Buscar

APOSTILA_EDUCACAO_LEIS_DIRETR_BASES

Prévia do material em texto

APOSTILA DA LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO NACIONAL
Encontre o material de estudo para seu concurso preferido em
Conteúdo:
1. Introdução
2. A LDB e de Legislação Educacional
3. As duas faces da legislação educacional
4. O Direito Educacional no Brasil
5. A LDB à luz do Direito Constitucional Positivo
6. Aspectos Jurídicos da LDB
7. A LDB e a organização escolar
8. Íntegra da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional.
9. Questões de concursos
 O REI DAS APOSTILAS
www.oreidasapostilas.com.br
1. Introdução
É objetivo deste trabalho contribuir para o estudo introdutório da Lei 9.394, de modo a
sistematizar seus dispositivos legais que influem e determinam o direito educacional no Brasil, a partir
dos anos 90.
A Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, mais conhecida por de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, ou simplesmente LDB, é vista aqui como o principal documento do ordenamento
jurídico-educacional do País nos anos 90.
A LDB é no nosso entendimento contribuição das mais significativas do Governo do Brasil e de
grande impacto nas instituições de ensino e que, por isso mesmo, suas informações devem ser
levadas, com juízo crítico, a educadores, parlamentares, gestores educacionais e juristas que se
preocupam com as questões da educação escolar.
A investigação do Direito da Educação e de seu objeto, a legislação educacional, exige de
educadores e juristas a compreensão da teoria educacional e da doutrina jurídica, especialmente o
direito constitucional positivo.
No presente trabalho, procuramos fazer a interface entre o direito e a educação posto que, a
partir do novo ordenamento jurídico do país, instaurado em 1988, a educação ascendeu à categoria de
direito público subjetivo.
2. A LDB e a legislação educacional
O que é Legislação Educacional? Legislação da educação é a mesma coisa de legislação de
ensino? A legislação educacional é disciplina da Pedagogia ou do Direito? Qual o lugar da Legislação
Educacional no âmbito das Ciências jurídicas?
Estas são questões que exigem mais do que respostas pontuais e prontas, mas um exercício
de desvelamento conceptual de legislação e educação.
As palavras legislação e educação nos fazem remontar à Roma Clássica, especialmente ao
Direito Romano. Derivada do latim legislatio, a palavra legislação quer dizer, literalmente, ato de
legislar, isto é, o direito de fazer, preceituar ou decretar leis.
A legislação é, pois, o ato de estabelecer leis através do poder legislativo.
Também derivada do latim, a palavra educação vem de educare, e com esta raiz, quer dizer,
ato de amamentar.
Também há que diga que educação teria origem também na raiz latina educere, que pode ser
traduzida como ato de conduzir, de levar adiante o educando. Atualmente, as tendências pedagógicas
acolhem esta segunda etimologia.
Assim, quando digo legislação da educação, posso estar me referindo à instrução ou aos
processos de formação que se dão não apenas nos estabelecimentos de ensino como também em
outras ambiências culturais como a família, a igreja, o sindicato, entre outros.
A atual compreensão de legislação da educação, no âmbito da LDB, considerada como a lei
magna da educação, é a de educação escolar mas não restrita à concepção de instrução, voltada
somente à transmissão de conhecimento nos estabelecimentos de ensino.
Na LDB, a educação é concebida como processo de formação abrangente, inclusive o de
formação de cidadania e o trabalho como principio educativo, portanto, não restrita às instituições de
ensino. Aqui, reside a possibilidade de se contemplar a legislação educacional como a legislação que
recolhe todas os atos e fatos jurídicos que tratam da educação como direito social do cidadão e direito
público subjetivo dos educandos do ensino fundamental.
Já nas suas raízes conceituais, etimológicas e históricas as palavras legislação e educação
não tinham sentido unívoco, isto é, já traziam na sua formação histórica o caráter da polissemia.
Na Roma, legislação tanto podia significar o conjunto de leis específicas de uma matéria ou
negócio como a lei no seu sentido mais abrangente. Hoje, a situação não mudou muito: quando nos
referimos à legislação tanto no sentido estreito como no sentido largo, por extensão.
Assim, a expressão legislação educacional me revela um conjunto de normas legais sobre a
matéria educacional. Se falo legislação educacional brasileira, refiro-me às leis que de modo geral
formam o ordenamento cultural do país.
Com a palavra educação, teremos situação semelhante. Ora a palavra educação refere-se aos
processos de formação escolar, dentro e fora dos estabelecimentos de ensino, ora tem conceito restrito
à educação escolar que se dá unicamente nos estabelecimentos de ensino. Daí, falar-se, em outros
tempos, em legislação de ensino e em legislação da educação.
Então, entendamos o seguinte: a legislação da educação pode ser considerada como o corpo
ou conjunto de leis referentes à educação, seja ela estritamente voltada ao ensino ou às questões à
matéria educacional, como, por exemplo, a profissão de professor, a democratização de ensino ou as
mensalidades escolares.
Ainda assim, a partir do nova ordem geral da educação nacional, decorrente da Lei 9.394/96,
poderíamos de alguma forma cogitar o uso das expressões legislação educacional e legislação de
ensino.
Quanto utilizarmos a expressão legislação educacional ou legislação da educação estaremos
nos referindo à legislação que trata da educação escolar, nos níveis de educação (básica e superior).
Quando dizemos legislação educacional estamos nos referindo, portanto, de forma geral, à
educação básica(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e à educação superior. Daí,
posso referir-me apenas à legislação da educação básica ou à legislação da educação superior.
