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EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO
DIREITO INTENACIONAL
Resek destaca que, os tratados internacionais surgiram com consistência costumeira, observando princípios gerais, como pacta sunt servanda e boa-fé. O primeiro registro seguro da celebração de um tratado (bilateral) é o que se refere à paz entre Hatusil III, rei dos Hititas, e Ramsés II, faraó egípcio da 19ª dinastia. Esse tratado pôs fim à guerra nas terras sírias entre 1280 e 1272 a.C. e dispôs sobre a paz perpétua entre os dois reinos, além de prever a aliança contra inimigos comuns, regras de comércio, migrações e extradição.
Para EDGAR AMORIM, na Antiguidade inexistiu regra de Direito Internacional, uma vez que o estrangeiro era considerado bárbaro, hostil ao meio, podendo até mesmo ser sacrificado ou destruído. MAZZUOLI partilha desse posicionamento, afirmando que existia apenas um Direito que se aplicava às relações entre cidades vizinhas, de língua comum, mesma raça e religião. Não existiam leis comuns, nem igualdade jurídica.
ALBUQUERQUE MELLO reconhece que, no mundo grego, já existia um direito internacional, uma vez que entre as características da ‘polis’ está a independência política com todos os elementos de verdadeira soberania.
Com o decorrer do tempo, o entrelaçamento entre os gregos e os estrangeiros cresceu tanto, a ponto de as cidades firmarem, entre si, tratados chamados de asília, para garantir a segurança e os negócios de seus súditos. 
Em Roma, no princípio, o estrangeiro poderia ser vendido como escravo. Os romanos, mais interessados no fator econômico, respeitavam a lei e os costumes nativos. Isso porque Roma não mantinha tratados com outros povos. Todas as suas concessões aos estrangeiros eram frutos de atos unilaterais. 
O Direito Romano dividia-se em jus civile e jus gentium. O primeiro aplicava-se apenas a cidadãos romanos, e o segundo apenas para os estrangeiros. O jus gentium era constituído de usos destinados às embaixadas.
Com a invasão bárbara no Império Romano, surgiu o regime denominado de personalidade do direito e a lei perdeu o caráter territorial até então existente, permitindo-se que cada ser humano vivesse de acordo com suas próprias instituições. Os direitos de cada um eram aqueles das leis de sua tribo ou nação. Prevalecia o jus sanguinis. Nos conflitos, prevalecia a lei do vencedor.
Com o surgimento do regime feudal, encerra-se o período da personalidade da lei e instala-se o da territorialidade. Submetidas as populações exclusivamente às leis vigentes em seus territórios, não se verificava conflito de leis. No sistema feudalista, dentro de seus domínios, o senhor feudal admitia apenas a sua lei. É o sistema do jus soli
As leis municipais ou provinciais eram conhecidas como Estatutos, contendo normas sobre os mais variados campos do direito. Entre o século XIV e XVIII. As escolas criaram a "teoria dos estatutos" conjunto de regras doutrinárias sobre a diversidade dos estatutos e costumes locais, visando classificar as matérias jurídicas em tantos grupos quantos sejam necessários, a fim de indicar soluções racionais para as diversas espécies de conflitos de leis, que teve sua prevalência nas Cidades Estados italianas
O frei dominicano FRANCISCO DE VITÓRIA é reputado o fundador do Direito Internacional, ao preconizar que existiam normas e princípios de tal forma imanentes à natureza humana que seriam dotadas de uma superioridade hierárquica em relação às normas expedidas pelo monarca.
O jesuíta FRANCISCO SUAREZ deu prosseguimento à visão imanentista do Direito das Gentes, entendendo que as normas que regiam a comunidade internacional eram imanentes, mas podiam igualmente ser criadas pela manifestação da vontade dos governantes, de maneira expressa (tratados internacionais) ou implícita (usos e costumes internacionais).
BÁRTOLO, conhecido como pai do Direito Internacional Privado, dividiu os estatutos em reais e pessoais. Os primeiros estariam ligados ao súdito, enquanto os reais observaram a lei da situação da cisa. Estabeleceu, ainda, que a lei do lugar do contrato seria adotada para as obrigações dele emanadas, enquanto a lei do lugar de sua execução regularia as consequências da negligência ou da mora na execução.
Na escola estatutária francesa, merece referência CHARLES DUMOULIN, criador da teoria da autonomia da vontade, faculdade de as partes estabelecerem a lei que deve reger a validade de um contrato. DUMOULIN entendia que o fundamento para a aplicação da lei do lugar da assinatura do contrato para as questões de fundo deriva da presunção de que as partes, ao escolher um local, desejavam submeter-se às leis neles vigentes. Afirmava que se as partes desejassem, poderiam escolher outra lei.
Na Franca, surge a Escola Estatutária, de Bertrand D’Argentré, que evidenciou que todo estatuto tem como objeto as coisas ou as pessoas, sendo, pois, real (territorial) ou pessoal. O estatuto pessoal deveria acompanhar as pessoas onde quer que elas fossem. 
Somente a partir do final do século XVI e início do século XVII, o Direito Internacional Público aparece como disciplina autônoma e sistematizada, principalmente a partir dos tratados de Westfália, que puseram fim à Guerra dos 30 anos. A partir daí, o Direito Internacional Público passou a ser conhecido como ramo autônomo do Direito e, no plano internacional, reconheceu-se a igualdade formal dos Estados.
