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O principe, de Maquiavel - Resumo

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1 - INTRODUÇÃO 
Com base na observação de procedimentos da ação dos grandes homens (os líderes, no dizer de Maquiavel) e no conhecimento adquirido pela leitura de tal ação em diferentes momentos da história, o segundo secretário do Dieci fundamenta sua teoria do poder. Esta tem dois princípios básicos: a legitimidade e a organização. 
Legitimidade implica em saber o Príncipe ser aceito como poder pelos dominados. Organização implica em ter boas leis e boas armas. Boas leis, na ótica de Maquiavel, são os que asseguram o poder centralizado e boas armas são aquelas inteiramente fieis e obedientes ao Príncipe. É uma fórmula quase matemática que possibilita a quem souber utilizá-las o exercício do poder. 
Portanto, não basta à legitimidade e a organização, só o Príncipe que saiba atuar de acordo com a necessidade do momento (tiver virtù) será capaz de neutralizar o imprevisível (a fortuna). Virtù e fortuna constituem as categorias ontológicas que fundamentam a teoria política proposta em O Príncipe. 
Maquiavel pensa o poder como algo de imanente e não como transcendente, em decorrência pensa as relações entre os homens como um jogo de forças regidas por explicações intrínsecas e naturais. Isto o permite compreender o “fazer política” – cujo objetivo é conquistar e manter do poder - como algo que tem regras e leis próprias, não redutíveis às regras da moral tradicional. 
Reconhecido como o fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o Governo como realmente são e não como aparentemente deveriam. 
2 – SOBRE O AUTOR 
Segundo uma das inúmeras versões do clássico O Príncipe como a da Editora Martin Claret e nos diversos sites, Nicolau Maquiavel ou Niccolò di Bernardo dei Machiavelli teria nascido em Florença em 3 de maio de 1469 e falecido em 21 de junho de 1527, cidade esta na qual teria começado a se engajar na vida política. 
Fora secretário da República, chanceler e magistrado. Dessa forma, pôde conhecer como nenhum outro os bastidores políticos, aliando a isso suas viagens e missões. Sua missão mais importante teria sido junto a César Bórgia. Este seu contato com o Duque de Valentino, o inspirara aos escritos como pensador político. Também muito aprendeu do contato com o Papa Júlio II. Em termos de contexto histórico, é na Itália do Renascimento que vivia o filósofo, onde pequenos principados eram governados despoticamente. 
Maquiavel, como bom observador, inspira-se em táticas políticas desses governantes e outros para escrever sua obra mais conhecida. É possível que as ações de César Bórgia, filho do Papa Alexandre VI e poderoso condotiere (mercenário com grande técnica militar), tenha inspirado o modelo de O Príncipe. A prática política ganha força nas teorias de Nicolau, aproximando-se disso sua vontade de ver uma Itália unificada. Após várias experiências, inclusive a de ter sido preso e torturado, tenta reconquistar os favores dos Medici. É, de fato, em homenagem a Lorenzo de Medici que escreve O Príncipe. 
Como é notável, o pensador vive em meio às tramas políticas de Florença e sofre suas influências e conseqüências. Maquiavel escreve muitas outras obras, como os Discursos Sobre a Primeira Década de Tito Lívio, importantíssima; um conto chamado O Demônio que se casou (Belfagor); uma comédia intitulada A Mandrágora, que fez muito sucesso no teatro italiano; escreveu também A Arte da Guerra. Em 1520, é nomeado historiador da Universidade de Florença. Dessa experiência, escreverá os volumes das Histórias Florentinas. Para ele, os assuntos do Estado Florentino é que lhe diziam respeito, por isso tamanha dedicação de sua parte para com a cidade onde nascera. 
Sua última esperança de voltar à chancelaria foi quando as tropas de Carlos V libertaram Florença do jugo dos Médici. Mas, houve novo desapontamento e o filósofo dói destratado e esquecido pelos novos conquistadores. Morre doente e frustrado, aos 58 anos de idade. Dentre toda sua produção intelectual, O Príncipe retrata a questão da conquista do poder e de sua manutenção através de manipulações de todos os tipos. A técnica passa a ser de suma importância e distancia-se da ética. É assim que Nicolau Maquiavel rompe com o período medievo que relegara a técnica a segundo plano e caminha para a aurora da modernidade. O importante é a prática, a aplicação, o que seria mais tarde conhecido como o estilo pragmático. Nesse aspecto, com ele, a política surge como na ciência, de pura técnica. Deixa frisado que tudo aprendera no “estudo contínuo das coisas do mundo”. A política deixa de ser idealizada, em sentido utópico, para ganhar o terreno da prática. 
