Buscar

PONTO 1. PODER LEGISLATIVO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 43 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2014/2. PROF. HELDER AMORIM
DIREITO CONSTITUCIONAL III
Estes apontamentos não substituem o estudo da doutrina. Ao final de cada tópico indica-se a doutrina para estudo da matéria.
PROGRAMA DE CONTEÚDO. PONTO 1. A Organização dos Poderes na Constituição de 1988. Princípio da separação dos poderes. Artigos 44 a 126, CR/88.
1 - O Poder Legislativo. Funções. Congresso Nacional. Assembléia Legislativa. Câmara dos Vereadores.
– O Poder Legislativo. Sistema bicameral. Organização. Câmara dos Deputados. Sistema proporcional.
– O Poder Legislativo. Organização. Senado Federal. Sistema majoritário. Organização interna das Casas Legislativas.
– O Poder Legislativo. Estatuto dos Congressistas.
– O Poder Legislativo. Função Fiscalizatória. As Comissões Parlamentares de Inquérito.
– O Poder Legislativo. Função Legiferante. Processo Legislativo. Noções básicas.
– O Poder Legislativo. Processo Legislativo. Procedimento Ordinário.
– O Poder Legislativo. Processo Legislativo. Procedimentos Especiais. Emenda Constitucional. Lei Complementar. Lei Delegada. Medida Provisória. Decreto Legislativo. Resolução.
PONTO 1. A ORGANIZAÇÃO DOS PODERES NA CONSTI-TUIÇÃO DE 1988. PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES. PODER LEGISLATIVO.
Teoria da separação de poderes como princípio inerente ao constitucionalismo:
Partindo da premissa de que a organização estatal pressupõe o exercício de poder (soberania), mas que o poder deve ser exercido nos limites do indispensável à promoção dos objetivos da sociedade política e com respeito aos direitos dos cidadãos, surge a questão principal:
Como assegurar o controle do exercício do poder do Estado (poder governamental) de tal modo que não lhe seja possível destruir os valores que lhe incumbe promover? 
OU
Como garantir que o Estado criado pelo poder dos cidadãos, para promover e defender seus interesses, não exercerá seu poder de forma ilimitada e descontrolada, contra os interesses dos próprios cidadãos?
Para romper com o regime absolutista, incapaz de promover o Direito igualmente a todos os membros da sociedade, o Estado moderno lança-se ao desafio de enfrentar o permanente dilema entre o exercício do poder e a limitação do poder.
Doutrina de Montesquieu
Montesquieu elaborou uma teoria política, que apareceu na sua obra mais famosa, O Espírito das Leis (L'Esprit des lois, 1748), inspirada em John Locke e no seu estudo das instituições políticas inglesas. 
É uma obra na qual se busca compreender as diversas legislações existentes em diferentes lugares e épocas. Analisa de maneira extensa e profunda os fatos humanos com um rigoroso esboço de interpretação do mundo histórico, social e político. A pertinência das observações e a preocupação com o método permitem encontrar no seu trabalho elementos que prenunciam uma análise sociológica. 
Montesquieu distingue três formas de governo:
Monarquia - soberania nas mãos de uma só pessoa (o monarca) segundo leis positivas e o seu princípio é a honra;
Despotismo - soberania nas mãos de uma só pessoa (o déspota) segundo a vontade deste e o seu princípio é o medo;
República - a soberania está nas mãos de muitos (de todos = democracia, ou de alguns = aristocracia) e o seu princípio motor é a virtude;
Apesar de muito influenciado pelos clássicos (notadamente Aristóteles), o seu esquema de governos é diferente destes últimos. Montesquieu, ao considerar a democracia e a aristocracia um mesmo tipo (agrupados na república) e ao falar de despotismo como um tipo em si e não a corrupção de outro (neste caso, da monarquia), mostra-se mais preocupado com a forma com que será exercido o poder: se é exercido seguindo leis ou não.
Ao procurar descobrir as relações que as leis têm com a natureza e o princípio de cada governo, Montesquieu desenvolve uma teoria de governo que alimenta as ideias fecundas do constitucionalismo, pelo qual se busca distribuir a autoridade por meios legais, de modo a evitar a violência e o abuso de poder de alguns. 
Tais ideias se encaminham para uma melhor definição da separação dos poderes, ainda hoje uma das pedras angulares do exercício do poder democrático. Montesquieu descreveu cuidadosamente a separação dos poderes em Executivo, Judiciário e Legislativo, trabalho que influenciou os elaboradores da Constituição dos Estados Unidos da América (1787).
Esta obra também inspirou os ideais da Revolução Francesa, de forma que a separação de poderes foi considerada na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) como elemento pressuposto de uma Constituição:
Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.
	
Assim, a doutrina da separação dos poderes influenciou os redatores da Constituição Francesa de 1791 e tornou-se a fonte das doutrinas constitucionais liberais, que repousam na separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário.
Para Montesquieu, o poder legislativo, convocado pelo executivo, deveria ser separado em duas casas: o corpo dos comuns, composto pelos representantes do povo, e o corpo dos nobres, formado por nobres, hereditário e com a faculdade de impedir (vetar) as decisões do corpo dos comuns. Essas duas casas teriam assembleias e deliberações separadas, assim como interesses e opiniões independentes. Refletindo sobre o abuso do poder real, Montesquieu conclui que "é preciso que o poder limite o poder", daí a necessidade de cada poder manter-se autônomo e constituído por pessoas e grupos diferentes.
É bem verdade que a proposta da divisão dos poderes ainda não se encontra em Montesquieu com a força que se costumou posteriormente a atribuir-lhe. Em outras passagens de sua obra, ele não defende uma separação tão rígida, pois o que ele pretendia de fato era realçar a relação de forças e a necessidade de equilíbrio e harmonia entre os três poderes.
Montesquieu não era um revolucionário. Sua opção social ainda era por sua classe de origem, a nobreza. Ele sonhava apenas com a limitação do poder absoluto dos reis, pois era um conservador, que queria a restauração das monarquias medievais e o poder do Estado nas mãos da nobreza. As convicções de Montesquieu refletem-se à sua classe e, portanto, o aproximam dos ideais de uma aristocracia liberal. Ou seja, ele critica toda a forma de despotismo, mas não aprecia a ideia de o povo assumir o poder. A sua crítica, no entanto, serviu para desencadear a Revolução Americana e instaurar a república burguesa.
"O Espírito das Leis" de Montesquieu defende a divisão do poder público em três poderes, inspirado no sistema político constitucional da Inglaterra. Essa separação, segundo o autor, é essencial para que haja a liberdade do cidadão em se sentir seguro perante o Estado e perante outro cidadão, pois se fosse dado a mais de um desses poderes o poder de legislar e ao mesmo tempo julgar, essa medida seria extremamente autoritária e arbitrária perante o cidadão que estaria praticamente indefeso, ou seja, estaria à mercê de um juiz legislador.
As ideias fundamentais da doutrina da separação de poderes
O mérito da doutrina da separação de poderes, que se desenvolveu a partir de Montesquieu, não foi o de propor certas atividades para o Estado, pois elas já eram identificáveis. O mérito está na proposta de um sistema em que cada órgão desempenhasse função distinta e, ao mesmo tempo, que a atividade de cada qual caracterizasse uma forma de contenção da atividade de outro órgão do poder. ´
Esse sistema prega a independência entre os órgãos de poder e, ao mesmo tempo, o inter-relacionamento de suas atividades, por meio de um “sistema de freios e contrapesos” a que alude a doutrina americana. Esse sistema visa a possibilitar que os distintos órgãos de poder possam exercer controles recíprocos, com vistas à contenção e fiscalização do exercício de poder por cada um deles.
Assim, cada órgão exerce uma função preponderante (típica) e também funções secundárias (atípicas) com característicasdas outras funções típicas dos demais órgãos de poder. 
Também é ideia própria do sistema de separação de poderes que o exercente de função de um poder não pode exercer simultaneamente função atribuída a outra esfera de poder, para que não acumule poder excessivo e para preservar a independência dos poderes e sua capacidade de controle recíproco. Somente a Constituição pode excepcionar essa regra, em situações muito específicas (ex. quando a CR/88 autoriza deputados e senadores a exercerem cargos no Executivo).
Também não é possível que um órgão de poder delegue a outro órgão atribuições que lhe são imputadas pela Constituição. Mesmo quando exerce funções atípicas, o órgão está desempenhando atribuições que lhe são próprias, não se tratando de delegação.
Canotilho dá o nome de repartição vertical à separação e interdependência dos órgãos de soberania que visa a delimitação das competências e as relações de controle segundo critérios territoriais (competência do Estado central, competência das regiões, competência dos órgãos locais), e de repartição horizontal à diferenciação funcional (legislação, execução, jurisdição) que delimita as competências e as relações de controle e interdependência recíprocas entre os vários órgãos de soberania. 
Separação de poderes na Constituição de 1988
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
A separação de poderes, com independência e equilíbrio entre os diversos órgãos de poder, constitui princípio fundamental de exercício do poder político no Brasil, em promoção e defesa dos direitos fundamentais, como afirmação do Estado Democrático de Direito.
No texto da Constituição, o termo PODER assume três acepções:
a) enquanto revelação da soberania popular (CR, art. 1º, § único): poder único e indivisível, um atributo do Estado que emana do povo;
b) enquanto função (CR, art. 44, 76 e 92): a função constitui uma atribuição ou atividade por meio da qual o estado manifesta sua vontade;
c) enquanto órgão do Estado (CR, art. 2º): órgãos são instrumentos de que se vale o Estado para exercitar suas funções, descritas na Constituição.
