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Direito Civil - parte geral

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Direito Civil
Importância das Codificações
Constitucionalização do Direito Civil
Lei de introdução às normas do Direito Brasileiro
Principais funções da LINDB
Diferença entre elaboração, promulgação e publicação
Vaccatio legis
Diferença entre validade, vigor e vigência 
Revogação
Ultratividade
Repristinação
Conflito das leis no tempo 
Integração das normas jurídicas
Métodos de Interpretação 
Eficácia da lei no espaço (Princípio da territorialidade)
Lei Material x Lei Processual
Código Civil Brasileiro (estrutura)
Personalidade (+teorias do início da vida)
Capacidade e Incapacidade 
Extinção da Personalidade Natural - morte
Processo de sucessão de ausentes
Curadoria dos bens do ausente
Sucessão provisória
Sucessão definitiva
Individualização da pessoa natural
Nome
Estado
Domicílio
Pessoa Jurídica
Requisitos para constituição da PJ
Da administração
Grupos despersonalizados
Classificação da PJ
Associações
Sociedades
Fundações
Da extinção da Pj
Bens
Critérios para a classificação dos bens
Bens considerados em si mesmos (imóveis, móveis, fungíveis, infungíveis, consumíveis, inconsumíveis, divisíveis, indivisíveis, singulares e coletivos)
Bens reciprocamente considerados (principais e acessórios + classes de bens acessórios)
Bens públicos (públicos e particulares + afetação e desafetação)
RESUMO BASEADO NA DOUTRINA DE CARLOS ROBERTO GONÇALVES, 2018
DIREITO CIVIL
Direito civil é o direito comum, o que rege as relações entre os particulares. Disciplina a vida das pessoas desde a concepção – e mesmo antes dela, quando permite que se contemple a prole eventual (CC, art. 1.799, I) e confere relevância ao embrião excedentário (CC, art. 1.597, IV) – até a morte, e ainda depois dela, reconhecendo a eficácia post mortem do testamento (CC, art. 1.857) e exigindo respeito à memória dos mortos (CC, art. 12, parágrafo único).
No vasto campo do direito privado destaca-se o direito civil como direito comum a todos os homens, no sentido de disciplinar o modo de ser e de agir das pessoas. Costuma-se dizer que o Código Civil é a Constituição do homem comum, por reger as relações mais simples da vida cotidiana, os direitos e deveres das pessoas, na sua qualidade de esposo ou esposa, pai ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro etc. Toda a vida social, como se nota, está impregnada do direito civil, que regula as ocorrências do dia a dia.
IMPORTÂNCIA DAS CODIFICAÇÕES
As grandes Codificações têm por finalidade alcançar a estabilidade e segurança jurídica, consolidando a unidade política da nação. A reunião de leis de mesma natureza em um único "documento" permite uma sistematização das normas e, com isso, tem-se maior organização dos conteúdos jurídicos. 
CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO CIVIL
A expressão é utilizada para designar a “imposição” de uma leitura dos institutos de direito civil conforme a Constituição Federal. Isso deve-se ao fato de importantes institutos de direito privado, como a propriedade, a família e o contrato terem hoje as suas "vigas mestras" assentadas na CF, contribuindo, de certa maneira, para uma fragmentação do direito civil. A norma não deixa de ser de direito privado, mas direito privado interpretado conforme a Constituição, que é a Lei Maior. Tanto o direito público quanto o privado devem obediência aos princípios fundamentais constitucionais, que deixam de ser neutros, visando ressaltar a prevalência do bem-estar da pessoa humana.
 Os fundamentos de validade jurídica do Direito Civil devem ser extraídos da Constituição.
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO - LINDB
A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, LINDB, é um conjunto de normas sobre as próprias normas do ordenamento em geral. É composta de 19 artigos que versam sobre normas e princípios aplicáveis a todos os ramos da ciência jurídica, salvo naquilo que for regulado de maneira diferente em legislação específica. Ela trata de aspectos gerais relativos à aplicabilidade das normas jurídicas. Vem regulamentar as fontes do direito, a aplicação da lei no tempo e no espaço, bem como sua interpretação. 
Titulada como LICC - Lei de Introdução ao Código Civil (Decreto-lei 4657/42) - antigamente, foi transformada para LINDB, devido ao entendimento de que seu conteúdo serve de referência não apenas para introdução ao Código Civil, mas também para todas as leis brasileiras em geral.
Trata-se de legislação anexa ao Código Civil, mas autônoma, dele não fazendo parte. Embora se destine a facilitar a sua aplicação, tem caráter universal, aplicando-se a todos os ramos do direito. Acompanha o Código Civil simplesmente porque se trata do diploma considerado de maior importância. Constitui um repositório de normas preliminar à totalidade do ordenamento jurídico nacional.
	
