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Mecânico de Manutenção 1 PPPRRROOOJJJEEETTTOOO MMMOOOAAATTTIIIZZZEEE --- MMMOOOÇÇÇAAAMMMBBBIIIQQQUUUEEE PPPRRROOOGGGRRRAAAMMMAAA DDDEEE FFFOOORRRMMMAAAÇÇÇÃÃÃOOO PPPRRROOOFFFIIISSSSSSIIIOOONNNAAALLL MMMEEECCCÂÂÂNNNIIICCCOOO DDDEEE MMMAAANNNUUUTTTEEENNNÇÇÇÃÃÃOOO MMMEEECCCÂÂÂNNNIIICCCAAA PPPAAARRRCCCEEERRRIIIAAA VVVAAALLLEEE ///SSSEEENNNAAAIII DDDNNN/// SSSEEENNNAAAIII---MMMGGG Mecânico de Manutenção 2 Presidente da FIEMG Robson Braga de Andrade Gestor do SENAI Petrônio Machado Zica Diretor Regional do SENAI e Superintendente de Conhecimento e Tecnologia Alexandre Magno Leão dos Santos Gerente de Educação e Tecnologia Edmar Fernando de Alcântara Mecânico de Manutenção 3 SSuummáárriioo Apresentação 1. Lubrificação Industrial.............................................................................. 05 2. O que é lubrificar...................................................................................... 08 2.1 Tipos de lubrificantes......................................................................... 08 2.2 Óleos lubrificantes............................................................................ 10 2.3 Aditivos............................................................................................... 12 3. Graxas lubrificantes................................................................................... 15 3.1 Vantagens da utilização das graxas................................................ 15 4. Tipos de graxas.......................................................................................... 17 4.1 Graxas betuminosas............................................................................ 18 4.2 Aditivos para graxas...................................................................... 18 5. Métodos de lubrificação............................................................................ 19 5.1 Lubrificações com perda total............................................................ 19 6. Aplicação com reaproveitamento............................................................. 7. Precaução com os lubrificantes............................................................... 7.1 Estocagem............................................................................................. 7.2 Manuseio e transporte de lubrificantes............................................... 8. Técnicas preditivas por analise de óleo.................................................. 9. Classe NlGI ................................................................................................ 10. Normas de lubrificantes.......................................................................... 11. Planejamento de lubrificação ................................................................. 23 28 28 29 30 33 34 35 12. Contaminação........................................................................................... 37 13. Referência bibliográfica........................................................................... 40 Mecânico de Manutenção 4 Apresentação “Muda a forma de trabalhar, agir, sentir, pensar na chamada sociedade do conhecimento. “ Peter Drucker O ingresso na sociedade da informação exige mudanças profundas em todos os perfis profissionais, especialmente naqueles diretamente envolvidos na produção, coleta, disseminação e uso da informação. O SENAI, maior rede privada de educação profissional do país,sabe disso , e ,consciente do seu papel formativo , educa o trabalhador sob a égide do conceito da competência:” formar o profissional com responsabilidade no processo produtivo, com iniciativa na resolução de problemas, com conhecimentos técnicos aprofundados, flexibilidade e criatividade, empreendedorismo e consciência da necessidade de educação continuada.” Vivemos numa sociedade da informação. O conhecimento, na sua área tecnológica, amplia-se e se multiplica a cada dia. Uma constante atualização se faz necessária. Para o SENAI, cuidar do seu acervo bibliográfico, da sua infovia, da conexão de suas escolas à rede mundial de informações – internet- é tão importante quanto zelar pela produção de material didático. Isto porque, nos embates diários,instrutores e alunos , nas diversas oficinas e laboratórios do SENAI, fazem com que as informações, contidas nos materiais didáticos, tomem sentido e se concretizem em múltiplos conhecimentos. O SENAI deseja , por meio dos diversos materiais didáticos, aguçar a sua curiosidade, responder às suas demandas de informações e construir links entre os diversos conhecimentos, tão importantes para sua formação continuada ! Gerência de Educação e Tecnologia Mecânico de Manutenção 5 2. LUBRIFICAÇÃO INDUSTRIAL AAttrriittoo Quando um corpo qualquer, sólido, líquido ou gasoso, move-se sobre a superfície de outro, origina-se uma resistência a este movimento, a qual pode ser expressa ou representada por uma força que é a tangente às superfícies em contato. A esta força que tende a se opor ao movimento denominamos atrito. A força de atrito é proporcional à força de compressão: Figura 1: Demonstração de atrito.por deslizamento Figura 2: Demonstração de atrito por rolamento. Mecânico de Manutenção 6 Existem duas formas de atrito: externo e interno. Atrito externo pode ser definido como a resistência ao movimento de duas superfícies em contato. Isto, se deve às irregularidades, mesmo microscópicas, que as superfícies apresentam. Quando se interpõe uma camada de óleo entre duas superfícies metálicas, a forma de atrito diminui consideravelmente, pois é evitado o contato entre as mesmas. Nesse caso, o atrito externo é substituído pelo chamado atrito interno, que consiste na força necessária para vencer a coesão entre as moléculas de uma determinada matéria (sólida, líquida ou gasosa). Figura 3: Demonstração de resistência ao movimento. Ao vencermos o atrito interno apresentado pela camada de óleo e que se origina dos choques entre moléculas de óleo, temos, necessariamente, a geração de calor, o que provoca um aumento de temperatura. Observe a ilustração: Figura 4: Geração de calor em engrenagens. Mecânico de Manutenção 7 Daí surge à técnica da lubrificação, cuja importância e funções veremos no decorrer desta publicação. Ao usarmos a lubrificação, pretendemos manter mínimos os atritos externo e interno, reduzindo o desgaste das peças em atrito, sem, com isso, provocarmos demasiado aumento de temperatura. Estudos realizados pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology – revelaram que cerca de 70% dos equipamentos industriais ficam inoperantes por conseqüência da degradação superficial, onde 50% provêm de desgaste mecânico e 20% da corrosão. Esses tipos de falha podem estar ligados a problemas de lubrificação. A finalidade da lubrificação é a transformação de um atrito severo em um mais brando e, além disso, absorver e dissiparo calor gerado pelo atrito brando. Mecânico de Manutenção 8 2. O que é lubrificar? Lubrificar é aplicar uma substância (lubrificante) entre duas superfícies em movimento relativo, formando uma película que evita o contato direto entre as superfícies. O lubrificante tem como objetivo promover a diminuição do atrito, pois transforma o atrito sólido em atrito fluido. Com isso, reduz a perda de energia e, conseqüentemente, o desgaste, já que minimiza o contato entre as superfícies e absorve o calor gerado pelo contato de superfícies. 