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Aula 02 Casamento

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CASAMENTO
É a união legal, o vínculo jurídico, entre homem e mulher
Visa: auxílio mútuo, material e espiritual, criando a família legítima. 
Trata-se de um negócio jurídico gerador de direitos e deveres entre o homem e a mulher 
É vinculado a normas de ordem pública e a observância das formalidades legais. 
Trata-se de um ato complexo → pois depende de inúmeras formalidades previstas na lei, como: celebração, o processo de habilitação, publicidade, etc.; Intuitu personae → celebrado em função de características pessoais e relevantes; dissolúvel.
Realizado entre pessoas de sexo diferente exigindo a livre manifestação de vontade. 
CASAMENTO
É um ato privativo do representante do Estado (Juiz de casamento), sendo que a falta de competência da autoridade celebrante pode ser causa de anulação (art. 1.550, VI, CC).
O casamento civil no Brasil somente foi criado pelo Decreto 181, de 24/01/1890, com o advento da República e a separação do Estado-Igreja. 
Anteriormente existia apenas o casamento religioso.
Natureza Jurídica
A doutrina diverge sobre a natureza jurídica do casamento. 
Primeira corrente: trata-se de um ato solene. 
Segunda corrente: é uma convenção ou instituição social. 
Terceira corrente: trata-se de um contrato. 
Autores mais modernos têm unido as duas últimas correntes afirmando que o casamento é um contrato de direito de família de natureza institucional 
Uma vez que inicialmente depende da livre manifestação dos contraentes, mas que se completa com a celebração, que é um ato privativo do representante do Estado, conferindo direitos e deveres fixados em lei.
Finalidade
Dentre os fins principais do casamento temos:
a) Instituição da família matrimonial.
b) Satisfação do desejo sexual: integração fisiopsíquica.
c) Legalização das relações sexuais (ligado também ao dever de fidelidade) ou do estado de fato.
d) Procriação (não é essencial), proteção e educação dos filhos.
e) Prestação de auxílio mútuo.
f) Estabelecimento de deveres entre os cônjuges.
Direitos e Deveres de ambos os consortes
a) Fidelidade recíproca.
b) Coabitação (relativa) – o que caracteriza o abandono é a intenção de não mais retornar ao lar. E não um afastamento temporário por motivo de
serviço.
c) Mútua assistência (material, moral e espiritual), respeito e consideração.
d) Proteção da prole – sustento, guarda e educação dos filhos.
Igualdade de Direitos e Deveres
Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher (art.226, 5°, CF). 
O art. 1.511, CC prevê que: “O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”.
a) Ambos podem exercer a direção da sociedade conjugal, fixando o domicílio, representando a família, etc.
b) Qualquer um pode adotar, se quiser, o sobrenome do consorte – bem como conservar seu nome de solteiro, consignando-se na certidão de casamento.
c) Ambos devem proteger o consorte física e moralmente.
d) Ambos devem colaborar nos encargos da família.
e) Ambos podem exercer livremente profissão lucrativa.
Proibições
Nenhum dos cônjuges pode, sem autorização (escrita e expressa) do outro, exceto no regime da separação total de bens (art. 1.647, CC):
a) Alienar, hipotecar ou gravar de ônus real os bens imóveis, ou direitos reais sobre imóveis alheios – trata-se de falta de legitimação (e não de incapacidade); concedida a anuência o cônjuge fica legitimado a praticar tais atos.
b) Pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens e direitos.
c) Prestar fiança ou aval – procura-se evitar o comprometimento dos bens do casal.
d) Fazer doação, não sendo remuneratória, de bens ou rendimentos comuns ou dos que possam integrar futura meação.
Observação	
Quando um dos cônjuges nega a outorga sem que haja um justo motivo → o Juiz pode suprir esta outorga. 
O mesmo ocorre quando não for possível para um cônjuge conceder a outorga (Ex.: doença). 
No entanto se um cônjuge vender o bem sem a outorga do outro e sem que haja suprimento do Juiz, a venda é anulável 
Prazo para anulação: até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
Princípios do Casamento
a) Livre união dos futuros cônjuges.
b) Monogamia.
c) Solenidade do ato nupcial – normas de ordem pública.
Observação
A união estável entre homem e mulher, reconhecida pela Constituição como entidade familiar pode ser chamada de família natural (art. 226, §3°). 
Quando formada somente por um dos pais e seus filhos, denomina-se família monoparental ou unilinear (art. 226, §4°).
Condições
Há duas espécies de condições: de existência do casamento e de sua validade:
Existência jurídica do casamento:
No Brasil exige-se a diversidade de sexos, além da celebração na forma da lei (há casamento por instrumento particular) e do consentimento (não há casamento na ausência absoluta de consenso). 
Havendo transgressões a estas exigências mínimas, o casamento é considerado inexistente; ou seja, simplesmente não houve matrimônio algum.
b) Validade do ato nupcial:
Exige-se a aptidão física (puberdade, potência, sanidade) e Intelectual (grau de maturidade e consentimento íntegro). 
ESTADO DE FAMÍLIA
É a posição e a qualidade que uma pessoa ocupa na entidade familiar.
São suas características:
• Intransferível: não se transfere por ato jurídico (nem em vida e nem na morte).
• Irrenunciável: o estado depende exclusivamente da posição familiar que ocupa, independentemente da vontade da própria pessoa.
• Imprescritível: por ser personalíssimo, não prescreve.
• Universal: compreende todas as relações jurídicas que envolvem a família.
• Indivisível: o mesmo estado familiar é ostentado em relações com a
família e com terceiros (Ex.: uma pessoa solteira é assim considerada
dentro e fora da família; a pessoa casada também assim é considerada
tanto para a família, como para a sociedade em geral, etc.).
• Correlatividade: ou seja, trata-se de um direito recíproco (Ex.: tio e sobrinho; avô e neto, etc.).
ESPONSAIS (ou promessa de casamento)
O termo provém de sponsalia (Direito Romano), relativo à promessa que o sponsor (promitente – esposo) faz à sponsa (prometida – esposa). Trata-se de um compromisso de casamento entre duas pessoas desimpedidas, de sexo diferente, para melhor se conhecerem e aquilatar suas afinidades e gostos. 
É o que conhecemos por “noivado”. 
Não há qualquer obrigação legal de se cumprirem os esponsais, até porque é impossível obrigar alguém a declarar sua vontade de contrair núpcias, pois o consentimento livre é requisito essencial do casamento. 
No entanto o não cumprimento pode acarretar responsabilidade extracontratual, dando lugar a ação de indenização por ruptura injustificada. O dano pode ser patrimonial (Ex.: prejuízo com gastos do preparo de documentos, cerimônia, festa, viagem de núpcias, etc.) ou moral (Ex.: noiva abandonada no altar com declarações ofensivas, obrigada a demitir-se do emprego, etc.).
ESPONSAIS (ou promessa de casamento)
Exemplo: noiva recusou uma promoção, que implicaria em mudança de residência para o exterior somente porque iria se casar em data próxima. O casamento acabou não se realizando por rompimento de seu noivo. A noiva ingressou com ação e ganhou uma boa indenização. 
Além disso, pode haver a obrigação de devolver determinados bens (Ex.: presentes de casamento, jóias, cartas, fotografias, etc.). 
No entanto, devemos ter em mente que na realidade um casamento deve ter suas bases na afetividade, sem qualquer conotação de ganho ou vantagem.
FORMALIDADES PARA O CASAMENTO
O casamento é cercado de um ritual, exigindo diversas formalidades: 
O primeiro passo é requerer a instauração do processo de habilitação no Cartório de Registro Civil para constatar a existência ou não de impedimentos matrimonias e dar publicidade ao ato. 
Trata-se de uma atitude preventiva, a fim de se evitar que pessoas impedidas se casem. 
A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao Juiz.
FORMALIDADES PARA O CASAMENTO
Os proclamas (edital que comunica ao público em geral a intenção dos noivos de contrair núpcias) são afixados nos Cartórios de ambos os nubentes.
Decorridos 15 dias: o oficial entrega aos nubentes uma certidão de que estão habilitados a se casar dentro de 90 dias, sob pena de decadência. 
Se não houver casamento neste prazo, deve-se renovar todo o processo de habilitação. 
Em casos excepcionais pode haver dispensa da publicação (art.1.527, parágrafo único, CC). Exemplos: grave enfermidade, parto iminente, viagem inadiável, etc. 
O Juiz irá apreciar o “motivo urgente”.
FORMALIDADES PARA O CASAMENTO
Idade Núbil
Tanto o homem como a mulher atingem a idade núbil aos 16 anos.
Todavia os menores púberes (maiores de 16 e menores de 18 anos), para casar, devem ser autorizados por seus pais ou representantes legais. 
Caso os pais não consintam com o casamento ou em havendo divergência entre eles, quando a razão para a denegação for injusta, poderá a autorização ser suprida pelo Juiz (art. 1.631, parágrafo único, CC).
Há alguma exceção à regra da capacidade matrimonial? 
Uma pessoa pode se casar antes dos 16 anos? 
Uma pessoa pode se casar antes dos 16 anos? 
Sim!! Mas são hipóteses excepcionais! 
Regra: não pode (art. 1.520, CC). Permite a autorização judicial do casamento do menor que ainda não atingiu a idade núbil em caso de gravidez ou para evitar o cumprimento de condenação criminal. 
Quanto à hipótese de gravidez: não há problema algum. Muitos já ouvimos falar de algum caso de adolescente que se casou antes dos 16 anos porque estava grávida. 
Mas quanto à segunda hipótese, evitar cumprimento de pena, há um problema técnico. 
Mas quanto à segunda hipótese (evitar cumprimento de pena)
Estava de acordo com o art. 107 do Código Penal, que previa, em seu inciso VII, que nos crimes contra os costumes (estupro, atentado violento ao pudor, etc.), se a ofendida se casasse com o ofensor seria extinta a punibilidade deste. Ou seja, o Código Penal previa que se o homem se casasse com a ofendida, “o dano estaria reparado” e assim extinguia-se a sua punibilidade. 
Na prática isto significava que o processo criminal seria arquivado sem uma decisão de mérito. No entanto a Lei n° 11.106/05 revogou esse dispositivo penal. Não existe mais esta forma de extinção de punibilidade.
Assim, mesmo que haja o casamento da menor (de 16 anos) com o ofensor, não se extingue mais a sua punibilidade; ou seja, o processo criminal continua seus trâmites normais, porque não existe mais esta possibilidade no ordenamento penal. 
Portanto perdeu-se a finalidade do dispositivo no Direito Civil, uma vez que não mais existe o correlato no Direito Penal.
Casamento Religioso com Efeitos Civis
A Constituição Federal estatui (art. 226, §§ 1° e 2°) que o casamento é civil e gratuita a sua celebração, sendo que o religioso tem efeito civil. 
O art. 1.515, CC determina que o casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, produzindo efeitos a partir da data da celebração. 
Pode ser feito com prévia habilitação (após os trâmites cartorários, o Oficial do Registro fornece aos noivos uma certidão válida por 90 dias para se casaram perante o ministro religioso) ou com habilitação posterior (após o casamento religioso os nubentes apresentam prova do ato religioso, além de todos os documentos exigidos no art. 1.525, CC, sendo que uma vez inscrito retroagirá seus efeitos à data da realização da cerimônia).
Mas em qualquer dos casos exige-se o processo de habilitação.
Casamento Religioso com Efeitos Civis
É necessário que a cerimônia seja realizada por ministro de confissão religiosa oficialmente reconhecida (caso contrário a situação será de apenas uma união estável).
Na prática isto não é utilizado. 
Exige-se tantas formalidades para esta conversão, que fica mais fácil casar com as formalidades legais. Até porque a lei não dispensa os trâmites cartorários que antecedem a cerimônia nupcial; o que pode ser dispensada é a celebração das duas cerimônias (civil e religiosa).
Documentos Necessários para o Casamento
O requerimento de habilitação do casamento será preenchido de próprio punho por ambos os nubentes ou por terceiro (um procurador ou mandatário, com poderes específicos para o ato), dirigido ao oficial do Registro Civil.
Devendo ser instruído com os seguintes documentos:
a) Certidão de Nascimento (recente) – com ela é que se prova a idade núbil (data e local de nascimento), filiação (comprovando parentesco e
obstando eventuais infrações impeditivas), etc. Trata-se de um pressuposto de validade para o ato.
b) Memorial – trata-se da identificação dos nubentes, com declaração do estado civil, domicílio e residência atual dos nubentes e dos pais –
define a competência para o casamento e os locais onde serão publicados os editais.
Documentos Necessários para o Casamento
c) Autorização das pessoas sob cuja dependência legal estiverem (ambos os pais, tutor ou curador) ou suprimento judicial. 
Neste caso o procedimento é o previsto para a jurisdição voluntária (arts. 1.103 e seguintes do Código de Processo Civil). 
O termo jurisdição voluntária é usado para indicar quando não há uma disputa entre as partes, porém a intervenção do Juiz é necessária, exercendo-se a jurisdição no sentido de simples administração (contrapõe-se com a jurisdição contenciosa, caracterizada pela disputa entre duas ou mais partes, que pleiteiam providências opostas ao Juiz). 
Documentos Necessários para o Casamento
d) Declaração de duas pessoas maiores (parentes ou estranhos), que atestem conhecer os nubentes e afirmem não existir impedimento que os iniba de casar (são as testemunhas).
e) Certidão de óbito do cônjuge falecido, da anulação do casamento anterior ou do registro de sentença de divórcio 
Evita-se com isso, o risco de eventual casamento de pessoas já são casadas.
IMPEDIMENTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO
Diversos requisitos devem ser observados para a validade e regularidade do casamento. O Código Civil estabelece duas classes de impedimentos ao casamento:
A) Impedimentos Absolutamente Dirimentes (também chamados de impedimentos propriamente ditos ou impedimentos públicos) – Eles estão previstos nos arts. 1.521 e 1.522, CC – Impedem a realização do casamento. 
Se por um acaso o casamento for celebrado, ele será considerado inválido, não sendo passível a sua ratificação ou convalidação. 
Os impedimentos matrimoniais se diferem da incapacidade matrimonial (art. 1.517 a 1.520, CC), que é dirigida à vontade e à idade núbil. Ex.: dois irmãos estão impedidos de se casarem entre si em razão do laço de parentesco; porém eles têm capacidade para contrair núpcias com outra pessoa.
IMPEDIMENTOS E CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO
B) Causas Suspensivas – Elas estão previstas nos arts. 1.523 e 1.524,CC – Impedem a realização do casamento, mas se o casamento porventura ocorrer, o mesmo será considerado válido. 
No entanto os cônjuges sofrerão algumas sanções indiretas. 
Na verdade estas hipóteses apenas suspendem a capacidade nupcial (daí o nome: causas suspensivas); cessado o impedimento, pode haver casamento normalmente.
Obs. – O atual Código não trata mais dos Impedimentos Relativamente Dirimentes, preferindo discipliná-los agora como causas de invalidade do casamento, conforme veremos no item sistema de nulidades do casamento.
A) IMPEDIMENTOS DIRIMENTES ABSOLUTOS (OU PÚBLICOS)
Estão previstos taxativamente no art. 1.521, I a VII, CC. 
São circunstâncias de fato ou de direito que proíbem o casamento e acarretam, caso desrespeitados, a nulidade do casamento (art. 1.548, caput e inciso II, CC). 
Podem ser classificados em:
1. Impedimentos em razão de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC)
	a) Consanguinidade
	b) Afinidade
	c) Adoção
2. Impedimento em razão de Vínculo (art. 1.521, VI, CC)
3. Impedimentoem razão de Crime (art. 1.521, VII, CC)
1. Impedimentos Resultantes de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC)
a) Consanguinidade – estão proibidos de se casar:
• Os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural (Ex.: pai com filha, na linha matrimonial ou extramatrimonial) ou civil (adoção) – inciso I. Evitam a constituição de relações incestuosas, por questões morais e biológicas. Não há limite de graus para a existência deste impedimento. Lembrando que parentesco civil é o decorrente de adoção.
1. Impedimentos Resultantes de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC)
Os irmãos, bilaterais (germanos) ou unilaterais (mesmo pai → consanguíneos; mesma mãe → uterinos) e os demais colaterais, até o terceiro grau, inclusive. 
Colaterais: são parentes que descendentes de um tronco comum, sem descenderem uns dos outros. Exemplos: irmãos (segundo grau), tios e sobrinhos (terceiro grau), primos (quarto grau), etc. 
Há certa divergência quanto à possibilidade do casamento de colaterais em terceiro grau (Ex.: tio e sobrinha ou tia e sobrinho), conhecido como casamento avuncular. 
1. Impedimentos Resultantes de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC)
Alguns autores entendem que o Dec. Lei n° 3.200/41 e a Lei n° 5.891/73 ainda estão em vigor e que as mesmas permitiriam o casamento, desde que precedido de exame médico. Isto porque a Lei Geral (Código Civil) não revoga Lei Especial (Dec.-lei n° 3.200/41). 
Já outros autores entendem que o Código Civil, por ser lei mais nova, revogou tais dispositivos (bem mais antigos), impedindo tal casamento. 
Orientação sobre o assuntos: para questões objetivas deve-se adotar o disposto no Código Civil, que não permite o casamento entre colaterais até terceiro grau, inclusive; já para questões dissertativas devemos indicar as duas posições doutrinárias. 
A jurisprudência começa a se inclinar pela possibilidade do casamento, desde que precedido do exame médico (laudo apresentado por dois médicos de confiança do juízo atestando que o ato nupcial não será prejudicial à prole). 
No entanto os primos podem se casar, pois são colaterais de 4º grau, não havendo proibição legal alguma em relação a eles.
1. Impedimentos Resultantes de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC)
b) Afinidade – estão proibidos de se casar:
Os afins em linha reta. A afinidade é o vínculo que se estabelece entre um cônjuge ou companheiro e alguns parentes do outro. Uma vez estabelecida a afinidade em linha reta
Ex.: sogro e nora, sogra e genro, padrasto ou madrasta com enteada ou enteado
não se extingue nem mesmo pela dissolução do casamento ou união estável que a originou. 
Logo, é proibido o casamento do sogro com a viúva de seu filho. 
Não há limites de graus na linha reta. 
Na linha colateral não há qualquer impedimento, permitindo-se o casamento de uma pessoa com seu ex-cunhado.
1. Impedimentos Resultantes de Parentesco (art. 1.521, I a V, CC)
c) Adoção – estão proibidos de se casar:
• O adotante com adotada – inciso I.
• O adotante com quem foi o cônjuge do adotado e o adotado com quem foi o cônjuge do adotante – inciso III.
• O adotado com outro filho (natural ou adotado) do adotante (pois neste caso eles passariam a ser considerados como irmãos) – inciso V.
2. Impedimentos em razão de Vínculo (art. 1.521, VI, CC)
As pessoas casadas – proibindo, assim a bigamia (ou até a poligamia) e prestigiando a monogamia – inciso VI. 
Não há proibição em se tratando de casamento religioso não inscrito no Registro Civil. 
A existência de casamento no exterior, ainda que não registrado no Brasil, é motivo para gerar impedimento (entendimento STJ).
3. Impedimento em razão de Crime (art. 1.521, VII, CC)
O cônjuge sobrevivente com o condenado como delinquente no homicídio ou tentativa de homicídio, contra o seu consorte - inciso VII.
Trata-se da conivência moral com o crime. 
Não há necessidade de cumplicidade entre o delinquente e o cônjuge sobrevivente. 
No entanto deve haver a condenação criminal. Se houver absolvição ou extinção de punibilidade (Ex.: prescrição) → não haverá o impedimento. 
Só há impedimento no homicídio doloso, pois no culposo não houve intenção de matar um para casar com o outro.
Assim...
O casamento realizado em qualquer das hipóteses acima o torna nulo (art. 1.548, CC).
Os impedimentos matrimoniais podem ser alegados por qualquer pessoa maior e capaz, até o momento da celebração do casamento. 
Deve haver declaração escrita com provas do fato alegado. 
Os nubentes podem fazer prova contrária e promover ações cíveis e criminais contra o oponente de má fé (art. 1.530, parágrafo único, CC). 
Após o casamento, a alegação deve ser feita por meio de ação de nulidade de casamento, a ser promovida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público.
B) CAUSAS SUSPENSIVAS (arts. 1.523/1.524, CC)
Anteriormente também eram usados os termos “impedimentos impedientes” ou “impedimentos proibitivos”. 
Como estes itens não são tratados como impedimentos (pois não proíbem de forma definitiva o casamento), modernamente usa-se apenas o termo “causas suspensivas”.
Podemos conceituá-las como sendo as circunstâncias que obstam à realização do casamento até que sejam tomadas certas providências, ou até que se cumpra determinado prazo, ou que acarretam a imposição do regime de separação de bens. 
A infração a esse dispositivo não desfaz o casamento (não é caso de anulação ou nulidade). 
Apenas, pela irregularidade, sofrem os nubentes certas sanções previstas em lei.
B) CAUSAS SUSPENSIVAS (arts. 1.523/1.524, CC)
Esses impedimentos são estabelecidos no interesse dos filhos do casamento anterior; no intuito de se evitar a confusão de sangue e/ou do patrimônio dos filhos com o da nova sociedade conjugal. 
São eles (art. 1.523, CC):
• O viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros (a não ser que prove a inexistência de prejuízo para os herdeiros) 
Evita confusão do patrimônio do bínubo (quem casou duas vezes) – inciso I.
Neste caso há dupla sanção: a) imposição de regime de separação obrigatória de bens (art. 1.641, I, CC); b) hipoteca legal de seus imóveis em favor dos filhos (art. 1.489, II, CC).
B) CAUSAS SUSPENSIVAS (arts. 1.523/1.524, CC)
• A viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal, salvo se antes de findo esse prazo der à luz algum filho ou provar a inexistência de gravidez (costumamos dizer em latim: cessante causa, tollitur effectus), sob pena de casar sob regime da separação obrigatória de bens – inciso II e parágrafo único.
Evita dúvida sobre a paternidade de filhos (chamamos de turbatio sanguinis - confusão sanguínea).
• O divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal, sob pena de imposição do regime de separação de bens – inciso III. 
Evita a confusão dos patrimônios. A sanção é a separação obrigatória de bens, exceto se for provado que não houve prejuízo para o outro cônjuge.
B) CAUSAS SUSPENSIVAS (arts. 1.523/1.524, CC)
O tutor ou curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados, ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, se não estiverem saldadas as respectivas contas (inciso IV). 
Trata-se de impedimento destinado a afastar a coação moral que possa ser exercida por pessoa que tem ascendência e autoridade sobre o ânimo do incapaz, resultando em um casamento por interesse. 
A sanção é a separação obrigatória de bens, exceto se for provado que não houve prejuízo para o tutelado ou curatelado.
Observações
Nas hipóteses previstas nos incisos I, III e IV é permitido aos nubentes solicitar ao Juiz que não sejam aplicadas as causas suspensivas, desde que provada a inexistência de prejuízo (art. 1523, parágrafo único, CC).
Por interessar exclusivamente à família, as causas suspensivas só poderão ser suscitadas pelos (art. 1.524, CC): 
a) ascendentes e descendentes (em linhareta), consanguíneos ou afins; 
b) colaterais em segundo grau (irmãos ou concunhados).
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
Celebra-se o casamento perante o Juiz de casamentos, com toda a publicidade, de portas abertas. 
Também é valida a celebração realizada perante ministro de qualquer confissão religiosa que não contrarie a ordem pública ou os bons costumes. 
Os nubentes, munidos da certidão de habilitação devem entrar em contato com a autoridade que presidirá a cerimônia, requerendo a designação do dia (qualquer dia, inclusive domingo e feriado), hora (dia ou noite) e local da celebração (art. 1.533, CC). 
A lei exige a presença de duas testemunhas que podem ser parentes ou não dos noivos. 
Se for em casa particular ou se um dos nubentes não souber ou não puder escrever, o número de testemunhas sobe para quatro (art. 1.534, CC). 
O presidente do ato, ouvindo dos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento nos seguintes termos: 
“De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”. 
Estes termos sacramentais estão previstos no art. 1.535, CC.
Depois do casamento será lavrado o respectivo assento no livro de registro.
CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
A celebração será imediatamente suspensa se um dos contraentes: 
recusar a solene afirmação de sua vontade;
declarar que sua manifestação não é livre e espontânea; 
manifestar-se arrependido. 
Se houver a suspensão não é possível a retratação do arrependimento no mesmo dia. Ainda que seja por pura “brincadeira”, suspende-se a celebração para o dia seguinte (art. 1.538, CC).
CASAMENTO POR PROCURAÇÃO (art. 1.542, CC)
Embora seja imprescindível a presença real e simultânea dos contraentes, o Código Civil permite o casamento por procuração, desde que um dos nubentes não possa estar presente. 
A procuração deve ser por instrumento público, com poderes especiais para contrair casamento, mencionando o regime de bens. 
Se ambos não puderem comparecer, deverão nomear procuradores diversos. 
O prazo do mandato não poderá exceder a 90 dias. 
A procuração pode ser revogada a qualquer tempo antes da celebração do casamento.
Também será exigido o instrumento público para a revogação (princípio da atração das formas – a mesma forma exigida para o ato deverá ser usada para a revogação).
PROVAS DO CASAMENTO
Prova-se o casamento no Brasil pela sua certidão do registro civil (prova direta específica), segundo o art. 1.543, CC. 
Sendo justificada a perda ou a falta de certidão, o casamento é provado por qualquer outra espécie de prova lícita. 
É indispensável a demonstração da impossibilidade de se obter a prova específica pela perda ou falta do registro.
PROVAS DO CASAMENTO
Regra: O casamento celebrado no Brasil prova-se pela “certidão do registro”.
Exceção: A prova pode ser produzida por outros meios, desde que justificada a falta ou perda do registro civil. Ex: incêndio do cartório 
Prova 1° o que gerou a perda ou falta do registro e depois prova-se a existência do próprio casamento (testemunhas, registro em outros documentos). 
Meio Judicial: Ação Declaratória.
POSSE DO ESTADO DE CASADOS
Posse do Estado de casados X Casados: o que distingue é a prova da celebração.
Posse do Estado de casados: é a situação de duas pessoas que vivem como casadas e assim são consideradas por todos.
Como regra, A PEC não constitui meio de prova do casamento, só podendo ser invocada em situações excepcionais, como: 
Para sanar qualquer falha no respectivo assento 
Para beneficiar a prole
POSSE DO ESTADO DE CASADOS
O pedido de reconhecimento de casamento com base na posse do estado de casados só poderá acontecer quando:
Tenham falecido os 2 cônjuges, pois se apenas um está morto, o sobrevivo deve indicar o lugar onde foi celebrado o casamento para pegar a 2° via da certidão.
Estando ainda vivos, não puderem manifestar sua vontade (doença mental)
CASAMENTO NUNCUPATIVO 
(ou in extremis vitae momentis, ou in articulo
mortis)
Nuncupativo (do latim nuncupare, ou seja, dizer de viva voz) → ocorre quando um dos contraentes nubentes se encontra em iminente risco de vida ou à beira da morte (art. 1.540, CC).
Não estando presente a autoridade competente para presidir o ato. 
Por esse motivo, dispensam-se as formalidades legais do ato (processo de habilitação, proclamas e até mesmo a presença da autoridade competente).
Basta que os contraentes manifestem o propósito de se casar e, de viva voz, recebam um ao outro por marido e mulher. 
É necessária a presença de seis testemunhas sem parentesco (na linha reta e colateral até 2° grau) e posterior habilitação e homologação judicial. 
Após a morte do enfermo devem comparecer diante da autoridade judicial competente, declarando por termo que foram convocadas pela pessoa que corria perigo de morte, mas estava consciente da sua vontade e que os contraentes, de forma livre e espontânea, aceitaram o casamento. 
Se a pessoa convalescer, basta que ratifique o casamento na presença da autoridade competente (não é necessário um novo casamento). 
Se não for ratificado o casamento não terá valor algum.
Casamento Putativo
Casamento putativo (de putare, que significa imaginar, pensar) é o casamento reputado ser o que não é. A lei, por meio de uma ficção e tendo em vista a boa-fé dos contraentes ou de um deles, vai atribuir ao casamento anulável, ou mesmo nulo, os efeitos do casamento válido, até a data da sentença que o invalidou
como escopo a proteção do(s) cônjuge(s) de boa fé e eventual prole, resta claro que se ambos estiverem de má-fé, os efeitos somente serão estendidos à eventual prole.
O casamento putativo está inserido dentro das nulidades do casamento.
Um casamento declarado nulo não deve produzir efeitos.

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