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Pneumo Fisio Introdução 2 Mecânica da Respiração 6 Forças que trabalham durante o ciclo respiratório 7 Ciclo Respiratório 9 Espaço Morto e Ventilação Alveolar 11 Difusão 12 Propriedades dos Gases 15 Transporte de Gases 16 Relações Entre Perfusão e Ventilação 18 Controle Neurológico e Metabólico da Respiração 21 O Sistema Respiratório sob Esforço e Condições Especiais 23 1 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) Introdução O objetivo geral da respiração é fazer a troca de gases necessária para que chegue oxigênio suficiente em todas as células para fazerem a respiração aeróbica. Esse processo celular tem como um de seus produtos o CO2, que diminui o pH do sangue, portanto é muito importante que retiremos ele da circulação através da expiração. A respiração possui quatro fases: ventilação pulmonar (2 fases), difusão, transporte dos gases no sangue e troca de gases entre o sangue e os tecidos. Importante lembrar um pouco da anatomia do sistema respiratório. 2 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) 3 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) Bom lembrar que a partir dos bronquíolos respiratórios que começa a acontecer as trocas gasosas, enquanto o resto se limita a condução e que a via inferior começa na traquéia (antes dela é superior). 4 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) A musculatura de toda a via é lisa, portanto possui inervação do sistema nervoso autônomo. A inervação simpática com seus receptores β2(Gs) causa relaxamento e portanto uma dilatação nas vias, pacientes com asma usam um agonista desses receptores para facilitar a respiração. Já a parassimpática é M3 (Gq, os muscarínicos) que causam uma contração da via. 5 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) O pulmão é o órgão da respiração, nele há 300 milhões de alvéolos, é só nele que isso pode ocorrer, por isso ele é altamente protegido pelos músculos e a jaula torácicos. Além disso ele é revestido por uma das quatro serosas do corpo: a pleura. O saco pleuras é duplo, portanto uma de suas partes reveste externamente o pulmão (visceral) e uma internamente a jaula (parietal). Mecânica da Respiração A respiração só pode ocorrer por causa da diferença de pressão existente entre o ar atmosférico e a pressão dentro da caixa torácica. Para que haja essa diferença de pressão, é essencial que que algum músculo expanda e outro contraia a caixa para que isso ocorra. Existem duas maneiras 6 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) básicas de isso ocorrer, elevação ou depressão das costelas e elevação ou depressão do diafragma. Na inspiração durante o repouso, o músculo mais utilizado é o diafragma, que ao se contrair empurra as vísceras abdominais para baixo, aumentando o espaço torácico. Enquanto que na respiração forçada (vigorosa), além da contração do assoalho diafragmático, ocorre a elevação das costelas por meio dos músculos intercostais externos (majoritariamente), escalenos, serráteis anteriores e esternocleidomastóideos. Durante a expiração no repouso, o diafragma é passivamente relaxado diminuindo o volume torácico e expulsando o ar por estar em uma pressão mais elevada que o ambiente externo. Já durante uma expiração forçada, o músculo reto abdominal comprime a cavidade abdominal, fazendo com que o diafragma seja empurrado mais rapidamente para cima, além dele os músculos intercostais internos fazem o rebaixamento das costelas, diminuindo ainda mais rapidamente o volume. Além de tudo isso, ainda existe uma pressão pleural. Ela é causada por um líquido que se localiza entre as pleuras e exerce uma pressão de menos cinco centímetros de água. Isso ajuda o pulmão a manter um formato estável. Também existe a pressão alveolar. Ela é a pressão do ar dentro dos alvéolos; durante a expiração ela que é alterada para se poder expulsar o ar. Portanto, quando estamos segurando o ar dentro dos pulmões, a diferença de pressão dela com a atmosfera é zero, já que o ar está parado, quando entra em movimento sabemos que agora existe uma diferença de pressão entre ela e o meio externo. Existe também a pressão transpulmonar. Tal pressão não passa da diferença das anteriores com o sinal invertido para não colapsar o pulmão, ou seja, ela é sempre positiva pois é exercida pelas forças elásticas do pulmão que tendem ao colapso pulmonar. 