2.1 Tipos de Lubrificantes Os primeiros lubrificantes eram de origem animal, mas com o passar do tempo, o homem foi aperfeiçoando-os e, por necessidade, os lubrificantes foram evoluindo, passando a ter bases de origem vegetal, mineral e sintética. Os lubrificantes de base vegetal ainda não representam uma fatia significativa no mercado mundial, mas devido à conscientização ecológica estão ficando mais atrativos mesmo tendo custo mais elevado e características levemente inferiores. O lubrificante de base mineral é obtido através do refinamento do petróleo, sendo o mais comum entre os lubrificantes, já que a relação custo - beneficio é bem atrativa. Os lubrificantes podem ser classificados também pelo seu estado físico: GASOSOS: são os lubrificantes ideais. Apresentam coeficiente mínimo de atrito e são encontrados em abundância na natureza. É utilizado na indústria apenas em alguns pequenos mancais de alta rotação e baixa carga, pois não há como manter uma pressão de gás alta o suficiente para suportar grandes cargas; Mecânico de Manutenção 9 LÍQUIDOS: Os lubrificantes líquidos mais comuns são: óleos vegetais, óleos minerais e os óleos sintéticos. Para uso mais específico são adicionados alguns aditivos na composição dos lubrificantes líquidos a fim de melhorar suas características. SEMI-SÓLIDOS: Os lubrificantes semi-sólidos são os que se encontram em estado “pastoso”, por exemplo, a graxa. A graxa é composta por um espessante (sabão) e óleo, podendo ter até 80% de óleo em sua composição. Os diferentes tipos de espessante, na composição das graxas, determinam suas principais características e, também, eventuais usos na indústria; SÓLIDOS: os lubrificantes sólidos são substâncias com características de baixo atrito. Freqüentemente, são usados particulados e dissolvidos nos lubrificantes tradicionais (óleo, graxas) para suprir algumas de suas limitações e melhorando, assim, as suas características. Exemplos de lubrificantes sólidos: grafite, bisulfeto de Mo, Boratos. Obtido o óleo básico tratado, este é chamado de mineral puro – contido em três categorias: a) Naftênico: oriundo do petróleo com resíduo asfáltica; b) Parafínicos: oriundo do petróleo com resíduo ceroso (parafina); c) Misto: mistura dos dois resíduos. De acordo com sua origem, esses óleos apresentam diferenças de propriedades, que os indicam para umas aplicações e contra-indicam para outras. Mostraremos, a seguir, algumas diferenças desses óleos: Condições Parafínicos Naftênico Frio intenso Congela Suporta Forma cinza ao queimar-se Bastante Pouca Na água Não mistura Mistura Mudando a temperatura, a viscosidade Pouco se altera Muito se altera Quadro 1 – Diferenças entre óleos Mecânico de Manutenção 10 Não devemos esquecer que atualmente, essas características podem ser alteradas com o uso dos modernos equipamentos usados nas refinadoras. Além, do óleo mineral puro conseguido do petróleo, obtêm-se outros tipos de lubrificantes não-minerais: • Óleos graxos – são os óleos vegetais e animais, poucos usados, atualmente, por serem caros e se tornarem ácidos e corrosivos com o uso. Uma grande vantagem é a sua aderência á superfície metálica. Os mais comumente, usados com os minerais são: óleo de mamona, de palmas e de baleia. • Óleos compostos – consistem em uma mistura de 1 a 25% de óleo graxo + óleo mineral, visando dar maior aderência do lubrificante no metal e poder formar emulsões com a água. Aplicações mais comuns: óleo para perfuratrizes, óleo para locomotivas a vapor (aquelas que não reaproveitam o vapor) e óleos emulsionáveis solúveis. • Óleos sintéticos – atualmente, com os problemas mundiais do petróleo, encontra-se em fase de grande desenvolvimento o campo dos óleos sintéticos. Os mais conhecidos são: - Ésteres de silicatos: agüentam altas temperaturas, mas em presença de água formam uma pasta abrasiva. São usados: em graxas especiais, óleos para transferências de calor, fluidos hidráulicos de altas temperaturas; - Silicones: obtidos do silício, estão entre os melhores sintéticos, podendo ser usados em equipamentos com cargas médias e moderados, possuindo grande poder lubrificante. Desvantagem: são caros demais; - Ésteres de poliglicol: podem ser usados em fluidos hidráulicos e em diversas aplicações. Resistem a inflamar-se, podem ser solúveis ou não a água. 2.2 ÓLEOS LUBRIFICANTES Os lubrificantes básicos são obtidos misturando-se óleos-base de diferentes viscosidades para se obter uma viscosidade intermediária. Viscosidade A viscosidade é a principal característica de um óleo lubrificante. A viscosidade está relacionada com o atrito entre as moléculas do fluído e pode ser definida como a medida da resistência oferecida por qualquer fluido (líquido ou gás) ao movimento ou ao escoamento. A viscosidade é responsável pela capacidade dos óleos lubrificantes em formar uma película protetora; Mecânico de Manutenção 11 Índice de Viscosidade Alguns fluídos tendem a ter sua viscosidade reduzida quando aquecidos e aumentada quando são resfriados. Dessa forma, quanto maior o índice de viscosidade menor será a variação da viscosidade com a temperatura. Por exemplo, se dois óleos, a uma determinada temperatura, possuírem a mesma viscosidade, quando resfriados, aquele que possuir menor índice de viscosidade ficará mais espesso (mais viscoso); Ponto de fulgor (ou de lampejo) e ponto de inflamação (ou de combustão): O ponto de fulgor é a temperatura em que o óleo, quando aquecido, desprende os primeiros vapores que inflamam momentaneamente em contato com uma chama. O ponto de inflamação é a temperatura na qual o óleo inflama-se em toda a