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Coleção Livros Didáticos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manual Prático 
de Imunologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUARDO MONGUILHOTT DALMARCO – Farmacêutico-Bioquímico formado pela 
Universidade do Vale do Itajaí, Especialista em Microbiologia Clínica pela Pontifícia Universidade 
Católica do Paraná e Mestre em Farmácia (Imunologia), pela Universidade Federal de Santa 
Catarina. Foi professor substituto de Microbiologia Clínica na Universidade Federal de Santa 
Catarina, nos anos de 2001 a 2002. É Professor desde 2002 na FURB, onde atualmente leciona as 
disciplinas de Imunologia Clínica, Microbiologia Clínica e Fisiopatologia Clínica II. É Coordenador 
e Responsável Técnico do Laboratório de Análises Clínicas da FURB e atua em áreas de pesquisa 
voltadas à Resistência Bacteriana e Inflamação. 
 
 
TÂNIA SILVIA FRÖDE – Farmacêutica-Bioquímica, Especialista em Imunologia, Mestre e 
Doutora em Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Atualmente professora 
e responsável pela disciplina de Imunologia Clínica na Universidade Federal de Santa Catarina, 
onde é professora desde 1987. Editora-Chefe da Revista de Saúde - Centro de Ciências da 
Saúde – Universidade Federal de Santa Catarina. Professora e orientadora da Pós-Graduação 
em Ciências Médicas (Mestrado) e Farmácia (Mestrado e Doutorado). Membro permanente do 
Núcleo de reação alérgica a drogas (Hospital Universitário) da Universidade Federal de Santa 
Catarina. Atua em áreas de pesquisa voltadas a Inflamação e Alergia. 
 
 
2 
ÍNDICE Pág. 
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA.............................................................................................................. 07 
 Imunidade Inata...................................................................................................................................... 08 
 Imunidade Ativa..................................................................................................................................... 11 
 Imunidade Passiva................................................................................................................................... 11 
 Mecanismos de Imunidade...................................................................................................................... 12 
 Imunidade Humoral Antitóxica.......................................................................................................... 12 
 Imunidade Humoral Antimicrobiana.................................................................................................. 12 
 Imunidade Celular................................................................................................................. ............. 12 
ANTÍGENO................................................................................................................................................. 13 
 Determinante Antigênico........................................................................................................................ 14 
 Valência do Antígeno.............................................................................................................................. 14 
 Natureza Física do Antígeno.. ............................................................................................... ............... 15 
 Resposta Humoral............................................................................................................. .................... 15 
 Resposta Celular................................................................................................................................... 17 
ANTICORPOS (Imunoglobulinas)................................................................................................................ 19 
 Imunoglobulina IgG.............................................................................................................................. 19 
 Imunoglobulnas IgM e IgA.................................................................................................................. .. 21 
 Estrutura e Função das Imunoglobulinas....................................................................................... ...... 22 
 Ativação do Sistema Complemento........................................................................ ............................... 22 
 Síntese das Imunoglobulinas................................................................................................................. 22 
 Timo...................................................................................................................................................... 23 
 Circulação dos Linfócitos.................................................................................................... ................. 23 
SISTEMA COMPLEMENTO........................................................................................................... ............ 25 
 Vias de Ativação......................................................................................... .......................................... 25 
 
 
3 
REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE..................................................................................................... 31 
 Mecanismo de Anafilaxia....................................................................................................................... 31 
 Mediadores Químicos da Reação Anafilática.................................................................................... .... 31 
 Hipersensibilidade do Tipo 1 ou Anáfilática.......................................................................................... 32 
 Hipersensibilidade do Tipo 2 ou Reações Citotóxicas.......................................................................... . 34 
 Hipersensibilidade do Tipo 3 ou Reação de Arthus.............................................................................. . 34 
 Hipersensibilidade do Tipo 4 ou Mediada por Células.................................................................. ....... 35 
TÉCNICAS LABORATORIAIS EM IMUNOLOGIA............................................................................ 36 
Básicas 37 
SEPARAÇÃO DO SORO.................................................................................................. ........................... 37 
LAVAGEM DE HEMÁCIAS....................................................................................................................... 37 
DILUIÇÕES SUCESSIVAS......................................................................................................................... 38 
Práticas de Diagnóstico Laboratorial 40 
1. ANTIESTREPTOLISINA “O” – ASO OU ALSO.................................................................................... 40 
2. BRUCELOSE............................................................................................................................................ 42 
3. CRIOAGLUTININAS....................................................................................................... ........................ 43 
4. DOSAGEM DO SISTEMA COMPLEMENTO – (Via Alternativa - AH50)............................................. 45 
5. DOSAGEM DO SISTEMA COMPLEMENTO – (Complemento Total - CH50)...................................... 48 
6. ENZIMAIMUNOENSAIO (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay – ELISA / EIE)............................... 50 
 6.1 ELISA COMPETITIVO (T3 Total)..................................................................................................... 51 
 6.2 ELISA NÃO-COMPETITIVO (PSA Total)..........................................................................................53 
 6.3 ELISA POR CAPTURA (Rubéola IgM).............................................................................................. 55 
7. IMUNOFLUORESCÊNCIA........................................................................................ ............................. 
 
58 
 7.1 IMUNOFLUORESCÊNCIA DIRETA (Pesquisa de Chlamidia)......................................................... 60 
 
 
4 
 7.2 IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA (Sorologia para doença de Chagas).................................. 61 
 7.3 IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA (Fator Anti-Nuclear / FAN-Hep2)..................................... 63 
 7.4 IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA (Anticorpos Anti-Treponema pallidum / FTA-Abs).......... 65 
 7.5 IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA (Sorologia para Toxoplasmose)......................................... 67 
8. IMUNOHEMATOLOGIA........................................................................................................................ 69 
 8.1 FATOR Rh......................................................................................................................................... 69 
 8.2 DETERMINAÇÃO DO ANTÍGENO Du............................................................................................ 69 
 8.3 PROVA DE COOMBS....................................................................................................................... 70 
 Coombs Direto................................................................................................................................ 70 
 Coombs Indireto............................................................................................................................. 71 
9. LISTERIOSE................................................................................................................... .......................... 73 
10. MONOTEST Reação de Hoff-Bauer...................................................................................................... 75 
11. NEFELOMETRIA........................................................................................................ ........................... 76 
12. PROTEÍNA C REATIVA (PCR)............................................................................................................ 77 
13. PROVA DO LÁTEX (FR)...................................................................................................................... 79 
14. QUIMIOLUMINISCÊNCIA......................................................................................... .......................... 80 
15. REAÇÃO DE PAUL BUNNEL – DAVIDSOHN................................................................................... 81 
16. REAÇÃO DE WIDAL............................................................................................................................ 84 
17. TESTE DE AVIDEZ............................................................................................................................... 86 
18. TESTE DE HEMAGLUTINAÇÃO PASSIVA (INDIRETA)................................................................ 88 
19. TURBIDIMETRIA (Dosagem de IgG)................................................................................................... 90 
20.V.D.R.L...................................................................................................................... .............................. 91 
21. WAALER-ROSE..................................................................................................................................... 94 
 
 
5 
22. WESTERN BLOT................................................................................................................................... 97 
23. HEPATITES VIRAIS (Diagnóstico Laboratorial)..........…….......…………………………………………. 103 
RESUMO.............................................................................................................. ........................................ 111 
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................. .......................... 115 
GLOSSÁRIO................................................................................................................................................. 118 
 
 
 
6 
PREFÁCIO 
 
Os colegas Farmacêuticos e Bioquímicos Dra. Tânia Silvia Fröde e Eduardo Monguilhott 
Dalmarco, presenteiam à comunidade acadêmica o MANUAL PRÁTICO DE IMUNOLOGIA, 
elevando diretamente o conhecimento da Imunologia Básica e Clínica, um dos alicerces das 
Análises Clínicas. No entanto, tecer comentários em relação à obra, torna-se necessário, 
primeiramente, apresentar os autores. 
Lembro-me com detalhes da luz emanada pelos olhos contagiantes da minha professora 
de Imunologia Clínica, quando graduando em Farmácia, na Universidade Federal de Santa 
Catarina. A Tânia, na minha primeira aula de Imunologia, mostrou aos alunos o quanto é 
prazeiroso ser docente e, também, aplicar a arte, por que não, da profissão farmacêutica. Sua 
conduta profissional, sempre alicerçada na ética, atraiu vários adeptos, entre eles, fui um dos 
“contagiados”, sem a necessidade de meu sistema imune criar anticorpos. Sempre disponível a 
atender as diversas dúvidas dos seus alunos, e já adaptada à vida na Ilha de Santa Catarina, os 
recebia, iniciando o diálogo com “sim meu quiridinho” e, adensado com meu sorriso 
característico. Porém, longe de sua complacência afetiva com todos os graduandos, a Tânia os 
demonstrava a necessidade imperativa de ser profissional na área farmacêutica. Dessa forma, 
seu “status” profissional foi elevado ao cursar Pós-Graduação em Farmacologia, concentrando-
se nas reações farmacológicas que envolviam o sistema imunológico, direta ou indiretamente. 
Desta vez, juntos no Doutorado, a Tânia sempre me deu amplo espaço para tirar as minhas 
dúvidas, como também em elevar a minha autoestima. Desta forma, soube multiplicar novos 
profissionais voltados ao ensino farmacêutico,e entre eles, destaca-se o colega Eduardo 
Monguilhott Dalmarco. 
Graduado em Farmácia e Bioquímica pela UNIVALI, especialista em microbiologia 
Clíncia pela PUC do Paraná e Mestre em Farmácia pela UFSC,o colega Eduardo agrega-se ao 
corpo docente do Departamento de Ciências Farmacêuticas da FURB. Superando as diversas 
barreiras frente a implantação da habilitação Análises Clíncas, soube, de forma ética, aproveitar 
as crises e demonstrar o seu potencial docente e pesquisador. Entre as provas visívei s, está a 
concretizaação do Laboratório Escola em Análises Clínicas, do Curso de Farmácia da FURB. 
Sempre disposto a elevar o profissionalismo do departamento, o colega Eduardo afrega 
características de sua orienteadora e nossa colega, Tânia. 
A obra MANUAL PRÁTICO EM IMUNOLOGIA, trás uma revisão clara e objetiva da 
Imunologia, introduzindo o graduando à prática laboratorial. As técnicas de análises 
imunológicas, divididas em básicas e práticas de diagnóstico laboratorial, foram construídas 
didaticamente, facilitando a compreensão. A obra aborda todas as principais metodologias de 
diagnóstico clínico imunológico, densamente alicerçada em bibliografias atualizadas. 
A Coleção Livros Didáticos da Editora da FURB propiciará aos nossos acadêmicos de 
Farmácia e, de outros cursos da área médica e biológica, um manual didático, prático e 
objetivo, que será complemento necessário à compreensão da Imunologia Básica e Clínica. 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. Cláudio Laurentino Guimarães 
Vice-Diretor do Centro de Ciências da Saúde - CCS 
Universidade Regional de Blumenau 
 