Antes desses tratados não existia uma sociedade internacional com poder para sujeitar os Estados ao cumprimento de suas regras de conduta. Logo, foi nesse momento histórico em que se desprenderam as regras fundamentais que passaram a presidir as relações entre os Estados europeus, reconhecendo-se o princípio da igualdade absoluta dos Estados como caráter de regra internacional fundamental. Esse também o marco do surgimento do Estado Moderno, com uma base territorial sobra a qual se assenta a sua massa demográfica de indivíduos.
	A partir de HUGO GROTIUS, o Direito Internacional Público acabou por despregar-se da concepção imanentista de base, como um conjunto de normas cogentes próprias da natureza humana e independentes da vontade dos soberanos, para firmar-se como um conjunto de normas que tão-somente estes haveriam de exprimir, de maneira expressa (tratados e convenções internacionais) ou implícita (costumes internacionais). A GROTIUS coube a responsabilidade de ter formulado o Direito das Gentes, como um conjunto completo, racional e coerente de normas jurídicas, plenamente ancorado na sistemática da Ciência Jurídica e já com seus postulados de base bastante definidos.
GROTIUS foi um dos responsáveis pela elaboração da Paz de Vestáfia, que consagrou a regra de que, na região sob o império de um príncipe, vigeria unicamente uma ordem jurídica, o que demonstra a consagração da territorialidade do Direito, princípio que passaria a dominar toda a concepção moderna sobre eficácia das normas dos sistemas jurídicos nacionais.
Na Modernidade, JOSEPH STORY, a quem atribui-se o nome Direito Internacional Privado (Private International Law), adotou o domicílio como regra geral, inclusive para bens móveis que obedeciam à lei do domicílio, ressalvadas as regras quanto aos imóveis e quanto aos atos de celebração do casamento. 
SAVIGNY sugeriu que deveria haver uma comunidade de direito entre os povos. O domicílio deveria ser o elemento de conexão por excelência. Serviria para indicar a lei que regulasse a capacidade das pessoas e os direitos de família. Entretanto, deveria prevalecer a lex rei sitae para os bens imóveis, enquanto os móveis seriam regidos pela lei do proprietário, desde que estivessem em movimento.
As ideias de SAVIGNY foram recepcionadas por AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS para a elaboração de seu anteprojeto de Código Civil, o que posteriormente influenciou na criação dos arts. 10 e 14 LINDB.
No século XIX, o direito dos tratados continuou convencional, mas houve uma significativa ampliação do acervo normativo, com a erosão do protagonismo concentrado na pessoa do Chefe de Estado e a multiplicação dos regimes republicanos. Com a progressivaconstitucionalização das monarquias ocorreu um aumento da complexidade dos tratados, cuja fase interna representava uma consulta ao parlamento como preliminar de ratificação, o que impôs ao direito das gentes uma importante remissão ao direito doméstico dos Estados.
No Congresso de Viena, realizado em 1815, após o fim das guerras napoleônicas, estabeleceu-se um novo sistema multilateral de cooperação política e econômica na Europa, além de se consolidarem novos princípios de Direito Internacional, como a proibição do tráfico de escravos, a liberdade de navegação em rios internacionais e primeiras regras de protocolo diplomático.
No século XX, surgem diversas organizações internacionais, fazendo com que o rol de pessoas jurídicas de direito das gentes, habilitadas a pactuar no plano exterior, já não se exaurisse nos Estados soberanos. Segue-se um fenômeno de codificação do direito dos tratados, por meio da transformação das regras costumeiras em regras convencionais, escritas, expressas no texto de um tratado.
Em 1928, é celebrada a Convenção de Havana sobre tratados, a qual resultou na elaboração de uma convenção de Direito Internacional Privado, que ficou conhecida como Código de Bustamante. Em 1969, a Convenção de Viena sobre o direito dos tratados, o termo "tratado" como "um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica".
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, ocorre uma abertura do direito internacional além da Europa, para a Turquia e a América, Ásia, África e Oceania. Surge a Organização das Nações Unidas, aberta a todos os Estados, e ocorre a proliferação das organizações intergovernamentais especializadas, como UNESCO, OMS, OIT, OMC, etc. Paulatinamente, os países associam-se em organizações regionais de integração econômica, tais como a União Europeia, o Mercosul, o Nafta, etc.
O Direito Internacional moderno é fruto de um desenvolvimento histórico que abrange fases distintas: 
universalização,
regionalização (criação de espaços regionais por razões econômicas, políticas, estratégicas ou culturais, dentro dos quais as várias comunidades políticas e os vários Estados encontram formas de solidariedade e de cooperação mais qualificadas, ex. UE), 
institucionalização (o Direito Internacional deixa de ser um direito das relações bilaterais ou multilaterais entre os Estados, e passa a ser um direito cada vez mais presente nos organismos internacionais, ex. ONU), 
funcionalização (o Direito Internacional se ocupa cada vez mais de questões do Direito Interno, assumindo tarefas de regulamentação e de solução de problemas, como a saúde, o trabalho, o ambiente, etc.), 
humanização (surgimento do Direito Internacional dos Direitos Humanos a partir do pós-segunda guerra, desde a Carta das Nações Unidas de 1945 e desenvolvendo-se com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948), 
objetivação (superação do dogma voluntarista, segundo o qual a vontade dos atores internacionais é o fundamento único da existência do Direito Internacional Público, formação de regras internacionais livres e independentes da vontade dos Estados, desde a positivação da norma pacta sund servanda pela Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados de 1969), 
codificação (art. 13, §1º, alínea "a", da Carta das Nações Unidas, de 1945) 
 jurisdicionalização (consequência lógica da acumulação de todas as tendências, regras de proteção internacional dos direitos humanos, criação de tribunais internacionais de variada natureza).

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