superfície por mais de 5 segundos; Pontos de fluidez e névoa Ponto de fluidez é a menor temperatura na qual uma amostra de óleo ainda flui quando resfriada sob determinadas condições. Já ponto de névoa é a temperatura na qual é observada uma névoa ou turvação da amostra; Corrosão Os lubrificantes são submetidos a testes sob determinadas condições visando determinar a sua ação corrosiva sobre os materiais; Acidez e Alcalinidade O grau de acidez ou alcalinidade de um óleo pode ser avaliado pelo seu número de neutralização. O número de neutralização é a quantidade, em mg, de KOH (hidróxido de potássio) ou de uma substância ácida, como o ácido clorídrico ou sulfúrico, que é necessária para neutralizar um grama de óleo; Oxidação Oxidação é a capacidade de óleo combinar-se quimicamente com o oxigênio do ar. Essa combinação leva à formação de um verniz e uma borra que corroem (ataque físico/químico) os mancais. Os ensaios de laboratório que determinam a resistência à oxidação submetem o lubrificante a temperaturas maiores do que aquelas que são atingidas em regime de trabalho. A oxidação do óleo é ativada pelo uso do oxigênio puro injetado sob pressão. O resultado é expresso pelo número de neutralização da amostra após ensaio; Espuma Os óleos lubrificantes quando agitados em presença de ar estão propensos a formar uma espuma. Essa espuma é indesejável,principalmente em sistemas hidráulicos e caixas de engrenagens, pois impede a formação de uma película lubrificante contínua sob as superfícies lubrificadas; Mecânico de Manutenção 12 Ponto de Anilina Ponto de Anilina é a temperatura mais baixa na qual um volume de um produto de petróleo é completamente miscível em igual volume de anilina. O ponto de anilina dá idéia do poder solvente de um derivado do petróleo. Essa característica é indesejável nos lubrificantes, pois ela indica a tendência desse lubrificante atacar peças de borracha. Quanto mais baixo for o ponto de anilina do óleo, maior será seu poder solvente e maiores serão os danos causados à borracha. A principal conseqüência desse ataque à borracha é o aumento de volume da peça atacada. 2.3 ADITIVOS Os lubrificantes básicos possuem limitações em seu uso devido a algumas restrições em suas propriedades físico-químico. Com intuito de alterar essas propriedades foram desenvolvidos os aditivos. Portanto, os ADITIVOS são substâncias químicas que conferem aos lubrificantes propriedades adicionais, como resistência à oxidação, divergência, dispersância, proteção contra ferrugem e corrosão, resistência à extrema pressão e formação de espuma, melhor índice de viscosidade, maior adesividade, demulsibilidade, entre outros. Os principais tipos de aditivos para óleos lubrificantes são: Antioxidantes; Antioxidantes são agentes químicos que retardam a oxidação do óleo. Um óleo exposto ao ar tende a oxidar-se devido à presença do oxigênio; Anticorrosivo; O aditivo anticorrosivo protege as partes metálicas da ação corrosiva dos ácidos provenientes da oxidação do óleo; Antiferrugem; Antiferrugem são agentes químicos que têm a finalidade de evitar a corrosão dos metais ferrosos pela ação da água ou da umidade; Antiespumante; O aditivo Antiespumante promove a aglutinação das pequenas bolhas de ar que se encontram na massa de óleo, formando bolhas maiores, forçando o seu deslocamento para a superfície, onde as bolhas se desfazem sem romper o filme lubrificante; Dispersante – detergente; Os Dispersantes (detergente) são aditivos que em motores de combustão interna têm a finalidade de manter em suspensão, finamente dispersa, a fuligem formada pela queima incompleta do combustível e os produtos da oxidação do óleo; Mecânico de Manutenção 13 Extrema Pressão; Tanto os aditivos de extrema pressão (EP) quanto os antidesgaste lubrificam quando a espessura da película lubrificante é mínima. Quando a pressão excessiva é agravada por uma ação de deslizamento e acontecer o rompimento da película, o desgaste será reduzido, pois o aditivo de extrema pressão reage com as superfícies metálicas formando uma película lubrificante limítrofe: Antidesgaste; Os aditivos antidesgaste são semelhantes aos de extrema pressão, tendo, porém ação mais branda. Abaixador de ponto de fluidez. O aditivo abaixador de ponto de fluidez tem a finalidade de envolver os cristais de parafina que se formam em baixas temperaturas, evitando, assim, que eles aumentem e se agrupem, o que impediria a circulação do óleo. 2.1.2 Classificação do SAE A sociedade de engenheiros automotivos (SAE) adotou esta classificação (tabela a seguir) para óleos de motores, transmissões e diferenciais: Nº SAE SSU a –18ºc SSU a 38,9ºc SSU a 100ºc 5w Máx. 6000 - - 10w Máx. 12000 - - 20w Máx. 48000 - - 5 - 60-150 …40 10 - 150-250 40-45 20 - 250-400 45-58 30 - 400-600 58-70 40 - 600-850 70-85 50 - 850-1500 85-110 90 - - 75-120 140 - - 120-200 250 - - 200… VISCOSIDADE A viscosidade, como já vimos antes, é a principal característica de um óleo lubrificante. Para determinar a viscosidade de um lubrificante é utilizado um aparelho chamado viscosímetro. (Um viscosímetro básico é formado por um tubo de seção cilíndrica, com um estreitamento (estrangulamento) em sua parte inferior.) O método utilizado para determinar a viscosidade é verificar o tempo necessário para o escoamento de uma quantidade de óleo, a uma temperatura estabelecida. Mecânico de Manutenção 14 Insere-se uma quantidade de lubrificante no tubo do Viscosímetro que, por sua vez, fica mergulhado em banho de água ou óleo com temperatura pré- estabelecida e controlada por termostato. Método simples para determinar a viscosidade Ao atingir e manter a temperatura determinada para o ensaio, deixa-se o lubrificante escoar através do estreitamento inferior (orifício de dimensões específicas), medindo-se o tempo total para escoamento de todo lubrificante. O tempo total para o escoamento do lubrificante será diretamente proporcional à viscosidade desse lubrificante. Na prática, é muito comum as pessoas confundirem a viscosidade com oleosidade. Várias vezes presenciamos lubrificadores, em postos de serviço, prender entre os dedos uma pequena quantidade de lubrificante e, depois de afastá-los, dizer: “Este óleo não tem viscosidade”. O certo seria dizer que “o óleo perdeu a oleosidade ”. A oleosidade é a propriedade que um lubrificante possui de aderir às superfícies (adesividade) e permanecer coeso (coesividade). Como exemplo, citaremos a água, que não possui adesividade nem coesividade. Colocando uma gota de água sobre