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Prof. Marcílio Ferreira Professor de cursos preparatórios e pós-graduação Procurador do Estado de Goiás Doutorando em Direito Público Professional Coach DIREITO CONSTITUCIONAL XXV Exame de Ordem CONTATOS: Instagram: @profmarcilioferreira E-mail: contato@marcilioferreira.com WhatsApp: (62) 98215-0295 "Não se preparar é o maior dos crimes; estar preparado de antemão para qualquer contingência é a maior das virtudes" (Sun Tzu) Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 2 ] MÓDULO V 18 Organização dos Poderes. 18.1 Poder Legislativo. 18.1.2 Processo Legislativo 18.2 Poder Executivo. 18.3 Poder Judiciário e Funções Essenciais à Justiça. 18.4. Funções Essenciais à Justiça. 18 Organização dos Poderes A República brasileira adota o modelo de três poderes: - Poder Executivo; - Poder Legislativo; e - Poder Judiciário. De acordo com o art. 2º da CF/88: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Esses poderes exercem funções típicas e atípicas. Cada um possui uma função regular para a qual foi criado, porém a Constituição lhe outorga o exercício de funções extraordinárias. Além disso, os poderes exercem controle entre si, a fim de impedir eventuais excessos. ÓRGÃO FUNÇÃO TÍPICA FUNÇÃO ATÍPICA LEGISLATIVO Legislar Fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo. Natureza executiva: ao dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias, licenças a servidores etc. Natureza jurisdicional: o Senado julga o Presidente da República nos crimes de responsabilidade (Art. 52, I) EXECUTIVO Prática de atos de chefia de Estado, chefia de governo e atos de administração Natureza legislativa: o Presidente da República, por exemplo, adota medida provisória, com força de lei (Art. 62) JUDICIÁRIO Julgar (função jurisdicional), dizendo o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhe são levados, quando da aplicação da lei. Natureza legislativa: regimento interno de seus tribunais (art. 96, I, “a”) Natureza executiva: administra, ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários (Art. 96, I, “f”) Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 3 18.1 Poder Legislativo. A) Aspectos gerais PODER LEGISLATIVO União Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal). Estado Assembleias Legislativas Distrito Federal Câmara Legislativa do Distrito Federal Municípios Câmara dos Vereados O Poder Legislativo Federal, bicameral, é exercido pelo Congresso Nacional (Art. 44 CF/88), que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. É fundamental que se diferenciem os Legislativos Estadual, Distrital e Municipal, nos quais se consagra o sistema unicameral. O bicameralismo do Legislativo Federal está intimamente ligado à escolha pelo legislador constituinte da forma federativa de Estado. No Senado Federal, encontram-se representantes de todos os Estados membros e do Distrito Federal (eleitos pelo sistema majoritário – 3 senadores por estado), consagrando o equilíbrio entre as partes da Federação. Na Câmara dos Deputados, Os Deputados Federais são escolhidos pelo sistema proporcional, por isso é dito que o mandato “pertence ao partido e não ao canditado”. O número de Deputados Federais irá variar de Estado para Estado, conforme dispões o texto constitucional (Art. 45, § 1º, CF/88). FIDELIDADE PARTIDÁRIA: Nos cargos sujeitos ao sistema proporcional, previstos no Art. 45, caput, da CRFB/88, o mandato eletivo pertence ao partido político e, não, ao parlamentar. Nos cargos sujeitos ao sistema majoritário, o mandato eletivo pertence ao parlamentar e, não, ao partido politico. B) Imunidades parlamentares (CF/88, art. 53) Imunidades parlamentares são prerrogativas inerentes à função parlamentar, garantidoras do EXERCÍCIO DO MANDATO PARLAMENTAR, com plena liberdade. Referidas prerrogativas, dividem-se em dois tipos: TIPO DE IMUNIDADE OBJETO Imunidade material Impede a imputação do crime em si ao Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 4 parlamentar. A ação se torna atípica. (natureza material) Imunidade formal Impede ou posterga a instauração de um processo criminal ou a prisão de um parlamentar. (natureza processual) i) Imunidade material ou inviolabilidade parlamentar Garante que os parlamentares no EXERCÍCIO DA FUNÇÃO são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, desde que proferidos em razão de suas funções parlamentares, NO EXERCÍCIO E RELACIONADOS AO MANDATO. ATENÇÃO: Nesse sentido, segundo o STF, “... a inviolabilidade alcança toda manifestação do congressista onde se possa identificar um laço de implicação recíproca entre o ato praticado, ainda que fora do estrito exercício do mandato, e a qualidade de mandatário político do agente” (RE 210.917, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 12.08.1998, DJ de18.06.2001; AI 493.632 -AgR, Rel. Min. Carlos Britto, j. 13.11.2007, DJE de 14.03.2008). Importante saber que a imunidade material (inviolabilidade) impede que o parlamentar seja condenado, na medida em que há ampla descaracterização do tipo penal, irresponsabilizando – o penal, civil, política e administrativamente (disciplinarmente). Trata-se de irresponsabilidade geral, desde que, é claro, tenha ocorrido o fato em razão do exercício do mandato e da função parlamentar ATENÇÃO: Art. 55 § 1º, CF/88 (EXCESSO) – Responsabilidade Política. O Parlamentar pode ser responsabilizado (quebra do decoro parlamentar), pois a imunidade não serve para proteger abusos. Quem possui? Deputado Federal, Senador, Deputado Estadual (mesmas regras do Deputado Federal) e vereadores. No caso dos Vereadores, a imunidade só existe quando preenchidos dois requisitos (CF, art. 29): Exercício da função + Dentro da circunscrição do município em que exerce o mandato (município). ii) Imunidade formal ou processual Está relacionada à prisão dos parlamentares, bem como ao processo a ser instaurado contra eles. Prisão O parlamentar não pode ser preso, exceto em caso de flagrante de crime inafiançável. Se ele for preso, a Casa parlamentar a que ele está vinculado deve ser comunicada no prazo de 24 horas para que delibere sobre a prisão por maioria absoluta (Art. 53, § 2.º, CF/88). Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 5 PROCESSO 1- Crimes praticados ANTES da DIPLOMAÇÃO O processo tramita normalmente, o que ocorre é a alteração da competência pelo foro por prerrogativa de função # imunidade. Se parlamentar no âmbito federal = STF âmbito estadual = TJ 2- Crimes praticados APÓS a diplomação, durante o mandato... A Casa parlamentar pode suspender o processo por pedido de partido político com representação. O pedido será encaminhado à mesa e a casa parlamentar terá45 dias para decidir. ATENÇÃO: Os processos criminais durante o mandato podem ter seu andamento suspenso. Se houver a suspensão do processo, haverá a suspensão da prescrição penal. (Art. 53, § 3º) Obs. Importante !!! Ex-parlamentar, parlamentar licenciado, afastado = não tem imunidade (prerrogativa da função). Encerrou o mandato, perde as prerrogativas de função. c) Foro por prerrogativa de função Tendo em vista a importância do cargo público que ocupam, são julgadas e processadas criminalmente por órgãos jurisdicionais superiores, distintos do foro comum previsto aos cidadãos em geral. Supremo Tribunal Federal - Art. 102, I, “b”, “c” CF/88 - Art. 52, I, Competência por prerrogativa de função atinge também crime eleitoral e até mesmo a contravenção penal. Superior Tribunal de Justiça Art. 105, I, “a”, CF/88. O entendimento do próprio STJ é no sentido de que prevalece a competência da Justiça Eleitoral, no particular o Tribunal Superior Eleitoral, para o processo e o julgamento do delito, uma vez tratar-se de órgão jurisdicional especializado para conhecimento da matéria. Tribunais Regionais Federais - ressalvada a competência da Justiça Eleitoral - Art. 108, I, a, CF/88. Tribunais Estaduais, Art. 29, X, CF/88, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (Art. 96, III, CF/88). Ainda em relação aos Tribunais Estaduais, preceitua o artigo 125 da Carta Magna que aos Estados, observados os preceitos constitucionalmente firmados, incumbe a organização de sua Justiça e que “a competência dos tribunais será definida na Constituição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tribunal de Justiça” (art. 125, §1°, CF/88). Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 6 ATENÇÃO: Pelo princípio da simetria, as autoridades estaduais que ocuparem cargos ou exercerem funções equivalentes aos de âmbito federal têm a prerrogativa de ser julgadas por órgão jurisdicional superior que represente o equivalente estadual ao previsto na Lei Maior para os cargos federais. É de se atentar, porém, que o STJ já decidiu ser inconstitucional dispositivo constante em Constituição Estadual que institua foro por prerrogativa de função não previsto na Constituição Federal ou em lei federal. PRERROGATIVA DE FORO E PERDA DO MANDATO: A perda do mandato reflete na perda da prerrogativa de foro, exceto: (a) quando já iniciado o julgamento; (b) quando houver claro intuito de fraudar a competência da Corte. d) Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) As comissões parlamentares de inquérito (CPI) são temporárias, podendo atuar também durante o recesso parlamentar. Têm o prazo de 120 dias, prorrogável por até metade, mediante deliberação do Plenário, para conclusão de seus trabalhos. São criadas a requerimento de pelo menos 1/3 do total de membros da Casa. No caso de comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI), é necessária também a subscrição de 1/3 do total de membros do Senado e será composta por igual número de membros das duas Casas legislativas. As CPIs e CPMIs destinam-se a investigar fato de relevante interesse para a vida pública e para a ordem constitucional, legal, econômica ou social do País. Têm poderes de investigação equiparados aos das autoridades judiciais, tais como determinar diligências, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, requisitar de órgãos e entidades da administração pública informações e documentos, requerer a audiência de Deputados e Ministros de Estado, tomar depoimentos de autoridades federais, estaduais e municipais, bem como requisitar os serviços de quaisquer autoridades, inclusive policiais. Além disso, essas comissões podem deslocar-se a qualquer ponto do território nacional para a realização de investigações e audiências públicas e estipular prazo para o atendimento de qualquer providência ou realização de diligência sob as penas da lei, exceto quando da alçada de autoridade judiciária. Tem por objetivo a apuração de um fato determinado por um prazo certo. Poderes da CPI: As Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) possuem apenas a finalidade de INVESTIGAR fatos (poderes típicos de autoridade judicial), não podendo punir. As suas conclusões devem ser encaminhadas aos órgãos de controle, como o Ministério Público. Quais os poderes da CPI? PODE (a) convocar autoridades, sob pena de crime de responsabilidade; (b) quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico; Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 7 NÃO PODE (a) interceptação telefônica; (b) decretar indisponibilidade de bens. Não pode mandar prender (salvo em flagrante); (c) determinar medidas processuais de garantia, tais como: sequestro e indisponibilidade de bens (Informativo 158 do STF); (d) impedir que pessoa deixe o País; (e) decretar prisão preventiva; (f) tomar decisões imotivadas (Informativo 162 do STF). 18.1.2 Processo Legislativo Processo legislativo pode ser entendido juridicamente como um conjunto de disposições coordenadas que disciplinam procedimento a ser observado pelos órgãos competentes na produção e elaboração das leis e atos normativos (Art.59, CF/88). Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Não observadas as etapas do processo legislativo, seu produto será um objeto inconstitucional, sujeito, portanto, ao controle repressivo de constitucionalidade, tanto em sua forma difusa quanto concentrada. ATENÇÃO: É importante saber que o Supremo Tribunal Federal considera, em seus acórdãos, as regras básicas de processo legislativo previstas na Constituição Federal como modelos obrigatórios às Constituições estaduais, declarando que o modelo estruturador do processo legislativo, tal como delineado em seus aspectos fundamentais pela Carta da República, impõe-se, como padrão normativo, de compulsório atendimento, à observância incondicional dos Estados membros. A essa projeção chama-se princípio do paralelismo ou da simetria constitucional – REPETIÇÃO OBRIGATÓRIA. A atividade legiferante é exercida com primazia pelo Poder Legislativo, porém não exclusiva, como por exemplo, a edição de medida provisória pelo chefe do Poder Executivo. No processo legislativo, existem três fases: fase introdutória, de iniciativa da lei; fase constitutiva, em que haverá discussão e votação do projeto; e fase complementar, composta pela promulgação e publicação. Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 8 A) Fase introdutória: É a fase de apresentação do projeto ao Poder Legislativo, podendo ser por um parlamentar ou por algum legitimado constitucional. Os projetos terão início na Câmara dos Deputados, sendo o Senado a casa revisora. A exceção é quando o membro do Senado apresenta o projeto, hipótese em que começará a tramitar no próprio Senado. FASE INTRODUTÓRIA a) parlamentar: membros e comissões do Congresso Nacional e suas duas Casas; b) extraparlamentar: chefe do Poder Executivo, procurador-geral da República, STF, Tribunais Superiores, Ministério Público e cidadãos(eleitores). *Verificar as hipóteses de iniciativa privativa do Presidente da República (CF, art. 61, §1º) B) Fase constitutiva: Ocorre mediante ampla discussão e votação nas duas casas, através da deliberação parlamentar. FASE CONSTITUTIVA Casa iniciadora (Regra – Câmara dos Deputados): Aprovado – encaminha a casa Revisora. OBS: Se a Casa rejeitar, o projeto será encaminhado ao arquivo (princípio da irrepetibilidade) e não poderá ser apresentado novamente na mesma sessão legislativa (02-02 a 17-07 e 01-08 a 22-12), SALVO mediante proposta da maioria absoluta Art. 67, CF/88. Casa revisora (Regra – Senado Federal): Obs.: Se a casa revisora fizer alterações significativas, estas deverão ser analisadas pela Casa iniciadora. Autógrafo: Documento formal que traduz o trâmite legislativo e explicita, com rigor e exatidão, o teor final do projeto de lei. PROJETO de lei seja aprovado nas duas Casas Legislativas, o chefe do Poder Executivo em 15 dias contados do recebimento do projeto de lei, deverá participar do exercício vetando ou sancionando (expresso ou tácito) o projeto (deliberação executiva). Veto: Deve ser comunicado ao Presidente do Senado em 48 horas. Será apreciado pelas casas (sessão conjunta) em até 30 dias e pode ser “derrubado”, pelo voto da maioria absoluta dos deputados federais e dos senadores. C) Fase complementar: É a fase final do processo legislativo, composta pela promulgação (Art. 66, § 7º, CF/88) e a publicação (condição de eficácia) da lei. FASE COMPLEMENTAR Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 9 Promulgar é declarar a existência de uma lei e a inovação da ordem jurídica. Assim, a promulgação demonstra um ato perfeito e acabado. A regra geral é que o próprio presidente da República promulgue a lei, mesmo nos casos em que seu veto tenha sido derrubado pelo Congresso Nacional. Prazo de 48 horas, se não fizer caberá ao presidente do Senado fazer em igual prazo. Já publicação significa uma comunicação dirigida àqueles que devam cumprir a norma, cientes de sua existência e conteúdo, uma vez que ela está publicada e conta com a eficácia que o ato que dá. Obs: Embora não haja nenhuma previsão constitucional, entende-se que a publicação compete à autoridade que efetivou a promulgação, sendo crime de responsabilidade a omissão. Feitos esses breves comentários, passemos à análise dos atos legislativos em espécie: EMENDA CONSTITUCIONAL – ART. 60, CF/88. Consagrado a ideia da supremacia da ordem constitucional, o legislador constituinte elegeu a emenda constitucional como o instrumento capaz de alterar a Constituição Federal. Assim, ao escolher um processo legislativo especial mais complexo do que o ordinário, acabou por classificar nossa Constituição rígida. Uma proposta de emenda Constitucional tem a seguinte iniciativa concorrente: presidente da República; um terço, no mínimo e separadamente, dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se cada uma dela pela maioria relativa de seus membros. Não existe deliberação executiva em relação às emendas, ou seja, o presidente da República não veta ou sanciona proposta de emenda. Finalmente, a emenda deve ser promulgada pelas Mesas das duas Casas em conjunto. Ainda que a Constituição seja omissa quanto à publicação, entende-se que esta é competência do Congresso Nacional. Em relação ao alcance, as emendas constitucionais não podem alterar as chamadas cláusulas pétreas, presentes no artigo 60, § 4º, incisos I a IV, da Constituição Federal. LEI COMPLEMENTAR E LEI ORDINÁRIA – ART. 61, CF/88. A razão da existência da lei complementar se dá pelo fato de o legislador constituinte entender que determinadas matérias, ainda que importantes, não devem ser tratadas no texto da própria Constituição. Pode-se dizer que existem duas diferenças básicas entre a lei complementar e a lei ordinária. A primeira delas é uma diferença material, já Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 10 que só pode ser objeto de lei complementar a matéria expressamente prevista na Constituição Federal, enquanto as demais matérias devem ser objeto de leis ordinárias. A segunda diferença, também chamada de formal, refere-se ao processo legislativo na fase de votação. Enquanto o quórum para aprovar a lei complementar é o absoluto, o quórum que aprova a lei ordinária é o simples ou relativo. O rito de elaboração da lei complementar segue o modelo do processo legislativo, visto na introdução deste tema. LEI DELEGADA – ART. 68 CF/88 Elaborada pelo presidente da República em função de autorização expressa do Poder Legislativo e nos limites impostos por este, constitui delegação externa da função de legislar, possibilitando ao Executivo regulamentar assuntos mais próximos de si com maior grau de eficiência. Uma vez encaminhada a solicitação do presidente ao Congresso Nacional, será submetida a votação pelas duas Casas, em sessão conjunta ou separadamente, e, se aprovada por maioria simples, terá forma de resolução. A resolução, por sua vez, deverá especificar os limites do ato do presidente e se existe necessidade ou não de remessa do texto ao Congresso para análise final antes da promulgação. Na hipótese de o presidente extrapolar os limites impostos pelo Legislativo, o Congresso Nacional poderá se valer de um decreto legislativo para sustar os efeitos da lei delegada, o que não afasta a existência do eventual ADI como instrumento de controle da constitucionalidade. Espécies de Lei Delegada: A Lei Delegada é prevista na Constituição Federal, porém existem duas espécies de delegação constitucionalmente previstas: Delegação típica Congresso delega ao Chefe do Executivo, sem necessidade de retorno para análise Delegação atípica Congresso delega ao Chefe do Executivo, mas volta ao Congresso para análise, em votação única, vedada qualquer emenda (CF, art. 68, §3o). Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 11 MEDIDA PROVISÓRIA – ART. 62, CF/88 A Medida Provisória (MP) é um instrumento com força de lei, adotado pelo presidente da República, em casos de relevância e urgência. Produz efeitos imediatos, mas depende de aprovação do Congresso Nacional para transformação definitiva em lei. Seu prazo de vigência é de 60 dias, prorrogáveis uma vez por igual período. Se não for aprovada no prazo de 45 dias, contados da sua publicação, a MP tranca a pauta de votações da Casa em que se encontrar (Câmara ou Senado) até que seja votada. Neste caso, a Câmara só pode votar alguns tipos de proposição em sessão extraordinária. Observações: -Vedações: - EC nº 32 CUIDADO! A Medida Provisória pode vigorar por mais de 120 dias no caso de recesso parlamentar, em que, o seu prazo ficará suspenso. DECRETO LEGISLATIVO – BASICAMENTE ART. 49, CF/88. Constitui espécie normativa cujo objetivo é veicular as matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, basicamente previstas no artigo 49 da Constituição Federal. O processo legislativo dessa espécie não se encontra na Constituição Federal, pois cabe ao próprio Congresso Nacional discipliná-lo. Os decretos legislativos são instruídos, discutidose votados em ambas as Casas Legislativas e, se aprovados, são promulgados pelo presidente do Senado Federal, na qualidade de presidente do Congresso Nacional, que também determina sua publicação. Ressalte-se, ainda, que o presidente da República nem sempre participa desse processo. REGRA PRINCÍPIO DA LEGALIDADE E PODER REGULAMENTAR: O Poder Público não pode criar direitos e obrigações, senão mediante lei. Os Decretos não podem inovar no ordenamento jurídico (decreto autônomo), mas apenas podem dar execução a uma lei existente (decreto executivo). Como melhor exemplo do uso dos DECRETOS LEGISLATIVOS está a incorporação de tratados internacionais do Direito interno. Isso se dá em TRÊS FASES DISTINTAS: 1.º fase – Compete privativamente ao presidente da República celebrar tratados internacionais. 2.º fase – O Congresso Nacional tem competência exclusiva para resolver definitivamente sobre tratados internacionais. A deliberação do Parlamento será realizada por meio da aprovação de um decreto legislativo, 3º devidamente promulgado pelo presidente do Senado Federal e publicado. NOTA – a Emenda 45 estipula que deve ser dado aos tratados e convenções Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 12 internacionais voltados ao direitos humanos – aprovados pelo Congresso Nacional em dois turnos em cada Casa e quorum de 3/5 em cada votação – o status de texto constitucional. A isso denomina-se Internacionalização do Direito Constitucional e dos Direitos Humanos. Art. 5, parágrafo 3ª, CF/88. RESOLUÇÃO É ato normativo do Congresso Nacional, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados, destinado a regulamentar suas matérias internas ou de competência privativa. Existem, porém exceções em que uma resolução pode ter efeito externo quando dispõe sobre delegação de legislar. Exemplos de resoluções são as políticas (Senado referendando uma nomeação), as deliberativas (ao fixar alíquotas), a de coparticipação na função judicial (suspensão de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal) e, finalmente, ato-condição da função legislativa (autorização da elaboração de lei delegada). O processo legislativo das resoluções também não se encontra no texto constitucional. Uma vez que elas podem se originar em três fontes, apresenta-se a premissa básica válida de forma geral: a resolução isolada de cada Casa Legislativa somente por ela será instruída, discutida e votada, cabendo a seu presidente promulgá-la e determinar a publicação. No caso de resolução do Congresso, a aprovação será bicameral, cabendo a seu presidente a promulgação. PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE: “A matéria constante de proposta de emenda OU medida provisória rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa” (CF, art. 60, §5º e 62, §10) Atenção: Tal princípio é absoluto para EC e MP, mas não para Leis, pois pode haver reapresentação caso haja maioria absoluta de qualquer das casas (CF, art. 67). 18.2 Poder Executivo O Poder Executivo constitui órgão cuja função típica é o exercício da chefia de Estado, da chefia de governo e da administração em geral do Estado. Entre as suas funções atípicas estão o ato de legislar e de julgar seu contencioso administrativo. Da mesma forma que os congressistas, o chefe do Executivo é eleito pelo povo e possui várias prerrogativas e imunidades, as quais são garantias para o independente e imparcial exercício das funções. PODER EXECUTIVO União Presidente da República – Cumula a Função de Chefe de Estado e de Chefe de Governo. Estados Governador – Chefe de Governo Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 13 Distrito Federal Governador – Chefe de Governo Municípios Prefeito – Chefe de Governo O Poder Executivo limita-se ao exercício de dois mandatos consecutivos. Cuidado: Com a figura por exemplo do pregeito ITINERANTE (candidata duas vezes consecutivas em um município e depois vai para outro (proibido). Responsabilidade do Presidente Art. 85, 86 CF/88 Os crimes de responsabilidades são infrações político-administrativas, definidas em lei especial federal, que poderão ser cometidas no desempenho da função pública e que poderão resultar no impedimento para o exercício da função pública (impeachment). A competência para processar e julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade é do Senado Federal (art. 52, I, CF), após autorização da Câmara dos Deputados, por dois terços (2/3) dos seus membros (art. 51, I, CF). Determina a Constituição que, durante o processo de julgamento dos crimes de responsabilidade pelo Senado Federal, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal (art. 52, parágrafo único). Sendo que na realidade o Senado Federal não estará funcionando como órgão legislativo, mas sim como órgão judicial híbrido, porque composto de senadores da República, mas presidido por membro do Poder Judiciário. Qualquer cidadão é parte legítima para oferecer a acusação contra o Presidente da República à Câmara do Deputados, pela prática de crime de responsabilidade. Essa prerrogativa é privativa do cidadão, na qualidade de titular do direito de participar dos negócios políticos do Estado, na prática, qualquer autoridade pública ou agente político poderá fazê-lo, desde que na condição de cidadão. Sanções: a) perda do cargo b) inabilitação para o exercício de função pública por 8 anos O Presidente fica afastado de suas funções: a) em caso de crime comum, com o recebimento da denúncia ou queixa pelo STF; b) em caso de crime de responsabilidade, com a instauração do processo de responsabilização pelo Senado. Crimes Comuns O Presidente da República dispõe de prerrogativas e imunidades em relação ao processo que vise à sua incriminação pela prática de crime comum. As regras procedimentais para o processamento dos crimes comuns estão previstas na Lei n. 8.038/90 e nos arts. 230 a 246 do RISTF. Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 14 Imunidades A Constituição outorgou ao Presidente da República três importantes imunidades processuais, examinadas a seguir: 1ª) Imunidade em relação ao processo diz respeito à necessidade de autorização prévia da Câmara dos Deputados, por dois terços (2/3) dos seus membros (art. 86, CF). 2ª) Imunidade em relação ao processo obsta que o Presidente da República seja preso, nas infrações comuns, enquanto não sobrevier sentença condenatória (art. 86, § 3º, CF). Essa imunidade impede que o Presidente da República seja vítima de prisão em flagrante ou de qualquer outra espécie de prisão cautelar (preventiva, provisória etc.), seja o crime afiançável ou inafiançável. Enfim para que o Presidente da República seja recolhido à prisão, é indispensável a existência de uma sentença condenatória, proferida pelo STF. 3ª) Imunidade processual outorga ao Presidente da República uma relativa e temporária irresponsabilidade, na vigência do mandato, pela prática de atos estranhos ao exercício de suas funções (art. 86, § 4º, CF). Obs.: LEI Nº 1.079/1950. Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento. 18.3 Poder Judiciário Antes de ingressar na análise dos órgãos do Poder Judiciário em espécie, é preciso estudar os aspectos geraisque envolvem esse poder, matéria esta tratada entre o art. 92 ao 100 da CF/88. a) Funções típicas e atípicas: A função típica do Poder Judiciário é exercer a jurisdição enquanto poder uno e indivisível (órgão nacional), que apenas possui repartição de competências de acordo com as disposições constitucionais. No entanto, além das suas funções, típicas ele também exerce funções atípicas, de caráter administrativo e normativo: elaboração de regimento interno (art. 96, I, “a”); organização de secretarias e serviços auxiliares, o provimento de cargos, concessão de licença, férias e outros afastamentos a membros e servidores (art. 96, I, “b”, “c” e “e”); entre outros. b) Garantias institucionais (art. 99): Servem para assegurar independência e imparcialidade. As garantias institucionais envolvem aquelas destinadas ao Poder Judiciário em si, como – por exemplo – a previsão de sua autonomia administrativa e financeira. c) Garantias funcionais (art. 95, I, II e III): Também para assegurar independência e imparcialidade. As garantias funcionais envolvem aquelas destinadas aos Juízes, que são: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de salários. d) Vedações (art. 95, parágrafo único): Aos juízes é vedado: (i) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 15 uma de magistério;1 (ii) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; (iii) dedicar-se à atividade político-partidária; (iv) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (v) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (quarentena); e) Tempo de “atividade jurídica” para ingresso na magistratura (art. 93, I): Para ocupar o cargo de juiz, há necessidade de preenchimento do requisito de 3 (três) anos de atividade jurídica. Segundo o art. 93, I, da CF/88, deverá ser observado o seguinte princípio: “ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação”. OBS: O regramento da comprovação se encontra na Resolução 75/2009 do CNJ e, segundo o STF, os requisitos devem ser comprovados no momento da inscrição definitiva do concurso (diferentemente da Súmula 266-STJ, que prevê a comprovação no ato da posse). f) Órgão especial (art. 93, XI): Os Tribunais poderão criar um órgão especial, com delegação para exercício da competência do Pleno. Segundo o art. 93, XI: “nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno; g) Quinto constitucional (art. 94): Um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Recebidas as indicações, o tribunal formará lista tríplice, enviando- a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. 1 O STF vem entendendo que, quanto ao magistério, não é possível limitar apenas a uma única atividade docente (público ou privada), devendo ser avaliado se a atividade prejudica a função judicante. (ADI 3.126-MC). Os juízes não podem exercer atividade de coaching (Resolução n. 226/2016-CNJ) Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 16 OBS: Não confundir com a regra de 1/3 do STJ, prevista no art. 104, p.ú., II, da CF/88. h) Cláusula de reserva de plenário (regra do full bench) – art. 97: Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. No caso de aplicação da cláusula, haverá uma cisão processual, através da instauração do incidente de arguição de inconstitucionalidade, previsto no art. 948/950 do CPC/15. OBS: Segundo o STF, a referida cláusula não se aplica para: (i) hipóteses de não recepção; (ii) interpretação conforme a constituição; (iii) quando já houver pronunciamento do órgão pleno/especial ou do STF sobre a questão. i) Juizados especiais (art. 98, I): Os juizados especiais serão criados e providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. j) Justiça de paz (art. 98, II): Será criada também a justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. k) Regime de precatórios (art. 100): O regime de pagamento dos débitos da Fazenda Pública é regulamentado pelo art. 100 da CF/88, devendo seguir ordem cronológica de pagamento. l) Estrutura organizacional: A estrutura organizacional do Poder Judiciário é construída na Constituição a partir do art. 101 até o art. 126. Sugerimos a leitura atenta de todos os artigos, em especial os que se referem à composição e competência. Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 17 Para facilitar a compreensão das principais peculiaridades regradas no Texto Constitucional, apresentamos os órgãos do Poder Judiciário em espécie abaixo, de acordo com o exigido pelo Edital: 18.3.1. Do Supremo Tribunal Federal (art. 101/103) CARACTERÍSTICAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Composição (art. 101) 11 ministros, entre cidadãos entre 35 e 65 anos de idade de notável saber jurídico e reputação ilibada (não precisa ser formado em direito) * Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Função Guarda e proteção da Constituição, com competência para julgamento de ações de controle concreto e abstrato (ADI, ADC, ADO e ADPF) *Ler art. 102, I, a, §1º e 2º, além do art. 103 integral. Competência Originária - art. 102, I Recurso ordinário – art. 102, II2 Recurso Extraordinário – art. 102, III Peculiaridades processuais NoRecurso Extraordinário, exige-se a demonstração do prequestionamento (Súmula 356-STF) e da repercussão geral da matéria (CF, art. 102, §3º e CPC, art. 1.035) para que o recurso seja admitido. 2 Atente-se para o fato de que é possível ter a interposição de Recurso Ordinário contra decisão de primeira instância diretamente para o STF no caso de crime político, sem que isso incorra em supressão de instância (CF, art. 102, II, “b”). Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 18 Outro ponto peculiar do STF é a possibilidade da edição de Súmula Vinculante, com base no art. 103-A da CF/88 (incluído pela EC 45/2004): Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. A Lei 11.417/2006 regulamenta o dispositivo constitucional. Trata-se de um importante instrumento para garantia da uniformidade das decisões judiciais, cabendo, inclusive, reclamação constitucional para a hipótese de descumprimento ou não aplicação da referida súmula, a ser protocolada diretamente no STF. A reclamação está regulamentada atualmente no art. 988 do CPC/15. ATENÇÃO: A violação à súmula vinculante pode decorrer de um ato judicial ou administrativo. Em ambas as situações será cabível a reclamação constitucional. No entanto, segundo o art. 7º, §1º, da Lei 11.417, no caso de reclamação decorrente de ATO ADMINISTRATIVO, será necessário o prévio esgotamento da instância administrativa. Lei 11.417, art. 7º, §1º: “Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido após esgotamento das vias administrativas”. Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 19 Sobre o assunto, é interessante observar o quadro sinótico elaborado por Marcelo Novelino em seu manual de direito constitucional: Aprovação, revisão ou cancelamento (i) De ofício (ii) por provocação, sendo legitimados: I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III – a Mesa da Câmara dos Deputados; IV – o Procurador-Geral da República; V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VI - o Defensor Público-Geral da União; VII – partido político com representação no Congresso Nacional; VIII – confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional; IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais Militares. *Os municípios também podem requerer, desde que incidentalmente em um processo em que a matéria esteja sendo debatida. Objetivo Resolver controvérsia sobre validade, interpretação e eficácia de normas determinadas. Pressupostos constitucionais (i) reiteradas decisões sobre matéria constitucional; (ii) controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a Administração Pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica; Requisitos constitucionais (i) iniciativa: de ofício ou por provocação; (ii) quórum de aprovação: 2/3 dos Ministros; (iii) publicação (imprensa oficial) Eficácia subjetiva Efeito vinculante (Pessoa Jurídica e Administração Pública direta e indireta de todas as esferas) Eficácia temporal (i) imediata (ex nunc) (ii) possibilidade de modulação temporal (segurança jurídica ou excepcional interesse público) Uma pegadinha constante em provas de concursos é comparar o rol de legitimados para provocar a aprovação, revisão ou cancelamento com o rol de legitimados para propor ADI/ADC/ADO/ADPF. Muito cuidado! Não são iguais! O rol para súmula vinculante é MAIS AMPLO, admitindo, inclusive, a legitimidade de municípios, desde que incidentalmente a um processo. 18.3.2. Do Superior Tribunal de Justiça (art. 104/105) CARACTERÍSTICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA Composição (art. 101) 33 ministros, entre cidadãos entre 35 e 65 anos de idade de notável saber jurídico e reputação ilibada, dentre: (i) um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 20 (ii) um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. * Os Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Função Guarda da aplicação da legislação federal Competência Originária - art. 105, I Recurso ordinário – art. 105, II3 Recurso Extraordinário – art. 105, III Peculiaridades processuais No Recurso Especial, exige-se a demonstração do prequestionamento (Súmula 211-STJ), não sendo necessária a repercussão geral da matéria. Ao lado do STJ funcionarão também dois outros órgãos importantes ao Poder Judiciário: I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; e II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. 118.3.3. Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes Federais (art. 106/110) A Justiça Federal é composta por dois órgãos (CF, art. 106): TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS (TRF’s) JUÍZES FEDERAIS Composição NO MÍNIMO, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre Juízesde carreira *A divisão é feita por seção judiciária, que terá por sede a respectiva 3 A hipótese do art. 105, II, c, autoriza recurso ordinário do primeiro grau diretamente ao STJ quando “as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;” Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 21 brasileiros com mais de 30 e menos de 65 anos, sendo: I - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; II - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente. Capital, e varas localizadas segundo o estabelecido em lei Competência Competência originária (CF, art. 108, I) Competência recursal (CF, art. 108, II) Competência originária apenas (CF, art. 109) Órgãos adicionais Justiça itinerante (CF, art. 107, §2º) Câmaras regionais (CF, art. 107, §3º) * Nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei. Instituto cobrado bastante em prova é o incidente de deslocamento de competência, segundo o qual: “Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal” (CF, art. 109, §5º) ATENÇÃO: Observe que o incidente de deslocamento de competência não envia o processo para ser julgado pelo STJ em seu mérito, mas apenas o incidente. O processo em que a causa está sendo discutida desloca da Justiça Estadual para a Justiça Federal (1º grau). O procedimento funciona da seguinte maneira: 1. O Procurador-Geral da República instaura, no âmbito do STJ, o processo de incidente de deslocamento de competência, demonstrando a grave violação de direitos humanos, inclusive os tratados internacionais desrespeitados; 2. Caso o STJ julgue PROCEDENTE o incidente, o processo de primeiro grau será remetido à Justiça Federal (1º grau) para julgamento em seu mérito. Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 22 3. Caso o STJ julgue IMPROCEDENTE o incidente, o processo continuará na Justiça Estadual para julgamento. 18.3.4. Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho (art. 111/117) A Justiça do Trabalho é regulada entre os arts. 111/117, sendo composta pelo Tribunal Superior do Trabalho; Tribunais Regionais do Trabalho; e Juizes do Trabalho Apresentaremos abaixo os aspectos constitucionais mais importantes: A) Composição do TST: O Tribunal Superior do Trabalho compor- se-á de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; e II os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. B) Órgãos junto ao TST: I a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; e II o Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. C) Composição TRT: Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: I um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; e II os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente. D) Órgãos junto ao TRT: Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários; e Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 23 funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. E) Competência: I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II as ações que envolvam exercício do direito de greve; III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a , e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. 18.3.5. Tribunais e juízes eleitorais (art. 118/121) Tribunal Superior Eleitoral; Tribunais Regionais Eleitorais; os Juízes Eleitorais; as Juntas Eleitorais. Sobre eles: A) Composição do TSE: O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. *O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. B) Composição do TRE: Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:I - mediante eleição, pelo voto secreto: a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 24 notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. C) Competência e organização: Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais. Os membros dos tribunais, os juízes de direito e os integrantes das juntas eleitorais, no exercício de suas funções, e no que lhes for aplicável, gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis. Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. 18.8.6. Tribunais e juízes militares (art. 122/124) A Justiça Militar, prevista do art. 122 ao 124, é composta pelo o Superior Tribunal Militar e pelos Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei. A) Composição do STM: O Superior Tribunal Militar compor-se-á de quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais-generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. *Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo: I - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; II - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar. B) Competência da Justiça Militar: Á Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar. 18.3.7. Dos Tribunais e Juízes dos Estados (art. 125/26) No caso dos Tribunais e Juízes dos Estados, a organização judiciária é feita através de lei de iniciativa do Tribunal de Justiça respectivo. (art. 125, §1º). Essa iniciativa não pode ser atribuída ao governador do Estado, já que a constituição estabelece como privativa do TJ. [ADI 197, rel. min. Gilmar Mendes, j. 3-4-2014, P, DJE de 22-5-2014.] Os Tribunais atuam como segundo grau de jurisdição nos conflitos concretos, mas também podem julgar ações de caráter abstrato, como – por exemplo – a representação de inconstitucionalidade (uma espécie de ADI- Estadual), vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão (art. 125, §2º, da CF/88). Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 25 ATENÇÃO: Fique atento aos seguintes entendimentos do STF: Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados. [RE 650.898, rel. p/ o ac. min. Roberto Barroso, j. 1º-2-2017, P, DJE de 24-8- 2017, tema 484.] Antes de adentrar no mérito da questão aqui debatida, anoto que, muito embora não tenha o constituinte incluído o Distrito Federal no art. 125, § 2º, que atribui competência aos Tribunais de Justiça dos Estados para instituir a representação de inconstitucionalidade em face das constituições estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal apresenta, no dizer da doutrina, a natureza de verdadeira Constituição local, ante a autonomia política, administrativa e financeira que a Carta confere a tal ente federado. Por essa razão, entendo que se mostrava cabível a propositura da ação direta de inconstitucionalidade pelo MPDFT no caso sob exame. [RE 577.025, voto do rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 11-12-2008, P, DJE de 6-3-2009, Tema 48.] Ainda no que diz respeito ao Tribunal de Justiça dos Estados, o §3º do art. 125, prevê que: “A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.”. A competência dessa justiça está no §4º: “processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças”. Por fim, o Tribunal de Justiça, assim como os TRF’s, pode funcionar por Câmaras Regionais (§6º) e deve instalar a justiça itinerante (§7º), além de ter a possibilidade também de criar varas especializadas para dirimir conflitos fundiários (art. 126). 18.4. Funções Essenciais à Justiça. 18.4.1. Do Ministério Público A Constituição atribui ao Ministério Público tratamento especial, instituindo princípios, ampliando suas funções e fixando garantias tanto para a instituição como para seus membros. O Ministério Público não chega a ser considerado um quarto poder do Estado, mas a Constituição o coloca a salvo da intervenção de outros Poderes, assegurando aos seus membros independência no exercício de suas funções. Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 26 Com efeito, o Ministério Público é assim conceituado pela Constituição Federal de 1988: “Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.” Assim, o Ministério Público não promove a defesa dos interesses dos governantes, de quem se acha desvinculado, mas busca realização dos interesses da sociedade. Art. 127 – GARANTIAS INSTITUTCIONAIS Princípios da unidade, indivisibilidade e independência funcional (§1º) Autonomia funcional e administrativa (§1º-6º) Art. 128 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E GARANTIAS FUNCIONAIS MPU - a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do Trabalho; c) o Ministério Público Militar; d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; MP-Estadual *Garantias e vedações assemelhadas ao dos magistrados Art. 129 – COMPETÊNCIAS I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promovera ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de sua competência, requisitando informações e documentos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Art. 130 – MP NOS TRIBUNAIS DE CONTAS Aos membros do Ministério Público junto aos Tribunais de Contas aplicam-se as disposições desta seção pertinentes a direitos, vedações e forma de investidura. Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 27 Art. 130-A - CNPM I o Procurador-Geral da República, que o preside; II quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; III três membros do Ministério Público dos Estados; IV dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; V dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VI dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. 18.4.2. Da Advocacia (pública e privada) – art. 131/133 A advocacia se divide de acordo com a sua natureza: pública ou privada. A advocacia pública se divide em advocacia da União, dos Estados/DF e dos Municípios, com características próprias. A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente da República, entre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, prevendo necessária relação de confiança entre representado (Presidente, como Chefe do Executivo Federal) e representante, que justifique a livre escolha. ATENÇÃO: A representação das pessoas jurídicas de direito público por advogado público concursado não demanda a apresentação de instrumento de mandato (procuração). Basta a nomeação! Entendimento do STF: Representação processual. Pessoa jurídica de direito público. União. Instrumento de mandato. Dispensa. Uma vez subscrito o ato por detentor do cargo de advogado da União, dispensável é a apresentação de instrumento de mandato, da procuração. [AO 1.757, rel. min. Marco Aurélio, j. 3-12-2013, 1ª T, DJE de 19-12-2013.] Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas e serão organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, trazendo a Emenda Constitucional n. União • Advocacia Geral da União (AGU), com suas subdivisões Estados/DF • Procuradoria- Geral dos Estados e do DF Munícípios • Não há previsão constitucional (Procuradoria ou contratação) Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 28 19/98 a inovação de que a Ordem dos Advogados do Brasil – OAB deve atuar em todas as fases do processo. Aos procuradores é assegurada a estabilidade após o término de três anos de efetivo exercício do cargo, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias. A respeito da remuneração, aplica-se a Advocacia Pública, as normas remuneratórias previstas no art. 39, § 4° e os teto e subteto previstos pelo inciso XI, do art. 37, com sua redação dada pela EC n. 41/03. A Advocacia de Estado assume portanto o desafio de defender a execução das políticas públicas, dentro dos primados do Estado Democrático de Direito, notabilizando-se como essencial à consecução da Justiça – princípio fundante da República Federativa do Brasil (art.3º, inciso I, da CF/88). ATENÇÃO: Alguns entendimentos jurisprudenciais são importantes para fins de prova: 1. Não se pode condicionar a destituição do Procurador-Geral do Estado à prévia autorização da Assembleia Legislativa. [ADI 291, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 7-4-2010, P, DJE de 10-9-2010.] 2. É inconstitucional norma estadual que autoriza a ocupante de cargo em comissão o desempenho das atribuições de assessoramento jurídico, no âmbito do Poder Executivo. Precedentes. [ADI 4.261, rel. min. Ayres Britto, j. 2-8-2010, P, DJE de 20-8-2010.] = ADI 4.843 MC-ED-REF, rel. min. Celso de Mello, j. 11-12-2014, P, DJE de 19-2-2015 3. A garantia da inamovibilidade é conferida pela CF apenas aos magistrados, aos membros do Ministério Público e aos membros da Defensoria Pública, não podendo ser estendida aos procuradores do Estado. [ADI 291, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 7-4-2010, P, DJE de 10-9- 2010.] Quanto à advocacia privada, a Constituição destina apenas o art. 133, estabelecendo que “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. 18.4.3. Defensoria Pública – art. 134/135 A Constituição Federal de 1988, em seu art. 134, prevê ainda, a criação da Defensoria Pública, como instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus e gratuitamente dos necessitados, impossibilitados de pagar honorários advocatícios. O Congresso Nacional, através de Lei Complementar, possui a competência para organizar a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos territórios e de prescrever normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira providos, na classe inicial, mediante Direito Constitucional – Exame de Ordem – Prof. Marcílio Ferreira Instagram: @profmarcilioferreira / E-mail: contato@marcilioferreira.com / WhatsApp: (62) 98215-0295 29 concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia de inamovibilidade, sendo vedado o exercício da Advocacia fora das atribuições institucionais. De acordo com o art. 22 do ADCT, o texto constitucional assegurou, de forma excepcional e taxativa, aos defensores públicos investidos na função até a data de instalação da Assembleia Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira, com observância das garantias e vedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição. A Emenda Constitucional n. 80/14 fortaleceu ainda mais o instituto das Defensorias Públicas Estaduais, assegurando-lhes autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias. Com isso, percebe-se que a Defensoria Pública é uma instituição pública cuja função é oferecer serviços jurídicos gratuitos aos cidadãos que não possuem recursos financeiros para contratar advogados, atuando em diversas áreas.
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