Se desejo referir-me aos níveis de ensino fundamental e ensino médio, que formam à
educação básica, posso utilizar a expressão legislação do ensino fundamental ou legislação do ensino
médio.
Certo é que a legislação educacional pode ser, pois, tomada como corpo ou conjunto de leis
referentes à educação. É um complexo de leis cujo destinatário é o homem trabalhador ou o homem
consumidor.
É este o sentido de legislação como legis data. A legislação se revela, sobretudo, em
regulamentos ditos orgânicos ou ordenados, expedidos pelos magistrados em face da outorga popular.
A legislação educacional, como nos parece sugerir, é uma disciplina de imediato interesse do
Direito ou mais precisamente do Direito Educacional. Mas um olhar interdisciplinar dirá que ela é
central na Pedagogia quando no estudo da organização escolar.
Por não termos alcançado, ainda, uma fase de pleno gozo de eqüidade, diríamos que a
legislação educacional é até final do século XX a única forma de Direito Educacional que conhecemos
e vivenciamos na estrutura e funcionamento da educação brasileira.
Desta forma, a legislação educacional pode ser entendida como a soma de regras instituídas
regular e historicamente a respeito da educação.
Todas as normas educacionais, legais e infralegais, leis e regulamentos, com instrução
jurídica, relativas ao setor educacional, na contemporaneidade e no passado, são de interesse da
legislação educacional.
Vemos, deste modo, que a legislação educacional pode ter uma acepção ampla, isto é, pode
significar as leis da educação, que brotam das constituições nacionais, como a Constituição Federal,
considerada a Lei Maior do ordenamento jurídico do país, às leis aprovadas pelo Congresso Nacional e
sancionadas pelo Presidente da República.
Pode, também, a legislação abranger os decretos presidenciais, as portarias ministeriais e
interministeriais, as resoluções e pareceres dos órgãos ministeriais ou da administração superior da
educação brasileira.
Para este trabalho, vai nos interessar o sentido daLegislação Educacional como ação do
Estado sobre a educação, vista, pelo Estado-gestor, como política social. A legislação educacional é,
portanto, base da sustentação da estrutura político-jurídica da educação.
3. As duas faces da legislação educacional
A legislação Educacional possui duas naturezas: uma reguladora e uma regulamentadora.
A partir de seu caráter, podemos derivar sua tipologia. Dizemos que a legislação é reguladora,
quando se manifesta através de leis, sejam federais, estaduais ou municipais.
As normas constitucionais que tratam da educação são as fontes primárias da regulação e
organização da educação nacional, pois, por elas, definem-se as competências constitucionais e
atribuições administrativas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Abaixo das
normas constitucionais, temos as leis federais, ordinárias ou complementares, que regulam o sistema
nacional de educação.
A legislação reguladora estabelece, pois, a regra geral, a norma jurídica fundamental. Daí, o
processo regulatório voltar-se sempre aos princípios gerais e à disposição da educação como direito,
seja social ou público subjetivo.
O principal traço da regulação é sua força de regular, isto é, poder, regularmente, ou que pode
traduzido também pela democraticamente, estabelecer regras gerais de Direito ou normas gerais
criadores de Direito.
Quando dizemos que a educação é direito social ou que o acesso ao ensino fundamental é direito
público subjetivo, a imperatividade normativa reside na origem da fonte de direito, a Constituição, seja
Federal, Estadual ou Municipal. Por isso, uma vez aprovadas, as leis devem ser respeitadas e
cumpridas.
A legislação regulamentadora, ao contrário da legislação reguladora não é descritiva, mas
prescritiva, volta-se à própria práxis da educação.
Os decretos presidenciais, as portarias ministeriais e interministeriais, as resoluções e pareceres
dos órgãos do Ministério da Educação, como o Conselho Nacional da Educação ou o Fundo de
Desenvolvimento da Educação como serão executadas as regras jurídicas ou das disposições legais
contidas no processo de regulação da educação nacional.
A regulamentação não cria direito porque limita-se a instituir normas sobre a execução da lei,
tomando as providências indispensáveis para o funcionamento dos serviços educacionais.
Diríamos, em substância, que a estrutura político-jurídica da educação contida na Constituição
Federal e nas Leis Federais regulam a estrutura político-jurídica da educação enquanto os decretos, as
portarias, as resoluções, os pareceres, as instruções, enfim, prescrevem a forma de funcionamento do
serviço educacional.
1. O Direito Educacional no Brasil
O Direito Educacional, no Brasil, ainda está na sua fase de Legislação do Ensino. Não alcançamos,
ainda, uma fase propriamente dita do Direito, isto é, a de ter o Direito Educacional como corpo
doutrinário, com análise e objeto bem definidos.
 Esta pequeno comentário à LDB é uma contribuição teórica à sistematização do Direito
Educacional, na fase de Legislação, para tentarmos chegar a uma reflexão mais doutrinária e com
perspectiva de se definir o lugar do Direito Educacional no âmbito das Ciências. Afinal, o Direito da
Educação deve estar no elenco das disciplinas das Ciências Jurídicas ou das Ciências da Educação.
Na sua fase de Legislação, o Direito Educacional avançou de um lado, estruturou e fez funcionar o
sistema educacional, mas, do outro, do ponto de vista teórico, passou a ter um caráter reducionista,
apropriou-se do discurso ou teoria educacional e não avançou na construção jurídica e doutrinária da
Educação.
Não foi por falta de produção legislativa. Pelo contrário, a tradição legisferante da Educação,
inaugurada por Pombal, na Colônia e expressivamente produzida após a Constituição de 1824 não
apenas confirmou a tradição ibérica do direito escrito, descritivo e receptivo, mas assinalou o grau de
dependência das normas educacionais à sociedade política.