Para garantir a independência entre os poderes, com equilíbrio, a Constituição utiliza dois mecanismos:
Independência: atribui prerrogativas e garantias inderrogáveis aos órgãos e agentes de poder, para que estes possam desenvolver suas funções com independência.
Ex.: Poderes Legislativo e Judiciário se auto-organizam e promovem sua própria administração, para evitar intromissão indevida do Executivo; deputados, senadores, magistrados e exercentes de cargos eletivos no Executivo detêm prerrogativas de inviolabilidade no exercício da função.
Equilíbrio: por meio do sistema de freios e contrapesos, atribui aos diversos órgãos de poder funções de controle recíproco.
Ex.: O Legislativo julga por crime de responsabilidade os principais agentes de poder do Executivo e Judiciário; o Judiciário declara a inconstitucionalidade de lei e exerce o controle de legalidade das ações do Executivo; o Executivo legisla por meio de medidas provisórias e leis delegadas, nomeia ministros de tribunais superiores etc.
Pedro Lenza esquematiza as funções típicas e atípicas dos órgãos de poder, na CR/88, da seguinte forma:
	ÓRGÃO
	FUNÇÃO TÍPICA
	FUNÇÃO ATÍPICA
	Legislativo
	- legislar: editar atos normativos genéricos, ad futurum.
- exercer fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo.
	- Natureza executiva: ao dispor sobre sua organização, criando e provendo cargos, e administrando suas estruturas orgânicas;
- Natureza jurisdicional: o Senado julga por crime de responsabilidade o Presidente da República, Vice-Presidente, Ministros de Estado e Comandantes das Forças Armadas (art. 52, I), Ministros do STF, PGR, AGU, membros do CNJ e CNMP (52, II)
	Executivo
	- administrar: atos de chefia de Estado, chefia de governo e atos de administração.
	- Natureza legislativa: o Presidente da República edita MP com força de lei (art. 62);
- Natureza jurisdicional: o Executivo julga conflitos em matéria administrativa (contencioso administrativo), apreciando defesa, proferindo decisão e apreciando recursos.
	Judiciário
	- julgar: aplicar o direito diante dos casos concretos (dizer o que cabe a cada um diante de um conflito concreto)
	- Natureza legislativa: edita regimentos internos para seus tribunais, sobre temas administrativos e também sobre procedimentos processuais, complementando as normas processuais;
- Natureza executiva: administra suas estruturas orgânicas, provendo cargos, concedendo férias, licitando e adquirindo patrimônio etc.
* Direito Constitucional Esquematizado, Pedro Lenza
DOUTRINA INDICADA PARA ESTUDO DA MATÉRIA:
- Direito Constitucional, Alexandre de Moraes, Capítulo 10.1.
- Direito Constitucional Esquematizado, Pedro Lenza, Capítulo 8.
- Elementos de Direito Constitucional, Michel Temer, Parte III, Capítulo I.
- Sugestão de leitura na internet:
* Montesquieu e a teoria da separação de poderes
http://www.filosofia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=75
* SEPARAÇÃO DOS PODERES E SISTEMA DE FREIOS E CONTRAPESOS: DESENVOLVIMENTO NO ESTADO BRASILEIRO
http://www.al.sp.gov.br/web/instituto/sep_poderes.pdf
CONTINUAÇÃO PONTO 1. PODER LEGISLATIVO. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
1 - O Poder Legislativo. Funções. Congresso Nacional. Assembleia Legislativa. Câmara de Vereadores.
1.1 – O Poder Legislativo. Sistema bicameral. Organização. Câmara dos Deputados
1.2 – O Poder Legislativo. Organização. Senado Federal. Sistema majoritário. Organização interna das Casas Legislativas.
1. Poder Legislativo. Funções. Congresso Nacional. Assembleia Legislativa. Câmara de Vereadores.
Poder Legislativo é o primeiro dos Poderes do Estado, na classificação de Montesquieu. 
Sua função típica é:
- legislar, com observância do processo legislativo (Federal: CR, art. 48; Estadual: art. 24 ; Municipal: art. 30,I);
- exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Poder Executivo (Federal: CR, art. 70; Estadual: art. 75; Municipal: art. 31).
Mas também exerce funções atípicas:
- administra: quando dá provimento a cargos, promove sues servidores, organiza e aperacionaliza sua estrutura administrativa;
- julga: quando avalia atos de improbidade do chefe do Poder Executivo e de outros agentes de Poder.
Poder Legislativo Federal - CONGRESSO NACIONAL
O Poder Legislativo federal é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe de duas casas legislativas, segundo o MODELO BICAMERAL IGUAL, em que ambas as Casas possuem a mesma importância no processo legislativo:
Câmara dos Deputados: composta pelos Deputados, representantes do povo, eleitos pelo SISTEMA PROPORCIONAL, em cada Estado, cada Território e no Distrito Federal (CR, art. 45)
Senado Federal: compostas pelos Senadores, representantes dos Estados Federados e do Distrito Federal, eleitos pelo SISTEMA MAJORITÁRIO (CR, art. 46).
Poder Legislativo Estadual e Distrital - ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA e CÂMARA DISTRITAL
O Poder Legislativo Estadual é exercido pela Assembleia Legislativa, composta por uma única Casa – UNICAMERALISMO (CR, art. 27).
Os Deputados Estaduais são eleitos pelo sistema proporcional: o triplo do número de Deputados Federais da respectiva Federação; acima de 36 Deputados Estaduais, acrescem-se tantos quantos foremos Deputados Federais acima de 12. Legislam sobre as matérias de competência dos Estados (art. 25, § 1º - competências residuais, não inseridas dentre as matérias de competência privativa da União e não compreendidas nas competências dos Municípios para legislar sobre assuntos de interesse local).
Os Deputados Distritais são eleitos pelo sistema proporcional, aplicando-se as mesmas regras do art. 27 da CR, aplicáveis às Assembleias Legislativas (CR, art. 32, § 3º), e legislam sobre as mesmas matérias de competência dos Estados e Municípios (§ 1º).
As Assembleias Legislativas e Câmara Distrital exercem idêntica competência para exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Poder Executivo Estadual e Distrital, com auxílio dos Tribunais de Contas Estaduais e Distrital (art. 75).
Poder Legislativo Municipal - CÂMARA DE VEREADORES
O Poder Legislativo Municipal é exercido pela Câmara Municipal ou Câmara de Vereadores, composta por uma Casa única – UNICAMERALISMO (CR, art. 29, IV).
Os Vereadores são eleitos pelo sistema proporcional, conforme parâmetros fixados no art. 29, IV.
A Câmara Municipal legisla sobre assuntos de interesse local (CR, art. 30, I) e suplementar da legislação federal e estadual (II) e exerce a fiscalização contábil, financeira, orçamentária e fiscal do Município, com auxílio dos Tribunais de Contas do Estado (art. 31).
Atribuições do Congresso Nacional
CR, art. 48: competência legislativa ordinária, sujeita a sanção do Presidente da República, sobre as matérias referidas nos incisos. Estas hipóteses não são exaustivas, a ela se acrescendo todas as matérias de competência legislativa da União.
CR, art. 49: são atos de deliberação que constituem competência exclusiva do Congresso Nacional, sendo por isso indelegáveis a outros órgãos de Poder. Via de regra, dizem respeito a:
- atos controle: constituem deliberações que controlam ou complementam atos deliberativos do Poder Executivo (atos complexos). Ex: todas as hipóteses previstas nos incisos, à exceção dos incisos VI, VII e XI.
- medidas de auto-organização: constituem medidas voltadas a preservar a independência e auto-organização do órgão de Poder. Ex: mudar sua sede, preservar sua competência legislativa em face de atos normativos do Poder Executivo, fixar subsídios de seus membros (VI, VII e XI).
CR, art. 50: competência fiscalizatória sobre a probidade dos atos do Poder Executivo, exercida pelas Casas do Congresso Nacional, para CONVOCAR Ministros de Estado ou quaisquer outros agentes diretamente subordinados ao Presidente da República, para prestar informações sobre assunto previamente determinado.
Câmara dos Deputados
CR, art. 51: embora se refira a competências privativas da Câmara dos Deputados, entende a doutrina que essas competências são exclusivas (indelegáveis), pois somente os Deputados Federais poderão praticá-las. 
São medidas deliberativas que abrangem:
- atos controle: deliberações que controlam ou complementam atos deliberativos do Poder Executivo (atos complexos). Ex: I, II e V.
- medidas de auto-organização: medidas voltadas a preservar a independência e auto-organização do órgão de Poder. Ex: III, IV.
Senado Federal
CR, art. 52: da mesma forma como ocorre com o art. 51, este dispositivo trata de deliberações que constituem competências exclusivas (indelegáveis), pois somente os Senadores poderão praticá-las. São medidas deliberativas que abrangem:
- atos controle: deliberações que controlam ou complementam atos deliberativos do Poder Executivo (atos complexos). Ex: I a XI, XIV, XV.
- medidas de auto-organização: medidas voltadas a preservar a independência e auto-organização do órgão de Poder. Ex: XII, XIII.
Doutrina indicada para estudo da matéria:
- Constituição: arts. 27; 29, IV, VI a IX, XI, XIII; 29-A, § 1º; 31; 44 a 52.
- Curso de Direito Constitucional, Uadi Lammêgo Bulos: Cap. 21, itens 3 a 3.3.
