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Qualidade de vida na velhice

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Qualidade de vida na velhice
 
 
É trivial defrontar-se, no pátrio país, com reclamações sobre o ceticismo e desesperança, quando acompanha ou cuida de pessoas idosas, que lastimam-se a falta de perspectiva nesta etapa da vida. Comentam sobre a saudade de sua mocidade, da falta de motivação para prosseguir vivendo, ainda, de sua certeza de que não têm mais nenhum papel a cumprir e não possui mais valor algum a sociedade. Ao mesmo tempo, observa-se idosos, aparentemente alegres e satisfeitos, que deixam a impressão de estarem vivendo de forma plena sua velhice. Afere-se que a idade por si só não explica tais diferenças, não há a discriminação entre o bem e o mal sucedido. 
Neste contexto, observa-se que o envelhecimento humano tem recebido destaque internacional durante o último século e, no Brasil, as pesquisas despontam a partir da década de 1980 com a transformação do perfil demográfico da população do país. As projeções feitas pelo IBGE põem o Brasil como sexto lugar em número de idosos e, em 2050, excedendo inclusive o total de jovens de zero a quinze anos (IBGE, 2008).
Mesmo que, o envelhecimento já seja enfoco de políticas públicas, também, existe a carência de recursos humanos especializados e de produção de conhecimento sobre a temática. Deste modo, subsiste a necessidade de investirem recursos de todo o tipo nesta área. Desta maneira garantir-se-á o progresso nas questões relativas ao envelhecer e no entendimento da velhice, propiciando então novas formas de encarar e lidar com este tema.
Em conformidade com esta vertente teórica, somos indivíduos multideterminados, ativos, históricos e sociais e, portanto, o tratamento e entendimento sobre a velhice e o lugar social que os velhos ocupam ganham significados distintos, segundo o contexto sócio-histórico e cultural. Desta maneira, ao dar visibilidade ao meio social e aos outros agentes sociais sobre a questão do envelhecimento, esta contribuindo-se com uma análise mais vasta e completa, favorecendo intervenções mais eficazes e adequadas, construindo uma sociedade mais inclusiva e acolhedora, que aceite as necessidades e demandas dos idosos.
Compreender os motivos de sensações e posturas tão desiguais é vital, se a finalidade for a de propor condutas e políticas que favoreçam um caminho feliz e adequado para a velhice como uma etapa da vida repleta de significado. É importante destacar que, ao contrário do que muitos pensam, velhice não está associada a má qualidade de vida. O processo de envelhecimento é bastante heterogêneo e pode levar a duas situações-limite: uma com qualidade de vida muito ruim e outra com excelente qualidade de vida. Entre essas duas extremidades, existem inúmeras situações intermediárias.
Na sociedade atual, existe um desejo contraditório que se afere desde cedo, e é especificado por jovens e adultos: viver cada vez mais. A longevidade é fortemente almejada pela maioria dos indivíduos, desde que sob certas condições: a primeira é a de não ficar dependente, o que é compreensível, e a segunda, a de não ficar velho. Como se isso fosse realmente possível. Não é possível envelhecer, sem ficar velho. 
No mínimo, no estágio atual do desenvolvimento tecnológico e científico da humanidade. E aqui encontra-se a contradição, reforçada pela associação frequente entre velhice e experiências negativas. A maioria dos indivíduos deseja viver cada vez mais, porém, a experiência do envelhecimento trás angústias e decepções, pelo menos no Brasil. Essa visão negativa do fim da existência pode levar ao medo de envelhecer e ao desejo da eterna juventude.
Durante muito tempo, a imagem do idoso foi a de alguém que tinha muito com o que contribuir, ocupando um lugar de respeito na sociedade e na família, mais designadamente. A este idoso competia a função de possuir a história e o passado dos familiares, sendo ele, elemento basilar para transmissão das memórias, histórias e lembranças vividas por aquela família. Esta visão, todavia, transformou-se ao longo do tempo.
Segundo Lodovici, apud Campedelli (2009), indica que o idoso sempre existiu reconhecido como o avozinho querido na sua função acolhedora aos mais novos. Com laços afetivos sólidos entre ambos, a respeito da progressiva dilatação dos laços afetivos sociais e das inúmeras perdas advindas do envelhecimento. Durante décadas, o idoso foi reduzido a um ser sem voz e de opinião não relevante, visto como um ser de ideias ultrapassadas, precisamente pela anteposição etária e pelo fato de estar, fora do mercado de trabalho e dos avanços científicos e tecnológicos, em regra; nota-se, assim, um lugar triste ao idoso, despojado de sua condição de sujeito, sendo criada uma imagem negativa e equivocada de velhice. 
Pode-se assegurar que o jovem ainda enxerga o idoso como alguém que carrega muito mais ônus do que bônus, ou seja, o jovem classifica a velhice como uma etapa difícil de viver devido às limitações físicas e biológicas, aos preconceitos e maus tratos e ao distanciamento com as questões que norteiam os demais membros da sociedade. Assim, é possível dizer que a imagem que o jovem faz do velho ainda está vinculada à identidade estipulada socialmente, em que o idoso é percebido por características gerais e coletivas, nas quais a maior parte delas é negativa, e não visto como um indivíduo único e com outras possibilidades. 
Por outro lado, ainda é possível identificar novas mudanças no modo de enfrentar o envelhecimento. Ao velho já estão sendo imputadas características positivas, que fazem com que a velhice seja vista sob uma nova perspectiva. O idoso foi assinalado como alguém física e emocionalmente capaz, cuidando também da família, tanto financeira como emocionalmente. A ele também foi conferida a capacidade de relacionar-se sexualmente, independentemente das mudanças e alterações na resposta sexual. 
O convívio intergeracional é tido como importante e o que também significa uma mudança no modo de pensar da sociedade. Indicando uma nova visão de velho, pautada em outros valores sociais e marcada por características que não são apenas negativas, que dão inicio a configurar um idoso mais participativo e possuidor de direitos e desejos, assim como qualquer outro cidadão. É relevante ressalvar que este novo modelo de velhice, ainda, está sendo construído. 
Muitas ideias preconceituosas sobre os idosos precisam ser revistas, e ainda, imagens novas e mais reais precisam surgir para que a identidade ditada socialmente não sirva de rótulo e estigmatize os idosos. É necessário que os idosos não moldem-se segundo os padrões de velho estabelecidos, não identificando-se como tais, mas que sejam capazes de criar a partir desta identidade dada e apresentar à sociedade uma nova maneira de viver o envelhecimento, que será aos poucos apropriada por todos.
 Mercadante expõem que deve-se também ficar atentos para que identidade esta se formando, para que, contentes com esta transformação, não esteja-se contribuindo para a formação de um idoso ainda mais ‘negativo’ e às margens da sociedade. Sobre isso ainda ressalta que o reivindicar a diferença é o primeiro passo, mecanismo básico da construção da identidade. Como segundo passo, a avaliação da diferença, e das diversidades numa sociedade. Ou seja, não cabe apenas avaliar o movimento que vai homogeneizar para a criação da diversas identidades, como também, avaliar o novo potencial e transformador que essas diferentes marcas possuem frente a sociedade mais inclusiva.
Desta maneira, ainda que, possa-se dizer que é plausível perceber mudanças significativas na forma de encarar o envelhecimento, é necessário estar atentos para que identidade de velho está a surgir. Para que o velho, seja mais compreendido e ganhe espaços efetivos na sociedade, precisa-se continuar promovendo discussões e criando espaços propícios para que o envelhecimento seja pensado e encarado de forma adequada, envolvendo todas as parcelas da sociedade. Para isto, é preciso introduzir também nos ambientes educacionais a temática do envelhecimento, pois, apenas assimserá enxergado o idoso de forma menos preconceituosa e mais pautada na realidade e necessidade dos velhos, além de estar mais preparados para lidar com as questões que permeiam o envelhecer.
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Referências bibliográficas 
 
