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Responsável pelo Conteúdo: Profª. Ms. Adriana D. Freitas Profª. Drª. Jussara Maria Marins Operações entre Conjuntos Teoria dos Conjuntos Considerações Iniciais Conjuntos A Teoria de Conjuntos e uma disciplina fundamental em toda a Matemática, Lógica e em Ciência da Computação. Mas não ficamos restritos a esses campos. Podemos dizer, sem sombra de dúvidas, que em todas as áreas do conhecimento humano aplicamos os conceitos de Teoria dos Conjuntos. Junto com as noções mais intuitivas e sedimentadas já conhecidas, você vai adquirir uma nova linguagem simbólica para descrever os mais diversos fatos, tanto matemáticos como de outros do dia a dia. A seguir, você aprenderá a expressar-se de forma mais objetiva, pois a linguagem matemática é muito rica, apesar de ser tão sintética. Lidar e operar com conjuntos é a grande atração dessa unidade. Importância da Teoria dos Conjuntos Intervalos Reais Propriedades das Operações entre Conjuntos Atenção Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma. 3 Teoria dos Conjuntos 1 Conjuntos Esta unidade tratara´ de alguns conceitos ba´sicos de Teoria dos Conjuntos que podem ser usados futuramente para Linguagens de Programac¸a˜o assim como Linguagens Formais, Compiladores e de Teoria de Computac¸a˜o. 2 Considerac¸o˜es Iniciais A Teoria de Conjuntos teve sua formalizac¸a˜o inicial com a publicac¸a˜o em 1874 de um traba- lho de Georg Cantor (russo) que tratava sobre a comparac¸a˜o de colec¸o˜es infinitas. E´ claro que se falava e usava a noc¸a˜o de conjuntos ha´ mais tempo. Quando bem mais tarde, pela simplicidade das noc¸o˜es ba´sicas iniciais, passou-se a ensinar estes conceitos na escola prima´ria esta Teoria passou a ser associada com a Matema´tica Moderna, termo que atualmente esta´ em desuso. Vamos iniciar com os conceitos ba´sicos da Teoria dos Conjuntos por ser uma maneira mais clara de fazermos as primeiras colocac¸o˜es e ao mesmo tempo que introduzimos a notac¸a˜o ba´sica que permeara´ todo o trabalho, embora ela na˜o seja exaurida neste cap´ıtulo. A notac¸a˜o de Teoria dos Conjuntos assim como em Lo´gica ou Computac¸a˜o possui nuances (variac¸o˜es), apesar da relativa estabilidade das duas primeiras a´reas e por isso faremos esta compilac¸a˜o, no sentido comum da palavra. A formalidade que sera´ usada esta´ diretamente ligada ao conteu´do e adequada a`s finalidades do presente trabalho. 3 Teoria dos Conjuntos Conjuntos e elementos sa˜o conceitos ba´sicos e embora sejam descritos de diversas maneiras informais e possuem certos limites para evitarmos certos paradoxos como o de Russell 1. Um conjunto, assim como os demais conceitos de Lo´gica e Matema´tica sa˜o abstrac¸o˜es, e o conjunto e´ uma delas para expressar uma delimitac¸a˜o de objetos ou elementos. Um conjunto pode ser uma colec¸a˜o de objetos, se na˜o andarmos em c´ırculos para dizer o que e´ uma colec¸a˜o. Os conceitos ba´sicos ou noc¸o˜es primitivas sa˜o descritos, explicados, exemplificados en- fim, entendidos mas na˜o sa˜o definidos formalmente, pois do contra´rio cair´ıamos em c´ırculos viciosos. Os conjuntos podem ter como elementos quaisquer objetos inclusive outros conjuntos. A notac¸a˜o ba´sica para indicar um conjunto e´ um par de chaves ‘{’, ‘}’ indicadas, respectivamente, para iniciar e terminar a delimitac¸a˜o dos seus elementos. Temos o conjunto das treˆs primeiras letras do alfabeto latino: {a, b, c} ou ainda {A, B,C}, mas certamente o conjunto das letras {α, β, γ} na˜o e´ o conjunto da letras latinas. O conjunto dos d´ıgitos do sistema de numerac¸a˜o hexadecimal e´ 1Considere-se o conjunto M como sendo “o conjunto de todos os conjuntos que na˜o se conteˆm a si pro´prios como membros”. Formalmente temos um paradoxo: A e´ elemento de M se e so´ se A na˜o e´ elemento de A. Cruzeiro do Sul Educacional 1 Campus Virtual Unidade: Conjuntos {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B,C,D, E, F} ou {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, a, b, c, d, e, f }, o conjunto da base decimal e´ {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, da base octal e´ {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7}, da base bina´ria e´ {0, 1} e finalmente da base una´ria e´ {0}. O conjunto dos campi da Unicsul e´ {Sa˜o Miguel, Ana´lia Franco, Liberdade, Pinheiros}. Relac¸a˜o de Pertineˆncia e´ a relac¸a˜o ba´sica entre um elemento e um conjunto. E´ indicada por uma variac¸a˜o da quinta letra do alfabeto grego: ∈ ou � (e´psilon). A negac¸a˜o desta relac¸a˜o e´ indicada por <, e normalmente a barra sobre um s´ımbolo indicara´ a negac¸a˜o deste s´ımbolo. Como a matema´tica utiliza relac¸o˜es abstratas, sempre trataremos com representac¸o˜es ou s´ımbolos. Por exemplo, a letra ‘a’ e´ um s´ımbolo para a primeira letra do alfabeto latino, o s´ımbolo da primeira letra letra do alfabeto grego de nome alfa e´ α. Na realidade estamos tratando de s´ımbolos gra´ficos para letras. Temos s´ımbolos sonoros. Na escala musical, re- presentada pelo pentagrama temos que na clave de sol o s´ımbolo na segunda linha, de baixo para cima, representa a nota sol. Uma palavra pode representar um objeto. A palavra ‘gata’ pode ser associada a Nala, o mamı´fero da ordem dos fel´ıneos que e´ a gata de minha filha. Existe uma frase que diz sobre a diferenc¸a entre representac¸a˜o e a coisa representada. “ A palavra ca˜o na˜o morde”. Com conjuntos sempre estamos lidando com representac¸o˜es que com o tempo ficara˜o mais gravadas na nossa memo´ria. Exemplo 3.1. Conjuntos O conjunto das treˆs u´ltimas letras minu´sculas do alfabeto latino e´ dado por ‘v,x,z’. O conjunto dos nu´meros de um CEP e´ ‘0,1,2,4’ quando o CEP e´ 04121-040. Para deixar clara a ide´ia de conjunto usamos as chaves e o nome do conjunto e´ indicado por uma letra maiu´scula, em geral, latina. Deste modo a representac¸a˜o dos conjuntos citados e´: A = {v, x, z}, B = {0, 1, 2, 4} q Os nomes, tanto dos elementos, como dos conjuntos sa˜o arbitra´rios, como quaisquer no- mes, Alguns deles sa˜o muito usados e tornam-se especiais, como os s´ımbolos de Traˆnsito, de propaganda, etc. Exemplo 3.2. Os conjuntos nume´ricos mais usados em Matema´tica sa˜o: N,Z,Q,R,C q O conjunto dos nu´meros naturais ou inteiros positivos e o zero e´ o conjunto ba´sico. Outros sa˜o formados a partir dele. N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, . . .