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Efeitos da condenação e reabilitação A sanção criminal é a conseqüência direta e imediata da sentença condenatória. No entanto além dessa conseqüência, a sentença condenatória produz outros efeitos, ditos secundários, de natureza penal e extrapenal, os de natureza penal estão insertos em diversos dispositivos do Código Penal, do Código de Processo Penal e Lei de Execução Penal (Ex. reincidência, inclusão do nome do réu no rol dos culpados, causa que autoriza a revogação do livramento condicional etc.). Os de natureza extrapenal estão elencados nos art. 91 e 92 do Código Penal e são denominados de efeitos genéricos (art. 91, CP) e específicos (art. 92, CP). Efeitos extrapenais são distinguidos por: a) efeitos genéricos da sentença condenatória, que independem de declaração judicial (são automáticos), os efeitos genéricos são os seguintes: 1) Obrigação de indenizar o dano produzido – A lesão a bem jurídico produzido na lei penal produz, geralmente, danos materiais e/ou morais, cuja reparação exige indenização. A condenação criminal transitada em julgado torna certa a obrigação de indenizar o dano resultante do crime, limitando controvérsia, exclusivamente à liquidez do valor do dano indenizável. (art. 91, I, CP). 2) Perda dos instrumentos do crime cuja fabricação, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito (art. 91, II, “a”, CP).Ex. dos entorpecentes nos crimes previstos na Lei nº 11.343/06, armas de uso exclusivo do exército, os petrechos para a falsificação de moeda etc. E do produto do crime, ou outros bens que constituam vantagens resultantes da prática do crime, em favor da União (art. 91, II, “b”, CP) – a exceção é representada pelos direitos do lesado ou de terceiro de boa fé, cuja proteção é prioritária (art. 91, II, segunda parte).Ex. produto do crime, atualmente em voga com a lei de lavagem de dinheiro (neste caso os produtos do crime são investidos em outra atividade visando lavar dinheiro, primeiro ocorre o seqüestro e depois a perda dos bens para o Estado). b) efeitos específicos, que dependem de declaração judicial para produzirem efeitos: 1) Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo. Os efeitos da perda de cargo, função pública ou mandato eletivo podem ocorrer em duas situações previstas em lei: A) Na hipótese de aplicação de pena privativa de liberdade igual ou superior a 1 ano em crimes contra a Administração Pública praticados com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, função pública ou mandato eletivo. (art. 92, I, “a”, CP). B) Na hipótese de aplicação de pena privativa de liberdade superior a 4 anos, em todos os outros casos (art. 92, I, “b”, CP). O conceito de funcionário público para efeitos penais é bastante amplo: Art. 327 Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. §1º - A lei equipara a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. E a perda de função pública por crime inerente a profissão de funcionário público por crime com pena inferior a 1 ano? Resposta está no art. 132 da Lei 8112/90, do funcionalismo público que prevê a perda de cargo em condenação por crime previsto inferior a um ano, quando decorrente de abuso de poder ou violação de dever a ele inerente. A perda de cargo, função pública ou mandado eletivo como efeito secundário da sentença condenatória, admite reabilitação do condenado (art. 93, CP), preenchido os requisitos legais, mas vale para cargos, empregos ou função pública futuros, sem reintegração na situação anterior (art. 93, parágrafo único CP). 2) Incapacitação para o pátrio poder, tutela, ou curatela. Para se perder o poder familiar dependem da ocorrência de requisitos cumulativos: a) crime doloso; b) pena de reclusão cominada no tipo legal; c) cometido contra filho, tutelado ou curatelado; Ex. este efeito geralmente é aplicado quando ocorre abuso sexual do responsável contra o filho(a), tutelado(a) ou curatelado(a). Pode ocorrer reabilitação mas somente vale para filhos, tutelados ou curatelados futuros (art. 93, parágrafo único. CP). 3) Inabilitação para dirigir veículos – O efeito de inabilitação para dirigir veículos ocorre nas hipóteses de crimes utilizando o veículo como meio para realizar o crime doloso. O Código de Trânsito (Lei nº 9.503/97) regulamentou a pena de suspensão ou proibição de se obter carteira nacional de habilitação para pessoas condenadas por crimes de trânsito, portanto em crimes culposos. (esta penalidade pode durar de 2 meses a 5 anos). REABILITAÇÃO Conceito – A reabilitação é a providência judicial suspensiva de determinados efeitos da sentença condenatória – que podem, eventualmente, ser restabelecidos. Não é causa de extinção destes efeitos, como as causas de extinção da punibilidade, que produzem efeitos irreversíveis. Na verdade se trata de medida de política criminal que objetiva restaurar a dignidade pessoal e facilitar a reintegração do condenado à comunidade. Objeto e objetivos – Tem por objeto qualquer pena aplicada em sentença definitiva (art. 93, CP), mas incide, exclusivamente, sobre alguns de seus efeitos secundários e acessórios. Nesse sentido o objetivo da reabilitação é garantir o sigilo dos registros do processo e da condenação criminal, restabelecer direitos do condenado e, desse modo, contribuir para a sua reintegração na vida social. Instituto de pouca aplicação prática já que o artigo 202 da Lei 7.210/84 diz o seguinte: Art. 202 – Cumprida ou extinta a pena, não constarão da folha corrida, atestados ou certidões fornecidas pela autoridade policial ou por auxiliares da justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei. Como a reabilitação pode ser revogada (art. 95, CP) não se pode nem alegar que ela tenha a finalidade de impedir a utilização das condenações anteriores para instruir novos processos contra o condenado reabilitado. Complementarmente a reabilitação tem o efeito: 1) de cancelar o efeito de natureza extrapenal de perda de mandado eletivo ou cargo público. Este cancelamento tem validade para cargos futuros e não para rever o mandato anterior (art. 93, parágrafo único, CP). 2) Pode recuperar o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, com relação a novos filhos e não com relação àquele que se perdeu o pátrio poder a tutela ou a curatela e tem efeitos para outros filhos, tutelados, etc. Os efeitos não se aplicam para aqueles em que o condenado perdeu o pátrio poder, tutela ou curatela. (art. 93, parágrafo único, CP). 3) Com relação à perda de habilitação de dirigir veículo existe reabilitação, que foi inclusive disposta na Lei 9.503/97 (CNT). Neste caso após passar o prazo da suspensão ou proibição de permissão para dirigir veículos (pelo prazo que varia de 2 meses a 5 anos) (art. 293, CNT), o reabilitado terá de esperar mais dois anos. Após isto pode reiniciar o procedimento para obtenção de nova Carteira Nacional de Habilitação(art. 160, CNT). Requisitos: 1) reparação do dano – Neste caso o acusado deve reparar o dano ou demonstrar absoluta incapacidade para reparação, ou então renúncia da vítima à reparação ou novação da dívida. 2) Decurso de dois anos em relação a cada uma das hipóteses: A) da extinção da pena (por qualquer causa), ou do término de sua execução, computados o tempo de suspensão ou de livramento condicional não revogados; B) tenha domicílio no paísno prazo acima referido; C) efetiva demonstração de bom comportamento público e privado. REVOGAÇÃO – A revogação da reabilitação resulta de condenação definitiva, como reincidente, à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos, (art. 95, CP), e pode ocorrer por iniciativa do Juiz ou do Ministério Público. Revogada a reabilitação, a suspensão dos efeitos da sentença é cancelada, restabelecendo-se todos os registros anteriormente suspensos. Competência – Juízo da condenação.
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