Mas, na medida em que o constitucionalismo moderno foi ampliando as dimensões normativas da
Constituição, isto é, introduzindo, no seu texto, a matéria educacional, alargou, materialmente, o
conteúdo da Lei Fundamental do Estado, a ponto de não termos dúvida de que, se de um lado não
saímos da fase de Legislação, no plano do Direito Educacional, alcançamos plenamente um Direito
Constitucional da Educação, com definição e repartição equilibrada das competências constitucionais
relativas à Educação.
Acreditamos, que no século XXI, chagaremos a um modelo de sistematização das normas
educacionais para em outro momento vislumbramos um estágio de Direito da Educação em que
movimentos sociais em favor do Direito à Educação estejam sob a égide da doutrina e da
jurisprudência na Educação.
 O Direito Educacional é, ainda, um “órfão acadêmico” , isto é, quem está desenvolvendo reflexão
na Pós-Graduação em Direito puxa a reflexão para o jurídico e os que estão, do outro lado, o da
Educação, puxam o Direito Educação para a teoria educacional.
Confesso que me vem dúvida com relação o lugar do Direito Educacional(o da Educação Escolar)
no campo das ciências: aproxima-se mais das Ciências Jurídicas ou das Ciências da Educação? A
meu ver, deve ser disciplina na Educação.Portanto, devemos desenvolver uma reflexão com a
intervenção da abordagem jurídica.
2. A LDB à luz do Direito Constitucional Positivo
Com este comentário à LDB, com fundamento teórico no Direito Constitucional Positivo,
sistematizamos as normas legais da Lei 9.394/96, através de cinco categorias estruturantes das
constituições escritas, modelo apresentado pelo constitucionalista José Afonso da Silva(1995)
Com este procedimento, não apenas localizamos as normas legais, mas as qualifico juridicamente,
através de uma intercessão interdisciplinar que considero inovadora, relevante não apenas para a
Histórica da Educação bem como a definição do objeto do Direito Educacional, no Brasil.
 Minha inclinação, como educador, por uma abordagem jurídica frente às normas educacionais,
vem do reconhecimento que não se conhece uma lei ordinária sem uma base jurídica.
 No meu entender, as fontes legais citadas em boa parte das referências da historiografia
educacional ou ensaios de legislação de ensino, na maioria das vezes, estão destituídas de uma
exegese jurídica, o que torna a leitura da Educação no plano do ordenamento jurídico do país bastante
restrita. A análise de conteúdo é, assim, limitada.
Não quero defender intransigentemente a abordagem jurídica no estudo das normas educacional,
mas julgo ser um procedimento metodológico bastante completo e capaz de oferecer suficientemente,
para o estágio em que se encontra o Direito Educacional, uma visão de totalidade dos fatos jurídicos de
uma época ou regime político.
O entendimento da LDB passa necessariamente pelo compreensão do texto constitucional de
1988, sua matriz, e da evolução constitucional no Brasil.
Estou certo de que a estrutura é, efetivamente, “uma ordenação reveladora do modo de ser dos
elementos que a integram”(HORTA: 1995, p. 219). Na medida que, por exemplo, estruturo a educação
como norma constitucional, este conhecimento permite fixar as características, as formas e as
modalidades com que a norma se apresenta no ordenamento jurídico do País.
A Constituição de 1824, por exemplo, não se registrou nenhuma norma educacional na categoria
Elementos Sócio-Ideológicos, concluímos que a estrutura normativa reflete o modelo de
constitucionalismo predominante no Século XIX..
Sabemos que o Constitucionalismo Clássico, dos séculos XVIII e XIX, a matéria constitucional se
exauria na organização dos Poderes do Estado e na Declaração dos Direitos e Garantias Individuais.
Assim, a sociedade política imperial não vai identificar a matéria educacional nem ordená-la em um
conjunto de regras constitucionais reguladoras da atividade educacional.
No entanto,a Constituição para a construção do Direito Constitucional da Educação é de suma
importância: no texto constitucional já recolhemos fragmentos de normas educacionais que, mais tarde,
passarão a integrar o conjunto sistemático da ordem educacional no âmbito das Constituições
Nacionais.
As normas jurídicas relativas à Educação contidas na Constituição de 1824 são regras
antecipadoras do direito à educação e das normas de princípio educacional (a gratuidade do ensino).
Foi a partir da estrutura das normas educacionais, no âmbito das Constituições brasileiras, que
vimos a validade de se aplicar uma teoria de estruturação normativa caracterizar a matéria educacional
como fato jurídico gerador de eficácia jurídica, isto é, de práxis social.
A investigação leva-nos a crer que somente com uma abordagem jurídica temos condições de ver
o grau de expansividade ou incidência da matéria educacional no ordenamento constitucional do País,
na proporção em que as cinco categorias de elementos constitucionais(orgânicos, limitativos, Sócio-
Ideológicos, estabilização constitucional e formais de aplicabilidade) vão se integrando nas
Constituições Nacionais, no decorrer de sua evolução histórica, e à medida em que o Estado Federal,
entendido como criação jurídico-positivo, torna-se mais intervencionista e social e assume novas
finalidades no campo da política social.
3. Aspectos jurídicos da LDB
Em se tratando se sistematização normativa, o que pode ser aplicado à Constituição Federal pode-
se, também, aplicar à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), promulgada em 1996.
