim planejado e o seu produto é gerado por replicação, pura e 
simples. Isso não impede que, para a melhoria dos resultados, projetos sejam 
pontualmente utilizados dentro do processo contínuo de produção (RUSKIN, 
A.M.; ESTES, W.E., 1994). 
De acordo com o PMI (Project Management Institute), projeto seria “um 
conjunto de atividades temporárias, realizadas em grupo, destinadas a produzir 
um produto, serviço ou resultado únicos”.1 Silva e Rebolho (2013) preferem 
definir projeto como um planejamento sistematizado para solucionar um 
problema ou atingir um objetivo ou meta. A pesquisa a ser desenvolvida a 
partir de um projeto deve ser planejada com rigor, para garantir que o 
investigador terá um bom respaldo metodológico que o ajude a encontrar as 
respostas procuradas. 
Segundo Fonseca (2007), as regras para a elaboração de um projeto 
não são rígidas, pois a sua estrutura dependerá do problema a ser investigado 
e também do estilo dos seus pesquisadores. Mas é necessário que o projeto 
contenha dados essenciais de como se dará a pesquisa, quais as etapas que 
deverão ser desenvolvidas e a partir de quais recursos se alcançarão os 
objetivos. 
Os projetos ambientais cresceram em importância com o 
desenvolvimento industrial e populacional. A preocupação com a recuperação 
 
1 http://brasil.pmi.org/brazil/AboutUS/WhatIsProjectManagement.aspx (acessado em 17 set. 
2014). 
 
e conservação dos ecossistemas, com as exigências da legislação ambiental e 
das certificações, tem feito com que as indústrias modifiquem os seus 
processos para atender à lei, principalmente quando a atividade desenvolvida 
precisa de licença ambiental para ocorrer. Com isso, o meio industrial passou a 
produzir uma grande quantidade de projetos ambientais (KAHN, 2003). 
Portanto, o profissional que possuir qualificações suficientes para 
confeccionar e desenvolver projetos terá um adicional importante em seu 
currículo profissional, com potencial de facilitar sua entrada no mercado de 
trabalho. 
 
 
2. Escolha do tema 
 
 Um projeto segue uma forma de texto estruturada, ou seja, um roteiro 
definido, pois isso facilita a leitura do documento e também a sua avaliação. 
 Iniciamos um projeto com uma ideia vaga a ser desenvolvida. A partir da 
ideia geral, começamos uma pesquisa, um estudo teórico que nos dará 
orientação e conhecimento sobre o que já se sabe sobre o assunto e o que 
poderá ser aprofundado. O tema está relacionado à pergunta: o que estudar? 
 A escolha do tema não é uma tarefa fácil e exige muita reflexão. 
Independente de ter sido escolhido por você ou por seu orientador, trata-se de 
um investimento de tempo e energia nesta atividade, portanto deve se sentir 
motivado. Um tema mal escolhido criará dificuldades para alcançar os 
resultados esperados. 
 Algumas recomendações podem facilitar: 
 
1– escolha um tema sobre o qual você já tenha um conhecimento prévio. Isso 
não é uma regra, mas certamente você terá melhores bases para estruturar o 
projeto; 
 
2– pesquise e leia exaustivamente para ter ideia de bons temas; 
 
3– um problema que foi identificado na sua área de atuação pode ser um tema 
interessante; 
 
4– procure fazer associações entre como o tema escolhido é apresentado na 
teoria e como ele pode se estabelecer na prática. 
 
5– tenha sempre em mente que ajustes podem e devem ocorrer no fechamento 
do tema, pois se trata de algo dinâmico, que se molda com a pesquisa e com o 
maior conhecimento do assunto. 
 
 
3. Formulação do problema 
 
 Podemos dizer que o problema é a pergunta central a ser respondida 
com o desenvolvimento do projeto. Ele deve ser formulado de forma clara e 
objetiva, pois facilitará o delineamento da pesquisa e a construção da hipótese 
central (MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M., 2010, p.143). Essa pergunta deverá 
conter o tema que você pretende estudar, porém aqui o tema será mais 
detalhado e direcionado. 
 Identificar a questão principal do projeto fornecerá um ótimo foco para a 
sua pesquisa e definirá a direção a ser seguida. Muitas vezes a formulação do 
problema é apresentada em mais de uma pergunta a depender da experiência 
e da habilidade de cada autor, bem como do tema escolhido. Todas as 
perguntas, entretanto, devem ser claras e objetivas. 
 
 Vamos ver alguns exemplos de problemas formulados: 
 
 1- “O código florestal trata da mesma forma os diferentes biomas 
encontrados no território brasileiro?” (RIBEIRO et al.,2010); 
 
 2- a) “Qual a densidade adequada de sementes necessária para a 
ocupação inicial da área degradada?” (ISERNHAGEN, 2010); 
 
 b) “Em quanto tempo a área degradada será ocupada através da 
formação de uma comunidade vegetal de ocupação inicial através da 
semeadura direta?”(ISERNHAGEN, 2010); 
 
 c) “Quais os investimentos financeiros necessários para a ocupação 
inicial da área degradada através da semeadura direta e para posterior 
enriquecimento?” (ISERNHAGEN, 2010); 
 
 3- “Qual a atividade econômica que mais degradou a Mata Atlântica no 
litoral norte do Estado de São Paulo no período de 1980 a 1990?” (VEIGA, 
1996). 
 
 Segundo PROCAN (2000): 
 
Se o pesquisador não consegue 
formular o problema central da pesquisa 
por meio de uma pergunta bem direta, o 
mais provável é que ele tenha feito uma 
discussão insuficiente da produção 
científica já existente sobre aquele 
tema. Ou seja, quando o conhecimento 
sobre o tema selecionado não foi 
suficientemente digerido, vários 
problemas se superpõem na mente do 
pesquisador, e suas tentativas de definir 
o problema resultam em proposições 
herméticas, intrincadas e nebulosas. 
 
 
 
 
4. Formulação da hipótese 
 
 A hipótese é uma suposição que deve ser comprovada ou refutada. 
Formulamos a hipótese (ou hipóteses) como uma afirmação que respondeprovisoriamente um problema. Com o desenvolvimento da pesquisa podemos 
confirmar se a hipótese está certa ou errada, aceitando-a ou rejeitando-a. 
 A hipótese é uma resposta à pergunta formulada sobre o tema. A partir 
do momento que o problema é bem formulado e está claro para o autor do 
projeto, fica simples a formulação da hipótese. O número de hipóteses 
elaboradas dependerá do número de questões formuladas. 
 A apresentação da hipótese no projeto de pesquisa não é 
necessariamente obrigatória. Muitas vezes não está explicitamente redigida no 
texto, mas isso não quer dizer que não seja importante: afinal, a hipótese é a 
resposta que se pretende comprovar com a pesquisa. Em alguns casos, pode 
ocorrer da instituição que abriu o edital para os projetos exigir a redação da 
hipótese no texto. Em outros, não. Isso irá depender de cada edital. Mas, 
independente do edital, para ser mais eficiente, o autor precisa ter a hipótese 
formulada para ele, mesmo que isso não lhe seja exigido. 
 
 
5. Síntese 
 
 Uma pesquisa científica, um estudo social ou um produto podem ser 
desenvolvidos a partir de ações únicas, com prazos definidos de início e 
término, que denominamos “projeto”. 
 Um projeto pode surgir de uma ideia que seja fruto de simples 
observação, ou de experiências pessoais da vida particular ou profissional, ou 
mesmo de uma insatisfação, visando a melhorias ambientais e/ou sociais2. 
 Alguns passos básicos facilitam a elaboração de um projeto, formando 
um alicerce para o desenvolvimento do estudo e garantindo o sucesso do 
trabalho. Neste capítulo vimos como é feita a escolha do tema, a formulação do 
problema e da hipótese. Esses itens são resumidos na figura 1, que exemplifica 
os passos iniciais para a confecção do projeto e evidencia a importância da 
revisão literária para o embasamento da hipótese. 
 A pesquisa feita por meio de projetos é uma chave que não só abre 
portas, mas permite mudança, inovação e otimização de ferramentas que 
melhoram a vida das pessoas2. Para isso, todavia, é fundamental o 
entendimento da metodologia científica e de como elaborar de forma 
consistente um projeto. 
 
 
 
2http://www.ecolechambredecommerce.org/pdfs/cours_de_methodologie_et_de_recherche.pdf 
(acessado em 10 set. 2014) 
 Figura 1 - Passos iniciais para a confecção do projeto 
 
 
 
 
 
 
 Modificado de HUSSAIN 3 
 
 
 
 
 
3 https://www.academia.edu/903892/Introduction_to_Research (acessado em 10 set. 2014). 
Identificar a área de pesquisa 
> definição do tema
Identificar o problema da pesquisa
> delimitação do tema
> formulação do problema
Revisar a literatura
> descobrir as soluções que já foram encontradas
Após a revisão você ainda acredita ter uma boa ideia 
para resolver o problema de forma mais adquada ou 
de um jeito mais econômico ou ecológico?
Formular a hipótese para a solução do 
problema
SIM NÃO 
Saiba mais: 
Talvez você se pergunte qual seria a diferença entre um projeto e uma 
monografia. Podemos dizer que o projeto é o documento inicial, em que se 
planejam as atividades que serão desenvolvidas. Posteriormente, este projeto 
será implantado e o documento final, em que serão apresentados os 
resultados, chamamos de monografia. Seria, então, o relatório final de um 
trabalho que foi concluído. O termo monografia é utilizado para definir o 
trabalho teórico de um indivíduo e, por esta razão, o prefixo “mono” é aplicado. 
Nesta disciplina focaremos a elaboração de um projeto que poderá ser utilizado 
tanto no dia a dia de uma empresa ─ quando você estiver atuando como gestor 
ambiental ─, como no meio acadêmico, para a confecção de um trabalho de 
conclusão de curso (TCC) ao fim da graduação, bem como de uma dissertação 
ou uma tese, na pós-graduação. 
 