O pensador político era, acima de tudo, um grande observador, inclusive nas suas atuações. A “virtù” é o que se torna imprescindível: agir conforme as circunstâncias e isso, em política, está além da ética. Eis o legado de Maquiavel. 
3 – RESUMO DA OBRA – O PRINCÍPE 
3.1 – CAPÍTULOS DE I A V 
Todos os Estados, todos os governos que tiveram e têm poder sobre os homens foram e são republicas ou principados. Os principados são hereditários, quando a dinastia do príncipe reina há muito tempo, ou novos. Os estados hereditários, afeito à dinastia do príncipe, são mais facilmente conserváveis que os novos, já que basta ater-se às práticas dos antecessores e depois contemporizar com os imprevistos. É que o príncipe natural tem menos razões e menor necessidade de ofender, conseguindo assim ser mais amado. Mas é no principado novo que residem as dificuldades. As variações que nele surgem devem-se, em primeiro lugar, a uma dificuldade comum a todos os principados novos, a saber, que os homens mudam de boa vontade de senhor, acreditando melhorar. Semelhante convicção os induz a armar-se contra o senhor do momento – e nisso se enganam, pois em seguida se vêem em situação pior. Ora isso deriva de uma outra necessidade natural e comum que obriga o novo príncipe a lesar os interesses de seus novos súditos, ou com tropas ou com injúrias sem conta, inevitáveis quando se conquista um novo domínio. De modo que tens por inimigos todos aqueles que ofendestes ao ocupar o principado e não podes conservar a amizade dos que lá te colocaram porque não serás capaz e satisfazê-los como eles esperavam. 
No entanto, é verdadeiro que os países rebeldes, reconquistados pela segunda vez, são em seguidas perdidos com mais dificuldades; com efeito, o senhor, pretextando a rebelião, já não hesita em assegurar-se punindo os revoltosos, desmascarando os suspeitos, fortificando-se nos pontos mais fracos. Um Estado mais antigo pode anexar-se Estados de nacionalidade e língua iguais – os quais para manter com segurança basta extinguir a dinastia do príncipe que os dominava; quanto ao resto, preservando as condições preexistentes, isto é, se deseja preserva-los, deve tomar duas precauções: primeiro, fazer desaparecer a linhagem do príncipe anterior; segundo, não modificar nem as leis nem os impostos. Ao contrario, as dificuldades surgem quando se conquistam regiões diversas pela língua, costumes e instituições. Uma das melhores e mais eficazes soluções seria que o conquistador fosse nelas residir, o que tornaria mais segura e duradoura sua posse. Outra excelente solução é o estabelecimento de colônias, as quais o príncipe pode instituí-las e conserva-las com pouco ou nenhum dinheiro; e prejudicará apenas aqueles a quem tomará casas e terras para dá-las aos novos habitantes. 
O príncipe que conquista uma província diferente dos seus territórios deve, como se viu, fazer-se chefe e defensor dos vizinhos mais fracos, empenhar-se em debilitar os poderosos da nova região e evitar, por todos os modos, que nesta ponha pé um estrangeiro tão forte quanto ele. Está na ordem das coisas que, mal um estrangeiro poderoso chegue a um território, todos os fracos que lá vivem se unam a ele, movidos de ressentimento contra aqueles que os dominavam; o estrangeiro, assim, os conquista sem esforço, pois logo todos, juntos, fazem causa comum com ele. Os romanos observaram bemessa conduta nas regiões que conquistaram. Instituíram colônias, ampararam os mais fracos sem aumentar-lhes o poder, abateram os poderosos e impediram que os estrangeiros ali adquirissem boa reputação. Os romanos fizeram, neste caso, tudo o que os príncipes avisados devem fazer: considerar não apenas os obstáculos presentes, mas também os futuros, a fim de enfrentá-los por todos os meios. De fato, prevendo antecipadamente os obstáculos, é possível remediá-los a tempo; se se espera, porém que cheguem perto, a medicina é aplicada demasiado tarde, pois o mal se tornou incurável. Vem a propósito recordar o que dizem os medicas da tísica: que no começo é fácil de curar, mas difícil de conhecer; com o tempo, não tendo ela sido nem diagnosticada nem tratada, torna-se fácil de conhecer e difícil de curar. Dá-se o mesmo com os negócios de Estado. É que, conhecendo os males por antecipação (o que só ao sábio é concedido), damos-lhes remédio pronto; mas se, por não tê-los advertido, deixamo-los crescer tanto que já todos os percebem, então não há mais remédio algum. 
