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Prof M. Sc. José Aroldo Filho Nutricionista Mestre em Ciências Médicas FCM/UERJ Especialista em Nutrição Clínica - ASBRAN Pós-Graduado em Medicina Ortomolecular UVA Membro da Associação Brasileira de Medicina Ortomolecular - ABMO DOENÇAS TIREOIDIANAS Produção de 4 hormônios: -Tiroxina (T4) - Tri-iodotironina (T3), -T3 reverso, e -Calcitonina HISTOLOGIA E FISIOLOGIA REGULAÇÃO DA SECREÇÃO HORMONAL Hormônio estimulante da tireóide (TSH) A secreção de TSH pela hipófise é estimulada por um hormônio hipotalâmico, liberador de tireotrofina (TRH), e inibida pelos hormônios tireoidianos. O TSH estimula a liberação de T4 e T3 pela tireóide; por sua vez, a redução dos níveis de T3 e T4 no plasma estimula a secreção de TSH. A dosagem do TSH é considerada a primeira opção para o diagnós tico das disfunções tireoidianas. Anticorpo anti-receptor de TSH (TRAB) Doenças auto-imunes da tireóide (doença de Graves, tireoidite de Hashimoto) podem cursar com a presença de auto- anticorpos contra antígenos citoplasmáticos e de superfície. Os autoanticorpos contra antígenos citoplasmáticos estão associados a dano celular. Os anticorpos anti-receptor de TSH (TRAB) influenciam na função e no crescimento glandulares, exercendo também um papel importante na patogênese. Além da atividade estimuladora, eles podem agir ainda como anticorpos bloqueadores ou promotores do crescimento, levando ao hipotireoidismo ou a bócios endêmicos e esporádicos, respectivamente. Doença de Graves atividade estimuladora Apresentam sensibilidade de 85% e especificidade de 80% para o diagnóstico. Estes anticorpos podem estar presentes em alguns casos de tireoidite de Hashimoto, tireoidite subaguda, tireoidite silenciosa e em recém-nascidos de mães portadoras de doença de Graves, devido à transferência feto-placentária. INDICAÇÕES: - Diagnóstico etiológico do hipertireoidismo - Oftalmopatia de Graves - Hipertireoidismo neonatal REGULAÇÃO DA SECREÇÃO HORMONAL SÍNTESE E METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS Biossíntese dos hormônios tireoidianos Folículos tireoidianos Dependente da captação de iodeto do sangue Incorporação aos resíduos de tirosina da tireoglobulina. Iodeto circulante (I-) Captado pelos folículos tireoidianos (proteína transportadora NIS) Pendrina transporta o iodeto para o interior do folículo. SÍNTESE E METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS O iodeto (I-) perde um elétron Ação da enzima tireoperoxidase (TPO) A TPO utiliza como co-fator o peróxido de hidrogênio. O peróxido de hidrogênio deve ser neutralizado pela Glutationa peroxidase. SÍNTESE E METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS ANTICORPO ANTIPEROXIDASE TIREOIDIANA (ANTI-TPO) É usado para o diagnóstico de doenças tireoidianas auto- imunes, especialmente a tireoidite de Hashimoto, com positividade de 95%, enquanto 85% dos casos de doença de Graves têm níveis detectáveis de anticorpos anti-TPO. Embora seus valores possam variar durante a terapia, isso não tem importância significativa no critério de acompanhamento. Níveis detectáveis podem ser encontrados em 12% dos indivíduos normais. Esta enzima catalisa a iodinização da tirosina em tireoglobulina durante a biossíntese de T3 e T4, sendo os anticorpos anti-TPO capazes de inibir a atividade enzimática e induzir alterações citotóxicas. Como cerca de 30% dos pacientes com tireoidite de Hashimoto apresentam positividade para somente um anticorpo, é importante a associação da dosagem de antitireoglobulina. O iodeto oxidado (I) é incorporado aos resíduos de tirosina da tireoglobulina. (I) + TYR monoiodotirosina (MIT) 2X (I) + tyr di-iodotirosina (DIT). SÍNTESE E METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS ANTICORPO ANTITIREOGLOBULINA Junto com a do anti-TPO, esta dosagem é indicada como complemento no diagnóstico das tireoidites