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Apostila Dir das Sucessões FANAP

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DIREITO CIVIL: 
DIREITO DAS SUCESSÕES
Conforme Lei nº 10.406, de 10-01-2002 (Código Civil)
8º Período – Curso de Direito
	
Prof. Me. Antônio José Resende
Mestre em Filosofia pela UFMG (1999),
Especialista em Direito Civil e Processo Civil (PROORDEM/ESD), 
Advogado e Professor na PUCGOIAS, FANAP e ISC.
Contatos: (62) 981510162; ajresendeadv@gmail.com 
SUMÁRIO: 1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES; 1.1 – Considerações iniciais; 1.2 - Conceito e previsão legal da sucessão mortis causa; 1. 3 – O vocábulo SUCESSÃO; 1.4 – Conteúdo do Direito das Sucessões; 1.5 – Princípio da “SAISINE” (ou direito de “saisine” – “droit de la saisine”).
1 – INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES
1.1 – Considerações Iniciais 
	O objetivo deste texto é apresentar o conteúdo normativo do Direito das Sucessões previsto no ordenamento jurídico pátrio, quanto à sucessão mortis causa.
	Este material possui caráter didático e tem como finalidade orientar o estudo e a pesquisa sobre o fundamento jurídico do direito sucessório, visando a sua compreensão para a aplicação prática nos procedimentos da Doação, do Testamento, do Inventário e da Partilha.
	São apresentados comentários doutrinários com o objetivo de auxiliar a compreensão dos temas que serão estudados, bem como colocar o aluno em contato com as principais interpretações doutrinárias.
	Destacam-se também as principais previsões jurisprudenciais acerca do direito sucessório, necessárias para a compreensão da sua evolução e aplicação na atualidade.
	Pretende-se abordar os aspectos principais do tema em comento, com o rigor necessário da atividade acadêmica, porém sabemos que é impossível aprofundá-los nesta abordagem sintética.
	Para isto, é necessário o aprofundamento do estudo através da leitura do próprio código e dos comentadores desta área específica do Direito Civil pátrio.
A morte constitui um fato jurídico de grande relevância para o âmbito do direito, uma vez que este acontecimento desencadeia uma série de efeitos que afetam profundamente as relações jurídicas entre os indivíduos.
Há uma finalidade intrínseca na transmissão dos bens do autor da herança para seus herdeiros, para manter o patrimônio no âmbito da família.
Ocorre uma circulação de bens e riquezas que são transmitidos de geração para geração. Fortalece a economia porque forma uma espécie de poupança a ser transmitida aos descendentes.
É evidente que esta noção tem que ser compreendida no contexto da sociedade capitalista e da livre iniciativa.
Sabe-se que historicamente há diversas concepções sobre o direito de herança. Autores como Immanuel Kant, Montesquieu, Augusto Comte, Fichte e Stuart Mill pensavam que a transmissão da herança servia como um desestímulo ao trabalho.
Para Cristiano Chaves de Faria e Nelson Rosenvald (2015), no viés da interpretação constitucional do Direito das Sucessões pode-se falar em função social da sucessão.
Esta noção decorre da própria função social da propriedade, bem como do direito subjetivo à propriedade.
Afirmam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2015: 19) que, “há, pois, uma relevante função social no direito sucessório. Isso porque a transmissão patrimonial de alguém que faleceu gera a conservação das unidades econômicas, em prol da proteção de seu núcleo familiar”. 
Enfim, o Direito das Sucessões tem como finalidade regulamentar a transmissão do conjunto de relações jurídicas patrimoniais do falecido para aqueles que deverão sucedê-lo.
Desta forma, não deve haver bens sem titularidade. Por isso, a necessidade da normatização da sucessão no patrimônio deixado pelo falecido.
1.2 - Conceito e previsão legal da sucessão mortis causa
PREVISÃO CONSTITUCIONAL: Direito à herança – art. 5º, XXX e XXXI; Direito de propriedade e a sua função social – art. 5º, XXII e XXIII, art. 170, II e III; Princípio da dignidade da pessoa humana – art. 170, II e III; Construção de uma sociedade justa, livre e fraterna – art. 3º, I, todos da CF/1988.
PREVISÃO LEGAL: O Direito das Sucessões está previsto nos artigos 1.784 a 2.027, do Livro V, da Parte Especial do Código Civil (Lei nº 10.406, de 10-01-2002), portanto em sua última parte.
Arts. 1.784 a 1.828, CC/2002 (Título I – Da Sucessão em geral, Capítulo I – Disposições gerais); 
Arts. 1.829 a 1.844, CC/2002 (Título II – Sucessão legítima, Capítulo I – Da Ordem da vocação hereditária); 
Arts. 1.845 a 1.856, CC/2002 (Capítulo II – Dos Herdeiros necessários).
Arts. 1.857 a 1.990, CC/2002 (Título III – Da Sucessão Testamentária).
Arts. 1.991 a 2.027, CC/2002 (Título IV – Do Inventário e da Partilha).
Inventário e Partilha – Os procedimentos normativos encontram-se nos artigos 610 a 667, do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16-3-2015).
Testamento e Codicilo – art. 735 a 737, CPC.
Da Herança Jacente – art. 738 a 745, CPC.
Dos bens do ausente – art. 744/745, CPC.
CONCEITO: Direito das sucessões é o conjunto de normas que disciplina as transferências das relações jurídicas patrimoniais de alguém, depois da sua morte, ao herdeiro em virtude de lei ou de testamento.
Em outros termos, pode-se dizer que são disposições reguladoras da transmissão de bens ou valores e dívidas do falecido, ou seja, a transmissão do ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro. O herdeiro insere-se na titularidade de uma relação jurídica advinda do falecido, assume direitos e obrigações do antigo titular.
O falecido é denominado autor da herança ou de cujus. Esta expressão latina é a abreviatura da frase “de cujus sucessione (ou hereditatis) agitur” – aquele de cuja sucessão (ou herança) se trata.
HERANCA – É o patrimônio do de cujus, ou seja, o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem aos herdeiros. É o conjunto de direitos e obrigações que se transmitem, em razão da morte, a uma pessoa ou a um conjunto de pessoas, que sobrevivam ao falecido. Somatório em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e as ações de que era titular o falecido, e as que contra eles foram propostas, desde que transmissíveis. Direitos personalíssimos (intuitu personae) não são transmissíveis. 
ESPÓLIO – o acervo hereditário recebe o nome de espólio. Trata-se de massa patrimonial administrada e representada pelo inventariante. Constitui-se em uma universalidade de bens de existência transitória.
Não tem personalidade jurídica, mas tem capacidade jurídica para demandar e ser demandado (art. 75, VII, CPC). É ente despersonalizado, em sentido jurídico.
SUCESSÃO – direito subjetivo à sucessão, de titularizar bens de quem morreu.
1. 3 – O vocábulo SUCESSÃO
Do latim succedere, traduz a ideia de alguém que assume o lugar de outra pessoa, passando a responder pelos seus bens, direitos e obrigações.
Sucessão é o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra substituindo-a na titularidade de determinados bens, direitos e obrigações.
A palavra sucessão, na acepção jurídica, apresenta dois sentidos:
em sentido amplo: ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens e direitos. Ato pelo qual alguém sucede a outrem, investindo-se no todo ou em parte nos direitos que lhe pertenciam.
Trata-se da sucessão inter vivos. Ex: Numa compra e venda, o comprador sucede ao vendedor; numa doação, o donatário sucede ao doador. Isto ocorre em todos os modos derivados de adquirir o domínio ou o direito. Não se verifica apenas no direito das obrigações, ocorre também no direito das coisas (Ex: acessio possessionis), e ate no direito de família, quando os pais decaem do poder familiar e são substituídos pelo tutor nomeado pelo juiz.
em sentido estrito: a palavra é usada para designar a sucessão decorrente da morte de alguém. Designa a transferência parcial ou total de herança a um ou mais herdeiros. É a sucessão causa mortis ou mortis causa. 
No sentido objetivo é o conjunto de leis que regulamentam o conjunto de direitos e obrigações patrimoniais de uma pessoa depois da sua morte; em sentidosubjetivo, é o direito de suceder.
A sucessão é também denominada delação ou devolução necessária.
1.4 – Conteúdo do Direito das Sucessões
Secessão em geral – são as regras gerais sucessórias, que se aplicam a toda e qualquer sucessão. São regras universais de sucessão, aplicáveis tanto à sucessão legal ou legítima quanto à sucessão testamentária (art. 1.784 a 1.828, CC).
Sucessão legítima – é aquela que se opera por força da lei. É a sucessão do cônjuge/companheiro, filhos, pais, irmãos etc. (art. 1.829 a 1.856, CC).
Sucessão testamentária – é estabelecida de acordo com a vontade do autor da herança (art. 1.857 a 1.990, CC).
Inventário e Partilha – são as regras processuais sucessórias, que são estudadas de forma mais detida em Direito Processual Civil (art. 1.991 a 2.027, CC; art. 610 a 667, CPC).
1.5 – Princípio da “SAISINE” (ou direito de “saisine” – “droit de la saisine”)
	O princípio da “saisine” é um instituto do Direito das Sucessões, previsto no artigo 1.784 do Código Civil, consistente em uma ficção jurídica que proporciona aos herdeiros a posse indireta do patrimônio deixado causa mortis pelo falecido.
Determina que no momento da morte do autor da herança, o de cujus, transmite-se o domínio e a posse dos bens da herança aos herdeiros, independentemente de quaisquer formalidades.
- Art. 1784 do CC: Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
- Surgiu na Idade Média e foi instituído pelo direito costumeiro francês.
- A expressão “saisine” deriva do vocábulo latino sacire, que significa “apropriar - se”, “se imitir na posse”, “por para dentro”.
- Instituído na França desde o século XIII, determina que a propriedade e a posse da herança passem aos herdeiros com a morte do autor da herança (de cujus).