Em verdade, é coisa muito natural e costumeira desejar aumentar as próprias posses. E sempre que os homens puderem fazê-lo, serão louvados e não censurados; mas, quando não o puderem e ainda assim quiserem fazê-lo por todos os modos, errarão e merecerão censura. Luís, portanto, cometeu cinco erros: eliminou os mais fracos; fortaleceu na Itália um poderoso; introduziu no país um estrangeiro poderosíssimo; não estabeleceu residência no local; não criou colônias. Assim, o rei Luís perdeu a Lombardia por não respeitar nenhuma das regras que outros respeitaram para conservar suas conquistas. Daí se extrai uma regra geral, que nunca ou raramente falha: quem determina a ascensão de outrem a si próprio se arruína, pois tal ascensão foi conseguida pela astúcia ou pela força e uma e outra são suspeita a quem se tornou poderoso. 
Os principados de que tem noticia sempre foram governados de dois modos diferentes: ou por um príncipe rodeados de servos, alguns dos quais, como ministros, por graça e concessão sua, o ajudam a governar o reino; ou por um príncipe cercado de barões, que conservam sua posição não por mercê do príncipe, mas por forca hereditariedade. Quem considerar essas duas formas de governo achará difícil conquistar o primeiro; entretanto, se o conseguir, não terá problema em conservá-lo. Em contrapartida, sob certos aspectos, achará mais fácil ocupara o segundo, porém dificílimo conservá-lo. Quem quiser combater aqueles deve, pois, saber que os encontrará unidos, convindo-lhe melhor contar com as próprias forças do que com rebeliões alheias. Mas, se lograsse vencê-los e desorganizá-los de modo a impedi-los de reconstituir o exército, só teria a temer a dinastia do príncipe. Sucede o contrário nos reinos destes governados. Neles se consegue penetrar com facilidade, aliciando alguns barões locais, pois sempre se encontraram descontentes e inovadores – e estes, pelos motivos citados aplainarão teu caminho e te facilitarão a vitória. Mas em seguida, se quiseres manter as conquistas realizadas, encontrarás dificuldades imensas, seja com aqueles que te ajudaram, seja com aqueles que derrotastes. 
Quando os Estados conquistados, como se disse, têm o habito de viver segundo suas leis e em liberdade, três são as maneiras de mantê-los. A primeira consiste em arrasá-los, a segunda em lá ir residir pessoalmente, a terceira em deixar-lhes suas leis, estabelecendo um tributo e criando um governo de poucos que se conservem amigos. Em verdade, não há modo seguro de possuí-las a não ser a ruína. Quem se torna senhor de uma cidade habituada a viver livre e não a arrasa, pode esperar ser por ela destruído. 
3.2 – CAPÍTULOS DE VI A XII 
Maquiavel discorre sobre as palavras virtù, fortuna e ocasião e o paralelismo entre elas. Segundo Maquiavel, os homens sempre seguem os caminhos já trilhados por outros homens e tiram proveito do que é bom, não para o conquistado, para o conquistador. Quanto a política de Savonarola, um frei dominicano que lutou contra a corrupção que os Médici haviam implantado na França, Maquiavel faz uma crítica. Savonarola redigiu os direcionamentos da nova republica, mas não conseguiu convencer a multidão, seus argumentos não mantiveram firmes os que o apoiavam nem os que não acreditam nele. Savonarola morreu na fogueira em 1498. “Homens assim enfrentam grandes dificuldades, defrontando-se em seu caminho com perigos que precisam ser superados com a virtù”. 
Dos principados que se conquistam somente pela fortuna, cita o exemplo das cidades de Jônia e Helesponto que foram conquistadas por Dario. Impérios conquistados apenas pela fortuna são frágeis e volúveis. O estado é comparado a um organismo vivo “que nascem subitamente - como todas as outras coisas da natureza que nascem e crescem depressa - não podem formar suas raízes e ramificações, de modo que sucumbem na primeira tempestade”. Cita ainda exemplos de Francesco Sforza e Cesare Borgia e o meio que cada um teve de se conservar no poder. È imprescindível que ao construir sua casa o arquiteto arme um bom fundamento. Quando Cesare estava conquistando Urbino, Maquiavel, que era observador da República florentina, escreveu a Florença relatando as atitudes de Cesare e qualificando-as de perigosas. Maquiavel foi acusado de abusar de seu cargo de observador. 
Dos que chegaram aos principados por atos criminosos aborda dois modos de se chegar ao principado: de maneira rápida e indigna ou em favor dos cidadãos. Maquiavel cita Agátocles Siciliano considerado um homem cruel assassinou os senadores e as pessoas que tinham o poder em Siracusa, em seguida, ocupou o principado sem resistência. Liveroto da Fermo foi ao poder através de crimes: eliminou seus adversários e tomou o poder, mas foi enganado e derrotado por Cesare Borgia. 
Do principado civil - discursa sobre a luta de classes. Para alcançar o principado o individuo é apoiado pelos seus concidadãos pois não é necessário a virtù nem a fortuna mas ser astuto. Maquiavel fala o tirano de Esparta, Nabis, que se apoiou nas classes mais pobres e na política externa, sobre os irmãos Graco suas boas intenções e imprudência, empenhando-se em favor dos camponeses. 
Avaliação das forças dos principados - Maquiavel define os príncipes que governam a si mesmos como os que possuem um forte exercito ou bastante dinheiro e os príncipes que sempre precisam da proteção de outros. Se o principado é bem fortificado e seus súditos respeitam o príncipe, com receio será atacado, pois os homens atacam quando vêem empecilhos. 
Dos principados eclesiásticos - Segundo Maquiavel são conquistados ou por virtù ou por fortuna e não se mantêm se não pelas duas,mesmo possuindo estado e súditos eles não se defendem nem governam, são principados felizes e seguros. 
Dos gêneros de Milícia e soldados mercenários - Maquiavel os define como arma de defesa e ataque e os principais fundamentos que servem para todos os principados são leis e armas boas. Maquiavel fala que as armas utilizadas pelos príncipes são próprias, marcenarias, auxiliares ou mistas. As auxiliares e mercenárias são pagas pelo príncipe ou pela Republica. Os exércitos mercenários são fáceis de corromper. 
3.3 – CAPÍTULOS DE XIII A XVIII 
Milícias auxiliares podem ser úteis e bons para si mesmos, mas revelam-se sempre danosos para quem os chama – porque, quando perdem, anulam-te, quando vencem, aprisionam-te. Com os auxiliares, a ruína é certa, já que elas estão sempre unidas, sempre prontas a obedecer a outros. As mercenárias, ao contrário, mesmo depois de uma vitória, precisam de mais tempo e de melhores ocasiões para ofender-te, seja porque não constituem um corpo único, seja porque tu mesmo a escolheste e pagaste. Em suma, nas tropas mercenárias é mais perigosa a inércia, nas auxiliares o valor. Enfim, armas alheias ou caem pelas costas, ou pesam, ou sufocam. Ora, os exércitos mistos são melhores do que unicamente mercenários ou unicamente auxiliares, mas muitos inferiores aospróprios. Concluo, pois, sem milícias próprias nenhum principado é seguro, antes acaba por depender inteiramente da sorte, já que não tem forças capazes de defendê-los fielmente na adversidade. 
Não deve um príncipe, pois, ter outro objetivo, outro pensamento ou outro dever fundamental senão a arte da guerra. O príncipe não deve nunca descuidar-se dos exércitos militares, porém dedicar-se a eles mais em tempo de paz do que em tempo de guerra. Em primeiro lugar, aprenderá a conhecer melhor seu país e a determinar quais são as suas defesas naturais. Em segundo, graças ao conhecimento e prática desses sítios, atuará com mais desenvoltura em outros que lhe seja necessário explorar. O príncipe que não for perito nessa arte carecerá da primeira qualidade que um capitão deve possuir, pois é ela que ensina a detectar o inimigo, escolher o melhor local para acampar, conduzir os exércitos, elaborar o plano de batalha e atacar com sucesso. Quanto ao exército do pensamento, deve o príncipe ler os livros de história e neles considerar as ações dos varões excelentes, ver de que modo se comportam na guerra e examinar os motivos de suas vitórias e derrotas, para imitar aquelas e evitar estas. Inteligentemente, entesourará essas regras para delas valer-se na adversidade. 
É inevitável que um homem desejoso de bem se comportar entre tantos que são maus acabe por perder-se. Faz-se, pois, necessário que o príncipe, para continuar no poder, aprenda a não ser bom e siga ou não essa regra conforme a necessidade. Todos reconhecerão, bem o sei, que coisa mui digna de louvor seria, entre as qualidades mencionadas, que um príncipe possuísse apenas as consideradas boas. Mas, como por inteiro não se pode tê-las nem observá-las, dado que a condição humana o impede, ele precisa ser prudente a ponto de saber fugir à infâmia daqueles vícios, que acabariam por lhe arrebatar o poder. Bem consideradas as coisas, qualidades há com aparência de virtude que conduziriam o príncipe a ruína e qualidades com aparências de vícios que lhe assegurariam, ao contrário, sua segurança e bem-estar. 
Ora, quem deseja tornar-se conhecido por munificência não deve recuar diante de nenhuma ostentação. Dado que sua munificência prejudicaria muitos e beneficiária poucos, logo perceberia as primeiras dificuldades e, ao mínimo perigo, correria o risco de perde o perder. Não podendo, pois, o príncipe alardear sua munificência sem a si próprio si prejudica, deve, se é prudente, não se preocupar com a reputação de miserável. Com o passa do tempo, haverá de ser cada vez mais considerado generoso, pois então ver-se-á que, graças à sua parcimônia, as receitas normas lhe bastam, ao passo que se revela capaz de afastar os inimigos e cumprir suas missões sem demasiado gravame para o povo. O príncipe, ou gasta dinheiro seu e dos súditos, ou gasta dinheiro alheio; no primeiro caso, deve ser sóbrio; no segundo, não renunciar nunca a mostrar-se generoso. Gastar dinheiro alheio não te diminui o prestígio, ao contrário, falo aumentar. Só o que te prejudica é dissipar o que é teu. 
Um príncipe, para ter seus súditos unidos e fiéis, não deve curar-se dá pecha de cruel, pois, com umas poucas punições, acabará se revelando mais humano do que aqueles que, por exagerada humanidade, ensejam desordens das quais se originam rapinagens e assassinatos. Deve o príncipe fazer-se temer de modo tal que não provoque ódio, embora também não desperte amor. Pode-se ser temido sem ser odiado. Sobre a questão de ser temido ou amado, que, como os homens amam segundo a própria vontade e temem segundo a vontade do príncipe, este, sendo sábio, se arrimará no que é seu e não que é dos outros. Apenas deve como dissemos, procurar não despertar o ódio. 
Que seja louvável para um príncipe guardar a fé e rever com integridade, não com astúcia. Deves, pois, saber que duas são as formas de lutar: uma com as leis; a outra, com a força. A primeira é a própria dos homens, a segunda dos animais. O príncipe deve saber servir-se de uma e outra natureza, pois uma sem a outra não resiste ao tempo. 
3.4 – CAPÍTULOS DE XIX A XXVI 
Nota-se ao longo do Capítulo XIX que Maquiavel incentiva ao príncipe a evitar a usurpação dos bens de seus súditos e a não conflitar a honra dos mesmos a fim de garantir a satisfação, já que quando os súditos têm a sua honra e patrimônio respeitados, vivem geralmente satisfeitos, afinal quando estes têm, por exemplo, o patrimônio “ferido” jamais esquecerá o que lhe foi feito. 
Lutar contra a ambição de alguns, os quais poderão ser controlados de muitas formas é outra dica dada por Maquiavel e o cuidado com conotações tidas como péssimas com frivolidade não lhes é favorável. 
O príncipe deve tomar decisões que deverão ser irrevogáveis e deve sustentá-las de tal forma que a ninguém ocorra enganá-lo ou demovê-lo. Desta forma, o mesmo alavancará para si prestígio graças a sua forma de agir e tão logo, dificultará qualquer trama e conspiração contra si, pois afastar o ódio e o desprezo de si, mantendo o povo satisfeito, evita a conspiração. 
Nota-se a constituição de instituições sem subordinação direta destas ao monarca, as quais garantiriam a liberdade do povo, evitariam a censura do monarca e proporcionaria a segurança do monarca, como o Parlamento, por exemplo, impondo freios à insolência dos poderosos e protegendo os mais humildes, afinal se o príncipe delegar para outras pessoas as tarefas como os julgamentos, estimando-se os grandes e se evitando o ódio do povo. 
No decorrer do Capítulo XX, Maquiavel denota o cuidado com a conquista de um Estado mediante o auxílio interno dos seus habitantes, já que podem ter agido por insatisfação com o governo que tinham, sendo mais fácil ganhar a amizade dos que estavam insatisfeitos. A questão das fortalezas sendo estas necessárias ou não frente ao ódio do povo é outro ponto discutido, no qual o mesmo mostra que nem sempre seriam vantajosas e de nada adiantariam por ora a qualquer príncipe. 
Os grandes empreendimentos deveriam construídos a fim de assegurar a sua grandeza é discutido no Capítulo XIX, devendo o monarca procurar em todas as suas ações conquistar fama de grandeza e excelência. O monarca deve ainda agir como amigo ou inimigo declarado, nunca devendo ser neutro e nunca se aliar a ninguém mais poderoso a não ser se fosse obrigado. Manter o povo entretido, reunir-se com o membros de grupos, incentivar os cidadãos a praticar suas atividades pacificamente são outros pontos a serem observados pelo monarca a fim de garantir seu prestígio e notoriedade. 
O cuidado com a escolha dos ministros é o tema abordado no Capitulo XXII, e estes seriam bons ou maus de acordo com a prudência que o príncipe demonstrar. A primeira impressão que se teria do governante e da sua inteligência seria dada a partir a impressão dos homens que os cercam, sendo estes ministros vistos eficientes e fiéis se poderia considerar os príncipes sábios, pois teriam sido capazes de reconhecer e de manter fidelidade, mas na situação oposta deles se teria o mau juízo devido ao primeiro erro de escolher mal seus assessores. Aliás, o príncipe deveria assegurar a fidelidade dos ministros fazendo-lhes favores, honrando-os e enriquecendo-os, devendo o ministro pensar somente no monarca. 
O Capítulo XXIII aborda o cuidado a ser tomado com os aduladores, logo o monarca deveria escolher sempre como conselheiro os homens sábios, dando-lhes liberdade para falar a verdade, mas somente quando interrogados e assim agir do seu próprio modo. Os demais capítulos denotam a razão de se ter perdido o domínio, a impetuosidade frente ao poder da sorte e a libertação da Itália frente ao domínio dos bárbaros. 
4 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA OBRA NA ATUALIDADE 
É notável que os ensinamentos de Maquiavel são de extrema relevância e estão inteiramente interligados ao contexto político atual seja sob os aspectos de se evitar a usurpação dos bens dos cidadãos e se evitar que se fira a honra dos mesmos garantindo assim a satisfação seja sob o cuidado com conotaçõestidas como péssimas com frivolidade não lhes é favorável. 
O prestígio dado aos governantes com a tomada de decisões irrevogáveis e sustentadas de tal forma que a ninguém ocorra enganá-lo ou demovê-lo é outro aspecto notável, mas o governante deve tomar cuidado com tais decisões, já que decisões bruscas que gerem o desrespeito e sejam mal vista perante o povo e seus aliados podem acarretar na sua “queda”. 
O cuidado com a conspiração (frente aos estrangeiros) é um outro ponto notável como seguido pelos governantes na atualidade, tão logo, várias são as reuniões realizadas entre os mais diversos representantes dos países na tentativa de se estabelecer a “paz” ou mesmo boas relações. 
A construção de grandes empreendimentos a fim de assegurar a grandeza do governante é muito vista, afinal construções e projetos aprovados tidos muitas vezes inimagináveis como pontes caríssimas são muito realizados por aqueles que assumem o Executivo com o fim único de conquistar fama e ser sinônimo de excelência. 
Manter o povo entretido com a promoção de eventos e fazer reuniões junto a população são outros pontos a serem observados principalmente quando se trata da tentativa de se eleger ou de se fazer eleger aqueles de interesse a fim de garantir seu prestígio e notoriedade. Nota-se a defesa de instituições com o discurso de se manter a Democracia e de se manter a vontade da população evitando-se que pessoas “poderosas” possam tomar o comando. O cuidado com a escolha dos ministros é de fato bastante interessante, já que na História da Política recente no país, o fato daqueles que foram considerados como alvo de denúncias se refletiu sobre o governante que lhes escolheu, logo o fato da impressão que se tem do governante e da sua inteligência ser dada a partir da impressão dos homens que os cercam, é real.
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