auto-imunes, principalmente a de Hashimoto. Cerca de 30% dos portadores desta patologia apresentam positividade para somente um anticorpo, o que torna importante a associação da dosagem dos dois. Apresentam prevalência de 10% na população geral e de cerca de 20% nos portadores de carcinoma diferenciado da tireóide. Após a tireoidectomia, seus valores diminuem progressivamente, com negativação após dois a quatro anos depois da cirurgia. Triiodotironina (T3) Aproximadamente 20% do T3 é produzido na tireóide; o restante é proveniente dos tecidos periféricos por desiodação do T4. Na maioria (99,7%), o T3 circula ligado a proteínas séricas, principalmente a TBG. Mostra-se elevado na maior parte dos casos de hipertireoidismo, o que o torna um teste importante para este diagnóstico. No hipotireoidismo, o T3 demora a cair, e pode estar normal na presença de T4 diminuído e de TSH aumentado. MIT + DIT T3 DIT + DIT T4 A tireoglobulina é reabsorvida, sendo os hormônios liberados na circulação. SÍNTESE E METABOLISMO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS Tiroxina (T4) É o principal hormônio secretado pela glândula tireóide, em grande parte transformado perifericamente na triiodotironina (T3). Na maior parte, a tiroxina circula ligada a proteínas séricas (TBG - thyroid binding globulin), e apenas de 0,02% a 0,04% na forma livre. Alterações nessas proteínas vão se refletir na dosagem do T4 total. Tiroxina livre (T4L) O efeito metabólico do hormônio tireoidiano é provocado por sua fração livre, principal responsável pelo feedback com o TSH. Indica-se a dosagem do T4 livre no diagnóstico do hipo ou hipertireoidismo, uma vez que esse hormônio não sofre influência significativa dos níveis de TBG circulantes. Triiodotironina livre (T3L) Cerca de 0,3% do T3 circula sob a forma livre, sendo considerada a fração metabolicamente ativa. A dosagem de T3 livre também não sofre influência significativa dos níveis de TBG circulantes. Indica-se a dosagem de T3 livre para pacientes com diagnóstico duvidoso de hipertireoidismo, quando se deseja avaliar possíveis alterações de ligação ou resistência periférica aos hormônios tireoidianos. EFEITOS E MECANISMOS DE AÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS T3 E T4 METABOLISMO PERIFÉRICO T4 ~93% dos hormônios produzidos pela tireoide T3 4 vezes mais potente que o T4 5’–monodiodinase 5’–monodiodinase T4-5-desiodase METABOLISMO PERIFÉRICO T4 ~93% dos hormônios produzidos pela tireoide T3 4 vezes mais potente que o T4 5’–monodiodinase 5’–monodiodinase T4-5-desiodase Selênio Selênio Triiodotironina reversa (T3R) É produzida em pequena quantidade pela glândula tireóide, e em maior quantidade pela metabolização do T4, num processo de inativação. Sua dosagem pode ser útil na avaliação do status metabólico da tireóide em pacientes gravemente enfermos, em que se pode detectar níveis séricos diminuídos de hormônios tireoidianos, com triiodotironina reversa (T3R) aumentado.APOIO NUTRICIONAL NA SAÚDE DA TIREÓIDE CAFEÍNA Além de promover alteração pressórica, pode alterar a biodisponibilidade da levotiroxina e provocar danos no tratamento das disfunções da glândula. Deve-se evitar o uso de cafeína, ou bebidas que a contenham, em horários próximos ao de medicação. A cafeína também compete na absorção de zinco, prejudicando a saúde tireoidiana. SOJA Pesquisas apontam risco de doença de tireoide em grandes consumidores de soja e usuários de suplementos de isoflavonas. Crianças em uso exclusivo de fórmulas a base de soja são candidatas a rastreio para desordens tireoidianas. Outro ponto é a presença de fatores antinutricionais, como lecitinas e fitatos, que diminuem a biodisponibilidade de metais, como zinco. As recomendações sobre a forma e horário de tomada dos comprimidos de levotiroxina devem ser sempre seguidas. Deve ser ingerida em jejum, com água, pelo menos 30 a 60 minutos antes do café da manhã, e com