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DO SISTEMA CONSTITUCIONAL DE CRISES: DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO

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ALUNA: STERFFANNY LAÍS DO NASCIMENTO SANTOS
SISTEMA CONSTITUCIONAL DE CRISES: Do estado de defesa e do estado de sítio
A defesa do Estado abrange a defesa do território nacional contra invasões estrangeiras, bem como a defesa da Pátria e da soberania nacional. A defesa das instituições democráticas, por sua vez, compreende a preservação ou restabelecimento da ordem constitucional e a igualdade entre os grupos de poder. Para realizar essas defesas, o Estado conta com as Forças Armadas, seu sistema de segurança pública e, em última instância, com instrumentos do chamado sistema constitucional das crises.
O sistema constitucional das crises pode ser determinado como um composto de normas constitucionais que indicam e regulam os intitulados estados de exceção ou de legalidade extraordinária: o estado de defesa e o estado de sítio. Esse sistema tem o desígnio de conservar ou recuperar a condição de tranquilidade institucional, defendendo a Constituição contra perturbações na ordem constitucional, bem como protegendo o Estado em situações decorrentes de guerra externa. O sistema constitucional das crises abrange indispensavelmente problemas às liberdades públicas. Porém, esses problemas devem estar expressamente listados na Constituição.
Além disso, esse sistema deve ser conduzido pelos princípios da necessidade, sob pena de se caracterizar medida arbitrária, verdadeiro golpe de estado, e da temporariedade, perante o perigo de se transformar em uma ditadura. A temporariedade aponta que os estados de emergência devem ter duração mínima possível e duração máxima determinada, com período de tempo delimitado. A desobediência a esse princípio pode levar a resultados terríveis, como o que aconteceu no século XX com o surgimento de regimes totalitários, considerados por muitos autores como estados de exceção permanentes. Pelo princípio da necessidade, os estados de emergência devem ser utilizados apenas em última hipótese para pôr fim a ameaça ou crise que não puderem ser solucionadas pelos meios normais. 
O princípio da necessidade proíbe que o sistema de crises se forme em puro arbítrio, se voltando apenas para impelir adversários políticos e sustentar os detentores do poder e os interesses das classes dominantes, como o que ocorreu no Brasil por várias vezes no passado, como no período da ditadura militar, de 1964 a 1978. No Estado Brasileiro, após longos anos de ditadura militar, a constituinte de 1988 tinha a intenção de democratizar o país, de forma a garantir a liberdade estatal, reforçando que a intervenção federal possui caráter excepcionalíssimo, existindo somente na ocorrência de alguma possibilidade prevista no rol do artigo 34 da constituição federal.[1: BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm]
 Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - Manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
José Afonso da silva enfatiza que a união, em regra, somente poderá intervir nos estados membros e no distrito federal, enquanto os estados somente poderão intervir nos municípios integrantes de seu território, e segue seus apontamentos sobre o assunto:[2: SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 28 ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2007. P 234.]
A intervenção é o ato político que consiste na incursão da entidade interventora nos negócios da entidade que a suporta. Constitui o punctum dolens do Estado Federal, onde se entrecruzam as tendências desagregantes.
Intervenção é uma medida através da qual quebra-se excepcional e temporariamente a autonomia de determinado ente federativo, nas hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal. Trata-se de mecanismo utilizado para assegurar a permanência do pacto federativo, ou seja, para impedir a tentativa de secessão (princípio da indissociabilidade do pacto federativo). A intervenção é uma exceção, pois em regra todos os entes federativos são dotados de autonomia. “A organização político-administrativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos da Constituição” (art. 18 da CF).
	A doutrina classifica que a intervenção, pode ocorrer de duas formas diferentes, sendo elas a intervenção espontânea e a intervenção provocada.[3: AGRA, Walber de Moura. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. P. 283]
Intervenção Espontânea: é uma discricionariedade, juízo de oportunidade e convivência, do Presidente da República, ou seja, o Presidente da República decreta a intervenção federal de ofício.
Defesa da unidade nacional (art. 34, I e II da CF).
Defesa da ordem pública (art. 34, III da CF).
Defesa das finanças públicas (art. 34, V da CF).
Intervenção provocada: O Presidente da República depende da provocação de terceiros para decretar a intervenção federal. Intervenção provocada por solicitação: Defesa dos Poderes Executivo ou Legislativo locais. Se a coação recair sobre o Poder Legislativo ou Executivo, a decretação da intervenção federal pelo Presidente da República dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou Executivo coacto ou impedido (art. 34, IV e art. 36, I, 1ª parte da CF).
Existem pontos que importam para que aconteça uma intervenção, sendo eles aspectos materiais e aspectos formais. Os aspectos materiais são aqueles trazidos no art. 34 da constituição federal com a contribuição das doutrinas, que os autores sempre destacam em suas obras.
Manutenção da integridade nacional: a forma do estado brasileiro é federativa, portanto a composição das entidades que pertencem a união é indissolúvel. Havendo ameaça a harmonia nacional, com caráter separatista, é possível a intervenção federal.