Referências 
 
CARVALHO, M. M.; RABECHINI JR., R. Fundamentos em Gestão de 
Projetos: construindo competências para gerenciar projetos. São Paulo: 
Editora Atlas, 3ª edição, 2011. 422p. 
 
EISENHAGEN, I. Uso de semeadura direta de espécies arbóreas nativas 
para restauração florestal de áreas agrícolas, sudoeste do Brasil. 2010. 
105p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2010. 
 
FONSECA, R.C.V. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Monografias – 
Guia Prático. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007. 147p. 
 
KAHN, M. Gerenciamento de Projetos Ambientais. Rio de Janeiro: E-Papers 
Serviços Editoriais, 2003. 86p 
 
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Fundamentos de Metodologia Científica. 
São Paulo: Atlas, 2010. 297p. 
 
PROCAM. Como elaborar seu projeto de pesquisa. Disponível em:< 
http://prpg.usp.br/dcms/uploads/arquivos/procam/como%20elaborar%20seu%2
0projeto.pdf >Acesso em 18 fev. 2014. 
 
RIBEIRO, C. A. A. S.; SOARES, V. P.; MENEZES, S. J. M. C.; LANA, V. M.; 
LIMA, C. A. Áreas de preservação permanente: espaços (im)possíveis. 
Ambiência, Guarapuava, v.6, p.93-102, 2010. 
 
SILVA, C.; REBOLHO, B.C.S. Projetos Ambientais. Curitiba: IFPR. 2013. 
184p. 
 
RUSKIN, A.M.; EUGENE ESTES, W. What Every Engineer Should Know 
About Project Management. 2 ed. New York : Marcel Dekker, 1994. 277p. 
 
 
Capítulo 2 
 
1. Justificativa 
 
 A justificativa está relacionada ao convencimento do leitor/avaliador 
sobre a necessidade de ser o estudo realizado, ou seja, é um item do projeto 
em que o autor explica quais são os benefícios do estudo, qual a importância 
da pesquisa e da solução de um problema específico4. 
 Algumas questões podem servir como um roteiro na escrita da 
justificava. Veja alguns exemplos5: 
 
 O projeto a ser desenvolvido tem relação com as prioridades da 
região ou do país? 
 
 Qual o conhecimento ou a informação que se espera obter? 
 
 Como os resultados serão utilizados e quem poderá ser 
beneficiado? 
 
 Inicie a justificativa com uma sentença simples que resuma o objetivo 
principal do trabalho. Adicione um parágrafo sobre a raiz do problema, sobre 
como ele surgiu, seu histórico, o que já é conhecido sobre ele. Explique 
brevemente como o seu estudo pode solucionar o problema e gerar resultados 
positivos. Você pode citar iniciativas semelhantes que já foram desenvolvidas 
para tornar os resultados esperados mais concretos, e enriquecer esse 
comparativo com a inserção de histórias da vida dos membros da comunidade, 
por exemplo. Lembre-se que uma proposta de sucesso é escrita com clareza e 
simplicidade. Evite sempre a repetição, as questões retóricas e as frases 
complexas. Escreva sentenças simples e que tornem os pontos discutidos mais 
concretos6. 
 A justificativa poderá fazer parte da introdução ou compor um item 
separado. Muitas vezes isso é especificado no edital da instituição 
financiadora. Caso não seja, a escolha será do autor. 
 
 
4http://pagesped.cahuntsic.ca/sc_sociales/psy/methosite/consignes/etape1.htm#justification(ace
ssado em 10 set. 2014) 
5http://web4.mty.itesm.mx/temporal/clinicalresearch/wp-content/uploads/2011/07/GUIDE-FOR-
WRITING-A-RESEARCH.pdf(acessado em 10 set. 2014) 
6http://www.fundsforngos.org/proposal-writing-2/project-justification-grant-proposals/ (acessado 
em 13 set. 2014). 
 Veja alguns exemplos de justificativas: 
 
1) Em tempos de mudança, é evidente 
que o capital humano é um fator 
decisivo para que as organizações se 
destaquem e concorram com 
competência e competitividade. Assim, 
este estudo justifica-se no momento em 
que busca analisar competências e 
habilidades do líder em motivarseus 
colaboradores (SILVA et al, 2011). 
 
 
 
2) Considera-se que a conscientização 
e a informação fundamentam a 
mudança de atitude. As cartilhas são 
utilizadas como material de apoio 
pedagógico, tidas como ferramentas 
adequadas a proporcionar subsídios 
para discussões de vários temas, e, 
nesse caso específico, a relação 
existente entre o consumo, o lixo e a 
degradação ambiental. Assim a 
proposta é a construção de um material 
didático que além de transmitir 
conceitos teóricos tenha relação com a 
realidade dos alunos, buscando 
metodologias que aproximem o 
conteúdo de suas vivências.[...] 
No caso de Franca, existe uma parceria 
entre a Colifran, que recolhe o material 
nas casas em dias específicos, e a 
Cooperativa dos Catadores, que fica 
responsável pela separação. As 
estimativas do setor, no entanto, são de 
que apenas um terço dos recicláveis da 
cidade é recolhido, em consequência da 
falta de cooperação das pessoas de 
separar seu lixo ou de colocá-lo para 
fora apenas nos dias corretos. Dessa 
forma, justifica-se a importância de um 
projeto que busque conscientizar as 
crianças acerca da importância da 
coleta seletiva e os impactos positivos 
da reciclagem, pelo poder de divulgação 
que têm, junto a seus familiares e a 
vizinhança. Outros aspectos 
importantes da produção de lixo serão 
explorados com a implementação do 
projeto, tais como: o papel gerador de 
riquezas que vem sendo cada vez mais 
atribuído ao lixo; a necessidade de que 
o poder público trate a questão do lixo 
com base social e estratégica e a 
interferência da produção de lixo e 
entulhos na modificação do espaço 
geográfico da cidade (CELLINI JR; 
MATOS, 2008). 
 
 
 
2. Objetivos 
 
 Os objetivos de um projeto são divididos em gerais e específicos. Os 
objetivos gerais apresentam uma visão mais ampla, mais abrangente de aonde 
o estudo pretende chegar, enquanto o detalhamento do estudo fica por conta 
dos objetivos específicos. O detalhamento deverá seguir o limite do objetivo 
geral, nunca deve ser mais amplo ou com uma linha de raciocínio diferente. 
 Os objetivos estão diretamente ligados ao problema do projeto, e 
indicam o caminho que será seguido para confirmar ou não a hipótese inicial. 
Ou seja, é por meio dos objetivos que dizemos o que faremos e aonde 
pretendemos chegar. Para isso, os objetivos devem ser claros, concisos, 
mensuráveis e passíveis de execução. 
 Quando escrevemos os objetivos, precisamos nos ater aos verbos que 
serão utilizados no início de cada item, pois ele indicará a ação que será 
realizada. O verbo escolhido deverá sempre ser escrito no infinitivo. Abaixo 
seguem alguns exemplos (Tab.1) a serem utilizados de acordo com a 
especificidade de cada objetivo. 
 Vale lembrar que nem toda investigação requer a formulação de uma 
hipótese para a verificação posterior. No entanto, todas as pesquisas devem 
apresentar os seus objetivos gerais e, se pertinente, os específicos7. 
 
 Vamos ver alguns exemplos de objetivos: 
 
 
1) O presente trabalho teve como objetivo 
geral avaliar a eficiência técnica e 
econômica da semeadura direta de 
espécies arbóreas nativas para a 
 
7http://web4.mty.itesm.mx/temporal/clinicalresearch/wp-content/uploads/2011/07/GUIDE-FOR-
WRITING-A-RESEARCH.pdf (acessado em 10 set. 2014) 
colonização inicial de áreas agrícolas 
abandonadas com baixa resiliência e 
para o enriquecimento de áreas 
florestais restauradas com baixa riqueza 
de espécies (ISERNHAGEN, 2010). 
 
 
2) Os objetivos deste estudo são: 1) 
desenvolver metodologia de 
classificação de imagens de alta 
resolução espacial utilizando o método 
de segmentação e classificação 
orientada a objeto; 2) analisar o 
potencial de imagens de alta resolução 
espacial na identificação de espécies 
florestais (SOUSA et al., 2010). 
 
 
 
3) “O objetivo deste artigo é revisar o progresso feito na 
evolução da toxicologia para a ecotoxicologia com foco 
em questões-chave” (CHAPMAN, 1995). 
 