} Neste conjunto esta´ intrinsicamente firmada a noc¸a˜o de ordem, isto e´, 0 e´ menor que qualquer nu´mero natural, 1 < 2, 2 < 3, 4 < 5, . . . , 45 < 67, etc. Cruzeiro do Sul Educacional 2 Campus Virtual 3 Teoria dos Conjuntos Quando acrescentamos os nu´meros negativos temos o conjuntos dos inteiros: Z = {. . . ,−5,−4,−3,−2,−1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, . . .} Outros subconjuntos relacionados: (∀x ∈ Z−)[x < 0] (∀x ∈ Z+)[x > 0] A relac¸a˜o de ordem e´ intuitivamente a mesma dos naturais, um nu´mero x e´ menor que outro y se o primeiro vem antes do segundo. Como dizer formalmente que x ‘vem antes de’ y? Podemos fazer isso, usando a definic¸a˜o de adic¸a˜o, 2 com a seguinte fo´rmula: (∀x ∈ Z)[x < y⇔ (∃k ∈ Z+)|y = x + k] Para formar o conceito de frac¸a˜o ou parte de algo inteiro, temos o conceito de nu´mero racional, que vem de raza˜o ou divisa˜o. Os povos ingleses tem muita familiaridade com o uso de frac¸o˜es, pois suas medidas ainda usam o sistema histo´rico a partir das medidas dos reis, como a polegada. No´s ainda usamos raras vezes para dizer a bitola de parafusos, com o de3/4, isto e´ 3/4 de polegada. O conjunto de todas as frac¸o˜es pode ser descrito sinteticamente como: Q = {a b |a ∈ Z, b ∈ Z, b , 0 } Todos os conjuntos acima sa˜o infinitos, enumera´veis e equivalentes, isto e´ possuem o mesmo nu´mero de elementos. Veremos mais detalhes depois. Existem nu´meros como √ 2, √ 5, pi, e etc. que na˜o sa˜o racionais, isto e´, na˜o podemos coloca´-los numa forma fraciona´ria. Eles possuem infinitos d´ıgitos e na˜o formam per´ıodos. Os seguintes nu´meros possuem infinitos d´ıgitos, mas podem ser postos numa forma fraciona´ria ou racional pois formam per´ıodos de repetic¸a˜o. 0.3333333 . . . = 1 3 , 0.44444444 . . . = 4 9 ; 0.142857142857 . . . = 1 7 0.34135135135 . . . = 34135 − 34 99900 = 34101 99900 Pore´m os nu´meros irracionais na˜o podem ser postos na forma fraciona´ria. O conjuntos de todos os nu´meros racionais e irracionais formam o conjunto dos nu´meros reais: R. O conjunto dos complexos surgem quando precisamos expressar nu´meros que correspon- dem a`s ra´ızes quadradas de nu´meros negativos. 2que sera´ vista mais tarde. Cruzeiro do Sul Educacional 3 Campus Virtual Unidade: Conjuntos C = {a + bi |a ∈ R, b ∈ R i = √−1} Existem va´rios modos de indicar conjuntos, o primeiro e´ explicando quem sa˜o os seus elementos, pela citac¸a˜o de cada um dos seus elementos e o segundo e´ pela citac¸a˜o de uma propriedade comum a todos seus elementos. Podemos ter tambe´m o modo pela representac¸a˜o por Diagramas. Exemplo 3.3. Conjuntos: extensa˜o e compreensa˜o. Consideremos que A e´ o conjunto dos nu´meros naturais pares entre 2 e 12, inclusive; B e´ o conjunto dos nu´meros naturais entre 4 e 13. Assim: A = {2, 4, 6, 8, 10, 12}; B = {4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13}, onde os conjuntos esta˜o indicados por extensa˜o e a seguir eles sa˜o representados por compre- ensa˜o. A = {x ∈ N|2 ≤ x ≤ 12 e x e´ par} B = {x ∈ N|4 ≤ x ≤ 13} q A relac¸a˜o ba´sica (portanto na˜o tem definic¸a˜o) que expressa a ligac¸a˜o entre elemento e conjunto e´ a pertineˆncia. Exemplo 3.4. Exemplos de Conjuntos e Pertineˆncia. A = {x ∈ N|2 ≤ x ≤ 12 e x e´ par}; B = {4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13}, C = {2, 4, 6, 8, 10, 12} e D = {4, {5, 6}, 3, {5}, 5} 2 ∈ A, 5 < A, 4 ∈ B, 2 < B Observe que o conjunto D possui nu´meros e conjuntos. Podemos ter conjuntos de conjuntos. O conjunto D possui 4 elementos, sendo que dois deles sa˜o nu´meros e outros conjuntos; seus elementos sa˜o os nu´meros 4 e 3 e os conjuntos {5, 6} e {5}. 4 ∈ D, {5, 6} ∈ D, {4} < D, , 5 ∈ D e {5} ∈ D 6 < D. Observemos que A = C, A , B e A , D. q A condic¸a˜o “x e´ par” e´ dita um predicado dado pelo verbo ser e o predicativo par ou uma sentenc¸a que associa uma propriedade: par ao elemento x. As relac¸o˜es nume´ricas da aritme´tica costumam ser usadas para indicar muitos dos predicados. As noc¸o˜es ba´sicas ou conceitos primitivos que ja´ usamos foi conjunto, elemento e relac¸a˜o de pertineˆncia. Cruzeiro do Sul Educacional 4 Campus Virtual 3 Teoria dos Conjuntos Muitos dos conceitos que voceˆ estudara´ aqui ja´ foram visto no ensino me´dio, pore´m agora faremos, quando poss´ıvel e adequado uma formalizac¸a˜o maior com o objetivo de lhe proporcionar uma maturidade cient´ıfica que sera´ necessa´ria ao longo do curso. Os axiomas fazem parte desta formalizac¸a˜o! Um axioma, postulado ou dogma (sa˜o sinoˆnimos) e´ uma afirmac¸a˜o verdadeira que na˜o pode ser provada, pois ela e´ evidente ou aceita como tal e serve de base para provar as demais afirmac¸o˜es como os teoremas que devem ser provados. Do contra´rio tambe´m cair´ıamos em c´ırculos viciosos. A questa˜o da evideˆncia em Matema´tica, F´ısica ou outra cieˆncia pode ser considerada por alguns, como de natureza diferente da Religia˜o, ou Psicologia, por exemplo. Mas isto e´ um assunto controverso. 