quatro horas de intervalo com medicamentos que interfiram com sua absorção. SUCRALOSE A presença de átomos de cloro em sua estrutura poderia alterar a captação de iodo pela glândula e, deste modo, prejudicar o funcionamento glandular. Não há estudos de longo prazo de eficácia para pacientes com alterações tireoidianas. PICOLINATO DE CROMO O uso de picolinato de cromo pode diminuir a quantidade de levotiroxina que o corpo absorve . Isto pode reduzir a eficácia da levotiroxina . Há poucos estudos relacionando interação negativa do elemento cromo e levotiroxina. Sugere-se que a medicação deva ser ingerida 30 minutos antes ou 3-4 horas depois de ingestão de picolinato de cromo. SELÊNIO Na deficiência de selênio, os níveis de T4 estão elevados, mas os níveis de T3 estão diminuídos, porque o selênio é necessário ao funcionamento das deiodinases. Outro ponto é que a suplementação de selênio parece atenuar a doença autoimune em pacientes com anticorpos antitireóide elevados. Sugere-se o consumo de 100mcg de selênio em pacientes com desordens tireoidianas A deficiência de selênio aumento na formação de T3 reativo, que age inibindo o TSH, mas não tem atividade nos receptores periféricos celulares hormônio tireoidiano inativo. A formação de T3 reativo é conseqüência da ativação da enzima diodinase e não dependente de selênio e zinco. A maior parte do T4, em situações fisiológicas, se transforma em T3, via triiodotironina 5’ desiodinase 1, dependente de selênio e zinco. Retardar a evolução de Hashimoto? ZINCO O zinco aumenta a atividade da deiodinase tipo 2, o que parece demonstrar que a suplementação de zinco pode suavizar a queda de T3 associada a dietas restritivas. A suplementação de zinco poderia normalizar TSH e T3 reverso. Sugere-se o consumo de 40mg de zinco em pacientes com desordens tireoidianas Deficiência subclínica de zinco aumento do seqüestro deste em níveis hepático e adrenal cofator do metabolismo de cortisol. Pacientes com altos níveis de estresse Hipotireoidismo Subclínico em virtude de deficiência subclínica de zinco inativação do T3 ativo e formação do T3 reativo. IODO A carência de iodo está associada a presença de bócio endêmico ou simples. Com redução da circulação da síntese de T4 e T3. Iodo urinário mcg/L Ingestão de iodo Nutrição de iodo <20 Totalmente insuficiente Deficiência severa 20 – 49 Muito insuficiente Deficiência moderada 50 – 99 Insuficiência Deficiência moderada 100 – 299 Nível ótimo Excelente >300 Excessiva Risco de morbidades associadas Solução de Lugol É composto por Iodo metalóide (I2, Inorgânico) ( ou Iodo metálico ou ressublimado ou molecular ou elementar), Iodeto de Potássio (KI, Inorgânico) e água destilada. Usado para eliminar a deficiência de Iodo, que é muito comum, e geralmente está associado ao Hipotiroidismo. E como consequência ajuda a eliminar nódulos e cistos que existam no corpo devido à carência de Iodo. Utiliza-se comumente Lugol 5% (2 gts em água) em paciente com Doença de Graves e Tireoidite de Hashimoto. Avaliar TSH. BRÁSSICAS Repolho, rabanete, brócolis, couve de Bruxelas são alimentos que devem ser usados apenas eventualmente e mesmo assim cozidos. São ricas em isotiocianatos. O isotiocianato é considerado bociogênico, por reduzir a captação de iodo pela tireóide. VITAMINA C Artigo apresentado no Endocrine Society’s 90TH (Annual Meeting em São Francisco), pelas pesquisadores da Universidade de Buenos Aires, Sandra Licht e Paula Antunez , descreve o aumento da absorção de L-T4 influenciado pela vitamina C. O estudo foi realizado em 11 pacientes que faziam uso de altas doses de L-T4, sem no entanto, conseguir atingir níveis normais de TSH sérico e reduzir sintomas do hipotireoidismo, tais como fadiga, depressão, ganho de peso. Segundo as autoras, foram excluídos: má aderência, pacientes com doença celíaca ou em uso de cálcio, ferro ou anti-ácidos. Durante um período de seis