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Relatório da aula prática de Princípios de Ciências dos Materiais – Deformação e Recristalização do Cobre Comercial de Alta Dureza 1- Introdução O fenômeno de recristalização de um sólido metálico ocorre devido à nucleação em regiões do sólido que concentrem maior nível energético. Estas regiões são os contornos de grãos e áreas de acúmulo de discordâncias, caso o sólido tenha sido deformado de algum modo, pois há forças atuando entre os grãos. Este texto trata do processo de recristalização e posterior crescimento de grão em metais policristalinos deformados plasticamente. 2- Deformação plástica O fenômeno chamado de deformação plástica metais modifica a estrutura interna do metal em questão, através de um esforço mecânico. Os cristais deformados plasticamente possuem mais energia que os não- deformados, pois tiveram quantidade de discordâncias, lacunas e outras imperfeições pontuais aumentadas. Fig.1 – Discordância em aresta Fig.2 – Discordância em linha Diz-se que, quanto mais deformado plasticamente o material estiver, mais encruado ele está. Assim ocorre um aumento da dureza e da resistência mecânica do material, como resultado do aumento da energia interna do material. Quando a deformação é efetuada numa temperatura que é uma pequena fração do valor da temperatura de fusão do material (𝑇𝑓𝑢𝑠ã𝑜 ≫ 𝑇def 𝑓𝑟𝑖𝑜 ), o processo é chamado de trabalho a frio. Fig.3 – Deformação a frio É conveniente expressar o grau de deformação plástica (%TF) como um percentual de trabalho a frio: %𝑇𝐹 = ( 𝐴0 −𝐴𝑙 𝐴0 ) ∗ 100 onde 𝐴0e 𝐴𝑙 são, respectivamente, os valores das áreas superficiais inicial e final da peça. Durante a deformação plástica dos metais, a maior parte do trabalho mecânico realizado é gasto para mudar a forma do material, e uma parte do trabalho dissipa-se como calor. Este trabalho cria regiões de severa distorção associada com altas concentrações de discordâncias e outros defeitos pontuais. À medida que o metal armazena energia, ele se afasta de uma posição de mínima energia ou de equilíbrio. A propensão do sistema é, então, voltar ao equilíbrio pela redução de sua energia livre G, que ocorre pelo decréscimo do número de defeitos. Fig.4 – Micrografia de metal encruado Para que isto se realize é necessária ativação térmica. 3- Reacomodação O fenômeno de rearranjo das discordâncias é chamado de reacomodação e não altera significativamente a estrutura interna do metal. O que ocorre é que, ao se retirar o carregamento e fornecer energia térmica, os átomos conseguem se mover, aliviando as zonas mais tensionadas pela deformação plástica. A ativação térmica se mostra necessária para promover uma vibração atômica mínima, que é essencial para a reacomodação ocorrer por difusão atômica. Porém, nenhum decréscimo apreciável ocorre na densidade de discordâncias. Este processo necessita de uma energia de ativação razoavelmente elevada e, portanto, só ocorre em temperaturas mais altas. 4- Recristalização Em temperaturas ainda mais elevadas, a difusão atômica aumenta, de tal modo que é possível que novos cristais comecem a se formar nas regiões mais energéticas do sólido. Isto ocorre porque a tensão destas regiões e a alta temperatura fornecem a energia de ativação da recristalização e também porque a estrutura deformada é menos estável e mais energética do que os novos cristais em formação. O gráfico a seguir ilustra a necessidade da energia de ativação para que a recristalização comece, baseado na energia de superfície e de volume dos cristais em formação. Fig.5 – Energias do grão Quando o metal é recristalizado, a alta densidade de discordâncias é fortemente reduzida pela nucleação e crescimento de novas fases do material. Este processo elimina completamente os efeitos da deformação plástica. 5- Recristalização Primária Denomina-se recristalização primária o processo de crescimento de novos grãos livres de deformação, a partir de grãos metálicos plasticamente deformados como resultado do trabalho a frio. Os grãos novos são equiaxiais, ou seja, possuem dimensões aproximadamente iguais em todas as direções. Os novos grãos surgem na forma de núcleos muito pequenos, que crescem até substituir completamente o seu material de origem. A recristalização é usada para se produzir uma estrutura de grãos metálicos refinada. O processo depende tanto do tempo quanto da temperatura de recozimento. Dependendo das condições experimentais, é possível que a recristalização de um metal ocorra em poucos segundos ou então nunca se complete totalmente. Fig.6 – Dureza durante recozimento Fig.7 – Propriedades durante recozimento Se houver uma pequena deformação, a recristalização talvez não ocorra. Por outro lado, se houver uma deformação bastante severa, aumenta muito a velocidade de nucleação e os grãos serão mais finos no material recristalizado. Para alguns metais, temperaturas baixas durante a recristalização conduzem a microestruturas com pequeno tamanho de grão, enquanto o aumento da temperatura fortalece o crescimento do grão. A temperatura de recristalização está, geralmente, entre 30% e 60% da temperatura de fusão do metal. Define- se, para cada material, uma temperatura de recristalização própria que é a temperatura mínima necessária para que o metal recristalize completamente em uma hora (1h). 6- Crescimento de grão Após os grãos livres de deformação substituírem os antigos grãos deformados a frio eles começarão a crescer. Isto ocorre no sentido de reduzir a energia total reduzindo a área de contorno de grão, que é mais energética que o interior dos mesmos. Durante o crescimento, os átomos dos grãos menores migram para os maiores por difusão, de modo nem todos os grãos crescerão. Este processo somente ocorrerá se o metal recristalizado for mantido a uma temperatura elevada. Não necessariamente deve ter havido recuperação e recristalização antes do crescimento de grão acontecer. Por exemplo, um metal não deformado que é mantido a temperatura elevada terá grãos grandes. Nota-se também que grãos com poucos lados tendem a desaparecer, enquanto os que apresentam muitos lados tendem a crescer. 7- Anexos A seguir ilustra-se o recozimento através de amostras de cobre deformadas a quente, sendo possível visualizar a recristalização e o crescimento de grão. 8- Bibliografia Campos Filho, M. P., Davies, G. J.; “Solidificação e fundição de metais e suas ligas”; LTC – Livros Técnicos e Científicos; São Paulo; USP; 1978; Shackelford, J. F.; “Introdução à ciência dos materiais para engenheiros”; Pearson Prentice Hall; São Paulo; 2008; Van Vlack, L. H.; “Princípios de ciência e tecnologia dos materiais”; Elsevier; Rio de Janeiro; 1984;
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