- O próprio falecido transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança (le mort saisit le vif). Isto ocorre por efeito direto da lei.
- Embora a morte não se confunda com a transmissão da herança, já que a morte é pressuposto para a transmissão da herança, a lei, por uma ficção jurídica, torna-as coincidentes em termos cronológicos, presumindo que o próprio falecido investiu seus herdeiros no domínio e na posse indireta de seu patrimônio, porque o patrimônio não pode ficar sem titular.
- Por força desse princípio, no mesmo instante em que acontece a morte, abre-se a sucessão e transmite-se a herança aos herdeiros legítimos e testamentários, ainda que ignorem o fato da morte.
- Não há direito subjetivo sem titular, por isso os bens não podem ficar sem donos.
1. 5.1 - Consequências:
Deste princípio decorrem varias consequências, dentre elas podemos destacar:
- Fixação da norma legal que disciplinará a sucessão. A legitimação para suceder é regulada pela lei vigente ao tempo da abertura da sucessão (art. 1.787, CC). Direito intertemporal.
Ex. morte antes da CF/1988 - o filho adotado nada herda se concorre com filhos consanguíneos do adotante, mesmo que o inventário seja feito apos a CF/1988.
- Verificação da capacidade para suceder.
- O herdeiro que sobrevive ao de cujus, mesmo que por um instante, herda os bens deixados e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida.
- é na ocasião da transmissão da herança (ou seja, no momento da morte) que se deve verificar o valor dos bens que compõem o acervo hereditário, de forma a determinar o monte partilhável e o valor do imposto de transmissão causa mortis.
- Cálculo da legítima. 
- Súmula 112 (STF): O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão. (DJE de 13.12.1963).
Ver artigos:
CC, art. 1.784 – Para a sucessão aplica-se a Lei do tempo da morte do autor da herança.
CC, art. 1.206 e 1.207 – Transmissão da posse aos herdeiros legítimos, testamentários e legatários.
Art. 613, CPC – “Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio na posse do administrador provisório”.
Administrador provisório e Inventariante = posse direta; Herdeiros = posse indireta (art. 1.197, CC).
Art. 10, da Lei nº 4.657/1942 (LINDB).
OBSERVAÇÃO 1: DIFERENÇA ENTRE MEAÇÃO E HERANÇA: 
Vale lembrar que os institutos da meação e da sucessão se diferenciam. 
MEAÇÃO – A meação decorre do Direito de Família e se refere à divisão dos bens comuns, dependendo do regime de bens adotado no casamento.
HERANÇA – Por outro lado, a sucessão ocorre sobre os bens deixados pelo falecido, sendo deferida a transmissão causa mortis. Assim, excluída a meação há o patrimônio do falecido, que é a herança a ser dividida legalmente entre os herdeiros.
OBSERVAÇÃO 2:	Custas processuais e o imposto (ITCD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação) devem ser calculados sobre a herança e não da meação.
	Exclui a meação, para calcular custas e tributo sobre a herança.
SUMÁRIO: 2 – DA SUCESSÃO EM GERAL; 2.1 – Espécies de Sucessão; 2.2 – Espécies de Sucessores; 2.3 – Lugar de Abertura da Sucessão; 2.4 – Da Herança e sua Administração; a) Indivisibilidade e unidade da herança; b) Administração provisória da herança; c) Responsabilidade dos herdeiros; d) Cessão de direitos hereditários; e) Direito de preferência do co-herdeiro; 2.5 – Abertura do Inventário; 2.6 – Legitimação para suceder; 2.6.1 – Legitimação para suceder por testamento; 2.6.2 – Não podem ser nomeados herdeiros testamentários nem legatários (art. 1.801, CC); 2.7 – Aceitação da Herança; a) Conceito; b) Espécies de aceitação; c) Características da aceitação; d) Irretratabilidade da aceitação (art. 1812, CC); 2.8 – Renúncia da Herança; a) Conceito; b) Forma; 2.8.1 – Espécies de Renúncia; a) Abdicativa ou renúncia propriamente dita (renúncia própria); b) Renúncia Translativa ou imprópria; 2.8.2 – Restrições legais ao direito de renunciar; 2.8.3 – Efeitos da Renúncia; 2.8.4 – Ineficácia e Invalidade da Renúncia; 2.8.5 – Irretratabilidade da Renúncia; 2.9 – Excluídos da Sucessão; 2.9.1 – Exclusão por INDIGNIDADE – é uma sanção civil que acarreta a perda do direito sucessório (art. 1.814 – 1.818, CC); a) Pressupostos para exclusão por indignidade; b) Causas de exclusão por indignidade; c) Procedimento para exclusão do indigno da herança; d) Efeitos da indignidade; e) Reabilitação ou perdão do indigno (art. 1.818, CC); 2.9.2 – Excluídos da sucessão por DESERDAÇÃO (art. 1.961 – 1.965, CC); 2.9.10 - Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente; 2.10 – HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE; a) HERANÇA JACENTE; b) HERANÇA VACANTE; 2.11 – DA SUCESSÃO DO AUSENTE.
2 – DA SUCESSÃO EM GERAL
A morte completa o ciclo vital da pessoa humana, e, juridicamente extingue a sua personalidade. Ocorre, para os efeitos legais, o fim da existência da pessoa natural.
O art. 6º, do Código Civil, dispõe: “A existência da pessoa natural termina com a morte”.
- Exige-se a prova da morte real, mediante apresentação da certidão de óbito. Cabe ao médico atestar o óbito, indicar a data e a hora em que ocorreu. É o registro do óbito que prova a morte (art. 9º, I, CC).
- A morte e o fato que transforma a mera expectativa do herdeiro em direito.
- Não há que se falar em herança de pessoa viva, embora possa ocorrer a abertura da sucessão do ausente, presumindo-lhe a morte.
	O estudo doutrinário e a normatização sobre o término da pessoa natural (personalidade civil) concebem a morte sob três aspectos:
a) Morte real. O término da pessoa natural ocorre com a morte – art. 6º do CC/2002. Nesse caso, quando há o corpo (cadáver) para que seja examinado e emitido o atestado de óbito.
b) Morte civil: Código Comercial, art. 157, que trata de extinção do mandato mercantil (Artigo revogado, conforme art. 2.045 do CC/2002); art. 1.816 do CC/2002 (A pessoa excluída da sucessão (deserdação), no inventário, é considerada como se morta fosse. No entanto, essa sanção não atinge os seus herdeiros, isto é, os filhos do herdeiro excluído recebem a herança que lhe seria devida).
OBSERVAÇÃO: Essa terminologia da morte civil não é mais utilizada no nosso Direito atual. 
c) Morte presumida: art. 6º eart. 7º do CC/2002. Que ocorre de duas formas:
Morte presumida sem a decretação de ausência (procedimento): o Código Civil prevê hipóteses em que não há certeza da morte (presença do corpo e atestado de óbito), mas sim uma probabilidade muito alta de ela ter ocorrido. Previsto no art. 7º, I, do CC/2002. São casos, por exemplo, de incêndio, inundação, terremoto, queda de avião, situações em que o corpo da pessoa não é encontrado. Também se aplica aos militares que não retornam de guerra após dois anos do seu término (art. 7º, II do CC/2002).
Para esses casos há o procedimento de justificação de óbito (art. 88 da Lei nº 6.015/1973 e art. 861 do CPC). Após a justificação e registro, a família já está habilitada a fazer o inventário para transferência da propriedade aos herdeiros legítimos e testamentários. Na hipótese de retorno do presumivelmente morto, pode-se aplicar por analogia o art. 39 do CC/2002, que versa sobre hipótese parecida, mas no procedimento de ausência.
Critério utilizado para a declaração de morte presumida: somente “depois de esgotadas as buscas e averiguações” – parágrafo único, do art. 7º do CC/2002. 
Ausência (morte presumida com decretação de ausência): A ausência como presunção de morte e a sua declaração judicial. Destina-se a transferir de modo lento e gradual o patrimônio de alguém que simplesmente desapareceu, sem que um acidente trágico ou uma guerra tivesse dado causa ao sumiço. A pessoa simplesmente deixa seu domicílio sem notícias e sem procurador (art. 22 do CC/2002). Nestes casos, a probabilidade de morte não é tão alta quanto na morte presumida, e por isso a lei estabelece um procedimento específico, abaixo explicitado. 
- Pressupostos da ausência: ver arts. 22 a 29 do CC/2002.
FÁTICO: desaparecimento da pessoa – art. 22 do CC/2002;
JURÍDICO: Sentença declaratória de ausência – art. 9º, IV do CC/2002. 
OBS. A Declaração de ausência deverá ser registrada no Cartório de Registros Civis, para que tenha validade – arts. 77 a 88 da lei 6.015 de 1973 (Lei de Registros Públicos). 
COMORIÊNCIA E SUCESSÃO
O art. 8º, do Código Civil, trata do instituto da comoriência, que também tem efeitos para o direito sucessório. Senão vejamos.
Comoriência: a lei estabelece presunção de morte simultânea para os casos em que não se puder provar a ordem (tempo) de falecimentos, o que é comum em acidentes de trânsito, desastres aéreos e naufrágios. Tal presunção é denominada comoriência (art. 8º do CC/2002) e tem importantes repercussões no campo do direito de sucessão, principalmente se os falecidos forem casados, mas só tem lugar na hipótese de ser impossível identificar quem faleceu primeiro.
O exemplo seguinte mostra como ocorrem determinadas implicações da comoriência no direito sucessório. 