 
 
TABELA 1: exemplos de verbos para o(s) objetivo(s): 
NÍVEL VERBOS 
Conhecimento Apontar, definir, relatar, descrever, identificar. 
Compreensão Descrever, esclarecer, explicar. 
Aplicação Aplicar, propor, demonstrar, empregar, ilustrar. 
Análise 
 Analisar, classificar, comparar, diferenciar, provar, 
investigar, experimentar. 
Síntese Reunir, organizar, esquematizar, sintetizar. 
Avaliação Apreciar, avaliar, escolher, selecionar, validar. 
Fonte: MIGUEL, 2014 
 
 
 
 
 
3. Materiais e Métodos 
 
 Neste item são apresentados e detalhados os procedimentos e as 
técnicas que serão usados para alcançar os objetivos do projeto8. 
 Se fôssemos transcrever o item em uma pergunta, ela seria: “Como vou 
realizar o estudo?” E, para facilitar o caminho para respondê-la, podemos 
seguir pelas demais perguntas: “Qual?” “Quando?” “Onde?” “Quem?” “Por 
quê?” (ANNESLEY, 2010). Por exemplo, quais as variáveis que serão medidas, 
como e onde elas serão coletadas e medidas, qual a localização geográfica do 
estudo e as suas características (clima, economia, população, relevo, 
vegetação, educação, saúde), ou seja, todas as características pertinentes e 
relevantes ao projeto. 
 Os pesquisadores gostam de dizer que esse item é como uma receita, 
que dever ser detalhada a ponto de poder ser repetida para o alcance dos 
mesmos resultados. Foote (2008) faz até um comparativo com diferentes 
receitas, como de um picadinho que não é tão complexo e de um suflê, que 
demanda mais cuidado nas medidas e execução. Portanto, o estudo que será 
desenvolvido deverá ser passível de repetição, sendo essa uma das premissas 
de um trabalho científico. 
 Podemos resumir os objetivos da seção Materiais e Métodos em quatro 
itens (ANNESLEY, 2010): 
 
 1- Permitir o entendimento de como e por que os experimentos serão 
desenvolvidos; 
 2- Facilitar a compreensão dos resultados esperados; 
 3- Capacitar a reprodução; 
 4- Reconhecer que os resultados a serem alcançados serão moldados a 
partir dos métodos escolhidos para o desenvolvimento do projeto. 
 
 É interessante dividir a seção de Materiais e Métodos usando subtítulos. 
Isso auxilia na organização do material utilizado e também facilita a leitura. A 
 
8http://web4.mty.itesm.mx/temporal/clinicalresearch/wp-content/uploads/2011/07/GUIDE-FOR-
WRITING-A-RESEARCH.pdf (acessado em 10 set. 2014). 
 
descrição de métodos e técnicas deve ser feita em ordem cronológica, mas, 
caso eles sejam independentes, pode ser feita por ordem de importância. 
Lembre-se sempre que o tempo verbal a ser utilizado será o futuro, uma vez 
que as atividades ainda serão desenvolvidas. Na confecção do relatório ou 
artigo, após o desenvolvimento do projeto, esse item deve ser escrito no 
passado, atentando para a alternância entre a voz passiva e ativa para não 
deixar o texto muito cansativo (ANNESLEY, 2010). 
 Ao utilizar um método bem conhecido do meio científico/industrial, você 
pode apenas citá-lo, juntamente com a referência, sem a necessidade de 
descrevê-lo em detalhes. Porém, se você for fazer qualquer alteração, é 
imprescindível relatar a mudança no texto (FOOTE, 2008). 
 Além de descrever como você irá obter os dados e quais as técnicas que 
utilizará para processá-los, você deverá relatar quais análises serão feitas com 
esses dados, ou seja, quais análises estatísticas serão aplicadas para 
interpretá-los. A análise estatística é primordial no desenvolvimento do 
trabalho, pois dará maior confiabilidade para a interpretação e a redação dos 
resultados. Portanto, o propósito de analisar os dados é obterinformação útil e 
aplicável e, por meio da análise estatística, pode-se9: 
 
 descrever e resumir os dados; 
 identificar as relações entre as variáveis; 
 comparar as variáveis; 
 identificar as diferenças entre as variáveis; 
 prever resultados. 
 
 
4. Síntese 
 
 Um projeto é escrito a partir de itens por vezes obrigatórios, por vezes 
opcionais. Neste capítulo aprendemos um pouco mais sobre alguns dos itens 
obrigatórios em um projeto: a Justificativa, os Objetivos e os Materiais e 
Métodos. Cada um desses itens possui características próprias, que desenham 
 
9http://www.bcps.org/offices/lis/researchcourse/develop_writing_data_analysis.html. Acessado em 10 
set. 2014. 
a estrutura do projeto, fornecendo informações específicas. A Justificativa está 
relacionada principalmente com a relevância do trabalho e com o 
convencimento do avaliador de que aquele estudo deve ser realizado. Já os 
Objetivos indicam os caminhos que serão percorridos para atingir os 
resultados, ou seja, os objetivos descrevem o que se pretende investigar com o 
projeto. Os Materiais e Métodos descrevem as técnicas e os métodos que 
serão aplicados para coletar os dados e analisá-los e, com isso, gerar os 
resultados do estudo. 
 A obrigatoriedade dos itens é importante, pois padroniza a 
apresentação, isso facilita a leitura e a comparação, no caso, por exemplo, de 
projetos que competem por financiamento. Antes de escrever um projeto, é 
primordial que você conheça e entenda o que é necessário em cada um 
desses itens. Com isso o seu texto será mais claro e o sucesso do projeto ser 
aceito e desenvolvido será bem maior. 
 
 
 
Saiba mais: 
 
 Os organismos vivos são agrupados em populações, porém, quando 
desenvolvemos um trabalho científico, ambiental ou social, é praticamente 
impossível trabalhar com todos os indivíduos de uma população. Para facilitar, 
trabalhamos com uma amostra, que é um número x de indivíduos 
representativos daquela população. A estatística nos auxilia a encontrar o 
número adequado de indivíduos para formar uma amostra representativa e 
passível de análise. 
 Os dados podem ser do tipo qualitativo (nominal ou ordinal) ou 
quantitativo (discretos ou contínuos). Os dados qualitativos nominais são 
aqueles que não apresentam ordem em seus resultados (ex. diferentes defeitos 
em uma calculadora - defeito no teclado, defeito na fonte de energia e soldas 
soltas ─ pois todos podem ter a mesma severidade). Os dados qualitativos 
ordinais, como o próprio nome diz, são aqueles que apresentam uma 
ordenação em seus resultados (ex. níveis de escolaridade ─ de um nível mais 
básico para um mais complexo, do fundamental ao universitário)10. Os dados 
quantitativos discretos são aqueles que podem ser contados (ex. número de 
peças de roupas), enquanto que os dados quantitativos contínuos são os que 
podem ser medidos (ex. altura ou peso de um indivíduo) (CAVANHA, 2013). 
Saber qual o tipo de dado você irá coletar é muito importante para a pesquisa. 
Isso facilita a tabulação dos dados, ou seja, a organização dos dados coletados 
em uma tabela, que será utilizada como base para a análise estatística. 
 
 
 
10http://www.portalaction.com.br/content/13-exposi%C3%A7%C3%A3o-dos-dados. (Acessado 
em 16 set. 2014) 
5. Referências 
 
ANNESLEY, T.M. Who, What, When, Where, How, and Why: The Ingredients in 
the Recipe for a Successful Methods Section. Clinical Chemistry, v. 56, n. 6, 
p. 897-90, 2010. 
 
CAVANHA FILHO, A.O. Estatística Básica. Disponível em: 
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/estbasica.pdf. Acesso em 16 de 
setembro de 2014. 
 
CELLINI JR., E; MATOS, M.M. Lixo e Cidadania: A Reciclagem Como Fator 
de Preservação Ambiental e Qualidade de Vida. Disponível em: 
http://legacy.unifacef.com.br/novo/publicacoes/IIforum/Textos%20IC/Elisier%20
e%20Mayara.pdf. Acesso em 17 de setembro de 2014. 
 
CHAPMAN, P.M. Ecotoxicology and Pollution-Key Issues. Marine Pollution 
Bulletin, v. 31, n. 4-12, p.167-177, 1995. 
 
EISENHAGEN, I. Uso de semeadura direta de espécies arbóreas nativas 
para restauração florestal de áreas agrícolas, sudoeste do Brasil. 2010. 
105p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 
Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2010. 
 
FOOTE, M. Materials and Methods - A Recipe for Success. CHEST, v.133, n. 1, 
p. 291–293, 2008. 
 
MIGUEL, P.A.C. Metodologia Científica. Disponível em: 
http://cdn.veduca.com.br/uploads/lecture/material/319%20-
%20MBA%20EI%20D8%20A2%20Slides.pdf. Acesso em 18 de setembro de 
2014. 
 
SILVA, C.M.C.; PEIXOTO, R.R.; BATISTA, J.M.R. A Influência da Liderança na 
Motivação da Equipe. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v.13, n.13, p.195 – 
206, 2011. 
 
SOUSA, A.M.O.; MESQUITA, P.; GONÇALVES, A.C.; SILVA, J.R.M. 
Segmentação e classificação de tipologias florestais a partir de imagens 
QUICKBIRD. Ambiência, Guarapuava, v.6, p.57-66, 2010. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 
 
1. A escrita do projeto 
 
 Quando vamos escrever um projeto, usamos o que já é conhecido sobre 
o assunto, ou seja, nos baseamos em estudos que foram desenvolvidos 
anteriormente e também em nossas experiências e conhecimentos adquiridos. 
Os motivos para escrever um projeto podem ser vários: obter um título 
acadêmico, desenvolver um produto ou serviço em uma empresa ou avaliar o 
impacto de um novo empreendimento. Em qualquer um desses exemplos 
temos que nos ater à qualidade da escrita. O projeto deve ser claro e objetivo, 
e a escrita é a forma de se obter essas qualidades. 
 Segundo Katz (2009), durante todo o processo de escrita de um projeto, 
devemos utilizar os mesmos instrumentos e técnicas para garantir a qualidade, 
vamos vê-los. 
 
 1- Estrutura pré-definida do projeto – seguir um roteiro pré-definido, 
ou seja, utilizar os itens obrigatórios de um projeto. Eles organizam a ideia do 
estudo e indicam o caminho para seu desenvolvimento, além de facilitar a 
leitura. O leitor ou avaliador do projeto já saberá o que virá na sequência, pois 
já é de conhecimento prévio a estrutura a ser seguida11. 
 
