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Micotoxinas Exógenas e Endógenas

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Universidade Federal Fluminense 
 
Instituto Biomédico 
 
Departamento de Microbiologia e Parasitologia 
 
Disciplina de Micologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MICOTOXINAS EXÓGENAS E ENDÓGENAS 
 
 
 
 
 
 
 
Prof
a
 Diana Bridon da Graça Sgarbi 
 
 
 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana Sgarbi 
 Pág. 2/ 9 
 
MICOTOXINAS EXÓGENAS E ENDÓGENAS 
 
 Alguns fungos sintetizam substâncias tóxicas que, quando ingeridas ou inoculadas no 
homem ou em outros animais, podem produzir distúrbios orgânicos. Esses produtos naturais são 
denominados micotoxinas e podem ser de dois tipos: exotoxinas ou endotoxinas. 
 
MICOTOXINAS EXÓGENAS: 
 
 As micotoxinas são denominadas de exotoxinas (micotoxinas exógenas) quando são 
produzidas e depois liberadas pelo fungo no meio externo, ou seja, o substrato utilizado, e é esse 
substrato, que ao ser ingerido pelo homem ou animal, determinará a intoxicação, denominada 
micotoxicose. Não há necessidade de ingerir o fungo que, geralmente, não está presente. Então, 
micotoxicose é o nome dado à doença (intoxicação) que ocorre por ingestão de alimentos 
contaminados por substâncias tóxicas produzidas e liberadas pelos fungos. 
 
 Os principais fungos produtores de micotoxinas exógenas pertencem a 3 gêneros: 
Aspergillus, Fusarium e Penicillium. Esses fungos são sapróbios, ubíquos, e benéficos em diversos 
aspectos, pois, entre as vantagens que nos oferecem, participam da reciclagem da matéria orgânica 
no solo. O potencial patogênico desses, para humanos ou animais, é mínimo, sendo agentes de 
micoses oportunistas. Mas, esses mesmos fungos, em circunstâncias determinadas, podem produzir 
substâncias tóxicas em alimentos. 
 
Aflatoxinas: 
 
 Fungos produtores: Aspergillus flavus, Aspergillus parasiticus. 
 Alimentos contaminados: amendoim, milho, nozes, amêndoas, trigo, cevada, aveia. 
 
 As aflatoxinas (bifurano-cumarinas) são observadas usualmente juntas, mas em proporções 
variadas, as principais são B1, G1 e M1 e seus derivados hidrogenados, B2, G2 e M2, sendo que a 
predominante e mais tóxica é a B1. 
 São termorresistentes, ocorre pouca ou nenhuma inativação pelos processos normais de 
cozimento. Podem ser degradadas pelo tratamento com amônia, esse procedimento tem sido 
utilizado para alimentos que são utilizados como ração animal. O tratamento com soluções de 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana Sgarbi 
 Pág. 3/ 9 
hipoclorito de sódio também é eficaz, esse procedimento é empregado em laboratórios para a 
descontaminação de equipamentos e vidrarias utilizados nas análises. 
 O amendoim é um artigo muito importante em vários países, porque além de crescer 
facilmente em clima temperado, tem um alto teor calórico e proteico. O tipo de processamento 
influencia muito: os amendoins torrados com casca são menos afetados que os amanteigados e os 
torrados sem a casca. 
 
 Em animais, já foram evidenciadas diversas patologias como resultado de intoxicações 
agudas, subagudas ou crônicas. Essas alterações incluem hiperplasia do ducto biliar, hemorragia, 
fibrose hepática, necrose hepática aguda e hepatoma primário. 
 No homem não há comprovação experimental de intoxicações, mas as aflatoxinas têm sido 
incriminadas em processos agudos e fatais, como tem sido observada uma correlação positiva entre 
a incidência de câncer hepático e ingestão de aflatoxina B1. Mas o papel da AFB1 é discutível como 
agente carcinogênico primário, pois nessas populações estudadas também existem outros fatores, 
como hepatite B. 
 
 O leite de animais que ingerem AFB1 apresenta a AFM1. No entanto o leite pasteurizado 
comercializado em grandes cidades não costuma apresentar contaminação ou essa ocorre em níveis 
muito reduzidos. Isso se deve ao fato desse ser originado da mistura da produção de vários animais 
e de diferentes localidades, contribuindo para sua diluição. 
 
Ocratoxinas: 
 
 Fungos produtores: Aspergillus ochraceus e diversas espécies do gênero Penicillium. 
 Alimentos contaminados: Milho, café em grãos, trigo, feijão, cevada, rim e sangue suíno, 
bacon, presunto, salsicha. 
 
 As ocratoxinas são um grupo derivado da isocumarina ligado a L--fenilalanina. São 
conhecidas 3, denominadas A, B e C, onde A e B ocorrem em condições naturais. A mais 
importante e frequente é a ocratoxina A. 
 A ocratoxina A é o principal determinante de nefropatias em suínos. Experimentalmente, 
tem-se observado também lesões hepáticas, acão imunossupressiva, teratogênica e potencial 
carcinogênico (tumores renais e hepáticos). No homem, existem indícios de lesões renais, sendo 
essa considerada o agente da nefropatia endêmica dos Balcãs. 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana Sgarbi 
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 Suínos e aves, alimentados com ração contendo essa micotoxina apresentam, dependendo da 
concentração administrada, resíduos nos tecidos. Em suínos estão presentes principalmente nos rins, 
podendo ser encontrada no fígado, no músculo e tecido adiposo. Em aves, ocorrem resíduos nos rins 
e em ovos. 
 A ocratoxiana A, presente no feijão, pode ser bem reduzida pelo preparo tradicional desse 
alimento, ou seja: molho em água por 12 horas e o cozimento sob pressão por 40-45 minutos. 
 
Zearalenona: 
 
 Fungos produtores: Fusarium: F. avenaceum, F. culmorum, F. equiseti, F graminearum, F. 
lateritium, F. moniliforme, F. oxysporum. 
 Alimentos contaminados: milho, trigo, nozes, cevada. 
 
O suíno é o animal doméstico mais sensível, mas já foi observada intoxicação natural em 
gado leiteiro e aves (o peru é a ave mais sensível). Os leitões podem ser afetados através do leite 
materno, com o consequente desenvolvimento de síndrome estrogênica. 
 Efeitos: hiperestrogenismo, aborto, natimortos, falso cio, prolapso retal e da vagina, 
efeminização dos machos com desenvolvimento de mamas, etc. 
 A zearalenona tem afinidade pelos receptores de estrógenos do organismo animal, os quais 
irão mediar suas atividades como ocorre com o estrógeno natural (17-estradiol). Desse modo, os 
órgãos de animais intoxicados podem conter essa micotoxina, o que representa risco para o 
consumo humano. 
 
Patulina: 
 
 Fungos produtores: Principalmente algumas espécies de Penicillium (exemplo: P. 
griseofulvum); também foi observada a produção em Aspergillus clavatus e A. terreus. 
 Alimentos contaminados: sucos de frutas (principalmente maçã) e produtos de confeitaria. 
 
A patulina é inativada por compostos contendo grupamento sulfidrila e também por SO2. Se os 
sucos de frutas são submetidos à fermentação alcoólica, atinge-se degradação de aproximadamente 
99% da patulina. 
 Não há comprovação de intoxicações naturais. No homem, a administração oral produz 
náuseas e irritação estomacal. 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana Sgarbi 
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Fumonisina: 
 
 Fungo produtor: Fusarium (F. moniliforme, F. proliferatum e F. nygami) 
 
 A fumonisina foi caracterizada em 1988, é responsabilizada por alguns processos 
patológicos como a leucoencefalomalácia equina e edema pulmonar em suínos. Para ratos é 
hepatotóxica e hepato-carcinogênica e também é correlacionada com risco de câncer esofageano em 
populações da África e China. 
 Até 2002 tinham sido caracterizados 28 análogos de fumonisinas, produzidas em milho 
contaminado. As fumonisinas são micotoxinas com estrutura semelhante à base de cadeia longa 
esfingosina, fato que indica uma possível interferência dessas no metabolismo de esfingolipídeos. 
 
CONTROLE DE MICOTOXINAS EMALIMENTOS: 
 
 O controle é feito pela prevenção e eliminação, sendo que a prevenção é o mais eficaz. Os 
cuidados na prevenção incluem as fases: plantio (combate a doenças e pragas), colheita (tempo 
certo da colheita, evitar danos mecânicos), transporte (proteger contra a chuva) e armazenamento 
(ambiente limpo; combate aos insetos, pássaros e roedores; controle de umidade). Deve-se sempre 
observar os produtos que serão adquiridos: modo de acondicionamento, integridade da embalagem 
e produto, prazo de validade, e, principalmente, nunca consumir produtos visivelmente “mofados”. 
 A eliminação de micotoxinas depende do tipo e concentração dessas. O uso de calor não é 
vantajoso, já que necessitaria de altas temperaturas e maior tempo de exposição, o que alteraria a 
qualidade do alimento; além disso, algumas micotoxinas (ex: aflatoxina) são termorresistentes. O 
uso de amônia pode ser eficiente, mas restringe-se ao preparo de ração animal. Como já citado 
anteriormente, a ocratoxina A, se presente em feijão, pode ser eliminada pelo preparo usual (molho 
por 12 horas e cozimento em panela de pressão). 
 
 
 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana Sgarbi 
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MICOTOXINAS ENDÓGENAS: 
 
 As micotoxinas são denominadas de endotoxinas (micotoxinas endógenas) quando estão 
localizadas no interior do micélio do fungo. Há necessidade de ingerir o fungo para que ocorra 
intoxicação, que é o micetismo. 
 O micetismo é a doença (intoxicação) causada pela ingestão de fungos, na maioria das vezes 
macroscópicos (cogumelos venenosos), que contém essas substâncias tóxicas (endotoxinas). Alguns 
desses fungos são tóxicos somente se ingeridos em grandes quantidades, em certas estações do ano, 
crus ou se consumidos por pessoas susceptíveis. A sensibilidade individual parece variar bastante. 
 A maior dificuldade no diagnóstico de micetismo é que o paciente geralmente não leva uma 
amostra do fungo ingerido para que possa ser identificado. Por esse motivo, o tipo de micetismo é 
classificado de acordo com os sintomas clínicos. 
 
TIPOS DE MICETISMO: 
 
A) Trato gastrointestinal: 
 
Os sintomas são de náuseas, vômitos e diarréia, e iniciam logo após a ingestão do fungo, 
terminando em 1 ou 2 dias. Raramente é fatal. 
 Não são conhecidos os princípios ativos, provavelmente várias micotoxinas não 
relacionadas, já citada a trealose. 
 Principais gêneros: Russula, Boletus, Clavaria e Lactarius, pertencente à classe dos 
Basidiomycetes, que também apresentam espécies comestíveis facilmente confundidas com as 
espécies produtoras de endotoxinas. 
 Exemplos: Boletus satanas, Russula emetica. 
 Devido ao fato de não terem sido identificadas as micotoxinas que causam os sintomas, o 
tratamento fica restrito à lavagem estomacal. 
 
B) Trato gastrointestinal e envenenamento celular: 
 
 Os sintomas iniciais aparecem após algumas horas, causando náuseas, vômitos, dores 
abdominais, diarréia, fortes dores de cabeça. Em casos extremos, podem ocorrer icterícia e 
convulsões, seguidas por coma e eventualmente morte após 2-7 dias. 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana Sgarbi 
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 Por muitos anos acreditava-se ser o ácido helvético o causador do envenenamento celular, 
atualmente sabe-se que a micotoxina responsável é a mono-metil-hidrazina (MMH), que é o 
produto da hidrólise da giromitrina presente no fungo. A MMH é usada como combustível de 
foguete pela NASA e é conhecida por ser extremamente tóxica. 
 A ação da mono-metil-hidrazina é semelhante a dos ciclopeptídeos (ver próximo ítem), que 
afeta as células hepáticas. Além disso, é hemolítica e tóxica para o sistema nervoso central e 
irritante gastrointestinal. 
 Exemplo: Helvella esculenta (Gyromitra esculenta). Esse cogumelo também é conhecido 
como “falsa Morel”, devido a confusões com as espécies comestíveis de Morchella que são muito 
apreciadas. 
 Observação: A Helvella esculenta pode ser comestível, desde que seja feito um cozimento 
demorado e com várias trocas do líquido da escaldadura, e sempre em local bem ventilado para 
evitar a inalação da MMH. 
 
C) Envenenamento celular: 
 
 Nesse grupo, incluem-se: Amanita phalloides, A. bisporigera, A. verna e A. virosa. 
 Os sintomas iniciam de 8 a 12 horas após a ingestão do fungo, o que é tempo suficiente para 
que seja digerido e a maior parte da substância tóxica seja absorvida. A sintomatologia inclue dores 
abdominais intensas, vômito, diarréia, delírio, alucinações, distúrbios renais e hepatite tóxica. A 
morte ocorre por parada cardíaca. 
 Essas espécies de Amanita são responsáveis por 90% das mortes por ingestão de cogumelos 
tóxicos, valendo destacar que 98% dos indivíduos que ingerem A. phalloides (a mais tóxica) são 
vítimas fatais. 
 O princípio ativo são ciclopeptídeos, principalmente as amatoxinas. Esses peptídeos cíclicos 
inibem a enzima RNA polimerase II e interfere com a síntese de RNA-mensageiro. 
 Não há antídoto. 
 
D) Associação com álcool: 
 
 Existem fungos que são usualmente comestíveis, mas que causam intoxicações quando 
ingeridos com álcool, que é o caso de algumas espécies do gênero Coprinus. O princípio ativo é a 
coprina, um análogo estrutural do aminoácido glutamina. 
 Quando a bebida alcoólica é consumida, o álcool é primeiro oxidado para acetaldeído por 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana Sgarbi 
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uma enzima do fígado chamada álcool-desidrogenase. O acetaldeído é depois oxidado para ácido 
acético por outra enzima hepática denominada aldeído-desidrogenase. A coprina é degradada 
gerando 2 produtos (1-amino-ciclopropanol e di-hidroxi-ciclopropano) que são inativadores da 
aldeído-desidrogenase. Como consequência, irá ocorrer o acúmulo de acetaldeído, que é o 
responsável pelos efeitos desagradáveis. 
 Sintomas: Rubores, dor de cabeça, náuseas, vômitos e dificuldades respiratórias. 
 Exemplo: Coprinus atramentarius. 
 Para que não ocorram efeitos devido a associação da coprina com o álcool, o indivíduo para 
degustar o C. atramentarius deve abster-se de bebidas alcoólicas por cerca de uma semana antes e 
uma semana após a ingestão do cogumelo. 
 Observação: O medicamento dissulfiran, utilizado para o desencorajamento do uso de 
bebidas alcoólicas, tem o mesmo mecanismo de ação, por também inibir a aldeído-desidrogenase, 
fazendo com que a concentração de acetaldeído na corrente sanguínea atinja valores 5 a 10 vezes 
maiores do que na ausência desse inibidor. 
 
E) Sistema nervoso central: 
 
1) Amanita muscaria e Amanita pantherina: 
Os sintomas incluem: espasmos musculares, tonteira, vômitos, seguido de sono profundo 
com sonhos intensos, geralmente após 2 horas da ingestão. Após o despertar, o indivíduo apresenta-
se hiperativo, com movimentos compulsivos e sem coordenação, e muitas vezes com percepção 
alterada da realidade (alucinações). Podem ocorrer casos fatais como resultados de parada 
respiratória. 
 As principais micotoxinas são o ácido ibotêmico e o muscimol. O ácido ibotêmico é 
convertido em muscimol (derivado muito mais potente) pela reação de descarboxilação, que é 
obtida pela secagem e aquecimento elevado do cogumelo. 
 
2) Fungos alucinógenos: 
O gênero Psilocybe, que é encontrado comumente crescendo em fezes de herbívoros na 
época das chuvas, é utilizado por índios mexicanos em rituais sagrados e por indivíduos 
toxicômanos. 
 Seus princípios ativos são a psilocina e psilocibina, que possuem atividade anti-serotonina, 
porém é 100 vezes menos potente do que o LSD-25. 
 
UFF/ Instituto Biomédico/ MIP/ Disciplina de Micologia/ Profa Diana SgarbiPág. 9/ 9 
 
3) Claviceps purpurea: 
É um Ascomycete, parasita obrigatório que se desenvolve em gramíneas, principalmente 
centeio, formando um esclerócio, que é uma estrutura rígida conhecida como “esporão de centeio” 
ou “ergot”. 
A intoxicação ocorre pela ingestão do esclerócio inteiro ou sob a forma de farinha e é 
denominada ergotismo. É caracterizada pela sensação de frio ou calor intenso, dores nos músculos 
da barriga da perna, alguns indivíduos apresentam convulsões severas enquanto que outros 
indivíduos gangrena dos braços e pernas. 
Os animais domésticos são susceptíveis, em bovinos e equinos há inicialmente claudicação e 
edema dos membros; com a progressão, há uma interrupção da circulação periférica e as 
extremidades tornam-se gangrenosas, o que leva à queda da cauda, orelhas e membros. 
O esporão do centeio possui 12 alcalóides, os mais importantes são: ergometrina, 
ergometrinina, ergotamina e ergotaminina. Esses alcalóides estimulam os músculos lisos e 
seletivamente bloqueiam o sistema simpático. Tem emprego em obstetrícia para acelerar o parto e o 
retorno do útero ao tamanho normal após o parto, e no tratamento da enxaqueca pelo efeito 
vasoconstritor periférico. 
A partir da ergotamina foi sintetizada a dietilamina do ácido lisérgico, a LSD-25, um potente 
alucinógeno utilizado inicialmente em tratamentos psiquiátricos e logo depois por toxicômanos. 
 
F) Eczema facial de carneiros: 
 
 Fungo produtor: Pithomyces chartarum. 
 
 A intoxicação ocorre pela ingestão dos conídeos desse fungo, que contaminam as folhas de 
braquiária. Os conídeos de Pithomyces chartarum contem uma endotoxina denominada 
esporidesmina, que quando ingerida por esses animais (ingestão do fungo), causa danos ao fígado. 
A disfunção hepática impede que a clorofila seja completamente metabolizada e excretada. Os 
produtos de degradação parcial da clorofila entram na corrente sanguínea, e quando os capilares 
superficiais da pele são expostos aos raios solares (ex: face do carneiro ou úbere da vaca), esses 
compostos, que são fotoativos, causam bolhas na pele.

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