semanas, os pacientes receberam 1g de vitamina C junto com o comprimido de L-T4 por via oral. A vitamina C foi diluída em 200 mL de água. Reações adversas a alimentos - DISBIOSE alteração de flora intestinal. - ALTERAÇÃO DE PERMEABILIDADE INTESTINAL associada à entrada de moléculas grandes desencadeando resposta imune. A recuperação da integridade de TGI, em associação à reposição de nutrientes controle de hipotireoidismo subclínico. DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS A disfunção tireoidiana leve, definida como níveis de tireotropina sérica (TSH) fora da faixa de referência, associada a níveis normais de hormônios tireoidianos, é frequente na prática clínica. Sua prevalência está associada à idade, ao sexo e ao teor de iodo da dieta. O rastreamento dessas doenças e os benefícios clínicos de seu tratamento serão abordados de maneira resumida nesta revisão, juntamente com a descrição das afecções tireoidianas mais comuns. TRIAGEM PARA DISFUNÇÕES TIREOIDIANAS A triagem é a realização de exames para detectar uma doença potencial ou condição em uma pessoa que não apresenta sinais ou sintomas dessa condição no momento em que os testes são realizados. A triagem, por meio da dosagem dos hormônios que avaliam a função tireoidiana, pode identificar pacientes assintomáticos ou com sintomas discretos ou não específicos, que tenham maior risco para desenvolver doenças da tireoide. Detecta precocemente disfunções, evitando complicações tardias e propicia o tratamento precoce. Entretanto, há grande controvérsia, na literatura, sobre o valor da triagem, tanto por não haver consenso sobre o benefício em se tratar o paciente assintomático e com pequenas alterações hormonais, como pelos custos envolvidos. Como realizar a triagem? A dosagem de TSH é o exame de eleição para a triagem das doenças tireoidianas, pois é capaz de detectar pequenas anormalidades antes que ocorram alterações nos exames séricos de T4 e T3. Testes de segunda e terceira gerações têm a capacidade de detectar variaçõesda ordem de 0,1 e 0,01 μUI/mL de TSH sérico, respectivamente, e são mais sensíveis na avaliação de pacientes ambulatoriais. A sensibilidade dos testes é de aproximadamente 98% e a especificidade, acima de 92%. A dosagem isolada de TSH apresenta limitações nos pacientes com alterações da função tireoidiana secundárias ao acometimento da hipófise ou hipotálamo, como ocorre no hipotireoidismo central. Nesta situação, está indicada a realização do T4 livre. No entanto, acrescentar o T4 livre à triagem, de forma indiscriminada, eleva os custos sem aumentar o benefício para o paciente, já que o hipotireoidismo central tem baixa prevalência na população geral. A triagem para doença tireoidiana não é recomendada, de rotina, para pacientes internados. Diversas condições clínicas, não relacionadas à função tireoidiana, e uso de diversos medicamentos podem alterar as concentrações do TSH e das proteínas transportadoras dos hormônios da tireoide, modificar as concentrações séricas do T4 livre e do T3 e levar a diagnósticos equivocados. Quais pacientes devem ser triados? Não há consenso na literatura sobre a população a ser triada e as diretrizes das diversas sociedades diferem entre si. Faltam estudos populacionais randomizados que demonstrem os benefícios do tratamento do paciente portador de alterações tireoidianas subclínicas. A United States Preventive Services Task Force não recomenda, de rotina, a triagem para doenças tireoidianas nos adultos, enquanto a ATA a indica para adultos a partir dos 35 anos, com repetição a cada cinco anos. A American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) recomenda a triagem em pacientes idosos, sem especificar a idade, especialmente nas mulheres. O Consenso publicado em 2005 pela ATA, pela AACE e pela Endocrine Society recomendava a triagem para indivíduos acima de 60 anos ou em qualquer idade com risco