 2- Linguagem precisa – em um estudo científico a linguagem deverá 
ser limpa, clara e desprovida de emoções. No nosso dia- a- dia utilizamos 
várias palavras que são recheadas de emoções e permitem diferentes 
interpretações, como, por exemplo, a palavra apaixonante. A questão de ser 
apaixonante pode ser por uma vivência agradável que você teve, por você 
achar aquilo bonito, interessante, portanto é algo muito particular, vinculado à 
sua opinião. Isso deve ser evitado em um trabalho científico. 
 A característica principal da redação científica é a clareza. Palavras que 
não são objetivas e frases vagas confundem o leitor e não deve haver lugar 
para ambiguidade no texto de um projeto. Assim, as descrições devem ser 
precisas, as “receitas” devem ser completas, os dados devem ser exatos, a 
lógica deve ser transparente e as conclusões devem ser cuidadosas. 
 
11 No próximo capítulo veremos em detalhe os demais itens obrigatórios de um projeto. 
 
 
3- Uma única e clara direção – junto ao roteiro pré-definido e ao texto 
transparente, o projeto precisa ser claro na direção a ser seguida. Todo o seu 
projeto deve apontar para o objetivo principal e como será possível alcançá-lo. 
Mantenha um único tema na linha de frente, sempre apontando o caminho para 
o seu leitor. Por exemplo, se o seu tema escolhido for a temperatura, você 
deverá apresenta-lano título. Na introdução você deverá dizer o que já foi 
escrito sobre a temperatura. Na seção de Materiais e Métodos você deverá 
detalhar os instrumentos que serão utilizados e as técnicas a serem 
executadas envolvendo a temperatura, e assim por diante. 
 
4- Use números – Os números são precisos, objetivos, sem ambiguidade e 
sem conotação emocional. Os números podem ser usados para descrever 
muitas coisas. As características quantificáveis são ideais nas descrições 
científicas. Por exemplo, em vez apenas dizer alto é melhor usar uma definição 
numérica, como maior do que 2 m (dois metros) ou superior a 7 km (sete 
quilômetros). No lugar de pesado, use mais do que 10 kg (dez quilos) e, ao 
dizer breve, especifique se é menos do que 1 min (um minuto) ou menos do 
que 1s (um segundo). Até mesmo adjetivos totalmente subjetivos, como 
doloroso, podem ser mais objetivos quando representados por uma escala 
numérica (Fig. 2). 
 
 
FIGURA 2 – Escala de dor. 
 
 
 
 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 
 
0: sem dor 
1-3: dor leve 
3-5: dor moderada 
5-7: dor forte 
7-10: dor muito forte 
(Modificado de KATZ, 2009) 
 
5- Explique as situações – nem tudo pode ser explicado por números. 
Quando as palavras quantificáveis não estiverem disponíveis, o vocabulário a 
ser utilizado deverá ser o mais preciso e objetivo possível. Por exemplo, você 
só deverá escrever “a agulha vibra continuamente” após explicar ao leitor o tipo 
da agulha e da vibração e em qual período de tempo ela vibrava 
continuamente. Ou seja, na linguagem científica, a regra é definir todas as 
situações. 
 Evitar alguns hábitos, como o de utilizar termos vagos ou o de não 
explicar a situação, garantem um texto melhor. Veja alguns exemplos. 
 
 Expressões sem limites claros: muito, bastante, em longo ou em 
curto prazo, muito, um pouco, um pouco mais, mais ou menos; 
 
 Palavras com interpretações pessoais: seguramente, 
decepcionante, dúvida, perturbador, requintado, inconveniente, 
felizmente, milagrosamente, agradável, óbvio, lamentável, 
notável; 
 
 Palavras que apenas fazem volume: bem, basicamente, em um 
sentido, de fato, com efeito, no que diz respeito, uma das coisas 
que. 
 
 Claro que a forma de escrever é muito particular de cada pessoa. Os 
termos vagos muitas vezes podem ser utilizados, mas não em um texto 
científico. Eles possuem locais e momentos mais adequados para serem 
aplicados. No caso de um projeto, a objetividade deve imperar, estaremos 
iniciando um estudo que deverá apresentar relevância e poderá ser útil para o 
desenvolvimento de uma localidade ou de um produto, portanto, nessa 
situação, o uso de metáforas não pode ocorrer, tudo tem que ser 
extremamente claro, objetivo e preciso. 
 
2. Organização para a composição do texto 
 
 Saianani (2012) sugere que a confecção do texto seja feita em três 
etapas ou fases: 
 
 1- Pré-escrita 
 
 Não tente iniciar o seu texto sem uma prévia organização do material 
necessário, gaste mais tempo organizando e menos tempo escrevendo. Reúna 
todos os livros, artigos e anotações que você pretende usar e faça um roteiro 
sobre o que será abordado em cada item ou capítulo do estudo. Isso é mais 
eficiente, pois no momento em que você decidir sentar para escrever você terá 
tudo ao seu alcance e não precisará ficar interrompendo a linha de raciocínio 
para procurar por uma determinada informação. Portanto, não tente escrever e 
obter informação ao mesmo tempo. 
 Essa é a etapa em que você deverá gastar mais tempo, por volta de 
70% de toda a escrita. Isso porque é mais eficiente organizar todas as 
informações e tê-las ao alcance e também porque você evita possíveis 
distrações. Escrever demanda concentração e, caso você precise procurar 
alguma bibliografia ou informação na internet, você correrá o risco de olhar o 
seu e-mail ou a página de uma rede social e gastar muito mais tempo do que 
se você tivesse o material ao seu lado. 
 Uma forma citada por Saianani (2012) para organizar todo o material é 
criar um arquivo em um programa de texto, como o Word. Colar ou escrever lá 
todas as informações que você achar pertinentes e que gostaria de usar na 
confecção do seu projeto ou na escrita de qualquer outro material científico. 
Podem ser valores de uma análise específica, gráficos, tabelas, figuras, ou 
qualquer outra forma de informação. 
 Caso você tenha o seu sistema de organização, pense se ele é mesmo 
eficiente. Caso ainda não tenha, você poderá criar um, isso é algo bastante 
pessoal, portanto você não precisa fazer igual ao de alguém, mas invista tempo 
organizando esse material. 
 
 2- Escrita - primeira versão 
 
 Após coletar, sintetizar e organizar todo o material para o texto é o 
momento para a redação dele. Esse tende a ser o momento mais temido pelas 
pessoas, porém, lembre-se de se tratar de uma primeira versão. Portanto, não 
procure escrever um texto definitivo já na primeira tentativa, redija as ideias 
principais, compile os dados necessários, mas deixe para “arredondar” o texto 
na revisão. Aproveite para transformar as suas ideias em frases completas e 
em ordem, pois, o objetivo desse item é colocar as informações em uma 
sequência lógica. Ao fazer isso de uma forma organizada, será muito mais fácil 
ajustar os detalhes depois, na revisão, pois você já tem uma ordenação no seu 
texto. Como você terá todo o material reunido com as informações necessárias 
e esta primeira versão será um rascunho, você deverá investir por volta de 10% 
do tempo total da redação nessa fase. 
 Ao escrever de forma rápida e eficiente, você estará minimizando o 
sofrimento, já que se trata de um momento temido por muitos. Isso é possível 
pela organização inicial e por se tratar de um texto que ainda será revisado. 
 
 
 3- Revisão 
 
 É durante a revisão que o texto será refinado e existem algumas formas 
de facilitar isso: 
 
 a)- leia o seu trabalho em voz alta; 
 b)- faça uma revisão organizacional; 
 c)- obtenha uma segunda opinião sobre o seu texto. 
 
 A leitura em voz alta faz com que o seu cérebro processe a informação 
de forma diferente da leitura com os olhos. Permite que você perceba, por 
exemplo, como está a pontuação e a fluidez do tema. Outra dica interessante é 
fazer uma revisão dos verbos utilizados, selecione alguns parágrafos e 
sublinhe o verbo principal de cada frase. Caso você tenha muitos verbos “ser” 
(é, são, foi, foram, tem sido) é possível que você tenha muita voz passiva, 
revise e substitua por verbos fortes, deixando o seu texto mais fácil de ler e 
animado. 
 A organização das ideias também deve ser verificada. Uma dica é 
escrever ao lado de cada parágrafo qual é o tema central. Caso você tenha 
vários parágrafos falando da mesma coisa em lugares distantes de um mesmo 
item, você deverá reuni-los. As ideias devem ser agrupadas, mas caso não 
seja possível, elas deverão ao menos ficar próximas. 
 Sempre fique atento à repetição, tanto em palavras quanto em frases. 
Evite gírias, jargões e siglas desnecessárias. Prefira usar apenas as siglas já 
estabelecidas, pois é muito cansativo ter que ficar retornando ao início do 
trabalho para saber o significado de cada uma novamente. Não se esqueça, 
mesmo sendo uma sigla bem conhecida, ela deverá ser escrita por completo 
na primeira vez que for citada. 
 Revisar o próprio texto não é uma tarefa fácil. Como já sabemos o que 
está escrito, muitas vezes não percebemos os erros ou a falta de clareza, por 
isso é sempre importanteuma segunda opinião. Não precisa ser sempre 
alguém da área para revisar o seu texto, mas é necessário que essa pessoa 
tenha um conhecimento mínimo da língua e de ciência para opinar. Peça para 
que ela sinalize os parágrafos de difícil entendimento e diga o que pode ser 
concluído do texto. Isso facilita bastante o encontro de lacunas. 
 Após finalizar a revisão, antes de enviar o trabalho, procure rever alguns 
pontos específicos: verifique a consistência das afirmações, ou seja, garanta 
que não ocorram contradições no seu manuscrito; verifique a consistência dos 
números, confira se o mesmo dado não diverge em pontos específicos, como 
tabela e texto; verifique as referências, é muito comum o esquecimento de citar 
uma referência, reveja sempre; confira citações de informações que não foram 
obtidas no trabalho original, pode ocorrer dela ter sido mal interpretada ou 
superestimada, portanto, o ideal é sempre rever a fonte original. 
 
 
3. Plágio 
 Plagiar é o ato de utilizar um conhecimento que não é seu. Quando 
lemos um artigo ou trecho de um livro e decidimos citá-lo em nosso trabalho, 
mesmo mudando algumas palavras ou apenas utilizando a ideia central, 
precisamos citar o autor, pois aquela informação não foi gerada por nós. Isso 
também é verdadeiro para tabelas e figuras. A partir do momento que não foi 
você quem gerou aqueles dados ou imagem, você precisa dizer quem foi. 
Quando você se basear em uma tabela ou figura, mas decidir fazer algumas 
modificações, isso também deverá ser dito no texto. Você pode fazer da 
seguinte forma: “modificado de AUTOR, ano”, ou “adaptado de AUTOR, ano”. 
 Se você consulta uma página na internet com um autor especificado ou 
uma que não apresenta um autor de forma clara, você também precisa dizer 
quem escreveu aquilo. Isso é possível ao citar a página que foi consultada 
mediante o endereço, precedido de “Disponível em: endereço da página” e a 
data em que aquele material foi consultado “Acesso em: data. Caso você 
precise citar um trecho de outro trabalho, mas você quer transcrevê-lo 
exatamente como está no original, você deverá citá-lo entre aspas, se o trecho 
tiver até três linhas. Se ele tiver mais de três linhas, você deverá fazer um 
recuo nas margens, direita e esquerda, de quatro centímetros e o tamanho da 
fonte deverá ser menor. Esse tipo de citação é denominado citação direta. Para 
ficar mais fácil veja alguns exemplos abaixo: 
 
 a) Informação disponível em uma imagem que foi modificada: 
 
 Modificado de KATZ, 2009 – citado logo após a imagem. 
 Adaptado de KATZ, 2009 – citado logo após a imagem. 
 
 KATZ, M.J. From research to manuscript. New York: Springer; 
2009. – Citado no item referências bibliográficas. 
 
 
 b) Informação disponível em uma página da internet: 
 
 CELLINI et al, 2014 – citado no texto 
 
 CELLINI JR., E; MATOS, M.M. Lixo e Cidadania: A Reciclagem Como Fator 
de Preservação Ambiental e Qualidade de Vida. Disponível em: 
http://legacy.unifacef.com.br/novo/publicacoes/IIforum/Textos%20IC/Elisier%20
e%20Mayara.pdf. Acesso em 17 de setembro de 2014. – Citado no item 
referências bibliográficas. 
 
 
 c) Citação de um trecho com até três linhas: 
 
 “O objetivo deste artigo é revisar o progresso feito na evolução da 
toxicologia para a ecotoxicologia com foco em questões-chave” (CHAPMAN, 
1995). – Citado no texto. 
 
 CHAPMAN, P.M. Ecotoxicology and Pollution-Key Issues. Marine 
Pollution Bulletin, v. 31, n. 4-12, p.167-177, 1995. – Citado no item 
referências bibliográficas. 
 
 
 d) Citação de um trecho com mais de três linhas: 
 
 Em tempos de mudança, é 
evidente que o capital humano é um 
fator decisivo para que as organizações 
se destaquem e concorram com 
competência e competitividade. Assim, 
este estudo justifica-se no momento em 
que busca analisar competências e 
habilidades do líder em motivar seus 
colaboradores (SILVA et al, 2011). – 
Citado no texto. 
 
 
 
 SILVA, C.M.C.; PEIXOTO, R.R.; BATISTA, J.M.R. A Influência da 
Liderança na Motivação da Equipe. Revista Eletrônica Novo Enfoque, v.13, 
n.13, p.195 – 206, 2011. – Citado no item referências bibliográficas. 
 
 Lembre-se de que plagiar é crime, pois é se apossar de algo que não 
pertence a você, além de ser antiético. Ao fazer anotações para o seu texto, 
sempre registre a autoria do trecho. Muitas vezes nos atemos apenas à 
informação que nos interessa e nos esquecemos da autoria. Posteriormente 
pode ser difícil encontrar de onde anotou, impossibilitando-o de usar uma 
informação que seria muito útil no seu trabalho. 
 Para se informar mais sobre as citações, você poderá consultar as 
publicações da ABNT, que é a Associação Brasileira de Normas Técnicas. 
Duas normas se referem diretamente às citações e às referências: 
 
 ABNT NBR 6023/2002: referências 
 ABNT NBR 10520/2002: citações em documentos. 
 
 
4. Síntese 
 
 A escrita é uma ferramenta poderosa; por meio dela podemos obter e 
fornecer infinitas informações. Viajamos quando lemos um artigo que descreve 
um lugar paradisíaco e nos emocionamos quando lemos algo sensível. Cada 
um desses textos possui uma particularidade para passar a informação. As 
metáforas, por exemplo, são muito utilizadas em textos não científicos, elas 
criam expectativas e livres interpretações. Porém, quando falamos da 
linguagem científica, nada disso tem lugar, a objetividade e a clareza são as 
metas que devem ser sempre seguidas. Nada de excessos e subjetividades, a 
concisão deve estar sempre presente. 
 Para escrever um projeto, seguimos um roteiro pré-definido, que facilita 
a leitura e a comparação. Além disso, a construção textual deve seguir em uma 
única direção, mostrando ao leitor onde o projeto pretende chegar. Para facilitar 
o entendimento e não gerar dúvida, podemos usar os números. Eles são 
sempre pontuais e objetivos. Em outros casos podemos adaptar uma escala 
para dar mais limite a dados subjetivos. Dividir a redação do texto em etapas é 
uma forma de simplificar o trabalho e deixá-lo menos penoso. Nesse processo, 
a pré-escrita é fundamental, pois é nela que organizamos todas as informações 
pertinentes para a construção do texto, permitindo que elas fiquem ao alcance 
quando necessárias. Essa fase é a que deve demandar mais tempo, por volta 
de 70% do total A etapa da escrita deve ser feita para organizar as ideias em 
uma ordem lógica, sem se preocupar muito com o refinamento do texto, que 
será realizado durante a terceira etapa, a da revisão. A fase da escrita deverá 
levar em torno de 10% do tempo total, e o da revisão 20%. Esses valores são 
apenas indicativos, mas servem para evidenciar em qual momento você deve 
dispender mais atenção. 
 
 
5. Referências 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: 
informação e documentação: citações em documentos: apresentação. Rio 
de Janeiro, 2002a. 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: 
informação e documentação: referências – elaboração e apresentação. 
Rio de Janeiro, 2002b. 
 
KATZ, M.J. From research to manuscript. New York: Springer, 2009. 205p. 
 
SAINANI, K. Writing in the Sciences. Stanford School of Medicine. Disponível 
em: https://class.coursera.org/sciwrite-2012-001/lecture. Acesso em: 21 de 
julho de 2014. 
 
Capítulo 4 
 
1. Elementos textuais 
 
 Para organizar e facilitar a pesquisa, projetos e demais trabalhos 
científicos possuem uma estrutura pré-definida. Essa estrutura, ou roteiro, é 
composta por elementos, divididos em pré-textuais, textuais e pós-textuais. 
 Os elementos pré-textuais são aqueles que precedem o texto 
propriamente dito. Eles apresentam o trabalhopara o leitor e indicam a 
organização geral. 
 Capa; 
 Folha de Rosto; 
 Sumário; 
 Resumo 
 Abstract; 
 Listas. 
 
 Os elementos textuais são o corpo do trabalho, compostos por itens 
que fornecerão as informações de como, quem, onde e por que o trabalho será 
desenvolvido:. 
 Introdução; 
 Revisão de Literatura; 
 Materiais e Métodos; 
 Resultados Esperados; 
 Considerações Finais ou Conclusão. 
 
 Já os elementos pós-textuais são aqueles que complementam as 
informações fornecidas no corpo do texto. 
 Referências; 
 Cronograma; 
 Glossário; 
 Apêndices; 
 Anexos. 
 Neste capítulo, vamos nos ater aos elementos textuais, veremos como 
compor cada um deles, o que deverá ser abordado e em qual profundidade, 
tanto no projeto quanto no relatório final. 
2. A introdução 
 
 A introdução, como o próprio nome sugere, introduz o assunto ao leitor. 
Ela irá trabalhar o contexto do estudo, preparando o leitor para o que virá em 
sequência. A introdução deverá seguir um padrão de escrita, que será do 
grande para o pequeno, do largo para o estreito. Alguns autores visualizam a 
introdução como um funil, ou uma pirâmide invertida (ANNESLEY, 2010). Ela 
deve ser focada em uma questão bastante específica, um ponto de apoio, que 
é baseado no tema escolhido para o trabalho, ou seja, você escreverá a 
introdução a partir do seu problema, hipótese ou objetivo, mas tudo de uma 
forma bastante direcionada (SAINANI, 2012). 
 A introdução deverá iniciar com uma parte completa do quebra-cabeça 
científico, uma região já bem conhecida e de contornos bem definidos. 
Posteriormente, ela levará o leitor para um espaço do quebra-cabeça que 
precisa ser montado, que ainda se encontra vazio. É nesse espaço que deverá 
se encaixar os seus estudos, dando gancho para introduzir o objetivo do 
trabalho e a importância de fechar essa lacuna ainda aberta (KATZ, 2009). 
 Annesley (2010) sugere os seguintes passos para compor a introdução: 
a) inicie pela base teórica, sobre o que já se conhece e é estabelecido do tema 
que você irá abordar; b) Após apresentar a base, você deverá focar na 
importância da pesquisa, qual a lacuna existente, qual o problema que ainda 
não foi solucionado, quais as limitações que não foram superadas; c) O funil 
poderá se estreitar um pouco mais, com o foco no objetivo do trabalho que 
deverá ser aprofundado, deixando claro o motivo da pesquisa. 
 A introdução não precisa ser um item longo, o mais comum é por volta 
de três parágrafos, sem ultrapassar cinco. Não há necessidade de esgotar todo 
o assunto em um único item (SAINANI, 2012). Tente selecionar o que 
realmente fornece uma base para localizar o leitor sobre o tema principal, o 
problema e o objetivo a ser alcançado. 
 Na introdução de um projeto você poderá colocar a justificativa da 
pesquisa, o problema, a hipótese e os objetivos. Lembre-se de que o problema, 
que pode ser em forma de pergunta, não é obrigatório, bem como a hipótese. 
Caso o edital não especifique quais os itens que deverão ser abordados, será o 
autor quem definirá o que será escrito. No caso da justificativa, ela não 
precisará ser definida como um item, mas deverá compor o desenvolvimento 
da introdução. Outra questão é que a justificativa é importante no 
convencimento do leitor/avaliador sobre a necessidade de se desenvolver o 
trabalho, por isso deve ser bem elaborada. Já o objetivo deverá estar sempre 
presente, mas como no caso da justificativa, ele poderá compor o texto da 
introdução, sem estar em um item à parte. 
 