uma superfície plana e dando um golpe sobre esta gota, verificaremos que a mesma se divide em várias pequenas gotas, pois não possui coesividade. Verificamos, ainda, que a adesão da água ao dedo e à superfície é praticamente nula. O mesmo não acontece se, em vez de uma gota de água, for usado o óleo lubrificante.) Mecânico de Manutenção 15 33.. GGRRAAXXAASS LLUUBBRRIIFFIICCAANNTTEESS As graxas são compostos lubrificantes constituídos por óleos minerais com viscosidades diversas, mais aditivos e mais agentes engrossadores (sabões metálicos). Os sabões engrossadores são obtidos pela reação química entre um ácido graxo (geralmente sebo) e um produto alcalino, que pode ser cal virgem (sabão de cálcio), soda cáustica (sabão de sódio) ou hidróxido de lítio (sabão de lítio) e argila modificada (bentonita). Cerca de 10% do total de lubrificantes consumidos são constituídos por graxas. Fabricação A fabricação das graxas é mais uma arte do que uma técnica e cada fabricante têm seus métodos de preparo. Os equipamentos usados são: tachos de mistura para o sabão, o óleo e aditivos, filtros para impurezas, homogeneizador (pequeno moinho) e bombas para circular a graxa nas instalações. 3.1 Vantagens da utilização das graxas • Em mancais de rolamento: - Possuem boa retenção - Proporcionam lubrificação instantânea na partida - Permitem o mínimo de vazamento - Evitam contaminações - Permitem operações em várias posições - Podem se aplicadas com menos freqüência - Apresentam baixo consumo; • Em mancais de deslizamento - Possuem boa retenção - Permanecem nos locais onde são colocadas - Resistem a choques; • Em engrenagens - Resistem a pressões de carga - Possuem boa retenção, principalmente em engrenagens abertas - Resistem à remoção de forças tangenciais. Mecânico de Manutenção 16 Além das características inerentes ao óleo lubrificante, as graxas apresentam atributos específicos que definem a sua classificação e condições de uso. Esses atributos são: Consistência A consistência de uma graxa é determinada através da medida, em décimos de milímetro, da penetração de um cone padronizado na graxa. O teste é realizado com a amostra de graxa a 25ºC; após 5 segundos do disparo do cone, faz-se a leitura diretamente no aparelho. Como valor obtido verifica-se, em uma tabela, o grau de consistência da graxa. Quanto menor a variação de consistência, melhor será o desempenho da graxa no uso prático. A classificação NLGI (National Lubricating Grease Institute) arbitrou números que correspondem a diferentes faixas de penetração; Ponto de gota Ponto de gota é a temperatura na qual a graxa passa do estado sólido ou plástico para o líquido, sob determinadas condições. O procedimento para esse ensaio consiste em colocar uma amostra da graxa num recipiente com um pequeno furo e aquecê-lo até que a graxa goteje pelo orifício; Teor de óleo mineral Teor de Óleo Mineral é o percentual de óleo contido em determinada graxa. Esse valor é de grande importância para o fabricante determinar o rendimento de fabricação Teor de sabão A adição de sabões aos óleos forma as graxas. O percentual de sabão (teor de sabão) utilizado na fabricação da graxa influenciará em suas características físico-químicas, como por exemplo, na sua consistência. A lubrificação é realizada pelo óleo, mas a consistência é originada pelo sabão e pelos espessantes adicionados; Resistência à água A natureza do sabão dá graxa a característica de boa ou má resistência à água. A resistência à água se caracteriza pela capacidade da graxa resistir ou não à presença de água sem se dissolver; Número de neutralização Número de neutralização é o número que indica a quantidade (em miligramas) de hidróxido contido em um grama de amostra. A importância principal desse número está no controle da contaminação e na produção das graxas; Cargas Cargas são os lubrificantes sólidos colocados na graxa, tais como: grafite, mica, asbesto, dissulfeto de molibdênio, negro de fumo, lã de vidro, zinco, chumbo, etc. Para determinar os constituintes das cargas, a graxa é diluída em nafta especial e filtrada. Em seguida, o resíduo da filtragem é analisado quimicamente. Mecânico de Manutenção 17 4. TIPOS DE GRAXAS Atualmente, vários são os tipos de graxas existentes no mercado; uma para cada caso específico de aplicação. Abordaremos os mais comuns: • Graxas de cálcio – têm uma textura amanteigada pelo fato de possuírem fibras curtas. Não podem trabalhar em temperaturas acima de 70ºc por possuírem baixo ponto de gota, mas apresentam grande resistência à água. São largamente empregadas em mancais de bucha, operando a temperaturas normais (60ºc) e cargas médias (15 kgf./cm2), não sendo recomendadas para elevadas pressões e altas temperaturas; • Graxas de sódio – de aparência fibrosa (podendo ser de consistência amanteigada) não resistem à água, mas toleram perfeitamente temperaturas mais elevadas, entre 110ºc e 150ºc. • Graxas de lítio – estas satisfazem às duas exigências: resistem às altas temperaturas e às lavagens pela água. As mesmas atendem a inúmeros casos industriais e são chamadas de multi purpose grease, isto é, graxas de múltiplas aplicações. Suportam até 180ºc, não apresentam resistência à ferrugem e devem ser aditivadas. Apresentam também qualidades de extrema pressão para condições severas; • Graxas grafitadas – a grafita é um lubrificante sólido que, ao ser incorporado à graxa, faz com que ela possa ser empregada em temperaturas elevadíssimas, como é o caso, por exemplo, da lubrificação dos moldes de fabricação de vidros. Nesta aplicação, a grafita representa papel preponderante na lubrificação, uma vez que temperaturas e pressões severas. • Graxas sem sabão – são tipos de graxas que não utilizam o sabão como engrossante. Normalmente são as sílica-gel e argilas (bentonita); • Graxas de sílica-gel – resistem a temperaturas altas, porém não resistem à água; • Graxas bentoníticas – são de bombeamento difícil e custo alto. Resistem à água e a altas temperaturas. Além dos lubrificantes e graxas em uso no mercado, existem outros tipos de lubrificantes que possuem grande campo de aplicação. São os lubrificantes de composição betuminosa. Mecânico de Manutenção 18 4.1 Composições betuminosas São lubrificantes de elevada aderência – consistem numa mistura de óleo mineral com asfalto. Podem apresentar vários graus de viscosidade e duas formas: a) Sólida – em que se faz aquecer o tambor ou balde para poder aplicá-los; b) Diluída em solvente – após a aplicação o solvente se evapora e o lubrificante se solidifica. Formas de aplicação: através de pincéis, espátulas e banhos. 