CONTINUAÇÃO PONTO 1. PODER LEGISLATIVO. ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS
O Poder Legislativo. Estatuto dos Congressistas.
1. Estatuto dos Congressistas (Deputados e Senadores) – CR, arts. 53 a 56
O Estatuto dos Congressistas consiste no conjunto de normas constitucionais que disciplinam o regime jurídico dos membros do Congresso Nacional – Deputados e Senadores, versando sobre os direitos, deveres, prerrogativas e vedações parlamentares.
O Estatuto dos Congressistas trata de:
Art. 53 – PRERROGATIVAS: garantias atribuídas aos parlamentares perante o direito comum para assegurar a independência do Poder Legislativo e para assegurar o exercício do mandato eletivo em sua plenitude, contra toda forma de opressão política e em benefício do regime democrático. São elas:
IMUNIDADES: Se dividem em duas espécies: a) IMUNIDADE MATERIAL OU INVIOLABILIDADE (art. 53, caput); e b) IMUNIDADE FORMAL (art. 53, §§ 2º a 5º);
FORO ESPECIAL: art. 53, § 1º
ISENÇÃO DO DEVER DE TESTEMUNHAR: art. 53, § 6º
ISENÇÃO DE SERVIÇO MILITAR: art. 53, § 7º
Art. 54 – INCOMPATIBILIDADES: proibições destinadas aos Congressistas, voltadas a garantir a isenção da conduta do parlamentar no exercício de suas funções.
Art. 55 – PERDA DE MANDATO: hipóteses em que o parlamentar pode ter o mandato cassado ou extinto.
Art. 56 – SUSPENSÃO DE EXERCÍCIO DO MANDATO: hipóteses em que o parlamentar poderá ter suspenso o exercício do seu mandato, com ou sem a convocação de suplente.
1.1. PRERROGATIVAS: 
a) IMUNIDADES: São garantias funcionais (determinadas para garantir o exercício da função parlamentar), divididas em duas espécies:
a.1) IMUNIDADE MATERIAL (ou substancial): CR, art. 53, caput. Garante a inviolabilidade civil e penal do Congressista por suas opiniões, palavras e votos, no exercício da função parlamentar ou em quaisquer atividades decorrentes do exercício da função, para garantia da mais ampla liberdade de manifestação. Em consequência, as opiniões, palavras e votos do Congressista jamais poderão configurar crime contra a honra (calúnia, difamação e injúria), incitamento a crime, apologia de criminoso, vilipêndio oral a culto religioso etc., em típica exclusão de antijuridicidade. 
- Abrangência: as manifestações no exercício do mandato não podem constituir crime, não constituem infração disciplinar e nem podem ensejar ação indenizatória no âmbito cível. Mas a imunidade não se aplica sobre manifestações feitas no âmbito privado, que não tenham pertinência com o mandato parlamentar (STF).
- Temporalidade: a imunidade material se inicia com o exercício da atividade parlamentar e é perpétua, não podendo o parlamentar ser responsabilizado por suas opiniões, palavras e votos praticados no curso do mandato, mesmo depois de extinto o mandato.
- Irrenunciabilidade: por se tratar de prerrogativa funcional, de ordem pública (voltada à defesa do regime democrático), a imunidade não pode ser renunciada pelo parlamentar.
a.2) IMUNIDADE FORMAL OU PROCESSUAL: CR, art. 53, §§ 2º e 3º. São prerrogativas de caráter processual conferidas ao parlamentar, que restringe a possibilidade de sua prisão (§ 2º) e possibilita a suspensão da ação penal movida contra o parlamentar, até o final do mandato, por crime praticado no curso do mandato (§ 3º). Essas imunidades têm por objetivo impedir ações criminais e prisões com caráter de perseguição política.
	* IMUNIDADE DE PRISÃO (§ 2º): a regra é de que o parlamentar não pode ser preso no curso do mandato, seja a prisão civil ou criminal, desde a diplomação até o final do mandato, EXCETO:
	- 53, § 2º: em flagrante de crime inafiançável (CR, art. 5º, XLII, XLIII, XLIV): racismo, tortura, tráfico de drogas, terrorismo, crimes hediondos, grupos armados contra a ordem constitucional etc. Nesses casos, feita a prisão, a autoridade policial (PF) remeterá os autos do flagrante em 24 horas à Casa legislativa, que resolverá sobre a prisão (mantendo-a ou relaxando-a) pelo voto nominal e aberto da maioria dos seus membros;
	- na execução de prisãopor força de decisão judicial criminal transitada em julgado: esta hipótese é polêmica na doutrina, pois há autores que não admitem a possibilidade dessa prisão penal definitiva (Alexandre de Moraes, in Direito Constitucional, Cap. 10, 2.7.7), mas o STF já decidiu que “a garantia jurídico constitucional da imunidade parlamentar formal não obsta, observado o devido processo legal, a execução de penas privativas de liberdade definitivamente impostas aos membros do Congresso Nacional” (Uadi Lammêgo Bulos, com base em jurisprudência do STF, in Curso de Direito Constitucional, Cap. 21, 3.8, b).
	* IMUNIDADE DE PROCESSAMENTO DE AÇÃO CRIMINAL (§§ 3º a 5º): é a possibilidade da Casa legislativa sustar o andamento da ação criminal proposta contra o parlamentar, por crime praticado após a diplomação.
Portanto, em REGRA, o parlamentar pode ser processado criminalmente pelo STF (art. 102, I, b) independente de autorização da Casa legislativa, seja por crime praticado antes ou no curso do mandato. 
Assim, esta imunidade constitui uma EXCEÇÃO: em se tratando de crime praticado após a diplomação, ao receber a denúncia contra um parlamentar o STF dará ciência à Casa legislativa, por sua Mesa. Nesse caso, tendo ciência da ação, qualquer partido político poderá propor a suspensão do andamento da ação criminal e, a partir dessa proposta, em 45 dias a Casa deve votá-la, podendo aprovar a suspensão pelo voto nominal e aberto da maioria dos seus integrantes. Se for aprovada a suspensão, suspende-se a prescrição do crime até o final do mandato.
b) PRERROGATIVA DE FORO: CR, art. 53, § 1º. Diz respeito à prerrogativa do Congressista de ser julgado apenas pelo Supremo Tribunal Federal. Condiz com a competência do STF para processar e julgar, originalmente, o Presidente e Vice-Presidente da República e os membros do Congresso Nacional, nas infrações penais comuns (CR, art. 102, I, b). São comuns todas as modalidades de infrações penais, relacionadas ou não com o exercício do mandato.
Esta prerrogativa rege-se pelo princípio da ATUALIDADE DO MANDATO: a prerrogativa de foro começa a vigorar com a diplomação e vai até o final do mandato, independentemente do momento em que foi praticado o crime, se antes ou no curso do mandato. 
Esta prerrogativa abrange também o inquérito criminal em face de Congressista, pois a partir do momento da diplomação, a instauração de inquérito criminal depende de autorização de um Ministro do STF, que fará a sua supervisão. O inquérito será conduzido pelo Ministério Público Federal ou pela Polícia Federal, sob a supervisão de um Ministro do STF (jurisprudência do STF).
Consequência da atualidade do mandato:
	- Se diplomação ocorrer no curso de inquérito ou ação criminal contra o parlamentar, o caso será remetido imediatamente ao STF, que prosseguirá com o feito no ponto em que se encontrava;
	- Se o mandato terminar no curso de inquérito ou ação criminal contra o parlamentar, os autos devem ser remetidos ao juízo comum, que aproveitará todos os atos até então praticados.
c) PRERROGATIVA DE ISENÇÃO DO DEVER DE TESTEMUNHAR: CR, art. 53, § 6º. Os Congressistas não são obrigados a testemunhar sobre fatos de que teve ciência em razão do mandato e nem sobre as pessoas que lhe confiaram ou receberam estas informações.
d) PRERROGATIVA DE ISENÇÃO DE SERVIÇO MILITAR: art. 53, § 7º. A incorporação de Congressista às Forças Armadas, ainda que seja militar e em tempo de guerra, sujeita-se a prévia licença da Casa legislativa, ficando o parlamentar imune a uma obrigação imposta a todos pela Constituição (art. 143).
1.2. INCOMPATIBILIADES: CR, art. 54. São de 4 tipos:
* incompatibilidades contratuais (54, I, a): não podem firmar contratos com pessoas jurídicas de direito público, empresas estatais e prestadoras de serviço público, salvo em se tratando de contratos com cláusulas uniformes (contratos de adesão aplicáveis a todos os cidadãos indistintamente, como serviço de fornecimento de energia elétrica, água, telefonia etc.).
* incompatibilidades funcionais (54, I, b e II, b): não podem aceitar, receber e nem exercer cargos, empregos ou funções nas pessoas citadas no inciso anterior;
* incompatibilidades profissionais (54, II, a e c): não podem ser proprietários, controladores ou diretores de pessoas jurídicas de direito público ou nelas exercer função remunerada, e nem defender causa em que seja interessada qualquer pessoa referida no inciso I, a;
* incompatibilidades políticas (54, II, d): ser titular de mais de um cargo ou mandato público eletivo.
1.3. PERDA DE MANDATO: CR, art. 55. 
A perda do mandato pode ser dar por extinção ou cassação. 
CASSAÇÃO é o ato que decreta a perda do mandato pelo cometimento de uma falta funcional, tipificada em lei e sancionada por ela. Depende de decisão (deliberação) da Casa legislativa, pelo voto (ABERTO – EC 76/2013) da maioria dos seus membros. Depende de provocação da Mesa ou de partido político com representação na Casa. Exige a instauração de um processo político, com direito a ampla defesa e contraditório. Enseja uma decisão de caráter constitutivo. São causas de cassação as previstas no art. 55, § 2º:
- infringir incompatibilidades (proibições) do art. 54;
- quebra de decoro parlamentar (55, § 1º): abuso de prerrogativas, recebimento de vantagem indevida e hipóteses previstas em Regimento Interno (decisão privativa do parlamento, de natureza política, sem possibilidade de questionamento judicial);
- sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado: nesse caso, segundo o STF, havendo condenação criminal definitiva, a prisão poderá ser executada no curso do mandato, mas cabe apenas à Casa legislativa decretar a perda do mandato.
EXTINÇÃO é o ato ou fato que acarreta a perda automática do mandato, tornando a investidura inexistente. Nesse caso, a perda de mandato é apenas declarada pela Mesa da Casa legislativa, de ofício ou por representação de membro ou partido político, assegurada a ampla defesa. Ex.: morte, renúncia e as hipóteses do art. 55, § 3º:
- deixar de comparecer a 1/3 das sessões ordinárias em cada sessão legislativa, salvo licença ou missão autorizada;
- perder ou tiver suspensos os direitos políticos: CR, art. 15;
- quando a perda do mandato é decretada pela Justiça Eleitoral (o que pode ser feito em caso de infidelidade partidária): nesse caso, a Mesa declara a perda do mandato, dando posse a quem deva ocupar o cargo vago, pois o registro do parlamentar já foi cassado pela Justiça Eleitoral. Portanto, a ampla defesa é aquela garantida no processo desenvolvido perante a Justiça Eleitoral (STF).
1.4. SUSPENSÃO DE EXERCÍCIO DO MANDATO: CR, art. 56. O parlamentar não perderá o mandato quando:
I – for investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, DF, Território ou Prefeitura de capital, ou chefe de missão diplomática temporária;
II – for licenciado para tratamento de doença ou para tratar de assunto particular por até 120 dias por sessão legislativa.
O suplente será convocado em caso de vaga (perda de mandato por cassação ou extinção), de exercício de funções previstas no inciso I ou de licença para assuntos particulares por período superior a 120 dias.
O suplente não será convocado em caso de licença para tratamento de saúde e licença para assunto particular por período de até 120 dias.
Ocorrendo vaga e não havendo suplente, será feita eleição para preenchê-la se faltarem mais de 15 meses para o final do mandato.
1.5. ESTATUTO DOS PARLAMENTARES ESTADUAIS E MUNICIPAIS
a) No âmbito dos Estados e DF: aplicam-se as regras da CR sobre inviolabilidade, imunidades, perda de mandato, licença, impedimentos aplicáveis aos Congressistas (CR, art. 27, § 1º e art. 32, § 3º);
b) No âmbito dos Municípios: aos vereadores a CR atribui apenas a imunidade material dos Congressistas (inviolabilidade por opiniões, palavras e votos), não atribuindo as imunidades processuais – art. 29, VIII; a CR prevê as mesmas proibiçõese incompatibilidades destinadas aos Congressistas e aquelas previstas na Constituição Estadual, destinadas aos Deputados Estaduais – art. 29, IX.
CONTINUAÇÃO PONTO 1. PODER LEGISLATIVO. FUNÇÕES FISCALIZATÓRIAS
1.4. Funções Fiscalizatórias. As Comissões Parlamentares de Inquérito.
1. Funções Fiscalizatórias
Fundamento: princípio da legalidade (art. 5º, II e 37, caput)
TIPOS DE FISCALIZAÇÃO:
1.1. Fiscalização político-administrativa (CPI);
1.2. Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e seus entes paraestatatais.
__________
1.1. Fiscalização político-administrativa (comissão parlamentar de inquérito): por meio da qual o Legislativo questiona, investiga e fiscaliza quaisquer atos do Poder Executivo, tendo acesso ao funcionamento da máquina burocrática, a fim de analisar a gestão da coisa pública e, diante de eventuais ilegalidades, tomar as medidas que entender adequadas. Para isso a Constituição permite:
- Art. 50: a CONVOCAÇÃO de Ministros de Estado e demais agentes subordinados ao Presidente da República para prestar informações sobre assunto determinado, sob pena de responsabilidade;
- Art. 58, § 3º: a criação de COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO (CPI), por uma das Casas ou pelas duas conjuntamente, submete-se aos seguintes requisitos: 
(1) requerimento de um terço dos membros da Casa, para (2) apuração de fato determinado e por (3) prazo certo (conforme STF, é viável a prorrogação sucessiva, dentro de uma mesma legislatura. O prazo final é sempre o fim da legislatura).
Direito à instalação da CPI: conforme STF, observados os requisitos do art. 58, § 3º, é direito subjetivo dos interessados a instalação da CPI (direito de minoria), em face do princípio de oposição (decorrente do princípio democrático). Interpretando o RI do Senado e da Câmara, o STF entende que é obrigação do Presidente do Senado indicar os nomes faltantes dos Senadores que comporão a CPI, com representação proporcional dos partidos ou blocos que integram a Casa (art. 58, § 1º).
Paralelo nas Assembleias Legislativas/Câmara Legislativa: o STF, julgando ADI contra Constituição de SP, concluiu que, por força do princípio federativo, o modelo federal de instalação de CPI deve ser observado pelas Casas legislativas estaduais e do DF, especialmente o quórum de até 1/3 dos membros para determinar a instalação.
Objeto da CPI: todos os assuntos que estejam na competência legislativa ou fiscalizatória do Congresso. Deve tratar de fato certo e determinado, com conteúdo concreto, relacionado ao Poder Público. Isso não impede a investigação de fatos conexos, não previstos inicialmente, o que exige um aditamento do objeto inicial da CPI. 
Limites do campo de atuação da CPI: não pode investigar negócios privados que não tenham relação com a gestão da coisa pública. Devem obediência à autonomia dos entes federativos (a CPI deve investigar fatos relacionados somente aos negócios de sua respectiva entidade federativa).
Limites do poder investigatório: a CPI tem poder de investigação próprio das autoridades judiciais, devendo por isso se ater às prerrogativas de instrução dos juízes, já que em nosso ordenamento não existe a figura do juiz-investigador (STF) – são os poderes de dilação probatória em busca da verdade material, que detém os juízes na instrução processual penal. Portanto, a CPI se submete aos mesmos limites constitucionais impostos à Magistratura:
SIM - o poder investigatório próprio das autoridades judiciais compreende:
* quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusive telefônico): desde que fundamentadamente, com utilização limitada aos objetivos da investigação (STF);
* oitiva de testemunhas, com condução coercitiva: inclusive Ministros e quaisquer funcionários públicos;
* ouvir investigados ou indiciados: respeitado o direito ao silêncio (princípio de que ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo);
* requisitar documentos, fazer perícias e exames e todos os meios de prova em direito admitidos;
* determinar busca e apreensão: pode determinar às autoridades policiais e administrativas a realização de busca e apreensão de dados e documentos necessários, ressalvada a inviolabilidade de domicílio (art. 5º, XII).
NÃO – o poder investigatório da CPI não compreende o poder geral de cautela dos magistrados, não compreendendo:
* poder de prisão preventiva, temporária ou de qualquer espécie, salvo prisão em flagrante delito, a exemplo da prisão por falso testemunho. Esse tipo de prisão não se aplica ao próprio investigado ou a pessoa que deixa de revelar fato para não se incriminar;
* decretar indisponibilidade de bens, arresto, sequestro, hipoteca judiciária, proibição de ausentar-se do país etc.
* proibir ou restringir a assistência de advogado
* praticar atos protegidos pela reserva jurisdicional (em que a Constituição exige autorização judicial), tais como: invasão domiciliar durante o dia (5º, XI); interceptação telefônica (5º, XII);
Controle judicial da CPI: cabe ao STF controlar abusos e ilegalidades praticadas por CPI, por meio de mandado de segurança e habeas corpus (art. 102, I, i). Não cabe controlar o mérito das medidas (seu acerto ou desacerto), por força da separação de poderes.
1.2. Fiscalização financeiro-orçamentária: fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e entidades paraestatais d4a União.
Formas:
a) controle externo (arts. 70 e 71): exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio do respectivo Tribunal de Contas.
Quem faz o controle externo 	 Quem é fiscalizado/controlado
	Congresso Nacional com auxílio do TCU (CR, art. 70 e 71)
	União e suas entidades da administração direta (pertencentes ao Legislativo, Executivo e Judiciário) e indireta (autarquias, fundações e empresas estatais federais)
	Assembleia Legislativa/
Câmara Legislativa com auxílio do TCE/TCDF (CR, art. 75)
	Estado/DF e suas entidades da administração direta (pertencentes ao Poder Legislativo, Executivo e Judiciário estatuais/distritais) e indireta (autarquias, fundações e empresas estatais estaduais/distritais)
	- Câmara de Vereadores com auxílio do TCE ou TCM onde houver (CR, art. 75; 29, XI; 31)
- TCE ou TCM onde houver
	-Município e suas entidades da administração direta (Executivo municipal) e indireta (autarquias, fundações e empresas estatais municipais): o parecer prévio de contas do Executivo feito pelo TCE/TCM só pode ser afastado por 2/3 dos vereadores (31, § 2º)
- Câmara de Vereadores (31, § 1º).
b) controle interno ou autocontrole (arts. 70 e 74): exercido internamente pelo próprio órgão de Poder, com a finalidade preventiva e repressiva, em auxílio ao controle externo: qualquer irregularidade deve ser comunicada ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária (74, § 1º). Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato pode denunciar irregularidades perante o Tribunal de Contas (§ 2º).
São os órgãos de controle interno que fazem os processos de tomada e prestação de contas da sua própria entidade e encaminham anualmente ao TCU para apreciação e julgamento.
Aspectos da fiscalização (art. 70):
a) fiscalização da legalidade: verifica a validade formal e material dos atos da Administração em face da Constituição e das leis infraconstitucionais;
b) fiscalização financeira: controla a aplicação dos recursos, as despesas e as questões contábeis;
c) fiscalização da legitimidade: verifica se as finanças estão geridas em conformidade com os objetivos eleitos (o modo de gestão da coisa pública);
d) fiscalização da economicidade: verifica se a despesa se adequa à receita, se é promovido o melhor custo/benefício na aplicação dos recursos, de modo a garantir que os tributos tenham destino útil.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
CR, art. 73. É órgão auxiliar do Poder Legislativo, autônomo (sem subordinação) e com circunscrição em todo oterritório nacional, sede no DF, com atribuição administrativa e não jurisdicional, pois suas decisões técnicas são submetidas ao crivo do Poder Legislativo e não têm o caráter de definitividade.
CR, art. 71. Atribuições do TCU:
	APRECIA 
(emite parecer técnico)
	Função consultiva
	- as contas do Presidente da República (71, I), que são julgadas pelo Congresso Nacional (49, IX);
- a legalidade dos atos de nomeação, concessão de aposentadoria e pensão (71, III);
	JULGA 
(decide administrativamente)
	Função judicante
	- as contas de todos os demais órgãos da administração pública federal direta (Legislativo, Executivo e Judiciário) e indireta (autarquias, fundações públicas e empresas estatais federais). São aproximadamente 3.000 órgãos e entidades públicas federais.
	FISCALIZA
	Função fiscalizatória
	- as contas de empresas supranacionais de que a União participe (71, V);
- a aplicação de recursos da União repassados a Municípios, Estados e DF (71, VI). São aproximadamente 5.500 prefeituras, além dos entes estaduais e do DF (mais de 8.500 unidades fiscalizadas).
	FAZ INSPEÇÕES/ AUDITORIAS
	Função fiscalizatória
	- em todas as entidades federais da administração direta (Legislativo, Executivo e Judiciário) e indireta (71, IV)
	CONCEDE PRAZO E SUSTA ATO ILEGAL
	Função corretiva
	- assina prazo para a entidade se regularizar (71, IX);
- susta a execução do ato impugnado, se não houver correção (71, X);
- susta execução de contrato, se o próprio Congresso Nacional não o fizer em 90 dias (71, §§ 1º e 2º);
	PENALIZA
	Função sancionatória
	- aplica sanções previstas na lei, tal como multa, com eficácia de título executivo (71, VIII e § 3º);
	INFORMA
	Função informativa
	- presta informações solicitadas pelo Congresso Nacional sobre as fiscalizações realizadas (71, VII).
TRIBUNAIS DE CONTAS DOS ESTADOS/DF E MUNICÍPIOS
- As regras constitucionais estabelecidas para o TCU devem ser aplicadas aos Tribunais de Contas dos Estados, DF e dos Municípios (CR, art. 75).
Tribunais de Constas dos Estados/DF: deverão ser previstos nas Constituições Estaduais e na Lei Orgânica do DF, compostos por 7 (sete) Conselheiros (75, § único), sendo escolhidos 3 pelo Governador e 4 pela Assembleia Legislativa/Distrital (Súmula 653 do STF).
Tribunais e Conselhos de Contas Municipais: vedada a sua criação a partir da CR/1988, continuam atuando onde já existiam (ex.: Rio de Janeiro e São Paulo) – CR, art. 31, § 4º.
Doutrina indicada para o estudo da matéria (PONTOS 1.3 e 1.4)
- CR/88, arts.: 53 a 56; 27, § 1º (estadual); 29, VIII (municipal); 70 a 75; 58, § 3º.
- Direito Constitucional, Alexandre de Moraes: Cap. 10, 2.5 a 2.7
CONTINUAÇÃO PONTO 1. PROCESSO LEGISLATIVO
1.5. O Poder Legislativo. Função Legiferante. Processo Legislativo. Noções básicas.
1.6. O Poder Legislativo. Processo Legislativo. Procedimento Ordinário.
1.7. O Poder Legislativo. Processo Legislativo. Procedimentos Especiais. Emenda Constitucional. Lei Complementar. Lei Delegada. Medida Provisória. Decreto Legislativo. Resolução.
______________________________________________________
1. NOÇÕES GERAIS
Processo ou procedimento legislativo - pressuposto de constitucionalidade formal dos atos normativos. Controle: difuso (abstrato) e concentrado (concreto).
Simetria federativa: o modelo de procedimento legislativo federal é de observância obrigatória pelas Constituições Estaduais (STF) e pelas Leis Orgânicas dos Municípios, sendo impositivo a todos os entes federativos.
O processo legislativo compreende a elaboração de todos os atos normativos primários – derivados diretamente da Constituição (CR, art. 59):
	COMUM OU 
ORDINÁRIO
	Elaboração de Lei Ordinária
	SUMÁRIO
	Elaboração de lei em regime de urgência
	ESPECIAIS
	Elaboração de:
- Emenda Constitucional - EC
- Lei Complementar - LC
- Lei Delegada - LD
- Medida Provisória - MP
- Decreto Legislativo – Dec. Leg.
- Resolução – Res.
2. PROCEDIMENTO LEGISLATIVO ORDINÁRIO: é o procedimento de elaboração de lei ordinária, com as seguintes FASES:
FASE INTRODUTÓRIA: diz respeito à iniciativa legislativa
FASE CONSTITUTIVA: diz respeito à deliberação parlamentar (atividade de análise e votação pelos parlamentares) e à deliberação executiva (atividade de sanção ou veto pelo chefe do Poder Executivo)
FASE COMPLEMENTAR: compreende a promulgação e a publicação da lei.
A) FASE INTRODUTÓRIA - INICIATIVA LEGISLATIVA: é o que define o órgão com poder para apresentar o projeto de lei. Por sua vez, a iniciativa define a Casa Legislativa perante a qual se iniciará a deliberação do projeto de lei:
ESPÉCIE 	 	 INICIATIVA			 CASA INICIADORA
	Lei ordinária e
Lei complem.
(art. 61)
	-Poder Executivo: Presidente da República
-Poder Judiciário: STF, Tribunais Superiores
-Ministério Público: Procurador-Geral da República
Cidadãos: iniciativa popular
-Poder Legislativo: Deputado e Comissão da CD, 
	Início da deliberação na Câmara dos Deputados 
Art. 64 e art. 61, § 2º
	
	Senador e Comissão do Senado Federal
	Início da deliberação no Senado Federal
Iniciativa privativa do Presidente da República: são matérias em relação às quais o projeto de lei deve ser apresentado privativamente pelo Presidente da República (observada a simetria nos Estados):
- matérias previstas no art. 61, § 1º: há duas hipóteses em que a Constituição prevê a iniciativa concorrente de outros órgãos:
b) organização judiciária: há iniciativa concorrente com o STF e os Tribunais Superiores (art. 96, II);
d) organização do Ministério Público: há iniciativa concorrente dos Procuradores-Gerais da União e dos Estados (art. 128, § 5º).
- leis orçamentárias previstas no art. 165: lei do plano plurianual (LPP), lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e Lei do Orçamento Anual (LOA).
É possível EMENDA PARLAMENTAR, desde que não implique aumento de despesa.
Vício de iniciativa: inobservada a iniciativa privativa do Presidente da República, a sanção presidencial não sana o vício (STF).
Iniciativa do Poder Judiciário: 
	STF (art. 93)
	LC: Estatuto da magistratura (privativo)
	STF, Tribunais Superiores e Tribunais de Justiça (art. 96, II) 
	Lei: número de membros, cargos e remuneração, criação e extinção de tribunais, alteração da organização judiciária (Obs: organização judiciária é competência concorrente com o Presidente da República – art. 61, § 1º, b)
Iniciativa do Ministério Público: 
	PGR e PGJ’s
	LC: organização, estrutura e estatuto do MP – art. 128, § 5º (Obs: iniciativa concorrente com o Poder Executivo – art. 61, § 1º, II, d)
	
	Lei: criação e extinção de cargos e remuneração – art. 127, § 2º (Obs: segundo o STF, esta iniciativa é privativa do MP).
Iniciativa popular – CR, art. 61, § 2º;
Trata-se de instrumento constitucional de exercício da soberania popular, ao lado do plebiscito e do referendo (CR, art. 14), todos disciplinados pela Lei n. 9.709/98 
A proposta de lei de iniciativa popular deve ser apresentada à Câmara dos Deputados e ser subscrita por, no mínimo:
1% do ELEITORADO NACIONAL em no mínimo, 5 ESTADOS, com pelo menos 0,3% do ELEITORADO de cada Estado.
Simetria nos Estados: é obrigatória, por fora do ar. 14 da CR.
B) FASE CONSTITUTIVA (DELIBERATIVA): compreende a deliberação parlamentar e a deliberação executiva
B.1) DELIBERAÇÃO PARLAMENTAR: é a fase da discussão e votação do projeto de lei nas duas Casas do Congresso Nacional (sistema bicameral).
1 – recebido o PL na Casa iniciadora, segue para a fase de instrução nas comissões (CR, art. 58, § 2º, I): a Comissão de Constituição e Justiça analisa a constitucionalidade e a técnica redacional e as comissões temáticas analisam o mérito. Cada Casa possui sua comissão de constituição e justiça e suas comissões temáticas.
Comissões Permanentes Temáticas da Câmara dosDeputados, previstas no Regimento Interno:
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural - CAPADR
Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática - CCTCI
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania - CCJC
Comissão de Cultura - CCULT
Comissão de Defesa do Consumidor - CDC
Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio - CDEIC
Comissão de Desenvolvimento Urbano - CDU
Comissão de Direitos Humanos e Minorias - CDHM
Comissão de Educação - CE
Comissão de Finanças e Tributação - CFT
Comissão de Fiscalização Financeira e Controle - CFFC
Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia - CINDRA
Comissão de Legislação Participativa - CLP
Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - CMADS
Comissão de Minas e Energia - CME
Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional - CREDN 
Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado - CSPCCO
Comissão de Seguridade Social e Família - CSSF
Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público - CTASP
Comissão de Turismo e Desporto - CTD
Comissão de Viação e Transportes - CVT
Votação nas Comissões temáticas: Em regra, os projetos de lei são apreciados e votados em REGIME CONCLUSIVO pelas Comissões, ou seja, sem passar pela deliberação do Plenário da Casa, salvo os casos excepcionados pelo Regimento Interno de cada Casa legislativo, que devem ser apreciados pelo Plenário. 
Também serão remetidos ao Plenário os projetos votados conclusivamente pelas Comissões se houver recurso para apreciação no Plenário, por iniciativa de 1/10 dos membros da Casa (CR, art. 58, § 2º, I): Câmara dos Deputados: 513 Deputados (1/10 = 52 Deputados); Senado: 81 Senadores (1/10 = 9 Senadores).
O Regimento Interno da Câmara dos Deputados (RICD) dispõe que os projetos de lei distribuídos a uma comissão são apreciados, em regra, com poder conclusivo, dispensada a  competência do Plenário, salvo se apresentado recurso ao Plenário. 
O art. 24, II, do RICD apresenta apenas os casos em que não ocorre a deliberação conclusiva das comissões:
“Art. 24. Às Comissões Permanentes, em razão da matéria de sua competência, e às demais Comissões, no que lhes for aplicável, cabe: ...
II – discutir e votar projetos de lei, dispensada a competência do Plenário, salvo o disposto no § 2º do art. 132 (recurso de Plenário) e excetuados os projetos:
a) de lei complementar;
b) de código;
c) de iniciativa popular;
d) de Comissão;
e) relativos a matéria que não possa ser objeto de delegação consoante o § 1° do art. 68 da Constituição Federal;
f) oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham sido aprovados pelo Plenário de qualquer das Casas;
g) que tenham recebido pareceres divergentes;
h) em regime de urgência;
Quorum – número necessário para a instalação da sessão e para a aprovação:
Espécie		Quorum da Sessão	 Quorum para aprovação
	Lei ordinária
(art. 48)
	maioria absoluta
	maioria simples
	Lei Complementar
(art. 69)
	maioria absoluta
	maioria absoluta
	EC (art. 60, § 2º)
	3/5 dos membros
	3/5 dos membros
	Apreciação de Veto (art. 66, § 4º)
	maioria absoluta dos Deputados e maioria absoluta dos Senadores
	Maioria absoluta dos Deputados e maioria absoluta dos Senadores (sessão conjunta)
Aprovado o projeto na Casa iniciadora, seja por votação conclusiva em comissão ou por votação em Plenário, seguirá para a outra Casa, a Casa revisora.
Se for rejeitado, o PL será arquivado.
2 – recebido o PL na Casa revisora (art. 65): o PL novamente é submetido à apreciação da comissão de constituição e justiça e depois submetido às comissões temáticas. Nesse ponto o PL pode ter os seguintes encaminhamentos:
	a) Se for rejeitado
	Será arquivado e somente poderá ser objeto de novo PL na mesma sessão legislativa por proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas legislativas
	b) Se for emendado 
(sofrer alterações)
	Voltará à Casa iniciadora, para análise exclusivamente sobre a emenda, passando novamente pela comissão de constituição e justiça e seguindo para a votação. Não cabe emenda sobre emenda.
	c) Se for aprovado
	Seguirá ao Presidente da República, para sanção ou veto
Emenda parlamentar – a emenda é uma proposta de alteração do PL, prerrogativa exclusiva dos parlamentares. Pode ser das seguintes espécies:
Emenda supressiva: determina a erradicação de parte da proposta;
Emenda aditiva: acrescenta algo à proposta inicial;
Emenda aglutinadora: a que aglutina outras emendas, uma espécie de transação voltada a promover o máximo de consenso em torno do texto do PL;
Emenda modificativa: altera a proposição, sem alterá-la substancialmente;
Emenda substitutiva: altera a proposição principal em sua substância. Quando a altera no todo, recebe o nome de “substitutivo”, pois, uma vez aprovada, substitui a proposição principal.
Emenda de redação: apenas sana vício de linguagem, incorreção de técnica legislativa ou erro material, sem alterar o conteúdo.
Regime de urgência – PROCEDIMENTO SUMÁRIO: art. 64, §§ 1º a 4º – em regra a Constituição não estabelece prazo para tramitação de projetos de lei nas Casas legislativas. Os regimentos internos é que estabelecem prazos (prazos impróprios). 
No entanto, há uma exceção: o Presidente da República pode solicitar regime de urgência em projetos de sua iniciativa. Nesse caso devem ser observados os seguintes prazos que, somados, não podem ultrapassar 100 dias:
- A Câmara dos Deputados (iniciadora) deverá apreciar em até 45 dias, sob pena de trancar a pauta até que se finalize a votação;
- O Senado (revisora) também deverá apreciar em até 45 dias, sob pena de trancar a pauta (art. 64, § 2º)
- Havendo emenda, a Câmara terá 10 dias para apreciá-la, sob pena de trancamento da pauta (art. 64, § 3º)
- Os prazos não correm em período de recesso parlamentar (art. 64, § 4º).
B.2) DELIBERAÇÃO EXECUTIVA: Aprovado, o PL é remetido ao Presidente da República, que poderá sancioná-lo ou vetá-lo. 
Sanção (art. 66, caput e § 3º): é a concordância do Presidente da República, que finaliza o processo de formação da lei. A partir da sanção deixa-se de ter uma proposta de lei para se ter uma lei em sua inteireza. Pode ser:
- expressa: quando o Presidente manifesta-se favoravelmente em 15 dias; 
- tácita: quando o Presidente se omite nesse mesmo prazo.
Depois da sanção, a lei segue para a fase complementar.
Veto (art. 66, §§ 1º, 2º, 4º a 6º): é a discordância do Presidente da República ao projeto de lei no prazo de 15 dias. O veto constitui instrumento do sistema de freios e contrapesos, e no sistema presidencial equilibra a falta de poder do Presidente da República para dissolver a Câmara.
O veto é irretratável e deve ser motivado (art. 66, § 1º): no veto, o PL deve ser considerado inconstitucional (veto jurídico), considerado contrário ao interesse público (veto político) ou ambos os casos.
O veto pode ser:
- total: todo o PL é recusado – nesse caso, o PL retorna à apreciação do Congresso Nacional para apreciação do veto;
- parcial (art. 66, § 2º): a recusa de artigo, parágrafo, inciso ou alínea – nesse caso, apenas as partes vetadas retornam à apreciação do Congresso Nacional; a parte sancionada deverá seguir à fase complementar (promulgação e publicação).
Tramitação do veto no Congresso Nacional:
Art. 66, § 4º: o veto retorna ao Congresso Nacional e deve ser deliberado no prazo de 30 dias, em SESSÃO CONJUNTA, podendo ser DERRUBADO por maioria absoluta dos Deputados e maioria absoluta dos Senadores, em votação aberta (EC 76/2013).
Art. 66, § 6º: se não for observado o prazo de 30 dias, o veto será colocado em votação na sessão ordinária posterior imediata, sobrestando a votação de qualquer outra proposição, ATÉ SUA VOTAÇÃO FINAL.
O veto pode ser:
- mantido: se for veto total, o mesmo PL não pode ser reapresentado na mesma sessão legislativa, salvo por proposta da maioria dos membros de qualquerdas Casas do Congresso Nacional (art. 67)
- derrubado: a lei será remetida ao Presidente da República para promulgação; se ele não a promulgar em 48 horas, será promulgada pelo Presidente do Senado e pelo Vice-Presidente, sucessivamente (art. 66, § 7º).
C) FASE COMPLEMENTAR: compreende a promulgação e a publicação da lei.
- promulgação (art. 66, § 7º): incide sobre um ato perfeito e acabado (a lei se aperfeiçoa com a sanção ou com a derrubada do veto) e apenas atesta a sua existência e sua executoriedade;
- publicação: com a inserção do texto promulgado no Diário Oficial, dá-se conhecimento do seu conteúdo e da sua executoriedade a todos os destinatários da norma, obrigando-os ao cumprimento. A publicação é condição de eficácia da lei. É de competência do órgão que praticou a promulgação. A partir da publicação a lei entra em vigor no prazo previsto na própria norma; se for silente, entrará em vigor no prazo de 45 dias (LiCC, art. 1º).
3. Procedimentos especiais: Emenda Constitucional, Lei Complementar, Lei Delegada, Medida Provisória, Decreto Legislativo e Resolução
3.1. EMENDA CONSTITUCIONAL – EC – CR, art. 60
Constituição rígida (supremacia da Constituição): a emenda à Constituição se submete a um procedimento legislativo mais rigoroso e mais restritivo do que aquele destinado à elaboração das leis. A rigidez se volta à preservação da integridade da Constituição em seus valores essenciais. 
Limitações ao poder constituinte reformador: o constituinte reformador (competente para aprovar emenda constitucional) não possui os mesmos poderes do constituinte originário. Este poder constituinte originário nasceu de uma ruptura política com a Constituição anterior. Já o poder reformador, sendo derivado do originário, não lhe permite uma ruptura com os valores essenciais da Constituição e por isso seus poderes de reforma constitucional são limitados na própria Constituição.
As limitações ao poder reformador são EXPRESSAS e IMPLÍCITAS:
	
Limites às
Emendas
Constitucionais
	
Limitações
EXPRESSAS
	Materiais
	Cláusulas pétreas – CR, art. 60, § 4º
	
	
	Circunstanciais
	Intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa. Art. 60, § 1º
	
	
	Formais
	Processo legislativo
	
	Limitações
IMPLÍCITAS
	Supressão das expressas
	
	
	Alteração do titular do Poder constituinte derivado reformador
Limitações expressas são aquelas textualmente previstas pela Constituição, requisitos de constitucionalidade da emenda constitucional:
a) materiais: são as “cláusulas pétreas” previstas no art. 60, § 4º, da Constituição. Visam a garantir a integridade da Constituição, evitando reforma que enfraqueça o que é essencial à identidade constitucional; 
b) circunstanciais: é a vedação de alteração constitucional em ocasiões excepcionais de crise institucional, a fim de evitar perturbação na independência dos órgãos incumbidos da reforma. 
c) procedimentais ou formais: diz respeito à observância das exigências especiais em relação ao procedimento legislativo ordinário, que constituem pressuposto de constitucionalidade do procedimento legislativo estabelecido na Constituição. 
Limitações implícitas: são os limites tácitos:
a) à alteração das limitações expressas (materiais, circunstanciais e formais) e 
b) à titularidade do Poder constituinte derivado reformador, sob pena de violação à separação dos poderes da República.
Procedimento legislativo especial: 
a) fase introdutória (CR, art. 60, caput): a iniciativa é mais restrita do que a da lei ordinária:
Espécie		 Iniciativa			 Casa Iniciadora
	Emenda à 
Constituição
(art. 60)
	-Poder Legislativo:
*1/3 dos membros da Câmara (art. 60, I)
	Início da deliberação na Câmara dos Deputados
	
	 ou 1/3 dos membros do Senado (60, I)
*maioria das Assembleias Legisl. (14, pois 27:2=13,5), pelo voto de sua maioria simples (art. 60, III)
	Início da deliberação no Senado Federal (RISF, art. 212, II)
	
	-Poder Executivo: Presidente da República (art. 60, II).
	PR pode escolher a Casa iniciadora (Parecer 692/95 do Senado Federal)
b) fase constitutiva / deliberativa (art. 60, § 2º e 3º): 
b.1) deliberativa parlamentar (§ 2º): a proposta de EC será discutida e votada em cada Casa em dois turnos, devendo ser aprovada por 3/5 dos votos dos membros de cada Casa, em ambos os turnos;
b.2) deliberativa executiva (§ 3º): não existe - EC não tem a participação do Presidente da República em sua elaboração (não há sanção e nem veto), pois o titular do Poder constituinte reformador é exclusivamente o Congresso Nacional; 
b.3) fase complementar: a EC é promulgada pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado. Matéria constante de proposta de EC (PEC) rejeitada ou prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (CR, art. 60, § 5º). 
3.2. LEI COMPLEMENTAR – LC – CR, art. 69
É uma espécie normativa que se distingue da lei ordinária em face do quórum mais rígido exigido para sua aprovação: maioria absoluta dos membros de cada Casa legislativa (CR, art. 69).
Em termos de hierarquia normativa, a lei complementar se encontra abaixo da emenda constitucional e acima da lei ordinária, da medida provisória e da lei delegada. 
O objeto da lei complementar é a matéria expressamente indicada pela Constituição: em regra, as matérias devem ser disciplinadas por lei ordinária, EXCETO aquelas expressamente reservadas pela Constituição à lei complementar. Ex.: arts. 59 (processo legislativo), 79 (competências do Vice-Presidente da República), 93 (estatuto da magistratura), 128, § 5º (estatuto do Ministério Público) etc. 
O procedimento legislativo é o mesmo da lei ordinária, com uma única diferença: o quórum qualificado de maioria absoluta para aprovação.
3.3. MEDIDA PROVISÓRIA – MP – CR, art. 62
Ato normativo excepcionalmente editado pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência, com efeito imediato de lei ordinária, sujeito à aprovação posterior pelo Congresso Nacional.
Pressupostos constitucionais para edição de MP:
a) relevância e urgência, que não permita aguardar a tramitação de um projeto de lei (art. 62, caput): avaliação discricionária do Presidente da República, que deve ser controlada primeiramente pelo Congresso Nacional (pode recusar a MP por ausência de relevância e urgência) e depois também pode ser controlada pelo Poder Judiciário (controle de constitucionalidade formal da medida provisória). Mas o STF só declara inconstitucional uma MP, por falta de relevância e urgência, em caso de flagrante desvio de finalidade ou abuso do poder de legislar.
b) matéria constitucionalmente permitida (art. 62, § 1º): a Constituição veda a edição de MP sobre algumas matérias (I), inclusive as matérias reservadas a lei complementar (III); para adotar medida de sequestro de bens ou poupança popular (II) e sobre matéria já tratada em projeto de lei já aprovado pelo Congresso Nacional, pendente de sanção ou veto (IV).
Procedimento legislativo especial:
a) fase introdutória: a iniciativa é exclusiva do Presidente da República e já se confunde com a fase deliberativa, pois a partir de sua edição e publicação no DOU pelo Presidente da República, a MP já tem efeito de lei ordinária e deve ser remetida imediatamente à mesa do Congresso Nacional. Portanto, a edição de uma MP já é uma deliberação executiva (do Poder Executivo).
b) fase constitutiva / deliberativa: por sua natureza excepcional, a MP sempre se inicia na fase deliberativa executiva (deliberação do Presidente da República) e as fases seguintes dependem de outros fatores:
- Se a MP for aprovada integralmente pelo Congresso Nacional: termina na fase deliberativa parlamentar, com a sua conversão em lei, a qual é promulgada e publicada (fase complementar) pelo próprio presidente do Congresso, sem retornar ao Presidente da República;
- Se o Congresso Nacional aprovar a MP com alterações: a MP se tornaráum “projeto de lei de conversão” (art. 62, § 12), que será remetido de volta ao Presidente da República para sanção ou veto (nova fase deliberativa executiva), assim como ocorre com o projeto de lei. 
c) fase complementar (promulgação e publicação): 
- Se a MP for aprovada integralmente pelo Congresso: se converterá em lei e será promulgada e publicada pelo presidente do Congresso, sem retornar ao Presidente da República;
- Se a MP for aprovada com alterações pelo Congresso: se tornará um “projeto de lei de conversão” (art. 62, § 12) e será remetido ao Presidente da República para sanção ou veto, seguindo a partir daí o mesmo procedimento do projeto de lei:
* se for sancionado, caberá ao Presidente promulgar e publicar a lei;
* se houver veto e se o veto for derrubado pelo Congresso Nacional: caberá ao Presidente promulgar em 48 horas; se não o fizer, a promulgação e publicação serão feitos pelo presidente ou Vice-presidente do Senado (art. 66, § 7º).
Roteiro básico do procedimento legislativo de Medida Provisória:
i) a MP é editada e publicada pelo Presidente da República, que a remete no mesmo dia à mesa do Congresso Nacional – a partir da publicação o Congresso Nacional tem 60 dias para apreciar (aprovar ou rejeitar) em ambas as Casas (Câmara e Senado), podendo este prazo ser prorrogado uma única vez (mais 60 dias). O prazo se suspende no período de recesso parlamentar. Se ao final do prazo o Congresso não houver apreciado, a MP perderá sua eficácia (art. 62, §§ 3º e 4º). A partir do 45º dia de tramitação, se não tiver sido apreciada, a MP entrará em regime de urgência, trancando a pauta das Casas até sua aprovação final (art. 62, § 6º);
ii) recebendo a MP, a mesa do Congresso Nacional tem 48 horas para constituir uma COMISSÃO MISTA específica de Deputados e Senadores, a qual terá 14 dias para emitir parecer sobre: 1) a constitucionalidade da MP, inclusive sobre a existência de relevância e urgência (art. 62, § 5º); 2) o mérito; 3) a adequação financeira e orçamentária. Nessa fase serão recebidas as emendas parlamentares de Deputados e Senadores. Em seu parecer a Comissão Mista poderá opinar: 1) pela aprovação total ou parcial; 2) pela aprovação com alteração, caso em que deverá converter a MP em “projeto de lei de conversão”; 3) pela rejeição.
iii) o parecer da Comissão Mista é encaminhado à Câmara dos Deputados (Casa iniciadora), para apreciação em Plenário (art. 62, § 8º), por quórum de maioria simples (CR, art. 47). Em sua deliberação, a Câmara dos Deputados pode: 1) rejeitar a MP, caso em que será arquivada, perdendo de imediato sua eficácia de lei; 2) aprovar integralmente a MP; e 3) aprovar o “projeto de lei de conversão”, que consiste na MP com emendas (alterações) proposta pela Comissão Mista. Nessas duas últimas hipóteses, a Câmara remeterá a MP ou o “projeto de lei de conversão” ao Senado Federal, para apreciação;
iv) o Senado Federal (Casa revisora) deliberará sobre o que foi aprovado pela Câmara dos Deputados – a MP ou o “projeto de lei de conversão”, podendo: 1) rejeitar, caso em que será arquivado, perdendo a MP a eficácia de lei; 2) aprovar integralmente a MP aprovada pela Câmara; 3) aprovar integralmente o “projeto de lei de conversão” aprovado pela Câmara; 4) aprovar a MP com emendas ou o “projeto de lei de conversão” com emendas não aprovadas pela Câmara (ou seja, de forma diferente do que foi aprovado pela Câmara). Para as hipóteses 2, 3 e 4 teremos procedimentos diferentes:
	2) se o Senado aprovar integralmente a MP aprovada pela Câmara: será a MP convertida em lei, independente de sanção do Presidente da República, e será promulgada pelo presidente do Senado;
	3) se o Senado aprovar integralmente o “projeto de lei de conversão” aprovado pela Câmara: será o projeto de lei remetido ao Presidente da República para sanção ou veto (art. 62, § 12);
4) Se o Senado aprovar de forma diferente do que foi aprovado pela Câmara dos Deputados, em forma de emenda: o “projeto de lei de conversão” (com emenda) retornará à Câmara dos Deputados (Casa iniciadora) para nova apreciação, em turno único. Esta é a última deliberação legislativa, sem possibilidade de novas alterações. Nesse caso, estará aprovado o “projeto de lei de conversão”, que será remetido ao Presidente da República para sanção ou veto (art. 62, § 12). Somente com a sanção do Presidente será convertido em lei.
Consequências da rejeição de Medida Provisória:
A rejeição de Medida Provisória pelo Congresso pode se dar de forma:
REJEIÇÃO EXPRESSA: quando rejeitada por qualquer das Casas do Congresso; ou
REJEIÇÃO TÁCITA: quando não deliberada pelo Congresso no prazo máximo constitucional, ou seja, nos 60 dias, sendo possível uma única prorrogação (120 dias). A Resolução n. 01/2002 do Congresso Nacional dispõe que esta prorrogação será automática se a MP não houver sido apreciada nos primeiros 60 dias. 
Em ambos os casos, a rejeição da MP pelo Congresso Nacional:
a) enseja a perda de eficácia legal (força de lei) com efeito ex tunc (retroativamente à data de edição da MP) - art. 62, § 3º; e
b) impede a reedição de MP idêntica na mesma sessão legislativa (art. 62, § 10).
Havendo a perda de eficácia com efeito retroativo, como ficam as relações jurídicas produzidas e os efeitos materiais produzidos pela MP no período de sua vigência?
Deve o Congresso Nacional disciplinar essas relações jurídicas e esses efeitos materiais por meio de Decreto Legislativo (art. 62, § 3º). Se, passados 60 dias da perda de eficácia da MP, o Decreto Legislativo não for editado, a MP voltará a reger aquelas relações jurídicas, mas não produzirá novos efeitos (art. 62, § 11).
Se a MP colide com lei em vigor na data de sua edição: a MP paralisa a eficácia da lei pelo tempo necessário à sua apreciação pelo Congresso Nacional. Se a MP for aprovada, convertendo-se em lei, revoga a lei anterior. Se a MP for rejeitada, restaura-se a eficácia da norma anterior.
Possibilidade de edição de MP nos âmbitos estaduais e municipais: Como o modelo de procedimento legislativo federal é de observância obrigatória pelos Estados e Municípios, e como a Constituição não veda a edição de Medidas Provisórias nestes âmbitos federativos, conclui-se que a Constituição permite Medidas Provisórias estaduais e municipais, desde que:
* no âmbito estadual: a possibilidade esteja expressamente prevista na Constituição do Estado;
* no âmbito municipal: a possibilidade esteja expressamente prevista na Constituição do Estado e na Lei Orgânica do Município.
3.4. LEI DELEGADA – LD – CR, art. 68
É ato normativo com força de lei ordinária, excepcionalmente elaborado e editado pelo Presidente da República, mediante prévia autorização do Congresso Nacional, veiculada por meio de Resolução (art. 68, caput).
A delegação deve ser solicitada pelo Presidente da República e pode ser:
- Típica ou própria: quando o Congresso autoriza o Presidente a editar a Lei Delegada sem qualquer controle posterior, caso em que o Presidente promulga e publica a Lei Delegada;
- Atípica ou imprópria: quando o Congresso autoriza o Presidente a editar a Lei Delegada, mas a submete a uma posterior ratificação pelo próprio Congresso. Nesse caso, o Congresso deve apreciar a Lei Delegada em votação conjunta, aprovando-a ou rejeitando-a integralmente, sem qualquer emenda (art. 68, § 3º).
Limitações materiais à Lei Delegada: a Constituição não permite a edição de Lei Delegada sobre matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional e de suas Casas (CR, arts. 49, 51 e 52), matéria própria de Lei Complementar e nem sobre as matérias previstas nos incisos do art. 68, § 1º, da Constituição (estas matérias também não podem ser objeto de Medida Provisória – art. 62, § 1º).
Procedimento especial:
Encaminhada a solicitação do Presidente da República ao Congresso Nacional, este deliberará em sessão conjunta ou em cada Casa separadamente. A autorização terá forma de Resolução do Congresso Nacional, na qual serão fixadas as regrasda delegação, tais como prazo para edição da lei, conteúdo, vigência etc.
Dada a autorização:
- o Presidente da República não está obrigado a editar a Lei Delegada, podendo renunciar à delegação;
- mas, se quiser editar, o Presidente deverá observar as regras previstas na Resolução e não poderá ultrapassar o período da legislatura para editar a Lei Delegada, pois a legislatura posterior não se submete à delegação transmitida pela legislatura anterior;
- antes de editada a Lei Delegada, o Congresso pode revogar a delegação ou mesmo disciplinar a matéria por meio de lei ordinária.
Editada a Lei Delegada pelo Presidente da República:
- se houver exigência de ratificação posterior pelo Congresso (delegação imprópria): o ato seguirá para apreciação do Congresso, que poderá aprová-lo ou rejeitá-lo integralmente;
- se não houver exigência de ratificação (delegação própria): o procedimento será finalização no Poder Executivo, que promulgará e publicará a Lei Delegada.
Se a Lei Delegada ultrapassar os limites da delegação normativa: se o Presidente da República ultrapassar os limites da delegação fixados na Resolução do Congresso Nacional, poderá o Congresso sustar a referida Lei Delegada por meio de Decreto Legislativo, com efeito “ex nunc” – para o futuro (CR, art. 49, V). A poderá norma também poderá ser sustada pelo STF no controle jurisdicional de constitucionalidade, por inconstitucionalidade formal, com efeito “ex tunc” – retroativo.
3.5. DECRETO LEGISLATIVO - DL 
É ato normativo primário, derivado diretamente da Constituição, editado pelo Congresso Nacional para veicular as matérias de competência exclusiva do Congresso (CR, art. 49) e para disciplinar os efeitos de Medida Provisória que perdeu a eficácia (CR, art. 62, § 3º).
O procedimento legislativo não é previsto na Constituição, sendo disciplinado no Regimento Interno do Congresso Nacional: o DL é discutido e votado em ambas as Casas do Congresso, separadamente, e quando aprovado, é promulgado e publicado pelo presidente do Senado (que é presidente do Congresso). Não há participação do Presidente da República.
Tratados e convenções internacionais: os tratados e convenções internacionais, depois de celebrados pelo Presidente da República (CR, art. 84, VIII), devem ser aprovados pelo Congresso Nacional:
i) por meio de Decreto Legislativo (art. 49, I): caso em que seguirá para promulgação pelo Presidente da República, por meio de Decreto Presidencial; somente a partir da promulgação o ato normativo passa a ter vigência e eficácia no país, com efeito de lei ordinária (infraconstitucional); ou
ii) por meio de Emenda Constitucional (art. 5º, § 3º): em se tratando de tratado ou convenção internacional que verse sobre direitos humanos, PODERÁ o Congresso Nacional aprová-lo com o mesmo procedimento da Emenda Constitucional (em dois turnos, com quórum de 3/5 em cada Casa), caso em que o ato internacional será promulgado pelo próprio Congresso e passará a ter o mesmo status de norma constitucional.
3.6. RESOLUÇÃO – Res.
É ato normativo primário, derivado diretamente da Constituição, por meio do qual são veiculados os atos de competência exclusiva da Câmara dos Deputados (CR, art. 51) e do Senado Federal (art. 52), além dos atos residuais de competência exclusiva do Congresso Nacional, para os quais a Constituição não exija Decreto Legislativo (CR, art. 49 e 62, § 3º).
As resoluções geralmente têm efeito interno em cada Casa legislativa, à exceção da Resolução por meio da qual o Congresso Nacional autoriza a Lei Delegada (art. 68, § 2º), que possui efeito externo.
A Constituição não prevê o procedimento legislativo da Resolução. Ela é elaborada a aprovada no âmbito do Congresso Nacional ou de cada Casa legislativa, sem a participação do Presidente da República.
Doutrina indicada para estudo da matéria:
- CR/88, arts. 59 a 69 e artigos conexos.
- Direito Constitucional, Alexandre de Moraes: Cap. 11.
�PAGE \* MERGEFORMAT�43�

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes