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Mercado livre de energia Tipos de Contratação Ambiente de contratação regulado (ACR) • Consumidores de baixa tensão, como residenciais e comerciais e os de alta tensão que não possuem a demanda mínima ou que ainda não fizeram a opção de migrar para o mercado livre de energia. Ambiente de contratação livre (ACL) • Os agentes participantes possuem livre negociação entre as partes. Neste mercado estão presentes os geradores de energia, os comercializadores e os consumidores, podendo transacionar contratos livremente entre eles. Mercado Livre no Mundo Países, como os EUA e da União Europeia, as regras permitem que mesmo o consumidor residencial (pessoas físicas) tenha a possibilidade de escolha do fornecedor, podendo optar por duração e preços de contrato e também por fontes de geração de energia. Se preferir ter o suprimento de energia elétrica proveniente apenas de energia eólica, por exemplo, você pode contratar um fornecedor que trata exclusivamente desta fonte. O site PowerToChoose.org é um exemplo de como o consumidor final pode contratar energia livremente no Estado do Texas, EUA. No exemplo abaixo, temos os resultados de várias opções de compra de energia para uma mesma localidade, onde o consumidor pode escolher não somente pelo preço, mas também pela fonte de geração, duração do contrato, entre outras variáveis. Exemplo: CEP da cidade de Dallas- USA • Portanto, o mercado livre de energia se assemelha aos planos de telefonia que são disponíveis para os usuários no Brasil, gerando poder de escolha dentre vários fatores que julgue importante. • No Brasil, ainda o mercado livre de energia é pequeno se compararmos com o exemplo do Texas, porém este mercado já é acessível a empresas que estejam ligadas à alta tensão (Grupo A) e que desejam ter poder de escolha sobre os preços, condições e fontes disponíveis para o suprimento de energia elétrica. História • Criado em 1995 com o objetivo de desonerar a máquina pública e atrair capital estrangeiro para livre concorrência; • Após o racionamento de 2001 foi mais incentivado; • Em 2003 foi elaborado novo modelo para os mercado; Participantes do mercado livre • Consumidores livres e especiais, os geradores de energia e os comercializadores. • Todos esses participantes são chamados de agentes e devem necessariamente estarem associados à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) O consumidor livre e o consumidor especial de energia • No mercado cativo, a empresa está debaixo do “guarda-chuva” da distribuidora; • No mercado livre de energia, a sua empresa deverá tratar a compra e consumo de energia de forma mais isolada, ou seja, deverá cumprir com requisitos de contabilização, liquidação financeira e garantias que, embora já existam no mercado cativo, deverão ser tratadas isoladamente em etapas diferentes de prestação de contas e responsabilidades. O consumidor livre e o consumidor especial de energia • Para o consumidor livre e especial de energia, é permitida a livre negociação do insumo energia, gerando a possibilidade de contratar de vários fornecedores diferentes, com preços e prazos diferentes daqueles do mercado cativo, onde há apenas uma tarifa regulada. • Diferentemente do mercado regulado, o consumidor passa a ser o responsável pela contratação de seu suprimento. O gerador de energia • Os geradores de energia são os mesmos no mercado cativo e no mercado livre de energia, porém, parte de sua produção é contratada no ACR através de leilões de contratação, geralmente a longo prazo e a outra parte é contratada através de contratos bilaterais com agentes do ACL. • O gerador, portanto, produz energia tanto para o consumo no mercado regulado como para o mercado livre de energia. Agente comercializado de energia • Criou-se uma nova categoria de empresa que tem função de dar liquidez ao mercado de energia e que faz a ponte entre a geração e o consumo. • Os agentes comercializadores fazem a compra de energia de vários fornecedores, com prazos, preços e montantes diversos e, com isso, criam uma carteira de produtos que podem ser ofertados aos consumidores. O agente comercializador de energia • Por ser o comercializador um agente facilitador de negociações, o mesmo tem a função de liquidez ao mercado, oferecendo tanto a venda para o consumo como muitas vezes a compra de excedentes, caso o consumidor tenha sobras contratuais de energia. O consumidor Especial Aqueles que possuem de 500KW a 3.000 KW de demanda contratada em qualquer horário, seja de ponta ou fora ponta. O consumidor especial tem liberdade de escolhas de fornecedores desde que a fonte de geração seja proveniente de plantas´: • Solares; • Eólicas • PCH’s; e • Biomassa. Acesso ao Mercado Livre Os passos abaixo são alguns que precisam ser tomados, dentro da normalidade do processo. Vale ressaltar que estes são atividades- macro e que eventualmente a sua empresa precise de algo mais específico. Uma vez acessando o mercado livre de energia, a empresa somente poderá retornar ao mercado cativo após 5 anos. Etapas para a migração: Denúncia do Contrato: O contrato atual de energia com a distribuidora deverá ser encerrado informando o desejo da empresa em ingressar no mercado livre de energia. Se existem multas contratuais aplicáveis, considera-las no processo de migração; Etapas para a migração: Assinatura de Contrato de Conexão: à medida que o contrato de fornecimento de energia com a distribuidora no mercado cativo será encerrado, é preciso celebrar novo contrato de conexão com a concessionária de energia, uma vez que as cláusulas são diferentes de acordo com o ambiente de contratação; Etapas para a migração: Adequação do sistema de medição (SMF): para que haja uma medição digital do consumo e homologado pelo mercado livre de energia, a sua empresa irá necessitar de uma mudança no medidor de energia. Esta etapa terá um “pequeno” investimento que também deverá ser considerado no momento de migração ao mercado livre; em torno de R$ 20.000,00. Parte desta adequação prevê, em conjunto com adequação do SMF, o agente deve estabelecer um canal VPN (Virtual Private Network) para comunicação entre os medidores e a CCEE. 5.4 Conforme Módulo 8 – Qualidade da Energia Elétrica, os sistemas de medição que atuam na aferição da qualidade de energia do sistema de distribuição devem fornecer as seguintes informações: a) tensão RMS fase neutro, por fase ou fase-fase; b) fator de potência; c) distorções harmônicas; d) desequilíbrio de tensão; e) flutuação de tensão; f) variações de tensão de curta duração; g) interrupções. Etapas para a migração: Associar à CCEE: é mandatória a participação na CCEE para os agentes do Mercado Livre de Energia. Portanto, uma parte considerável do processo de adesão será juntar documentação e acompanhar prazos do fluxo de habilitação. A empresa a partir deste momento terá algumas responsabilidades; Etapas para a migração: Contratar energia livre: é preciso comprar energia de um fornecedor agente da CCEE, seja ele um gerador ou um comercializador habilitado. Itens negociados no Contrato do Mercado Livre de Energia Fonte de energia: incentivada ou convencional; Submercado de Entrega: SE/CO, SUL, NORDESTE ou NORTE Prazo: meses em que a garantia de suprimento foi acordada entre comprador e vendedor de energia. Montante: quantidade de MWh ou MWmédio que foi acordado para cada período; • Sazonalização: é possível acordar com o fornecedor de energia uma sazonalização do montante a ser contratado durante o ano. Por exemplo, se a empresa consome mais nos meses de verão, então o contrato pode refletira queda de consumo após este período. • Flexibilização: o consumidor pode solicitar ao fornecedor de energia uma flexibilização do montante a ser contratado. Isso dá a possibilidade de ter menor propensão a sobras ou déficits de energia se o consumo variar do planejado. Porém, modulação, sazonalização e flexibilização podem alterar sensivelmente os preços de energia. • Modulação: a mais comum é a modulação flat, mas existe a possiblidade de comprar energia com diferentes modulações (leve, média e pesada). • A modulação, de forma simples, é a quantidade de energia desejada a ser consumida nos diferentes horários do dia. • Caso a produção tenha necessidade de maior consumo de energia durante algum período, é vantajoso pensar em comprar energia com modulação diferente da chamada FLAT. Papel da Distribuidora O papel principal da concessionária de energia é garantir o transporte de forma segura, sem oscilações e sem interrupções. Não é papel da distribuidora realizar compra e venda de energia como sua atividade fim, porém ela realiza esta função para os consumidores do chamado mercado cativo. Embora realize a compra e venda de energia, as tarifas de energia são reguladas pela Aneel e determinadas conforme a modalidade tarifária. Não há lucro nessa atividade realizada pela distribuidora, uma vez que a mesma apenas transfere aos consumidores o custo de aquisição e os outros encargos associados através da tarifa de energia. Papel da Distribuidora Já para o mercado livre de energia, a distribuidora tem o papel apenas da distribuição, garantindo a disponibilidade total da energia física para o consumidor. . Papel da Distribuidora Basicamente são 3 os custos que são pagos no boleto mensal de energia do mercado cativo: • Tarifas de Transporte: demanda e TUSD conforme consumo de energia na ponta e fora ponta • Tarifa de Energia (TE): tarifa calculada pela Aneel para os horários de ponta e fora ponta referente a quantidade de KWh utilizados. • Impostos: ICMS, PIS e Confins e contribuições. Papel da Distribuidora No mercado livre de energia, a diferença é que estes serviços serão pagos em faturas diferentes, uma para a distribuidora para pagar os serviços de transporte e disponibilização de carga e uma fatura para a energia elétrica consumida que será paga ao fornecedor livremente escolhido. Vantagens do Mercado livre de Energia 1. Redução dos custos mensais com energia • A partir da competição livre entre os fornecedores de energia, é possível conseguir bons preços visto que os fornecedores têm uma estratégia de maior venda e conquista de clientes quando poderão se utilizar de produtos diferenciados, com maiores flexibilidades ou com preços fixos que podem ser bastante mais atraentes do que o mercado cativo. • Porém, como o mercado livre de energia possui maior volatilidade de preços, pois depende dos despachos programados das diferentes fontes de energia, nem sempre o preço de energia livre será melhor que o mercado cativo podendo haver desvantagens em custos se não houver uma boa política de gerenciamento de compra. Para poder capturar oportunidades, é importante que a empresa crie um programa de compra de energia para se proteger dos riscos do mercado livre de energia, principalmente em relação à preços. 2. Controle sobre o orçamento • Havendo uma compra de energia a longo prazo, haverá controle sobre o pagamento mensal devido na parte de energia consumida. • Não há diferenças de bandeira tarifárias e não há diferença de preços entre os horários de ponta e fora ponta. A energia passa a ser uma variável controlável para o orçamento do próximo ano/período, uma vez que o contrato tem um preço conhecido durante todo o período, sem haver interferências de regulações externas ao controle da empresa. 3. Sua empresa pode optar por fontes alternativas de energia • Os contratos podem ser realizados diretamente com geradores de energia alternativa ou com um comercializador que garanta a compra de apenas fontes renováveis. • Desta forma, a sua empresa terá a garantia de estar consumindo energia sustentável, tornando o processo de produção com um menor impacto nos efeitos ao meio ambiente. 4. Não há interrupção do fornecimento • Não há nenhuma diferença nos serviços da distribuidora para clientes do mercado cativo ou do mercado livre de energia. Todos os consumidores livres têm o abastecimento garantido pela distribuidora, uma vez que haverá um contrato e um pagamento do serviço de forma mensal, como explicamos anteriormente. Desta forma, não há o que se falar em problemas relacionados ao suprimento se a empresa optar por migrar para o mercado livre de energia. Riscos do Mercado Livre de Energia • Como existe essa responsabilidade adicionada à empresa, um erro de avaliação ou de decisão na compra de energia livre pode colocar em riscos o preço a ser pago pelo insumo. • O maior risco está relacionado ao preço, pois existe uma volatilidade natural do mercado livre de energia, quando podem haver períodos muito bons de redução de custos como podem haver períodos muito ruins, elevando consideravelmente o valor de energia pago pela empresa. Formas de Contratação 1) Venda “flat” de energia: Neste produto, o comercializador ou o gerador de energia vende um montante fixo de MWh ao consumidor pelo período do contrato. Exemplo: Vamos imaginar que o consumidor faça um contrato de 100 MWh por mês por um período de 1 ano ao preço de R$ 200,00 por MWh. Neste caso, a fatura do consumidor nesse contrato será o valor de R$ 20.000,00, não importando seu consumo mensal. 2) Venda com flexibilidade Como o consumo de uma indústria tem oscilações durante o ano, comprar um montante flat pode não ser a melhor alternativa para não ficar em exposição ao mercado de curto prazo. Sendo assim, algumas comercializadoras possibilitam um percentual de flexibilidade no montante contratado para que este esteja mais próximo ao valor do real consumo do estabelecimento. Porém, quanto maior a flexibilidade, maior deverá ser o preço de energia ofertado, visto que o “risco” de consumo passa para o comercializador que cobrará um preço um pouco maior por essa forma de contratação. Preço fixo ou variando ao PLD Embora para o consumidor não seja desejável realizar contratos de longo prazo atrelados ao PLD, esta forma de contratação é possível. O valor a ser pago pela energia seria definido por um delta referente ao valor de PLD do mês. A forma mais comum e aquela que traz menor riscos ao consumidor refere-se à compra de energia por um preço fixo, onde as oscilações do PLD são transferidas para o comercializador, que garante a venda ao valor acordado em contrato, tirando o risco de volatilidade para os que dependem disso para produção. O que é o PLD O PLD (preço de liquidação das diferenças) é o custo marginal da produção de 1 MWh a mais que é esperado para a próxima semana operativa. Este preço é o custo de geração da usina térmica mais cara que esteja produzindo energia naquele momento. Preço Collar Essa seria uma modalidade onde estabelece-se um valor piso e um valor teto para o consumidor com um preço variando em torno do PLD. Ou seja, caso o preço da energia valorada ao PLD + spread esteja abaixo da linha de piso, o consumidor se compromete a pagar o mínimo estabelecido. O contrário também é verdadeiro, quando o preço estiver acima do teto, o consumidor pagará o valor limite acordado. Esta operação é complexa e geralmente utilizada apenas com consumidores ou geradores com alta carga. Fontes de geração de energia no mercado livre Basicamente, as fontes de geração de energia livre estão divididas em 2 classes, sendo Incentivada e Convencional.As incentivadas são relativas às fontes alternativas de energia como solar, eólica, PCHs e biomassa Fontes de geração de energia no mercado livre Já as fontes convencionais são aquelas de grandes hidrelétricas e termoelétricas, sendo estas últimas acionadas quando os níveis de produção hidráulica ficam mais baixos, como pode ser verificado no gráfico abaixo: Incentivos • Os incentivos à utilização das fontes alternativas se dão na forma de desconto nas tarifas de transmissão, onde o consumidor (e também o gerador) terão percentuais de redução aplicados ao total da tarifa de transporte que deve ser paga à transmissora/distribuidora. Esses descontos podem ser entre 0% e 100%, onde o mais comum são as energias que permitem 50% de desconto em alguns itens dos serviços de distribuição. • Existem regiões do país que permitem um maior desconto nominal em relação a outras, visto que os custos da distribuição são diferentes para cada concessionária de energia. Bibliografia • Catálogo da interenergia
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