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A televisão pode ser educativa

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A televisão pode ser educativa?
- Se tomarmos a palavra "educativo" no sentido mais amplo, no sentido verdadeiro, isto é, não como "instrução escolar", mas sim como "formação", qual é a influência educativa da televisão sobre os telespectadores? Ocorre alguma coisa entre a telinha e aquele que olha para ela?
-Se educativo não for tomado no sentido pedagógico usual, ou seja, a palavra adquiriu um sentido tão amplo que podemos dizer que tudo passou a ser educativo, nesse caso, a televisão também é educativa. As pessoas sempre aprendem alguma coisa com a televisão. A televisão faz chegar a eles um bombardeio de mensagens e informações. Os espectadores as recebem e assimilam aquelas que os interessou, que os impressionou ou deixou-os chocados. Nesse sentido, ocorre uma informação, mas, como você destacou, da informação até a educação, há todo um universo.
A passividade: um mito
- O senhor disse que o telespectador recebe mensagens; fala-se muito dessa famosa passividade do telespectador. Qual a sua opinião?
-Isso é um mito. Faz parte dos pequenos temores do século: imaginamos que a mente dos espectadores é feita de uma espécie de cera mole, onde as mensagens serão impressas. Na realidade, existe um diálogo, muito peculiar, já que o espectador não pode responder, não pode exprimir seu ponto de vista para quem fala na tela, porém, na verdade, o espectador reage. Primeiro, ele é conduzido a uma intensa atividade psicológica para interpretar o que lhe é submetido. A simples passagem de um plano para outro põe em ação mecanismos psicológicos de atenção extremamente complexos. O espectador é continuamente obrigado a dar uma coerência e uma lógica àquilo que vê. Essa coerência e essa lógica, aliás, não são necessariamente aquelas que os responsáveis pelos programas imaginar suscitar. É por isso que, com frequência, eles ficam estupefatos ao ver a impressionante variedade de interpretações daquilo que lhes parecia evidente.
Essa variedade não quer dizer, entretanto, que o telespectador seja estúpido, mas, simplesmente, que ele faz uma interpretação com base em sua própria experiência mental. Há uma atividade, e o simples fato de ele não compreender bem proa que está ativo; se ele compreender bem, isso prova, igualmente, que está ativo. Além disso, frequentemente, essa atividade e critica: tanto assim que, quando a imagem, mesmo a imagem de um filme que parece absolutamente autêntica, não corresponde ao que o espectador pensa ser a realidade, ele não vai aceitá-la, vai dizer "é um truque, isso foi inventado, foi tudo arranjado". Muitos programas têm o efeito "bumerangue", isto é, as consequências recaem sobre os produtores, em vez de surtir o efeito de propaganda, de informação, ou mesmo de educação que eles desejavam transmitir. Portanto, nesse sentido, não existe passividade.
Há, porém, uma certa passividade no sentido de o espectador, ativo psicologicamente, ficar passivo fisicamente. Não é só porque está sentado, talvez de chinelos, que ele é passivo, mas porque não intervém no episódio: ele vê uma rebelião nos Estados Unidos, um bombardeio no Vietnã, movimentos populares no Congo, mas não pode intervir. São muitos raros os casos em que a televisão desencadeia um efeito, como na demissão do coronel Nasser, que foi imediatamente seguida de uma reação política, mas isso já não era mais televisão. Há uma passividade de fato, na medida em que somos espetáculo (a vida política, a vida mundial, tudo o que acontece no mundo) é transformado em espetáculo para o telespectador. Todos nós consumimos o espetáculo e é nessa medida que ficamos passivos diante da televisão.
- Isso é por causa da variedade e da cadência da mudança dos programas oferecidos?
-Os programas não são confundidos, mas são assimilados da mesma maneira. É evidente que o espectador que vê o discurso de um chefe de Estado na televisão e, em seguida, um desenho animado, não põe tudo num mesmo plano. O caso do chefe de Estado é um pouco diferente quando se trata do chefe de Estado do seu próprio país, porque o espectador é, ao mesmo tempo, um eleitor, portanto, não é apenas um espectador.

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