4.2 Aditivos usados para graxas Nem sempre é possível, pela simples seleção do óleo, do agente engrossante e dos processos de fabricação, associar numa graxa todas as características desejadas. Muitas vezes, a questão pode ser resolvida pelo uso de aditivos. São estes os principais usados para graxas: • Antioxidantes; • Extrema pressão; • Agentes de adesividade; • Lubrificantes sólidos; • Anticorrosivos; • Corantes; • Odoríferos. Observação: as graxas não podem ser misturadas entre si. Mecânico de Manutenção 19 5. MÉTODOS DE LUBRIFICAÇÃO Uma lubrificação adequada é aquela aplicada no local correto e em quantidade exata. Por isso, os métodos de aplicação dos lubrificantes são decisivos para o sucesso da lubrificação. Para que se tenha uma lubrificação correta é necessário que o lubrificante seja: • Adequado ao equipamento (condições de temperatura, rotação, etc); • Aplicado no local correto; • Usado em quantidade exata; • Usado em intervalos corretos. Os métodos de aplicação dos lubrificantes se dividem em dois grupos: Aplicação com perda total - Nesse método, não existe recuperação do lubrificante empregado. Aplicação com reaproveitamento - O fluido circula constantemente entre as partes móveis e o tanque (reservatório de óleo ou caixa de mancal). Por não haver perdas, após certo tempo é necessário trocar o óleo, visto que os aditivos perdem sua eficiência. 5.1 Aplicação com perda total Como vimos, no método aplicação com perda total não existe recuperação do lubrificante empregado. Geralmente são utilizados os seguintes dispositivos: 1 - Almotolia: a almotolia é uma pequena bomba manual de óleo que é utilizada para lubrificar, periodicamente, pontos de lubrificação indicados pelos fabricantes de determinadas máquinas. Esses pontos devem ser mantidos limpos; sempre que possível, deve ser instalada uma proteção contra impurezas. São necessárias apenas algumas gotas de óleo em cada ponto. Mecânico de Manutenção 20 2 - Copo graxeiro: O copo graxeiro pode ser manual ou automático. O principal cuidado para esse método de lubrificação é o enchimento periódico e a limpeza dos copos. Podem ocorrer problemas por falta de lubrificação, quando o mancal aquecer a ponto de provocar o escorrimento livre da graxa, ou seja, ocorre o vazamento pelas extremidades do mancal e o copo se esvazia rapidamente. 3 - Pistola graxeira: são indicadas para a lubrificação de pinos graxeiros ou alemites colocados nos mancais. Antes de se aplicar a graxa, os pinos devem ser bem limpos, para evitar a entrada de partículas abrasivas. 4 - Pincel e a espátula: são métodos aplicados em correntes, cabos de aço e engrenagens aplicadas em sistemas rotativos abertos. Estes instrumentos devem ser periodicamente limpos com solventes, para evitar a formação de uma pasta abrasiva oriunda da mistura do lubrificante com a poeira, e então lubrificados com óleo de boa adesividade ou com graxas de base asfáltica. Mecânico de Manutenção 21 4 - Copo conta-gotas: é um dispositivo que permite a aplicação do lubrificante na quantidade e periodicidade desejada. Porém, exigeatenção constante do operador para verificação do nível de óleo, preenchimento e regulagem do número de gotas por minuto. 6 - Copo com mecha tipo sifão: esse dispositivo consiste em uma ou mais pernas de fios de lã. As fibras da mecha levam óleo, por capilaridade, até o mancal. A quantidade de óleo fornecida varia com o nível do óleo e a temperatura de trabalho. 7 - Lubrificador por névoa: esse lubrificador tem por finalidade pulverizar o óleo em uma fina camada e distribuí-lo através de uma tubulação. Esse sistema foi desenvolvido principalmente para a lubrificação de mancais de rolamentos que giram a altíssimas velocidades. Mecânico de Manutenção 22 8 - Lubrificador mecânico: esse mecanismo consiste em um reservatório de óleo e várias unidades individuais de bombeamento. Essas unidades fornecem o óleo em pequenas quantidades, sob pressão, para tubos que conduzem o óleo ao ponto de aplicação. 9 - Lubrificação centralizada: é um sistema de lubrificação, para graxa ou óleo, com a finalidade de lubrificar um elevado número de pontos de uma máquina (ou de um conjunto de máquinas simultaneamente) nas quantidades, pressões e freqüências corretas, a partir de um reservatório central. Nesse sistema, o lubrificante é conduzido limpo, sem manuseio e nem desperdício, permitindo a racionalização do consumo de lubrificantes, economia de mão-de-obra e a lubrificação com a máquina em movimento. Mecânico de Manutenção 23 6. Aplicação com reaproveitamento No método aplicação com reaproveitamento uma determinada quantidade de fluido circula constantemente entre as partes móveis e o tanque (reservatório de óleo ou caixa de mancal). Por não haver perdas, após certo tempo, é necessário trocar o óleo, visto que os aditivos perdem sua eficiência. Os principais sistemas da aplicação com reaproveitamento são: 1 - Por banho de óleo: nesse sistema, o lubrificante está num recipiente que, em geral, é a própria carcaça da máquina. As partes que serão lubrificadas mergulham total ou parcialmente no óleo. 2 - Banho de óleo com anel: é um sistema no qual o óleo fica num reservatório abaixo do mancal. Ao redor do eixo do mancal repousa um anel com diâmetro maior que o do eixo e com a parte inferior mergulhada no óleo. Devido ao movimento do eixo, o anel também gira e transporta o óleo até um canal de distribuição. Mecânico de Manutenção 24 3 - Banho de óleo com colar: O processo é semelhante ao banho de óleo com anel. Porém, o anel que repousa sobre o eixo é um colar, que pelo movimento do eixo transporta o óleo. 4 - Nível constante: É um sistema auxiliar para o banho de óleo, banho de óleo com anel e banho de óleo com colar. O dispositivo consiste de dois reservatórios e uma interligação entre eles. O primeiro reservatório é o alimentador que, em geral, é transparente. O segundo é o reservatório de nível constante no qual funciona a lubrificação por banho de óleo, por banho de óleo com anel, por banho de óleo com colar, etc. Mecânico de Manutenção 25 5 - Por salpico: É uma derivação do banho de óleo. Neste sistema, uma peça mergulha no óleo e, com o movimento, salpica lubrificante em várias partes do conjunto mecânico. É um sistema muito usado em motores de combustão interna e compressores de ar. 6 - Banho com estopa: É um sistema que mantém um chumaço de estopa em contato com o eixo. Na extremidade