Repelir invasão estrangeira ou de uma entidade da federação em outra: quando ocorre um conflito interno, há uma ruptura da unidade nacional, sendo a união autorizada a intervir tanto no estado invasor, quanto no invadido.
Por termo a grave comprometimento da ordem pública: fica autorizada a intervenção quando houver qualquer desordem que ameace o funcionamento habitual dos poderes do estado e a população estatal.
Garantia do livre exercício de qualquer dos poderes nas unidades da federação.
Reorganização das finanças da unidade da federação
Prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial: não é qualquer desrespeito pelo Estado a lei federal que enseja a intervenção. No mais das vezes, a não aplicação do diploma federal abre margem para o prejudicado recorra ao judiciário. Confirmado o comportamento improprio do estado pela magistratura, e mantida a situação de desrespeito ao comando da lei concretizado na sentença é possível a intervenção.
Os aspectos formais são aqueles relacionados ao decreto presidencial, onde constará o motivo, o prazo, os limites e as condições em que se dará este ato e, caso necessário, a nomeação de um interventor. 
Iniciativa a execução da intervenção
Amplitude, prazo e condições da intervenção
Estado de Defesa
O estado de defesa é determinado para conservar ou reconstituir, em locais limitados e objetivos, a ordem pública ou a paz social ameaçada por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Em seu artigo 136, a constituição federal, implementou a viabilidade do Presidente da República deliberar estado de defesa, em alteração a outros dois mecanismos da Constituição anterior, que são as medidas de emergência, e o estado de emergência que fora instituído pela Emenda Constitucional nº. 11, de 13 de outubro de 1978.
O Estado de Defesa, previsto no art. 136 da atual Constituição Federal, temcaracterísticas mais abrangentes e claras do que as medidas de emergência, quanto ao poder de iniciativa, aos órgãos de consulta, finalidade, alcance, duração e controle.
Conforme José Afonso da Silva, o estado de defesa é uma situação em que se organizam medidas destinadas a debelar ameaças à ordem pública ou a paz social, ou ainda:
O estado de defesa consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em locais restritos e determinados, mediante decreto do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
Os fundamentos para o estado de defesa podem ser de fundo e de forma. As pressuposições de fundo do estado de defesa são: a existência de grave e eminente instabilidade institucional que ameace a ordem pública ou a paz social, a manifestação de calamidade na natureza que ameace a ordem pública e a paz social. A calamidade deverá ser de grandes proporções, nos termos constitucionais, e gerar séria perturbação à ordem pública ou a paz social para servir de base para decretação do estado de defesa.
Os pressupostos formais do estado de defesa são: prévia manifestação dos Conselhos da República e de Defesa Nacional, decretação pelo Presidente da República, que deverá ouvir previamente esses dois Conselhos, determinação no decreto, do tempo de sua duração, que não pode ser superior a trinta dias, podendo ser prorrogado apenas uma vez por igual período, ou de menor período se persistirem as razões que justificaram sua decretação, com a devida especificação da área por ele abrangida, e indicação das medidas coercitivas indicadas no artigo 136, § 1º.
O Estado de defesa fica passível a controles político e jurisdicional, pois não pode ser situação de arbítrio, mas situação constitucionalmente regrada.
Estado de Sitio
O estado de sitio é estabelecido quando o estado de defesa não solucionou o problema, quando o problema atinge todo o país, ou em casos de guerra. O Estado de Sítio somente é passível de ser decretado em caso de guerra, seja ela estrangeira ou interna. Em situações dessa natureza, não somente o funcionamento das instituições democráticas está ameaçado, mas também a própria existência do Estado. É a situação de comoção interna ou externa sofrida pelo Estado, que enseja a suspensão temporária de garantias individuais, a fim de preservar a ordem constituída.
O professor José Afonso da Silva assim define o estado de sítio:
Instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado tempo e em certa área (que poderá ser o território nacional inteiro), objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional, perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional ou por situação de beligerância com Estado estrangeiro (Curso de Direito Constitucional Positivo, São Paulo, Revista dos Tribunais, 5ª ed., 1989, p. 640).
O estado de sítio provoca a interrupção temporária e localizada das garantias individuais. O estado de sítio é previsto pela Constituição Federal nos artigos 137 e seguintes. O decreto do estado de sítio mostrará sua duração, as normas necessárias à sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. 
O estado de sítio, no caso do artigo 137, I, não poderá ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez, por prazo superior; no do inciso II do Art. 137, poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. Solicitada autorização para decretar o estado de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato. O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento até o término das medidas coercitivas. 
Se o estado de sítio for decretado com fundamento no inciso I do Art. 137, somente poderão ser tomadas estas medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
Anulado o estado de defesa ou o estado de sítio, terminarão também seus efeitos, sem perda da responsabilidade pelos ilícitos realizados por seus executores ou agentes. Logo que termine o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão expostas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com determinação e justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas.

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