Principais funções da LINDB:
Determinar o início da obrigatoriedade das leis
Regular a vigência e a eficácia das normas jurídicas
Impor a eficácia geral e abstrata de obrigatoriedade, não se admitindo a ignorância da lei vigente
Traçar os mecanismos de integração da norma legal, para a hipótese de lacuna na norma
Delimitar os critérios de hermenêutica (interpretação) da lei
Regular o direito intertemporal
IMPORTANTE! Uma alteração na Constituição Federal (PEC) se sujeita às regras da LINDB?
Após a publicação no Diário Oficial, a emenda é anexada ao texto constitucional, passando a viger imediatamente, sem a contagem do prazo legal de 45 dias (chamado vacatio legis) previsto no art. 1º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, salvo haver disposição expressa definindo um prazo.
DIFERENÇAS ENTRE ELABORAÇÃO, PROMULGAÇÃO E PUBLICAÇÃO DE UMA LEI
O processo de criação de uma lei passa por três fases: elaboração, promulgação e publicação.
A "elaboração" de uma lei diz respeito à criação/apresentação de um projeto com o objetivo de transformá-lo em ato normativo.
A "promulgação" é o instrumento que declara a existência da lei no ordenamento.
"Publicar" significa dar conhecimento a todos sobre a existência da nova lei. Ninguém pode ser obrigado a cumprir a lei se não foi dada a oportunidade de lê-la. É por isso que todas as leis (assim como qualquer outro ato do Executivo, Judiciário e Legislativo) são publicados no Diário Oficial (da União, dos estados/DF e dos municípios, dependendo de qual esfera que emitiu aquela decisão). A lei só começa a vigorar com a publicação. Com a publicação, tem-se o início da vigência. 
A obrigatoriedade da lei não se inicia no dia da publicação, exceto se ela mesma determinar, conforme seu texto. Se nada dispuser a esse respeito, aplica-se a regra do artigo 1º da LINDB. 
Vacatio legis
A partir do momento em que uma lei é promulgada e publicada, ela ainda não está em vigor (caso a norma não determinar nada a respeito disso). Ela fica "suspensa" por um período para que a população tome conhecimento de seu conteúdo. A este período dá-se o nome de vacatio legis. No Brasil, ele tem duração de 45 dias. Em Estados estrangeiros, onde a lei brasileira for admitida, entra em vigor 3 meses após a publicação. Em suma, vacatio legis é o tempo entre a publicação de uma lei e sua entrada em vigor.
	A contagem do período de vacância dá-se da seguinte maneira: 
 Inclusão da data de publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral.
	Caso haja, antes de a lei entrar em vigor, uma nova publicação do texto para que algo seja corrigido, será contabilizado um novo prazo de vacatio legis. A correção de uma lei que já está em vigor (já teve sua vacância finalizada) é considerada lei nova. 
Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.   
§ 2o  (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 3o  Se, antes deentrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
§ 4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
DIFERENÇAS ENTRE VALIDADE, VIGOR E VIGÊNCIA
 	A validade de uma norma significa que ela está integrada ao ordenamento jurídico, ou seja, pertence ao conjunto das normas jurídicas. Ela é válida se preencher os requisitos formais e materiais. 
	Para descobrir se uma norma é formalmente válida, é necessário verificar se a autoridade que a criou possuía poder para criar normas jurídicas e se escolheu o instrumento adequado para conduzir a norma criada ao destinatário, ou seja, se a norma foi instituída seguindo o procedimento legislativo válido. 
	Materialmente, a validade depende de a norma criada respeitar os limites do poder concedido ao seu emissor: ela não pode contrariar as normas, princípios ou valores das normas hierarquicamente superiores, principalmente a Constituição Federal. Exemplo: não pode ser considerada válida no Brasil uma norma jurídica que institui a desigualdade, em desconformidade com o artigo 5º da C.F. de 1988. 
 Durante o período de vacância, a lei é válida, mas não pode produzir efeitos.
	Dizer que uma norma é valida, no entanto, não significa que ela pode ser utilizada pelos juristas (necessariamente). Para isso, a norma, além de ser válida, deve ser vigente. Vigência, portanto, é a qualidade da norma que diz respeito ao tempo de validade, ao período que vai do momento em que ela entra em vigor até ser revogada.
	Vigor diz respeito à força vinculante da norma, qualidade da lei em produzir efeitos jurídicos, ainda que tenha sido revogada. Por exemplo, o CC/16 está revogado, mas ele ainda tem vigor porque produz efeitos. O Código Civil de 1916 não é mais vigente, mas está em vigor.
REVOGAÇÃO DA LEI
Revogar é tornar sem efeito uma norma, retirando sua obrigatoriedade. A vigência é retirada por meio de outra norma.
A lei tem, em regra, caráter permanente: mantém-se em vigor até ser revogada por outra. Princípio da continuidade.
Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
Em alguns casos, a lei poderá ter vigência temporária e cessará por causas intrínsecas:
Advento do termo fixado para sua duração - disposições transitórias, leis orçamentárias, entre outras
Implemento de condição resolutiva - leis circunstanciais
Consecução de seus fins
	Tem-se, nesses casos, a caducidade das leis: elas tornam-se sem efeito por uma causa prevista em seu próprio texto, sem necessidade de norma revogadora.
	Já as leis de caráter permanente, sem prazo de duração, perduram até que ocorra sua revogação, não podendo ser extintas pelo costume, jurisprudência, regulamento, decreto, entre outros.
	A revogação pode ser dividida em duas categorias:
	Quanto à extensão, pode ser: total (ab-rogação) ou parcial (derrogação). 
	Quanto à forma de execução, pode ser: expressa ou tácita.
	Ab-rogação
	Derrogação
	É a revogação total. Consiste na supressão integral da norma anterior.
	É a revogação parcial. Atinge apenas uma parte da norma, que permanece vigente no restante. A norma total não sai de circulação jurídica, pois somente os dispositivos atingidos perdem a obrigatoriedade.
	Tácita
	Expressa
	Ocorre quando há incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, pelo fato de que a lei nova passa a regular a matéria tratada pela anterior. O que caracteriza esse tipo de revogação é a incompatibilidade das disposições novas com as já existentes. Por ser impossível a coexistência de normas contraditórias, aplica-se o critério da prevalência da mais recente - critério cronológico (lex posterior derogat legi priori). Se a lei nova apenas estabelecer disposições gerais ou especiais, não a revogará (LINDB, art. 2º, § 2º).
	Ocorre quando, de modo taxativo e inequívoco, a lei nova declara que a lei anterior, ou parte dela, fica revogada. Esse tipo de revogação é mais seguro pois evita dúvidas e obscuridades.
EFEITO DA ULTRATIVIDADE
	Há ultratividade quando uma lei revogada é aplicada após a sua revogação. Uma norma é ultrativa, geralmente, para que sejam respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido ou a coisa julgada. (Exemplo na página 6).
REPRISTINAÇÃO
A repristinação é um fenômeno jurídico pelo qual uma lei volta a vigorar após a revogação da lei que a revogou. Repristinar = restaurar. No Brasil, a repristinação (automática) é "proibida" na LINDB*. O fenômeno vale apenas caso a lei revogadora expresse nitidamente que a lei voltará a vigorar, ou seja: é necessário pronunciamento expresso do legislador.
*Art. 2o, § 3o - Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
Se a Lei C não declarar que a A voltará, apenas "cancelar" a B, a lei A não volta - não há repristinação.
IMPORTANTE! Há diferença entre repristinação e efeito repristinatório. 
Efeito repristinatório é decorrente de uma decisão que declara inconstitucional uma norma que eliminou outra norma. A declaração de inconstitucionalidade de uma norma acarreta a "repristinação" da norma anterior que por ela havia sido revogada, uma vez que norma inconstitucional é norma nula, não subsistindo nenhum de seus efeitos. O efeito da sua revogação é nulo. Ato inconstitucional é ato nulo; ato nulo não produz efeitos jurídicos, logo, não houve efeito a revogação da primeira lei, a qual, consequentemente, volta a surtir efeitos. Ocorreu uma "pseudo-revogação". Inexistiu repristinação porque a lei revogadora não perdeu a vigência, mas sim a eficácia.
Em síntese, a repristinação envolve a vigência de três atos normativos, todos válidos, ao passo que no efeito repristinatório temos duas leis e a posterior não revogou validamente a anterior, diante da sua inconstitucionalidade.
CONFLITO DAS LEIS NO TEMPO
	As leis são elaboradas para, em regra, valer para o futuro. O que acontece com as relações jurídicas já formadas (na vigência da lei anterior) quando a lei é modificada (derrogada, ab-rogada, etc.)? Conflito das leis no tempo. Surge uma dúvida a respeito da aplicação ou não da lei nova às situações anteriormente constituídas.Como solução, existem dois critérios: disposições transitórias e irretroatividade das normas.
	As disposições transitórias são elaboradas pelo próprio legislador, no texto normativo, para evitar e solucionar conflitos que poderão eventualmente surgir do confronto da lei nova com a antiga. 
	Irretroativa é aquela lei que não se aplica às situações constituídas anteriormente. O princípio da irretroatividade objetiva assegurar a segurança e estabilidade do ordenamento jurídico-positivo e apresenta-se como regra no Direito brasileiro. A lei nunca retroage para prejudicar a pessoa. Há, no entanto, casos em que a retroatividade é admitida. 
	Exemplos: 
Hoje uma pessoa compra uma bicicleta. Amanhã o Congresso aprova uma lei dizendo que comprar bicicleta é um crime. Seria injusto ser punido por aquele novo crime, já que, quando a pessoa comprou, aquela ação ainda não era considerada um crime. A nova lei não retroage (não "volta atrás) para prejudicar a pessoa.
Homicídio é apenado com uma pena máxima de 20 anos. Uma pessoa mata outra hoje. Amanhã o Congresso aprova uma lei aumentando a pena máxima para 40 anos. Depois de amanhã começa seu julgamento. O julgamento será com base na lei antiga - ultratividade. A condenação será de, no máximo, 20 anos. A lei não retroagirá para prejudicar o réu, ela será ultrativa, pois terá efeitos após sua revogação. 
A lei pode ser utilizada na resolução de casos pretéritos quando:
respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada
o legislador ordenar, expressamente, que ela seja aplicada aos casos pretéritos, mesmo que a palavra " retroatividade" não seja utilizada
Art. 6º. A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, odireito adquirido e a coisa julgada.
	O ato jurídico perfeito aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou, produzindo seus efeitos jurídicos.
	O direito adquirido é o já incorporado definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular, não podendo lei nem fato posterior alterar tal situação. 
	Coisa julgada refere-se à imutabilidade dos efeitos de uma sentença, não sujeita a mais recursos. 
IMPORTANTE! Qual a diferença básica entre ultratividade e retroatividade?
	Retroatividade
	Ultratividade
	Uma norma gera efeitos no passado: é aplicada a fato ocorrido antes do início de sua vigência.
O agente pratica o crime sob o império de uma lei, surge uma lei posterior mais benéfica. Ela retroage para beneficiar o réu. 
	Uma norma é aplicada após a sua revogação.
O agente pratica um crime sob a vigência de uma lei, mas no julgamento esta foi revogada e está vigente outra menos benéfica. Como a lei penal não pode retroagir para prejudicar o réu e o crime ocorreu na vigência de outra lei, o juiz deverá aplicar a lei anterior - ultratividade - embora esta não esteja mais em vigência.
INTEGRAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
	Não há como o Direito abarcar absolutamente tudo. O legislador não consegue prever todas as situações para o presente e futuro, pois a vida social está em constante movimento e traz novos fatos e conflitos. A existência de situações não previstas de modo específico pelo legislador reclamam solução por parte do juiz. Ele deve valer-se dos mecanismos destinados a suprir as lacunas da lei. Os mecanismos são: a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
	O Código de Processo Civil dispõe que o juiz não pode eximir-se de proferir decisão sob o pretexto de que a lei é omissa: 
Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
	A própria lei, prevendo a possibilidade de inexistir norma jurídica adequada ao caso concreto, indica ao juiz o meio de suprir a omissão (LINDB):
Art. 4o  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
	Deve-se ressaltar que existe uma hierarquia na utilização dos mecanismos citados no artigo 4º da LINDB. Como a analogia vem em primeiro lugar, somente podem ser utilizados os demais se ela não puder ser aplicada e assim por diante.
	O emprego da analogia consiste em aplicar ao caso não previsto a norma legal concernente a uma hipótese análoga prevista e, por isso mesmo, tipificada. Princípio da igualdade de tratamento. Deve-se aplicar a mesma regra de direito a situações semelhantes (quando se verifica a mesma razão da lei, deve haver a mesma solução ou mesma disposição legal.
	Três requisitos para o emprego da analogia:
Inexistência de dispositivo legal que preveja e discipline a hipótese do caso concreto
Semelhança entre a relação não contemplada e outra regulada na lei
Identidade de fundamentos lógicos e jurídicos no ponto comum às duas situações
IMPORTANTE! Não confundir analogia com interpretação extensiva. A primeira pressupõe a inexistência de uma norma adequada ao caso concreto, o que implica a recorrência a outra norma do sistema jurídico. A segunda consiste na extensão do âmbito de aplicação de uma mesma norma a situações não expressamente previstas, mas compreendidas pelo seu espírito, mediante uma interpretação menos literal. Exemplo da interpretação extensiva: juiz, ao interpretar o artigo 25 do C.C., estende à companheira (o) a legitimidade conferida ao cônjuge do ausente para ser o seu curador.
	A analogia não é admitida no direito penal (salvo se beneficiar o réu), nas leis excepcionais ou de exceção e nas leis fiscais que impõem tributos.
	Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia não admitem o emprego da analogia nem da interpretação extensiva. A fiança também não admite interpretação extensiva. CC:
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
	O costume, por só poder ser recorrido depois de esgotadas as possibilidades de suprir a lacuna pelo emprego da analogia, se caracteriza como fonte subsidiária ou supletiva. Diferentemente da lei, possui origem incerta e imprevista e é consuetudinário. É composto de dois elementos: uso ou prática recorrente/reiterada de um comportamento e a convicção de sua obrigatoriedade. É conceituado, então, como uma prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato, com a convicção (que deve ser cultivada pela maioria da sociedade) de sua necessidade. Para que se converta em costume jurídico, é necessário que a autoridade judiciária tome conhecimento de sua existência e o aplique, tornando-o obrigatório.
	Existem três espécies de costume: 
	a) Secundum legem: expressamente referido na lei. Tem eficácia reconhecida pelo direito positivo, passando a ter caráter de verdadeira lei, deixando de ser costume propriamente dito.
	b) Praeter legem: quando se destina a suprir a lei nos casos omissos.
	c) Contra legem: se opõe à lei. Não é utilizado; não tem poder de revogar norma.
	Exemplos: ninguém cogita de sair às ruas sem roupa. Andar vestido em espaços públicos é um comportamento costumeiro. Pode-se, desse comportamento, extrair uma norma: é obrigatório estar vestido em público (ou: é proibido ficar nu em público). Tal norma costumeira pode ser considerada jurídica, pois corresponde aos dizeres das normas legislativas.
	Caso o juiz não encontre solução para a lacuna por meio da analogia e do costume, ele recorre aos princípios gerais de direito: constituídos de regras de caráter genérico encontradas na consciência dos povos e universalmente aceitas, mesmo que não estejam escritas. Muitas passaram a integrar o direito positivo, por exemplo: "ninguém pode lesar a outrem" (CC, art. 186).
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
	
