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www.odontomagazine.com.br Medicamentos na Odontologia Reportagem O uso da Fluorescência Óptica no segmento odontológico Entrevista A n o 3 - N ° 31 - A g o st o d e 20 13 c o m u n i c a ç ã o i n t e g r a d a c o m u n i c a ç ã o i n t e g r a d a 46 Agosto de 2013 Caso Clínico Simplicidade na restauração de dente posterior extensamente destruído Reinaldo de Souza Ferreira Mestre em Dentística - UERJ. reinaldosf@yahoo.com Cristiane Soares Mota Doutora em Dentística - UERJ. Anna Paula Kalix Mestre e Doutora em Dentística - UERJ. Luciano Corrêa Netto Professor da Disciplina de Dentística da UNIGRANRIO. Mestrando em Dentística - UFF. A utilização do compósito resinoso como material restaurador em dentes posteriores tem sido ampla-mente difundida na prática odontológica, popula- rizando-se nos últimos anos, em virtude de sua crescente previsibilidade e a alta exigência estética por parte dos pa- cientes1. Aliado a isso, o aperfeiçoamento dos compósitos restauradores e das técnicas adesivas têm contribuído para a obtenção de resultados satisfatórios nos diversos proce- dimentos, principalmente quanto à resistência ao desgas- te e à longevidade clínica. Todavia, existem alguns efeitos negativos relacionados à contração de polimerização que ocorre nesta classe de materiais, como a formação de fenda marginal2, manchamento superficial, fratura de cúspides, microinfiltração e sensibilidade pós-operatória3. Um dos grandes desafios encontrados na confecção de restaura- ções com resina composta em dentes posteriores está no fato de se criar um perfeito vedamento na interface dente- -restauração, eliminando a formação de fendas e, conse- quentemente, a microinfiltração marginal4,5. Para minimizar tal situação, incrementos de 2 mm de material são levados à cavidade com o objetivo de manejar o fator de configura- ção cavitária, permitindo assim, uma menor tensão de con- tração na interface dente-restauração4. Entretanto, o ponto negativo relacionado à técnica incremental está no tempo clínico que o profissional dispende, exigindo um maior tempo para a confecção de uma restauração. Os fabrican- tes têm focado em pesquisas que solucionem os diversos problemas que o compósito resinoso apresenta, como a elaboração de monômeros livres ou com baixa contração de polimerização, o que certamente representa um impor- tante avanço na utilização de compósitos diretos em dentes posteriores4. Dentro deste contexto, recentemente foi intro- duzida no mercado nacional a resina composta fluida Su- refill SDR Flow™ (Dentsply), representando um avanço na confecção de restaurações diretas em dentes posteriores. Este material é classificado como um substituto dentiná- rio, podendo ser utilizado em um incremento único de até 4 mm6,7, com uma redução de 60% na tensão de contração de polimerização, quando comparado aos compósitos tra- dicionais6,8,9. Tal situação ocorre pelo fato deste compósito apresentar um “Modulador de Polimerização”, patenteado pela Dents- ply, que reduz a formação de tensão de contração de poli- merização, sem interferir negativamente no grau de con- versão monomérica. Logo, este material forma uma rede mais relaxada e oferece tensão de polimerização significa- tivamente menor do que qualquer outra resina disponível no mercado6,8. Considerando que a técnica de inserção do material é realizada através do incremento único, dispen- sando a tradicional técnica incremental, tem-se a vantagem da redução do tempo clínico em torno de 30 a 50%6. En- tretanto, é necessária a sua cobertura com incrementos de 2 mm de qualquer resina composta à base de metacrilato para reconstrução da anatomia oclusal6. Diante do exposto, este artigo tem o objetivo de relatar um caso clínico com um protocolo restaurador diferenciado, através da aplica- ção clínica da SDRTM em uma cavidade classe II. Caso clínico Paciente compareceu na Clínica de Dentística da Odonto- clínica Central da Marinha para realizar uma restauração no elemento 37 (figura 1). Ao exame clínico e radiográfico, constatou-se que o dente apresentava restauração provisó- ria com cimento de ionômero de vidro e vitalidade pulpar. Inicialmente, foi indicada uma restauração indireta em ce- râmica, devido à amplitude da cavidade, com envolvimen- to de cúspides funcionais. Como o paciente era militar e estava designado para realizar uma missão fora do país, 47Agosto de 2013 Caso Clínico Figura 1 Visão pré-operatória. Dente 37 com curativo de cimento de ionômero de vidro. Figura 2 Isolamento absoluto e visão do preparo após remoção da restauração provisória e de tecido cariado remanescente. Observe margem cervical vestibular sem esmalte. não havendo tempo hábil para realização do procedimento indireto, optou-se por realizar uma restauração direta em compósito, que serviria futuramente como um núcleo de preenchimento. Após profilaxia e anestesia local, foi reali- zado isolamento absoluto do campo operatório, remoção da restauração provisória e de tecido cariado remanes- cente. Observa-se que, na margem cervical vestibular há ausência de esmalte, o que torna o procedimento adesivo mais desafiador (figura 2). Para o condicionamento ácido total, a aplicação do gel de ácido fosfórico foi iniciada pelo esmalte e, logo em seguida, em dentina, totalizando 15 se- gundos de aplicação (figuras 3 e 4). Mesmo com o sistema empregado apresentando boa tolerância à variação de umi- dade, teve-se o cuidado para manter a dentina úmida. A aplicação do sistema adesivo foi realizada com pincel tipo microbrush, de modo a impregnar o máximo possível os tecidos dentais (figura 5). Foram aplicadas duas camadas consecutivas do sistema adesivo XP Bond (Dentsply), de forma ativa (esfregando o pincel sobre a dentina), sem po- limerização entre as camadas, aguardando-se 15 segundos para evaporação do solvente, seguido de um leve jato de ar para total eliminação do solvente. Em seguida a camada adesiva foi fotoativada por 10 segundos, com unidade LED (RadiiCal – SDI). Como houve perda da face mesial e par- te da face lingual, optou-se por reconstruir estas paredes com resina composta micro-híbrida, especialmente porque essa restauração precisaria apresentar boa longevidade até o regresso do militar ao Brasil. Foi, então, empregada a resina composta TPH3 (Dentsply), nas cores A3 e A2. A facilidade na manipulação e a excelente viscosidade deste material permitiram a escultura sem que a resina composta perdesse a forma e escurresse antes da fotoativação. Cada incremento foi fotoativado por 40 segundos. Após a recons- trução da porção correspondente ao esmalte mesial e ves- tibular, foi “criada” uma cavidade tipo classe I (figura 6). Para a reconstrução da porção correspondente à dentina, foi empregado o compósito Surefil SDR flow (Dentsply). O material é fornecido em compules, e é injetado na ca- vidade com auxílio de seringa própria, de forma bastante simples, permitindo o preenchimento da cavidade sem bo- lhas (figuras 7 e 8), em incrementos de 4 mm, o que agili- za o procedimento. Este único incremento foi fotoativado por 40 segundos. A reanatomização oclusal foi realizada com a resina composta micro-híbrida TPH3 (Dentsply), cor A2. Para obtenção de adequada anatomia, cada cúspide foi reconstituída individualmente. Cada incremento foi fotoa- tivado por 20 segundos. Finalmente, a restauração foi co- berta com gel hidrossolúvel (para eliminar a presença de oxigênio em contato com a restauração) e fotoativada por 40 segundos (figura 9). Os excessos marginais foram re- movidos com lâmina de bisturi no 12 e pontas diamantadas de granulação fina. Após a remoção do dique de borracha, o ajuste oclusal foi executado com pontas diamantadas de granulação fina e superfina, e o polimentoinicial feito com pontas de borracha abrasiva Enhance e escova de carbeto de silício Astrobrush (Ivoclar Vivadent – figuras de 10 a 15). 48 Agosto de 2013 Caso Clínico Figura 7 Inserção do compósito Surefil SDR flow de baixa tensão de contração de polimerização. Figura 8 Vista oclusal após fotoativação do compósito Surefil SDR flow, reconstruindo a dentina perdida. Figura 5 Aplicação do sistema adesivo XP Bond (Dentsply) com pincel tipo microbrush. Figura 6 Aspecto clínico após reconstrução do esmalte mesial e vestibular com a resina composta TPH3, cores A3 e A2. Figura 3 Condicionamento ácido, iniciando pelo esmalte. Figura 4 Condicionamento ácido total (esmalte e dentina). 49Agosto de 2013 Caso Clínico Figura 10 Aspecto pós-operatório imediato, após remoção do gel bloqueador de oxigênio. Figura 9 Fotoativação da restauração oclusal com TPH3, através de gel bloqueador de oxigênio. Figura 11 Close-up da restauração antes da remoção do isolamento absoluto. Figura 12 Figura 13 Figura 14 50 Agosto de 2013 Caso Clínico Conclusão Diante do caso clínico exposto, conclui-se que a utilização da Surefil SDR Flow representa uma referência importante na evolução dos materiais restauradores diretos, pois foi possível confeccionar uma restauração estética com muita praticidade e tempo clínico reduzido. Referências 1. Bala O, Uçtasli MB, Unlü I. The leakage of Class II cavities restored with packable resin-based composites. J Contemp Dent Pract 2003; 4(4) 1-11. 2. Irie M, Suzuki K, Watts DC. Marginal gap formation of li- ght-activated restorative materials: effects of immediate setting shrinkage and bond strength. Dent Mater 2002; 18(3):203–10. 3. Ferracane JL, Mitchem JC. Relationship between composite contraction stress and leakage in Class V cavities. Am J Dent 2003;16(4):239–43. 4. Conceição, E.N e col. Restauração de resina composta di- reta em dentes posteriores. In: Dentística saúde e estética – Ed. Artmed, 2007, p. 264-97. 5. Amaral, CM, Castro AKBB, Pimenta, LAF, Ambrosano GMB. Influence of resin composite polymerization techniques on microhardness. Quintessence Int 2002; 33 (9):685-9. 6. Bula - Surefil SDR TM Flow. Dentsply, Brasil. 7. Roggendorf M J, Krämer N, Andreas A, Naumann M, Frankenberger R. Marginal quality of flowable 4-mm base vs. conventionally layered resin composite. J Dent 2011; 39 (10): 643-47. 8. Ilie N, Hickel, R. Investigations on a methacrylate-based flo- wable composite based on the SDRTM technology. Dental Materials 2011; 27 (4): 348-55. 9. Van Ende A, De Munck J, Van Landuyt KL, Poitevin A, Peu- mans M, Van Meerbeek B. Bulk-filling of high C-factor pos- terior cavities: effect on adhesion to cavity-bottom dentin. Dent Mater 2013; 29(3):269-77. A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínico- gerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas: 1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em alta- resolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio. 5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado. 10) Qualquer correspondência deve ser enviada para: Vanessa Navarro - Odonto Magazine Alameda Amazonas, 686 – sala G1 Alphaville – Barueri - SP CEP: 06454-070 11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail. 12) Informações: Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Victorio Rosa e. victorio.rosa@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7768 NORMAS PARA PUBLICAÇÂO Figuras 12, 13, 14 e 15 Aspecto clínico da restauração MOV concluída, após remoção do isolamento absoluto, remoção de excessos e acabamento/polimento inicial.
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