inferior da estopa é colocado o óleo que atinge o eixo por capilaridade. Mecânico de Manutenção 26 7 - Sistema circulatório: são sistemas que usam bombas para distribuir o lubrificante. Os sistemas circulatórios podem atuar com alimentação por gravidade ou com alimentação por pressão. No sistema por gravidade, o fluido é bombeado do cárter para um reservatório superior. Do cárter superior, é distribuído por gravidade aos pontos de lubrificação. No sistema com alimentação por pressão, o bombeamento leva o fluido diretamente ao ponto de lubrificação. Nesse caso, não há segundo reservatório. Lubrificação de Equipamentos Específicos Os equipamentos industriais, de maneira geral, apresentam necessidades específicas quanto à aplicação de lubrificantes. Veja abaixo alguns componentes de máquinas industriais que podem apresentar diversos tipos de lubrificação: Mancais - Existem dois tipos de mancais: Mancais de deslizamento - onde o eixo desliza sobre buchas de material mais macio que o da composição do eixo; Mancais de rolamento - onde o eixo gira em um rolamento apoiado na caixa de mancal. A lubrificação satisfatória dos mancais de deslizamento depende da manutenção, entre superfícies, da cunha lubrificante (película espessa). Para isso, são fundamentais os seguintes fatores: Rotação do eixo; Viscosidade; Temperatura de serviço; Carga de trabalho; Mecânico de Manutenção 27 Distribuição do lubrificante A distribuição dos lubrificantes é feita através de ranhuras e chanfros nos mancais de deslizamento. As ranhuras devem ser longitudinais, cortadas em toda a extensão do mancal, sem, entretanto, atingir suas extremidades. Mancais de rolamento - Mancais de deslizamento - Nível de óleo na caixa do rolamento Ranhura para lubrificação Lubrificação de engrenagens fechadas. Lubrificação de engrenagens abertas Os mancais de rolamento podem ser lubrificados com óleo ou graxa, pois apresentam a mesma função. Geralmente, empregam-se graxas como lubrificantes quando os elementos de vedação não permitem uma lubrificação satisfatória com óleo ou, ainda, quando as temperaturas não são excessivas. Os parâmetros mais importantes na lubrificação dos mancais de rolamentos com óleo é a viscosidade do lubrificante e o nível de óleo dentro da caixa de mancal. viscosidade = A viscosidade do óleo é inversamente proporcional à temperatura da caixa de mancal. Portanto, a temperatura da caixa de mancal deve ser monitorada periodicamente e não deve exceder à temperatura indicada pelo fabricante do equipamento. Mecânico de Manutenção 28 No sistema de engrenagens fechadas, o óleo é aplicado por salpico ou por circulação. Para tanto, usa-se um sistema centralizado ou um sistema individual. As engrenagens de grandes dimensões e baixas velocidades não são montadas em caixas metálicas por não ser prático e nem econômico, assim, são chamadas engrenagens abertas. As engrenagens abertas requerem fluidos de alta viscosidade e alta adesividade para que a película lubrificante não seja desalojada pelo engrenamento dos dentes ou pela força centrífuga. 7. Precauções com os lubrificantes Antes mesmo da aplicação dos lubrificantes já devemos ter alguns cuidados, que se inicia na estocagem e vai até o descarte. 7.1 Estocagem Durante a estocagem do lubrificante, deve haver a preocupação de manter a sua embalagem íntegra e acondicionada de forma correta, evitando, assim, a contaminação do lubrificante, vazamentos para o meio ambiente e, também, o risco de incêndios causados pelos vapores produzidos pelo lubrificante. O maior inimigo dos lubrificantes é a água. A contaminação por água prejudica sensivelmente a grande maioria dos lubrificantes, portanto, uma das grandes preocupações na estocagem é evitar a entrada de água nas embalagens. Mecânico de Manutenção 29 Armazenagem vertical Dessa forma, os tambores devem ser mantidos na posição horizontal e com a sua abertura abaixo do nível do lubrificante, deitados sobre ripas de madeira, sem o contato com osolo, evitando corrosão. Esse procedimento ajuda na detecção de vazamentos e usa o próprio lubrificante como auxiliar de vedação. 7.2 Manuseio e Transporte Ao manusear o lubrificante, o operador deve utilizar o EPI específico para a sua função, tais como: óculos de proteção, avental, luvas de borracha e produtos de proteção para a pele. O descarte de qualquer lubrificante deve ser feito de forma apropriada, com coleta especial e destinação correta, seja para o lubrificante que será reciclado seja para o lubrificante inutilizado. Mecânico de Manutenção 30 Já o transporte dos tambores de lubrificantes deve ser feito com o uso de carrinhos ou empilhadeiras, certificando-se da adequada fixação desses tambores à lança da empilhadeira ou à plataforma do carrinho. Os tambores devem ser transportados em posição longitudinal em relação aos garfos da empilhadeira ou à plataforma do carrinho. Ao usarmos uma empilhadeira para o transporte de tambores, devemos manter os garfos o mais próximo possível do chão (conforme código de segurança para veículos industriais automotores PNB 153). Os tambores ou baldes de graxa devem ser transportados e estocados sempre em posição vertical, evitando-se assim que o conteúdo do recipiente pressione sua tampa com conseqüente vazamento do produto. No transporte, evite a colocação de objetos pesados sobre os mesmos, pois os baldes poderão se deformar, comprometendo a sua integridade. Ë muito importante evitar quedas durante o transporte de lubrificantes. 8. Técnicas Preditivas por Análise de Óleo A confiabilidade e vida útil dos equipamentos industriais dependem em grande parte da conservação do lubrificante. A análise de óleo é uma ferramenta imprescindível como subsídio para um planejamento adequado da manutenção preditiva e preventiva destes equipamentos. Métodos de coleta Os principais métodos de coleta de lubrificantes envolvem válvulas de coleta, bombas de coleta e imersão. Se a máquina estiver dotada de válvulas de coletas, o método de coleta deverá passar pela seguinte seqüência: o Limpar a região da coleta; o Abrir a válvula permitindo uma vazão razoável para arrastar as partículas (filete de 1/4” a 2”, proporcional à máquina); o Purgar 2 a 3 vezes o volume parado na tubulação da válvula; o Retirar o frasco quando completar o nível de coleta nele indicado; o Fechar a válvula (nunca abri-la ou fechá-la sobre o frasco); o Descartar imediatamente o lubrificante que excedeu o nível de coleta; o Tampar o frasco com batoque plástico e tampa roscada; o Limpar o frasco; o