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AV 1 DATA: 01/10/2014 Disciplina: Direito Constitucional I. Professora: Isabella Figueiredo. Aluno: Pedro Leonardo Souza Alves. Matrícula: 201307039049. Turma: 2001. Turno: Vespertino. Sala: E-202. 1. Nas democracias contemporâneas, a soberania interna da ordem jurídica está intimamente associada: a) À norma fundamental do pensamento de Kelsen, tendo em vista que toda democracia pressupõe universalidade de direitos; (O normativismo de Kelsen tem outros objetivos do que a universalidade de direitos dentro da ordem democrática. Sua teoria pode servir justamente para objetivos opostos. Para Kelsen, o direito existe para chegar ao dever-ser). b) Às normas de direito internacional, donde derivam as formas pelas quais os regimes democráticos extraem a fundamentação de sua existência; (A existência ou inexistência de reconhecimento internacional da soberania de um Estado não implica na fundamentação do regime democrático e no respeito aos direitos fundamentais. Estes são transcendentes). c) Às normas derivadas da ética do homem médio, fundamento de todo valor e de todo direito; (A questão não se relaciona com a discussão da legitimidade democrática e soberania interna da ordem jurídica). d) Às normas constitucionais, como base do regramento formal e material de todas as normas do sistema jurídico; e) Às normas da burocracia do Estado, tendo em vista que o modelo de dominação legal-burocrático do Estado moderno pressupõe atribuição de toda estabilidade do poder à burocracia. (Apesar da importância das estruturas burocráticas, o fundamento pedido está relacionado à efetividade do controle de um governo quanto à manutenção da ordem e à existência de um sistema constitucional material e formal garantidores do pluralismo político, do respeito aos direitos humanos e do equilíbrio na atuação dos poderes estatais). 2. O artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal de 1988, estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei.”. Considerando a teoria clássica da eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, esta norma é: a) Programática; (São normas que contém princípios básicos da ação que deve ter o Governo). b) Auto-executável; (são aquelas que, sendo completas e definidas quanto à hipótese e à disposição, bastam por si mesmas e assim podem e devem ser aplicadas de imediato). c) De eficácia limitada; (São leis que nascem limitadas e precisam de uma lei ordinária para que se torne eficaz). d) De eficácia contida; e) Exaurida. (Que já produziu todos os efeitos e não tem mais eficácia alguma). 3. Analise os itens a seguir e marque a alternativa com a correspondência correta de V e F (verdadeiro e falso, respectivamente): I. O Poder Constituinte Originário é inicial, autônomo, ilimitado e incondicionado. II. A Constituição Federal poderá ser modificada por meio de emenda constitucional, de iniciativa popular, cuja proposta há de ser subscrita por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído por pelo menos cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles. (a doutrina majoritária entende que a iniciativa para propor emenda é uma exceção à regra geral - art. 61, CF - e, por isso, deve- se fazer uma interpretação restritiva do dispositivo, não devendo, pois, ser admitida a iniciativa popular nessa hipótese). III. A atual Constituição brasileira estabelece como limites materiais explícitos ao Poder Constituinte Derivado a separação dos Poderes e a forma republicana de governo. (Segundo o art. 60, §4º da CF: a PEC não pode reduzir as cláusulas pétreas, que sejam: A forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; e os direitos e garantias individuais). IV. Qualquer modificação constitucional feita com desrespeito às vedações materiais, circunstanciais e procedimentais, estabelecidas pela própria Constituição, padecerá de vício de inconstitucionalidade e, assim, ficará sujeita ao controle de inconstitucionalidade pelo Poder Judiciário. a) V,V,F,F. b) F,F,V,V. c) V,F,F,V. d) F,V,V,F. e) V,F,V,V. 4. Analise as seguintes assertivas: I. A superveniência de uma nova ordem jurídica constitucional revoga imediatamente toda a ordem jurídica infraconstitucional anterior. (Segundo a teoria da recepção, a superveniência de uma nova ordem jurídica constitucional recepciona imediatamente a norma infraconstitucional anterior). II. A nova Constituição condena imediatamente à ineficácia toda e qualquer norma incompatível com a nova ordem constitucional, mas conserva a eficácia das normas infraconstitucionais que lhe forem compatíveis. (Ao longo do tempo é que se vão verificando a compatibilidade da norma infraconstitucional com a nova Constituição, estas serão retiradas do código, por uma revogação, uma nova lei ou a ADPF) III. A reforma da Constituição é obra do poder constituinte originário, que é inicial, autônomo e ilimitado. (A reforma da Constituição é obra do poder constituinte derivado reformador, que é secundário, condicionado e subordinado). IV. O poder constituinte originário retira a sua força normativa do poder constituinte derivado, razão pela qual deve se submeter, obrigatoriamente, às limitações previstas na constituição anterior. (O poder constituinte derivado só existe porque o originário o criou. É qualquer outra norma feita após a criação do poder constituinte originário). V. A Constituição brasileira de 1988 é considerada rígida em razão, principalmente, de suas limitações formais. Aponte a alternativa CORRETA: a) Todas estão corretas; b) Somente a I, III e V estão corretas; c) Somente a V está correta; d) Somente a II e V estão corretas; e) Somente a II e III estão corretas. 