 
2. Revisão da literatura 
 
 Esse item nem sempre é exigido em um projeto, dependerá do edital a 
ser seguido, mas é de suma importância para a pesquisa. Ele se configura por 
agrupar a literatura que você utilizou para dar embasamento para o seu 
trabalho. São todos os estudos anteriores sobre o mesmo tema, que foram 
publicados e que você consultou para se informar. Também chamada de 
fundamentação teórica, a revisão da literatura é de extrema importância, pois 
apenas por meio dela você poderá saber o quanto já é conhecido sobre o tema 
que pretende estudar e quais as lacunas ainda existentes. 
 O texto a ser composto na revisão da literatura deverá ser também 
estruturado com começo, meio e fim, ou introdução, desenvolvimento e 
conclusão. A forma de abordar o assunto a ser desenvolvido vai depender do 
autor. Uma maneira bastante utilizada é a cronológica, ou seja, o assunto será 
apresentado a partir dos primeiros trabalhos feitos até a atualidade, mostrando 
ao leitor como o assunto se desenvolveu. Outra forma é iniciar pelo todo e 
dirigir-se para as partes, ou seja, do global para o específico. Por exemplo, 
você poderá começar a falar do assunto em termos mundiais, passar para um 
continente, país, e terminar em uma região ou cidade. 
 Uma revisão não fornece dados novos. Seu propósito é avaliar e trazer à 
tona o que já é conhecido. O tema a ser abordado e o propósito da resenha 
devem estar claros desde o início da redação. É interessante elaborar um 
roteiro ou plano, reunindo as bibliografias com dados próximos. Leia, avalie e 
resuma os dados. Escreva de forma crítica e não apenas cite passagens dos 
trabalhos pesquisados (DERISH; ANNESLEY, 2011). 
 
3. Materiais e Métodos 
 
 O item Materiais e Métodos deve traduzir o problema da pesquisa em 
uma receita detalhada das operações que serão seguidas para atingir o 
objetivo final. Nesse item serão relatados os métodos, aparatos e 
procedimentos em detalhamento suficiente para serem repetidos (KATZ, 2009). 
 Para os materiais: especifique os aparatos, as substâncias químicas e 
as doses, descreva as características de todos os experimentos; 
 Para os métodos: explique o desenho do seu programa de pesquisa, 
descreva todas as operações e procedimentos, cite as referências dos métodos 
já documentados e dos métodos estatísticos, forneça a receita completa para 
qualquer nova técnica ou para as que forem modificadas (KATZ, 2009). 
 
 
4. Resultados Esperados 
. 
 Neste item devemos escrever o que obteremos com o desenvolvimento 
do projeto. Os Resultados Esperados estão diretamente relacionados aos 
objetivos do trabalho, bem como aos Materiais e Métodos, pois a partir do 
desenho escolhido para a pesquisa poderemos alcançar diferentes resultados. 
 
Vamos ver alguns exemplos: 
 
 Resultados Esperados de um projeto de recuperação ambiental de uma 
lagoa12: 
 melhoria da qualidade da água da lagoa; 
 aumento da diversidade de peixes e redução dos riscos de mortandade; 
 recuperação de espaços aquáticos da lagoa”. 
 
 
 Resultados Esperados de um projeto de capacitação de catadores de 
resíduos sólidos urbanos13: 
 
12 http://www.lagoalimpa.com.br/projeto_objetivos.aspx. Acesso em 11/09/2014 
 
 melhoria na qualidade dos serviços prestados de forma sustentável; 
 avanço nas condições de segurança e qualidade do trabalho; 
 aumento da produção, geração de emprego e renda; 
 otimização das atividades de produção; 
 produção de vídeo etnográfico; 
 produção e publicação dos resultados na forma de artigo científico”. 
 
 Após a implantação e o desenvolvimento do projeto será possível 
confrontar os resultados obtidos com os esperados inicialmente. Uma forma 
interessante de apresentar os dados, em relatórios e monografias, por 
exemplo, é a partir de gráficos e figuras. Eles são mais interativos e podem 
resumir uma série de números em uma imagem bastante representativa. 
 Nos Resultados você deverá apresentar os dados obtidos com 
organização, mas sem interpretá-los. A exceção ocorreráem itens que unem 
os resultados à discussão, mesmo assim, apresente o resultado e em seguida 
discuta-o. 
 Muito cuidado com a repetição. Ao apresentar os dados em gráficos e 
tabelas, preste atenção ao seu texto, não existe razão para apenas repetir o 
que a imagem já mostra. 
 A ordem para relatar os seus resultados poderá ser de várias maneiras e 
dependerá do tipo de estudo que você desenvolveu. Annesley (2010) sugere 
algumas sequências que podem ser utilizadas: 
 
 1. ordem cronológica; 
 2. agrupar por tópico ou experimento; 
 3. do geral para o específico; 
 4. do mais importante para o menos importante. 
 
 
 Outra questão é não confundir dados com resultados. Os dados são 
números que podem ser brutos ou resumidos, apresentados em tabelas e 
 
13http://www.uneb.br/prograd/files/2013/03/Folder-do-projeto-das-ruas-a-copa_atualizado-
24_01_2013.pdf. Acesso em 11/09/2014 
 
figuras. Os dados brutos são os obtidos diretamente da análise, sem qualquer 
interpretação. Os dados resumidos são médias, medianas, percentuais, ou 
intervalos. Os resultados explicam ou resumem o que os dados mostram, são 
as declarações no texto (ANNESLEY, 2010b; FOOTE, 2009). 
 Resultados negativos também são resultados e não devem ser omitidos. 
Os autores tendem a não apresentar os resultados negativos, porém eles 
também são uma informação. O uso dos termos “significativo”, “significância” e 
“significativamente”, são termos que só podem ser aplicados quando houver 
uma análise estatística que comprove a significância, caso contrário outros 
termos deverão ser utilizados. (ANNESLEY, 2010b). 
 
 
5. Considerações finais ou Conclusão 
 
 Aqui serão apresentados os principais pontos do projeto e o que 
queremos atingir com a implantação do mesmo. Quais seriam os benefícios 
para o ambiente e/ou para a população. É na Conclusão que os aspectos mais 
relevantes do trabalho são sintetizados (SILVA; REBOLHO, 2013). 
 Este item é mais utilizado quando os resultados já foram obtidos, ou 
seja, após o desenvolvimento das atividades. As ideias principais do estudo 
deverão ser sintetizadas em um ou dois parágrafos, diretos e concisos, 
evidenciando o que foi alcançado com o projeto. 
 
 
6. Síntese 
 
 Um projeto apresenta um esqueleto, um roteiro pré-definido com itens e 
suas características próprias. Isso facilita para o autor e também para o leitor, 
uma vez que já se sabe o que deverá ser abordado em cada item. 
 Vimos nesse capítulo os componentes de um projeto, que são divididos 
em pré-textuais (Capa; Folha de Rosto; Sumário; Resumo; Abstract; Listas), 
textuais (Introdução; Revisão de literatura; Materiais e Métodos; Resultados 
Esperados; Considerações Finais ou Conclusão), e pós-textuais (Referências; 
Cronograma; Glossário; Apêndices; Anexos). Maior ênfase foi dada aos 
elementos textuais, que compõem o corpo do estudo, ou seja, o texto 
propriamente dito que forma o projeto. Alguns itens não são tão desenvolvidos 
em um projeto, como os Materiais e Métodos, Resultados Esperados e 
Conclusão, mas são itens sempre presentes no relatório final de um trabalho 
profissional ou acadêmico, por isso aproveitamos para apresentar como eles 
devem ser redigidos no trabalho final. 
 
