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2014/2. PROF. HELDER AMORIM DIREITO CONSTITUCIONAL III Estes apontamentos não substituem o estudo da doutrina indicada para acompanhamento da matéria. 2. Poder Executivo 2.1. Organização e competências 2. PODER EXECUTIVO. NOÇÕES BÁSICAS Conceitos elementares sobre o modelo de organização política do Brasil: - Forma de Estado – Federal (não unitário) - Forma de Governo – República (não Monarquia) - Regime de Governo – Democracia (não ditatura) - Sistema de Governo – Presidencialista (não parlamentarista) Presidencialismo: sistema de governo iniciado com a Constituição americana de 1787, baseado unicamente na figura do Presidente da República. Características essenciais: * unipessoalidade: o Presidente da República (PR) é o Chefe de Estado, que representa a nação nas relações exteriores, e ao mesmo tempo o Chefe de Governo, que administra os negócios internos, tanto de natureza política (processo legislativo) quanto de natureza administrativa; * surgido com o modelo clássico de divisão de poderes, garante maior independência entre o Executivo e o Legislativo: o Presidente da República (PR), eleito pelo povo (direta ou indiretamente), exerce o poder sem responsabilidade política perante o Legislativo (não está adstrito à observância de um plano de governo determinado pelo Legislativo), que somente poderá julgá-lo por crime de responsabilidade em casos extremos (impeachment). Diferentemente do parlamentarismo, o Presidente da República (PR), na condição de chefe de Estado, não pode dissolver o parlamento, e por outro lado, o parlamento não pode destituir o Presidente da República na condição de chefe de governo e nem influenciar a nomeação dos seus Ministros. O Brasil adotou o regime presidencialista a partir da Constituição da República de 1891. Antes, foi uma monarquia parlamentarista com exacerbado poder do monarca, que exercia o Poder Moderador (Constituição de 1824). O Poder Executivo é órgão constitucional cuja função precípua é a chefia de Estado, de governo e de administração. O Presidente da República (PR) é o CHEFE do Poder Executivo, sendo, por isso, chefe de Estado e chefe do governo federal. Função típica: ADMINISTRAR A COISA PÚBLICA (res publica) Funções atípicas: legislar (medidas provisórias, leis delegadas, decretos administrativos) e julgar (contencioso administrativo) 2.1. PODER EXECUTIVO. Organização e competências O Poder Executivo se estrutura em duas funções essenciais exercidas pelo PR, com auxílio dos Ministros por ele nomeados: * Chefe de Estado: o PR representa o Estado nas relações internacionais e corporifica a unidade interna do Estado; * Chefe de governo: o PR chefia e gerencia os negócios internos, tanto os de natureza política (processo legislativo) quando os de natureza administrativa. Eleição e mandato – CR, arts. 76 e 77 O PR e o Vice-Presidente são eleitos de forma vinculada em modelo de chapa (se candidatam em conjunto e a eleição do Presidente importa a do Vice-Presidente – art. 77, § 1º). São eleitos pelo sistema majoritário de dois turnos, em que é eleito aquele que obtém a maioria dos votos válidos (excluídos os brancos e nulos). É o método utilizado também para as eleições de Governadores de Estados (art. 28) e do DF (art. 32, § 2º) e Prefeitos de Municípios com mais de 200mil habitantes (art. 29, II). O mandato é de 04 (quatro) anos, sendo possível uma única reeleição para igual período – Art. 15, § 5º (idêntica disposição para Governadores e Prefeitos). As eleições são realizadas no primeiro e no último domingo de outubro do ano anterior ao início do mandato, simultaneamente à eleição de Governadores dos Estados e do DF. Hipóteses de morte, desistência ou impedimento do Presidente: ANTES DO 1º TURNO, se ocorrer a morte, desistência ou impedimento do candidato a Presidente: isso enseja o fim da candidatura da chapa, que deverá ser substituída por outra do mesmo partido; DEPOIS DO 1º TURNO E ANTES DO 2º TURNO, se ocorrer a morte, desistência ou impedimento do candidato a Presidente: será convocado para disputar o 2º turno o candidato com maior votação dentre os remanescentes – art. 76, § 4º; DEPOIS DA ELEIÇÃO, se ocorrer a morte, desistência ou impedimento do Presidente: o Vice-Presidente toma posse na condição de titular do Poder Executivo; DEPOIS DA POSSE: o Vice-Presidente substituirá o Presidente em caso de impedimento (licença, doença, férias) e o sucederá em caso de vacância (morte, renúncia) até o final do mandato – CR, art. 79. Em caso de impedimento ou vacância de ambos os cargos, assumirão a Presidência provisoriamente, nessa ordem: 1) Presidente da Câmara dos Deputados; 2) Presidente do Senado; 3) Presidente do STF (art. 80). Em caso de vacância de ambos os cargos, podem ocorrer duas hipóteses (art. 81): * (caput) se a vacância ocorrer nos dois primeiros anos do mandato: será realizada nova eleição direta para Presidente e Vice-Presidente no prazo de 90 (noventa) dias do surgimento da última vaga e os eleitos assumirão pelo restante do período para completar o mandato; * (§ 1º) se a vacância ocorrer nos dois últimos anos do mandato: será realizada eleição para Presidente e Vice-Presidente no prazo de 30 (trinta) dias, de forma indireta pelo Congresso Nacional, e os eleitos assumirão pelo restante do período para completar o mandato. Enquanto se realizam estas eleições complementares, os substitutos eventuais citados no art. 80 exercerão plenamente a Presidência, com todas as atribuições e prerrogativas. COMPETÊNCIAS (atribuições) O Presidente da República – PR exerce as competências privativas previstas no art. 84 da Constituição, além de outras previstas em outros dispositivos. Essas atribuições se dividem em duas espécies: a) atribuições de CHEFE DE ESTADO (por meio das quais o PR representa o Estado nas relações internacionais e corporifica a unidade interna do Estado): são aquelas previstas no art. 84, VII, VIII, XIV, XV, XVI, primeira parte, XIX, XX, XXI, XXII. b) atribuições de CHEFE DE GOVERNO (por meio das quais o PR chefia e gerencia os negócios internos, tanto os de natureza política, no processo legislativo, quando os de natureza administrativa: * atribuições de Chefe de governo, de natureza política, relacionadas ao processo político legislativo: CR, art. 84, III, IV, V, XXIII, XXVI (iniciativa, sanção, veto); * atribuições de Chefe de governo, de natureza administrativa: todas as demais atribuições do art. 84. Delegação: o Presidente pode delegar as atribuições dos incisos VI, XII e XXV a Ministros de Estado, PGR e Advogado-Geral da União. Esta norma é restritiva. Pode regulamentar: compete ao Presidente da República expedir decretos e regulamentos para fiel execução da lei. Os regulamentos são normas secundárias, expedidas privativamente pelo PR para facilitar a execução das leis, removendo obstáculos práticos. Esse poder se coaduna perfeitamente com o princípio da separação de Poderes, pois o Presidente não pode estabelecer normas gerais criadoras de direitos e obrigações, função própria do Legislativo. O regulamento não pode alterar disposição legal e nem criar direitos e obrigações diferentes daquelas previstas na lei. Regulamento autônomo: a partir da EC 32/2001 a Constituição passou a admitir expressamente, no art. 84, VI, a edição de decretos autônomos (norma primária, sem prévia legislação regulamentada), pelo Presidente da República, em duas hipóteses expressas e restritas: a) administração e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de cargos e funções públicos, quando vagos. Esta atribuição é automaticamente extensível aos chefes do Poder Executivo estadual e municipal, e pode ser delegada aos Ministros de Estado, PGR e Advogado-Geral da União. Atribuições do Vice-Presidente. O Vice-Presidente possui atribuições próprias e impróprias: * próprias:são aquelas expressamente previstas na Constituição (sucessão do PR – art. 80; participação nos Conselhos da República e de Defesa Nacional – arts. 89, I e 91, I), e aquelas previstas em lei complementar (CR, art. 79); * impróprias: prestará auxílio ao PR sempre que por este convocado para missões especiais – CR, art. 79, parágrafo único. Doutrina indicada para estudo da matéria: - Alexandre de Moraes, Direito Constitucional, Capítulo 10, item 3, 3.1.1 a 3.1.5. - Vicente Paulo & Marcelo Alexandrino, Direito Constitucional Descomplicado, Capítulo 10.
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