aumentado para disfunções tireoidianas. O rastreamento sistemático das grávidas não é recomendado na última publicação da ATA, que considera as evidências insuficientes para se posicionar a favor ou contra sua indicação. Os mesmos fatores de risco para pacientes não grávidas devem ser considerados para a triagem da gestante. Situações clínicas nas quais a triagem está indicada, segundo recomendações da Clinical Knowledge Summaries (CKS) do Reino Unido: •Bócio •Diabetes tipo 1 •Diabetes tipo 2 •Fibrilação atrial •Osteoporose •Dislipidemia •Uso de iodo radioativo ou cirurgia prévia tireoidiana •Irradiação cervical •História familiar de doença tireoidiana •História pessoal de doença da tireoide •História de doenças autoimunes •Portadores de anticorpos anti-TPO positivos •Síndromes de Down ou Turner •História de tireoidite pós-parto •Infertilidade, abortamento espontâneo ou parto pré-termo recorrente •Depressão pós- parto •Uso de substâncias que interferem na função tireoidiana Quando repetir o exame? A necessidade de repetir a dosagem do TSH ou complementar a propedêutica com T4 livre depende da condição clínica do paciente. Na ausência de alterações ou do surgimento de novos fatores de risco, recomenda-se a repetição da dosagem de TSH a cada cinco anos. HIPOTIREOIDISMO Manifestações clínicas HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO O hipotireoidismo caracteriza-se pela produção insuficiente de hormônios tireoidianos. É classificado como primário quando as alterações que levam à disfunção ocorrem na própria glândula tireoide. São causas frequentes a deficiência de iodo na dieta, alterações inflamatórias ou tireoidites - sendo a tireoidite de Hashimoto, forma crônica e autoimune, a mais frequente -, tireoidectomias parciais ou totais, radioiodoterapia para tratamento do hipertireoidismo e irradiação externa na área do pescoço e/ou tórax para o tratamento de neoplasias. As doenças infiltrativas, tais como sarcoidose e amiloidose, são causas mais raras do hipotireoidismo. Essa disfunção pode ocorrer, também, como efeito secundário ao uso de medicamentos como lítio, amiodarona, derivados fenóis, sulfonilureia, etc. O hipotireoidismo primário franco acomete 0,3% a 0,7% da população geral. Sua prevalência aumenta com a idade, chegando a 1,8% na população acima de 60 anos. Diagnóstico O diagnóstico é clínico, confirmado por testes de laboratório que mostram TSH alto e T4 livre baixo. Não há necessidade da realização do T4 total, T3 total ou livre para o diagnóstico. Tratamento O tratamento é feito com levotiroxina (T4) oral com melhora das manifestações clínicas da doença. O acompanhamento pode ser feito apenas com a dosagem do TSH, exceto no paciente com hipotireoidismo central, quando o exame de eleição é o T4 livre. Hipotireoidismo: deve ser administrado em doses baixas (50mcg/dia) que serão aumentadas de acordo com as condições cardiovasculares do paciente. Dose inicial: 50 mcg/dia, aumentando-se 25mcg a cada 2 ou 3 semanas até que o efeito desejado seja alcançado. Em pacientes com hipotireoidismo de longa data, particularmente com suspeita de alterações cardiovasculares, a dose inicial deverá ser ainda mais baixa (25mcg/dia). Monitorização da terapia com levotiroxina Uma das razões mais comuns para avaliar a função tireoidiana é monitorizar a terapia com levotiroxina em pacientes com hipotireoidismo através da dosagem do TSH. Se o TSH está alto, a dose precisa ser aumentada; se está baixo, a dose precisa ser reduzida. Quando o TSH está muito suprimido, pode aumentar o risco de fibrilação atrial e osteoporose, principalmente em pacientes idosos e mulheres após a menopausa, devido ao hipertireoidismo subclínico. HIPOTIREOIDISMO CENTRAL Condição rara, corresponde a menos de 1% dos pacientes com hipotireoidismo. É causado por alterações na hipófise (hipotireoidismo secundário) ou no hipotálamo (hipotireoidismo terciário). Pode