7 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) Forças que trabalham durante o ciclo respiratório Durante o ciclo respiratório existem forças que favorecem a retração do alvéolo , que seriam a força elástica e a tensão superficial da água, enquanto outras favorecem a manutenção do alvéolo aberto, como o surfactante alveolar e a pressão pleural negativa. Isso está intimamente relacionado com os conceitos de complacência e de força elástica. Onde o primeiro é medido pela variação volume de ar no pulmão dividido pela variação da pressão transpulmonar e o segundo é o inverso do primeiro, matematicamente, E (forças elásticas) = 1/C (complacência). Portanto, a complacência nada mais é do que a medida de distensibilidade dos pulmões e do tórax, ou seja, mostra com que facilidade o pulmão pode ser distendido ou retorcido. Com o avanço da idade, há uma maior rigidez tecidual que se reflete em uma menor complacência. 8 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) O diagrama de complacência mostra a alteração dos valores conforme a fase do ciclo em que se encontra, além disso mostra a pressão elástica existente nos pulmões, já que quanto mais alongada as fibras maior a sua força. Fica evidente no gráfico de complacência ao se comparar o ar com uma substância salina que a pressão transpleural é cerca de três vezes maior que a elástica, ou seja, a força elástica vale por cerca de um terço da força total exercida. O experimento com salina ainda mostra que a força elástica que existe peça tensão superficial não existe se não há o contato com o ar. Um outro assunto importante é a tensão superficial. É uma força que as moléculas de água exercem umas sobres as outras, essa força é maior no contato com o ar, por isso a água forma gotas quando está em contato com o ar. Isso é importante porque ocorre nos nossos pulmões. O líquido alveolar possui água que tende a tentar expulsar o ar e fazer o alvéolo inteiro colapsar, como isso ocorre em todos os alvéolos do pulmão essa força recebeu o nome de força elástica da tensão superficial. A pressão exercida por essa força é descrita pela Lei de LaPlace. Mas ela gera um outro problema: os alvéolos menores possuem mais pressão sendo exercida sobre eles, portanto expulsariam seu ar para os alvéolos maiores, o que significa que eles precisam de algum mecanismo para igualar sua pressão com os outros. Esse mecanismo se traduz no líquido surfactante. O líquido surfactante são produzidos pelos pneumócitos do tipo 2, eles ocupam 10 por cento da área total do alvéolo. Ele é composto por fosfolipídios, proteínas e íons, e tem como principal substância ativa a dipalmitoilfosfatidilcolina. O 9 Resumos LTDA T106 UFSM EloísaCerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) líquido é muito importante para reduzir a tensão superficial da água e facilitar a inspiração. Um outro agente que influencia a respiração é a própria caixa torácica, uma vez que a complacência total do sistema respiratório tem que levar em conta o quanto ela pode se expandir. Informações sobre essa complacência são muito importantes para observações clínicas, já que algumas doenças afetam esse valor que é descrito por 1/complacência total = 1/complacência do pulmão + 1/complacência da parede torácica. No caso da fibrose existe uma necessidade de se aumentar muito a pressão para que ocorra uma mudança não muito grande no volume, uma vez que o tecido está enrijecido. Já no caso de um enfisema pulmonar ocorre um aumento na complacência por se reduzirem forças que são contrárias a inspiração. Os obesos têm menor complacência também, mas não é por características teciduais e sim pela falta de força necessária pelos músculos da inspiração. Para medir essa alteração é necessário se conseguir o volume e a pressão; o primeiro pode ser obtido pela espirometria, enquanto que o