 
 
 
7 
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA 
 
Inicialmente, julgamos necessário fazer algumas considerações gerais sobre a Imunologia, 
a fim de fornecer as basesnecessárias ao entendimento e à interpretação dos testes 
laboratoriais. Não se pode interpretar os fenômenos imunológicos sem ter a idéia geral sobre os 
elementos componentes da imunidade. No laboratório de Análises Clínicas, os testes não 
consistem em, simplesmente misturar os reagentes e ler os resultados. É mister saber o que se 
usa, e porque se usa pois sem estas condições, na maioria das vezes, torna-se muito difícil ter 
certeza do que se faz. Os modernos avanços tecnológicos deram uma nova e ampla dimensão à 
Imunologia. Em época não muito distante havia uma dedicação quase que exclusiva à 
prevenção das doenças infecciosas através de imunizações. Os trabalhos de vários 
pesquisadores deram lugar ao novo campo – IMUNOBIOLOGIA. Esta nova ciência ampliou 
rapidamente a compreensão da imunidade celular e humoral. No conceito original a imunidade 
se referia apenas à resistência específica contra a invasão de parasitas. Esta resistência inclui, 
na realidade, uma atividade complexa do sistema celular dos animais, responsável pela 
integridade individual relacionada à embriologia, genética, biologia celular, biologia dos 
tumores e uma variedade de processos e fenômenos não infecciosos. Os objetivos da 
Imunologia, compreendem três aspectos principais: a) Imunidade que engloba as respostas 
contra agentes infecciosos; b) Imunobioquímica que compreende o estudo da natureza química 
dos antígenos e dos anticorpos; c) Imunobiologia que se compõe de uma gama variada de 
campos de estudos de capital importância biológica, incluído a atividade das células e suas 
implicações entre si e o organismo. 
O objetivo deste livro é justamente integrar um pouco de conhecimento da imunologia 
básica, com problemas com que nos deparamos no laboratório de imunologia clínica. 
Acreditamos que isso fará com que todos os leitores possam ter informações úteis, relevantes e 
atualizadas sobre as mais utilizadas técnicas laboratoriais desta ampla disciplina, sendo de 
grande utilidade para estudantes universitários e profissionais laboratoristas. 
A imunologia é uma ciência relativamente nova. Sua origem tem sido atribuída a Edward 
Jenner, que descobriu em 1796 que a vacínica ou cowpox induzia proteção contra a varíola 
humana, uma doença freqüentemente fatal. 
Quando Jenner introduziu a vacinação, nada sabia a respeito dos agentes infecciosos que 
causam doença: foi somente mais tarde, no séc. XIX, que Robert Kock (1876) provou que as 
doenças infecciosas eram causadas por microorganismos, cada um responsável por uma 
determinada enfermidade ou patologia. Reconhecemos atualmente cinco grandes categorias de 
microorganimos causadores de doenças ou patógenos; os vírus, as bactérias, os fungos 
patogênicos, os parasitas (helmintos) e finalmente os príons, os mais novos microorganismos 
identificados. 
No tocante aos agentes infecciosos, podem ser observadas três condições que permitem ou 
não que determinado indivíduo se infecte. Assim temos: 
 
I. REFRATARIEDADE: É um fenômeno inato, inespecífico e invariável que impede que o 
indivíduo se infecte por determinados microrganismos. Nestes casos, mesmo que variem as 
condições intrínsecas e extrínsecas do indivíduo, este não adquire determinadas infecções. 
Como exemplo existem microrganismos que infectam os animais e jamais infectam o homem. 
O vírus da bouba aviária, o vírus da peste suína clássica, o vírus da peste suína Africana que 
são virulentos para a galinha e o porco, respectivamente, jamais infectam o homem. As células 
humanas não possuem receptores para estes vírus. Do mesmo modo, certas doenças infecciosas 
humanas, não são reproduzidas em certos animais. Os virus do sarampo, da caxumba e da 
rubéola não infectam as aves, o cão, o gato e outros animais. 
 
 
8 
II. RESISTÊNCIA: É um fenômeno inato, inespecífico e variável, e a variação vai depender das 
condições intrínsecas e extrínsecas de cada indivíduo e da biologia do agente infeccioso. Como 
exemplo, tem-se o Mycobacterium tuberculosis, que na maioria das vezes infecta o homem, sem 
lhe causar danos e este, pelas suas defesas faz com que o microrganismo fique em estado latente, 
permanentemente, ou por um longo período. Se houver problemas imunológicos por um conjunto 
de variáveis como infecções em que haja destruição da defesa celular, administração de certos 
medicamentos, como corticosteróides, desnutrição, o Mycobacterium em fase latente pode reativar 
causando a tuberculose doença. 
 
III. IMUNIDADE: É um fenômeno nato, específico e não raro sofre variação, principalmente 
quando há um desequilíbrio da imunidade celular. A infecção pelo HIV é um exemplo clássico 
desta alteração. 
 
IMUNIDADE INATA: Muitos mecanismos eficazes podem proteger o indivíduo de 
infecções por microrganismos altamente patogênicos, independente de qualquer contacto prévio 
com os agentes etiológicos. Estes mecanismos tão eficientes impedem a ação de diferentes 
microrganismos. Toda esta defesa parece ser controlada geneticamente e há uma diferença de 
espécie para espécie e mesmo intra-espécie, com variações menores para um mesmo indivíduo. 
 
Para um mesmo agente etiológico há variações na sensibilidade de diferentes indivíduos. A 
galinha é altamente susceptível ao vírus da bouba, entretanto, qualquer mamífero é totalmente 
resistente, e mesmo as aves de espécies diferentes são também resistentes. Outro exemplo é a 
resistência dos felinos e caninos ao vírus Influenza A, entretanto este infecciona e produz doença, 
com facilidade em aves, em suínos e equínos. Determinantes ambientais podem fazer aparecer 
desde o início da vida uma imunidade adquirida que induz um mecanismo de resistência a certas 
infecções. Quando tal fato ocorre, grande dificuldade impede que se estabeleçam parâmetros da 
imunidade inata nas diferentes comunidades. Com relação a esta resistência temos, por exemplo, a 
grande sensibilidade da população indígena às várias doenças do homem civilizado. Aquela 
população é muito mais sensível ao sarampo, à gripe, à tuberculose do que o homem civilizado. 
 
A imunidade inata, é correlacionada a um grande número de determinantes. Estes podem ser 
específicos do hospedeiro, tais como: espécies e raças, fatores genéticos individuais, idade, 
variação hormonal, nutrição. Também, é importante a participação de determinantes físicos como: 
pele, mucosas, superfícies úmidas como é o caso dos olhos, sítios anatômicos que retêm a poeira e 
os microrganismos, etc. Aliado a estes determinantes, temos as substâncias químicas como: 
secreções diversas com atividade anti-microbiana, e as enzimas e os polipeptídeos básicos que são 
substâncias bactericida ou bacteriostática. A própria fagocitose com sua clássica digestão, é um 
fenômeno inespecífico. 
 
A imunidade inata está diretamente relacionada às raças, às espécies e às famílias. Como 
exemplo citamos a hereditariedade, que está relacionada à resistência de determinadas famílias, 
cujos membros são muito sensíveis à tuberculose, contrastando com o que normalmente acontece 
com a população humana em geral. 
 
Idade: As crianças recém-nascidas são sensíveis a uma variedade de agentes infecciosos e 
tal sensibilidade está ligada à deficiência imunitária, por incapacidade do sistema linfóide reagir 
aos antígenos estranhos. Na velhice, os determinantes também desempenham anormalidades da 
resistência, ficando as pessoas mais sensíveis aos agentes estranhos diversos. 
 
 
 
9 
Nutrição e alimentação normal: Os fatores nutricionais contribuem, de maneira marcante, 
para a variação da resistência. A subnutrição de animais de laboratório acarreta leucopenia e a 
atividade fagocitária diminui, induzindo o aparecimento de infecções diversas. Por outro lado, a 
resistência inata pode variar com o agente etiológico. Sabe-se que o vírus da poliomielite prefere 
as crianças bem nutridas, enquanto que as criançasdesnutridas são mais resistentes a este vírus. O 
contrário acontece com o vírus do sarampo que infecta a criança desnutrida produzindo processos 
infecciosos graves. Nas crianças bem nutridas a doença produzida por este vírus é mais suave. 
 