Para ilustrar, poderia usar do mesmo expediente para descrever as normas educacionais na LDB,
conforme tabela abaixo:
a. Normas orgânicas - A Lei 9.394/96 , a LDB na linguagem dos educadores, contém normas
que regulam a organização e funcionamento do Estado. Estas normas concentram-se,
predominante nos Títulos IV – (Da Organização da Educação Nacional, do art. 8º a 16), VI –
(Dos Profissionais da Educação, Art. 61 a 67) e VII – Dos Recursos Financeiros (Art. 68 a Art.
77)
b. Normas limitativas - A LDB traz normas que consubstanciam o elenco dos direitos e garantias
fundamentais, limitando a ação dos poderes estatais e dão a tônica do Estado de Direito. É
norma limitativa o Art. 7º, do Título III – Do Direito à Educação e do Dever de Educar.
c. Normas sócio-ideológicas - A LDB consubstancia normas que revelam o caráter de
compromisso liberal/neo-liberal do Estado com a sociedade. Estão estas normas inscritas no
Título III – Do Direito à Educação e do Dever de Educar (Art. 4º, 6º e 7º) e Título II – Dos
Princípios e Fins da Educação nacional (Art. 2º e Art. 3º) e Título V – Dos Níveis e das
modalidades de educação e ensino (Art. 21 a art. 60)
d. Normas de estabilização da lei – A LDB traz artigos que asseguram, juridicamente, o acesso
ao ensino fundamental (Art. 5º), a defesa da aplicação dos recursos financeiros (Art. 69, §6º) e
o ingresso de docente exclusivamente por concurso público de provas e títulos nas instituições
de ensino, premunindo os meios e técnicas contra sua infringência, a não ser nos termos nela
própria estatuídos. São os seguintes remédios constitucionais previstos: direito de petição,
Ação popular contra crime de responsabilidade, Mandato de segurança individual.
e. Normas formais de aplicabilidade imediata - A LDB estatui regras de aplicação imediata da
Lei. Estão presentes predominantemente nas disposições transitórias (Art. 867 a 92) e no Art.
1º, preâmbulo da Lei
7. A LDB e a organização escolar
LDB, Direito Educacional e organização escolar caminham juntos, lado a lado. Com a nova a
LDB, a educação é vista como um processo, que se dá em várias ambiências, manifesto em níveis,
etapas e modalidades.
A LDB bifurca a educação escolar assim: a) educação básica e b) educação superior.
A educação básica é divida, por sua vez, em etapas (e não em subníveis) desta forma:
1) Educação Infantil, primeira etapa;
2) Ensino Fundamental, Segunda etapa e
3) Ensino Médio, etapa final.
Entre as modalidades, podemos citar:
a) educação especial;
b) educação profissional e
c) educação de jovens e adultos, mas poderíamos lembrar, ainda,
d) educação indígena e
e) educação a distância.
A educação superior, por seu turno, dividida em cursos seqüenciais, graduação,
extensão e pós-graduação.
Como disse, anteriormente, no Brasil, o Direito Educacional ainda está na sua fase de
Legislação do Ensino e, a rigor, não chegou a fase de direito, isto é, sob a égide da Jurisprudência
e da Doutrina. Pode-se constatar a assertiva pelo próprio registro da legislação no âmbito da
História da Educação Brasileira.
Tomemos, por exemplo, obras como historiográficas como as Otaíza romanelli, Maria Luisa
Ribeiro, Chiridalli, que ao relatarem sobre os fatos históricos da educação brasileira, apresentam a
legislação apenas como reflexo das correlações de força política que dominam, em determinado
momento da história nacional, a estrutura de poder.
As normas ou determinantes jurídicos são atuantes no sistema escolar brasileiro e respondem
pela maior parte da organização e funcionamento do sistema escolar brasileiro. O êxito ou fracasso
da organização escolar está condicionado aos determinantes jurídicos da sociedade. Se isso é
verdade, as incursões dos educadores e historiógrafos da educação brasileira pelo campo do
Direito Educacional são uma necessidade premente.
No tocante ao Direito Constitucional, a maior contribuição das obras de História da Educação
Brasileira está na indexação das fontes legais e do registro de mudanças ocorridas na estrutura do
sistema educativo decorrentes das constituições, leis constitucionais e da legislação do ensino,
especialmente decretos, portarias e pareceres.
No entanto, não se constrói o Direito Educacional, dentro de uma perspectiva mais doutrinária,
apenas com uma indexação legislação, de caráter alfabético ou cronológico, mas com a doutrina
ou construção jurídica das fontes legais, isto é, qualificando juridicamente as normas legais para
alcance prática efetivamente eficaz.
Em substância, as leis não devem ser apenas registradas como fatos políticos, mas
interpretados à luz da técnica jurídica capaz de revelar a virtualidade da regulação da sociedade.
Entre as obras que organizam a legislação do ensino na medida em que as mudanças vão
corrente na estrutura do sistema educativo, estão História da Educação no Brasil, de Otaíza de
Oliveira Romaneli, que, inclusive, oferece, na bibliografia de seu trabalho, um índex de documentos
legislativos seguindo um critério cronológico(1983, p. 265-267). A legislação, no decorrer da obra
historiográfica, é apontada pela autora como fator atuante na evolução do sistema educacional
brasileiro, mas imposto pelas facções políticas à organização do ensino (ROMANELLI: 1983,
P.127).
Na História da Educação, de Paulo Ghiraldelli Jr. a legislação do ensino estaria num plano a
que chama de políticas educacionais, que, segundo o autor, envolve a relação entre Estado,
educação e sociedade.