5. Movimento político social e cultural que, sobretudo a partir de meados do século XVIII, questiona nos planos político, filosófico e jurídico os esquemas tradicionais de domínio político, sugerindo, ao mesmo tempo, a invenção de uma nova forma e ordenação e fundamentação do poder político. Esta definição, formulada por J. J. Gomes Canotilho, designa: a) O poder constituinte; b) O constitucionalismo moderno; (O texto trata da revolução burguesa, momento em que os estados liberais combatiam os estados absolutos). c) A teoria dos direitos fundamentais; d) A democracia; e) A autocracia. 6. Da Constituição que resulta do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, composta por representantes do povo, eleitos com a finalidade de elaborar o texto constitucional, diz-se que se trata de uma Constituição: a) Outorgada; (Aquela que foi positivada por um único indivíduo, geralmente ocorre quando se trata de uma tirania). b) Histórica; (A constituição que se encontra em vários documentos soltos e que foram feitos em diferentes momentos históricos). c) Promulgada; (Normas originadas de Assembleia Popular). d) Imutável; (A constituição que não muda, geralmente associada a uma cultura ditatorial e/ou religiosa). e) Dirigente. (Aquele que estabelece como finalidade programas de desenvolvimento social). 7. A constituição de determinado Estado nacional, ao dispor sobre o catálogo de direitos fundamentais do cidadão comum, estabelece que a proteção constitucional se dará apenas aos direitos e garantias individuais perante a intromissão indevida do Estado. Trata-se,portanto, de uma Constituição meramente negativa e absenteísta, que privilegia o caráter absoluto da propriedade privada, da autonomia da vontade, da igualdade formal e de outros direitos e garantias fundamentais focados na proteção do homem em face do poder do Estado. Além disso, a referida Constituição foi positivada em um documento escrito que sintetiza os princípios e os ideias dominantes da atual teoria política e do direito dominante no tempo presente. E mais: Apesar de concebida pelo grande líder carismático que governa o País a oito anos, o texto constitucional foi submetido à ratificação popular por intermédio de um referendo, cujo resultado foi amplamente favorável às ideias do governante detentor do poder. Diante desse quadro, indaga-se: a) É correto associar tais características ao modelo de constituição- compromissória, próprio do constitucionalismo brasileiro? Justifique a sua resposta. A constituição-compromissória, como o próprio nome diz, tem a intenção de comprometer o Estado com a finalidade da sociedade que o compõe. No caso em questão, como o Estado é absenteísta, focado na proteção do homem em face ao poder do Estado, mas não do homem em face ao homem, dentre outras características citadas na questão, não é correto associar tais características ao modelo próprio do constitucionalismo brasileiro. b) Qual seria a classificação da Constituição em tela quanto ao modo de elaboração? Justifique a sua resposta. A Classificação doutrinária quanto ao modo de elaboração de uma Constituição pode ser histórica ou dogmática. A Constituição histórica é aquela que está sendo elaborada de acordo com os acontecimentos ocorridos no decorrer do tempo, como um exemplo, a constituição inglesa. A dogmática, que é a classificação da Constituição em tela, é aquela determinada por uma Assembleia Nacional Constituinte de acordo com os valores da época, assim como a Constituição brasileira, por exemplo. 8. Tramita no Congresso Nacional proposta de Emenda Constitucional convocando uma nova Revisão Constitucional nos moldes do artigo 3º da ADCT. A referida proposta de Emenda Constitucional prevê a realização de Referendo para a entrada em vigor dos dispositivos alterados pela Assembleia Revisora. É legítima tal proposta? Explique sucintamente. Não é legítima tal proposta uma vez que a revisão constitucional nos moldes do art. 3º da ADCT só pode ser feito cinco anos após a promulgação da Constituição anterior. Trata-se de Poder Constituinte Revisor, no caso da Constituição de 88, essa medida só pôde ser exercida até 1993, com o objetivo de se adequar melhor a sociedade. 9. A Emenda Constitucional nº 1/69 permitia a criação, em sede de Lei infraconstitucional, de monopólios estatais. Com o advento da Constituição da República de 1988, a possibilidade de criação de monopólios por lei não foi mais contemplada. À luz da teoria da recepção, é possível sustentar a manutenção de monopólios estatais criados em sede infraconstitucional pelo ordenamento pretérito e não reproduzidos pela Constituição de 1988? À luz da teoria da recepção, uma nova constituição deve recepcionar toda a lei infraconstitucional da anterior, mesmo as que são contra a nova ordem. O objetivo dessa medida é justamente visar a segurança jurídica (ex. Não se pode manter a segurança social sem normas penais ou civis. Logo, uma sociedade não pode viver sem leis ordinárias). Uma vez recepcionadas pela nova Constituição, as normas infraconstitucionais são verificadas quanto a sua validade, caso seja declarada inconstitucional, esta poderá ser retirada através de revogação, de uma nova lei ou através da ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental).
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