IBGE (2008). Projeção da população do Brasil. Encontrado em 18 abril,
2017,em:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=172. 
Lodovici, F.M.M. (2006, dez.). O idoso e o discurso fílmico tabagista:
efeitos de sentido de Uma tal aproximação. In: Revista Kairós Gerontologia,
9(2): 87-112. Apud: Campedelli, M.A.(2009).
Martinez, Y.L.H.das N. (2007). A visão do jovem manauense do ensino médio sobre a velhice e o envelhecimento. São Paulo. Dissertação (Mestrado em Gerontologia), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
Mercadante, E.F. (1997). A construção da identidade e subjetividade do idoso. São Paulo. Dissertação (Doutorado em Ciências Sociais)- Instituto de Ciências Sociais, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
 Mercadante, E.F. (1988). Identidade étnica e política. In: Religião, política e Identidade. São Paulo: Educ-Série Cadernos, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
PASCHOAL SMP. Qualidade de Vida na Velhice. In: Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FAX,
Gorzoni ML, Rocha SM, editores. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Editora
Guanabara Koogan S.A.; 2002. p.79-84.
PASCHOAL SMP. Qualidade de Vida do Idoso: construção de um instrumento de
Avaliação através do método do impacto clínico[tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina,
Universidade de São Paulo; 2004.
 SEN, Amartya. A ideia de justiça. Tradução de Denise Bottmann e Ricardo
Doninelli Mendes. São Paulo: Companhia da Letras, 2011.

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