Identificar a amostra com os seguintes dados: máquina, ponto de coleta, empresa e data. A coleta de amostras de lubrificante, na maioria dos casos, pode ser feita com o auxílio de uma bomba de coleta. A figura seguinte mostra o esquema de uma Mecânico de Manutenção 31 Bomba de coleta O processo de análise de óleo é constituído pelas seguintes fases: coleta, análise e elaboração do relatório com a interpretação dos resultados. Os tipos mais comuns de análise de óleo aplicado na manutenção preditiva são: � Análise de Óleo Simples Composto pela análise físico-química e cromatográfica. � Análise de Óleo Completa Composto pela análise físico-química, cromatográfica, análise de porcentagem da umidade e análise ferrográfica. � Análise Físico-Química Determina a condição e o estado de envelhecimento do óleo mineral isolante. Se os valores encontrados estiverem dentro dos limites recomendados, o lubrificante está atendendo sua capacidade de lubrificação e refrigeração. Valores fora dos limites pré-estabelecidos indicam necessidade de tratamento termo-vácuo, substituição ou regeneração do lubrificante. � Análise Cromatográfica Determina a concentração de gases dissolvidos no óleo lubrificante. A relação e a concentração dos gases possibilitam a identificação de ocorrência de defeito interno no equipamento. Valores elevados indicam a necessidade de inspeção interna para verificação e correção de defeitos. Obs.: Para equipamentos selados, é possível verificar a eficiência do sistema de preservação. Mecânico de Manutenção 32 � Análises ferrográficas A ferrografia é uma técnica de avaliação das condições de desgaste dos componentes de uma máquina por meio de quantificação e observação de partículas em suspensão no lubrificante. Ferrógrafo. A ferrografia identifica as causas do desgaste através do exame visual da morfologia, cor, tamanho, distribuição e concentração das partículas no ferrograma. O ferrograma é uma lâmina que permite obter a dimensão aproximada de partículas depositadas. A lâmina mede aproximadamente 57 mm e, ao longo dela, passa o fluxo de lubrificante que vai deixando para trás as partículas de desgaste; as maiores ficam no início do fluxo e as menores, no final. Os benefícios conseqüentes da aplicação de uma técnica preditiva por análise de óleo são: • Acompanhamento das condições de operação do equipamento. • Permite um acompanhamento do equipamento propiciando um planejamento para a manutenção preventiva e preditiva determinando o ponto ótimo para a intervenção. • Permite determinar o tratamento mais eficaz aumentando a confiabilidade do equipamento. • Possibilita planejar a substituição de componentes do equipamento evitando situações emergenciais. Contaminantes: Para cada aplicação existe um tipo de lubrificante e, conseqüentemente, um tipo de contaminante específico. Mecânico de Manutenção 33 Por exemplo: os motores a combustão interna estão expostos à formação de lacas, vernizes e borras causadas pelas altas temperaturas internas. A mudança na cor de um óleo usado em um motor à combustão pode significar uma contaminação: • A cor cinza indica contaminação por chumbo da gasolina; • A cor preta indica contaminação por fuligem da combustão; • A cor branca ou leitosa indica a contaminação por água. Outros tipos de contaminantes como, presença de poeira, partículas metálicas ou não metálicas provenientes do desgaste de peças que compõe o equipamento, podem comprometer a vida útil do lubrificante, fazendo-o perder algumas de suas características principais como: 9. CLASSES NLGI (Nacional Lubricating Grease Institute – USA ) DENSIDADE Classe NLGI (DIN 51818) Penetração de trabalho (mm/10) Avaliação geral de consistência Área de aplicação 000 445 a 475 Fluida LT, C 00 400 a 430 Pouco fluida LT, C 0 355 a 385 Semi-fluida LT, C 1 310 a 340 Muito macia LT, C, LR,LD 2 265 a 295 Macia LR,LD,C 3 220 a 250 Meio consistente LR, LD 4 175 a 205 Consistente LR,LA 5 130 a 160 Muito consistente LA 6 85 a 115 Dura - LD = Lubrificação de mancais de deslizamento LR = Lubrificação de mancais de rolamento e de rodas LA = Lubrificação de bombas de água LT = Lubrificação de redutores C = Adequada para instalações de lubrificação centralizada Mecânico de Manutenção 34 10. NORMAS DE LUBRIFICANTES ASTM = AMERICN SOCIETY FOR TESTING MATERIAIS Associação para normatização de métodos e teste para lubrificantes e determinação para especificações de lubrificantes ATF AUTOMATIC TRANSMISSION FLUID Líquidos especiais para câmbios automáticos e para alguns câmbios de engrenagens manuais de veículos e direção hidráulica API AMERICAN PETROLIUM INSTITUTE Divisão de óleo de cambio SAE SOCIETY OF AUTOMOTIVE ENGINEERS Marcação de óleo com viscosidade diferente EXEMPLO: MOBIL DTE 26 ANP – 0583 ISSO – VG 68 Tabela de verificação GRAXA PRODUTO ANP ESPECIF. MOBILGREASE MP USO = AUTOMOTIVO 0140 NLGI 2MOBILGREASE 2 USO = AUTOMOTIVO 0140 NLGI 2 MOBILUX EP 1 USO = INDUSTRIAL 0749 NLGI 1 MOBIL TEMP 1 USO = INDUSTRIAL 0146 NLGI 1 MOBILGREASE HP22 USO = AUT/ IND 0410 NLGI 0 Mecânico de Manutenção 35 11. Planejamento da Lubrificação Para alcançarmos uma lubrificação eficiente é necessária uma relação adequada entre o tipo, a quantidade, o local e o momento para aplicação do lubrificante, ou seja, é necessário fazer um Planejamento da Lubrificação. Lubrificação eficiente (As informações para se ter uma lubrificação eficiente devem ser fornecidas pelos fabricantes dos equipamentos. ) A implantação do planejamento da lubrificação passa por etapas como o levantamento das informações dos equipamentos, a racionalização dos estoques dos lubrificantes, a codificação dos pontos de lubrificação, a identificação dos lubrificantes, a programação dos serviços de lubrificação, o controle do estoque dos lubrificantes e o controle dos métodos de lubrificação. Redução de custos de manutenção Um bom plano de manutenção não só especifica quando e quanto lubrificante usar, mas também especifica que tipo é o mais indicado para a aplicação, levando em conta as suas características, vida útil, armazenamento e descarte. Alguns métodos de lubrificação podem reduzir o custo da manutenção de forma bastante atrativa, por exemplo, a lubrificação por névoa mistura uma parte de lubrificante a 200 mil partes de ar. Existem também alguns artifícios usados para prolongar a vida útil do lubrificante. Um exemplo deste método é a filtragem do lubrificante, que elimina partículas de desgaste do óleo e o deixa apto a ser utilizado por mais tempo. CCoonnttrroollee