 
Saiba mais: 
 
 A Discussão é um item que estará presente na apresentação final dos 
dados. Um relatório técnico pode exigir apenas a apresentação dos resultados, 
no entanto, uma monografia ou um artigo científico sempre serão compostos 
pela Discussão. Ela poderá vir junto ao item dos Resultados ou em um item 
separado, isso dependerá de cada instituição. Vamos ver algumas dicas para 
compor o texto desse componente: 
 Segundo Katz (2009), a Discussão deve ser composta de duas coisas: 
 A primeira é que ela deve apresentar os seus dados de forma 
clara e concisa; 
 A segunda é que ela deverá unir as suas observações e as 
observações de outros pesquisadores: 
 Comparando os seus dados aos dados que já foram 
publicados; 
 Usando os seus dados e os dados relacionados dos 
trabalhos já publicados para gerar uma proposta 
geral, uma teoria ou um modelo. 
 Katz (2009) ainda sugere iniciar este item com um resumo dos seus 
dados-chave, o que seria uma forma de atualizar o leitor sobre eles. 
Posteriormente, você poderá elaborar duas tabelas, uma seria para comparar 
os seus métodos com os métodos de outros trabalhos. A outra seria para 
comparar os seus resultados com os resultados de outros autores. A partir 
dessas duas tabelas você poderá iniciar o texto da Discussão, traçando 
comparativos entre o que você encontrou e o que foi encontrado pelos outros 
autores. Segue um exemplo do resumo inicial dos dados: 
 "Durante três dias consecutivos de coleta no verão de 2006, 
capturamos, medimos e fotografamos 12 tarântulas da espécie Brachypelma 
mythicosum nas selvas da Guatemala. Sete dessas tarântulas eram do sexo 
feminino e cinco do sexo masculino. O comprimento do corpo mediano foi de 
11,5 cm (variação = 5-17 cm). Todas as 12 aranhas tinham listras brancas 
dorsais características. O número médio de listras dorsais foi 8 (intervalo = 6-
9)" (KATZ, 2009). 
 
 
 Referências 
 
ANNESLEY TM. "It was a cold and rainy night." Set the scene with a good 
introduction. Clinical Chemistry. v. 56, p. 708-713, 2010a. 
 
ANNESLEY TM. Show Your Cards: The Results Section and the Poker Game. 
Clinical Chemistry. v. 56, n. 7, p. 1066–1070, 2010b. 
 
DERISH, P.A.; ANNESLEY, T.M. How to Write a Rave Review. Clinical 
Chemistry. v. 57, n. 3, p. 388–391, 2011. 
 
FOOTE, M. The Proof of the Pudding - How to Report Results and Write a 
Good Discussion. CHEST, v.135, p. 866 – 868, 2009. 
 
KATZ, M.J. From research to manuscript. New York: Springer, 2009. 205p. 
 
SAINANI, K. Writing in the Sciences. Stanford School of Medicine. Disponível 
em: https://class.coursera.org/sciwrite-2012-001/lecture. Acesso em: 21 de 
julho de 2014. 
 
SILVA, C.; REBOLHO, B.C.S. Projetos Ambientais. Curitiba: IFPR. 2013. 
184p. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 5 
 
1. Implantação do projeto 
 
 Até o momento vimos como elaborar um projeto, quais os componentes 
que o compõem e as características de cada um deles. Agora vamos ver como 
iniciar o projeto, ou seja, como implantá-lo e desenvolvê-lo para atingirmos os 
objetivos propostos. 
 É bastante útil ter tudo bem organizado, pois você terá que cumprir um 
cronograma e um orçamento definidos. Normalmente, o cronograma 
apresentado no projeto não é suficientemente detalhado, ele é construído com 
as atividades gerais e, dependendo do tempo do projeto, poderá ser detalhado 
de forma mensal, bimestral, trimestral ou semestral. Para iniciar, trace as metas 
principais e veja o que você precisará. Algumas perguntas podem ajudar: 
 
 1- qual o material necessário para cada atividade? 
 2- preciso de apoio ou posso realizar a atividade sozinho? 
 3- quanto tempo será necessário para cada atividade? 
 4- minha atividade depende do clima? Caso chova, posso adiantar outra 
atividade? 
 5- existe algum material que terei que importar? 
 6- preciso de alguma licença ambiental para coletar? 
 
 Caso você possua uma atividade grande, é interessante dividi-la em 
atividades menores, que são mais fáceis de serem visualizadas e gerenciadas. 
Delegar funções, se você estiver trabalhando em equipe, também é bastante 
válido. A equipe deve estar ciente da atividade como um todo, mas cada um 
poderá executar uma parcela. 
 Outraforma de organização é fazer uma tabela, com as atividades 
listadas nas linhas e as informações nas colunas; seguem alguns exemplos de 
informações a serem consideradas (BRAND, 2013): 
 
 1- responsáveis: identificar os responsáveis para cada atividade; 
 2- recursos: determinar os recursos pessoais e materiais para todas as 
atividades – tipo, quantidade, disponibilidade; 
 3- prazos de todas as atividades: determinar as datas iniciais, 
intermediárias e finais; 
 4- prioridade de cada atividade: baixa, média ou alta; 
 3- status da atividade: no papel, em desenvolvimento, finalizada ou 
cancelada; 
 
 Mantenha, desde o início, um arquivo com anotações; nele você deverá 
registrar as atividades diárias e as referências correspondentes. Isso auxiliará 
muito na confecção do trabalho final. Uma forma natural de organizar as 
anotações é por data. Procure encontrar um momento para registrar as suas 
observações e recordar as suas ideias. Você pode, inclusive, usar programas 
específicos para as anotações. Escolha um que seja simples, que organize as 
informações por datas, e que permita que você insira diferentes objetos, como 
textos e fotos. Uma sugestão de programa é o EverNote (Evernote 
Corporation) que você encontra no seguinte endereço (KATZ, 2009): 
 
 https://evernote.com/intl/pt-br/ 
 
 Adquira o hábito de anotar tudo, durante e após uma 
atividade/experimento. Anote todos os problemas, as mudanças e as questões 
e procure quantificar – medidas ou estimativas de tempo, locais, números, 
quantidades e tamanhos (KATZ, 2009). 
 Muitas vezes ocorre a necessidade de se fazer ajustes no projeto. A 
contratação de um especialista para auxiliar em alguma análise específica, 
uma peça de um equipamento que precise ser trocada, um material de campo 
que pode ser roubado e terá que ser substituído, ou mesmo um método ou 
uma técnica que não gera os resultados esperados e uma nova análise ter que 
ser efetuada. Por isso, é importante ter uma reserva no cronograma e também 
no orçamento. Um pesquisador precisa saber gerenciar pessoas e situações. 
Adiantar-se às eventualidades facilita muito o gerenciamento do projeto e a 
possibilidade de ser bem-sucedido. Ao traçar as metas, pense no que poderia 
dar de errado e procure agir de forma assertiva, evitar uma má surpresa ainda 
é a melhor opção. 
 
2. Gerenciar conflitos 
 
 Na implantação e desenvolvimento de projetos ambientais e sociais, 
acontece de encontrarmos alguns obstáculos que podem ser contornados ou 
superados, se estudados previamente. 
 Entre esses obstáculos temos, por exemplo, o conflito com a 
comunidade. Podem ser vários os motivos que geram desconforto e, até 
mesmo, o comprometimento do projeto em função da opinião da comunidade. 
Crença religiosa, interesses políticos e econômicos, diferenças culturais e 
sociais, são alguns exemplos. Para se evitar isso, é muito importante conhecer 
as pessoas e as opiniões. O projeto a ser desenvolvido pode não ser de 
interesse daquele povoado ou comunidade e, se você depender da permissão 
deles para trabalhar, a situação pode ficar muito difícil. Portanto, antes de 
iniciar o projeto, visite a área de estudo, informe-se sobre os hábitos e 
costumes do local, e quais as reais necessidades deles. Isso pode ocorrer de 
uma maneira informal, como uma conversa, ou a partir de 
questionários/formulários que poderão ser aplicados a um número 
representativo de pessoas do local. 
 A questão do gerenciamento de conflitos passa por vários níveis, isso 
está relacionado ao tamanho e ao tipo do projeto. Aqui, até o momento, 
estávamos focando uma ação mais individual, ou seja, um projeto a ser 
desenvolvido por você, mas com dimensões pequenas. Porém, como alunos 
de um curso de Gestão Ambiental, vocês poderão vir a trabalhar em empresas 
que desenvolvem projetos com tamanhos consideráveis, como mineradoras, 
hidrelétricas, empreiteiras, entre outras. Os projetos vinculados a essas 
empresas podem gerar uma série de conflitos e é interessante discutirmos isso 
para a formação de vocês. 
 Atores sociais, natureza do conflito, objeto de disputa e dinâmicas, são 
alguns componentes nos conflitos ambientais14. Vamos ver cada um deles. 
 
 1- Atores sociais: 
 São os indivíduos, grupos, organizações ou o Estado; 
 
14http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT05/suzi_theodoro.pdf. Acesso em 
11/09/2014 
 2- Natureza do conflito: 
 Pode ser de natureza econômica, ambiental, política, entre outras; 
 
 3- Objetos: 
 Seriam os recursos, que podem ser escassos ou vistos como 
escassos, de origem pública ou privada, material ou simbólico, profano ou 
sagrado; 
 
 4- Dinâmica: 
 É como o conflito se desenvolve, pode ser rápido e intenso ou 
mais lento. 
 
 A gestão ambiental envolve ações de políticas públicas, com a 
participação do setor produtivo e da sociedade, visando ao uso racional e 
sustentável dos recursos ambientais. A partir de uma ferramenta importante, a 
gestão ambiental pode ter participação no processo de negociação quando 
relacionada ao uso e à proteção dos recursos naturais, procurando viabilizar a 
resolução do conflito de forma consensual. Essa ferramenta é a mediação 
(TRENTIN; PIRES, 2012). 
 A mediação é uma forma de resolução de conflitos socioambientais que 
procura ouvir e dialogar com todos os envolvidos. Atuando de forma preventiva, 
procura evitar a participação do judiciário15. A ação será conduzida por um 
mediador, responsável em facilitar o diálogo entre as partes envolvidas e por 
auxiliar no alcance de uma solução pacífica. 
 Segundo Trentin e Pires (2012), podemos concluir que: 
 
A mediação representa um meio 
extrajudicial de solução de conflitos que 
pode ser aplicado para resolução dos 
conflitos ambientais. Nessas formas de 
resolução de conflitos, há uma maior 
participação da sociedade na busca de 
soluções, por meio do diálogo e da 
construção conjunta de um consenso, o que 
não ocorre quando a solução da disputa é 
levada ao poder Judiciário. 
 