Imagine que Antonio é casado, em segundas núpcias, pelo regime de comunhão universal de bens, com Benedita e tem, do primeiro casamento, um filho, Carlos. Considere, ademais, que a mãe de Benedita, Darcy, é viva. Para simplificar, essas pessoas não têm nenhum outro descendente ou ascendente vivo. Pois bem, falecendo Antonio antes de Benedita, metade dos bens do casal caberá a ela em razão do regime de bens do casamento, e a outra metade será transmitida por sucessão aos herdeiros dele. No caso, como o falecido deixou um filho, é ele que passará a titularizar os bens transmitidos pela morte de Antonio. Em conseqüência, do patrimônio originalmente em nome do casal, Benedita ficará com 50%, correspondente à sua meação, e Carlos, com os restantes 50%. Vindo Benedita a falecer em seguida, todo o seu patrimônio será transmitido à única herdeira, sua mãe Darcy. 
	Veja como se alteram os direitos sucessórios, caso Benedita morra antes de Antonio. Se assim for, metade dos bens do casal caberá a Antonio, em razão do regime do casamento, e a outra metade será transmitida por sucessão aos herdeiros de Benedita. Como a falecida não deixou descendentes, a mãe e o cônjuge viúvo são herdeiros concorrentes. Cada um ficará com metade dos bens transmitidos pela morte de Benedita. Desse modo, do patrimônio originalmente em nome do casal, Antonio ficará com 75% (50% de sua meação e mais 25% como herança) e Darcy, com 25%. Vindo a morrer, depois, Antonio, todo o seu patrimônio será transmitido ao único herdeiro, o filho Carlos.
	[...] E se Antonio e Benedita falecerem ao mesmo tempo? Estavam, admita-se, viajando de avião, e o aparelho caiu provocando a morte de todos os seus ocupantes. Nesse caso, Antonio deixa a metade que lhe cabe no patrimônio do casal para o seu único herdeiro, o filho Carlos; e Benedita deixa a sua metade para sua única herdeira, a mãe Darcy.[1: COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil: parte geral. v. 1. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 230-231. Grifos do autor.]
2.1 – Espécies de Sucessão
O art. 1.786, do Código Civil, prevê – “a sucessão dá-se por lei ou ato de última vontade”.
Quanto à fonte, a sucessão pode ser:
a) Sucessão Legítima ou ab intestato – ocorre em virtude da lei, de acordo com a ordem da vocação hereditária, presumindo a vontade do autor da herança.
*Art. 1.788, CC – pessoa que morre sem testamento, a herança é transmitida aos herdeiros legítimos indicados na lei (art. 1.829, CC), de acordo com uma ordem de preferência (ordem de vocação hereditária).
Representa a vontade presumida do falecido de transmitir seu patrimônio às pessoas indicadas na lei, porque se quisesse de outra forma teria deixado testamento.
*Art. 1.788, CC, segunda parte – a sucessão pode ser ao mesmo tempo legítima e testamentária - quando o testamento não abrange todos os bens do de cujus, os não incluídos passam aos herdeiros legítimos.
* Art. 1.788, CC, parte final – se o testamento caducar ou for julgado nulo, a sucessão será legítima. Ex. falta dos bens deixados, revogação do testamento.
A sucessão legítima ocorre, portanto, quando:
Não há testamento/Inexistência de testamento;
Testamento caducar (CC, art. 1.939 e 1.940) ou for considerado nulo (CC, art. 1.788; art. 1.863, CC).
Herança vacante, isto é, sem herdeiros, vai para o Município, DF ou União – art. 1.822, CC.
b) Sucessão Testamentária – dá-se por disposição de última vontade do autor da herança, expressa em testamento, legado ou codicilo. Estes são mecanismos ou meios necessários para o exercício da autonomia privada do autor da herança.
	ATENÇÃO! Ler o art. 1.789, CC.
	Testamento: Quando o autor da herança dispõe da uma porcentagem do seu patrimônio para uma ou mais pessoas. Ex. O autor da herança deixa um testamento dispondo de 0,5% do seu patrimônio para uma determinada pessoa.
	Este é um herdeiro testamentário, que recebe a título universal.
	Legado: Ocorre quando o autor da herança dispõe de um bem determinado (especificado/individualizado) para uma determinada pessoa.
Este é um herdeiro legatário, que recebe a título singular.
Codicilo: ato de última vontade para disposições de pequeno valor. Ex. pessoa dispõe em um documento assinado sobre como quer o seu enterro, ou para quem quer dar as suas joias, relógio, suas roupas etc.
ATENÇÃO! Art. 1.846, CC – Havendo herdeiros necessários – herança dividida em duas partes: porção disponível e legítima (assegurada aos herdeiros necessários).
Isto significa que a pessoa que tem herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e o cônjuge – art. 1.789, 1.846 e 1.845, CC), somente pode dispor em testamento da metade dos seus bens (parte disponível), a outra metade é a legítima, destinada aos herdeiros necessários, conforme a ordem da vocação hereditária.
Não havendo herdeiros necessários, a liberdade de testar é plena. Neste caso, o testador pode afastar da sua sucessão os herdeiros colaterais (parentes na linha colateral até o 4º grau) e a companheira/companheiro (art. 1.850, CC).
Quanto aos efeitos a sucessão pode ser:
a) Sucessão a título universal – o herdeiro sucede na totalidade, fração ou porcentagem da herança.
Pode ocorrer na sucessão legitima e na testamentaria.
Ex. O pai morre e deixa um carro, uma casa e um terreno, os herdeiros sãochamados a suceder em todos os bens, ou em frações ou partes ideais da herança e não sobre determinados bens. Ou o pai morre e deixa testamento, os herdeiros são chamados a suceder na parte que lhes cabe.
A sucessão hereditária (mortis causa) consiste na sucessão a título universal, ou seja, transmite-se uma universalidade de bens (CC, art. 1.791).
b) Sucessão a título singular – quando o testador deixa um bem certo e determinado (legado) ao beneficiário (legatário). Legatário não é o mesmo que herdeiro. Não representa o falecido e não responde pelas dívidas e encargos da herança.
	Legatário adquire a propriedade:
- Bens fungíveis – só na partilha.
- Bens infungíveis – desde a abertura da sucessão.
	Legatário adquire a posse:
- tanto dos bens fungíveis ou infungíveis pode requerer aos herdeiros, mas estes só são obrigados a entregar após a partilha. 
OBS. 1: A sucessão legítima é sempre a titulo universal porque transfere aos herdeiros a totalidade ou fração ideal do patrimônio do de cujus. A sucessão testamentária pode ser a título universal ou a título singular, conforme a vontade do testador.
VEDAÇÃO LEGAL DO PACTO SUCESSÓRIO:
OBS. 2: De forma expressa a lei proíbe pacto sucessório: a herança de pessoa viva não pode ser objeto de contrato (art. 426, CC). Qualquer avença que afronte essa vedação legal é nula (art. 166,VI, CC).
ATENÇÃO! A sucessão inter vivos, na alienação ou na doação, também é realizada a título singular (individual), ou seja, ocorre com a transmissão de um bem singular (determinado).
2.2 – Espécies de Sucessores
	Quanto à espécie os herdeiros podem ser:
a) Herdeiro legítimo – é o herdeiro indicado pela lei em ordem preferencial (art. 1829, CC): descendente, ascendente, cônjuge, companheiro e parentes colaterais até o 4º grau.
b) Herdeiro Testamentário (ou instituído) – é o beneficiado pelo testador em ato de última vontade, com uma parte ideal do acervo hereditário, sem individuação de bens.
c) Herdeiro Necessário (legitimário ou reservatário) – é o descendente ou ascendente sucessível (são os parentes em linha reta não excluídos da sucessão) e o cônjuge (art. 1.845, CC).
d) Herdeiro Universal – herdeiro único. Recebe a totalidade de herança. Recebe os bens mediante auto de adjudicação lavrado no Inventário.
e) Legatário – sucessor contemplado em ato de última vontade do de cujus (por meio de testamento ou codicilo) com bem certo e determinado. Recebe a título singular.
	Herdeiros legítimos e necessários – art. 1.845 e art. 1.829, CC:
	Herdeiros legítimos, porém não necessários – art. 1.829, IV, e art. 1.790, CC:
	- descendente
- ascendente
- cônjuge 
	- Parentes colaterais até o 4º grau
- Companheiro/Companheira
PARA LEMBRAR!
Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança – art. 1.789 e art. 1.846, CC.
Os herdeiros legítimos são aqueles previstos pela lei que receberão a herança em conformidade com a ordem da vocação hereditária (art. 1.829, CC). São herdeiros legítimos: descendentes, ascendentes, cônjuge, companheiro/companheira e parentes colaterais até o 4º grau.
Os herdeiros necessários são: os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Estes não podem ser afastados da herança por meio de testamento. A eles está reservada a metade da herança (50%), que constitui a legítima (art. 1.846, art. 1.789, CC).
Os herdeiros legítimos que não são necessários, ou seja, os parentes colaterais até o 4º grau e o companheiro/companheira, podem ser excluídos da sucessão, se o autor da herança fizer testamento dispondo do seu patrimônio para outras pessoas (art. 1.850, CC).
2.3 – Lugar de Abertura da Sucessão
O art. 1785, do Código Civil normatiza que “a sucessão abre-se no último domicílio do falecido”.
O Código de Processo Civil trata do local da abertura da sucessão no art. 48, in verbis:
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. (Grifo nosso).
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
Esse é o foro competente para o processamento do inventário, mesmo que o óbito tenha ocorrido em outro local (até no exterior) e mesmo que haja bens em outros lugares.
Ver arts. 70 e 71, do Código Civil – Conceito e relatividade de domicílio.
Ver art. 76, do Código Civil – Domicílio necessário ou legal.
Ver art. 611, CPC – Abertura do Inventário. 
Pergunta-se, há distinção entre a abertura da sucessão e a abertura do Inventário?
OBSERVAÇÕES:
Predomina o entendimento jurisprudencial que aberto o Inventário em qualquer outro juízo, a incompetência é relativa – prorrogável ante o silêncio dos interessados, não pode ser reconhecida de ofício pelo juiz.
