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22/2/2012 1 Procedimentos iniciais em microbiologia clínica Colorações em microbiologia e semeaduras de amostras clínicas Quais os objetivos do laboratório de microbiologia clinica • Realizar exames diagnósticos para: – Isolar e identificar os microrganismos – Auxiliar a conduta terapêutica com métodos de sensibilidade – Produzir informações epidemiológicas com vista ao conhecimento e controle das doenças infecciosas Quais os procedimentos realizados no laboratório de microbiologia clínica • Fases – Pré‐analítica • Coleta • Transporte – Analítica (EXAME DIRETO e CULTURA) • Recebimento das amostras • Semeadura primária das amostras (técnicas) • Temperatura de incubação • Atmosfera de incubação • Tempo de incubação – Pós analítica • Emissão do laudo • Armazenamento dos microrganismos isolados 22/2/2012 2 Rotas para o diagnóstico das doenças infecciosas Rota imunológica Rota microbiológica Rota molecular Paciente (infecção suspeita) Rota imunológica Amostra de sangue ou de outra fonte (urina, secreções etc) Pesquisa de antígeno Pesquisa de anticorpos ELISA, RIA, IB, CIE, Aglutinação, outras Rota molecular Amostra de sangue ou de outra fonte (urina, secreções etc) Amostras clínicas diretamente Em isolados clínicos (identificação) Pesquisa de elementos alvo do genoma do microrganismo Hibridização e/ou PCR 22/2/2012 3 Rota microbiológica Amostras biológicas Exame direto Cultura A fresco Direto Campo escuro Colorações Observação de microrganismos Aumento da Imagem (Microscópio) Cultivo - Aumento do número de indivíduos (olho nu) Exame direto • Microscopia – Método comum usado para a detecção direta de microrganismos em amostras clínicas – Pesquisa de células inflamatórias relação quantidade/processo inflamatório. • Comprovação da qualidade da amostra. • Observação inicial de bactérias, leveduras, estruturas parasitárias ou inclusões virais – diagnóstico presuntivo » tratamento precoce. • Coloração de Gram • Coloração de Albert – Laybourn • Coloração de Fontana de Tribondeau • Coloração de Ziehl-Neelsen • Exame à fresco • Exame em campo escuro • Exame com Tinta da China 22/2/2012 4 Observação ao microscópio Critérios • Tamanho • Forma • Arranjo • Coloração Tamanho Bactérias varia entre 0,5 e 5 m Unidade de medida: micrômetro (m) 1000 nm = 1 m = 10-3 mm = 10-6 m Tamanho Não é uniforme no entre as bactérias 22/2/2012 5 Observação ao Microscópio Óptico Com objetiva de maior aumento: (Objetiva de Imersão) Forma Arranjo Dependente do número de planos de divisão: Um plano Dois planos Três planos Vários planos estrepto tétrade sarcina estáfilo 22/2/2012 6 Coloração algas Fixação para Coloração Coloração de Gram • 1884, Hans Cristian Gram, descobriu que as bactérias podiam ser divididas em dois grandes grupos, partindo da capacidade que têm as células coradas de resistirem ou não a uma descoloração pelo álcool. 22/2/2012 7 Coloração de Gram • Classificar a bactéria – Base morfológica – Base tintorial • Diagnóstico rápido e presuntivo • Qualidade da amostra Coloração de Gram • Gram positivas ou Gram negativas – Diferenças de composição da parede celular Parede celularParede celular Principal constituinte é o peptidoglicano (mureína) 22/2/2012 8 Organização (montagem) do peptidoglicano: Em Gram Negativo Em Gram Positivo Outros elementos • Proteínas integrais (porinas) • Ácido teicóico (em Gram +) • Ácido micólico (em BAAR) • Açúcares e glicolipídeos complexos (em BAAR) • Lipopolissacarídeo (em Gram -) Parede celular Parede celular 22/2/2012 9 BAAR Parede celular BAARGram -Gram +Característica AusentePresenteAusenteMemb. externa AusentePresenteAusenteEsp. periplásmico Rígida/flexívelRígida/flex.RígidaEstrutura celular N. digerívelEsferoplastoprotoplastoForma S/ peptidogl. AusenteAusentePresenteÁc. teicóico Ácido MicólicoLPSMuito poucoLipídeos Muito poucoFinoEspessoPeptidoglicano Menos sensível +/- sensívelMais sensível Sensib. a corantes e antibióticos Coloração de Gram EM TODOS OS PREPARADOS DEIXAR SECAR À TEMPERATURA AMBIENTE FIXAR EM CALOR BRANDO (45 a 60ºC) em chapa aquecedora 22/2/2012 10 Coloração de Gram Avalia as diferenças na permeabilidade das membranas da célula bacteriana aos reagentes quimicos, Primeiro - corante básico Cristal de Violeta Segundo - Mordente Iodo • aumenta a finidade da célula pelo corante primário Terceiro - Agente descolorante Álcool e/ou Acetona • remove o corante porque remove a membrana externa Quarto – corante básico Safranina ou Fucsina Coloração de Gram 1 min Lavar com água corrente retirando o excesso de corante Lavar com água corrente Álcool acetona ou álcool 95% até que não escorra mais corante cristal de violeta 30 s. Safranina ou fucsina diluída 1/10 Lavar com água corrente e secar ao ar ou em papel - filtro 22/2/2012 11 Coloração de Gram • Modificada por Hucker, 1999 • Cristal de violeta – 30 segundos • Lugol – 30 segundos • Contra corar com safranina ou fucsina básica 0,1 a 0,2 % Coloração de Gram • Como reportar o resultado – Avaliar a amostra com objetiva de 10 X – Analisar várias áreas do esfregaço e relatar a presença ou ausência de microrganismos, quantificando‐os e classificando‐os Coloração de Gram • Como reportar o resultado – Cocos gram positivos aos pares – Cocos gram positivos em cadeias – Cocos gram positivos agrupados em cachos – Bacilos gram positivos – Bacilos gram positivos ramificados – Bacilos gram positivos corineiformes ou difteroides – Bacilos gram positivos tipo döderlein – Diplococos gram negativos – Bacilos gram negativos – Cocobacilos gram variáveis – Leveduras e/ou leveduras em filamentação 22/2/2012 12 Coloração de Gram Classificação numérica Classificação descritiva Número de bactérias observadas com aumento de 1000 X 0 Ausentes 0 1+ Raros < 10 em todos os campos observados 2+ Alguns, poucos ou moderados 10 a 30 em todos os campos observados 3+ Muitos ou frequentes > em um campo observado Coloração de Gram • Amostras genitais – classificação de Nugent, 1991 (simplificada) Grau 1 – padrão normal Predomínio de lactobacilos e poucos outros morfotipos bacterianos identificáveis (Gardnerella vaginalis, anaeróbios, microbiota Gram negativa, cocos Gram positivos) Grau 2 – padrão intermediário Redução de lactobacilos e aumento de outros morfotipos Grau 3 – vaginose bacteriana Ausência de lactobacilos e grande aumento no número dos outros morfotipos Coloração de Gram • Relatar a celularidade quando necessário – Amostras normalmente estéreis – Amostras de trato respiratório inferior – Amostras de trato genital • Agregar valor ao exame microscópico • Resultado negativo em bacterioscopia não significa ausência de microrganismos – Sensibilidade da coloração 104 UFC/mL 22/2/2012 13 Classificação dos achados no Gram Bacilo gram negativo Bacilos Cocobacilos Cocos retos Enterobactérias e NF Curvos Campylobacter Helicobacter Vibrio Exrtremidades afiladas Fusobacterium Capnocytophaga Haemophilus Bordetella Brucella Bacterioides Neissoeria Moraxella Veillonella Acinetobacter Classificação dos achados no Gram Bacilo gram positivos ou gram variáveis Bacilos Cocobacilos Cocos retos Lactobacillus Erisipelothrix Curtos Listeria Esporulados Bacillus Clostridium Gardnerella (gram-variável)Neissoeria Moraxella Veillonella Acinetobacter Curvos Mobiluncus (gram-variável Ramificados Nocardia Actinomyces Streptomyces Aos pares e em cadeia S. pneumonias Enterococcus Streptococcus Cocos anaeróbios Agrupados em cachos tétrade Staphylococcus Micrococcus Streptococcus Aerococccus Cocos anaeróbios Coloração de Ziehl‐Neelsen • Coloração de BAAR • Utilizada basicamente para micobactérias • Parede constituída de ácidos micólicos – Resistentes à descoloração por solução á álcool‐ ácido • Usada para o diagnóstico inicial e eficácia terapêutica em pacientes com tuberculose pulmonar e na pesquisa de bacilo de Hansen 22/2/2012 14 Coloração de Ziehl‐Neelsen • Histórico – Desenvolvida por Paul Ehrlich (1882) para a bactéria Mycobacterium tuberculosis. A maioria das bactérias são descoradas pelo alcool-ácido e as bactérias das familias Mycobacteriaceae, Nocardiaceae e Actinomycetales são ácido-resistentes. – A coloração ácido-resistente é também uma coloração diferencial que mede a resistência das células coradas à descoloração por ácidos. Esta propriedade está relacionada com o conteúdo lipídico das células. – as paredes celulares dos microrganismos ácido-resistentes contêm ácido micólico que torna a parede celular impermeável à maioria dos corantes. – Neste tipo de coloração as células são coradas com carbol-fucsina quente, descoradas com solução de álcool-ácido, e coradas com um segundo corante como exemplo o azul de metileno. As bactérias ácido resistentes retém a coloração do primeiro corante. Coloração de Ziehl‐Neelsen 1. Fixar o esfregaço com calor 2. Cobrir com Fucsina de Ziehl-Neelsen 2. Aquece a parte inferior da lâmina com chama de bico de Bunsen até a emissão de vapores e deixar em contato por 5 minutos Fucsina penetra pelos poros dilatados da membrana bacteriana, ficando estas vermelhas 3. Lavar com água corrente 4. Cobrir o esfregaço com uma mistura de álcool + ácido por 1 minutos 5. Lavar com água corrente As bactérias permanecem coradas, pois são resistententes 6. Cobrir o esfregaço com o corante de fundo (azul de metileno) e deixar em contato por 2 minutos 7. Lavar com água corrente Leitura e interpretação • Observar 100 campos microscópicos, no mínimo • Priorizar aqueles com maior quantidade de leucócitos e células ciliadas – Realizar leitura horizontal e mtoda a extensão do esfregaço 22/2/2012 15 Leitura e interpretação • Em esfregaços negativos ou com menos de um bacilo observar até 300 campos • Em esfregaços com 1 a 10 bacilos por campo observar 50 campos • Em esfregaços com mais de 10 bacilos por campo observar apenas 20 campos • Amostras extrapulomonares são consideradas positivas em qualquer quantidade de bacilos Guia para liberação de resultados em amostra de escarro Coloração de Ziehl‐Neelsen (objetiva de 100 X) Resultados 0 Não foram observados bacilos álcool‐acido resistentes em 100 campos observados 1 a 9 bacilos por 100 campos Relatar a quantidade de bacilos observados 10 a 99 bacilos por 100 campos Positivo (+) Média de 1 a 10 bacilos nos 50 primeiros campos observados Positivo (++) > 10 bacilos por campo, nos primeiros 20 campos observados Positivo (+++) Guia para liberação de resultados em outras amostras Coloração de Ziehl‐Neelsen (objetiva de 100 X) Resultados Ausência de bacilos Negativo (Não foram observados bacilos álcool‐acido resistentes na amostra analisada) Presença de bacilos em qualquer quantidade Positivo (Presença de bacilos álcool‐acido resistentes na amostra analisada) 22/2/2012 16 Guia para liberação de resultados em pesquisa de bacilos de Hansen Coloração de Ziehl‐Neelsen (objetiva de 100 X) Resultados Ausência de bacilos em 100 campos examinados Índice baciloscópico 0 Presença de 1 a 10 bacilos em 100 campos examinados 1+ Presença de 1 a 10 bacilos em 10 campos examinados 2+ Presença de 1 a 10 bacilos em média em cada campo examinado 3+ Presença de 10 a 100 bacilos em média em cada campo examinado 4+ Presença de 100 a 1000 bacilos em média em cada campo examinado 5+ Presença de mais de 1000 bacilos em média em cada campo examinado 6+ Índice baciloscópico • Média aritmética do número de cruzes por lâminas observadas – Deve ser relatado no laudo • Exemplo – Linfa de lóbulo de orelha esquerda = 2+ – Linfa de lóbulo de orelha direita = 3+ – Linfa de cotovelo direito =3 + – Linfa de cotovelo esquerdo = 2+ • Índice baciloscópico de 2,5 Coloração de Ziehl‐Neelsen • Examinar a amostra com objetiva de 10 X a fim de selecionar as áreas mais ricas em macrófagos e evitar aquelas com hemácias 22/2/2012 17 Coloração de Albert‐Laybourn • Método de coloração diferencial recomendado para a pesquisa de granulações metacromáticas dealgumas espécies de Corynebacterium (C. diphtheriae) – Granulações coram‐se em azul – Corpo da bactéria cora‐se em verde • Diagnóstico presuntivo Coloração de Albert‐Laybourn • Amostras de secreção de orofaringe e nasofaringe • Preparar o esfregaço imediatamente após a coleta Coloração de Albert‐Laybourn • Secar o esfregaço ao ar e fixar no calor • Cobrir o esfregaço com a solução de Albert – Laybourn e deixar por 5 minutos • Lavar a lâmina em água corrente • Cobrir a lâmina com o lugol (duplamente concentrado) e deixar por 1 minuto • Secar ao ar • Ler em objetiva de imersão (100 x) 22/2/2012 18 Coloração de Albert‐Laybourn • Resultados – Presença de bacilos com granulações metacromáticas sugestivos de Corynebacterium spp – Não foram vistos bacilos com granulações metacromáticas sugestivos de Corynebacterium spp Presença de inclusões de polifosfato (granulações metacromáticas) e aspecto de letras chinesas (1000X, coloração de Albert Laybourn) http://www.textbookofbacteriology.net/diphtheria.html Coloração de Fontana de Tribondeau • Tem como objetivo a pesquisa de espiroquetídeos em material de lesão genital masculina e feminina ou raramente em outras áreas (mucosa oral, anal etc) – Bactérias que se impregnam pela prata • Nitrato de prata 22/2/2012 19 Coloração de Fontana de Tribondeau • Coleta da amostra – Realizar esfregaço também pra gram e permitir a pesquisa de outros agentes de DST • Limpar a lesão com gaze estéril • Escarificar a lesão com alça bacteriológica ou irritá‐la com éter • Adicionar uma gota de solução fisiológica estéril sobre a lesão e aguardar por um minuto • Com alça bacteriológica estéril retirar o material seroso da profundidade da lesão e depositar em pontos (2 a 3) da lâmina. • Secar ao ar e enviar ao laboratório Coloração de Fontana de Tribondeau Presença de espiroquetas sugestivos de Treponema (1000X, coloração de Fontana de Tribondeau Microscopia de campo escuro • Utilizada para a visualização de espiroquetídeos em diferentes amostras – Microscópio com condensador de campo escuro • Realizar a coleta com os mesmos cuidados – Depositar o material seroso na lâmina – Cobrir com uma lamínula – Vedar com parafina ou esmalte 22/2/2012 20 Microscopia óptica comum Microscopia em campo escuro Presença de espiroquetas em campo escuro (400X) Exame à fresco de amostras clínicas • Genital – Visualização de Trichomonas spp e leveduras • Pode ser realizado com outras amostras – Mucosa oral – Urina – Esfregaços de lesões – Pesquisa de fungos ou outros parasitas 22/2/2012 21 Exame à fresco de amostras clínicas • Recolher o material e depositar sobre uma lâmina de microscopia • Cobrir com uma lamínula • Observar em microscopia direta com aumento de 400 X 22/2/201222 • Exame microscópico direto de cápsulas bacterianas. • Ampla utilização na pesquisa de Cryptococcus neoformans levedura associada a meningite em pacientes imunocomprometidos. • Impregnação do fundo da lâmina com grânulos de tinta evidenciação do microrganismo. COLORAÇÃO COM TINTA DA CHINA (NANQUIM) Cultivo de amostras clínicas • Seleção dos meios de culturas • Tipos de semeaduras • Atmosfera • Temperatura de incubação • Tempo de incubação 22/2/2012 23 Cultivo de amostras clínicas • Meios de cultura – Tipos • Quanto à característica física – Sólido, semi‐sólido e líquido • Quanto à composição química – Simples e complexo • Quando à função – Seletivo, diferencial, de transporte e de identificação Cultivo de amostras clínicas • Examinar o meio de cultura quanto à: – aparência – validade – ausência de contaminação • Identificar o meio a ser usado com os dados do paciente e da amostra clínica • Não ocultar as informações sobre o meio de cultura 22/2/2012 24 Cultivo de amostras clínicas • A semeadura primária é uma das etapas mais importante na rotina microbiológica – Técnicas de semeadura • Semeadura quantitativa com alça calibrada • Semadura por esgotamento – Usada para semiquantificação Técnica de semeadura quantitativa e técnica de esgotamento 22/2/2012 25 Cultivo de amostras clínicas – Inocular primeiro meios menos seletivos (exemplo) Escarro Ágar chocolate Ágar sangue Ágar MacConkey Caldos Cultivo de amostras clínicas • Atmosfera e temperatura de incubação Temperatura (± 2°C) Atmosfera Finalidade 35°C Ar ambiente Crescimento da maioria dos microrganismos 35°C 5 a 10 % de CO2 Idem, incluindo os fastidiosos ( S. pneumoniae, H. influnezae, N, meningitidis) 42°C Ar ambiente (se necessário microaerofilia colocar em gerador específico que produz 5 a 15 % de O2 e 10 % de CO2 Campylobacter spp 30°C Ar ambiente Fungos 37°C Ar ambiente Micobactérias 22/2/2012 26 Incubação em condições de anaerobioseIncubação em condições de anaerobiose Análise macroscópica do crescimentoAnálise macroscópica do crescimento Culturas puras 22/2/2012 27 Análise microscópicaAnálise microscópica Coloração de GramColoração de Gram 22/2/2012 28 22/2/2012 29 22/2/2012 30 Coloração de Ziehl‐NielsenColoração de Ziehl‐Nielsen 22/2/2012 31 Outras técnicas de coloraçãoOutras técnicas de coloração Cápsula Imagem ao microscópio óptico comum
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