	Em sua maioria, os princípios gerais de direito estão implícitos no sistema jurídico civil - "ninguém pode valer-se da própria torpeza", "boa-fé se presume", entre outros. 
	A equidade não está prevista no artigo 4º da LINDB e não constitui meio supletivo de lacuna de lei, sendo mero recurso auxiliar na aplicação desta. É empregada quando a própria lei cria espaços ou lacunas para o juiz formular a norma mais adequada ao caso. É utilizada quando a lei expressamente o permite. 
Parágrafo único.  O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei. (art. 140, CPC)
	Isso ocorre, geralmente, nos casos de conceitos vagos ou quando a lei formula várias alternativas e deixa a escolha a critério do juiz. 
	A equidade está ínsita no art. 5º da LINDB quando ele recomenda ao juiz que atenda, ao aplicar a lei, aos fins sociais a que ela se destina, adequando-a às exigências do bem comum.
Art. 5o  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
	Para verificar se a norma é aplicável ao caso em julgamento ou se deve proceder à integração normativa, o juiz procura descobrir o sentido da norma, interpretando-a. Interpretar é descobrir o sentido e o alcance da norma jurídica. Toda lei está sujeita a interpretação, não apenas as obscuras e ambíguas. 
	A ciência da interpretação das leis é denominada hermenêutica.
	Classificação quanto às fontes
	Significado
	
Autêntica ou legislativa
	Feita pelo próprio legislador que, reconhecendo a ambiguidade da norma, cria uma nova lei destinada a esclarecer a sua intenção. A lei interpretativa é considerada a própria lei interpretada.
	
Jurisprudencial ou judicial
	É a fixada pelos tribunais. Influencia grandemente os julgamentos nas instâncias inferiores.
	
Doutrinária
	Feita pelos estudiosos e comentaristas do direito: os jurisconsultos. Ao ser publicada uma lei, estudam e analisamo texto, fornecendo subsídios para que os operadores do direito possam entender o seu sentido e alcance e melhor aplicá-la em suas atividades. 
	Classificação quanto aos meios
	Significado
	
Gramatical ou literal
	Exame do texto normativo sob o ponto de vista linguístico, analisando a pontuação, colocação das palavras na frase, origem etimológica, entre outros.
	
Lógica ou racional
	Atende ao "espírito" da lei. Procura apurar o sentido e a finalidade da norma e a intenção do legislador, por meio de raciocínios lógicos.
	
Sistemática
	Parte do pressuposto de que uma lei não existe isoladamente e deve ser interpretada em conjunto com outras pertencentes ao mesmo "assunto".
	
Histórica
	Baseada na investigação dos antecedentes da norma a fim de descobrir o seu exato significado. Consiste na pesquisa das circunstâncias que nortearam a sua elaboração bem como do pensamento dominante no período.
	Sociológica ou teleológica
	Objetiva adaptar o sentido ou finalidade da norma às novas exigências sociais.
	Classificação quanto aos resultados
	Significado
	Declarativa
	Ocorre quando o texto da norma corresponde exatamente ao pensamento do legislador.
	Extensiva
	Há a conclusão de que o alcance da lei é mais amplo do que indica seu texto, abrangendo implicitamente outras situações.
	Restritiva
	Impõe-se a limitação do campo de aplicação da lei.
EFICÁCIA DA LEI NO ESPAÇO
Princípio da territorialidade
	Por meio desse princípio, a norma jurídica aplica-se no território do Estado, estendendo-se às embaixadas, consulados, navios de guerra, onde quer que se encontrem, navios mercantes em águas territoriais ou em alto-mar, navios estrangeiros (menos os de guerra em águas territoriais), aeronaves no espaço aéreo do Estado e barcos de guerra onde quer que se encontrem. 
	Esse princípio, no entanto, não é absoluto. Muitas vezes, dentro dos limites territoriais do Estado, surge a necessidade de regular relações entre nacionais e estrangeiros. Isso fez com que o Estado passasse a permitir que a lei estrangeira, em determinadas hipóteses, tenha eficácia em seu território, sem comprometer a soberania nacional, admitindo, assim, o sistema da extraterritorialidade. O Brasil segue o sistema da territorialidade moderada. 
	Pela extraterritorialidade, a norma é aplicada no território de outro país, segundo os princípios e convenções internacionais. Certas pessoas "escapam" à jurisdição do Estado em cujo território se encontrem, submetendo-se apenas à jurisdição de seu país. A norma estrangeira passa a integrar momentaneamente o direito nacional, para solucionar determinado caso submetido à apreciação. 
	Denomina-se estatuto pessoal a situação jurídica que rege o estrangeiro pelas leis de seu país de origem. É baseado na lei da nacionalidade ou na lei do domicílio.
Art. 7o  A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
	Pela LINDB, o estatuto pessoal funda-se na lei do país onde a pessoa é domiciliada, ou seja, na lei do domicílio. Em determinados casos, o juiz aplicará o direito estrangeiro, em vez do direito nacional. 
	Exemplo: uma brasileira e um estrangeiro residente em seu país pretendem casar-se no Brasil, tendo ambos 20 anos de idade. A lei do país de origem do noivo exige o consentimento dos pais para o casamento de menores de 22 anos, como acontece na Argentina. O noivo precisará exibir tal autorização, por aplicar-se no Brasil a lei de seu domicílio. No entanto, a autorização será dispensável se o noivo estrangeiro tiver domicílio no Brasil. Aplicar-se-á a lei brasileira porque o casamento realizar-se-á no Brasil e o estrangeiro já é domiciliado no país. 
LEI MATERIAL x LEI PROCESSUAL
A lei material:
regula a vida em sociedade
cria direitos e deveres
traz requisitos de criação e exercício da relação jurídica
A lei processual:
indica o procedimento para a solução do conflito
concretiza o direito material
impõe meios coercitivos para a satisfação de direitos
CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO - ESTRUTURA
PARTE GERAL 
 Contém 3 livros: 
Pessoas naturais e jurídicas como sujeitos da relação jurídica
Bens como objeto do direito, em torno dos quais se formam as diversas relações jurídicas
Fatos jurídicos, que estimulam o relacionamento humano e permitem criar, modificar ou extinguir direitos
Livro I - das pessoas
	Título I - das pessoas naturais
	Título II - das pessoas jurídicas
	Título III - domicílio
LIVRO I, TÍTULO I, CAPÍTULO I
PERSONALIDADE
	O conceito de personalidade está umbilicalmente ligado ao de pessoa. Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta é, portanto, qualidade, atributo ou pressuposto do ser humano para que possa ser inserido/atuar no plano jurídico e reclamar uma proteção jurídica básica. Em suma: é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil, uma condição preliminar de todos os direitos e deveres. O Direito também reconhece personalidades a entidades - as pessoas jurídicas.
Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
Ordem civil = privadaArt. 2o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
IMPORTANTE! Quando se inicia a vida? 
Nascituro: feto, aquele que ainda não nasceu.Teorias sobre o início da personalidade 
 procuram explicar e justificar a situação jurídica do nascituro.
Teoria Natalista
	Segundo essa teoria, a personalidade jurídica é adquirida apenas com o nascimento com vida. Nesse sentido, o nascituro não poderia ser considerado pessoa e não teria direitos, apenas "expectativa" de direitos. 
Teoria da personalidade condicionada
	Essa teoria leciona que o nascituro tem determinados direitos, mas que estes estão sujeitos a uma condição suspensiva, qual seja, o nascimento deste com vida. Desse modo, essa teoria, assim como a natalista, entende que a personalidade civil da pessoa natural começa com o nascimento com vida. A diferença é que enquanto a natalista nega qualquer direito ao nascituro, a teoria da personalidade condicional resguarda os direitos do mesmo, desde que ele nasça com vida (evento futuro e incerto).
Teoria concepcionista
	O nascituro é considerado pessoa humana, tendo seus direitos resguardados pela lei. A personalidade, neste caso, distingue-se entre:
Formal: relacionada com os direitos da personalidade, o que o nascituro já tem desde a concepção.
Material: mantém relação com os direitos patrimoniais, e o nascituro só a adquire com o nascimento com vida.
CAPACIDADE
	A capacidade é a medida da personalidade (pois, para alguns, ela é plena e para outros, limitada). Pode ser:
Capacidade de direito ou de gozo (ou capacidade de aquisição de direitos)
	É aquela reconhecida a todo ser humano, sem qualquer distinção. Todos a adquirem ao nascer com vida e só a perdem com a morte. Estende-se aos privados de discernimento e aos infantes em geral, independentemente de seu grau de desenvolvimento mental. Podem estes, assim, herdar bens deixados por seus pais, receber doações, entre outros. Só não há capacidade de aquisição de direitos onde falta personalidade, como no caso do nascituro.
Capacidade de exercício/ação/fato
	Aptidão para exercer, por si só, os atos da vida civil. Por faltarem a certas pessoas alguns requisitos materiais, saúde, desenvolvimento mental etc., a lei, com o intuito de protegê-las, sonega-lhes o de se autodeterminarem, de os exercer pessoal e diretamente, exigindo a participação de outra pessoa, que as representa, substitui ou assiste. 
	As pessoas portadoras da capacidade de direito mas não possuidoras da de fato, têm capacidade limitada e são chamadas de incapazes. No que tange à capacidade de fato, há a divisão dos indivíduos entre aqueles capazes "totalmente" – os que podem exercer plenamente os atos da vida civil, os relativamenteincapazes e os absolutamente incapazes. A incapacidade é a "restrição" legal ao exercício da vida civil/à personalidade.
Quem são os absolutamente incapazes? NÃO possuem a capacidade de fato e são representados por outra pessoa capaz. Incapacidade total
Art. 3o  São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
	A incapacidade absoluta acarreta a proibição total do exercício, por si só, do direito. O ato somente poderá ser praticado pelo representante legal do absolutamente incapaz. A inobservância dessa regra provoca a nulidade do ato, nos termos do art. 166, I, do Código Civil.
	Quem são os relativamente incapazes? POSSUEM a capacidade de fato, no entanto, para que alguns atos sejam válidos, há a necessidade de um tutor ou curador. Estão em uma situação intermediária entre a capacidade plena e a incapacidade total.
Art. 4o  São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
	I - os maiores de 16 e menores de 18 anos;
	II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;       
	III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;           
	IV - os pródigos.
	A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade (CC, art. 171, I). Certos atos, porém, pode praticar sem a assistência de seu representante legal, por exemplo:
ser testemunha (art. 228, I)
aceitar mandato (art. 666)
 fazer testamento (art. 1.860, parágrafo único)
exercer empregos públicos para os quais não for exigida a maioridade (art. 5º, parágrafo único, III)
casar (art. 1.517)
ser eleitor
Os absolutamente incapazes serão representados por outra pessoa capaz, ao passo que os relativamente incapazes serão apenas assistidos em alguns atos.
Quem possui as duas espécies de capacidade tem capacidade plena.
	Quando o agente é maior de idade ou emancipado, mas incapaz em consequência da falta ou redução do necessário discernimento decorrentes, por exemplo, de dependência de bebida alcoólica (ou de tóxicos) ou de prodigalidade, pode ser declarado interdito e, assim, incapaz para os atos da vida civil.
Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:
I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
II - (Revogado);                  
III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;                    
IV - (Revogado);             
V - os pródigos.
Cessação da incapacidade
	Diz-se que a incapacidade é cessada quando desaparece o motivo que a determinou. Quando a causa é a menoridade, por exemplo, pode desaparecer de duas formas: pela maioridade ou pela emancipação.
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
	Maioridade: inicia-se aos 18 anos, no primeiro momento do dia em que o indivíduo completa a idade. A pessoa torna-se apta para as atividades da vida civil que não exigirem limite especial, como as de natureza política. Leva-se em conta somente a idade, tanto para o homem quanto para a mulher, mesmo nos casos em que há uma maturidade precoce. 
	Emancipação: é definida como a aquisição da capacidade civil antes da idade legal, ou seja: uma antecipação da aquisição da capacidade de fato. Pode decorrer da concessão dos pais, de sentença judicial ou de determinados fatos a que a lei atribui esse efeito. 
Art. 5o Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
	A emancipação pode ser de três espécies: voluntária, judicial ou legal. Em qualquer uma de suas formas, é irrevogável. Irrevogabilidade não pode ser confundida com invalidade do ato.
	A voluntária é concedida pelos pais, na condição de o menor ter 16 anos completos (art. 5º, parágrafo único, I). Ela decorre de ato unilateral dos pais que reconhecem a maturidade do filho necessária para reger sua pessoa e seus bens e a "desnecessidade" da proteção que o Estado oferece ao incapaz. A emancipação deve ser feita por ambos os pais, ou por um na ausência do outro (deve ser justificada). Em caso de divergência entre os dois, será dirimida pelo juiz. É expressamente exigido o instrumento público, independentemente de homologação judicial. 
	Segundo a jurisprudência, essa espécie de emancipação não isenta os pais da obrigação de indenizar as vítimas dos atos ilícitos praticado pelo menor emancipado, evitando, assim, emancipações maliciosas. Entende-se que os pais não podem, por sua exclusiva vontade, simplesmente retirar a responsabilidade de seus ombros. 
	A judicial ocorre na hipótese de menor sub tutela que já completou 16 anos de idade e depende da sentença do juiz. Essa espécie deve ser submetida ao crivo do magistrado para evitar emancipações destinadas a apenas livrar o tutor do ônus da tutela e prejudiciais ao menor. O tutor, portanto, não pode emancipar o tutelado. O procedimento é previsto nos artigos 719 e seguintes do Código de Processo Civil. 
	As emancipações voluntária e judicial devem ser registradas em livro próprio do 1º Ofício do Registro Civil da comarca do domicílio do menor. 
	A legal decorre de determinados acontecimentos a que a lei atribui esse efeito.
	Casamento: o casamento válido produz o efeito de emancipar o menor (art. 5º, parágrafo único, II). Caso a sociedade conjugal dissolva-se pela viuvez ou pela separação judicial, o menor não retornará à condição de incapaz. Já o casamento nulo faz com que retorne a incapacidade. A idade mínima para o casamento do homem e da mulher é de 16 anos, com autorização dos representantes legais.
	Exercício de emprego público efetivo: raramente ocorre. O fato de o indivíduo ter sido admitido no serviço público denota maturidade e discernimento.
	Colação de grau em ensino superior: raramente ocorre.
	Existência de relação de emprego com economia própria: estado econômico de independência do menor acarreta a emancipação.
	
	A emancipação legal independe do registro e produzirá efeitos a partir do ato ou fato que a provocou.
EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL - MORTE
O fim da existência da pessoa natural (da personalidade) ocorre com a morte.
Ausentes: indivíduos que desaparecem sem deixar vestígios.Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Morte Real
A morte real é apontada no art. 6º do Código Civil como responsável pelo término da existência da pessoa natural. A sua prova faz-se pelo atestado de óbito ou por ação declaratória de morte presumida, sem decretação de ausência (art. 7º), podendo, ainda, ser utilizada a justificação de óbito prevista no art. 88 da Lei dos Registros Públicos (Lei n. 6.015/73), quando houver certeza da morte em alguma catástrofe, não sendo encontrado o corpo do falecido.
Morte simultânea ou comoriência
Art. 8o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
	Quando duas pessoas morrem em determinado acidente, somente interessa saber qual delas morreu primeiro se uma for herdeira ou beneficiária da outra. O principal efeito da morte simultânea é que, não havido tempo para a transferência de bens entre os comorientes, um não herda do outro. Se em um acidente morre um casal sem descendentes e ascendentes, sem saber-se qual morreu primeiro, um não herdarádo outro: os colaterais da mulher ficarão com sua parte, assim como os do marido ficarão com a dele.
Ausência é o estado em que uma pessoa desaparece de seu domicílio, sem deixar qualquer notícia. Ausente é o indivíduo que desapareceu, consciente ou inconscientemente, voluntária ou involuntariamente.
Morte presumida
Não há um cadáver, portanto a morte será presumida, suposta. 
Ela pode ser:
Com declaração de ausência: se dá quando a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Neste caso, a morte é reconhecida depois de uma sucessão de atos (declaração da ausência e curadoria dos bens, abertura da sucessão provisória e abertura da sucessão definitiva). Somente depois da abertura da sucessão definitiva é que se pode considerar a possibilidade de prática do ato registral que dá publicidade à morte presumida. Há necessidade de declaração judicial. A declaração de ausência produz efeitos patrimoniais.
Art. 6o. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos 
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Sem declaração de ausência: O Código Civil autoriza ao juiz a declaração de morte presumida sem decretação de ausência quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida ou quando alguém, desaparecido em ação militar ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Art. 7o. Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
(Exemplos: acidente aéreo, catástrofe, enchente, entre outros).
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. 
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
PROCESSO DE SUCESSÃO DOS AUSENTES
Sucessão é o fenômeno de transferência de patrimônio (direitos e obrigações) de uma pessoa a outra. Normalmente a abertura da sucessão dá-se com a morte, fenômeno em decorrência do qual termina a existência da pessoa natural. Mas nem toda morte é certa e provada. Com o propósito de contornar o grave problema da ausência de uma pessoa, o sistema jurídico concebe a morte presumida, como se cessasse a existência da pessoa natural. Presume-se que a ausência significa, pelo menos temporariamente, a morte, que justifica a abertura da sucessão, primeiro a provisória e, depois, a definitiva, à medida que envelhece o fato do desaparecimento da pessoa, de cujo paradeiro nada se sabe.
Existem 3 fases do processo de sucessão de ausentes: a curadoria dos bens do ausente, a sucessão provisória e a sucessão definitiva.
No Código Civil:
Artigos 22 – 25 versam sobre a curadoria dos bens do ausente
Artigos 26 - 36 versam sobre a sucessão provisória
Artigos 37 - 39 versam sobre a sucessão definitiva
Curadoria dos bens do ausente
	Nessa fase, que tem duração de 1 ano ou três anos (explicação adiante), procura-se preservar os bens deixados pelo ausente, para hipótese de seu eventual retorno, ou seja: de início, o desaparecimento é considerado transitório. 
	Se o ausente possuir bens, e não tiver constituído, antes de seu desaparecimento, representante, procurador ou mandatário, com poderes suficientes e sem impedimento, para administrar todos os seus bens, haverá um patrimônio com titular, mas sem quem administre. Nesse caso, qualquer interessado ou o Ministério Público poderão requerer ao juiz que seja(m) declarada a ausência, arrecadados os bens e nomeado um curador para administrar os bens do ausente. Além disso, também será declarada a ausência e nomeado um curador quando o mandatário deixado pelo ausente não quiser/puder exercer o "cargo".
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
	