ddaa lluubbrriiffiiccaaççããoo O controle é feito mediante a organização dos seguintes pontos: a) Estoque de lubrificantes: o controle é feito através de uma ficha de estoque. Cada produto possui sua própria ficha onde se registram: datas de saídas e entradas, estoque existente e o local de destino, nível de ressuprimento, tempo de ressuprimento e ponto de ressuprimento; b) Controle de consumos: este controle é feito em duas fichas: controle de consumo diário, que é preenchida diariamente por lubrificador, por área, por seção, por departamento e por tipo de produto, e controle de consumo periódico, que é um relatório que nos dá um panorama dos consumos periódicos (mensais, semestrais), dependendo do tipo de trabalho, da empresa, etc. Mecânico de Manutenção 36 Observe, a seguir, um modelo de fichas utilizadas para controle de lubrificação. s e n a i Controle de lubrificação U.o Nº Minas gerais Nome da máquina Modelo Nº patrimônio Localização Partes a Capac. Lubrificante Trocado Período de Próxima Visto Lubrificar Reserv. Óleo Graxa Em Trocas Troca Quadro 2: Controle da lubrificação Ficha de equipamento Equipamento: Fabricante: Modelo: Nº do fabricante: Nº de identificação: Lubrificação Itens Partes a lubrificar Lubrificante Capacidade Aplicação Freqüência 1 2 3 4 8 9 10 Quadro 3: Controle da lubrificação Mecânico de Manutenção 37 1122.. CCoonnttaammiinnaaççããoo O “aspecto ambiental”: Os elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização capazes de interagir com o meio ambiente. Um aspecto ambiental significativo é aquele que tem o pode ter um impacto ambiental significativo. O “impacto ambiental”: Qualquer mudança provocada no meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte no todo ou em parte, atividade, produtos ou serviços de uma organização. Identificação dos aspectos ambientais e avaliação dos impactos associados Constitui condição precedente a identificação de aspectos e avaliação dos impactos ambientais associados, o conhecimento detalhado do fluxograma dos processos respectivas tarefas. Há que se considerar a necessidade de uma compatibilização geral entre as listas de tarefa de todos os setores de uma organização, de forma a consolidá- las em uma única listagem geral, que permitirá que tarefas idênticas ou similares, realizadas por diversos setores, possam ter seus aspectos e impactos identificados de forma compartilhada. Em situações específicas pode ser necessário desdobrar a tarefa em alguns passos para melhor identificar seus aspectos. Tendo sido listadas as tarefas com base no fluxograma de processo, devem ser identificados e, quando possível (sendo sempre desejável), quantificados os aspectos ambientais correspondentes a cada tarefa (ou produto/serviço) do processo. Para cada aspecto ambiental identificado devem ser elencados os respectivos impactos ambientais, ou seja, “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das atividades, produtos e serviços de uma organização.” (NBR ISO 14.001 – item 3.4). Portanto trata-se de uma relação de causa e efeito: os impactos ambientais são as conseqüências que as atividades, produtos e serviços da organização acarretam ou podem acarretar sobre o meio ambiente. Listagem de aspectos e impactos ambientais Esta listagem não é imutável nem prescrita, devendo ser encarada como um agente de facilitação. O desenvolvimento do processo de identificação dos aspectos permitirá que a listagem seja periodicamente atualizada. Mecânico de Manutenção 38 A – Listagem dos aspectos ambientais Categoria Aspectos Emissões atmosféricas (ea) 1. Emissão de partículas totais em suspensão – pts 2. Emissão de partículas inaláveis – pm10 3. Emissão de fumaça (ex.: veículos, caldeiras) 4. Emissão de fumos metálicos (ex.: soldas) 5. Emissão de gases de combustão (sox, nox, co) 6. Emissão de compostos clorados (ex.: cloretos, clorofluorcarbono – cfc’s) 7. Emissão de compostos orgânicos voláteis – voc’s (ex.: solventes, tintas, desengraxantes) 8. Geração de odor 9. Emissão de outros gases (ex.: inertes, oxidantes, amônia, fotoquímicos, gases ácido-alcalinos) – especificar Efluentes líquidos (El) 1. Geração de efluentes líquidos contendo óleos e graxas 2. Geração de efluentes líquidos inorgânicos (ex.: ácidos, bases, cianetos, metais pesados) 3. Geração de efluentes orgânicos não oleosos (ex.: solventes, organoclorados, detergentes, fenóis) 4. Geração de esgotos domésticos 5. Geração de outros efluentes líquidos – especificar Ruído (Ru) Emissão de ruído Vibração (vi) Emissão de vibração Radiação (ra) Emissão de radiação (ex.: calor, ultra-som, microondas) Recursos naturais e energéticos (rn) 1. Uso de água 2. Consumo de combustíveis fósseis (ex.: óleos diesel e combustível, carvão, gasolina) 3. Consumo de energia elétrica Quadro 4: Aspectos ambientais Mecânico de Manutenção 39 B – LISTAGEM DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Os aspectos ambientais mais freqüentemente associados aos aspectos das atividades, produtos e serviços de uma organização são os seguintes: Categoria Impactos Ar 1. Alteração da qualidade do ar 2. Alteração da camada de ozônio 3. Geração de chuva ácida 4. Formação de efeito estufa Água 1. Alteração da qualidade da água superficial 2. Alteração da qualidade da água subterrânea 3. Assoreamentodos cursos d’água 4. Redução da disponibilidade dos aqüíferos 5. Eutrofização Solo Alteração da qualidade do solo Recursos naturais/ Energia Ineficiência no consumo / emprego de recursos naturais e/ou energia Meio antrópico 1. Danos à saúde humana 2. Incômodos ao homem – ruído, vibração, odor 3. Danos materiais Quadro 5: Aspectos ambientais Mecânico de Manutenção 40 1133.. RReeffeerrêênncciiaass bbiibblliiooggrrááffiiccaass Instituto Brasileiro de Petróleo: Apostila do curso de informação sobre lubrificantes e lubrificação. Rio de janeiro, Ebe, 1976. 228 p. Móbil Oil do Brasil Ind. Com. Ltda. Fundamentos da lubrificação. São Paulo, 1979. 289 p. Moura, Carlos Roberto dos Santos. Lubrificantes e lubrificação. Rio de janeiro, livros técnicos e científicos, 1975. 446 p. Rousso, José. Manual de lubrificação industrial. Rio de Janeiro, CNI/DAMPI, 1983. 125p. (manual CNI) SENAI. Departamento Regional de São Paulo. Atrito e Lubrificação /por/ Dario Amaral Filho. São Paulo, SENAI -DR/DMDI, 1984. 62 p. Shell do Brasil. Curso de Lubrificação Industrial. S.l., s.d. v.1 106 p. Soares, Rui Abreu. Manutenção preventiva. 6. Ed. Rio de janeiro, CNI/DAMPI, 1986. 59 p.
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