15 http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=f2e84d98d6dc0c7a. Acesso em 11/09/2014 
Cabe ressaltar a importância da mediação 
quanto à pressa na resolução dos conflitos, 
uma vez que contribuirá para a prevenção 
do dano aos recursos naturais e para o 
desenvolvimento sustentável. Constata-se 
que tais mecanismos se têm mostrado 
eficientes não só no Brasil, mas em outros 
países, em diversas áreas do Direito. Na 
área ambiental, no entanto, é imprescindível 
que haja uma mudança de paradigma, ou 
seja, de postura cultural da sociedade para 
evitar atribuir somente ao poder Judiciário o 
caminho para a resolução dos conflitos 
ambientais. 
 
 
3. Avaliação e monitoramento do projeto 
 
 Com a implantação do projeto, é necessário um acompanhamento 
periódico para avaliar seu andamento. Levantar quais os pontos positivos e 
negativos, ajustar ou modificar o que for preciso são algumas das ações que o 
monitoramento de um projeto permite. A partir desse monitoramento será 
possível fazer a avaliação, que poderá ocorrer ao final de cada etapa ou 
somente no final do estudo. 
 
 O monitoramento e a avaliação podem16: 
 
 ajudar a identificar os problemas e suas causas; 
 sugerir soluções possíveis para os problemas; 
 levantar questões quanto à estratégia e às previsões realizadas; 
 levar você a refletir para onde está indo e como você está chegando lá; 
 providenciar informações e aspectos internos; 
 encorajá-lo a agir a respeito dessas informações e aspectos; 
 aumentar suas possibilidadesde acerto que farão uma diferença 
positiva. 
 
 Para alguns autores não existe diferenciação entre avaliar e monitorar 
um projeto, portanto você poderá encontrar as duas posições na literatura. 
 
16 http://www.civicus.org/new/media/Monitoramento-e-Avaliacao.pdf. Acesso em 11/09/2014. 
 Evitar alterações no projeto é a melhor forma de obter o sucesso. Para 
isso, o planejamento inicial é fundamental, assim como o monitoramento, pois 
você conseguirá controlar melhor o que está ocorrendo e tomar medidas que 
não interfiram no todo. Segundo Khan (2003), não existe fórmula mais simples 
para se acabar com um projeto do que ficar mudando o seu escopo a todo o 
momento. Essas mudanças comprometem o orçamento e também o 
cronograma, portanto devem ser evitadas. 
 Uma forma de medir os resultados inicialmente propostos é pela 
formulação de indicadores. Os indicadores podem variar em função da 
natureza do projeto, bem como de seus objetivos. Eles são divididos em 
quantitativos ou objetivos e qualitativos ou subjetivos. Os indicadores 
quantitativos medem os resultados de forma numérica, ou seja, pontual, direta. 
Já os indicadores qualitativos dependem de observações mais atentas e de 
pessoas que possuem conhecimento de causa, pois são mais difíceis de serem 
medidos. O número de indicadores para cada resultado não é exato, vai 
depender das características do mesmo. Além da avaliação dos resultados, há 
a avaliação de conteúdo, de processo e de impacto (SMA/CPLEA, 2005). Veja 
a descrição de cada um abaixo e, posteriormente, alguns exemplos de 
indicadores de resultados (Tab. 1). 
 
Avaliação de resultado: consiste em 
verificar o cumprimento dos objetivos e das 
metas estabelecidas, no período de tempo 
previsto. Normalmente a avaliação inclui 
uma visita ao local do projeto, a verificação 
dos relatórios técnicos e fotográficos, listas 
de presença das reuniões realizadas, e um 
olhar atento sobre o material gerado como 
fotos, documentos, material instrucional e 
de comunicação, entre outros itens. 
Avaliação de conteúdo: método de 
análise, descrição e sumarização das 
tendências verificáveis em documentos 
escritos tais como: minutas ou memórias de 
reuniões, publicações, artigos de jornal, 
relatórios anuais, notas de campo, 
transcrições de grupos focais ou entrevistas, 
e outros documentos similares. A análise 
pode ter uma abordagem qualitativa ou 
quantitativa. 
Avaliação de processo: trata-se da 
avaliação da forma como o projeto é 
conduzido e procura verificar a eficiência do 
método de trabalho empregado para atingir 
os objetivos. A avaliação identifica a 
coerência, a qualidade e a viabilidade das 
técnicas e instrumentos pedagógicos 
utilizados durante o projeto. 
Avaliação de impacto: refere-se aos 
impactos sociais e ambientais que os 
objetivos propostos causaram na área do 
projeto, e às transformações 
comportamentais percebidas no público-
alvo e/ou na comunidade. Esta etapa da 
avaliação representa um desafio, uma vez 
que os ganhos obtidos não são facilmente 
medidos, pois se referem a questões 
culturais, à mudança de valores e novas 
atitudes, mensurando a contribuição do 
projeto para a emancipação das 
comunidades atingidas e sua mais eficiente 
organização e atuação política 
(SMA/CPLEA, 2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TABELA 1: Exemplos de avaliação de resultados: 
Avaliação Atividades Indicadores Meios de verificação 
R
ES
U
LT
A
D
O
S 
Curso de formação 
de jovens 
jardineiros e 
viveiristas 
Número de jovens 
beneficiados 
 
Diário de classe 
Registro fotográfico e 
documentação de 
projetos 
Número e frequência 
das aulas de 
atividades 
implementadas 
Registro de aula 
Relatório de 
atividades 
Qualidade dos 
projetos elaborados 
e implementados 
Número de projetos 
elaborados 
Número de projetos 
implementados 
Avaliação dos 
projetos 
realizados 
Percepção da equipe 
técnica 
Nível de 
desempenho dos 
participantes 
Questionários e 
dinâmicas de 
avaliação aplicados 
durante e no final do 
curso 
Percepção da equipe 
técnica 
Número de 
instituições 
participantes 
Relatório de 
atividades do projeto, 
contendo a descrição 
das articulações 
feitas e parcerias 
concretizadas. 
Mapa final de 
parceiros 
Fonte: SMA/CPLEA (2005). 
 
 
4. Síntese 
 
 A implantação ou implementação de um projeto demanda bastante 
atenção. É a fase em que desenvolvemos as atividades propostas nos 
objetivos, colocando-as em prática. Deve-se ter um planejamento detalhado 
para a execução das atividades para garantir o cumprimento do cronograma e 
do orçamento já estabelecidos. 
 Conflitos podem ocorrer nesta fase, tanto em relação à equipe envolvida 
como com a comunidade, portanto deve-se ter um cuidado maior para garantir 
um bom andamento. 
 Monitorar e avaliar o projeto são ferramentas que garantem um sucesso 
maior na obtenção dos resultados, pois é possível acompanhar os resultados 
negativos e, na maioria das vezes, contorná-los sem comprometer o 
cronograma e o orçamento. 
 
 
5. Referências 
 
BRAND, A.W. Project Management for Dummies. 4 ed. New Jersey: John 
Wiley & Sons, 2013. 390p. 
 
KATZ, M.J. From research to manuscript. New York: Springer, 2009. 205p. 
 
SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE – COORDENADORIA DE 
PLANEJAMENTO AMBIENTAL ESTRATÉGICO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL. 
Manual para Elaboração, Administração e Avaliação de Projetos 
Socioambientais. São Paulo: SMA/CPLEA, 2005. 32p. 
 
TRENTIN, T.R.D.; PIRES, N.S.S. Mediação Socioambiental: Uma Nova 
Alternativa para a Gestão Ambiental. Direito em Debate – Revista do 
Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais da Unijuí, 2012. Disponível em: 
https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/revistadireitoemdebate/article/view
File/501/469. Acesso em 11 de setembro de 2014. 
 
 
Capítulo 6 
 
 
 
 
 
 
 
1. Degradação Ambiental e Restauração Ecológica 
 
 Os ecossistemas sofrem constantes pressões em função das atividades 
antrópicas. Essas pressões podem atingir os seus componentes essenciais, 
que resultam em desequilíbrios e degradam o ambiente natural. Segundo o 
IBAMA (2011), área degradada é definida como uma “área impossibilitada de 
retornar por uma trajetória natural, a um ecossistema que se assemelhe a um 
estado conhecido antes, ou para outro estado que poderia ser esperado”. A 
degradação resulta de alterações na estrutura ou no funcionamento de um 
ambiente natural, diminuindo a sua capacidade produtiva e a sua 
biodiversidade. Vale lembrar que um distúrbio não é sinônimo de degradação, 
mas o distúrbio se torna degradação quando ele ultrapassa a capacidade de 
resiliência do ambiente, ou seja, a capacidade natural do ambiente resistir ou 
se recuperar (STANTURF, 2005). 
 O dano ambiental pode ocorrer por várias atividades antrópicas e as 
áreas atingidas podem precisar de recuperação para restabelecer os seus 
papéis ecológicos (SILVA; REBOLHO, 2013). Diferentes métodos podem ser 
aplicados nesse processo, a escolha dependerá da forma em que o local foi 
atingido, se ele foi desmatado, se o solo foi retirado ou se existem substâncias 
tóxicas a serem removidas. Segundo o Decreto Federal 97.632 (1989), 
recuperar uma área degradada seria proporcionar o “retorno do sítio degradado 
a uma forma de utilização, de acordo com um plano pré-estabelecido para o 
uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”. Esse 
retorno do local degradado pode ocorrer com as seguintes medidas (ABNT 
NBR 13030, 1999): 
 
 1- recuperação: conjunto de

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