3.1 Axiomas de Teoria de Conjuntos Sa˜o as afirmac¸o˜es relativas a conjuntos que sa˜o consideradas para que possamos provar outras afirmac¸o˜es que constituem a Teoria dos Conjuntos. Todas elas parecem o´bvias, o que e´ o caracter principal de um axioma. Eles na˜o precisam ser provados, ao passo que os teoremas e propriedades precisam ser provados na Matema´tica e na˜o apenas exemplificados. Axioma 1: Extensa˜o ou Igualdade Dois conjuntos sa˜o iguais se e somente se teˆm os mesmos elementos. ? Embora seja intuitiva a noc¸a˜o de igualdade requer os mesmos cuidados que temos ao construirmos conjuntos, para evitar ambiguidades ou paradoxos, como os de Russel. Alguns livros colocam isto como uma definic¸a˜o mas e´ um axioma. Exemplo 3.5. Conjuntos Iguais ou Diferentes Considere os conjuntos: A = {4, 6, 8}, B = {1, 3, 5},C = {x ∈ N|1 ≤ x ≤ 5 e x e´ ı´mpar} ou C = {5, 1, 3} A , C, A , B, B = C q Num conjunto, na˜o importa a ordem ou a maneira que aparecem os seus elementos. Axioma 2: Especificac¸a˜o A todo conjunto A e a toda condic¸a˜o S (x) corresponde um conjunto B cujos elementos sa˜o exatamente aqueles elementos x de A para os quais S (x) vale. ? Este axioma permite criar conjuntos de outros conjuntos ou subconjuntos. Logo, podemos escrever: B = {x ∈ A|S (x)} Exemplo 3.6. Especificac¸a˜o de Conjuntos Considere os seguintes conjuntos: Cruzeiro do Sul Educacional 5 Campus Virtual Unidade: Conjuntos 1. O conjunto dos nu´meros primos entre 6 e 20. {x ∈ N|6 < x < 20 x e´ primo} = {11, 13, 17, 19} 2. O conjunto dos nu´meros perfeitos menores que 500. {x ∈ N|x < 500 x e´ perfeito} = {6, 28, 496} 3. O conjunto das ra´ızes da equac¸a˜o x2 − 8x + 15 = 0. {x ∈ R|x2 − 8x + 15 = 0} = {3, 5} q q Outra considerac¸a˜o que fazemos e´ a respeito do conjunto vazio. Intuitivamente, como um conjunto e´ uma abstrac¸a˜o de coisas (abstratas ou na˜o), podemos ter conjuntos com um, dois ou mais elementos. Quando o conjunto na˜o tem elementos ele e´ dito vazio. Mas como especificar este conjunto? Uma maneira e´ dizer{x ∈ A|x , x}, ou qualquer outra especificac¸a˜o que resulte numa impossibilidade. Vamos indica´-lo por ∅. ∅ = {x ∈ A|x , x} Uma aplicac¸a˜o da relac¸a˜o de inclusa˜o e´ que o conjunto vazio e´ subconjunto de qualquer conjunto. (∀X)[∅ ⊂ X] Para provar este fato, fazemos uso da Prova por Absurdo, que no caso de se provar alguma a` respeito do conjunto vazio recebe o nome de prova por vacuidade. No caso, supomos que ∅ 1 X. Logo todos elementos x tal que x ∈ ∅ e que x < X. Ora como ∅ na˜o tem elementos, isto e´ um absurdo. Isto termina a prova, que e´ usualmente indicada nos livros de matema´tica como q.e.d.3 Resta saber se: (1) Ha´ conjuntos suficientes para garantir que todo conjunto e´ elemento de algum con- junto? (2) Dados dois conjuntos quaisquer existe um terceiro a qual ambos pertencem? E se tivermos mais conjuntos? O seguinte axioma nos da´ um resposta para o item 2, na primeira parte. Axioma 3: Axioma do Par Para dois conjuntos quaisquer existe um conjunto ao qual ambos pertencem. ? Logo podemos escrever que se a e b sa˜o conjuntos e se A e´ um conjunto ao qual ambos pertencem, enta˜o pelo axioma da especificac¸a˜o temos: {x ∈ A|x = a ou x = b} 3quod erat demonstrandum, em latim Cruzeiro do Sul Educacional 6 Campus Virtual 3 Teoria dos Conjuntos • Pelo axioma da extensa˜o, so´ pode haver um conjunto com esta propriedade e da´ı a notac¸a˜o usual para este conjunto e´ {a, b} Se a e´ um conjunto, podemos formar um par com ele mesmo e da´ı temos um par na˜o ordenado {a, a} que e´ indicado por so´ por { {a} } que e´ obviamente unita´rio. Um conjunto com um elemento que e´ um outro conjunto. Analogamente temos ∅ , {∅}. Agora podemos considerar a existeˆncia de muitos conjuntos diferentes, assim formados por exemplo: ∅, {∅}, {{∅}}, {{{∅}}}, {{{{∅}}}} . . . Tambe´m podemos formar os pares deles quaisquer. Definic¸a˜o 3.1. Cardinalidade de Conjuntos O nu´mero de elementos de um conjuntoA e´ a sua cardinalidade e e´ indicado por #A ou n(A) ou ainda |A|. • Exemplo 3.7. Cardinalidade ou nu´mero de elementos de um conjunto Considere os seguintes conjuntos do exemplo anterior: 1. O conjunto dos nu´meros primos entre 6 e 20. #{11, 13, 17, 19} = 4 2. O conjunto dos nu´meros perfeitos menores que 500. #{6, 28, 496} = 3 3. O conjunto das ra´ızes da equac¸a˜o x2 − 8x + 15 = 0. #{3, 5} = 2 4. #∅ = 0 #{∅} = 1, #{∅, {∅}} = 2 5. #N = #Z = #Q = ∞ q Se o conjunto tem um so´ elemento ele e´ chamado de unita´rio, se tem dois elementos e´ bina´rio, etc. Se um conjunto e´ a refereˆncia para a formac¸a˜o dos demais ele e´ o conjunto Universo. Axioma 4: Reunia˜o Para toda colec¸a˜o de conjuntos,digamos C existe um conjunto U que conte´m todos os elementos que pertencem a, pelo menos um conjunto da dada colec¸a˜o. Cruzeiro do Sul Educacional 7 Campus Virtual Unidade: Conjuntos ? Este axioma na˜o possui uma interpretac¸a˜o simples e e´ preciso construir esta unia˜o, diga- mos, passo a` passo. {x ∈ U |(∃X ∈ C) e x ∈ X} Existe um subconjunto no Universo e existe uma colec¸a˜o C de x que forma o subconjunto ou conjunto X. U = {x|(∃X ∈ C) e x ∈ X} Para deixar mais claro o fato de que temos uma reunia˜o de elementos em algum conjunto, temos: ⋃ {X|X ∈ C)} ou ⋃ X∈CX Para indicar que um conjunto A tambe´m e´ uma reunia˜o temos:⋃ {X|X ∈ {A}} =not A Usaremos =not para indicar que o lado esquerdo e´ igual por notac¸a˜o ao lado direito. Para fazer a reunia˜o ou simplesmente unia˜o de um par de conjuntos A e B temos:⋃ {X|X ∈ {A, B}} =not A ∪ B Finalmente, podemos definir Unia˜o de conjuntos, uma vez que existe tal reunia˜o. Definic¸a˜o 3.2. A Unia˜o de dois conjuntos A e B e´ dada por: A ∪ B de f= {x|x ∈ A ou x ∈ B} • Usando a lo´gica e seu operador de disjunc¸a˜o ∨ no lugar do ‘ou’, para descrever a unia˜o temos4 A ∪ B de f= {x|x ∈ A ∨ x ∈ B} Exemplo 3.8. Unia˜o de Conjuntos Considere os conjuntos: A = {10, 11, 13, 17, 19, 20} B = {11, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20, 21, 23} C = {1, 2, 3, 4} 4A conjunc¸a˜o ou em portugueˆs tem duas formas: (1) ou simples, que subentende o sentido do e.