Barreiras mecânicas e químicas: A pele integra é um obstáculo contra um grande número 
de agentes infecciosos. A camada de queratina contribui muito para esta eficiente barreira. 
Também as mucosas contendo secreções, células ciliadas com seus movimentos característicos 
removem os microrganismos e as enzimas oferecem efeitos bloqueadores. No estômago, o suco 
gástrico, pelo seu pH, tem ação bactericida sobre bactérias Gram negativas e Gram positivas. 
Logicamente umas poucas espécies de bactérias, como o Mycobacterium tuberculosis e o 
Helicobacter pylori resistem a este pH e podem até colonizar na mucosa estomacal. Na pele, as 
secreções sebáceas e sudoríparas contêm ácidos graxos com propriedades bactericida, fungicida e 
virucida. Na cavidade oral e nos olhos encontra-se a lisozima, proteína básica de baixo peso 
molecular, encontrada em alta concentração nos polimorfonucleares e com capacidade de 
hidrolisar os glicopeptídeos da parede de muitas bactérias Gram negativas, resultando em lise das 
mesmas. Menor ação é exercida sobre as Gram positivas. 
 
No decorrer do processo inflamatório há lesão de um grande número de células, liberando 
vários tipos de proteínas básicas. Incluem-se, entre estas as esperminas e as espermidinas que 
destroem o Mycobacterium tuberculosis e o Staphylococcus aureus. Além destas, são liberadas, 
também, proteínas básicas com alto teor de lisina e arginina, com função bactericida. 
 
Resposta inflamatória: Microrganismos e partículas estranhas como carvão coloidal 
introduzidos parenteralmente ou intravenosamente são englobados pelos fagócitos circulantes e 
são fixados nos tecidos. Estes fagócitos compreendem os polimorfonucleares ou micrófagos do 
sangue e as células mononucleares distribuídas na circulação e nos tecidos. As células 
mononucleares do tecido constituem o sistema retículo endotelial (SRE), chamadas, 
genericamente, de macrófagos. Dependendo do local onde se encontram, recebem nomes 
diferentes, assim temos: No sangue - monócitos; no baço - linfonodos, no timo - células sinusais e 
no tecido conjuntivo histiócitos. Os macrófagos do tecido conjuntivo derivam-se dos monócitos 
circulantes, ocorrendo o mesmo com os macrófagos livres do baço, as células de Küpfer do fígado 
e macrófagos alveolares do pulmão. As células reticulares ingerem partículas intactas, mas não 
são classificadas como células fagocitárias nem como células dendríticas dos folículos do baço e 
dos linfonodos. 
 
Atualmente, prefere-se o sistema fagocitário mononuclear (SFM) pois é o que mais se 
aproxima na descrição da função origem e morfologia dos macrófagos. O SRE com relação à 
fagocitose tem preferência secundária, pelo motivo de estarem envolvidos tanto células ativas 
como pouco ativas. 
 
O Sistema Fagocítico Mononuclear inclui células com, pelo menos, três funções: 
1. São muito ativas como fagócitos; 
2. Contêm enzimas degradantes para o material fagocitado; 
3. São de capital importância na conexão da imunidade inata com a adquirida. 
 
 
 
10 
Esta conexão se faz pelo transporte do antígeno ou seus derivados para as células linfóides 
ou retendo parte do antígeno, evitando que os linfócitos fiquem saturados. Esta função fagoci tária 
foi, pela primeira vez, demonstrada pelo russo, Metchnikoff (1882). Foi evidenciado que a 
fagocitose é um processo ativo de resistência aos agentes infecciosos. 
 
O englobamento e a digestão de materiais particulares (fagocitose) ou materiais solúveis 
(pinocitose) é um fenômeno de imunidade inata. Partículas de carvão de sílica não digeríveis são 
mantidas dentro dos fagócitos para que não sejam indesejáveis para os tecidos. O fenônemo de 
fagocitose ocorre, independente, dos anticorpos, especialmente, nos alvéolos pulmonares. 
Entretanto, se a fagocitose se realiza em presença de anticorpos, esta é marcadamente exacerbada. 
Estes anticorpos que reforçam a reação da fagocitose são chamados OPSONINAS. 
 
Inflamação: A inflamação é decorrente da injúria celular que consiste na dilatação capilar, 
diminuição do fluxo sanguíneo, exsudação (edema) e migração de células fagocitárias que 
atravessam as paredes dos capilares (diapedese). Fora dos capilares estas células fagocitárias, 
inicialmente polimorfonucleares do sangue em sua maioria, migram para o local lesado. Toda esta 
operação é conhecida como quimiotaxia e pode ser induzida por microrganismos que penetram 
nos tecidos, por produtos de hidrólise oriundos da lesão celular ou tissular e por substâncias irri -
tantes. 
 
Após à fagocitose, dentro de uma a duas horas, haverá desintegração das substâncias 
fagocitadas em conseqüência da secreção de enzimas hidrolíticas dentro de um vacúolo. Os 
lisossomos dos polimorfonucleares contêm enzimas como fosfatase ácida e alcalina, beta 
glucuronidase e ribonuclease. A lisozima e a fagocitina, também, são encontradas nestes 
lisossomas. Após à fusão dos grânulos citoplasmáticos (lisossomas) inicia a ação das substâncias 
contidas nos mesmos. 
 
Fagocitina: É uma outra proteína ácida, solúvel, isolada de extratos de polimorfonucleares 
de várias espécies. Tem ação bactericida sobre Gram negativos e alguns Gram positivos . Além da 
fagocitina são encontradas outras substâncias de ação bactericida. 
 
De um modo geral, os microrganismos que infectam os animais de sangue frio não infectam 
os de sangue quente e vice-versa. Não raro, quando se altera a temperatura, determinados animais 
podem, experimentalmente, se infectar. Como exemplo, cita-se a galinha que, naturalmente, é 
imune ao carbúnculo sintomático (Bacillus anthracis), pode tornar-se sensível se for mantida em 
um ambiente de baixa temperatura. Outros exemplos de refratariedade são bem conhecidos, como 
o rato para a toxina diftérica, a galinha e a rã para toxina tetânica, o gambá, a muçurana e a ema 
que engolem cobras venenosas vivas. 
 
Entre os vírus, encontram-se aqueles produtores de doenças específicas de determinadas 
aves, como no caso do vírus da bouba aviária que é exclusivo de aves. Os vírus da Peste Suina 
Africana e Peste Suína Clássica que são exclusivos dos suínos, não produzem doença em outros 
animais. Podemos comer até a carne crua do animal doente que não nos infectamos. Alguns vírus 
humanos não se replicam em outros animais, por exemplo, o sarampo, a caxumba e a rubéola que 
não se transmitem aos caninos e aos felinos. 
 
A temperatura parece ser um fator importante da imunidade inata para muitos agentes 
infecciosos. Nos casos de doença, parece que a febre, que se segue ao período de incubação, 
funciona como proteção do hospedeiro para muitos microrganismos. 
 
 
11 
 
Tipos de Imunidade: Sempre que ultrapassadas as barreiras inespecíficas pelos agentes 
infecciosos, estes vão induzir novos mecanismos de defesa, na maioria das vezes, muito mais 
eficientes do que as diferentes modalidades que vimos anteriormente. Este conjunto denomina-se 
de ESTADO DE IMUNIDADE. A imunidade pode ser ativa e passiva, subdividindo-se cada uma 
destas modalidades em natural e artificial. 
 
 
 ATIVA Natural 
 
 Artificial 
 
IMUNIDADE 
 
 
 PASSIVA Natural 
 
 Artificial 
 
 
IMUNIDADE ATIVA: É aquela em que o indivíduo recebe o antígeno e o organismo tem que 
trabalhar para formar a sua defesa, isto é, a imunidade humoral mediada por anticorpos e a celular 
mediada por células. 
 
A imunidade ativa natural é a adquirida pela infecção natural. Ex.: sarampo, caxumba e febre 
amarela. 
 
A imunidade ativa artificial é aquela induzida por uma vacina. Esta pode ser constituída por 
microrganismos atenuados como: vacinascontra tuberculose, anti poliomielítica, anti-sarampo e 
anti-febre amarela. 
 
Vacinas inativadas: vacinas anti-rábica, anti-coqueluche e anti-salmonelose. 
 
Vacinas constituídas de toxóides ou frações de microrganismos: difteria e tétano (toxóides), 
adenovirose (hexon isolado do adenovirus). Atualmente, há uma outra modalidade de vacinas que 
são proteínas clonadas muito específicas. Como este exemplo, temos a vacina contra a Hepatite B 
produzida numa levedura pelo processo do DNA recombinante. 
 
IMUNIDADE PASSIVA: É aquela resultante de anticorpos preformados. Neste caso a imunidade 
é por pouco tempo. 
 
- Imunidade passiva natural: é obtida através de anticorpos da mãe (lgG) que atravessam a 
placenta para o feto ou através do colostro, nos primeiros dias da amamentação. 
 
- Imunidade passiva artificial: é adquirida pela inoculação de anticorpos préformados em 
outro animal. Exemplo: soroterapia contra raiva, anti-ofídica, anti-tetânica e anti-diftérica. Estes 
antissoros são obtidos em cavalos e após a purificação são usados para a imunização. É um 
processo efêmero de proteção, durando 1 a 4 meses, no máximo. 
 
 
 
12 
- Imunidade adotiva: é uma imunidade especial adquirida pela transferência de células 
(suspensão de linfonodos, baço, medula óssea), provenientes de doadores imunizados que são 
aceitos como receptores histocompatíveis. 
 