ser consequente a cirurgias prévias, radioterapia externa ou radiocirurgias, ou a lesões com efeito de massa sobre a hipófise, como cistos, abscessos, doenças inflamatórias e de depósito, tumores primários ou metastáticos. O macroadenoma da hipófise é a causa mais comum. APOIO ORTOMOLECULAR Produtos que contém iodo são úteis, como levedo, que pode funcionamento da glândula tireóide. L-Tirosina 500mg, duas vezes ao dia, em jejum, pode auxiliar mesmo em pacientes em tratamento medicamentoso. Vitaminas A, C e E, além do selênio, parecem ser antioxidantes necessários ao tratamento do paciente com hipotireoidismo. Avaliar estabilização do quadro em adjuvante ao tratamento médico com levotireoxina. E a Vitamina A? HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Trata-se de doença tireoidiana que acomete de 2,5% a 4,3% da população geral. Sua prevalência aumenta com a idade, especialmente nas mulheres, chegando a 13,6% na população de ambos os sexos acima de 60 anos e a 25% nas mulheres acima de 65 anos. Várias situações clínicas, como diabetes tipo I, história de doença autoimune, irradiação do pescoço e uso de alguns medicamentos, estão associadas ao hipotireoidismo subclínico. Apresentação clínica Os indivíduos acometidos por hipotireoidismo subclínico são assintomáticos ou têm sintomas leves. Pacientes com TSH < 10 μUI/mL geralmente são assintomáticos. Diagnóstico O diagnóstico do hipotireoidismo subclínico baseia-se em testes laboratoriais, com TSH elevado e T4 livre normal. Essa condição deve ser distinguida de outras causas fisiológicas ou transitórias de aumento do TSH, sendo importante afastar a possibilidade de erro laboratorial, interferências de drogas, tireoidites e outras causas que podem acometer a glândula. Tratamento Pacientes com TSH alto (acima de 10 μUI/mL) e com anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO) positivos têm chance maior de progredir para hipotireoidismo franco. Entretanto, apesar do achado laboratorial, é controverso, na literatura, se esses pacientes se beneficiam com a instituição precoce do tratamento. Estudos demonstraram que a doença arterial coronariana é mais prevalente nos pacientes com hipotireoidismo subclínico, associado à elevação do TSH e à idade inferior a 65 anos. De forma paradoxal, nos pacientes com idade acima de 85 anos e níveis de TSH até 10 μUI/mL, esta condição foi associada à maior sobrevida. A mesma controvérsia existe quanto ao ponto de corte da dosagem de TSH a partir do qual a terapia medicamentosa deve ser instituída. O tratamento com tiroxina evita a progressão para o hipotireoidismo franco, especialmente naqueles pacientes com TSH maior que 10 μUI/mL e anti-TPO positivo, resultando em benefícios na contratilidade e na função cardíacas. Entretanto, há risco de tratamento excessivo, resultando em hipertireoidismo, o que aumenta o risco de complicações cardíacas, como angina e infarto, e eleva os custos tanto com o tratamento. L-TIROSINA* Essencial para formação de tireoxina. Doses diárias de 500mg, 3 vezes ao dia, antes das principais refeições. *Podemos realizar um mix, introduzindo L-FENILALANINA (Aminoácido precursor de L-TIROSINA), onde teríamos: L-FENILALANINA ---------------------------------------------250mg L-TIROSINA ----------------------------------------------------250mg POSOLOGIA: 3 vezes ao dia, antes das principais refeições. Necessários para boa função da enzima triiodotironina 5’ desiodinase 1, que ativa a conversão de tiroxina (T4) em triiodotironina (T3 ativo). As doses de selênio variam de 100 – 200mcg/dia (na forma quelada). As doses de zinco variam de 16 – 50mg/dia na forma de quelado ou gluconato de zinco. SELÊNIO E ZINCO (1) Coleus forskohlii (2) Commiphora mukul (3) Fucus vesiculosus APOIO FITOTERÁPICO O Coleus é uma planta nativa da Índia, com uso tradicional na alimentação, tem ganhado projeção por ser a única planta fonte