segundo pela alteração na pressão transpulmonar. Ciclo Respiratório O ciclo respiratório tende a ocorrer de 12 a 15 vezes por minuto, sua média de tempo é de 5 segundos, sendo 2 para a inspiração e três para a expiração. O volume corrente normal (volume tidal) é de cerca de 450 ml por ciclo, portanto o volume corrente por minuto será esse número multiplicado 10 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) pelo número de vezes que ocorre o ciclo. O volume respiratório pode ser medido através da espirometria, ele avalia as propriedades mecânicas do sistema respiratório, através da medida de volumes e débitos expiratórios e da observação de mudanças na relação débito e volume e na curvas de volume e tempo. Portanto o teste avalia basicamente volumes, entre eles: VRI – volume de reserva inspiratório, é o volume adicional ao VC por uma inspiração máxima – força máxima (cerca de 3000 mL); VRE - volume de reserva expiratório, volume adicional ao VC por uma expiração máxima (cerca de 1100 mL) e VR – volume residual, volume que permanece nos pulmões após uma expiração máxima cerca de 1200 mL. Existe porque os pulmões são mantidos distendidos contra a parede torácica pelo fluído pleural. Importante destacar que o volume residual não pode ser medido, já que o teste se utiliza da troca e não pode medir o conteúdo que fica nos pulmões. Com esses volumes nós podemos calcular as capacidades: CV – capacidade vital (VRI + VC + VRE), quantidade máxima de ar que a pessoa pode expirar após uma inspiração máxima; CPT – capacidade pulmonar total (VC + VRI + VRE + VR), soma de todos os volumes dos pulmões, ela não pode ser obtida no teste; CI – capacidade inspiratória (VC+ VRI), 11 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) volume máximo que pode ser inspirado, partindo de uma expiração normal e CRF – capacidade residual funcional (VR + VRE), quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final da expiração normal. O teste é feito para diagnóstico e para medir respostas de broncodilatadores. A espirometria se preocupa muito com dois volumes principais: a capacidade vital forçada (CVF) que corresponde ao volume máximo expirado de maneira forçada partindo de uma inspiração máxima e o volume expiratório máximo no primeiro segundo (VEF1) que corresponde ao primeiro segundo da CVF, ele é usado para se ver doenças obstrutivas. Existem alguns tipos e padrões de respiração, maioria relacionado a termos importantes para a descrição de um quadro clínico: dispnéia, dificuldade de respirar; apneia, não respirar; eupneia, respirar normalmente; hiperventilação, ventilação alveolar maior que o normal; hiperpnéia, aumento da frequência por aumento do metabolismo e hipoventilação, ventilação alveolar abaixo dos níveis normais. Espaço Morto e Ventilação Alveolar O espaço morto é todo o espaço do trato respiratório que armazena algum ar que não está sendo usado na hematose, por exemplo, o ar que fica na traquéia e o espaço morto funcional dos alvéolos (parte dos alvéolos onde não há perfusão, portanto não faz diferença ter ou não gás lá). Ele representa cerca de 150 ml se considerarmos o volume tidal de 500 ml; esse valor pode aumentar com a idade, ou seja, idosos tem mais um agravante na respiração que é a diminuição de trocas por um volume X inspirado. O ar expirado primeiramente é o ar que estava nas vias aéreas que não realizam hematose, seguido 12 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) pelo ar que estava nos alvéolos, que contém ar do espaço morto fisiológico além do que realizou as trocas. O normal é que o espaço morto total se restrinja ao espaço morto anatômico, uma vez que, em teoria, todos os alvéolos deveriam ser funcionais em um certo ponto. Caso haja alguma alteração indica um defeito na relação entre ventilação e perfusão. A intensidade da ventilação é o volume de ar movido para dentro e para fora dos pulmões por unidade de tempo, isso é expressado por ventilações por minuto. A fórmula acima é uma das maneiras de se encontrar o espaço morto alveolar, uma outra maneira é pela fórmula mostrada ao lado. Nela podemos ter duas situações, onde o espaço morto fisiológico é igual a zero, Pa e PE são iguais, portanto nenhuma fração da ventilação é desperdiçada; na segunda existe que o espaço morto é igual ao volume corrente, nesse caso não ocorrem trocas gasosas. Existe também a relação fundamental da fisiologia respiratória, onde a ventilação alveolar possui uma relação inversa com a pressão de CO2 dentro do alvéolo. Essa relação é um tanto que intuitiva quando pensamos principalmente no pH sanguíneo, quando respiramos mais rápido que normalmente entramos em alcalose, enquanto que quando seguramos a respiração entramos em acidose. Como a taxa de produção de CO2 é aproximadamente constante para dada situação, um aumento da frequência respiratória e portanto da ventilação alveolar causa um 13 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) aumento no pH pela maior excreção de CO2. Isso pode ser visualizado na figura ao lado onde uma hiperventilação causa esse aumento da pressão de O2 enquanto que uma hipoventilação causa o aumento do CO2. Difusão O ponto fundamental da respiração é a hematose. Essa troca de gases é fundamental para que se retire o CO2 que está presente na corrente sanguínea aumentando sua acidez, além de ser tóxico em uma certa medida e atrapalha alguns processos metabólicos; já a inserção do O2 é importante para a manutenção dos processos aeróbicos de respiração que são fundamentais para a nossa sobrevivência. Isso pode ser resumido na imagem ao lado. Na circulação pulmonar a complacência é alta e a resistência ao fluxo, além disso a pressão que entra nesse sistema não é tão elevada como mostra o gráfico. A circulação no pulmão possui uma característica interessante: é o único local do corpo onde a hipóxia causa uma vasoconstrição. Isso ocorre por uma simples questão de lógica: usemos uma analogia de uma empresa extratora de minérios, elas tiram de onde tem minério para levar para mercados onde não há; se uma mina fica sem minério a empresa não mandará funcionários para aquelelocal e direcionar esses recursos para minas onde ainda há minérios; assim como se há um mercado muito consumidor sem jóias eles aumentarão o fluxo de produtos para lá. A 14 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) mesma coisa acontece no sangue, não existe motivo para enviar sangue para ser oxigenado se não há oxigênio no local, enquanto que haverá um acréscimo no fluxo para locais que precisam ser oxigenados e não possuem oxigênio. Um outro local onde há uma diminuição do fluxo fisiologicamente é nas porções mais elevadas do pulmão, onde o coração não bombeia sangue com o objetivo de não realizar tanto esforço. Nos casos de exercício físico ocorre um aumento na pressão e com isso começa a haver uma maior taxa de trocas nas zonas mais elevadas do pulmão. Conforme o aumento da pressão com o progressivo aumento da intensidade do exercício físico a pressão aumenta progressivamente também por conta do aumento da pressão cardíaca. Com o aumento da pressão há um maior recrutamento de capilares, portanto um aumento do fluxo. A capilaridade nos pulmão age de uma maneira um pouco diferente do que no resto do corpo: a pressão é de aproximadamente 7 mmHg, enquanto que no resto do corpo é 17; a pressão do fluido intersticial é mais negativa do que a do resto do corpo; a pressão coloidosmótica é aproximadamente 14 mmHg e, por último, as paredes dos alvéolos são extremamente delgadas e fracas, tanto que pode ser rompida por qualquer pressão maior do que a pressão do ar nos alvéolos. O líquido que fica fora dos capilares é absorvido pelos vasos linfáticos ou evapora dentro dos alvéolos. Como há essa significativa perda de líquido dos capilares para os alvéolos, surge um novo problema: se a drenagem linfática e a evaporação forem insuficientes para retirar esse líquido do pulmão acabaremos com um edema pulmonar, mas não existe um mas, se isso ocorre não há outro sistema para ajudar. Isso está muito relacionado com a pressão atrial como mostra o gráfico. 15 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) 16 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) Propriedades dos Gases Essa parte é bem voltada para o funcionamento físico dos gases. Sempre lave-se em conta que os gases estudados são ideais. A primeira é a lei dos gases ideais PV=nRT onde a temperatura do gás em sua fase líquida é dado como 273ºK e para quando está nos pulmões é 310ºK. A segunda é a lei de Dalton, muito relacionada com as pressões onde a pressão de um dado gás será o produto entra a pressão total e a fração correspondente a esse gás. Isso implica que a pressão total é a soma da pressão de todos os gases do sistema. A terceira é a lei Henry que diz que a concentração do gás dissolvido em um líquido é igual à pressão parcial do gás vezes a solubilidade. Além disso, ela diz que a pressão do gás dissolvido será a mesma do gás em seu estado gasoso. A última lei, e talvez a mais importe, é a de Flick, que é aquela mesma velha de quando estudamos difusão de várias coisas pelas membranas. Essa lei possui algumas implicações cruciais para o nosso estudo. Primeira, ações que diminuem a área alveolar (como fumar) dificultam a troca gasosa, por isso fumantes possuem mais dificuldade para realizar exercícios físicos; segunda, a diferença de pressão é fundamental, por isso podemos fazer tantas trocas quando nos exercitamos sem nos sentir mal; terceiro, a espessura da membrana é muito importante, 17 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) uma vez que quando há acúmulo de qualquer coisa nos alvéolos há um espessamento da membrana e portanto uma maior dificuldade do ar passar; e quarto, voltando para a diferença de pressão, isso explica porque expiramos oxigênio e porque expiramos cada vez menos conforme seguramos a respiração. Transporte de Gases Quando inspiramos o ar ele está seco, portanto temos uma dada pressão para o oxigênio de 160 mmHg, ao passar por todas as vias aéreas ele vai sendo umidificado até ficar saturado com água. Nesse ponto a pressão do oxigênio já caiu para aproximadamente 150 mmHg. Até chegar ao alvéolo essa pressão é reduzida até 104 mmHg, que é a pressão que será passada para o sangue. Já o gás carbônico vem em um caminho contrário, ele está com sua pressão em zero até chegar no alvéolo, quando chega ele se mistura com o ar que já estava lá e, conjuntamente, com as trocas fica com sua pressão em 40 mmHg. O sangue chega nos alvéolos com pressão de oxigênio e gás carbônico em, respectivamente, 95 e 45 mmHg e saem de lá com 104 e 40 mmHg. A troca que ocorre nos alvéolos é muito rápida e eficaz, se não fosse assim não seria viável a nossa velocidade de respiração. Os gases podem aparecer de três maneiras no sangue: dissolvidos (conforme a lei de Henry), o nitrogênio só é transportado assim; associado a proteínas, como a hemoglobina que carreia O2, CO e CO2, além de outras 18 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) proteínas; e quimicamente modificados, como é o caso do CO2 que é modificado pela anidrase carbônica. Após essa coleta do oxigênio nos alvéolos, ele tem que ser levado para o resto do corpo de uma maneira eficaz; isso pode acontecer associado com a hemoglobina (que resulta na oxihemoglobina) ou dissolvido no plasma. O primeiro equivale a 97% do oxigênio enquanto o segundo não passa de 3%, mas é importante por contribuir com a pressão parcial desse gás no sangue. A forma ligada à hemoglobina é a mais eficaz, essa proteína é constituída por quatro subunidades e possui algumas variações; metahemoglobina (Fe no estado férrico), Hemoglobina fetal (maior facilidade nas trocas), hemoglobina s (anemia falciforme). Por a hemoglobina ser a molécula mais utilizada, a sua concentração altera a quantidade de oxigênio disponível para o corpo, em média possuímos 15g dessa proteína por 100 ml de sangue, 1g de hemoglobina pode ligar 1,34 mL de oxigênio, portanto ligamos aproximadamente 20 ml de O2 por 100 ml de sangue. A hemoglobina vai sendo saturada conforme a pressão de oxigênio que é exercida, com um aumento brusco até os 50% seguido de um platô conforme vai se aproximando dos 100%. O deslocamento da curva para qualquer um dos lados é 19 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) prejudicial, já que para a direito fica mais difícil de oxigenar o sangue, enquanto que para a esquerda fica mais difícil de oxigenar os tecidos. O desligamento do oxigênio da hemoglobina para os tecidos é feito pela enorme diferença de pressão que existe entre o sangue (que chega com 95 mmHg) para a matriz extracelular (40 mmHg) e para as células (23 mmHg), só com essa diferença de pressão que é possível. Já o CO2 possui um caminho diferente mas com a mesma lógica. Ele pode ser transportado na forma dissolvida (7%), carbaminoemoglobina (23%) (obs: existe o efeito Haldane que quando há oxigênio ele desliga o CO2 ligado na Hb) e bicarbonato (70%). A vazão do CO2 da célula em direção ao capilar ocorre da mesma maneira que a do oxigênio mas em sentido oposto e com uma diferença de pressão muito menor do que a apresentada. Relações Entre Perfusão e Ventilação Essa relação é vital. Isso é tão importante porque um fluxo sanguíneo(perfusão) adequado permite que o máximo de oxigênio seja passado para o sangue, caso isso não ocorra podemos ter resultados graves. Uma das propriedades pulmonares é que seus capilares são colabáveis, como vimos antes, isso ocorre também por uma baixa perfusão em dada área (já que não se tem sangue suficiente melhor direcionar esse pouco para os outro alvéolos). A perfusão manterá uma relação direta entre a diferença de pressão existente entre a artéria pulmonar e o 20 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) átrio direito. Além disso a perfusão se relaciona de uma maneir inversa com a resistência da vasculatura pulmonar, assim como no resto do corpo, mas a resistência desses vasos tende a ser muito menor do que a das outras partes do corpo até por possuir um comprimento bem menor que o dos outros vasos sistêmicos. Existe também um shunt fisiológico, onde parte do sangue passa pelo pulmão e intencionalmente não é oxigenado por alterações na divisão da ventilação pela perfusão. Quanto maior a quantidade de sangue que sofre o shunt fisiológico, maior será a quantidade de sangue que passa pelo pulmão sem ser oxigenado. Isso ocorre quando a fração V/Q está diminuída, ou seja, existe mais sangue para menos ar. Podem ocorrer shunts patológicos como quando existe comunicação entre os ventrículos (sangue sempre é diluído) ou persistência do canal arterial (circulação pulmonar é maior do que a sistêmica e o sangue está quase que constantemente oxigenado). O valor ideal para a fração V/Q é de 0.8, ou seja, nesse ponto teremos que a ventilação corresponde a oitenta por cento do fluxo sanguíneo. Com o valor situado nesta casa teremos as pressões adequadas de CO2 e O2. A fração V/Q ainda pode se apresentar de maneiras diferentes dependendo da zona do pulmão onde está acontecendo a troca. 21 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) 22 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) 23 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) Controle Neurológico e Metabólico da Respiração O controle da respiração é feito a partir da mensuração da pressão dos gases, mecano receptores existentes no pulmão e na caixa torácica e pelos músculos envolvidos na respiração. O controle neurológico é realizado pelo tronco encefálico, onde se localiza o centro respiratório no bulbo e na ponte. A parte neuronal é para controlar a frequência respiratória de forma involuntária, isso é realizado por três porções principais: centro respiratório bulbar, centro apnêustico e centro pneumotáxico. No bulbo existem dois grupos principais de neurônios, o ventral (controla a expiração e um pouco da inspiração) e o dorsal (controla a inspiração). O grupo dorsal possui uma característica fundamental para a sua ação, que é o fato das porções sensoriais do nervo vago e do glossofaríngeo. O vago, principalmente, traz informação dos mecanorreceptores periféricos, esse é o motivo dele implicar nas ações desse grupo. O grupo dorsal realiza as funções de controle do ritmo básico para a respiração, ajuste da frequência de inspiração, emissão de potenciais de ação repetidos que controlam a respiração que são mandados até os músculos respiratórios diafragma via Nervo frênico. O potencial desse grupo de células funciona de uma maneira muito peculiar: o potencial vai aumentando de maneira gradual por cerca de dois segundos fazendo com que o diafragma se contraia de maneira gradual, após isso há um cessamento de três segundos de forma abrupta que realiza a expiração. Esse sistema é muito bom por proporcionar um aumento gradual do volume pulmonar, esses tempos e velocidades variam de acordo com o estado fisiológico da pessoa, se houver exercício os tempos se reduzirão e a força aumentará. Já o grupo ventral está majoritariamente relacionado com a expiração e é composto pelos núcleos ambíguo rostral e o retroambíguo caudal. Ele difere do dorsal em alguns pontos: são inativos na respiração de repouso, não participam na oscilação 24 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) rítmica que controla a respiração e participa muito da expiração forçada. A sua ação é muito estudada durante o exercício onde ele contribui para a expiração forçada e uma pequena parte para a inspiração. Uma outra maneira bem incomum de regular a respiração é através do reflexo de Hering-Breuer. Ele só é ativado quando temos um volume tidal de mais de um litro e meio por respiração. O seu funcionamento está relacionado com a limitação da expansão do pulmão, inativando o sistema ramp reduzindo a respiração. As informações são levadas ao tronco encefálico por meio do nervo vago. O centro pneumotáxico se localiza na ponte no núcleo parabraquial. Sua função é limitar a inspiração, ele age de maneira forte com inspirações de meio segundo durante o exercício ou fraca com inspirações de até 5 segundos. Secundariamente pode regular o ritmo respiratório. Já o centro apnêustico provoca inspirações arfantes prolongadas e um breve movimento expiratório. O corpo também possui controle “voluntário” da respiração, entre aspas já que é auto limitado sendo passado para o involuntário quando 25 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) estiver prejudicando o sistema. Por exemplo, se seguramos a respiração por um período de tempo demasiado, nós desmaiamos e o controle involuntário assume. Portanto, o voluntário acaba quando o corpo percebe que algo está errado, isso é percebido pelo pH sanguíneo e pelas pressões de CO2 e O2. Os quimiorreceptores centrais são os principais a serem sensibilizados pelo aumento de CO2. Como o CO2 não consegue permear a barreira hematoencefálico, o hidrogênio realiza essa função nos receptores que enviam a informação ao tronco que é insensível a esse tipo de estímulo. As alterações do CO2 possuem um efeito muito mais fortes do que as alterações no pH. Já o oxigênio age de forma indireta quando sua pressão está abaixo de 70 mmHg nos receptores que se localizam no arco aórtico e nos corpos carotídeos. Essas informações são levadas até o tronco por via do nervo vago que resultarão em um aumento da frequência respiratória. O Sistema Respiratório sob Esforço e Condições Especiais Quando estamos realizando exercícios o corpo se adapta nas quantidades para que haja oxigênio disponível para uma atuação metabólica aumentada. Isso tudo se resume a um aumento da ventilação para proporcionar mais oxigênio e retirar mais rapidamente o CO2 para balancear o pH, até porque há uma produção de ácido lático que interfere em muito com o pH. 26 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2) Outro ponto importante é a adaptação às altas altitudes onde a pressão de oxigênio já é naturalmente menor do que ao nível do mar. Essa queda na pressão vai resultar em um aumento da ventilação para compensar a falta de oxigênio, isso reduz a quantidade de CO2 causando uma alcalose. O corpo se adapta após um tempo através de alguns fatores: aumento na ventilação alveolar, aumento de hemácias, aumento na capacidade de difusão no pulmão, aumento na vascularidadedos tecidos periféricos e aumento na habilidade no uso do oxigênio apesar de sua baixa pressão. 27 Resumos LTDA T106 UFSM Eloísa Cerutti, Gustavo Zoratto, Luis Felipe Santana e Vicente Folgierini* (UCS 22/2)
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