A lei estabelece a competência da autoridade judiciária brasileira para o inventário dos bens aqui situados (Art. 10, da Lei nº 4.657/1942 - LINDB).
Mesmo se o morto fosse estrangeiro e tivesse domicílio fora do país, o fato de ter bens aqui firma a competência da justiça brasileira (art. 48, CPC).
Se o falecido deixa bens fora do Brasil, o foro competente para o inventário é o do país onde se situam os bens.
O juízo do inventário atrai as ações que lhe sejam relativas (art. 48, caput, CPC).
2.4 – Da Herança e sua Administração
a) Indivisibilidade e unidade da herança
A Herança é uma universalidade indivisível, é um todo unitário. 
Art. 1.791, CC – a herança defere-se como um todo unitário, ainda que haja vários herdeiros. Ver art. 91, CC – universalidade de direito.
Existindo um herdeiro ou vários herdeiros, a herança será sempre uma, ou seja, una.
Art. 1.791, parágrafo único, CC – Forma-se um condomínio entre os herdeiros. Condomínio eventual ou pro-indiviso. É uma espécie de condomínio necessário ou legal.
Até a partilha, os direitos dos herdeiros são regidos pelas normas relativas ao condomínio (art. 1.314 a 1.326, do CC). Cada um dos herdeiros tem os mesmos direitos e deveres em relação ao todo.
Antes da partilha nenhum herdeiro tem a posse ou a propriedade exclusiva sobre um bem certo e determinado. Só a partilha individualiza os bens que cabem a cada herdeiro e lhes atribui os quinhões de cada sucessor.
A indivisibilidade nasce no momento da abertura da sucessão. A herança constitui um núcleo unitário. Não é suscetível de divisão em partes materiais enquanto permanecer como herança. 
O herdeiro pode alienar ou ceder sua quota ideal, antes da partilha (direito a sucessão aberta) – art. 80, II, e art. 1.793, CC. Considera-se, para efeito sucessório, que durante o Inventário todos os bens são imóveis, mesmo para os que são móveis. Faz-se uma escritura pública de cessão de direitos hereditários.
Arts. 1793 a 1795, CC – há direito de preferência dos co-herdeiros (art. 1.794, CC), somente se estes não quiserem adquirir, pode-se alienar a terceiro.
Ver art. 504, do Código Civil.
Art. 1.795, CC – prazo para requerer: 180 dias.
O co-herdeiro que não for informado sobre a cessão ou não concordar com ela pode depositar o preço em juízo e receber a cota cedida a estranho – direito de preferência (regras relativas ao condomínio).
OBS. 1: Cada um dos herdeiros tem os mesmos direitos e deveres em relação ao todo.
A indivisibilidade diz respeito ao domínio e a posse dos bens hereditários, desde a abertura da sucessão ate a partilha.
OBS. 2: É ineficaz a cessão de direitos hereditários sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
OBS. 3:Art. 2.013, e segs., CC – co-herdeiro pode pedir partilha. 
b) Administração provisória da herança
O art. 1.797, do Código Civil, prevê a hipótese da administração provisória da herança.
Desta forma, até que o inventário seja instaurado e nomeado inventariante e que este preste compromisso, o espólio continua na posse do administrador provisório (art. 613 e art. 614, CPC).
A administração provisória da herança, até o compromisso do inventariante, cabe, sucessivamente (CC, art. 1.797): 
I) ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; 
II) ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; 
III) ao testamenteiro; 
IV) a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.
OBS: Na prática, somente em heranças de grande monta ou quando ha dificuldades para nomear-se um inventariante, e que surge a figura do administrador provisório.
c) Responsabilidade dos herdeiros
	CC, art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
- A responsabilidade dos herdeiros no âmbito do inventário para o pagamento das dívidas limita-se ao valor do patrimônio deixado pelo falecido.
- Direito romano – o herdeiro respondia pelas dívidas do de cujus de forma ilimitada e absoluta. O seu patrimônio se confundia com o do falecido, o que podia prejudica-lo e prejudicar seus próprios credores.
Para evitar este inconveniente, após um tempo, permitiu-se a aceitação da herança livre das dívidas.
Finalmente, Justiniano em 531 disciplinou a aceitação da herança sob benefício do inventário, onde o herdeiro só aceitava a herança se, após o inventário, se verificasse que o ativo superava o passivo.
- No Brasil, o CC/1916 tornou regra geral a aceitação da herança sob benefício do inventário impondo que as responsabilidades dos herdeiros nunca ultrapassariam as forças da herança. Tal determinação foi reproduzida no art. 1792 do CC/02. (Pode-se dizer que no nosso ordenamento, a aceitação da herança é sempre a benefício do inventário).
- Assim, se o passivo for maior que o ativo, a situação é de insolvência civil – instaura-se procedimento de declaração de insolvência (CPC/1973, arts. 748 e 991, VIII; CPC/2015, art. 1.052), incumbindo ao inventariante requerê-la – concurso de credores, regendo-se as preferências e privilégios creditórios pelas regras próprias.
- O herdeiro deve fazer o inventário para provar as forças da herança para os credores. Na ausência de inventário ou com um inventário lacunoso, o herdeiro deve usar outros meios de prova para evidenciar o “excesso” (existência de débito além das forças da herança).
- No inventario é feito um levantamento do patrimônio do falecido, relacionando-se os bens, créditos e débitos. As dívidas são da herança, que responde por elas (art. 1.997, CC). Só serão partilhados os bens e valores que restarem depois do pagamento das dívidas.
d) Cessão de direitos hereditários
Os direitos patrimoniais têm como característica própria serem transmissíveis – transmissibilidade.
O direito a sucessão aberta, como qualquer direito patrimonial de conteúdo econômico, pode ser comercializado. Se não houver nenhuma cláusula de inalienabilidade (art. 1.848, CC) imposta aos bens deixados pelo de cujus, o herdeiro pode promover a transferência de seus direitos ou quinhão por meio de cessão.
Não pode fazer isso depois de julgada a partilha.
Cessão da herança ou cessão de direitos hereditários – transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a outrem de todo quinhão ou de parte dele, que lhe compete apos a abertura da sucessão - negocio jurídico translativo inter vivos. Só pode ser celebrado apos a abertura da sucessão.
- Arts. 1793 a 1795 – regras específicas sobre a cessão dos direitos hereditários.
- Direito a sucessão aberta – bem imóvel – ainda que todos os bens deixados sejam móveis (art. 80, II, CC).
- Como o direito a sucessão aberta considera-se bem imóvel, o negócio jurídico exige escritura pública e outorga uxoria ou marital, como condição de validade do negócio.
- O que se considera imóvel não é o direito aos bens componentes da herança, mas o direito a herança, como uma unidade abstrata.
- O cessionário adquire a título universal, porque recebe uma cota-parte do patrimônio.
- Pode ser gratuita (assemelhando-se a uma doação) ou onerosa (assemelhando-se a uma compra e venda).
O cedente garante a existência do direito cedido, não a sua extensão ou quantidade de bens, correndo o cessionário o risco da herança ser mais ou menos absorvida pelas dívidas. O cessionário assume o lugar e a posição jurídica do cedente (mas não assume a qualidade de herdeiro, que e pessoal e intransferível), fincando sub-rogado em todos os direitos e obrigações, como se fosse o próprio herdeiro, recebendo, na partilha, o que o herdeiro cedente haveria de receber.
O co-herdeiro pode ceder quota-parte ou parcela de quota-parte da herança, mas nunca um ou mais bens determinados – Isso decorre da Indivisibilidade da herança e da incerteza relativa aos bens que tocarão a cada co-herdeiro por ocasião da partilha.
- Se o cedente discriminar as coisas que pretende alienar, a alienação será ineficaz perante os outros co-herdeiros (art. 1.793, § 2º, CC). Nada impede que o cedente especifique um bem como integrante de sua quota-parte, mas isso não obriga os demais herdeiros – se estes concordarem com a cláusula inserida no instrumento de cessão, podem acordar que o bem especificado faça parte da quota que caberia ao cessionário, mas não estão obrigados a fazê-lo.
OBS: Ler o art. 1.793, §1º, CC.
- A cessão abrange os direitos hereditários havidos até a data da realização da cessão. Se depois dela, houver em favor do cedente substituição (ele ser indicado no lugar de herdeiro ou legatário que não aceitar ou não puder aceitar a herança) ou direito de acrescer (ex. renúncia de co-herdeiro), os direitos resultantes presumem-se não abrangidos no ato de alienação do quinhão hereditário.
e) Direito de preferência do co-herdeiro
Sendo o direito a posse e propriedade da herança indivisível, aplicando-se as normas relativas ao condomínio (art. 1.791, CC) o co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha a sucessão se outro herdeiro a quiser, tanto por tanto (art. 1.794, CC; art. 1.795, CC).
Repete a regra do art. 504, caput, do CC – relativa ao condomínio.
- O co-herdeiro preterido pode exercer seu direito de preferência ou prelação, pela ação de preempção, ajuizada no prazo decadencial de 180 dias, contados da data em que teve ciência da alienação, e na qual efetuara o depósito do preço pago, havendo para si a parte vendida a terceiro.
- Qualquer impugnação a cessão, que não puder ser decidida de plano pelo juiz, as partes devem recorrer às vias ordinárias, ficando reservada a quota da herança sub judice.
- A preferência só pode ser exercida nas cessões onerosas, como se depreende da expressão “tanto por tanto”. Se é feita gratuitamente não há direito do co-herdeiro, assim como se é feita a outro co-herdeiro que, logicamente, não é pessoa estranha a sucessão.
2.5 – Abertura do Inventário
O art. 1.796, do Código Civil, prevê que o Inventário deverá ser instaurado no prazo de 30 dias, a contar da abertura da sucessão, ou seja, do dia da morte do autor da herança.
O atual Código de Processo Civil alterou esse prazo, que é diferente daquele estabelecido na codificação civil. 
Art. 611. O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte. (CPC/2015).
O art. 983 do CPC de 1973, com redaçãodada pela Lei nº 11.441/2007 previa o prazo de 60 dias para abertura do inventario, e que o mesmo deveria ser finalizado nos 12 meses subsequentes, com prorrogação desse prazo pelo juiz, ato a ser praticado de ofício ou a requerimento das partes. Nestes aspectos não houve alteração, somente quanto ao prazo, que a contagem passou a ser de 2 (dois) meses.
Este prazo consta nos Códigos Tributários dos Estados – CTE, que se adequaram para a previsão do CPC, inclusive o Código Tributário do Estado de Goiás – CTE-GO.
Cada Estado pode instituir multa sobre o imposto a recolher, como sanção pela não observância desse prazo (STF, Súmula 542).
O Inventario é o processo em que se faz a relação, descrição e avaliação dos bens deixados pelo autor da herança. Apura-se o patrimônio do de cujus, pagam-se as dívidas passivas, cobram-se as dívidas ativas, pagam-se os legados, o imposto causa mortis e procede-se a partilha, com a expedição dos formais.
O inventário até a Lei nº 11.441, de 4-1-207, que alterou o caput do art. 982, do CPC/1973, era um procedimento judicial e contencioso. Com a nova redação do art. 982 passou-se a permitir o inventario extrajudicial por escritura pública, desde que todos os interessados sejam capazes e haja acordo. Havendo incapaz ou lide, o inventário será judicial.
O novo CPC, Lei nº 13.105, de 16-3-2015, contempla em §§ 1º e 2º, do art. 610, o inventário extrajudicial por escritura pública, desde que sejam todos capazes e haja acordo.
Vale lembrar que se houver testamento deixado pelo falecido o inventário terá que ser processado somente na via judicial.
O tabelião não tem competência legal para realizar inventário quando há testamento deixado pelo autor da herança.
2.6 – Legitimação para suceder
O Capítulo III, do Título I, do Livro V, do Código Civil, que compreende os artigos 1.798 a 1.803, trata da Vocação Hereditária, ou seja, daqueles que são legitimados a suceder na herança deixada pelo falecido.
O rol das pessoas legitimadas para suceder está previsto no art. 1.798, do Código Civil, in verbis: 
Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.
Na legitimação sucessória, vigora o princípio de que todas as pessoas tem legitimidade para suceder, exceto aquelas expressamente excluídas.
Constitui um direito eventual à sucessão, seja por lei ou por testamento. 
LEMBRE-SE! CC, art. 1.787:
Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.
Portanto:
Regra = legitimidade passiva para suceder.
Exceção = ilegitimidade para suceder.
A capacidade sucessória é distinta da capacidade civil. Estão interligadas, mas a capacidade sucessória legitima as pessoas para o exercício específico de um direito.
Capacidade civil é a maior ou menor extensão dos poderes (aptidão) de uma pessoa para adquirir direitos ou exercê-los, por si ou por outrem.
	Ex. Idade para exercer certas funções ou direitos.
	A CAPACIDADE CIVIL constitui-se de:
Capacidade de direito ou de gozo: é aquela derivada da personalidade civil para adquirir direitos e contrair obrigações na ordem civil (art. 1º do CC/2002). (essa é a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações que é inata. A pessoa a adquire no nascimento com vida, art. 2º, CC);
Capacidade de fato ou de exercício: é a capacidade para exercer por si mesma os atos da vida civil. Quando não tem nenhuma restrição legal de idade ou de sanidade para exercer por si mesma responsabilidade civil. 
Se o sujeito de direito (pessoa) possui as duas, de direito e de fato, adquire, portanto, a capacidade civil plena (18 anos completos ou 16 anos completos com emancipação, e não ter incapacidade mental).
Capacidade sucessória é uma capacidade específica para receber herança ou legado, conforme as regras sucessórias.
A capacidade sucessória pode também ser considerada em seu aspecto ativo. 
Neste sentido, a capacidade sucessória é a capacidade que o indivíduo tem de fazer parte de uma sucessão, seja como Sucessor ou como Testador.
A norma sucessória prevê os legitimados para a sucessão e os distribui entre a Capacidade Sucessória Ativa e Passiva. 
ATIVA, que é a capacidade para testar, ou seja, para fazer um testamento e distribuir seus bens.
PASSIVA, que vai indicar que tem capacidade para receber os bens, o que juridicamente se chama "legitimação para suceder".
	Elementos da capacidade sucessória, ou seja, para suceder:
Ter personalidade jurídica: ter vida. Existir (art. 1.798, CC);
ou já ter concepção (concebida) na época da morte do autor da herança (abertura da sucessão);
ter título sucessório, isto é, figurar na ordem da vocação hereditária (art. 1.829, CC) ou estar beneficiado por testamento.
Estão legitimados para suceder os nascidos (existentes/vivos) ou já concebidos (nascituros – incluindo os implantados no útero materno ou em laboratório) no momento da abertura da sucessão (1.798, CC). 
Vale tanto para sucessão legítima como para a testamentária.
Em outros termos, ter aptidão específica para aquela herança e não ser considerado indigno ou deserdado. Como veremos a seguir.
Rol das pessoas nascidas legitimadas a suceder, segundo a ordem da vocação hereditária (art. 1.798 c/c art. 1.829, CC):
os parentes descendentes e ascendentes em linha reta; 
o cônjuge; 
os parentes colaterais até o 4º grau;
o companheiro(a) (art. 1.790, CC e Lei nº 8.971/1994).
Rol dos legitimados a suceder conforme a 2ª parte do art. 1.798, CC, os já concebidos no momento da abertura da sucessão:
o nascituro (art. 2º, CC);
Enunciado 267 CJF, da 3ª Jornada de Direito Civil - A regra do art. 1.798 do Código Civil deve ser estendida aos embriões formados mediante o uso de técnicas de reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação hereditária da pessoa humana a nascer cujos efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas para a petição da herança.
Embrião criopreservado (congelado) – art. 1.597, III - V, CC: i) Fecundação artificial homóloga (material genético provindo dos próprios cônjuges, ou seja, do marido (pai) e da esposa (mãe); ii) Fecundação artificial heteróloga (material genético de doador não identificado – banco de semem).
Observações:
Filiação por adoção. Filhos por adoção recebem herança igualmente aos demais. Não há distinção entre filhos independentemente da sua origem – CF/1988, art. 227, § 6º; Resp 823384/RJ; CC, art. 1.618 e 1.619 – adoção de pessoas maiores; ECA, art. 39 a 52-B – adoção de menores; ECA, art. 41.
Filiação socioafetiva – Filiação afetiva. “Posse de estado de filho”: é reconhecido como filho de quem sempre considerou ser seu pai. Verifica-se: tractus (comporta-se como pai e filho); nomem = sobrenome (nome de família); fama (imagem social ou reputação como filho/pai).
“Adoção à brasileira” = registra como se fosse filho seu. CPC, art. 267, IV – falecimento do adotado, processo extingue-se. ECA, art. 47, § 7º - falecimento do adotante prossegue a ação.
CC, art. 1.799, I: A pessoa ainda não concebida tem legitimidade para ser herdeiro testamentário (art. 1.800, CC). Prazo - art. 1.800, § 4º: dois anos da morte do testador até o nascimento do beneficiário (filiação eventual).
Se o feto nascer morto, não há aquisição de direitos, não recebe nem transmite direitos. Sua quota hereditária será devolvida aos herdeiros legítimos do de cujus, ou ao substituto testamentário, se tiver sido indicado.
Somente pessoas, naturais ou jurídicas podem ser contempladas na sucessão. Não podem ser contemplados animais, salvo indiretamente, pela imposição a um herdeiro testamentário do encargo de cuidar de um animal especificamente.
Tanto as pessoas naturais como as jurídicas, de direito publico ou privado, podem ser beneficiadas por testamento.
Excluem-se as coisas inanimadas e as entidades místicas, como os santos.
Só as pessoas vivas ao tempo da abertura da sucessão podem ser herdeiras. Se no instante da abertura da sucessão o herdeiro já é morto, defere-se a herança aos outros da sua classe, ou aos da classe imediata se foro único.
2.6.1 – Legitimação para suceder por testamento
Art. 1.799, CC – Rol dos legitimados a herança por testamento
Indica outras pessoas que também podem ser contempladas, além das existentes ou já concebidas quando da abertura da sucessão – pessoas que só podem receber herança ou legado por disposição de última vontade.
Inciso I – exceção à regra geral – permite que os filhos não concebidos (prole eventual), de pessoas indicadas pelo testador, e vivas ao abrir-se a sucessão, possam receber a herança. O testador dá um salto, passando por cima dos genitores, contemplando os filhos que estes tiverem, e se tiverem.
Apos a liquidação ou a partilha, os bens da herança serão confiados a um curador nomeado pelo juiz (art. 1.800, CC). LER art. 1.801, CC – o curador poderá ser a própria pessoa cuja prole eventual o testador quis contemplar, e sucessivamente, as pessoas que podem ser nomeadas curadoras do interdito (art. 1.775, CC).
OBS: Neste caso, não se trata mais do nascituro, mas sim do concepturo.
LER: §§ 2º e 3º, do art. 1.800, CC.
Prazo de espera – 02 anos (art. 1.800, § 4º, CC).
Inciso II – Pessoas jurídicas.
A existência legal das pessoas jurídicas começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro (art. 45, CC).
Inciso III – Fundações (art. 62, CC).
Podem ser criadas por escritura pública ou por testamento.
Por não existir, ainda, a pessoa jurídica idealizada pelo testador, os bens ficarão sob a guarda provisória da pessoa encarregada de instituir a fundação, até o registro de seu estatuto, quando passara a ter existência legal.
2.6.2 – Não podem ser nomeados herdeiros testamentários nem legatários (art. 1.801, CC)
Pessoas que não podem adquirir por testamento por serem consideradas suspeitas. Poderiam abusar da confiança do testador e alterar sua vontade para obter algum benefício para si ou para seus parentes, cônjuge ou companheiro. Poderiam até interferir na liberdade do testador.
- CC, art. 1.802 – nulas as disposições feitas as pessoas que são proibidas de suceder.
- Presume-se a interposição de pessoas quando são beneficiados os previstos no paragrafo único do art. 1.802, CC.
- CC, art. 1.803 – é licita a disposição de bens para filho de concubina, porque não há discriminação entre filhos. Independentemente da origem da filiação, todos os filhos tem os mesmos direitos (art. 227, §6º, CF).
2.7 – Aceitação da Herança
a) Conceito
- Ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro legítimo ou testamentário manifesta a vontade de aceitar a herança.
- Trata-se de uma confirmação, já que, aberta a sucessão, a herança transmite-se desde logo aos herdeiros legítimos e testamentários (art. 1.784, CC – Principio da Saisine).
- Revela a concordância do beneficiário em receber a herança. Só é herdeiro quem deseja sê-lo.
Ninguém deve ser herdeiro contra a própria vontade.
- A aceitação torna definitiva a transmissão da herança ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (tem efeitos ex tunc).
- Tem efeito retrooperante – retroage a data do óbito.
- A aceitação nada mais e do que o não exercício do direito de renunciar a herança.
OBS: A aceitação costuma ser tácita (o herdeiro pratica atos que demonstram a intenção de aceitar a herança, como por ex: intervir no inventário, representado por advogado, concordando com as primeiras declarações).
b) Espécies de aceitação
Quanto à forma:
1) Aceitação expressa – é manifestada por declaração escrita (pública ou particular) em que o herdeiro declara seu desejo de receber a herança (art. 1.805, 1ª parte, CC).
Manifestação oral não vale como aceitação.
2) Aceitação tácita – resulta de qualquer ato que demonstre intenção de aceitar a herança (art. 1.805, 2ª parte, CC). Ex: intervenção no inventário, representado por advogado, concordando ou impugnando as primeiras declarações; cessão de direitos etc.
OBS: Já se decidiu que o simples requerimento de abertura de inventário não traduz o proposito de aceitar a herança, por se tratar de obrigação legal do herdeiro.
Também não exprimem aceitação os atos oficiosos, como o funeral, os meramente conservatórios ou de administração e guarda provisória (art. 1.805, § 1º, CC) – não importam automaticamente em aceitação da herança.
- Clóvis Bevilaqua define:
• atos oficiosos – organização do velório, funeral, cerimonias religiosas (atos praticados por sentimento humanitário, altruísta, sem qualquer interesse).
• atos meramente conservatórios – necessários e urgentes para impedir a perda ou deterioração dos bens.
• atos de administração ou guarda provisória – praticados pelo herdeiro para atender uma necessidade urgente, sem a intenção de ter os bens para si, ou seja, com o ânimo de entregá-los, logo que possível, a quem deva guarda-los e conserva-los.
OBS1: O herdeiro pode pagar as dividas do morto por motivos de ordem moral, por exemplo, e isso não necessariamente importara em aceitação da herança.
OBS2: O art. 1.805, § 2º, CC, dispõe que: a cessão gratuita pura e simples aos demais co-herdeiros não importa em aceitação. Tal ato equivale a uma renúncia.
3) aceitação presumida (art. 1807, CC)
Ocorre quando algum interessado em saber se o herdeiro aceita ou não a herança, requer ao juiz, depois de passados 20 dias da abertura da sucessão, que marque ao herdeiro (por meio de notificação judicial) prazo razoável (não maior que 30 dias), para se pronunciar se aceita ou não a herança, SOB PENA DE HAVER A HERANCA POR ACEITA.
- Notificação judicial. Juízo competente – juízo do inventário.
- Direito (prazo) para deliberar – esgotado o prazo estipulado pelo juiz para que o herdeiro manifeste se aceita ou não a herança, o seu silencio será interpretado como aceitação.
- Nesta espécie de aceitação não há qualquer ato positivo do herdeiro, a simples omissão é tida como aceitação da herança.
Quanto à pessoa que a manifesta (ou quanto ao agente):
1) Aceitação direta – feita pelo próprio herdeiro.
2) Aceitação indireta – quando alguém a faz pelo herdeiro. Esta pode acontecer em quatro hipóteses:
Aceitação pelos sucessores – o herdeiro que falece antes de aceitar a herança morre na posse de um direito, que se transmite aos seus sucessores.
Trata-se de sucessão hereditária do direito de aceitar/renunciar (art. 1.809, caput, CC).
- A morte do herdeiro antes da aceitação da herança impede a transmissão direta da herança (ainda não aceita) aos seus sucessores, mas transfere-lhes o direito de aceita-la ou renuncia-la.
Não apenas os direitos sucessórios são transmitidos, como também o prazo para deliberar.
► Esta espécie de aceitação (pelos sucessores) não ocorre na pendência de condição suspensiva, estipulada pelo testador, ainda não verificada (art. 1.809, caput, CC). Pois, se o herdeiro falecer antes do implemento da condição, o seu direito sucessório será extinto, já que a condição suspensiva obsta a aquisição do direito (art. 125, CC).
Ex: o testador nomeia Joselito como seu herdeiro, sob a condição de obter o primeiro lugar em determinado concurso público. Se Joselito falecer antes de verificada a condição (ou seja, antes de passar no tal concurso), os eventuais direitos que ele receberia são como se nunca tivessem existido. Os herdeiros de Joselito não o sucederão no direito de aceitar a herança.
► art. 1.809, paragrafo único, CC – impõe uma condição para que os sucessores do herdeiro falecido possam aceitar ou renunciar a primeira herança – devem concordar em receber a segunda herança.
Ex: Falece José e deixa dois filhos. Um dos filhos (Joselito) morre antes de aceitar a herança, transmitindo seus bens para os seus filhos. Estes últimos (filhos de Joselito) só poderão aceitar a herança do avô (José) em nome do pai (Joselito), se previamente aceitarem a herança paterna. Se renunciarem à herança do pai (Joselito) não poderão deliberar sobre a herança do avô (José).
Aceitação pelo tutor ou curador – mediante autorização judicial (art. 1.748, II, c/c art. 1.781, CC). O tutor ou curador pode receber herança, legado, doações, representando o incapaz.
Aceitação pormandatário (art. 653 a692, CC) ou por gestor de negócios (arts. 861 a 875, CC).
É pacífico o entendimento de que se admite a aceitação da herança por procurador (mandatário). Porém é controvertida a aceitação feita pelo gestor de negócios.
• Gestão de negócios – ocorre quando uma pessoa, sem autorização do interessado, intervém na administração do negócio alheio, dirigindo-o segundo a vontade e o interesse presumível de seu dono.
Trata-se de uma intervenção motivada pela necessidade ou utilidade, com a intenção de trazer proveito para o dono do negócio.
OBS: A princípio nada impede que a herança seja aceita pelo gestor de negócios, para evitar prejuízos ao herdeiro, mesmo sem sua autorização. Para alguns autores, ela esta condicionada a confirmação posterior do herdeiro. Para outros, não é necessário confirmar, mas a aceitação só é válida quando a não aceitação imediata pudesse prejudicar o herdeiro, uma vez que a ausência de aceitação, o silêncio do herdeiro, importa em aceitação.
Aceitação pelos credores
Art. 1.813, CC – afasta a possibilidade de haver renúncia lesiva a credores.
- a renúncia à herança pode configurar fraude contra credores.
Se o herdeiro prejudicar credores com sua renúncia à herança, os credores podem aceita-la em nome do renunciante, nos autos do inventario não encerrado, mediante autorização judicial.
- O devedor não pode abrir mão de seu patrimônio lesando os credores.
- O que ocorre neste caso e que a renúncia e ineficaz em relação aos credores. Tanto que pagas as dívidas, o que sobrar não retorna ao herdeiro renunciante, mas é dividido entre os demais co-herdeiros.
Pode-se dizer que a renúncia não é eficaz até o montante das dívidas do herdeiro.
- Prazo decadencial de 30 dias para os credores se habilitarem no inventário – art. 1.813, § 1º, CC (a contar do conhecimento da renúncia) – cabe aos credores provar quando tomaram conhecimento da renúncia prejudicial efetuada pelo herdeiro.
- Se o processo de inventário já estiver encerrado ou se houver decorrido o prazo para o credor se habilitar, este deverá se valer da ação pauliana para anular o negócio jurídico fraudulento (art. 158 a 165, CC).
- Pagas as dívidas, o remanescente e devolvido aos herdeiros e não ao renunciante, que perdeu a condição de herdeiro.
c) Características da aceitação
- ato jurídico unilateral – porque se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade;
- de natureza não receptícia – porque não depende de ser comunicado a outrem para que produza efeitos;
- indivisível e incondicional – não se pode aceitar a herança em parte, sob condição ou a termo (art. 1.808, CC).
A herança deve ser aceita sempre na sua totalidade. O herdeiro não pode aceitar apenas uma parte ou fração do quinhão que lhe cabe na herança, nem pode aceitar determinados bens e outros não, ou ainda, desde certo tempo ou ate certo tempo.
Ex. de condição: receber apenas bens imóveis – não é possível.
OBSERVAÇÕES:
- art. 1.808, § 1º, CC - Se o sucessor do de cujus for ao mesmo tempo herdeiro e legatário, poderá aceitar a herança e o legado; renunciar a ambos; aceitar a herança e renunciar ao legado ou aceitar o legado e renunciar a herança.
- art. 1.808, § 2º, CC - o herdeiro chamado à sucessão a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
Uma pessoa pode ser ao mesmo tempo herdeiro legítimo e herdeiro testamentário (sucessores a título universal). São heranças com origens diferentes. Por isso pode aceitar um quinhão e renunciar ao outro.
A primeira vista pode parecer que os §§ 1º e 2º do art. 1.808, CC, estariam abrindo exceções ao princípio da indivisibilidade da herança. Mas as exceções são apenas aparentes, porque em ambos os casos permanece a proibição de aceitar ou renunciar a herança parcialmente.
O que ocorre é que no § 1º difere-se herança de legado e no § 2º as heranças tem origens distintas (sucessão legítima e sucessão testamentária).
d) Irretratabilidade da aceitação (art. 1812, CC)
Os atos de aceitação e renúncia são irrevogáveis. Como declaração unilateral da vontade, a aceitação gera efeitos imediatos e definitivos.
Depois de agir como herdeiro, este não pode mais renunciar, não pode abrir mão da condição de herdeiro.
O herdeiro, depois de já ter aceito a herança por escrito (aceitação expressa), ou já ter praticado atos típicos de herdeiro (aceitação tácita) ou já ter silenciado quando notificado a se manifestar (aceitação presumida), não pode mais renunciar a herança, o que poderá fazer é ceder seus direitos hereditários.
2.8 – Renúncia da Herança
a) Conceito
A renúncia da herança consiste em ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro manifesta a intenção de não aceitar a herança.
O herdeiro prefere conservar-se completamente estranho a sucessão, ou seja, é o repúdio manifestado pelo sucessor antes de assumir a postura de herdeiro e enquanto não agir como herdeiro.
Como já dito, o herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. Sua recusa denomina-se renúncia ou repúdio.
OBS1: a transferência do quinhão hereditário à pessoa certa não é renúncia, é cessão.
Acontece como na aceitação, ou seja, tem efeito retrooperante (ex tunc), o herdeiro que renuncia é havido como se nunca tivesse sido herdeiro e como se nunca a sucessão lhe houvesse sido deferida.
Todos os herdeiros seja herdeiro legítimo, testamentário e o legatário podem renunciar.
OBS2: A renúncia é sempre gratuita. A cessão pode ser gratuita ou onerosa e é feita em favor de determinada pessoa. Na renúncia o herdeiro não pode escolher quem ficará com o seu quinhão.
OBS3: Na renúncia o herdeiro abdica de todos os direitos, se afasta do inventário sem nada receber e sem dirigir o seu quinhão para uma ou mais pessoas. Se quiser contemplar determinada pessoa, não se trata de renuncia, mas sim de cessão.
OBS4: Quando o herdeiro legítimo renuncia, os bens retornam ao acervo hereditário e são recebidos pelos demais herdeiros. Os coerdeiros recebem a parte do renunciante por “direito de acrescer”.
Desconstitui-se o ato translativo ocorrido no momento da morte e gera-se a ficção de o renunciante jamais ter sido herdeiro.
b) Forma
CC, art. 1806 – A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público (escritura pública juntada aos autos de inventário) ou termo judicial (lavrado nos próprios autos de inventário).
A renúncia não pode ser realizada por escrito particular. No inventário extrajudicial – a renúncia pode ser levada a efeito na escritura pública do inventário.
OBS: Termo nos autos é a forma mais simples e menos dispendiosa. Pode ser assinado pela parte ou por procurador com poderes especiais (Art. 661, § 1º, CC).
A renúncia é negócio solene – sua validade depende de observância da forma prescrita em lei.
Não pode ser tácita e nem se presume (deve ser feita por escritura pública ou termo nos autos). Deve resultar de ato positivo. Também não se admite promessa de renúncia porque implicaria em pacto sucessório (o que é proibido por lei – art. 426, CC).
Não é válida se for manifestada em documento particular. Veja decisão do STJ no Resp 431965/SP:
“CIVIL. HERANÇA. RENÚNCIA. A renúncia à herança depende de ato solene, a saber, escritura pública ou termo nos autos de inventário; petição manifestando a renúncia, com a promessa de assinatura do termo judicial, não produz efeitos sem que essa formalidade seja ultimada. Recurso especial não conhecido.”
OBS: Como não se pode aceitar a herança em parte, também não pode haver renuncia em parte. Mas como já visto, pode haver renúncia da herança e aceitação do legado e vice-versa – art. 1.808, CC.
2.8.1 – Espécies de Renúncia
a) Abdicativa ou renúncia propriamente dita (renúncia própria)
Ocorre quando o herdeiro a manifesta sem ter praticado qualquer ato que exprima aceitação e quando é pura e simples (em benefício do monte, sem indicação de qualquer favorecido).
Art. 1.805, § 2º, CC (o legislador usa equivocadamente a expressão “cessão gratuita,pura e simples” como sinônimo de renúncia. Melhor seria se tivesse usado o termo renúncia).
Esta é a verdadeira renúncia, feita gratuita e genericamente em favor de todos os co-herdeiros. Nesta o único imposto devido é o causa mortis. O renunciante não paga o imposto causa mortis porque não participou da sucessão.
b) Renúncia Translativa ou imprópria
Ocorre quando o herdeiro renuncia em favor de determinada pessoa. Na verdade, não se trata de renúncia e sim de cessão da herança.
Pode-se dar esse nome (renúncia translativa) também no caso da renúncia pura e simples, se manifestada depois da prática de atos que importem em aceitação da herança (habilitação no inventário, concordando com as primeiras declarações, p.ex.).
No caso da renúncia feita em favor de determinada pessoa (que é cessão na realidade), são devidos dois impostos. O causa mortis e o inter vivos.
Ex: Se o filho renuncia à herança paterna em favor de seus filhos, presume-se que aceitou a herança (incide o imposto causa mortis - ITCD) e transmitiu aos filhos por ato inter vivos (incide o imposto inter vivos). Neste caso, pagará o imposto duas vezes.
2.8.2 – Restrições legais ao direito de renunciar
Para que possa ser exercido, são necessários alguns pressupostos:
a) Capacidade jurídica plena do renunciante – a renúncia exige agente capaz
Renuncia efetivada por incapaz não tem validade, ainda que feita por seu representante legal (vez que este tem poderes de administração e não de alienação).
O representante legal do incapaz só poderá renunciar mediante prévia autorização judicial, e o juiz somente a concederá se provada a necessidade ou evidente utilidade para o incapaz- art. .1691, CC (o que dificilmente ocorre em se tratando de renuncia de direitos).
b) Anuência do cônjuge
Se o renunciante for casado é necessária a anuência (outorga marital ou uxoria), exceto se o regime de bens for o da separação de bens (art. 1.647, I, CC).
Se o regime for o da participação final nos aquestos com cláusula de livre disposição dos bens imóveis particulares, não é necessária a anuência do cônjuge (art. 1.656, CC).
Se porventura o cônjuge discordar e recusar a dar sua anuência sem motivo justo, poderá o juiz suprir a outorga denegada (art. 1.648, CC; arts. 73 e 74, do CPC).
c) Que não prejudique credores
Não pode haver renúncia lesiva a credores (art. 1.813, CC).
Se ocorrer renúncia pra prejudicar credores, estes podem aceitar a herança em nome do renunciante, mediante autorização judicial nos autos do inventário.
2.8.3 – Efeitos da Renúncia
a) Exclusão da sucessão do herdeiro renunciante – é o primeiro e principal efeito da renúncia.
O herdeiro renunciante demite-se da sucessão. 
Em outros termos, quem renuncia deixa de ser herdeiro desde a abertura da sucessão (efeito ex tunc).
Principio da Saisine – com a abertura da sucessão a herança transmite-se desde logo ao herdeiro.
Mas, se ele a renuncia, a transmissão tem-se como se não efetuada (art. 1.804, parág. único, CC).
b) Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe (art. 1.810, 1ª parte).
Se o de cujus tinha vários filhos e um deles renuncia, a sua quota passa aos irmãos, pois o renunciante e considerado como se nunca tivesse existido.
Diferente da morte – se o de cujus tinha vários filhos e um dele e pré-morto, a sua parte passara aos filhos (netos do falecido) – que herdarão por representação.
Art. 1.810, 2ª parte – Se o renunciante for o único da sua classe a herança passa aos da classe subsequente.
Então se o de cujus deixa um filho único e este renuncia a herança, esta passa aos filhos do renunciante – que herdarão por direito próprio e por cabeça.
Diferente da pré-morte, em que os filhos herdam por representação ou estirpe.
c) Proibição da sucessão por representação
O destino da herança deve ser compatível com a ideia de que o renunciante desaparece da sucessão.
Art. 1.811, 1ª parte – ninguém pode suceder representando herdeiro renunciante.
Se um filho do renunciante lhe toma o lugar na sucessão, representando-o, não teria aquele na verdade saído da sucessão, pois continuaria representado pelo filho.
Art. 1.811, 2ª parte – Se porém o renunciante for o único da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem à herança, poderão os filhos vir à sucessão por direito próprio e por cabeça.
Logo, a parte do renunciante só passa aos filhos se ele for o único de sua classe ou se todos os outros da mesma classe também renunciarem.
Cabe destacar que a herança será dividida em partes iguais (entre os netos), mesmo que o morto tenha deixado vários filhos renunciantes, cada qual com diversa quantidade de filhos.
2.8.4 – Ineficácia e Invalidade da Renúncia
Ineficácia – pode ocorrer pela suspensão temporária dos efeitos da renúncia pelo juiz, a pedido dos credores prejudicados, a fim de se pagarem.
Invalidade absoluta (nulidade) – ocorre se não houver sido feita por escritura pública ou termo judicial, ou quando manifestada por pessoa absolutamente incapaz, não representada e sem autorização judicial.
Invalidade relativa (anulabilidade) – quando proveniente de erro, dolo ou coação, a ensejar a anulação do ato por vício de consentimento, ou quando realizada sem a anuência do cônjuge.
2.8.5 – Irretratabilidade da Renúncia
Previsão do art. 1.812, CC – São irrevogáveis os atos de aceitação ou renúncia da herança. Logo, não há que se falar em arrependimento do renunciante.
Depois de ter revelado que assumiu os bens que lhe foram transmitidos (por escrito ou agindo como herdeiro), não pode mais renunciar. Isso porque a lei não admite comportamentos contraditórios.
Principio “nemo potest venire contra factum poprium” que tutela a confiança e não tolera condutas incoerentes. Se o herdeiro aceita a herança, não pode renuncia-la, o que pode fazer e cessão de direitos hereditários.
2.9 – Excluídos da Sucessão
A exclusão do herdeiro da sucessão pode ocorrer por meio de dois institutos, a indignidade e a deserdação, para quem agiu de forma injusta contra o autor da herança. 
A sucessão hereditária fundamenta-se, dentre outras coisas, em uma razão de ordem ética – a afeição real ou presumida do falecido ao herdeiro ou legatário.
São institutos que não se confundem, apesar de terem as mesmas consequências: exclusão do herdeiro.
Na renúncia o herdeiro e excluído da sucessão porque assim o quis. Enquanto na indignidade, o herdeiro indigno sofre os efeitos da penalidade mesmo contra a sua vontade.
2.9.1 – Exclusão por INDIGNIDADE – é uma sanção civil que acarreta a perda do direito sucessório (art. 1.814 – 1.818, CC)
Se o herdeiro ou legatário pratica atos ofensivos contra o de cujus pode ser privado do direito sucessório.
Trata-se de uma questão moral de não se beneficiar o ingrato com o patrimônio deixado pelo ofendido.
O instituto da indignidade tem como objetivo impedir que uma pessoa suceda a outra, extraindo vantagem de seu patrimônio, depois de cometer contra ela atos lesivos graves.
Não basta qualquer ato ofensivo para que o herdeiro seja excluído da sucessão por indignidade. Somente os casos previstos no art. 1.814 do CC, que podem ser divididos em: atentado contra a vida, contra a honra e contra a liberdade de testar do de cujus.
a) Pressupostos para exclusão por indignidade
Que o herdeiro ou legatário seja incurso nos casos legais de indignidade (art. 1.814, CC);
Não tenha sido reabilitado (perdoado) pelo de cujus (art. 1.818, CC);
Haja uma sentença declaratória da indignidade. O indigno só é afastado da sucessão mediante sentença judicial transitada em julgado (Art. 1.815, CC).
b) Causas de exclusão por indignidade
As causas previstas no ordenamento civil para imputar os efeitos da indignidade ao herdeiro são as seguintes:
Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; 
II -que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. 
 
Os atos ofensivos que caracterizam a indignidade estão enumerados de forma taxativa (numerus clausus) no art. 1.814 do CC – não comportando interpretação extensiva ou por analogia.
Para Maria Berenice Dias, a escolha feita pelo legislador reproduz uma preocupação antiquada e conservadora, pois prioriza a imagem social e deixa de fora crimes que tem repercussão mais danosa a pessoa da vítima. 
Neste sentido, afirma a doutrinadora, melhor seria delegar ao juiz o encargo de identificar se o ato do herdeiro justificaria a exclusão da herança. Por exemplo, e um absurdo excluir da sucessão o filho que cometeu injúria contra a mãe e contempla-lo se ele a estuprou (já que o estupro não está no rol do art. 1.814, CC).
O inciso I, do art. 1.814, CC, trata da mais grave de todas as causas, pois a ingratidão do herdeiro neste caso e evidente. Há inclusive um proverbio alemão que expressa muito bem esta situação, que diz: “mão ensanguentada não apanha herança”.
Observa-se que não é necessário que o herdeiro seja autor do homicídio, se for co-autor ou partícipe é suficiente para sua exclusão.
► O CC/1916 previa a hipótese de indignidade se o homicídio doloso (consumado ou tentado) fosse cometido contra o autor da herança. O CC/2002 pune também o herdeiro que comete homicídio contra o cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente do autor da herança.
► Não se pune o homicídio culposo com a exclusão por indignidade.
► Não se exige que haja condenação criminal para que o indigno seja excluído da sucessão. O indigno é quem comete o fato e não quem sofre a condenação penal.
- A prova do fato e da culpabilidade pode ser feita no juízo cível.
- Se houver sentença condenatória, reconhecendo a materialidade e autoria do causador do dano, além do dolo, não há que se reexaminar a questão no cível. Por outro lado, se houver absolvição em razão da inexistência do crime ou da autoria, a exclusão por indignidade será afastada.
- Prevalece no Brasil o princípio da independência da responsabilidade civil em relação à penal (art. 935, CC) – Enquanto os fatos não estiverem definidos na esfera criminal, as ações cível e criminal correrão de forma independente e autônoma para apurar ambas as responsabilidades: a civil e a penal. Se já foi proferida sentença criminal condenatória, e porque se reconheceu a culpa ou dolo do causador do dano e a sentença faz coisa julgada no cível.
Se o réu for absolvido na esfera penal por alguma excludente de antijuridicidade também se afasta a pena de indignidade, porque não houve voluntariedade, não existiu o elemento subjetivo (dolo).
Da mesma forma acontece nos casos de loucura/embriaguez, aberratio ictus - art. 73, CP - erro na execução ou erro por acidente (A quer matar B e atira nele, por desvio, má pontaria, acerta C); e nos casos de erro sobre a pessoa (A quer matar B, vê C na rua e atira nele pensando ser B), porque o ato lesivo não foi voluntário.
► Há autores que entendem que a instigação/induzimento ao suicídio deve equiparar-se ao homicídio doloso para efeito de indignidade.
OBS: se o menor comete o delito, a doutrina diverge se pode ser declarado indigno. Chega a ser imoral que um adolescente possa se beneficiar de sua menoridade e receber a herança, após ter matado o pai.
O inciso II, do art. 1.814, CC: “os que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro”, aponta duas hipóteses de exclusão:
denunciação caluniosa em juízo contra o de cujus (art. 339, CP)
A lei exige que a imputação do crime tenha sido proferida em juízo (não importa em indignidade se o herdeiro a fizer em jornais, livros, cartas, ou até mesmo na esfera administrativa).
A jurisprudência restringe ainda mais, exigindo que a denunciação caluniosa tenha sido praticada em juízo criminal. Logo, acusação feita no juízo cível (em ação de separação, interdição, por exemplo) não conduziria a indignidade sucessória.
Giselda Hironaka apresenta uma visão crítica sobre o tema, pensa a autora que pode ser feita a acusação caluniosa em qualquer juízo, porque o que a lei exige e que o fato imputado caluniosamente seja considerado crime.
Também não há necessidade de condenação criminal, basta que tenha sido instaurado o procedimento ou investigação em virtude da postulação do herdeiro que imputou caluniosamente ao autor da herança a pratica de um crime.
prática de crimes contra a honra do de cujus, ou de seu cônjuge/companheiro.
Crimes contra a honra – calúnia, difamação e injúria (arts. 138 a 140 do CP).
Há quem diga que, pela má redação do art. 1.814, II, CC o crime de denunciação caluniosa só exclui o herdeiro se praticado contra o de cujus. Se for contra o companheiro/cônjuge não exclui.
A melhor solução apontada pela doutrina e pela jurisprudência e quem em ambos os casos (denunciação caluniosa e crimes contra a honra), a regra atinja a ofensa ao autor da herança e ao cônjuge/companheiro.
Também não e necessário haver condenação criminal. Para Washington de Barros Monteiro e necessário.
E possível ocorrer crime contra a honra mesmo após a morte da vítima (art. 138, § 2o, CP).
os que por violência ou meios fraudulentos inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
A lei preserva a liberdade de testar – a vontade testamentária deve ser livre.
A inibição ou impedimento pode ser tanto mediante violência (física) ou fraude (moral).
Esta regra visa punir quem atenta contar a liberdade de testar – ex.: impedir a feitura de testamento; alterar o que estava pronto; exercer pressão sobre o testador; ocultar, viciar, inutilizar ou falsificar o testamento; atrapalhar o cumprimento das disposições testamentárias.
A fraude e a violência são vícios que podem ensejar a anulação do testamento. Isso não impede que o indigno sofra a pena de exclusão da sucessão.
c) Procedimento para exclusão do indigno da herança
Previsão legal: CC, art. 1.815.
Prazo para propositura da ação: CC, art. 1.815, parág. único – 04 anos da abertura da sucessão.
Depende de propositura de ação específica (declaratória de indignidade), intentada por quem tenha interesse na sucessão.
O Código Civil de 1916 estabelecia que a ação somente poderia ser proposta por quem tivesse interesse na sucessão. 
Ex. um filho do falecido ajuizava a demanda para excluir seu irmão indigno. 
O Código Civil de 2002 não prevê expressamente que a ação deve ser movida por quem tenha interesse na sucessão. Mas deve-se observar a regra geral do art. 17, do CPC, que dispõe que “para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade”.
Por certo que prevalece implícito o princípio de que a ação de exclusão por indignidade deve ser proposta por quem tenha interesse na sucessão. 
Tem interesse: o coerdeiro favorecido com a exclusão do indigno; o Município, o DF e a União na falta de outros sucessores legítimos e testamentários (art. 1.822, CC; art. 1.844, CC).
Os credores do interessado (que seria beneficiado com a exclusão) não têm legitimidade para propor a ação. Ninguém pode pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado por lei (art. 18, CPC).
O Enunciado 116, CJF/STJ, da 1ª Jornada de Direito Civil/2002, diz que o MP tem legitimidade para propor a ação (por ser o guardião da ordem jurídica e haver interesse público e social – norma de ordem pública – de evitar que o sucessor ingrato receba vantagem, beneficiando-se do patrimônio deixado por sua vítima). Principalmente no caso de interessados menores ou de inexistência de outros herdeiros.
Para quem entenda que o MP não é parte legítima os menores devem estar representados por seus representantes legais e não havendo outros herdeiros que

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