Entende-se o plano de políticas educacionais como o plano que diz respeito aos projetos
educacionais das diversas classes sociais, com destaque para os projetos das classes dominantes
de diversas classes sociais, uma vez controladoras do estado, implementam tais projetos na
medida em que ditam as leis e as normas educacionais e, na medida em que negociam tais
normas e leis com as classes não dominantes.
Cremos que o principal referencial teórico para os estudos de direto educacional está no
âmbito do Direito Constitucional Positivo, especialmente nas formulações teóricas de
constitucionalizas como José Afonso da Silva e Raul Machado Horta, especialmente o primeiro, por
haver construído uma teorização de estruturação das normas constitucionais cujas categorias
permitem, uma vez aplicadas à legislação do ensino, a análise e a sistematização das normas
educacionais.No Brasil, somente a partir dos anos 90 é que legislação educacional passa ter mais eficàcia e
eficiência na administração pública. Acredito mesmo que não houve, a rigor, no Brasil, até meados
dos anos 90, uma sistematização mais rigorosa das normas educacionais, a menos que se
entenda por sistematização apenas uma indexação da legislação do ensino.
A sistematização vai além da classificação normativa, implica em sinalizar princípios que
regem o ordenamento educacional do País, sem os quais não há como ultrapassar a fase de
legislação do ensino e alcançar a fase do direito educacional propriamente dita que, por sua vez,
implica em um corpo doutrinário.
A teorização de José Afonso da Silva traz a perspectiva de não apenas mapear as normas
educacionais no âmbito das Constituições, das Leis Constitucionais, Leis Complementares e
Ordinárias, seja a nível da União ou dos Estados, mas de mostrar como elas, no arcabouço
jurídico, estão coordenadas entre si. Em substância, a sistematização da normas educacionais
com fins de construção jurídica do Direito Educacional tem como maior exigência uma qualificação
jurídica das normas.
Um dado importante e central na relação Estado e Educação, certamente é a definição de
competências e incumbências dos entes federativos, inclusive, para fazer valer o reordenamento
do Estado Federal brasileiro que reconhece a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal
como entes federativos.
Ora, quanto mais qualificamos juridicamente as normas legais relativas à Educação, mas
determinamos o grau de responsabilidade social das entidades intergovernamentais e sua
capacidade de produção ou criação legislativa. Daí, a sistematização, sob a ótica do Direito
Constitucional, contribuir para a definição das competências constitucionais da Educação na
medida em que vai definindo os atores-agentes ou coadjuvantes nos processos educativos
previstos na legislação do ensino.
A legislação da educação pode ser considerada como o corpo ou conjunto de leis referentes à
educação, seja ela estritamente voltada ao ensino ou às questões à matéria educacional, como, por
exemplo, a profissão de professor, a democratização de ensino ou as mensalidades escolares.
Ainda assim, a partir do nova ordem geral da educação nacional, decorrente da Lei 9.394/96,
poderíamos de alguma forma cogitar o uso das expressões legislação educacional e legislação de
ensino.
Quanto utilizarmos a expressão legislação educacional ou legislação da educação estaremos nos
referindo à legislação que trata da educação escolar, nos níveis de educação (básica e superior).
Quando dizemos legislação educacional estamos nos referindo, portanto, de forma geral, à
educação básica(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) e à educação superior. Daí,
posso referir-me apenas à legislação da educação básica ou à legislação da educação superior.
Se desejo referir-me aos níveis de ensino fundamental e ensino médio, que formam à educação
básica, posso utilizar a expressão legislação do ensino fundamental ou legislação do ensino médio.
Certo é que a legislação educacional pode ser, pois, tomada como corpo ou conjunto de leis
referentes à educação. É um complexo de leis cujo destinatário é o homem trabalhador ou o homem
consumidor.
É este o sentido de legislação como legis data. A legislação se revela, sobretudo, em regulamentos
ditos orgânicos ou ordenados, expedidos pelos magistrados em face da outorga popular.
A legislação educacional, como nos parece sugerir, é uma disciplina de imediato interesse do
Direito ou mais precisamente do Direito Educacional. Mas um olhar interdisciplinar dirá que ela é
central na Pedagogia quando no estudo da organização escolar.
Por não termos alcançado, ainda, uma fase de pleno gozo de eqüidade, diríamos que a legislação
educacional é até final do século XX a única forma de Direito Educacional que conhecemos e
vivenciamos na estrutura e funcionamento da educação brasileira.
Desta forma, a legislação educacional pode ser entendida como a soma de regras instituídas
regular e historicamente a respeito da educação.
Todas as normas educacionais, legais e infralegais, leis e regulamentos, com instrução jurídica,
relativas ao setor educacional, na contemporaneidade e no passado, são de interesse da legislação
educacional.
Vemos, deste modo, que a legislação educacional pode ter uma acepção ampla, isto é, pode
significar as leis da educação, que brotam das constituições nacionais, como a Constituição Federal,
considerada a Lei Maior do ordenamento jurídico do país, às leis aprovadas pelo Congresso Nacional e
sancionadas pelo Presidente da República.
Pode, também, a legislação abranger os decretos presidenciais, as portarias ministeriais e
interministeriais, as resoluções e pareceres dos órgãos ministeriais ou da administração superior da
educação brasileira.
Para este comentário à LDB, vai nos interessar o sentido da Legislação Educacional como
ação do Estado sobre a educação, vista, pelo Estado-gestor, como política social. A legislação
educacional é, portanto, base da sustentação da estrutura político-jurídica da educação.
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996
Atualizada até JUNHO/2005
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
TÍTULO I
Da Educação
 Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e
organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
 § 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do
ensino, em instituições próprias.
 § 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social.
TÍTULO II
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
 Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
 Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
 I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
 II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
 III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
 IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
 V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
 VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
 VII - valorização do profissional da educação escolar;
 VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de
ensino;
 IX - garantia de padrão de qualidade;
 X - valorização da experiência extra-escolar;
 XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
TÍTULO III
Do Direito à Educação e do Dever de Educar
 Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de:
 I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na
idade própria;
 II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
 III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais,
preferencialmente na rede regular de ensino;
 IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade;
 V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
 VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e modalidades
adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as
condições de acesso e permanência na escola;
 VIII - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas
suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;
 IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas,
por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
 Art. 5º O acesso ao ensino fundamental é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão,
grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra
legalmente constituída, e, ainda, o Ministério Público, acionar o Poder Público para exigi-lo.
 § 1º Compete aos Estados e aos Municípios, em regime de colaboração, e com a assistência da
União:
 I - recensear a população em idade escolar para o ensino fundamental, e os jovens e adultos que
a ele não tiveram acesso;
 II - fazer-lhes a chamada pública;
 III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola.
 § 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público assegurará em primeiro lugar o acesso
ao ensino obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e
modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais.
 § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar no
Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito
sumário a ação judicial correspondente.
 § 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do ensino
obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.
 § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o Poder Público criará formas
alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização anterior.
 Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos
de idade, no ensino fundamental.
 Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes condições:
 I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do respectivo sistema de ensino;
 II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade pelo Poder Público;
 III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto no art. 213 da Constituição Federal.
TÍTULO IV
Da Organização da Educação Nacional
 Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime de
colaboração, os respectivos sistemas de ensino.
 § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes
níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais
instâncias educacionais.
 § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta Lei.
 Art. 9º A União incumbir-se-á de:
 I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios;
 II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do sistema federal de ensino e
o dos Territórios;
 III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para
o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória,
exercendo sua função redistributiva e supletiva;
 IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que
nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
 V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;
 VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental,
médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e
a melhoria da qualidade do ensino;
 VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação;
 VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a
cooperação dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;
 IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das
instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.
 § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de Educação, com funções
normativas e de supervisão e atividade permanente, criado por lei.
 § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União terá acesso a todos os dados e
informações necessários de todos os estabelecimentos e órgãos educacionais.
 § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos Estados e ao Distrito
Federal, desde que mantenham instituições de educação superior.
 Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
 I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino;
 II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais
devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser
atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público;
 III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e
planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios;
 IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das
instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
 V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
 VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio.
 VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual.
 Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências referentes aos Estados e aos
Municípios.
 Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:
 I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino,
integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados;
 II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
 III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
 IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino;
 V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino
fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas
plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais
mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino.
 VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal.
 Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar ao sistema estadual de
ensino ou compor com ele um sistema único de educação básica.
 Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de
ensino, terão a incumbência de:
 I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
 II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
 III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
 IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
 VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade
com a escola;
 VII - informar os pais e responsáveis sobre a freqüência e o rendimento dos alunos, bem como
sobre a execução de sua proposta pedagógica.
 VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da Comarca e ao respectivo
representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima
de cinqüenta por cento do percentual permitido em lei.
 Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
 I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
 II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino;
 III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
 IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;
 V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos
períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
 VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.
 Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na
educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
 I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;
 II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
 Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica
que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,
observadas as normas gerais de direito financeiro público.
 Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
 I - as instituições de ensino mantidas pela União;
 II - as instituições de educação superior criadas e mantidas pela iniciativa privada;
 III - os órgãos federais de educação.
 Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Federal compreendem:
 I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito
Federal;
 II - as instituições de educação superior mantidas pelo Poder Público municipal;
 III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada;
 IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente.
 Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela
iniciativa privada, integram seu sistema de ensino.
 Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem:
 I - as instituições do ensino fundamental, médio e de educação infantil mantidas pelo Poder
Público municipal;
 II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela iniciativa privada;
 III – os órgãos municipais de educação.
 Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classificam-se nas seguintes categorias
administrativas:
 I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder
Público;
 II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de
direito privado.
 Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas seguintes categorias:
 I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são instituídas e mantidas por uma ou
mais pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que não apresentem as características dos incisos
abaixo;
 II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por
uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam na sua
entidade mantenedora representantes da comunidade;
 III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por grupos de pessoas físicas ou por
uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao
disposto no inciso anterior;
 IV - filantrópicas, na forma da lei.
TÍTULO V
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino
CAPÍTULO I
Da Composição dos Níveis Escolares
 Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
 I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio;
 II - educação superior.
CAPÍTULO II
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Seção I
Das Disposições Gerais
 Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação
comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e
em estudos posteriores.
 Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos,
alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência
e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de
aprendizagem assim o recomendar.
 § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando se tratar de transferências entre
estabelecimentos situados no País e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais.
 § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades locais, inclusive climáticas e
econômicas, a critério do respectivo sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas
letivas previsto nesta Lei.
 Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as
seguintes regras comuns:
 I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos
dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
 II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser
feita:
 a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na
própria escola;
 b) por transferência, para candidatos procedentes de outras escolas;
 c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina
o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa
adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino;
 III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento escolar pode
admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a seqüência do currículo, observadas as
normas do respectivo sistema de ensino;
 IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de séries distintas, com níveis
equivalentes de adiantamento na matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros
componentes curriculares;
 V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
 a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos
qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
finais;
 b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
 c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
 d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
 e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os
casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus
regimentos;
 VI - o controle de freqüência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas
normas do respectivo sistema de ensino, exigidaa freqüência mínima de setenta e cinco por cento do
total de horas letivas para aprovação;
 VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações de conclusão de
série e diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis.
 Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis alcançar relação adequada entre
o número de alunos e o professor, a carga horária e as condições materiais do estabelecimento.
 Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista das condições disponíveis e das
características regionais e locais, estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo.
 Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser
complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada,
exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
 § 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua
portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política,
especialmente do Brasil.
 § 2º O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
 § 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular
obrigatório da educação básica, sendo sua prática facultativa ao aluno:
 I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas;
 II – maior de trinta anos de idade;
 III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à
prática da educação física;
 IV – amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969;
 V – (VETADO)
 VI – que tenha prole.
 § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e
etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia.
 § 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da quinta série, o
ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comunidade
escolar, dentro das possibilidades da instituição.
 Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se
obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
 § 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da
África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da
sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política
pertinentes à História do Brasil.
 § 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de
todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História
Brasileiras.
 § 3o (VETADO)
 Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão, ainda, as seguintes diretrizes:
 I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de
respeito ao bem comum e à ordem democrática;
 II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;
 III - orientação para o trabalho;
 IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não-formais.
 Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas de ensino promoverão
as adaptações necessárias à sua adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região,
especialmente:
 I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos
alunos da zona rural;
 II - organização escolar própria, incluindo adequação do calendário escolar às fases do ciclo
agrícola e às condições climáticas;
 III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
Seção II
Da Educação Infantil
 Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
 Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
 I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
 II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade.
 Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
Seção III
Do Ensino Fundamental
 Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola
pública a partir dos seis anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante:
 I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da
leitura, da escrita e do cálculo;
 II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e
dos valores em que se fundamenta a sociedade;
 III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de
conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;
 IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância
recíproca em que se assenta a vida social.
 § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos.
 § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino
fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-
aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino.
 § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às
comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
 § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como
complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.
 Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do
cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental,
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de
proselitismo.
 § 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do
ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores.
 § 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações
religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso."
 Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho
efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.
 § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas alternativas de organização
autorizadas nesta Lei.
 § 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos
sistemas de ensino.
Seção IV
Do Ensino Médio
 Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá
como finalidades:
 I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental,
possibilitando o prosseguimento de estudos;
 II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo,
de modo a ser capaz de se adaptarcom flexibilidade a novas condições de ocupação ou
aperfeiçoamento posteriores;
 III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
 IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.
 Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I deste Capítulo e as
seguintes diretrizes:
 I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da ciência, das letras
e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa
como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;
 II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes;
 III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela
comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição.
 § 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que
ao final do ensino médio o educando demonstre:
 I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna;
 II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;
 III - domínio dos conhecimentos de Filosofia e de Sociologia necessários ao exercício da
cidadania.
 § 2º O ensino médio, atendida a formação geral do educando, poderá prepará-lo para o exercício
de profissões técnicas.
 § 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e habilitarão ao prosseguimento de
estudos.
 § 4º A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação profissional, poderão ser
desenvolvidas nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com instituições
especializadas em educação profissional.
Seção V
Da Educação de Jovens e Adultos
 Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
 § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não
puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas
as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e
exames.
 § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola,
mediante ações integradas e complementares entre si.
 Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base
nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
 § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
 I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos;
 II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos.
 § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão
aferidos e reconhecidos mediante exames.
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
 Art. 39. A educação profissional, integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à
ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
 Parágrafo único. O aluno matriculado ou egresso do ensino fundamental, médio e superior, bem
como o trabalhador em geral, jovem ou adulto, contará com a possibilidade de acesso à educação
profissional.
 Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por
diferentes estratégias de educação continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de
trabalho.
 Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho, poderá ser
objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.
 Parágrafo único. Os diplomas de cursos de educação profissional de nível médio, quando
registrados, terão validade nacional.
 Art. 42. As escolas técnicas e profissionais, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos
especiais, abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não
necessariamente ao nível de escolaridade.
CAPÍTULO IV
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
 Art. 43. A educação superior tem por finalidade:
 I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento
reflexivo;
 II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores
profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua
formação contínua;
 III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da
ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento
do homem e do meio em que vive;
 IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem
patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas
de comunicação;
 V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a
correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura
intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração;
 VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e
regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de
reciprocidade;
 VII - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e
benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
 Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:
 I - cursos seqüenciais por campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, abertos a
candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos pelas instituições de ensino;
 II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e
tenham sido classificados em processo seletivo;
 III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de
especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e
que atendam às exigências das instituições de ensino;
 IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos estabelecidos em cada caso
pelas instituições de ensino.
 Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de ensino superior, públicas ou
privadas, com variados graus de abrangência ou especialização.
 Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o credenciamento de instituições
de educação superior, terão prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular
de avaliação.
 § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente identificadas pela avaliação
a que se refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso, em desativação
de cursos e habilitações, em intervenção na instituição, em suspensão temporária de prerrogativas da
autonomia, ou em descredenciamento.
 § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua manutenção
acompanhará o processo de saneamento e fornecerá recursos adicionais, se necessários, para a
superação das deficiências.
 Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano civil, tem, no mínimo,
duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo reservadoaos exames finais, quando
houver.
 § 1º As instituições informarão aos interessados, antes de cada período letivo, os programas dos
cursos e demais componentes curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos professores,
recursos disponíveis e critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições.
 § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio de
provas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca examinadora especial,
poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino.
 § 3º É obrigatória a freqüência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a
distância.
