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Inventário Florestal: aplicações em processos de licenciamento e autorizações ambientais Profª Isabelle Meunier Universidade Federal Rural de Pernambuco Curso de Engenharia Florestal Fortaleza, 2012 Nosso programa: - Inventário Florestal: concepções do termo; definições; um pouco do histórico. Objetivos do Inventário Florestal. Inventários florestais classificados conforme os objetivos. - Fundamentos teóricos e práticos para realização dos inventários florestais. Os quatro pilares de conhecimento para a prática do inventário florestal de formações nativas. - Amostragem em inventários florestais. Conceitos de erro de amostragem e precisão; probabilidade e confiança; suficiência amostral (para um dado erro admissível). - Principais de processos de amostragem e suas aplicações. Amostragem probabilística x amostragem não probabilística (seletiva). - Principais medidas de interesse no inventário florestal: o enfoque dendrométrico. - Estrutura de composição de uma comunidade: parâmetros fitossociológicos para a compreensão da estrutura da vegetação. - Estimativas de riqueza e diversidade: procedimentos amostrais, principais índices e suas interpretações. - Aplicações e limitações dos inventários florestais em estudos ambientais para licenciamento: Estudo de casos (inventário florestal como instrumento para avaliação de estágios de regeneração da Mata Atlântica; perfis da vegetação; caracterização de unidades de paisagens a partir de áreas homogêneas representativas; inventário no manejo florestal). - Softs de inventário florestal e o uso do Excel. Inventário Florestal Inventário Florestal (forest inventory) é a parte da mensuração florestal que estuda técnicas, processos e métodos para obtenção de informações confiáveis sobre a cobertura florestal de dada área, fornecendo estimativas precisas e de probabilidade conhecida, com dispêndio de tempo e recursos compatível com a disponibilidade desses e com os objetivos pretendidos. É impossível nos decidirmos a comprar um carro ou assumirmos novas prestações sem verificarmos o saldo bancário por meio do extrato. As vezes, mesmo sem a necessidade de grandes saques, desejamos apenas verificar o quanto temos, se determinados depósitos foram realizados ou se as aplicações estão rendendo conforme o esperado. Da mesma forma, para planejarmos qualquer intervenção na floresta, decidirmos o quanto vamos extrair dos seus produtos ou recomendarmos a adoção de uma determinada prática em substituição a outra, precisamos de inventários florestais. Os inventários florestais nos fornecem os elementos objetivos para conhecer uma floresta. O inventário é como o extrato bancário que tiramos periodicamente. Geralmente, procuramos ter extratos semanais ou mensais para acompanhar os movimentos de uma conta bancária. Tirar um único extrato não tem muita valia, a menos que desejemos encerrar a conta. Da mesma forma, os inventários sucessivos permitem avaliar o movimento das populações florestais, seus incrementos, perdas e evolução, com mudanças na composição florística e na estrutura. • O Inventário Florestal visa coletar, organizar, analisar e interpretar informações sobre populações florestais, com vistas a objetivos comerciais, gerenciais e de manejo, de pesquisa e silviculturais. • compra e venda de propriedades, • dimensionamento de indústrias de base florestal, • cálculo de indenizações, • elaboração de planos de corte e de manejo, • tomada de decisões sobre políticas de uso e conservação dos recursos naturais, • estudos de impactos ambientais, • avaliações ecológicas em Unidades de Conservação, • monitoramento e controle da atividade florestal, • acompanhamento dos resultados de programas de incentivos e de fomento, • análises ecológicas para compreensão da sucessão florestal e da organização da comunidade vegetal, • avaliações da diversidade e de associações entre espécies, • quantificações de biomassa para estudo de ciclagem de nutrientes e fixação de carbono, • monitoramento da produção para decisões sobre a adoção de práticas silviculturais e medidas de proteção, entre outros. Precisamos das informações fornecidas pelos inventários florestais para: INVENTÁRIO FLORESTAL AMOSTRAGEM DENDROMETRIA MAPEAMENTO/ SENSORIAMENTO REMOTO COMPUTAÇÃO DENDROLOGIA ECOLOGIA 1 - AMOSTRAGEM APLICADA A INVENTÁRIOS FLORESTAIS 1.1. Conceitos básicos em amostragem • Amostragem • População • Amostra • Unidade de Amostra ou parcela • Número de unidades de amostra = tamanho da amostra. • Fração amostral ou intensidade de amostra • Variável • Dados • Parâmetros populacionais • Estimativas, estatísticas amostrais ou estatísticas População de tamanho N Valores da variável nos N elementos: X1, X2, X3, ...XN Medidas paramétricas Amostra de tamanho n Dados obtidos nas n unidades de amostra: X1, X2, X3, ...Xn Estimativas amostrais AMOSTRAGEMAmostra Estimativa 1.2. Principais medidas estatísticas de interesse em inventários florestais Medidas podem ser de posição ou de tendência central, quando estabelecem o valor em torno do qual os dados se distribuem, e de variabilidade ou de dispersão, quando expressam o afastamento dos dados em relação a média. As medidas se complementam para caracterizar a distribuição da variável. • Média aritmética • Variância e desvio padrão • Coeficiente de variação • Erro-padrão da média • Populações infinitas e finitas • Intervalo de confiança para a média, para um nível de confiança P 1.3. Representatividade da amostra • A representatividade de uma amostra é influenciada pelo seu tamanho, pelo processo de seleção das unidades de amostra e pelas técnicas de coleta e análise de dados. • O tamanho da amostra é dado pelo número de unidades de amostra (n.u.a) utilizado, que pode ser estimado em função do erro admissível ou limite de erro, da variabilidade da característica em estudo e da probabilidade do intervalo de confiança para a média estimada conter o verdadeiro valor da média (parâmetro). • O limite de erro admissível em trabalhos de inventários florestais varia geralmente de 10 a 20%. 2. PRINCIPAIS PROCESSOS DE AMOSTRAGEM • 2.1. PROCESSO INTEIRAMENTE ALEATÓRIO • 2.2.PROCESSO ALEATÓRIO ESTRATIFICADO • 2.3. PROCESSOS SISTEMÁTICOS 3. DADOS COLETADOS E VARIÁVEIS DE INTERESSE EM INVENTÁRIOS FLORESTAIS 3.1. Principais variáveis medidas em campo em trabalhos de inventários florestais: • Diâmetro na base (DNB) Diâmetro à altura do peito, tomado a 1,30m (DAP); • diâmetros a diversas alturas para cubagem rigorosa (di); • Circunferência na base (CNB), • Circunferência à altura do peito (CAP); • Altura total (H); • Altura do fuste (Hf); • Comprimento de seções do fuste (Li); • Diâmetro de copa (DC); • Volume empilhado (V, em st), • Peso da árvore (P) ou de seções (pi). 3.2. Instrumentos e técnicas de medições DAP 3.2. Instrumentos e técnicas de medições - Altura Vertex 3.2. Instrumentos e técnicas de medições -Altura Clinômetros e hipsômetros 3.3. Cálculo de variáveis dendrométricas • Área basal (G/ha) • Diâmetro médio (dg) e média de diâmetros • Altura média • Altura dominante • Volume de árvores – cilíndrico e sólido • Volume de parcela e volume/ha • Volume empilhado • Fatores de cubicação/empilhamento e Fator de Forma Ajuste de equações e análise de regressão nas análises de dados de Inventários florestais • Verificação do volume empilhado Questões sobre o estéreo com medida de volume Leitura recomendada: O Estéreo – Batista, J. L. F.; Couto, H. T. Z. Metrvm, 2002. http://cmq.esalq.usp.br/wiki/lib/exe/fetch.php?media=publico:metrvm:metrvm-2002-n02.pdf O INMETRO, através da Portaria nº 130/99, proibiuo uso da unidade de medida denominada “estéreo” para comercialização de madeira roliça. Tal medida visa a efetiva utilização do Sistema Internacional de Unidades - SI, em todo o território nacional, conforme recomenda o documento D2/1999 da Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML). Medidas de crescimento • Incremento Corrente Anual (ICA) É o crescimento ocorrido no período de um ano, ou seja, é a diferença entre valores da variável dendrométrica estudadas em dois anos consecutivos. • Incremento Médio Anual (IMA) É o crescimento acumulado a partir do ano zero dividido pela idade do povoamento. • Incremento Periódico (IP) É o incremento ocorrido durante um determinado período de anos. • Incremento Periódico Anual (IPA) É o incremento médio anual ocorrido em um determinado período. Obtenção e análise da distribuição diamétrica de uma floresta Distribuição do número de indivíduos por classe diamétrica 0 100 200 300 400 500 600 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Classes de DAP N / h a 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 % Distribuição percentual da área basal (G) por classe diamétrica 0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Classe de DAP % d e G Distribuição porcentual do número de árvores por classe de DAP em plano de manejo, aos 5 anos após corte. 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 60.0 70.0 80.0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Classes de DAP % Distribuição percentual do número de árvores por classe de DAP em plano de Manejo, aos 7 anos após corte. 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Classe de DAP % Distribuição por classe de altura Distribuição percentual das árvores por classe de altura na mata 36.99 47.14 12.23 2.29 1.25 0.11 0.0 10.0 20.0 30.0 40.0 50.0 1 2 3 4 5 6 Classe de altura % Distribuição percentual das árvores por classe de altura no cerrado 52.21 42.74 4.28 0.64 0.13 0.00 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 1 2 3 4 5 6 % Distribuição % do murici vermelho (MUVE) e da canela de veado (CAVE) por classe de altura, em parcelas de inventário na Floresta Nacional do Araripe 0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 MUVE CAVE % Parâmetros da estrutura horizontal • Densidade: Expressa a participação das diferentes espécies dentro da associação vegetal. A densidade está diretamente relacionada à composição de uma comunidade em relação as espécies presentes e ao número de indivíduos de cada uma delas, independente de suas dimensões. • Frequência: Exprime a regularidade da distribuição espacial de cada espécie sobre o terreno. • Dominância: É definida como o somatório das áreas seccionais dos indivíduos de uma dada espécie, por unidade de área. Refere-se à ocupação do terreno pela espécie e está relacionada às dimensões dos indivíduos. • Índice de valor de importância (IVI): É a soma da abundância, da freqüência e da dominância relativas de cada espécie da associação vegetal. IVI(x) = Drel(x)+ Frel(X)+Domrel(x) IVI (x) = [(Drel(x)+ Frel(X)+Domrel(x))/3] • Índice de valor de cobertura (IVC): IVC(x)= Drel(x)+Domrel(x) ou IVC(x)= (Drel(x)+Domrel(x))/2 Índices de riqueza e diversidade • Riqueza: S Índices de Margalef: DMg= (S -1)/ln N Índice de Menhinick: DMn= S/√N Quociente de Mistura de Jentsch: QM = S/N Índices de diversidade • O índice de diversidade de Shannon (ou índice de Shannon-Wiener) é uma medida de diversidade de espécies (ou de qualquer outra unidade taxonômica com família, gênero, etc..), baseado nas suas abundâncias proporcionais: ∑ = −= S i ii pp 1 lnH´ • Índice de Simpson: D = para comunidade “infinitamente grandes”, conforme Magurran (1988) e para comunidades finitas, segundo a mesma autora citada. ∑ 2ip ∑ − − = 1)N(N 1)(nnD ii • Recíproca de D (D, na verdade, estima a “concentração” ou dominância de espécies, enquanto S exprime a diversidade) ∑ − − = 1)N(N 1)(nn 1S ii Índices de Similaridade – Jaccard e Sorensɶn IJ = e IS = sendo a o número de espécies em A, b o número de espécies em B e c o número de espécies comuns a A e B. cba c −+ ba 2c + Importância dos Inventários Florestais em Estudos Ambientais Os Estudos Prévios de Impactos Ambientais na Política Nacional de Meio Ambiente: Lei 6938/1981 • Art. 9º São instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente: I – o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II – o zoneamento ambiental; III – a avaliação de impactos ambientais; IV – o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; . . XII • Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízos de outras licenças exigíveis. PNMA – Lei 6938/81 Continuação • Art. 1º Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III – a biota; IV- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V – a qualidade dos recursos ambientais. Resolução 1, de 23 de janeiro de 1986, do CONAMA • As diretrizes dos estudos de impacto; • As atividades técnicas necessárias; • A obrigação de fornecimento, pelo órgão competente, das informações adicionais necessárias; • A responsabilidade do proponente quanto às despesas e custos; • A estrutura, os componentes e a forma de apresentação do RIMA. • A previsão de audiência pública. A Resolução N°1/86 CONAMA estabelece: • Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1° Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: . . IV – Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. Na Constituição Federal – 1988 Capítulo VI – DO MEIO AMBIENTE • Define e relaciona os estudos ambientais: Art. 1º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: Estudos Ambientais: São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para análise da licença requerida. Resolução 237, de 19 de dezembro de 1997 - CONAMA • Relatório Ambiental • Plano e projeto de controle ambiental (PCA) • Relatório Ambiental Preliminar (RAP) • Diagnóstico Ambiental • Plano de Manejo • Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD) • Análise preliminar de risco. • Relatório Ambiental Simplificado (RAS) (Res. 279/2001- CONAMA) • Avaliação Ambiental Integrada e Conflitos(AAI) • Relatório de Controle Ambiental (RCA) • Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) Outros estudos ambientais • Plano de Uso e Conservação do entorno de Reservatórios (resolução 302/2002 – CONAMA) • Programas Básicos Ambientais (PBA) Outros estudos ambientais (continuação) -“National Enviroment Policy Act” – NEPA, Lei Federal dos EUA (1969, vigorando a partir de 1970). - AIA em programas de cooperação de agências internacionais. - Convenção da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa sobre Avaliação de Impacto Ambiental num contexto Transfronteiriço (Convenção de Espoo) – 1991. Legislação internacional Diretrizes dos Estudos de Impacto Ambiental: I – contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto, confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto; II – identificar e avaliar os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade. III – definir os limites de área geográfica a ser direta e indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza; IV – considerar os planos e programas governamentais, propostos e implantação,na área de influência do projeto, e sua compatibilidade. A Resolução Nº1/1986 – CONAMA define- se que: I - Diagnóstico ambiental da área de influência – completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, ANTES do projeto: • Meio Físico: subsolo, águas, ar e clima, recursos minerais, topografia, tipos e aptidões de solo, corpos d’água, regime hídrico, correntes marinhas, correntes atmosféricas; A mesma Resolução N°1/86 CONAMA define as “atividades técnicas” do estudo de impacto ambiental, necessárias, no mínimo: • Meio biológico e ecossistemas naturais: fauna e flora, indicando as espécies indicadoras de qualidade ambiental e valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; • Meio sócio-econômico: uso e ocupação do solo, usos da água, socioeconomia, sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização desses recursos. II- Análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas: Identificação Previsão de magnitude Interpretação da importância Discriminação (análise de impacto) Distribuição dos ônus e benefícios. III – Definição de medidas mitigadoras dos impactos negativos IV – Elaboração de programas de acompanhamento e monitoramento dos impactos. • Identificação dos responsáveis • Descrição da obra, atividade ou empreendimento • Análise jurídica • Alternativas técnicas e locacionais • Definição das AII e AID • Diagnóstico ambiental - Avaliação ambiental integrada • Prognósticos – Análise de impactos - Cenários • Medidas mitigadoras e programas ambientais Estrutura geral do EIA • Caracterizar compartimentos e fatores ambientais; • Mensurar os indicadores ambientais; • Caracterizar as relações ambientais relevantes. Quais os objetivos? • Dar subsídios às avaliações de impactos ambientais e às proposições de medidas e programas ambientais; • Estabelecer a linha de base para o monitoramento; • Orientar programas de controle e medidas mitigadoras/compensatórias; • Identificar passivos ambientais. Diagnósticos Subdivisão teórica e abstrata do ambiente. • Meio físico • Meio biótico ou biológico • Meio antrópico ou sócioeconômico e cultural (preferível). A subdivisão é adequada para efeito de abordagem, definição de metodologias, análise das informações existentes e organização de dados. A avaliação ambiental, por sua vez, exige a consideração das interrelações entre os meios. Meios ambientais Segmentos ou constituintes dos meios, definidos de acordo com a abordagem do estudo e com as características do meio. P.ex: Vegetação/Fauna/Unidades de Conservação. Fator ambiental Todo e qualquer elemento constituinte da estrutura de um ecossistema (unidade conceitual da avaliação ambiental). P. ex: Diversidade/Riqueza/Cobertura vegetal. Compartimento ambiental Meio Físico • Componente: Clima • Fatores (associados a indicadores, unidades de avaliação): - Precipitação (médias anuais e mensais nos últimos dez anos) - Temperatura (médias anuais e mensais nos últimos dez anos) - Delimitação de períodos seco e chuvoso - Perfil do vento, temperatura e umidade do ar - Balanço hídrico - Qualidade do ar Exemplo Meio Biológico • Componente: Vegetação terrestre • Fatores: - Fisionomias vegetais (caracterização e mapeamento) - Composição florística - Espécies dominantes, endêmicas, raras, de interesse econômico e científico, ameaçadas de extinção, indicadoras de alterações ambientais - Estado de conservação (geral e áreas protegidas) Exemplo (continuação) • Síntese (Avaliação Integrada) Definição de unidades (unidades de paisagem, unidades geoambientais) incluindo avaliações quanto a fragilidades, ameaças e potencialidades. • Estado de conservação, usos tradicionais, relação fauna-flora (alimentação/abrigo/reprodução/polinização/dispersão) Importante: além do diagnóstico “analítico” Inventário Florestal nos Estudos Ambientais Inventário � Diagnósticos do meio biológico Componente Vegetação Descritores: (maior ou menor grau de detalhe, em função do objetivo) • Flora (Lista florística) • Estrutura de composição • Estrutura de tamanhos (estrutura dendrométrica) • Estoque lenhoso (total, por compartimento, etc) • Espécies ameaçadas, endêmicas, chave, indicadoras... • Cobertura vegetal (área, %) • Fisionomias • Estado de conservação Objetivos �Termo de Referência Quais variáveis são necessárias para atingir os objetivos do diagnóstico? Lembrando: • Dar subsídios às avaliações de impactos ambientais e às proposições de medidas e programas ambientais; • Estabelecer a linha de base para o monitoramento; • Orientar programas de controle e medidas mitigadoras/compensatórias; • Identificar passivos ambientais. Inventários Florestais para Supressão de Vegetação • Atividade: - O que é necessário para solicitar a autorização de Supressão de Vegetação no Ceará? - Quais são as variáveis de interesse, sobre as quais se esperam resultados? - Qual o limite de erro admissível para a variável de interesse? E a confiança desejada para as estimativas? - Como se estimam volume real e volume empilhado? Inventário Florestal nas avaliações dos estágios sucessionais da Mata Atlântica Base legal e fundamentação técnica • Decreto 750 de 10 de fevereiro de 1993 • Resoluções CONAMA • Lei Nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 e Decreto Nº 6666/2008 • Resolução CONMA de covalidação (2007) • O Inventário Florestal como instrumentos às avaliações dos estágios sucessionais. • Medidas dendrométricas, medidas de diversidade e avaliações ecológicas. RESOLUÇÃO CONAMA N° 25, de 7 de dezembro de 1994 – Define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica, a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais no Estado do Ceará. RESOLUÇÃO CONAMA N° 388, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2007 - Dispõe sobre a convalidação das Resoluções que definem a vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica para fins do disposto no art. 4o § 1o da Lei N° 11.428, de 22 de dezembro de 2006 CRITÉRIOS E REFERENCIAIS DETERMINADOS PELA RESOLUÇÃO CONAMA Nº 10 DE 1993. ESTÁGIO INICIAL ESTÁGIO MÉDIO ESTÁGIO AVANÇADOFISIONOMIA Herbáceo- arbustiva, com cobertura vegetal fechada ou aberta. Arbórea e/ou arbustiva com cobertura aberta ou fechada. Arbórea, com dossel fechado, porte relativamente uniforme. ESTRATIFICAÇÃO Inexistente Existente Três estratos definidos. DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA E ALTURA Pequena amplitude de distribuição diamétrica e sem comentários quanto a altura. Amplitude moderada, com predomínio dos pequenos diâmetros. Grande amplitude de distribuição diamétrica. EXISTÊNCIA, DIVERSIDADE E QUANTIDADE DE EPÍFITAS Líquenes, briófitas e pteridófitas, com pouca diversidade Em maior número do que o estágio anterior (?) Grande número de indivíduos e de espécies. EXISTÊNCIA, DIVERSIDADE E QUANTIDADE DE TREPADEIRAS Se presentes, herbáceas. Quando presentes, lenhosas. Geralmente lenhosas (mais abundantes e diversificadas na floresta estacional) AUSÊNCIA OU PRESENÇA E QUANTIDADE SERAPILHEIRA Ausente ou em camada fina pouco decomposta. Presente (atenção para florestas estacionais) Abundante. SUBOSQUE Ausente Presente Menos expressivo do que no estágio médio DIVERSIDADE BIOLÓGICA Variável, com poucas espécies arbóreas ou arborescentes. Significativa Muito grande DOMINÂNCIA DE ESPÉCIES Não definida (conceito mal apresentado) Algumas indivíduos emergentes (conceito de dominância mal empregado – trata-se de emergência) Árvores com copas horizontalmente amplas; espécies emergentes. Menciona a possibilidade de espécies dominantes. ESPÉCIES INDICADORAS Espécies pioneiras (abundantes e dominantes). Não comenta Não comenta. Quadro 2 - RESOLUÇÃO Nº 25/1994 - CEARÁ Critérios ESTÁGIO INICIAL ESTÁGIO MÉDIO ESTÁGIO AVANÇADO FISIONOMIA Herbáceo- arbustiva, estrato aberto ou fechado Arbórea e arbustiva predominando sobre a herbácea Arbórea, com dossel contínuo e uniforme, copas horizontalmente amplas. Fisionomia semelhante a floresta primária (?) ESTRATIFICAÇÃO (vertical) Uniestratificada Ocorrência eventual de indivíduos emegentes Pode apresentar árvores emergentes DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA E ALTURA Pequena amplitude de distribuição diamétrica, DAP médio até 5 cm, altura média até 4 m, área basal média (até) 4 m²/ha. DAP médio entre 4 e 14 cm, altura média entre 4 e 10m, área basal entre 5 e 14 m²/ha. DAP médio superior a 14 cm, altura média acima de 10 m, área basal média superior a 14 m²/ha. EXISTÊNCIA, DIVERSIDADE E QUANTIDADE DE EPÍFITAS Líquenes, briófitas e pteridófitas, com pouca diversidade Em maior número e diversidade do que o estágio anterior (?) Grande número de indivíduos e de espécies. EXISTÊNCIA, DIVERSIDADE E QUANTIDADE DE TREPADEIRAS Se presentes, herbáceas. Quando presentes, lenhosas. - AUSÊNCIA OU PRESENÇA E QUANTIDADE SERAPILHEIRA Ausente ou em camada fina pouco decomposta. Presente (variando conforme a estação do ano e inclinação da vertente) Abundante SUBOSQUE Ausente Presente Menos expressivo do que no estágio médio DIVERSIDADE BIOLÓGICA Variável, com poucas espécies arbóreas ou arborescentes. Significativa Grande DOMINÂNCIA DE ESPÉCIES Espécies pioneiras abundantes - - ESPÉCIES INDICADORAS 3 sp; 2 gen. 4 sp 6 sp. Alguns comentários... CRITÉRIOS CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS e DIFICULDADES FISIONOMIA Existem várias concepções de Fisionomia que dizem respeito aos hábitos das plantas ou definem subgrupos de formação (Veloso, 1992): densa, aberta, mista, decidual, semidecidual, ou ainda caracterizam uma subformação (tipo fisionômico) pelo porte, densidade e espécies mais importantes. O porte é geralmente definido por medidas dendrométricas como média aritmética dos diâmetros, diâmetro médio, altura média, dominante e máxima e a densidade pelo número de indivíduos e área basal/ha. Quase todos os critérios propostos referem-se à fisionomia, nas suas diferentes acepções. ESTRATIFICAÇÃO Estratos são, segundo Veloso (1982) no sentido em que o termo é adotado nas Resoluções, as situações verticais como se dispõem as plantas lenhosas em uma comunidade. Permite observar a diferenciação de habitats DISTRIBUIÇÃO DIAMÉTRICA Permite avaliações objetivas e diretas, obtidas por meio de procedimentos amostrais mas exige suficiência amostral para a representatividade dos dados. Pode ser aperfeiçoada apresentando-se as distribuições das espécies mais importantes. As medidas centrais dos diâmetros (média de DAP e dg – média quadrática) dependem da distribuição, mas informam menos do que ela, complementando-a. EXISTÊNCIA, DIVERSIDADE E QUANTIDADE DE EPÍFITAS As informações resultam de avaliações ecológicas, subjetivas e descritivas. Podem ser expressas quantitativamente, mas não há métodos consagrados para avaliações de campo. AUSÊNCIA OU PRESENÇA E QUANTIDADE SERAPILHEIRA EXISTÊNCIA, DIVERSIDADE E QUANTIDADE TREPADEIRAS DIVERSIDADE BIOLÓGICA Pode ser expressa por índices (Shannon e Wiener, Margalef, Sanders, etc ), por parâmetros fitossociológicos e pelas relações espécie x abundância. Medidas de diversidade são obtidas de parcelas amostrais e resultam em informações objetivas e comparáveis. Requerem interpretações técnicas consistentes (não são autoexplicáveis) e avaliações comparativas. Índices só devem ser calculados quando houver identificação segura e precisa da quase totalidade das espécies. Observação: As resoluções relativas à Mata Atlântica não explicitam a diversidade animal. DOMINÂNCIA DE ESPÉCIES Tem vários sentidos e também está relacionada a diversidade. Pode ser expressa por Índices como os de Simpson e McIntosh ou, normalmente em levantamentos fitossociológicos, representada pela área basal. Medidas de dominância podem ser obtidas de parcelas amostrais e resultam em informações objetivas e comparáveis. As medidas precisam de interpretação atenta e comparações pertinentes, para as quais é necessário se contar com base de dados sobre as formações estudadas. Não deve ser confundida com emergência. ESPÉCIES INDICADORAS Não aparecem necessariamente na amostragem, principalmente se forem raras; Não têm significado a nível de parcela, pois a ocorrência depende do padrão de distribuição natural. A presença de certas espécies em determinados ambientes não obedece regras simples e claras, mas a variáveis naturais complexas. Precisam ser muito bem caracterizadas (e não referidas por gênero) e exigem reconhecimento preciso em campo, com coleta para identificação, se necessário. Geralmente o que caracteriza o estágio é a abundância, dominância e/ou frequência dessas espécies, e não sua simples presença (isso é particularmente verdadeiro no caso das pioneiras e secundárias iniciais). Para a prática do Manejo Florestal se pressupõe: • Realização de inventários florestais e avaliações ambientais; • Planejamento e realização da exploração florestal, juntamente às medidas mitigadoras dos impactos ambientais. • Definição e aplicação das operações silviculturais; • Quantificação dos produtos gerados; • Monitoramento da regeneração e do crescimento dos indivíduos remanescentes. Inventários Florestais são, portanto, uma etapa fundamental na elaboração de um Plano de Manejo para: - Avaliar a potencialidade de uma área para a produção de diferentes bens e serviços; - Estimar estoques exploráveis; - Estimar incrementos; - Identificar espécies imunes de corte e outras restrições; - Planejar a exploração florestal; - Estimar produção, produtividade e receitas; - Obter autorização para corte de árvores; - Fiscalizar as operações de exploração;- Realizar o monitoramento da vegetação, pós intervenção; - Obter informações sobre a vegetação remanescente. TRABALHO EM GRUPO Quais as informações essenciais de um inventário florestal para o licenciamento de um plano de manejo de vegetação natural? Quais tecnologias seriam importantes para contribuir para a sustentabilidade dos Planos de Manejo? Quais são usadas e com que intensidades?
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