(2) ou exclusivo: ou ...ou, no sentido de ou isto ou aquilo excluindo o sentido de ‘e’. Se digo que desejo uma blusa azul ou rosa, pode ser ou azul e na˜o rosa, azul e na˜o rosa, ou azul e rosa. Em geral na linguagem coloquial na˜o fazemos diferenc¸a entre eles. Cruzeiro do Sul Educacional 8 Campus Virtual 3 Teoria dos Conjuntos 1. A ∪ B = {10, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20, 21, 23} 2. A ∪C = {1, 2, 3, 4, 10, 11, 13, 17, 19, 20} 3. B ∪C = {1, 2, 3, 4, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20, 21, 23} 4. A ∪ ∅ = A q Axioma 5: Conjunto das Partes ou Poteˆncia Para cada conjunto existe uma colec¸a˜o de conjuntos que conte´m entre seus elementos todos os subconjuntos do conjunto dado. ? Os subconjuntos, que como o nome indica sa˜o conjuntos dentro de outros conjuntos. Com isto temos uma nova relac¸a˜o, agora na˜o mais entre elemento e conjunto, mas entre conjuntos, e´ chamada de Relac¸a˜o de Inclusa˜o: “estar contido”ou, dualmente contineˆncia: “conter” e ela pode ser definida. Vamos usar notac¸o˜es da Lo´gica, para simplificar as notac¸o˜es e explicac¸o˜es. Enquanto a relac¸a˜o bina´ria de pertineˆncia, que faz a ligac¸a˜o entre elementos e conjuntos seja primitiva, a relac¸a˜o tambe´m bina´ria entre conjuntos de inclusa˜o, embora intuitiva, e´ definida do seguinte modo: Definic¸a˜o 3.3. Relac¸a˜o de Inclusa˜o Um conjunto A esta´ contido um conjunto B quando todos os elementos de A tambe´m pertencem a B. A ⊆ B ≡de f (∀x)[x ∈ A→ x ∈ B] dualmente: B ⊇ A ≡de f A ⊆ B dizemos que no primeiro caso A esta´ contido ou e´ igual a B e no segundo caso, B conte´m ou e´ igual a A. • Usaremos o s´ımbolo ≡de f para indicar que estamos introduzindo uma notac¸a˜o simultane- amente com uma definic¸a˜o. O s´ımbolo → significa “enta˜o” e e´ estudado em Lo´gica. Dizemos que A ⊂ B, ou seja, A esta´ contido em B, se A ⊆ B mas A , B. Analogamente A ⊃ B se A conte´m B, mas e´ diferente de B. O conjunto das partes do conjunto A e´ indicado por P(A) e P(A) de f= {X|X ⊆ A} Podemos salientar que a relac¸a˜o de Inclusa˜o e´ bina´ria indicando: ⊆: P(A) × P(A) O conjunto P(A) indica o conjunto de todos os subconjuntos do conjunto A. q Cruzeiro do Sul Educacional 9 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Exemplo 3.9. Inclusa˜o Consideremos os conjuntos seguintes A = {a, b, c, d, e, f }, B = {b, c, d},C = {d, e, f , g, h} e D = {a, b, f }. As seguintes afirmac¸o˜es sa˜o verdadeiras: B ⊂ A,D ⊂ A,C 1 A, A 1 C,D 1 C, A 1 B Observe que agora estamos comparando conjuntos com conjuntos e na˜o elementos com conjuntos. q Exemplo 3.10. Conjunto das Partes Sejam os conjuntos A = {x}, B = {x, y} e C = {x, y, z}, enta˜o: P(∅) = {∅} P(A) = {∅, {x}} P(B) = {∅, {x}, {y}, {x, y}} P(C) = {∅, {x}, {y}, {z}, {x, y}, {x, z}, {y, z}, {x, y, z}} q Usamos a palavra poteˆncia pois o nu´mero de subconjuntos de um conjunto finito A com n elementos e´ dado por #P(A) = 2n, ou |P(A)| = 2n Usualmente chamamos de Conjunto Universo o conjunto das partes de um conjunto ou um conjunto que se toma por refereˆncia. Definic¸a˜o 3.4. Partic¸a˜o Um conjunto de conjuntos e´ uma Partic¸a˜o de um conjunto A quando ocorre as seguintes condic¸o˜es: 1. a unia˜o de todos os conjuntos gera o conjunto A; 2. a intersecc¸a˜o de dois conjuntos quaisquer e´ sempre vazia; 3. cada um dos conjuntos e´ diferente do vazio. • Exemplo 3.11. Partic¸o˜es Considere o conjunto A = {♠,^,�, •}. As seguintes famı´lias sa˜o partic¸o˜es de A. 1. {♠,^}, {�, •}} Cruzeiro do Sul Educacional 10 Campus Virtual 4 Operac¸o˜es entre Conjuntos 2. {{♠, {^}, {�}, {•}} As seguintes famı´lias na˜o sa˜o partic¸o˜es de A. 1. {{♠}, {•,�}, {♠,^}} Neste caso na˜o satisfaz a segunda condic¸a˜o. 2. {{♠}, {^, •}} Neste caso na˜o satisfaz a primeira condic¸a˜o. q Ja´ estamos acostumados a fazer operac¸o˜es com nu´meros desde 4 ou 6 anos, mas de fato fazemos operac¸o˜es com conjuntos muito antes, de modo natural e lu´dico. 4 Operac¸o˜es entre Conjuntos Agora podemos definir as operac¸o˜es entre conjuntos e num estudo completo faz-se as demons- trac¸o˜es de cada um dos teoremas que podem ser deduzidos. 4.1 Intersecc¸a˜o de Conjuntos A unia˜o de conjuntos foi definida anteriormente e e´ bem intuitiva e muito comum. Definic¸a˜o 4.1. Intersecc¸a˜o A intersecc¸a˜o entre os conjuntos A e B e´ o novo conjunto dado pelos elementos que existem concomitantemente nestes dois conjuntos, isto e´, que esta˜o nos dois conjuntos, ao mesmo tempo. A ∩ B de f= {x|x ∈ Ae x ∈ B} A ∩ B de f= {x|x ∈ A ∧ x ∈ B} • Exemplo 4.1. Sejam os conjuntos: A = {0, 2, 6, 8, 10, 12}, B = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14},C = {0, 3, 6, 9, 15, 19, 20}, D = {1, 3} A operac¸a˜o de Unia˜o entre eles e´: A ∩ B = {2, 6, 8, 10, 12}, A ∩C = {0}, A ∩ D = ∅ Observe que os elementos comuns entre A e B esta˜o em vermelho, assim como na inter- secc¸a˜o, enquanto que os comuns entre A e C esta˜o em azul, ao passo que na˜o ha´ elementos comuns entre A e D, logo a intersecc¸a˜o e´ vazia. Cruzeiro do Sul Educacional 11 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Figura 1: Possibilidades de Intersecc¸a˜o entre os conjuntos A e B Figura 2: Possibilidades de Unia˜o entre os conjuntos A e B B ∩C = {3, 6, 9}, B ∩ A = {2, 6, 8, 10, 12}, B ∩ D = D C ∩ D = {3}, D ∩ A = {} q A representac¸a˜o de conjuntos tambe´m pode ser picto´rica. Existem va´rias maneiras de representar conjuntos, pelos diagramas de Venn, ou tambe´m chamados de diagramas de Euler, por intervalos na reta ou ainda regio˜es do plano cartesiano. Como exemplos vemos 3 casos na figura 1.As formas A e B representam conjuntos e esta˜o nas cores ocre e laranja, respectivamente e a intersecc¸a˜o entre eles torna-se azul.Analogamente podemos representar a Unia˜o entre os conjuntos, atrave´s do mesmo tipo de diagrama. A figura 2 mostra em rosa a unia˜o dos conjuntos A e B. Ver relac¸a˜o entre tabela-verdade e diagramas em http://www.pucsp.br/~logica/Conjuntos.htm 4.2 Diferenc¸a entre Conjuntos Na Diferenc¸a entre conjuntos temos uma noc¸a˜o mais elaborada, pois envolve duas caracte- r´ıstica e ainda uma negac¸a˜o. Definic¸a˜o 4.2. Diferenc¸a A diferenc¸a entre os conjuntos A e B e´ o novo conjunto dado pelos elementos que existem no conjunto A mas na˜o esta˜o no conjunto B. Cruzeiro do Sul Educacional 12 Campus Virtual 4 Operac¸o˜es entre Conjuntos Figura 3: Possibilidades da Diferenc¸a entre os conjuntos A e B A − B de f= {x|x ∈ A e x < B} • Exemplo 4.2. Diferenc¸a entre Conjuntos Considere os mesmos conjuntos do exemplo anterior. A − B = {0}, A −C = {2, 8, 10, 12}, B − D = ∅, B − A = {1, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 11, 13, 14} Observe que a diferenc¸a entre conjuntos na˜o e´ comutativa, isto e´, a refereˆncia e´ o primeiro conjunto, logo A − B , B − A, e A − B ⊂ A q Continuando com os mesmo desenhos dos diagramas anteriores, temos que agora A − B e´ indicado pela cor verde, conforme esta´ mostrado na fig 3. 4.3 Mais um Axioma e os Pares Ordenados O seguinte axioma e´ tambe´m chamado de axioma da Escolha, foi enunciado em por Ernst Zermelo. Dada uma famı´lia qualquer de conjuntos na˜o-vazios, e´ poss´ıvel construir um conjunto escolhendo exatamente um elemento de cada um dos membros dessa famı´lia. Esta escolha pode ser descrita como uma func¸a˜o, a func¸a˜o de escolha, a qual pode ter um crite´rio ja´ conhecido ou razoa´vel, como tambe´m pode ser totalmente arbitra´ria. Se temos um conjunto finito podemos fazer escolhas sistema´ticas de modo que cada“escolha”seja definida. Por outro lado se o conjunto e´ infinito, uma maneira de fazer escolhas na˜o e´, objetivamente falando, alvo de escolhas facilmente descritas. A partir da´ı, podemos definir Produto Cartesiano que e´ feito entre conjuntos para diferencia´-lo de outros produtos. Primeiro vamos definir par ordenado. A noc¸a˜o de ordenac¸a˜o na˜o esta´ intrisicamente associada ao conjunto dos Naturais, conjunto essencialmente ordenado. Cruzeiro do Sul Educacional 13 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Definic¸a˜o 4.3. Par Ordenado Um par ordenado e´: (a, b) =de f {{a}, {a, b}} • Observamos que esta definic¸a˜o na˜o e´ arbitra´ria, e esta´ relacionada com a inclusa˜o pois {a} ⊂ {a, b}. Definic¸a˜o 4.4. Produto Cartesiano Dados dois conjuntos A e B, o Produto Cartesiano e´ formado por todos os pares ordenados formados com um primeiro elemento de A e com o segundo elemento de B. A × B de f= {(x, y)|x ∈ A e y ∈ B} • Axioma 6: Axioma da Escolha ou de Zermelo O produto cartesiano de uma colec¸a˜o na˜o vazia de conjuntos na˜o vazios e´ na˜o vazia. ? Exemplo 4.3. Considere os seguintes conjuntos: X = {1, 2, 3} e {a, b}. O produto cartesiano entre eles e´: X × Y = {(1, a), (1, b), (2, a), (2, b), (3, a), (3, b)} e Y × X = {(a, 1), (a, 2), (a, 3), (b, 1), (b, 2), (b, 3)} X × ∅ = ∅ e X × Y , Y × X e X × X = {(1, 1), (1, 2), (1, 3), (2, 1), (2, 2), (2, 3), (3, 1), (3, 2), (3, 3)} q Um desenho do exemplo anterior pode ser visto como na figura 4 usando um diagrama comum. Tambe´m podemos usar os eixos do plano cartesiano, com os elementos do conjunto A no eixo horizontal ou das abscissas e os elementos do conjunto B no eixo vertical ou das ordenadas. Figura 4: Produto Escalar entre os conjuntos A e B Cruzeiro do Sul Educacional 14 Campus Virtual 5 Propriedades das Operac¸o˜es entre Conjuntos 4.4 Conjunto Complementar A noc¸a˜o seguinte e´ totalmente baseada no conceito intuitivo de partes complementares - as que se completam. Definic¸a˜o 4.5. Conjunto Complementar Dado um conjunto Universo ou referencial U o complementar de uma parte ou subconjunto de U dado por A e´ indicado por A′ ou A e´ definido como A′ = A de f = U − A ou seja, todos elementos que esta˜o no Universo mas na˜o esta˜o em A. • Exemplo 4.4. Seja U = {k, y,w, ß,æ}. 1. A = {k}, A′ = {y,w, ß,æ}; B = {k, y,w}, B′ = {ß,æ}, A = ∅, A′ = U q A partir daqui podemos construir os demais conceitos, definic¸o˜es e teoremas da teoria dos conjuntos e posteriormente podemos outras teorias a partir dela, como por exemplo, a Teoria dos Grupos, a Teoria das Probabilidades, etc. 5 Propriedades das Operac¸o˜es entre Conjuntos Todas as propriedades da Teoria dos Conjuntos dadas a seguir podem ser provadas formal- mente. Em alguns casos ja´ vimos exemplos, pore´m os exemplos, mesmo que numerosos, na˜o constituem provas. Nos cursos de Matema´tica e em livros espec´ıficos existem estas provas. Teorema 5.1. Propriedades das Operac¸a˜o de Unia˜o de conjuntos Sejam A, B e C conjuntos quaisquer. 1. A ∪ ∅ = A 2. Comutatividade A ∪ B = B ∪ A 3. Idempoteˆncia A ∪ A = A 4. Associatividade (A ∪ B) ∪C = A ∪ (B ∪C) Cruzeiro do Sul Educacional 15 Campus Virtual Unidade: Conjuntos 5. A ⊂ B se e somente se A ∪ B = B ? Teorema 5.2. Propriedades das Operac¸a˜o de Intersecc¸a˜o de conjuntos Sejam A, B e C conjuntos quaisquer. 1. A ∩ ∅ = ∅ 2. Comutatividade A ∩ B = B ∩ A 3. Idempoteˆncia A ∩ A = A 4. Associatividade (A ∩ B) ∩C = A ∩ (B ∩C) 5. A ⊂ B se e somente se A ∩ B = A ? Teorema 5.3. Propriedades Distributivas Sejam A, B e C conjuntos quaisquer. 1. Distributiva da Unia˜o perante a Intersecc¸a˜o A ∪ (B ∩C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪C) 2. Distributiva da Intersecc¸a˜o perante a Unia˜o A ∩ (B ∪C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩C) ? Teorema 5.4. Propriedades do Produto Cartesiano Sejam A, B, X e Y conjuntos quaisquer. 1. (A ∪ B) × X = (A × X) ∪ (B × X) 2. (A ∩ B) × (X ∩ Y) = (A × X) ∩ (B × Y) 3. (A − B) × X = (A × X) − (B × X) Cruzeiro do Sul Educacional 16 Campus Virtual 5 Propriedades das Operac¸o˜es entre Conjuntos Figura 5: Conjuntos A, B e C ? Teorema 5.5. Propriedades do Complementar Seja U um conjunto Universo e A um subconjunto de U. 1. (A′)′ = A O complementar do complementar de um conjunto e´ o pro´prio conjunto. 2. ∅′ = U 3. U′ = ∅ ? Todos teoremas anteriores sa˜o demonstra´veis a partir dos axiomas e das definic¸o˜es dadas e da Lo´gica. Num curso de Matema´tica estas provas sa˜o todas desenvolvidas, passo a` passo. Isto constitui a Matema´tica uma cieˆncia, alia´s uma cieˆncia bel´ıssima. 5.1 Exemplos Exemplo 5.1. Sejam dados os seguintes conjuntos e fac¸a a Unia˜o entre dois quaisquer deles. U = {1, 2, 4, 5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60, 70}e U ⊂ N A = {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40}, B = {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35}, C = {10, 18, 20, 40, 45, 50, 60} Veja o diagrama de Venn dos conjuntos na figura 5. (a) A ∪ B = {5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40} Veja o diagrama de Venn dos conjuntos e da Unia˜o na figura 6. Cruzeiro do Sul Educacional 17 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Figura 6: Conjuntos A ∪ B em azul Figura 7: Conjuntos B ∪C em Amarelo Cruzeiro do Sul Educacional 18 Campus Virtual 5 Propriedades das Operac¸o˜es entre Conjuntos Figura 8: Conjuntos A ∩ B em Verde e B ∩C em Laranja. (b) B ∪C = {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35, 40, 45, 50, 60} Veja o diagrama de Venn dos conjuntos e da intersecc¸a˜o na figura 7. (c) A ∪C = {5, 10, 18, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60} (d) B ∪ A = {5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40} enta˜o A ∪ B = B ∪ A , como e´ de esperar pela Propriedade Comutativa da Unia˜o. (e) C ∪ A = {5, 10, 18, 20, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60}, enta˜o A ∪C = C ∪ A , pela mesma propriedade. (f) A ∪ A = {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40} = A (g) B∪B = B C∪C = C Isto sera´ sempre verdade, pela propriedade da Idempoteˆncia. (h) A ∪ ∅ = A B ∪ ∅ = B C ∪ ∅ = C q Exemplo 5.2. Sejam dados os mesmo conjuntos anteriores e fac¸a a Intersecc¸a˜o entre eles, dois a dois. A= {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40}, B = {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35}, C = {10, 18, 20, 40, 45, 50, 60} (a) A ∩ B = {10, 20, 30, 35} Veja o diagrama de Venn dos conjuntos na figura 8. (b) A ∩C = {10, 20, 40} (c) B ∩C = {10, 18, 20} Cruzeiro do Sul Educacional 19 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Figura 9: Conjuntos A, B e C e Intersecc¸o˜es (d) B ∩ A = {30, 35, 10, 20}, enta˜o A ∩ B = B ∩ A , como e´ de esperar pela Propriedade Comutativa da Intersec- c¸a˜o. (e) C ∩ A = {10, 20, 40}, enta˜o A ∩C = C ∩ A , pela mesma propriedade. (f) A ∩ ∅ = ∅ (g) B ∩ ∅ = ∅ Observe que na figura 9 esta˜o em cores diferentes as intersecc¸o˜es entre os conjuntos dois a dois. Em branco esta´ a intersecc¸a˜o entre os treˆs A ∩ B ∩ C. Logo, A ∩ B esta´ em verde e branco, B ∩C esta´ em laranja e branco, enquanto A ∩C esta´ em roxo e branco. q A propriedade Comutativa permite comutar, isto e´, TROCAR a ordem dos operandos que o resultado sera´ igual, o mesmo. Propriedade Comutativa vale tanto para a Unia˜o como para a Intersecc¸a˜o. Exemplo 5.3. Sejam dados os mesmo conjuntos anteriores e fac¸a a Unia˜o entre os treˆs. (a) (A ∪ B) ∪ C = ({5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40}) ∪ {10, 18, 20, 40, 45, 50, 60} = = {5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60} (b) Fazendo em primeiro lugar a unia˜o do segundo e terceiro temos: A ∪ (B ∪ C) = {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40} ∪ {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35, 40, 45, 50, 60} = {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35, 40, 45, 50, 60, 5, 25} que possui os mesmo elementos que o item anterior. Cruzeiro do Sul Educacional 20 Campus Virtual 5 Propriedades das Operac¸o˜es entre Conjuntos Isto e´ verdadeiro sempre, e na˜o so´ neste exemplo, pela propriedade Associativa da Unia˜o. Como as operac¸o˜es sa˜o bina´rias, entre dois conjuntos, devemos escolher quais sera˜o feitas inicialmente. q Exemplo 5.4. Sejam dados os mesmo conjuntos anteriores e fac¸a a Intersecc¸a˜o entre os treˆs. (a) (A ∩ B) ∩C = Fac¸amos primeiro o que esta´ dentro dos pareˆnteses:(A ∩ B) e depois com C. ({10, 20, 30, 35}) ∩{10, 18, 20, 40, 45, 50, 60} = {10, 20} (b) A∩ (B ∩C) = {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40} ∩ {10, 18, 20} = {10, 20} que possui os mesmo elementos que o item anterior. q Isto e´ verdadeiro sempre, e na˜o so´ neste exemplo, pela propriedade Associativa da Intersecc¸a˜o. A propriedade Associativa permite associar, isto e´, JUNTAR os operandos de modo diferente que o resultado sera´ igual, o mesmo. Propriedade Associativa vale tanto para a Unia˜o como para a Intersecc¸a˜o. Como nestas duas operac¸o˜es individualmente vale sempre a Associatividade, enta˜o na˜o e´ obrigato´rio o uso de Pareˆnteses. Pore´m se tivermos operac¸o˜es diferentes precisamos estabelecer ou a prioridade ou os pa- reˆnteses. Exemplo 5.5. Unia˜o e Intersecc¸a˜o juntas. Determinar o resultado de A ∪ B ∩C = . . . Se fizermos em primeiro lugar a unia˜o: (a) (A ∪ B) ∩C (A ∪ B) ∩C = {5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40} ∩C = {10, 18, 20, 40} ou em primeiro lugar a intersecc¸a˜o: (b) A ∪ (B ∩C) = A ∪ {10, 18, 20} = {5, 10, 18, 20, 25, 30, 35, 40} que possuem resultados diferentes e que podem ser vistos na figura 10. Logo, neste caso (A ∪ B) ∩C , A ∪ (B ∩C). Cruzeiro do Sul Educacional 21 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Figura 10: Conjuntos (A ∪ B) ∩C , A ∪ (B ∩C) Figura 11: Conjuntos A − B e A −C q Exemplo 5.6. Diferenc¸a entre conjuntos, dois a dois. Ainda com os mesmos conjuntos anteriores fac¸amos: (a) A − B = {5, 25, 40} Veja o diagrama na figura 11 (b) A −C = {5, 25, 30, 35} (c) B −C = {8, 12, 22, 30, 35} (d) B − A = {8, 12, 18, 22} (e) C − A = {18, 45, 50, 60} (f) C − B = {40, 45, 50, 60} Cruzeiro do Sul Educacional 22 Campus Virtual 5 Propriedades das Operac¸o˜es entre Conjuntos (g) A − A = ∅ (h) A − ∅ = A Agora, com a diferenc¸a entre conjuntos, se trocarmos a ordem dos conjuntos, teremos resultados diferentes, A − B , B − A, logo a diferenc¸a na˜o e´ comutativa. q Exemplo 5.7. Diferenc¸a entre conjuntos, com treˆs conjuntos. Ainda com os mesmos conjuntos anteriores fac¸amos: (a) (A − B) −C = {5, 25, 40} − {10, 18, 20, 40, 45, 50, 60} = {5, 25} (b) A − (B −C) = {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40} − {8, 12, 22, 30, 35} = {5, 10, 20, 25, 40} Juntando de modo diferente pelos pareˆnteses, temos resultados diferentes. (c) (B −C) − A = {8, 12, 22, 30, 35} − {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40} = {8, 12, 22} (d) B − (C − A) = {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35} − {18, 45, 50, 60} = {8, 10, 12, 20, 22, 30, 35} q Agora, com a diferenc¸a entre conjuntos, se associarmos os conjuntos de modo diferente, teremos resultados diferentes. A diferenc¸a na˜o e´ Associativa. Fac¸a o complementar dos conjuntos indicados: Relembrando U = {1, 2, 4, 5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60, 70} Exemplo 5.8. Complementar Fac¸a o complementar dos conjuntos indicados. Relembrando U = {1, 2, 4, 5, 8, 10, 12, 18, 20, 22, 25, 30, 35, 40, 45, 50, 60, 70} A = {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40}, B = {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35}, C = {10, 18, 20, 40, 45, 50, 60} (a) A = U − A = U − {5, 10, 20, 25, 30, 35, 40} = {1, 2, 4, 8, 12, 18, 22, 45, 50, 60, 70} Veja o diagrama na figura 12. (b) B = U − B = U − {8, 10, 12, 18, 20, 22, 30, 35} = {1, 2, 4, 5, 25, 40, 45, 50, 60, 70} (c) C = U −C = U − {10, 18, 20, 40, 45, 50, 60} = {1, 2, 4, 5, 8, 12, 22, 25, 30, 35, 70} (d) U = ∅ (e) ∅ = U q Cruzeiro do Sul Educacional 23 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Figura 12: Conjunto Complementar de A em Amarelo. Figura 13: Produto cartesiano: D × E Exemplo 5.9. Produto cartesiano Sejam D = {1, 2, 4} e E = {5, 25}, ambos subconjuntos de U. (a) D × E = {(1, 5), (1, 25), (2, 5), (2, 25), (4, 5), (4, 25)} O diagrama do Produto Cartesiana e´ melhor visualizado num plano, tambe´m cha- mado de cartesiano, onde o primeiro conjunto fica no eixo horizontal e o segundo no vertical, conforme esta´ na figura 13 (b) E × D = {(5, 1), (5, 2), (5, 4), (25, 1), (25, 2), (25, 4)} (c) E × E = {(5, 5), (5, 25), (25, 5), (25, 25), } (d) E × ∅ = ∅ Observac¸a˜o: na˜o existem elementos no vazio. Cruzeiro do Sul Educacional 24 Campus Virtual 5 Propriedades das Operac¸o˜es entre Conjuntos q Exemplo 5.10. Propriedades Distributivas Com os conjuntos ja´ dados, fac¸a: (a) E × (A ∩ B) = {5, 25} × {10, 20, 30, 35} = {(5, 10), (5, 20), (5, 30), (5, 35), (25, 10), (25, 20), (25, 30), (25, 35)} (b) E × A = {(5, 5), (5, 10), (5, 20), (5, 25), (5, 30), (5, 35), (5, 40), (25, 5), (25, 10), (25, 20), (25, 25), (25, 30), (25, 35), (25, 40)} (c) E × B = {(5, 8), (5, 12), (5, 18), (5, 20), (5, 22), (5, 10), (5, 30), (5, 35) (25, 8), (25, 12), (5, 18), (25, 20), (25, 22), (25, 10), (25, 30), (25, 35)} (d) (E × A) ∩ (E × B) = {(5, 10), (5, 20), (5, 30), (5, 35), (25, 10), (25, 20), (25, 30), (25, 35)} Logo, E × (A ∩ B) = (E × A) ∩ (E × B), ou estabelecendo a prioridade do produto cartesiano temos: E × (A ∩ B) = E × A ∩ E × B. Observe que os resultados (a) e (d) sa˜o iguais, o que sera´ sempre verdade, independen- temente dos exemplos, pela Propriedade distributiva do produto cartesiano para a intersecc¸a˜o. O mesmo vale para a Propriedade distributiva do produto cartesiano para a unia˜o. q Resumindo, vimos algumas propriedades das operac¸o˜es com conjuntos, que forma indi- cadas na sec¸a˜o 2.2.3. Logo valem para quaisquer conjuntos A e B do conjunto Universo (∀A, B ∈ U), exatamente como esta´ a seguir. Unia˜o e Intersecc¸a˜o sa˜o comutativas. (∀A, B ∈ U)[A ∪ B = B ∪ A, A ∩ B = B ∩ A], Unia˜o e Intersecc¸a˜o sa˜o associativas. (∀A, B,C ∈ U)[(A ∪ B) ∪C = A ∪ (B ∪C), (A ∩ B) ∩C = A ∩ (B ∩C)], O Produto Cartesiano se Distribui para a Unia˜o e Intersecc¸a˜o. (∀A, B,C ∈ U)[(A × (B ∪C) = (A × B) ∪ (A ×C), A × (B ∩C) = (A × B) ∩ (A ×C)] Diferenc¸a e Produto Cartesiano na˜o sa˜o nem comutativas nem associativas.Cruzeiro do Sul Educacional 25 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Figura 14: Intervalo Fechado [a, b] e intervalo aberto (c, d) 6 Intervalos Reais Conforme ja´ foi visto o conjunto dos reais R e´ cont´ınuo, isto e´, a reta real possui todos os nu´meros naturais, inteiros, racionais e inclusive os irracionais. Os subconjuntos dos reais formam intervalos, que podem ser fechados, abertos ou mistos. Definic¸a˜o 6.1. Intervalo Fechado O intervalo fechado [a, b] com extremidades a e b e´ aquele que possui todos os elementos entre as extremidades e inclusive elas. E´ indicado pelos colchetes: [ para iniciar e ] para fechar. [a, b] = {x ∈ |R| a ≤ x ≤ b} • Definic¸a˜o 6.2. Intervalo Aberto O intervalo aberto (a, b) com extremidades a e b e´ aquele que possui todos os elementos entre as extremidades e exceto elas pro´prias. E´ indicado pelos pareˆnteses: ( para iniciar e ) para fechar. (a, b) = {x ∈ |R| a < x < b} • Exemplo 6.1. Intervalos Abertos e Fechados Os intervalos reais conte´m todos os pontos ou nu´meros reais que esta˜o delimitados. Nas figuras uma extremidade cheia indica uma extremidade fechada, ao passo que a oca indica uma extremidade aberta. Na figura 14 Os intervalos podem ser mistos , isto e´, possui uma extremidade aberta e outra fechada ou vice-versa. q Observac¸o˜es: As notac¸o˜es para intervalos variam entre duas formas mais comuns. A primeira como descrevemos anteriormente e a pro´xima que tambe´m e´ usada. 1. Intervalo Aberto Usamos os colchetes em vez de pareˆnteses. ]a, b[= {x ∈ |R| a < x < b} Cruzeiro do Sul Educacional 26 Campus Virtual 6 Intervalos Reais 2. Intervalos Mistos [a, b[= {x ∈ |R| a ≤ x < b} ]a, b] = {x ∈ |R| a < x ≤ b} Vejamos agora as operac¸o˜es com intervalos, como subconjuntos dos nu´meros reais R. Exemplo 6.2. Sejam dados os seguintes intervalos reais, no Universo U = [−4, 7]. A = [−2, 2] = {x ∈ R| − 2 ≤ x ≤ 2} B = (0, 5) = {x ∈ R|0 < x < 5} C = [−3, 1) = {x ∈ R| − 3 ≤ x < 1} Veja um diagrama dos intervalos na figura 15 Figura 15: Intervalos A = [−2, 2], B = (0, 5) C = [−3, 1) (a) A ∪ B = [−2, 5) Figura 16: A ∪ B = [−2, 5) (b) A ∪C = [−3, 2] (c) A ∪ B ∪C = [−3, 5) Cruzeiro do Sul Educacional 27 Campus Virtual Unidade: Conjuntos Figura 17: A ∩ B = (0, 2] (d) A ∩ B = (0, 2] Ver figura 17. (e) A ∩C = [−2, 1) (f) A ∩ B ∩C = (0, 1) (g) A = [−4, 2) ∪ (2, 7] (h) B = [−4, 0] ∪ (5, 7] Observac¸a˜o: Pelo contexto, devemos diferenciar o par ordenado do produto cartesiano do intervalo aberto. q 7 Importaˆncia da Teoria dos Conjuntos Ale´m da Aritme´tica, que pode ser vista como uma aplicac¸a˜o da Teoria dos Conjuntos ou dar fundamentos para esta, os conceitos de conjuntos e de seus axiomas teˆm outras aplicac¸o˜es em Computac¸a˜o. 7.1 Aplicac¸o˜es em Linguagens de Programac¸a˜o Em Liguagens Formais sa˜o estudados os elementos ba´sicos para definirmos uma linguagem formal ou artificial. Existem linguagens artificiais na˜o so´ na programac¸a˜o. Toda linguagem envolve as definic¸o˜es de alfabeto, cadeia ou palavra, concatenac¸a˜o, fecho e grama´tica. As linguagens artificiais podem ser vistas como um conjunto gerado por uma grama´tica ou por certos tipos de Autoˆmatos Finitos. Uma linguagem L e´ um conjunto de cadeias ou palavras sobre um alfabeto Σ. As lin- guagens que sa˜o chamadas de naturais sa˜o aquelas que nos expressamos corriqueiramente e sa˜o em geral, adquiridas na infaˆncia. Uma linguagem natural e´ um sistema complexo e Cruzeiro do Sul Educacional 28 Campus Virtual 7 Importaˆncia da Teoria dos Conjuntos e´ estudada de diversas maneiras. As linguagens naturais sa˜o o Portugueˆs, o Ingleˆs, Russo, Japoneˆs, etc. As Linguagens Artificiais ou Formais sa˜o subconjuntos da linguagem natural e sa˜o descri- tas finitamente atrave´s de fo´rmulas. Usamos linguagens formais para descrever va´rios fatos, como uma mu´sica na pauta musical, uma sequeˆncia de pensamentos como na Lo´gica, um teorema como na Matema´tica. A Linguagem dos sinais de Traˆnsito, a LIBRAS, etc. assim como as linguagens de Pro- gramac¸a˜o, como C,Java, Pearl, etc. sa˜o exemplos de linguagens artificiais. A linguagem possui treˆs grandes partes: a sintaxe, a semaˆntica e a pragma´tica. Sintaxe: E´ a maneira de construir cadeias, palavras ou frases de modo que sejam aceitas pela linguagem. Por exemplo, em Portugueˆs a frase: “ Os livros azuis da prateleira sa˜o encadernados” e´ aceita, mas a frase “Os gatos e´ felinos” na˜o e´ aceita formalmente pois verbo na˜o esta´ flexionado de acordo com o sujeito. O va´lido e´ “Os gatos sa˜o felinos” A frase “3 ∈ N e´ aceita, ao passo que “3 > Z” na˜o e´ aceita. No caso da Lo´gica ou da Computac¸a˜o costumamos definir o que sa˜o as frases aceitas atrave´s das fo´rmulas bem formadas: fbf. Em computac¸a˜o a frase “if (a > b) c = a;” e´ aceita na linguagem C, ao passo que “ if (a > b) then c := a;” na˜o e´ aceita em C mas e´ em Pascal. Semaˆntica: E´ a maneira de dar significado a`s expresso˜es aceitas da linguagem. No caso do Portugueˆs as frases anteriores tem significado claro, mesmo que a segunda na˜o esteja correta. Ja´ a frase “ O gato e´ 3.” na˜o tem significado imediato. A frase “if (a = b) c=a;” e´ aceita na linguagem C, mas provavelmente na˜o possui o significado desejado, o usual e´ “if (a == b) c=a;” Pragma´tica: E´ a maneira de dar utilidade a`s frases. Por exemplo: a frase “Esta´ fazendo calor aqui.” pode ter a func¸a˜o de pedir indiretamente que o ar condicionado seja ligado. Nas linguagens formais tanto a sintaxe como a semaˆntica sa˜o descritas formalmente. Na sintaxe descrevemos quais s´ımbolos do alfabeto Σ sa˜o aceitos, quais s´ımbolos sa˜o aceitos para sinais de pontuac¸a˜o, quais sa˜o os operadores que podem ser usados para formar novas frases e as regras para formar estas novas frases ou sentenc¸as. Na sintaxe temos, enta˜o um jogo formal ou um algoritmo para para combinar s´ımbolos de modo aceita´vel. Na semaˆntica das linguagens formais, assim como na Lo´gica - que e´ expressa tambe´m por uma linguagem - estamos interessados na veracidade ou validade das frases formadas, o que adve´m, e´ claro do significado dos s´ımbolos e sentenc¸as. Nas linguagens de programac¸a˜o o objetivo e´ ver se o programa gerado atingira´ os objetivos do algoritmo e do problema supostamente resolvido por ele. Isto sera´ estuda em Linguagens Formais, Compiladores e Teoria da Computac¸a˜o. 7.2 Outras Aplicac¸o˜es em Computac¸a˜o A Lo´gica tambe´m possui uma linguagem simbo´lica espec´ıfica. Na Lo´gica vemos se uma sentenc¸a ou uma sequeˆncia delas resulta numa outra sentenc¸a conclusiva verdadeira ou va´- lida, atrave´s do uso de regras de infereˆncia, que basicamente tem o objetivo de decidir se a conclusa˜o tem de ser verdadeira caso as premissas - sentenc¸as iniciais - o sejam. As aplicac¸o˜es de Teoria dos Conjuntos va˜o servir de base como em resoluc¸a˜o de problemas Cruzeiro do Sul Educacional 29 Campus Virtual Unidade: Conjuntos de Banco de Dados, por exemplo, ca´lculo da func¸a˜o injetora hash para criar chaves numa tabela de dados; em Criptografia com o uso da congrueˆncia e da func¸a˜o que calcula o resto da divisa˜o e muitas outras. 7.3 Aplicac¸o˜es em Teoria da Computac¸a˜o De fato a Computac¸a˜o na˜o consiste numa teoria axioma´tica, tampouco a Teoria da Com- putac¸a˜o, tal como a estudamos hoje, o e´. Vamos considerar como ba´sicas em computac¸a˜o as noc¸o˜es de Teoria dos Conjuntos e da Lo´gica ale´m da noc¸a˜o central de algoritmo, que na˜o possui uma definic¸a˜o, e sim apenas alguns conceitos mais ou menos descritivos. A Teoria de Computac¸a˜o estuda os modelos formais de va´rios tipos de Autoˆmatos Finitos e em especial a Ma´quina de Turing ou ainda a Ma´quina de Post que sa˜o tipos especiais de estruturas matema´ticas que servem de modelo, e portanto, teo´rico tanto para a noc¸a˜o intuitiva dealgoritmo como da ma´quina computador que temos atualmente. Esta e´ uma grande diferenc¸a entre as demais ma´quinas f´ısicas como um ra´dio, motor mecaˆnico ou ele´trico, carro, liquificador, televisa˜o, etc, e a ma´quina computador pois esta possui em si uma algoritmo que permite uma generalidade na˜o alcanc¸ada em outras ma´quinas de tambe´m processar outros algoritmos. A Computac¸a˜o e´ uma cieˆncia de caracter teo´rico, pra´tico e tecnolo´gico que ainda e´ muito nova e seguidamente surgem novas a´reas, aplicac¸o˜es ou melhorias. Cruzeiro do Sul Educacional 30 Campus Virtual 11 _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
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