do diterpeno forskolin. O composto Forskolin tem a propriedade de aumentar a adenilato ciclase, uma enzima que transforma a alta energia da molécula de ATP para produção de AMP cíclico. Pela facilitação hormonal, o AMP cíclico pode regular a resposta termogênica do organismo ao alimento, aumentar a taxa do metabolismo, e aumentar inclusive a lipólise. Coleus forskohlii Outro fator relevante no mecanismo de perda de peso pela Forskolin envolve a ação estimulante da tireóide, comparável em força a tireotropina ou TSH. A ação estimulante da tireóide pode também contribuir para o aumento na taxa do metabolismo e na termogênese. Está ainda envolvida na regulação da secreção de insulina. Coleus pode interferir com alguns medicamentos, incluindo alguns medicamentos para tratamento de hipertensão arterial e medicamentos anticoagulantes, como a varfarina. Parte usada : Planta inteira Derivado de droga vegetal : Extrato padronizado a 10% de forskoliina Indicações/Ações terapêuticas : Utilizado como estimulador de hormônio tireoidiano, hipotireoidismo subclínico Dose Diária : 250mg; 2x ao dia. Ingerir uma cápsula de manhã e a outra à tarde, meia hora antes das refeições. Commiphora mukul, gugul, ou árvore de mirra Mukul, é uma planta de florescência na família Burseraceae . A planta guggul pode ser encontrado a partir do norte da África para a Ásia Central , mas é mais comum no norte da Índia . É rica em fitoesteróis que possuem como propriedade melhorar a assimilação de iodo em células com receptores para iodeto. Commiphora mukul Guggul pode interferir com o estrogênio, pílulas anticoncepcionais e outros medicamentos. Parte usada : Resina de goma Derivado de droga vegetal : Extrato seco padronizado no mínimo a 2,5% de guggulesteróis Indicações/Ações terapêuticas : Melhora a assimilação tireoidiana de iodo Dose Diária : 500 a 1000mg de extrato seco/dia Nome popular: Alga castanha ou sargaço Parte usada : Folhas e caule Padronização/Marcador : Iodeto Derivado de droga vegetal : Extrato seco (5:1) ou tintura (1:5) Indicações/Ações terapêuticas : Fonte dietética de iodo Dose Diária : 300 a 1000mg de extrato seco/dia ou Tintura (1:5): 50- 100gotas, uma a três vezes ao dia. Via de Administração : Oral Obs.: Embora a falta de iodo pode causar hipotireoidismo, a maioria dos casos de hipotireoidismo no mundo desenvolvido não são causados por deficiência de iodo. Fucus também podem conter metais pesados tóxicos, interferir com a gravidez e fertilidade, e interagir com medicamentos anticoagulantes, como a varfarina (Coumadin), entre outros. Fucus vesiculosus Paciente HCA, sexo feminino, 35 anos, secretária. Refere alterações em padrão de sono e leve depressão, além de: - Astenia - Cansaço; - Diminuição da libido; - Tireóide não palpável. Exames complementares: - Hemograma, creatinina, transaminases, glicemia normais. - Anticorpo Anti-TPO 15U/mL; - Anticorpo Antitireoglobulina 150U/mL; - T4 livre 1,2 ng/dL; - TSH 5,0 mcUI/mL . Como poderíamos abordar esse paciente? Paciente JFGC, sexo masculino, 49 anos, motorista. Há 1 ano e meio vem apresentando: - Aumento ponderal progressivo (IMC 33kg/m2; Circunferência de cintura 112 cm); - Cansaço; - Diminuição da libido; - Pressão Arterial elevada (135/90 mmHg); - Dislipidemia; - Tireóide não palpável. Exames complementares: - Hemograma, creatinina, transaminases, glicemia normais. - T3 ativo 130pg/dl, - Anticorpo Anti-TPO 55U/mL; - T4 livre 0,8 ng/dL; - TSH 35 mcUI/mL . Como poderíamos abordar esse paciente? HIPERTIREOIDISMO O hipertireoidismo é uma condição na qual a glândula tireoide é hiperativa e produz excesso de hormônios tireoidianos. Se não tratado, o hipertireoidismo pode levar a outros problemas de saúde. Alguns dos mais graves envolvem o coração (batimentos cardíacos acelerados e irregulares, insuficiência cardíaca congestiva) e os ossos (osteoporose). Pessoas com hipertireoidismo leve e os