	Quem são os "interessados"?
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Qual a "ordem" de quem pode ser curador?
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo. 
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
	A curadoria fica restrita aos bens, não produzindo efeitos de ordem pessoal. "Equipara-se" à morte somente para permitir a abertura da sucessão. A esposa do ausente não é considerada viúva; para casar-se novamente, terá de promover o divórcio, citando o ausente por edital. 
	Retornando o ausente no período da curadoria de seus bens, esta cessará automaticamente, recuperando ele todos os seus bens.
	Decorrido o prazo (1 ano), sem que o ausente reapareça ou se tenha notícia de sua morte, "poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória, observando-se o disposto em lei" (parágrafo 1°).
	Cessa a curadoria: 
a) pelo comparecimento do ausente, do seu procurador ou de quem o represente
b) pela certeza da morte do ausente
c) pela sucessão provisória 
Sucessão provisória
Com o passar do tempo, a volta do desaparecido se torna menos provável e a probabilidade de o ausente ter morrido aumenta. Assim, o legislador deixa de proteger somente o interesse do ausente e passa a dividir essa proteção com os herdeiros e credores. Essa é a segunda fase, a sucessão provisória, que dura dez anos. Os interessados (art. 27) podem requerer a abertura da sucessão provisória um ano após a curadoria (ou três anos, em caso de o ausente ter deixado representante ou curador).
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido. 
	Esse prazo suplementar de seis meses, segundo a doutrina de Carlos Roberto Gonçalves, é concedido ao ausente para que, ao ter conhecimento das reais e sérias consequências de seu desaparecimento, possa mudar de ideia e talvez retornar.
	Os bens serão entregues aos herdeiros, porém, em caráter provisório e condicional, ou seja, desde que prestem garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos, em razão da incerteza da morte do ausente. Se não o fizerem, não serão imitidos na posse, ficando os respectivos quinhões sob a administração do curador ou de outro herdeiro designado pelo juiz e que preste dita garantia (CC, art. 30, § 1º). O excluído da posse provisória poderá, contudo:
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentosdo quinhão que lhe tocaria.
	Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, todavia, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente (art. 30, § 2º). 
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
	Prescreve o art. 33, caput, que o descendente, o ascendente ou o cônjuge que for sucessor provisório do ausente fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que couberem a este; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, na forma do disposto no art. 29, com a fiscalização do Ministério Público e prestação anual de contas ao juiz.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer*, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
 *durante o período da sucessão provisória
	Por sua vez, prescreve o art. 36 do mesmo diploma:
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
	 Cessará a sucessão provisória pelo comparecimento do ausente e converter-se-á em definitiva:
a) quando houver certeza da morte do ausente; 
b) dez anos depois de passada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória; 
c) quando o ausente contar oitenta anos de idade e houverem decorridos cinco anos das últimas notícias suas.
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Sucessão definitiva
	Depois de passado um longo período de tempo, sem que haja notícia do desaparecido, a probabilidade de o ausente ter morrido aumenta de tal forma que o legislador autoriza que se presuma sua morte, mas ainda vislumbrando a possibilidade de seu retorno. A partir de então, o legislador passa quase toda a proteção para os interesses dos herdeiros, mas ainda resguardando os direitos do ausente caso apareça. Essa é a última fase, a sucessão definitiva, quando o ausente é presumido morto.
	É importante salientar que o ausente só é presumido morto com a abertura da sucessão definitiva. Enquanto isso, seus direitos, obrigações e sua capacidade permanecem como se estivesse vivo, inclusive o ausente herda como qualquer outra pessoa, e a herança adquirida ingressa em seu patrimônio.
	Aberta a sucessão definitiva, os sucessores deixam de ser provisórios, adquirindo o domínio dos bens, mas:
	IMPORTANTE! E se o ausente retornar? 
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.
	A sucessão, então, é "quase definitiva", pois lei ainda admite hipótese, mesmo que remotíssima, do retorno do ausente. 
INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL
Modos de individualização: nome, estado e domicílio.
NOME: designação pela qual a pessoa identifica-se no seio da família e da sociedade. No estudo do nome, tem-se 2 aspectos: público e individual. O público decorre do interesse do Estado na identificação perfeita e correta das pessoas na sociedade. O individual consiste no direito ao nome, no poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir abusos cometidos por terceiros.
O nome pode ser composto (ou não) por:
agnome (Filho, Jr., etc.)
agnome ordinário
partículas (de, da, etc.)
	
Elementos que diferenciam os nomes: 
axônio (Exmo. Sr., Vossa Santidade, etc.)
título acadêmico
título eclesiástico
	O nome completo divide-se em prenome e sobrenome.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
 Prenome é o nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir os membros de uma mesma família. Exemplo: Mariana, Gustavo, Paula, etc. É, segundo o art. 58 da Lei de Registros Públicos, imutável. Pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o filho ao ridículo. 
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios. 
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público.
	A LRP traz algumas exceções a essa regra, possibilitando a alteração do nome civil das pessoas naturais. Deveras, outras situações, não previstas legalmente, mas admitidas pela doutrina e jurisprudência, têm o condão de alterar o nome civil.
Exemplos
Luís Inácio 
Lula 
da Silva
Maria da Graça 
Xuxa 
Meneghel
Hipóteses de alteração do prenome
a) apelidos públicos notórios: possibilidade baseada no artigo 58 da LRP.
	Antes: prenome + apelido + sobrenome (sem substituir)
	Atualmente: prenome apelido + sobrenome (pode substituir)
	A jurisprudência já vinha admitindo a substituição do prenome oficial pelo prenome de uso. Se a pessoa é conhecida por todos por prenome diferente do que consta em seu registro, a alteração pode ser requerida um juízo, pois prenome imutável, segundo os tribunais, é aquele que foi colocado em uso e não o que consta no registro. Atualmente, portanto, o prenome oficial pode substituído, conforme o caso, tanto por apelido popular (exemplos citados) quanto por outro prenome de uso, com base no permissivo criado pela jurisprudência. 
b) exposição ao ridículo: possibilidade baseada na jurisprudência, que há algum tempo, vem admitindo a troca em caso de prenome vexatório, que expõe ao ridículo seu portador. O oficial do cartório não impugnando como deveria o nome "ridículo", pode o portador pleitear a mudança. Depende de autorização judicial. 
c) testemunha em perigo: possibilidade baseada no Parágrafo Único do artigo 58 citado acima. A medida foi adotada pelo legislador com a finalidade de proteger vítimas e testemunhas de fatos criminosos e que são ameaçadas. Mediante requerimento ao juiz competente, ouvido o Ministério Público, pode o registro ser revertido à sua condição inicial após cessada a coação ou ameaça. O procedimento neste caso obedecerá ao rito sumário e correrá em segredo de justiça.
d) erro de grafia: possibilidade baseada no artigo 110 LRP, inciso I. Independe de prévia autorização judicial. 
Art. 110.  O oficial retificará o registro, a averbação ou a anotação, de ofício ou a requerimento do interessado, mediante petição assinada pelo interessado, representante legal ou procurador, independentemente de prévia autorização judicial ou manifestação do Ministério Público, nos casos de:         
I - erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção; 
[...]
e) transexualidade: em 2018, o Supremo Tribunal Federal definiu, por unanimidade, que todo cidadão tem o direito de escolher a forma como deseja ser chamado, reconhecendo, assim, que pessoas trans podem alterar o nome e o sexo no registro civil sem que se submetam a cirurgia. A mudança de nome pode ocorrer sem decisão judicial,bastando que o interessado se dirija ao cartório para solicitar a mudança, sem necessidade de comprovar sua identidade psicossocial.
f) estrangeiros: possibilidade baseada na Lei de Migração.
Art. 71.  O pedido de naturalização será apresentado e processado na forma prevista pelo órgão competente do Poder Executivo, sendo cabível recurso em caso de denegação.
§ 1o  No curso do processo de naturalização, o naturalizando poderá requerer a tradução ou a adaptação de seu nome à língua portuguesa.
§ 2o  Será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado associado ao nome anterior.
g) adoção: possibilidade baseada no artigo 47 (parágrafo 5°) do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial, que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
	[...]
§ 5o  A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do prenome.
	[...]
h) homonímia: fenômeno decorrente da existência de nomes iguais, que causa confusões em registros. Nesse caso, admite-se o acréscimo de mais um prenome. Depende de autorização judicial. 
i) alteração do prenome por conta da maioridade: possibilidade baseada no artigo 56 da LRP. Independe de justificação. O interessado poderá alterar seu nome, desde que não prejudique o sobrenome e a terceiros, na fluência do primeiro ano após a maioridade civil. É a única hipótese de modificação imotivada, bastando a vontade do titular. Nesse caso, apenas o nome poderá ser alterado, deixando o sobrenome intacto. Esgotado esse prazo decadencial (uma no após a maioridade civil), a retificação só poderá ser judicial e muito bem fundamentada.
Art. 56 - O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa.
	 Sobrenome identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe. Pode também ser chamado de apelido familiar ou patronímico. Enquanto o prenome é a designação do indivíduo, o sobrenome é o característico de sua família, transmissível por sucessão. Sua alteração, em regra, é proibida. Há exceções. Em razão do princípio que é de ordem pública, da estabilidade do nome, só deve ser alterado em casos excepcionais. Decidiu o Superior Tribunal de Justiça que “o nome pode ser modificado desde que motivadamente justificado”.
	As pessoas já nascem com o apelido familiar herdado dos pais.
Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o impedir a condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato.
Hipóteses de alteração do sobrenome
a) casamento: de acordo com o Código Civil, é possível acrescentar o sobrenome do cônjuge ao nome civil durante toda a convivência conjugal, por meio de ação de retificação de registro civil, não estando a alteração limitada à data da celebração do casamento. O cônjuge perde o direito de conservar o sobrenome do outro se o casamento for declarado nulo. 
Art. 1.565. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.
b) divórcio: 
Art. 1.571 § 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.
c) adoção: nesse caso, o adotado não pode conservar o sobrenome de seus pais de sangue, visto que houve desligamento dos vínculos de parentesco. Será acrescentado, obrigatoriamente, o sobrenome dos adotantes. Facultativamente, pode ser alterado o prenome do adotado (como disposto no ECA, já citado anteriormente no tópico da alteração do prenome).
d) exclusão do sobrenome materno/paterno: o filho, ao ser abandonado pelo pai ou pela mãe, resolve retificar o registro para que se exclua o sobrenome de quem o abandonou. 
e) adição de sobrenome do padrastro/madrasta: uma criança perde o pai/mãe; em novo casamento o genitor vivo adota sobrenome do cônjuge; pode o adolescente criado por este adicionar o nome do padrasto/madrasta, em razão os laços criados, tornando mais harmonioso o relacionamento familiar.
Art. 57. § 8o  O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.
d) descoberta do "pai verdadeiro": caso seja descoberto que o pai biológico do filho é outro, diferente do que consta na certidão de nascimento, o sobrenome registrado pode ser substituído pelo do pai biológico, com autorização deste. Caso o indivíduo tenha sido criado pelo pai constado na certidão de nascimento e, assim, criado vínculos afetivos, pode optar por continuar com o sobrenome deste. O mesmo vale para casos em que seja descoberta a "verdadeira mãe biológica". 
ESTADO
	O termo estado é utilizado para designar os vários predicados integrantes da personalidade. É a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. Suas características são: indivisibilidade, indisponibilidade e imprescritibilidade. Em geral, são distinguidas três ordens de estado:
	Estado individual: modo de ser da pessoa relacionado à idade, sexo, saúde, entre outras características que dizem respeito à particularidades de sua constituição orgânica que exercem influência sobre a capacidade civil (homem, mulher, maioridade, menoridade etc.). 
	Estado familiar: indica a situação do indivíduo na família, em relação ao matrimônio (solteiro, casado, viúvo, divorciado) e ao parentesco, por consanguinidade ou afinidade (pai, filho, irmão, sogro, cunhado etc.). 
	Estado político: qualidade que advém da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) e estrangeiro. C.F.:
Art. 12. São brasileiros:
I - natos:
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;                 
II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
DOMICÍLIO
	As relações jurídicas se formam entre pessoas, logo, é necessário que estas tenham um local, livremente escolhido ou determinado pela lei, onde possam ser encontradas para responder por suas obrigações. Esse ponto de referência é o domicílio - de suma importância em todos os ramos do direito, mas especialmente no direito processual civil, para determinação do foro competente.
Domicílio da pessoa natural
	O atual Código Civil trata conjuntamente do domicílio da pessoa natural e da pessoa jurídica no Título III do Livro I da Parte Geral. 
	O domicílio da pessoa natural é definido como o lugar onde ela, de modo definitivo, estabelece sua residência e responde por suas obrigações, a sede principal de seus negócios. 
	Tem-se, a partir dessa definição, duas ideias principais:
 morada: relacionada à família, ao lar, ao ponto onde o homem se recolhe para a vidaíntima e o repouso
 centro de atividade: relativa à vida externa, às relações sociais, ao desenvolvimento das faculdades de trabalho.
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
	O conceito de domicílio civil, portanto, é constituído por dois elementos: o objetivo, que é a residência, mero estado de fato material; e o subjetivo, de caráter psicológico, consistente no ânimo definitivo, na intenção de fixar-se de modo permanente no local. 
residência + ânimo definitivo = domicílio
	A residência é, portanto, apenas um elemento componente do conceito de domicílio. O termo também não pode ser confundido com morada ou habitação, local ocupado pela pessoa esporadicamente, como a casa de praia ou de campo, etc. 
	Uma pessoa pode ter um só domicílio e mais de uma residência. Pode ter também mais de um domicílio - a pluralidade domiciliar é admitida no Código Civil. 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Admite-se que uma pessoa pode ter domicílio sem possuir residência determinada, ou que esta seja de difícil identificação. É o caso de ciganos, andarilhos, entre outros. Neste caso, o domicílio é o local onde a pessoa for encontrada. 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Espécies de domicílios
	O domicílio voluntário geral é aquele que depende da vontade exclusiva do interessado. Qualquer pessoa, não sujeita a domicílio necessário, tem a liberdade de estabelecer o local em que pretende instalar a sua residência com ânimo definitivo, bem como de mudá-lo, quando lhe convier. 
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
	O domicílio voluntário especial pode ser: 
	
de contrato (art.78, CC)
	sede jurídica/local especificado no contrato para o cumprimento das obrigações dele resultantes.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
de eleição (art. 63, CPC).
	local escolhido pelas partes para propositura de ações relativas às referidas obrigações e direitos recíprocos.
Art. 63.  As partes podem modificar a competência em razão do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e obrigações.
§ 1o A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
	O domicílio necessário ou legal é o determinado pela lei, em razão da condição de certas pessoas, deixando, assim, de existir liberdade de escolha. 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
	Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Domicílio da pessoa jurídica
	A rigor, a pessoa jurídica de direito privado não tem residência, mas sede ou estabelecimento. O domicílio da pessoa jurídica trata-se de domicílio especial, livremente escolhido no estatuto ou ato constitutivo. A PJ também pode ter pluralidade domiciliar - em caso da existência de filiais, agências, departamentos ou escritórios, situados em comarcas diferentes, poderá ser demandada no foro em que tiver praticado o ato. 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
	[...]
	IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
	§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
PESSOA JURÍDICA
	O homem é um ser eminentemente social, vive em grupos. Nem sempre as necessidades e os interesses do indivíduo podem ser atendidos sem a participação e cooperação de outras pessoas, em razão das limitações individuais. A necessidade de se agrupar para atingir uma finalidade, para alcançar um objetivo ou ideal comum, sempre existiu.
	O direito não podia ignorar essas unidades coletivas e passou a discipliná-las, para que possam participar da vida jurídica como sujeitos de direitos. 
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
	
	A pessoa jurídica, portanto, consiste num conjunto de pessoas ou de bens, dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns. Pode-se afirmar, pois, que pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações. A sua principal característica é a de que atuam na vida jurídica com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem (CC, art. 50, a contrario sensu, e art. 1.024).
	 
Requisitos para a constituição da pessoa jurídica
vontade humana criadora (intenção de criar uma entidade distinta da de seus membros)
	Materializa-se no ato de constituição, que deve ser escrito. São necessárias duas ou mais pessoas com vontades convergentes, ligadas por uma intenção comum (affectio societatis).
elaboração do ato constitutivo 
	O ato constitutivo é requisito formal exigido pela lei e se denomina estatuto, em se tratando de associações, contrato social, no caso de sociedades e escritura pública ou testamento, em se tratando de fundações. 
registro do órgão constitutivo no órgão competente 
	O ato constitutivo deve ser levado a registro para que inicie-se a existência legal da pessoa jurídica de direito privado. Antes do registro, não passará de "mera associação" ou “sociedade de fato”, sem personalidade jurídica, ou seja, mera relação contratual disciplinada pelo estatuto ou contrato social. Além de servir de prova, tem natureza constitutiva, por ser atributivo da personalidade da PJ, para participar da vida jurídica como sujeito de direitos.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
	Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
liceidade de seu objetivo
	É indispensável para a formação da pessoajurídica. 
	Nas sociedades em geral: objetivo é o lucro pelo exercício da atividade. 
	Nas associações: fins não econômicos - objetivos de natureza cultural, educacional, esportiva, religiosa, filantrópica, recreativa, moral etc. 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
	Nas fundações: os fins só podem ser: 
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas” (CC, art. 62, parágrafo único, com a redação dada pela Lei n. 13.151/2015).
Da administração da PJ
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo.
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular as decisões a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude.
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear-lhe-á administrador provisório.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
Grupos despersonalizados 
	Nem todo grupo social com objetivo em comum é dotado de personalidade.
família
massa falida
heranças jacente e vacante 
espólio
sociedades e associações sem personalidade jurídica
condomínio
Classificação da pessoa jurídica
	a) Quanto à nacionalidade (nacional ou estrangeira)
	b) Quanto à estrutura interna - pode ser:
Corporação
Fundação
Conjunto de pessoas reunidas para melhor realização de seus objetivos (internos). Divide-se em:
Acervo de bens que recebe personalidade para a realização de fins determinados.
Associações
Sociedades
	c) Quanto à função ou à órbita de sua atuação - direito público e direito privado
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;       
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código.
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.
Pessoas jurídicas de direito privado
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
	I - as associações;
	II - as sociedades;
	III - as fundações.
	IV - as organizações religiosas;
	V - os partidos políticos;
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. 
	As associações são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que reúnem os seus esforços para a realização de fins NÃO ECONÔMICOS. Não há, entre os membros da associação, direitos e obrigações recíprocos, nem intenção de dividir resultados, sendo os objetivos altruísticos, científicos, artísticos, beneficentes, religiosos, educativos, culturais, políticos, esportivos ou recreativos. A Constituição Federal garante a liberdade de associação para fins lícitos (CF, art. 5º, XVII). No atual Código Civil, os artigos 53 até 61 discorrem sobre as associações. 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos.
	Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
	Uma associação pode, eventualmente, realizar negócios para manter ou aumentar seu patrimônio, sem proporcionar ganhos aos associados. Isso não muda o fato de o fim ser "não-econômico". Ou seja: toda associação pode realizar atividades econômicas - o que deve ser vedado é que essas atividades tenham finalidade lucrativa, proporcionando ganhos aos associados.
	O estatuto das associações conterá:	
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;      
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.
Os associados possuem direitos iguais. Porém, por meio do estatuto, pode-se criar posições privilegiadas ou conferir direitos preferenciais para certas categorias de membros, como a dos fundadores, que não poderão ser alterados sem seu consenso, mesmo que haja decisão assemblear aprovando tal alteração.
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
	A qualidade de associado é intransmissível (caso o estatuto não disponha o contrário). O estatuto pode, portanto, autorizar a transmissão dos direitos dos associados a terceiros. A transmissão patrimonial não importará, em regra, na atribuição da qualidade de associado, sujeita ao preenchimento de determinados requisitos exigidos no estatuto. 
Art. 56. qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.
Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.
	É permitido ao associado retirar-se a qualquer tempo, sem necessidade de justificar o pedido, pois “ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado” (CF, art. 5º, XX). Pode o estatuto impor certas condições para a retirada, como o cumprimento de obrigações sociais eventualmente assumidas, mas não poderá obrigar o associado a permanecer filiado à entidade.
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.
Art. 59. Compete privativamente à assembléia geral:           
I – destituir os administradores;         
II – alterar o estatuto.        
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste artigo é exigido deliberação da assembléia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum será o estabelecido no estatuto, bem como os critérios de eleição dos administradores.
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-la.      
	O que acontece com os bens da associação em caso de sua dissolução? 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente

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