 
MECANISMOS DA IMUNIDADE: Os mecanismos de defesa orgânica contra as infecções 
podem ser discriminados da seguinte forma: 
 
a- Imunidade humoral (anticorpos) 
 a.1 - Antitóxica 
a.2 – Antimicrobiana 
 
b - Imunidade celular 
 
IMUNIDADE ANTITÓXICA: Este tipo de imunidade é típico das toxi-infecções tais como 
tétano e difteria, nos quais os microrganismos causadores atuam por seu poder toxigênico 
afetando as células do organismo hospedeiro. 
 
IMUNIDADE ANTIMICROBIANA: A imunidade humoral anti-microbiana é bem 
exemplificada pela defesa específica que se estabelece no decurso da pneumonia lobar pelo 
Streptococcus pneumoniae e na meningite causada pela Neisseria meningitidis. 
 
Quaisquer destes germes transpondo as barreiras defensivas do trato respiratório, invadem os 
alvéolos de determinado segmento brônquico onde se implantam e se multiplicam. Daí por diante 
segue uma seqüência de eventos semelhantes aos que se desenvolvem no processo inflamatório, 
em que os capilares se distendem e o plasma filtra através de suas paredes, derramando para o 
interior dos alvéolos pulmonares. Fagócitos, inicialmente, polimorfonucleares e depois 
macrófagos afluem em grande quantidade, formando um exsudato espesso tornando maciço o 
conteúdo alveolar, impossibilitando a respiração. 
 
IMUNIDADE CELULAR: O agente etiológico de infecções pode multiplicar-se dentro dos 
macrófagos. Nestas condições o anticorpo não pode atingí-lo, estabelecendo a imunidade através 
de linfócitos efetuadores, que determinam uma "ativação" dos macrófagos, causando uma 
destruíção do agente infeccioso intracelular. Em infecções como a tuberculose, a lepra, a 
brucelose e as viroses, em geral, é estabelecido um quadro de equilíbrio entre o hospedeiro e o 
agente infeccioso, persistindo este no organismo em focos de infecção latente ou crônica. 
 
Bem diferente da imunidade humoral, a imunidade celular não pode ser transferida, 
passivamente, com o soro imune, mas sim com células linfóides (imunidade adotiva) de animal 
sobrevivente à infecção com microrganismo virulento ou vacinado com germe atenuado. Exemplo 
típico encontramos na vacina BCG ou nas vacinas virais atenuadas, como a da febre amarela, da 
poliomielite, etc. 
 
A grande importância da imunidade celular é evidenciada nas viroses, nas quais o vírus 
intracelular é destruído, onde o anticorpo não é capaz de penetrar. Este fato mostra que os 
anticorpos sistêmicos ou locais não têm papel relevante nas infecções virais. Estes anticorpos são 
incapazes de impedir a propagação do vírus por contigüidade celular. Estes anticorpos têm função 
mais importante de neutralizar os vírus, impedindo sua disseminação hematogênica, como é o 
caso dos vírus pólio. 
 
 
13 
ANTÍGENOS 
 
O termo antígeno vem do grego (anti = contra + genos = geração). Antígeno é toda 
substância capaz de induzir uma resposta imune específica. Esta é uma definição meramente 
formal, porque não se pode conceituar a função antigênica sob o ponto de vista molecular. Para se 
definir adequadamente “antígeno” será necessário um conhecimento profundo dos mecanismos de 
interação do antígeno como os linfócitos imunocompetentes, ou com seus anticorpos 
correspondentes. 
 
Dois requisitos são fundamentais para que uma substância exerça a função de antígeno: 
 
1. Deve ser estranha ao organismo; 
2. Deve ser uma macromolécula complexa. 
 
1º. Requisito – O antígeno não deve possuir estruturas semelhantes às que se encontram na 
superfície das células imunocompetentes, a fim de que estas o reconheçam como não próprio. 
 
Os anticorpos podem ser produzidos por antígenos de animais de espécies diferentes, neste 
caso, temos a xenoimunização; ou da mesma espécie (aloimunização). A hemolisina é um 
anticorpo obtido por xenoimunização. O fator Rh, formado em indivíduos Rh negativos é o 
exemplo de aloimunização. Temos o caso, que em condições especiais, há formação de anticorpos 
para o antígeno do próprio indivíduo, é o que se denomina autoimunização. 
 
A especificidade do anticorpo é orientada em relação à espécie animal de onde se obtêm o 
antígeno – soro de coelho anti-hemácias de carneiro. Pode-se ter especificidade de órgão. O 
exemplo é do cristalino. O anticorpo para o cristalino obtido pela inoculação do mesmo em 
determinado animal, reage não só para o animal de onde proveio o cristalino, mas também, para 
quaisquer outros animais. Como por exemplo podemos citar os anticorpos para os 
espermatozóides, mielina e tireoglobulina. 
 
2º. Requisito – O peso molecular tem muita importância ao lado da complexidade da molécula 
anigênica. Moléculas de peso molecular inferior a 5.000 não são antigênicas, a menos que estejam 
agregadas. As molécula de peso entre 5.000 e 10.000 são fracamente antigênicas. Ex.: Insulina, 
histonas e glucagon. A ribonuclease de PM de 14.000 é antígeno fraco. A albumina do ovo, do 
bovino e a gama globulina em geral são potentes antígenos, e possuem peso molecular de 40.000, 
60.000 e 160.000, respectivamente. 
 
O essencial é que a macromolécula seja uma proteína, não basta que uma substância seja 
uma macromolécula. Polímeros sintéticos de nailon, teflon, poliestireno, poliacrilamida e outras, 
são todas constituídas de macromoléculas, mais não são antigênicos. Os polissacarídeos que têm 
uma estrutura de repetição são moléculas complexas, mais que quando isolados, nem sempre 
induzem a formação de anticorpos. Isso depende do animal em que se inocula o polissacarídeo. 
 
As substâncias de baixo peso molecular são capazes de reagir com o anticorpo produzido 
com antígeno completo. Não são antigênicas. Landsteiner (1921) denominou estas proteínas de 
haptenos (haptein-combinar). 
 
Nos antígenos naturais a função antigênica é exercida por estruturas constituídas de 4 a 7 
aminoácidos em proteínas ou por pequeno números de açucares em antígenos polissacarídeos. 
 
 
14 
Estas estruturas são denominadas DETERMINANTES ANTIGÊNICOS ou EPÍTOPOS. 
 
O organismo distingue os epítopos estranhos (não próprios) dos que lhe são próprios, através 
dos linfócitos B e T. Os linfócitos B são os produtores de anticorpos para os epítopos estranhos e 
os linfócitos T, que não produzem anticorpos, tornam-se sensíveis aos epítopos estranhos, isto é, a 
sua superfície possui receptores com os quais o antígeno interage. Quando os linfócitos T e B 
reagem com os epítopos estranhos a um organismo dizemos que a substância possui este epítopoé 
um imunógeno. Toda substância imunógena ou imunogênica é capaz de ativar os linfócitos T e B 
para uma resposta específica. 
 
Imunogenicidade é a propriedade que o imunógeno possui de induzir a uma resposta imune. 
A resposta do linfócito T não se caracteriza pela secreção de uma substância específica. É um 
alerta designado imunidade celular. As interações do antígeno com o anticorpo e do linfócito com 
o antígeno, e muitas vezes, participação de outros elementos, originam a resposta imune. Estas 
interações podem trazer ao organismo, benefícios ou não. No primeiro caso, temos a imunidade, e 
no segundo a hipersensibilidade. 
 
Os linfócitos B respondem aos antígenos com síntese de substâncias de natureza globulínica, 
que são secretadas e passam para a circulação, recebendo o nome de anticorpos. Tem-se, neste 
caso, a imunidade humoral. 
 
DETERMINANTE ANTIGÊNICO 
 
É a menor parte da molécula responsável pela estimulação à produção dos ant icorpos. São 
pois, epítopos estranhos. Os anticorpos reagem com a substância indutora e isso se faz através dos 
determinantes antigênicos. Entretanto, outras estruturas maiores ou menores ou compostos 
protéicos de baixo peso molecular (haptenos), podem também, reagir com o anticorpo em lugar da 
substância indutora. 
 
Usa-se a palavra antígeno tanto para a substância que promove a síntese como para aquela 
que reage com o anticorpo. O termo antígeno, além disto, é generalizado, assim, chamamos 
antígenos os microrganismos e seus produtos metabólicos, que nada mais são do que misturas 
complexas de proteínas antigênicas chamadas "Complexo antigênico". 
 
Concisamente, ANTÍGENO COMPLETO é aquele que possui propriedade de induzir a 
resposta imune e ser reconhecido por seu anticorpo homólogo ou pelo linfócito T, previamente 
sensibilizado. 
 
VALÊNCIA DO ANTÍGENO 
 
A valência do antígeno não corresponde à valência dos elementos químicos. Pauling (1939) 
sugeriu o abandono do termo "VALÊNCIA", por serem vários os tipos de ligação entre os 
elementos químicos, ao passo que no caso do antígeno este se liga ao anticorpo. Em 
imunoquímica o que se define é o número de grupos reativos ou os números de grupos 
combinantes existentes numa substância antigênica. Quimicamente, para cada composto formado, 
calcula-se a valência com que cada componente funcionou. Deste modo, não há valência definida 
para o átomo de ferro, por exemplo. Tudo vai depender do composto formado. 
 
Convencionou-se denominar valência do antígeno, ao número máximo de ligantes que este 
 
 
15 
possui, o que se verifica experimentalmente, pelo número máximo de moléculas do anticorpos 
com as quais podem combinar-se. Tem-se, geralmente, uma determinação aproximada da 
valência, pois vários determinantes deixam de reagir por impedimento estérico. 
 
Alguns autores conceituam valência do antígeno tomando por base a relação molar Ac/Ag, no 
composto. Outros, preferem multiplicar por 2 este número, ou a relação molar, levando em 
consideração a bivalência da molécula do anticorpo. Este procedimento equivale a dizer que a 
valência é igual ao número de determinantes que se combinam com os sítios ativos de anticorpos. 
 
NATUREZA FÍSICA DOS ANTÍGENOS 
 
A reação antígeno-anticorpo será diferente em conseqüência da natureza física do antígeno. 
Assim temos: 
 
 
Natureza do Antígeno Método 
 
Particulado (bactérias, protozoários ou hemácias) Imunofluorescência 
Aglutinação 
Hemaglutinação 
Imunoperoxidase 
Solúvel (toxinas, extratos diversos) Precipitação, fixação do 
complemento 
Neutralização, imunoenzimática, 
ELISA, Western Blot, 
Radioimunoensaio 
Solução Coloidal (cardiolipina) Floculação 
 
Os antígenos solúveis, como toxinas, veneno ofídico, extratos microbianos (bactérias, fungos, 
protozoários), muitas vezes são particulados usando hemácias (formoladas) e suspensão de látex. 
As proteínas, de um modo geral, são facilmente aderidas à superfícies de hemácias ou às 
partículas do látex. Deste modo, embora o antígeno seja solúvel, a reação é de aglutinação ou de 
hemaglutinação, dependendo da natureza da partícula (hemácias ou látex). 
 
Com referência aos vírus (antígenos solúveis), não se pode realizar o teste de 
imunofluorescência, entretanto, se o vírus estiver dentro de uma célula, produzindo inclusões ou 
corpúsculos, pode-se realizar o teste de imunofluorescência. Por exemplo, no caso da raiva 
pesquisa-se o corpúsculo de Negri e no caso dos Poxvirus as inclusões de Guarnieri. 
 
RESPOSTA HUMORAL 
 
A produção de anticorpos induzida por antígenos apresenta algumas características bem 
definidas. Após o primeiro contacto com o antígeno há um intervalo de tempo aproximadamente 
de 14 dias para que os anticorpos possam ser detectados. Se a detecção for feita por testes muito 
sensíveis, como o ELISA, este tempo é em média de 7 dias, dependendo do caso. 
 
Na fase inicial ocorre alta atividade dos tecidos formadores de anticorpos. Pode-se 
demonstrar esta atividade através de estudos com radioisótopos, usando precursores de síntese de 
componentes celulares, marcados isotopicamente. O exemplo da timidina tritiada é mostrado na 
 
 
16 
síntese do DNA, ou de aminoácidos com Carbono14, para a síntese de proteínas. 
Seguindo o estímulo antigênico há uma rápida multiplicação celular e a síntese de proteínas 
pelas células linfóides é evidenciada pela incorporação do material marcado. A multiplicação 
celular e a produção de anticorpos, jamais ocorrerão se as células linfóides do animal forem 
consumidas. 
Na reação da "roseta" pode-se evidenciar a produção de anticorpos pelas células linfóides. 
Basta, para isso, inocular hemácias de carneiro num camundongo esperar duas semanas para 
ativação dos linfócitos. Os linfócitos do baço ou dos linfonodos deste camundongo formam com 
uma suspensão de hemácias, uma estrutura, conhecida como "roseta". Os glóbulos vermelhos 
aparecem agregados em torno das células linfóides produtoras de anticorpos específicos. A 
aderência das hemácias na superfície dos linfócitos é devido às imunoglobulinas específicas 
localizadas na membrana destas células. 
 
Na "Resposta Primária", na maioria das vezes, o nível de anticorpos não é muito alto e estes 
tendem a desaparecer com o tempo, a menos que o organismo receba novo estímulo antigênico. 
Quando o nível de anticorpo é muito baixo e ocorre um novo estímulo antigênico, este anticorpo 
restante desaparece (reação Ag + Ac). Cerca de dois dias após há uma elevação do nível de 
anticorpos, este nível é bastante superior àquele do primeiro estímulo. 
 
Na resposta secundária o nível de anticorpos permanece por longo tempo, decrescendo após 
alguns meses ou anos. Uma vez ocorrida a infecção primária, e o indivíduo passar por vários anos, 
sem se reinfectar, os anticorpos podem desaparecer, mas a "memória" fica retida pelas células do 
sistema imunitário. As células marcadas pela memória, podem reagir da mesma maneira, isto é 
rapidamente, a fim de proteger o indivíduo. 
 
O estímulo secundário pode ser induzido de modo natural (infecções) ou de maneira 
artificial (vacinação). Esta capacidade de "memória" das células do sistema imunológico é a que 
garante a proteção contra novas infecções. 
 
É bom deixar bem claro, que para se ter uma resposta secundária eficiente, o intervalo entre o 
primeiro contacto com o antígeno e o segundo estímulo, não deve ser curto. Se este interstício de 
tempo for menos que 10 dias, a resposta secundária é prejudicada. Este dado é importante para 
que se tenha bom resultado nas vacinações ou nas imunizações experimentais. 
 
A produção de anticorpos, como dito anteriormente, é efetuada pelos linfócitos B. Além 
destes outros fatores, apresentam importantes efeitos na resposta imune, como a natureza do 
antígeno, o estado físico-químico, a viae a dose de inoculação. 
 
Pode-se aumentar a capacidade do antígeno para a resposta imune, alterando-o ou 
misturando-o com os chamados adjuvantes. Como adjuvantes, podem-se usar diferentes 
substâncias, um exemplo é o hidróxido de alumínio ou o fosfato de alumínio. Estes, formam um 
gel com o antígeno, potencializando-o para uma boa imunização. Este processo, particula o 
antígeno e o toma mais eficiente do que o não particulado. Parece que os antígenos particulados 
entram, com maior facilidade, em contacto com a membrana dos linfócitos, levando-os a uma 
transformação e uma produção eficaz de anticorpos. Por outro lado, os antígenos particulados são 
fagocitados mais facilmente do que os antígenos solúveis. 
 
A fagocitose dos antígenos é realizada pelos macrófagos. Estas células após fagocitarem os 
antígenos, promovem a digestão dos mesmos e vão liberando-os parceladamente, para mover a 
 
 
17 
estimulação dos linfócitos. 
Outros métodos são usados a fim de potencializar o antígeno. Entre estes, um dos mais 
importantes consiste na preparação de 'uma emulsão de água e óleo. O antígeno em solução 
aquosa é emulsionado em óleo mineral pouco viscoso, de maneira que se obtenha uma emulsão 
viscosa. O antígeno assim obtido, ao ser inoculado subcutaneamente, pequenas quantidades são 
liberadas devagar e continuamente. Este processo melhora a resposta do animal ao antígeno. Neste 
caso, temos o adjuvante de Freund incompleto. 
 
O adjuvante de Freund completo, é uma mistura de Arlacel e extrato de Mycobacterium 
tuberculosis. A resposta imunitária, neste caso, é bem mais eficiente do que quando se usa só o 
óleo. O produto bacteriano ativa as células envolvidas na resposta imune. Esta emulsão só é 
utilizada em animais. 
 
Para a vacinação humana, já se tentou adicionar óleo de amendoim às vacinas, 
principalmente, na vacina inativada contra a gripe. Por uma série de dificuldades este processo foi 
abandonado. 
 
Quando se administra determinado antígeno, intravenosamente, a maioria dos anticorpos é 
produzida no baço, um pouco nos pulmões e pequena parte na medula óssea. Se a administração 
for intradérmica ou subcutânea o antígeno segue os vasos linfáticos até os linfonodos satélites, 
onde se inicia a síntese de anticorpos. Nas inoculações intradérmicas ou subcutâneas, quando o 
antígeno está misturado ao adjuvante, ocorre um acúmulo de células inflamatórias formando um 
granuloma. No granuloma e no linfonodo que drena a região de inoculação, haverá produção de 
anticorpos. 
 
 
RESPOSTA CELULAR: 
 
A imunidade celular difere da humoral, entretanto a resposta imune celular se estabelece em 
lugares diferentes como: baço e linfonodos. Estas áreas são controladas pelo timo. O antígeno e 
outras substâncias estranhas ao penetrarem no organismo, são fagocitadas pelos macrófagos e 
parte passa diretamente para os linfócitos T (timo dependente) e B (medula óssea dependente), 
fazendo a ativação destes linfócitos. O material fagocitado pelos macrófagos é digerido e vai 
sendo apresentado aos linfócitos B e T, que se tonam ativados. As células B podem diferenciar-se 
em células plasmáticas produtoras de anticorpos após à sua ativação pelo antígeno ou após à 
interação com as células T ativadas. Ocorre, neste caso, uma cooperação celular, podendo ser 
dependente da produção de linfocina ou da concentração e apresentação do antígeno pelos 
linfócitos T e B. OS linfócitos B, por sua vez, podem por sí só, tomarem-se ativados, responsáveis 
pela imunidade celular. Tanto o linfócito T como o B podem tornar-se tolerantes, mas neste caso 
os linfócitos T requerem menos antígenos do que os linfócitos B. 
 
O linfócito ativado pelo antígeno, libera as linfocinas, que induz a informação específica 
para outros linfócitos. Estes produtos liberados pelos linfócitos ativados medeiam a reação 
inflamatória. Estes fatores podem ser obtidos "in vitro", em cultura de linfócitos e com isso as 
tentativas têm sido feita no intuito de purificar e caracterizar as linfocinas. O fator mais conhecido 
é o que impede a migração de macrófagos sobre uma superfície vítrea. Quando os macrófagos e 
linfócitos são colocados em um tubo capilar, imerso em meio de cultura, os macrófagos migram 
para fora no sentido do meio de cultura. Se os linfócitos forem expostos ao seu antígeno 
específico, eles liberam um fator que agrega os macrófagos entre si, impedindo a sua migração. 
 
 
18 
Este fator parece ser o responsável pelo acúmulo de macrófagos no processo inflamatório 
mediado por células. 
 
Resumidamente, estas linfocinas podem ter diferentes funções, como: 
 
1. Fator de inibição e de migração e quimiotático atuando sobre os macrófagos. 
 
2. Fator quimiotático, que atua sobre os polimorfonucleares. 
 
3. Fatores mitogênico, citotóxico e de transferência, que atuam sobre os linfócitos. 
 
4. Fatores dérmico e citotóxico, que atuam sobre as células e tecidos. 
 
A imunidade celular é uma defesa que protege o organismo de várias agressões, tais como: 
agentes infecciosos e o câncer. Exerce uma verdadeira "vigilância" no caso do câncer, havendo 
eliminação de células neoplásicas, que se originam espontâneamente nos indivíduos normais. 
Uma evidência marcante da defesa celular é que nas pessoas mais idosas, quando há deficiência 
do mecanismo imunológico, a incidência de tumores é muito maior do que nas pessoas mais 
novas. 
 
Toda a imunidade celular é marcada pela influência do timo, e as células mediadoras são os 
linfócitos T (timo dependentes). Em animais timectomizados, a incidência de tumores induzidos 
por agentes carcinogênicos e por vírus é muito maior do que nos animais controles, não 
timectomizados. 
 
 
 
19 
ANTICORPOS – (Imunoglobulinas) 
 
Imunoglubulinas são proteínas plasmáticas efetoras da resposta imunológica, com diversas 
atividades biológicas, ou seja, combatem outras substâncias e apresentam ações diretas na defesa 
do organismo. 
Uma das características das imunoglobulinas é que se combinam exclusivamente com a 
substância que induziu a sua formação, ou seja, com os componentes termoestáveis da resposta 
imunológica. A sua constituição básica é de glicoproteínas, sendo que cerca de 82 a 96% são 
polipeptídeos e 4 a 18% são carbohidratos. 
 
As proteínas do soro humano podem ser separadas pela eletroforese de proteínas em 
albumina, α1-globulina, α2-globulina e γ-globulina, conforme apresentem maior ou menor 
capacidade de migração frente a cargas elétricas. A albumina tem maior poder migratório , 
enquanto a γ-globlina possui a menor migração frente a eletrodos positivos. 
 
A maioria das proteínas efetoras da imunidade pertence à fração γ-globulina, sendo por isso 
referida como gamaglobulina, especialmente em hemoderivados e fármacos. Entretanto, uma 
pequena parte dessas proteínas efetoras encontram-se entre a fração β-globulina e uma quantidade 
ainda menor na fração α2-globulina. 
 
Por esta heterogenicidade protéica, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que 
se fale em imunoglobulinas quando as proteínas efetoras estiverem livres no plasma, em 
cavidades, tecidos e mucosas, reservando-se assim o termo anticorpo para o momento que tais 
proteínas encontrarem-se unidas a substâncias. 
 
As imunoglobulinas são adquiridas com a filogenia, sendo a IgM a primeira a aparecer. Os 
invertebrados não apresentam imunoglulinas; a lampréia é o primeiro ser a apresentar 
imunoglubulina, tendo somente IgM; o sapo dispõe de duas classes de imunoglobulinas, a IgM e a 
IgG; o coelho apresenta IgM, IgG e IgA; no ser humano encontram-se cinco classes de 
imunoglobulinas. São elas: IgG, IgM, IgA, IgE e IgD. 
 
Cada molécula de imunoglobulina é formada por dois pares de cadeia: Pesadas (Heavy-H) e 
leves (Light-L), unidas entre si por pontes dissulfídrilicas. Considera-se que uma moléculaseja 
formada pela repetição de 12 subunidades básicas, consistindo, cada uma delas, uma cadeia 
peptídica de 110 aminoácidos com um peso molecular de 12.000 Daltons, cada uma. 
 
O peso de cada cadeia leve é de 25.000 daltons e é constituída de duas subunidades. Cada 
cadeia pesada tem quatro subunidades. A variação das unidades básicas determina a 
heterogenicidade estrutural das imunoglobulinas. 
 
 
IMUNOGLOBULINA IgG 
 
Esta imunoglobulina, no ser humano, tem peso molecular de 160.000 e encontra-se no soro 
numa concentração de 75% em relação as outras. A molécula apresenta dois tipos de combinação 
com o antígeno, chamado fragmento FAB, envolvendo as cadeias leves (L) e as cadeias pesadas 
(H). nos casos de tumores de células plasmáticas, estas imunoglobulinas representam um conjunto 
bastante homogêneo no soro do paciente. 
 
 
 
20 
Tomando por base as características das imunoglobulinas, estas possuem uma sequência de 
aminoácidos da parte variável, sendo constituída de 107 aminoácidos. Mais de 50% das posições 
dos aminoácidos da porção N terminal são variáveis. Este fato possibilita uma variação muito 
ampla nas sequências, facilitando a especificidade de anticorpos. Nas porções N terminal das 
cadeias pesadas, as variações são similares. As porções variáveis das cadeias L e H no fragmento 
FAB formam o sítio de combinação com o antígeno da molécula do anticorpo. 
 
As cadeias leves são de dois tipos K (kapa) e L (lâmbda). Em qualquer indivíduo são 
produzidas cadeias L e K. Estas cadeias leves possuem pontes dissulfidrí1icas internas, 
praticamente, na mesma posição, assim ambas posuem a cisteína como aminoácido terminal da 
extremidade carboxílica. Tudo indica que há uma origem genética comum para as duas cadeias. 
Embora haja divergências que aparecem com a evolução, estes gens conservam características 
comuns. 
 
As cadeias pesadas são específicas para cada classe de imunoglobulinas. No homem a IgG é 
constituída pela cadeia gama, existindo quatro diferentes formas IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4 (Fig. 
5). 
 
Figura 5. Subclasses da Imunoglobulina G. 
 
Frente aos soros específicos estas formas mostram diferenças no fragmento Fc das cadeias 
pesadas. Proporcionalmente, as IgG 1, 2, 3 e 4, correspondem a 65%, 23%, 8% e 4%, 
respectivamente. Elas apresentam diferenças no número e nas posições de pontes sulfidrílicas 
(Fig. 6). 
 
 
 
21 
Figura 6. Representação esquemática da Imunoglobulina G. 
Na mesma espécie as imunoglobulinas podem ser separados em subgrupos dependendo das 
características de suas moléculas . Este fenômeno é similar aos dos grupos sanguíneos, diferindo 
pelo fato de que os antígenos estão situados nas cadeias L e H das moléculas das 
imunoglobulinas. As porções variáveis das cadeias leves e pesadas situadas no fragmento FAB 
têm também, seus determinantes antigênicos, que dependem da sequência de aminoácidos, que 
confere a especificidade do anticorpo. Os fragmentos FAB de especificidades antigênicas 
diferentes têm determinantes antigênicos diferentes. Denominam-se "idiotípicos" estas diferenças 
individuais que são características de cada clone produtor de anticorpo específico. 
 
IMUNOGLOBULlNAS IgM e IgA 
 
As globulinas IgM e IgA, também possuem as cadeias leves do tipo K ou L. As cadeias 
pesadas são exclusivas para cada classe, assim temos: Para IGM a cadeia pesada é a mi, para IgA é 
a alfa e para IgG é a delta. A separação destas imunoglobulinas é feita na base da constituição 
antigênica de cada uma. Para a IgA existem duas subclasses (IgA1 e IgA2). Na IgA2 as pontas de 
enxofre ligam as cadeias leves entre si e não com as cadeias pesadas. 
 
A maioria dos estudos realizados com a molécula de IgM demonstrava que ela possui apenas 
cinco sítios de combinação com o antígeno, havendo, entretanto, 10 sítios. A dificuldade de se 
determinar todos os 10 sítios reside no fato de que os dois sítios de cada unidade tenham a mesma 
eficiência de combinação com o antígeno. Isto resulta o aparecimento de 5 valências em vez de 
dez para cada molécula de IgM. 
 
As unidades que formam a IgM e os polímeros de IgA, estão ligadas entre si por um 
polipeptídio de pequeno peso molecular (23.000 - 26.000), denominado de cadeia J. Como o 
polipeptídio tem um alto conteúdo de cisteína, admite-se que este aminoácido seja o responsável 
pela união das subunidades entre si (Fig. 7 e 8). 
 
 
 
Figura 7 – Representação esquemática da Imunoglobulina A 
 
 
22 
 
 
Figura 8 – Representação esquemática da Imunoglobulina M. 
 
ESTRUTURA E FUNÇÃO DAS IMUNOGLOBULlNAS 
 
As áreas variáveis das cadeias L e H do fragmento FAB são os sítios da molécula com 
capacidade de se ligar com o antígeno. O fragmento da cadeia pesada (Fd) parece conter cerca de 
85% desta capacidade embora, nem sempre isto aconteça. O componente variável da cadeia L é 
inativo, mas estabiliza o sítio de combinação. 
 
ATIVAÇÃO DO SISTEMA COMPLEMENTO 
 
O fragmento Fc da molécula de IgG, parece ser o responsável pela ativação do sistema 
complemento. Esta ativação só ocorre quando duas ou mais moléculas de IgG estão agregadas 
entre si. Desconhecem-se as alterações que ocorrem na configuração molecular quando elas 
agregam. 
 
Os fragmentos Fc isolados não ativam o complemento. A molécula de IgG antes de se 
combinar com o antígeno. A capacidade das moléculas de IgG de ativarem o Sistema 
Complemento é variável, dependendo das subclasses desta imunoglobulina. A reação de IgG3 se 
faz de modo eficiente, sendo 7 vezes maior do que IgG1 e não há ligação do C1q à IgG4. 
 
SÍNTESE DAS IMUNOGLOBULINAS 
 
Após à diferenciação dos linfócitos, inicia-se a síntese das imunoglobulinas. Dois tipos de 
células estão envolvidas no processo: 
 
1 - Células da série plasmática 
 
 
23 
2 - Células da série linfocítica (pequenos, médios e grandes linfócitos). 
 
A série celular plasmática contribui para uma maior produção de imunoglobulinas. 
Observação de microgotas contendo células de animais imunizados, revela que 2/3 das células 
produtoras de anticorpos são os plasmócitos. As células produtoras de anticorpos têm, como 
estrutura o retículo endoplasmático rugoso (membranas com grande número de polirribossomas). 
Nos linfócitos estes retículos estão quase sempre ausentes, porém, muito abundantes nos 
plasmócitos. Numerosas técnicas podem evidenciar as imunoglobulinas localizadas nos espaços 
do retículo endoplasmático, formando acúmulos protéicos denominados de corpúsculos de 
Russell. 
 
Cada célula produtora de anticorpo é capaz de sintetizar a molécula inteira de 
imunoglobulina, incluindo tanto as cadeias leves quanto as cadeias pesadas. Sabe-se, outrossim, 
que cada célula produz apenas uma classe de imunoglobulinas e com cadeias leves restritas a um 
dos tipos K ou L. É muito difícil uma célula só produzir mais de uma classe de imunoglobulina. 
Entretanto, as células B que, secretam IgM no início do processo, podem posteriormente mudar a 
sua síntese para a produção de IgG. Também, há evidências, que estas mesmas células podem 
retomar à síntese de IgM, durante a resposta secundária. 
 
TIMO 
 
É um órgão ativamente linfopoiético. Esta função é demonstrada, com facilidade, pela 
incorporação de isótopos radioativos como a timidina tritiada. No timo, é evidenciada uma alta 
produção de células com processo ativo de divisão, com velocidade mitótica maior do que em 
qualquer outro órgão linfático. Sugere-se que este estímulo proliferativo derive de células 
reticulares epiteliais. A renovação de células tímicas primitivas é feita lentamente por células da 
medula óssea que alcançam o alvo via sanguínea. Algumas destas células deixam o timo e 
alcançam os órgãos linfóides periféricos. Estas células são os linfócitos de LONGA VIDA, du-
rando meses nos roedores e anos no homem.O papel do timo parece estar ligado à produção de 
um fator humoral que restaura a reatividade imunológica das células linfóides. 
 
O timo controla a imunidade celular por um provável mecanismo que facilita a maturação das 
células na medula óssea. As células do sistema imune, responsáveis pela produção de anticorpos 
estão localizadas, em maior número, nos linfonodos, nos cordões medulares e na polpa vermelha 
do baço. Estas células parecem não receber influência do timo, mas sim do tecido linfóide 
associado ao intestino, quais sejam, as placas de Peyer e o apêndice. A hipótese sobre este 
mecanismo foi evidenciada em estudos genéticos realizados em aves. As aves desenvolvem um 
quadro de imunossupressão imunológica após à extirpação da Bolsa de Fabrícius. As aves, que ao 
nascerem sofrem a extirpação desta Bolsa, não desenvolvem imunidade celular, porém conservam 
sua habilidade para a resposta humoral. Elas não têm centros germinativos e nem células 
plasmáticas nos seus órgãos linfóides. 
 
Existe uma série de evidências de que a Bolsa de Fabrícius das aves corresponde, nos 
mamíferos, aos órgãos linfóides, como o apêndice, as placas de Peyer e as amígdalas. 
 
CIRCULAÇÃO DOS LlNFÓCITOS 
 
A Circulação dos linfócitos ocorre em três áreas principais onde se dá a migração ou a 
transferência destes para o sangue: os linfonodos e placas de Peyer, no baço e nos vasos 
 
 
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periféricos. Este mecanismo é melhor entendido nos linfonodos. Estudos utilizando-se a 
microscopia eletrônica demonstraram que os pequenos linfócitos penetram e atravessam o cito -
plasma das células epiteliais cubóides das vênulas pós-capilares destes órgãos. 
 
Estas vênulas ficam situadas na parte média e profunda da zona cortical dos linfonodos. Estas 
são vasos sanguíneos incomuns, com células endoteliais hipertrofiadas. Do córtex, os lin fócitos 
passam através dos módulos para os sinusóides medulares e daí para os linfócitos eferentes. O 
caminho dos linfócitos na circulação periférica não está claro. Sabe-se que a migração destes para 
outros tecidos ocorre em menor escala do que nos órgãos linfóides e a cota se faz através da 
parede dos capilares. 
 
 
 
 
 
 
 
25 
SISTEMA COMPLEMENTO 
 
 
O complemento é um componente termolábil do soro, conhecido há mais de 50 anos, com 
capacidade de lisar eritrócitos e destruir bactérias. O complemento é consti tuído de um complexo 
de proteínas séricas presentes em baixa concentração no soro de indivíduos normais. Este 
complexo protéico é o responsável pelas atividades biológicas dos anticorpos fixadores do 
complemento. Os componentes do complemento têm a característica de se combinar com certos 
anticorpos quando estes se ligam a um antígeno. Os componentes mais bem conhecidos são 
resultantes da combinação do anticorpo para antígeno ligado à membrana das células vermelhas. 
Esta união causa lise às hemácias. Para este fenômeno se realizar é nescessária uma digestão 
enzimática de pequenas áreas da membrana celular. Muito do que se sabe hoje sobre o 
complemento originou-se do fenômeno da imuno hemólise. 
 
Este complexo sistema, é formado por mais de 25 proteínas, atua pelo menos de 4 formas 
principais. A primeira e mais conhecida função do sistema complemento consiste em causar lise 
das células estranhas, bactérias e vírus envelopados. 
A segunda consiste em mediar processos de opsonização, em que células estranhas, bactérias, 
vírus, fungos etc. são preparados para a fagocitose. Este processo envolve o revestimento da 
partícula estranha com fragmentos presentes nas células fagocíticas. 
A terceira função das proteínas do complemento é a produção de fragmentos peptídicos que 
regulam aspectos da resposta inflamatória e da resposta imunológica. Essas proteínas 
desempenham um papel na vasodilatação no local da inflamação, na aderência dos fagócitos ao 
endotélio dos vasos sanguíneos, na saída dos fagócitos dos vasos, na migração direcionada das 
células fagocíticas para as áreas de inflamação e, por fim, na remoção de agentes infecciosos do 
organismo. 
A quarta função do complemento consiste em ajudar a regulação da atividade biológica das 
células. A ligação do complemento às células pode induzir a sua ativação e até mesmo causar a 
sua divisão. A ligação do complemento a antígenos pode facilitar a sua ligação a receptores nas 
células apresentadoras de antígenos, tornando-os assim, muito mais “antigênicos”. 
 
 
VIAS DE ATIVAÇÃO 
 
A maioria das proteínas de atuação inicial na cascata do complemento encontra-se na 
circulação sob a forma inativa. As proteínas sofrem ativação seqüencial para finalmente produzir 
seus efeitos biológicos. Existem três vias básicas de ativação que operam no plasma. A primeira 
via de ativação do complemento descoberta foi denominada via clássica do complemento. Em 
condições fisiológicas normais, a ativação desta via é iniciada pelo complexo antígeno-anticorpo 
(Figura 1). 
 
 
26 
 
 
 
 
 
A segunda via, conhecida como via alternativa do complemento, foi descoberta mais 
recentemente, embora, do ponto de vista filogenético, seja provavelmente a via de ativação mais 
antiga. Essa via não necessita absolutamente da presença de anticorpo para a ativação (Figura 2). 
 
 
 
Figura 1. Componentes iniciais da Via Clássica do Sistema Complemento. 
 C1q 
 
 
 C1r 
 
 
 
Complexo C1qrs 
 
 
 
 C4 
 
 
 
C4b C4a 
 
 
 
C2 
 
 
 C2a C2b 
 
 
 
 Complexo C4b2a = C3 convertase 
 
 
 C3 
 
 
 C3b C3a 
Via Clássica do Sistema 
Complemento 
Quimiotaxia e Anafilatoxina 
Fagocitose 
Cálcio 
Magnésio 
 
 
 
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 C3 
 
 
 
 C3b 
 
 
 
 
 C3bB 
 
 
 
 
 C3bBb 
 
 
 
 
 Complexo C3bBbP = C3 convertase 
 
 
 
 
Complexo C3bBb3b = C5 convertase 
 
 
 
 
 C5 
 
 
 
 
 C5b 
C3a 
C5a 
Quimiotaxia e anafilaxia 
Fagocitose 
Fator D O fator D cliva B em Ba e Bb 
C3 A properdina cliva um novo C3 em C3a e C3b 
Quimiotaxia e anafilatoxina 
Fagocitose 
 
 
 
 
 
 
A terceira via, mais recentemente descrita é conhecida como via da lectina de ligação de 
manose (MBL, mannan-binding lectin pathway). É desencadeada pelo complexo lectina-
manone, um membro do grupo das proteínas denominadas de colectinas o qual reconhecem as 
seqüências repetidas de açúcares dos carbohidratos das bactérias. 
 
 
Figura 2. Componentes iniciais da Via Alternativa do Sistema Complemento. 
 
 
28 
 
 
Figura 3 – Componentes iniciais da via das Lecitinas do Sistema Complemento. (MASP = 
Serina Proteinase associada aa Manose) 
 
Todas as três vias atuam através da interação de proteínas denominadas componentes, ou 
fatores. Essas vias prosseguem por meio de ativação seqüencial e organização de uma série de 
componentes, levando à formação de enzimas complexas capazes de ligar e clivar um componente 
chave, C3, que é comum em todas as três vias. A partir desta etapa, as vias prosseguem de forma 
idêntica através da ligação dos componentes terminais, formando um complexo de ataque à 
membrana, que finalmente provoca a lise da membrana celular (Figura 4). 
 
 
 
Via Clássica 
(IgM, IgG, IgG3) 
Via das Lecitinas 
(Manose) 
Via Alternativa 
C1qrs 
C4b2a 
C3 
C3b 
C5 
C5b 
C6 
C7 
C8 
C9 
C3a 
Opsonização 
MAC Lise 
Quimiotaxia 
Anafilatoxinas 
 
 
 
Pfeiffer e Issaef, em 1894, inocularam vibrião colérico no peritônio de cobaios imunizados 
com o vibrião e notaram que este microrganismo se desintegrava. Bordet (1906) observou 
fenômeno semelhante "in vitro", havia desintegração de microrganismos pelos soros imunes 
homólogos.Esta atividade deixava de existir quando o soro era inativado ou deixando o soro 
Figura 4. Atividades biológicas das três vias do Sistema Complemento. 
 
 
29 
envelhecer por alguns dias. Este soro inativado ou envelhecido voltava à função anterior quando 
era adicionado de soro recente de animal não imune. Desde então, concluiu-se que a participação 
de três elementos era essencial para que o fenômeno se realizasse: 
 
1. Antígeno 
2. Anticorpo (termoresistente) 
3. Complemento (termolábil) 
 
Na maioria das vezes, a reação antígeno-anticorpo é inócua e, em condições especiais pode 
levar a lesões celulares ou de outras naturezas. É relevante o papel do Sistema Complemento na 
lise de microrganismos que invadem um hospedeiro imune aos agentes que o invadem. 
 
Para haver ação, lesiva sobre a célula, não é necessário que o antígeno seja um dos 
componentes naturais da parede celular, embora este seja o mecanismo mais constante. Por outro 
lado, há também lesão celular, quando o antígeno está aderido, artificialmente, por um processo 
qualquer à parede celular. Para se ter hemólise imune não há necessidade de usar hemolisina, isto 
é, o anticorpo para os componentes da hemácia. Se revestirmos determinada hemácia por um 
antígeno bacteriano e adicionarmos o seu anticorpo homólogo e complemento, ocorre hemólise. 
Com os estudos químico-imunológicos, foram descobertos onze componentes do complemento 
que entram em diferentes etapas do processo lítico. O complemento (ou alexina) não se altera 
durante a imunização e não tem especificidade relacionada ao antígeno. A intensidade da lise dos 
eritrócitos é, facilmente, medida pela hemoglobina liberada, e devido a isto, o sistema eritrócito-
anticorpo passou a ser o sistema padrão para as reações de fixação do complemento. 
 
 
Hemácias + Anticorpos EA 
 
EA + C' EAC LISE 
 
(E = eritrócitos, A= anticorpo, C = complemento) 
 
Quando se tem reação de antígeno-anticorpo em presença do complemento, mesmo que o 
antígeno seja solúvel há consumo do complemento, desde que o anticorpo seja fixador. Como 
exemplo típico de fixação do complemento temos os testes para diagnósticos sorológicos 
empregados em virologia. Em determinados sistemas Ag-Ac se colocarmos complemento e, após 
30 minutos adicionarmos hemácias já combinadas com seu anticorpo homólogo não haverá 
hemólise, pois o complemento foi fixado pelo outro sistema Ag-Ac. 
 
Não são todos os anticorpos que fixam complemento. As imunoglobulinas IgM, IgG e IgG3 
são muito ativas na fixação do complemento. A IgG2 é pouco ativa e a IgG4 tem atividade quase 
nula. IgA não fixa complemento. 
Não raro, encontramos antígenos e anticorpos que inibem a ação do complemento. Há uma 
diminuição do poder fixador dos complexos formados. Estas substâncias são denominadas 
inibidores do complemento. 
 
COMPLEMENTO E FAGOCITOSE: hemácias revestidas por anticorpos e complemento têm sido 
utilizadas para demonstração da participação do complemento na facilitação da fagocitose. O C3b 
é o elemento mais envolvido no processo. Os polimononucleares e macrófagos possuem 
receptores para C3b em suas membranas, o que promove íntimo contato entre os fagócitos e as 
 
 
30 
células a serem ingeridas. 
Bactérias em presença do complemento e de seu anticorpo correspondente, são fagocitadas 
mais facilmente e sofrem lise. Este fenômeno é denominado OPSONlZAÇÃO. 
 
COMPLEMENTO E LIBERAÇÃO DE HISTAMINAS: Na seqüência da reação de fixação do C, 
são liberadas as frações C3a e C5a do Sistema Complemento, em ambas as vias, clássica e 
alternativa. São proteínas de baixo peso molecular e que provocam contração da musculatura lisa 
e o aumento da permeabilidade vascular. Os C3a e CSa são distintos química e biologicamente, de 
modo que, quando o músculo não responde mais ao C3a, mostra resposta ativa ao C5a, sugerindo 
receptores, nos mastócitos. Neste processo há liberação de histamina que exerce a função de 
anafilatoxina. 
 
COMPLEMENTO E AÇÃO QUIMIOTÁTICA: OS fragmentos C3b e C5a e o C5b,6,7 (C-
macromolecular) formados durante o processo de fixação do C, atraem PMN, exercendo ação 
quimiotática positiva. Se fizermos um corte histológico no local em que ocorreu o fenômeno de 
ARTHUS, isto é, no ponto onde ocorreu a reação de Ac-Ag, envolvendo o Sistema Complemento, 
observa-se um acúmulo de polimononucleares (PMN). 
 
O tratamento de C3a por tripsina inativa a sua capacidade de contrair músculo liso, 
permanecendo a ação quimiotática. Neste caso sugerem-se que grupamentos químicos distintos 
sejam responsáveis por estas atividades. 
 
COMPLEMENTO E PRODUÇÃO DE QUININAS: As quininas são polipeptídeos com atividade 
hipotensora e estimulante da musculatura lisa, durante a ativação do Sistema Complemento. Há 
sugestões que a quinina produzida pelo complemento seja originada do componente Cl ou C4. O 
tratamento destes com Cl esterase dá origem a uma substância de atividade semelhante às 
quininas. 
 
COMPLEMENTO E DOENÇAS HUMANAS: O complemento está relacionado à diversas 
doenças como, a glomerulonefrite aguda, crônica, lupus eritematoso sistêmico, na panencefalite 
sub aguda e mesmo na hepatite viral. Já se sabe que há deposição de complexos Ag-Ac e ativação 
do Sistema complemento promovendo lesões em nível renal, por exemplo. 
 
BIOSSÍNTESE DO SISTEMA COMPLEMENTO: Os locais de síntese dos seus componentes são 
diversos e determinados para quase todos os componentes, bem como para o inibidor Cl. 
 
Componentes do Sistema Complemento e locais de síntese: 
 
Componente Local de Produção 
C1q epitélio intestinal 
C1r fígado 
C1s fígado 
C2 macrófagos 
C3 fígado 
C4 macrófagos 
C5 baço 
C6 fígado 
C7 baço 
C8 fígado 
C9 fígado 
 
 
31 
REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE 
 
O fenômeno de hipersensibilidade foi verificado em 1898 por Richet & Hericourt pela 
inoculação de cães com repetidas doses de soro de enguia. Os cães em vez de adquirirem 
imunidade, ficaram hipersensíveis ao soro de enguia. Estas mesmas observações foram 
desenvolvidas por Richet & Portier (1902) que inocularam veneno de actínias (anêmona do mar). 
Com as inoculações do veneno, os animais tomavam-se hipersensíveis e a este fenômeno de 
hipersensibilidade deu-se o nome de anafilaxia (ana = contra e phylaxis = proteção). 
 
Fenômeno semelhante foi observado em cobaias injetadas com soro de cavalo, e 15 a 20 dias 
após à injeção sensibilizante, os animais eram reinjetados, intravenosamente. Com esta injeção os 
animais apresentavam um quadro de dispnéia aguda (espasmo brônquico) eliminação de urina, 
fezes (relaxamento dos esfíncteres), prostação, convulsões e morte dentro de poucos minutos. 
 
MECANISMO DA ANAFILAXIA 
 
Estudos revelam que o fenômeno anafilático podia ser reproduzido pela inoculação do soro 
de um cobaia sensibilizado em uma nova cobaia. Houve, no caso, uma transferência de anafilaxia 
para novo animal. Após à inoculação, sub-cutânea do soro da cobaia sensibilizada, inocula-se o 
soro de cavalo por via venosa, num intervalo de 1 a 2 horas entre a primeira e a segunda 
inoculação. Uma reação imediata ocorrerá e o animal morre. 
 
Anteriormente, quando se sensibilizou a cobaia com o soro, tivemos uma anafilaxia ativa (a 
fase de sensibilização é demorada) e no segundo caso quando se inoculou o soro do animal imune 
tivemos a anafilaxia passiva (resposta imediata). Estas são duas experiências que exemplificam o 
fenômeno de anafilaxia sistêmica (choque anafilático). 
 
Em 1951, Ovary injetou em animal de laboratório determinado anticorpo, por via subcutânea. 
Após 2 a 4 horas injetou, intravenosamente o antígeno homólogo misturado com azul de Evans. 
Após 15 minutos, observou-se ao nível local a formação de manchas azuis. Este é o exemplo de 
anafilaxia cutânea passiva (R.C.A.) 
 
O processo

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