idosos podem não ter qualquer sintoma. HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO A prevalência do hipertireoidismo subclínico varia de 0,7% a 12,4% e aumenta nas mulheres idosas e fumantes. É mais frequenteem regiões com baixo consumo de iodo. As causas são as mesmas do hipertireoidismo. Diagnóstico O diagnóstico é baseado nos testes de laboratório, com TSH baixo, T4 livre e T3 normais. Tratamento Existem poucos estudos sobre o benefício do tratamento do hipertireoidismo subclínico. Os trabalhos mostram que o tratamento leva à diminuição da frequência cardíaca, da massa ventricular esquerda e septal e à melhora dos parâmetros hemodinâmicos. Em mulheres idosas, o tratamento minimiza a perda óssea. Mas não há estudos que confirmem, em longo prazo, os benefícios do tratamento sobre os sinais e sintomas cardiovasculares e esqueléticos. É importante salientar que a manutenção do TSH suprimido é recomendada no tratamento da maioria dos pacientes portadores de câncer da tireoide. HIPERTIREOIDISMO CLÍNICO Essa disfunção tireoidiana acomete aproximadamente 1,3% da população, é mais prevalente nas mulheres (5:1) e pode chegar a 4% em mulheres idosas. O hipertireoidismo pode ter várias causas e a correta determinação da sua etiologia é fundamental para o tratamento. Entre as mais comuns, destacam-se a doença de Graves, de etiologia autoimune, o bócio nodular tóxico e quadros de tireoidites, principalmente na forma subaguda. Diagnóstico O diagnóstico é clínico e laboratorial. O hipertireoidismo franco pode manifestar-se pelos sinais e sintomas , além de dosagem de TSH baixa (< 0,1 μUI/mL) com T4 livre e/ou T3 aumentados. Tratamento O tratamento do hipertireoidismo depende de sua causa básica. A escolha da terapêutica (antitireoidianos, iodo radioativo ou cirurgia) dependerá da idade, da etiologia do hipertireoidismo e das condições clínicas do paciente. Em situações de captação baixa ou ausente de iodo, como ocorre nas tireoidites, no uso exógeno de hormônios da tireoide ou na sua produção ectópica, normalmente não há indicação para uso de medicamentos antitireoidianos. A indicação recai sobre uso de beta-bloqueadores para controle dos sintomas, além de anti-inflamatórios ou corticoides. Nos casos de uso exógeno de hormônio tireoidiano o tratamento indicado é o ajuste da dose ou o uso de beta- bloqueadores. Para o hipertireoidismo decorrente de produção ectópica, deverá ser tratada a causa subjacente, como a metástase do câncer de tireoide ou a neoplasia de ovário, por exemplo. APOIO ORTOMOLECULAR Além dos tratamentos para bloquear a síntese de hormônios tireoidianos, é importante manter os níveis de vitaminas e minerais adequados, em virtude de aumento de atividade metabólica. O complexo B é necessário para um funcionamento adequado de tireóide avaliar deficiências. O uso de lecitinas é necessário para adequado funcionamento glandular e o uso de LECITINA DE SOJA, 200mg, 3 vezes ao dia, demonstrou ser adjuvante de tratamento. Administra-se juntamente com vitamina C e vitamina E, que agem como antioxidante. (1) Leonurus cardiaca (2) Melissa officinalis APOIO FITOTERÁPICO Nome popular : Agripalma ou “erva das mães” Parte usada : Partes aéreas Padronização/Marcador : triterpenos, leonurideo e leonurina Derivado de droga vegetal : rasura e tintura Indicações/Ações terapêuticas : Utilizado para redução da atividade de tireóide. Dose Diária : Infusão : 1 xícara de chá três vezes por dia . Tintura (1:5): 20 gotas 2 vezes ao dia. Leonurus cardiaca Nome popular: Melissa, Erva cidreira Parte usada: Folhas Padronização/Marcador: Ácidos rosmarínico Alegação de uso: Possui efeito inibidor da tireóide e pode ser indicado no controle de hipertireoidismo. Dose diária: 100 a 250mg de extrato seco /dia ou 1 a 4g de folhas secas em 150mL de água em infuso; 2 a 3x ao dia. Melissa officinalis
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