 § 4º As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno, cursos de graduação
nos mesmos padrões de qualidade mantidos no período diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas
instituições públicas, garantida a necessária previsão orçamentária.
 Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando registrados, terão validade
nacional como prova da formação recebida por seu titular.
 § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias registrados, e aqueles
conferidos por instituições não-universitárias serão registrados em universidades indicadas pelo
Conselho Nacional de Educação.
 § 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras serão revalidados por
universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os
acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação.
 § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades estrangeiras só
poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e
avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente ou superior.
 Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a transferência de alunos regulares, para
cursos afins, na hipótese de existência de vagas, e mediante processo seletivo.
 Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na forma da lei.
 Art. 50. As instituições de educação superior, quando da ocorrência de vagas, abrirão matrícula
nas disciplinas de seus cursos a alunos não regulares que demonstrarem capacidade de cursá-las com
proveito, mediante processo seletivo prévio.
 Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas como universidades, ao deliberar sobre
critérios e normas de seleção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses critérios
sobre a orientação do ensino médio, articulando-se com os órgãos normativos dos sistemas de ensino.
 Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais
de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se
caracterizam por:
 I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático dos temas e problemas
mais relevantes, tanto do ponto de vista científico e cultural, quanto regional e nacional;
 II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado;
 III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.
 Parágrafo único. É facultada a criação de universidades especializadas por campo do saber.
 Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de
outras, as seguintes atribuições:
 I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior previstos
nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de
ensino;
 II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais pertinentes;
 III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica, produção artística e
atividades de extensão;
 IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do seu
meio;
 V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas gerais
atinentes;
 VI - conferir graus, diplomas e outros títulos;
 VII - firmar contratos, acordos e convênios;
 VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras,
serviços e aquisições em geral, bem como administrar rendimentos conforme dispositivos
institucionais;
 IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de constituição, nas leis e
nos respectivos estatutos;
 X - receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação financeira resultante de
convênios com entidades públicas e privadas.
 Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus
colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
 I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
 II - ampliação e diminuição de vagas;
 III - elaboração da programação dos cursos;
 IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão;
 V - contratação e dispensa de professores;
 VI - planos de carreira docente.
 Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei, de estatuto
jurídico especial para atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo
Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal.
 § 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as
universidades públicas poderão:
 I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como um plano de
cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos disponíveis;
 II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as normas gerais concernentes;
 III - aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos referentes a obras, serviços
e aquisições em geral, de acordo com os recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor;
 IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;
 V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas peculiaridades de organização e
funcionamento;
 VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com aprovação do Poder competente, para
aquisição de bens imóveis, instalações e equipamentos;
 VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de ordem orçamentária,
financeira e patrimonial necessárias ao seu bom desempenho.
 § 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a instituições que comprovem
alta qualificação para o ensino ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder
Público.
 Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento Geral, recursos suficientes
para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas.
 Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão
democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os
segmentos da comunidade institucional, local e regional.
 Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por cento dos assentos em
cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações
estatutárias e regimentais, bem como da escolha de dirigentes.
 Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o professor ficará obrigado ao mínimo de
oito horas semanais de aulas.
CAPÍTULO V
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
 Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
escolar, oferecida preferencialmentena rede regular de ensino, para educandos portadores de
necessidades especiais.
 § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender
às peculiaridades da clientela de educação especial.
 § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas
classes comuns de ensino regular.
 § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de
zero a seis anos, durante a educação infantil.
 Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
 I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às
suas necessidades;
 II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em
menor tempo o programa escolar para os superdotados;
 III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns;
 IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade,
inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
 V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o
respectivo nível do ensino regular.
 Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização
das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação
especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
 Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do
atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino,
independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.
TÍTULO VI
Dos Profissionais da Educação
 Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes
níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando,
terá como fundamentos:
 I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço;
 II - aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras
atividades.
 Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em
curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação,
admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro
primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
 Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
 I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior,
destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino
fundamental;
 II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que
queiram se dedicar à educação básica;
 III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis.
 Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção,
supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em
pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação,
a base comum nacional.
 Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no
mínimo, trezentas horas.
 Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação,
prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.
 Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso de doutorado em área
afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.
 Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação,
assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público:
 I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;
 II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado
para esse fim;
 III - piso salarial profissional;
 IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do desempenho;
 V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de trabalho;
 VI - condições adequadas de trabalho.
 Parágrafo único. A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer
outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino.
TÍTULO VII
Dos Recursos financeiros
 Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os originários de:
 I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
 II - receita de transferências constitucionais e outras transferências;
 III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais;
 IV - receita de incentivos fiscais;
 V - outros recursos previstos em lei.
 Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis
Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na
manutenção e desenvolvimento do ensino público.
 § 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, não será considerada, para efeito do
cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
 § 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos mencionadas neste artigo as
operações de crédito por antecipação de receita orçamentária de impostos.
 § 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mínimos estatuídos neste artigo, será
considerada a receita estimada na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o caso, por lei que
autorizar a abertura de créditos adicionais, com base no eventual excesso de arrecadação.
 § 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as efetivamente realizadas, que
resultem no não atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a
cada trimestre do exercício financeiro.
 § 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão responsável pela educação, observados os
seguintes prazos:
 I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada mês, até o vigésimo dia;
 II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia de cada mês, até o trigésimo dia;
 III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de cada mês, até o décimo dia do mês
subseqüente.
 § 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção monetária e à responsabilização civil e
criminal das autoridades competentes.
 Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvimento do ensino as despesas
realizadas com vistas

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes