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História da Educação Unid II

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3 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NO ANTIGO EGITO: A FORMAÇÃO DO 
ESCRIBA
3.1 Egito: berço de todas as civilizações
Refletir sobre a educação no Antigo Egito é necessário, uma vez que parece ser consenso entre os 
estudiosos o fato de o Egito ser o “berço” de todas as civilizações. Embora a civilização ocidental, da 
qual fazemos parte, seja herdeira do mundo Greco‑Romano, tanto a Grécia quanto o Império Romano 
“beberam” das fecundas fontes do Egito. Vários livros de história nos trazem a informação de que Platão 
era um admirador da antiga sabedoria egípcia, reconhecendo no deus egípcio Thoth o inventor dos 
números, do cálculo, da geometria, da astronomia e das letras.
O que sabemos é que realmente o Egito foi fecundo na produção de conhecimentos. Quem já não 
ouviu falar dos processos de mumificação dos mortos e das monumentais pirâmides? Com certeza muito 
conhecimento teve que ser desenvolvido para que elas fossem erguidas e, mais, para que durassem 
tanto tempo, chegando até os dias de hoje.
Mas como é que os caçadores e coletores do Período Paleolítico e os agricultores do Período Neolítico 
se transformaram nos poderosos faraós do Egito? Os primeiros registros que temos acerca do Egito 
datam do ano 4000 a.C., quando caçadores nômades fixaram‑se no Vale do Nilo, nordeste da África. Aos 
poucos a tecnologia foi se desenvolvendo, o trabalho se especializando, a agricultura tornando‑se mais 
eficaz e a sociedade mais complexa. O Egito, provavelmente a civilização mais antiga da humanidade, 
desenvolveu a agricultura de forma extraordinária, graças, principalmente, ao regime de cheias do rio 
Nilo. Este povo, especializando‑se na agricultura, teve que desenvolver vastos conhecimentos para 
torná‑la cada vez mais eficaz. Com isto, o Egito desenvolveu notadamente a geometria, a astronomia, a 
matemática e as ciências úteis e necessárias para a realização das atividades práticas diárias referentes 
ao desenvolvimento da agricultura, como atesta, por exemplo, a elaboração de um eficiente calendário 
solar para prever as cheias do rio Nilo. Os trabalhos de irrigação e os conhecimentos de geometria, 
particularmente úteis para a medição de terras destinadas ao plantio e à construção das pirâmides, 
mostram‑nos o grau de desenvolvimento da engenharia praticada.
Os egípcios desenvolveram conhecimentos na área médica, identificando algumas doenças, e existe 
a evidência de que já praticavam alguns tipos de cirurgias. Possuíam, também, conhecimentos nas 
áreas de zoologia, botânica, mineralogia e geografia. Desenvolveram a escrita, mais conhecida como os 
hieróglifos, por volta de 3500 a.C.
Os antigos caçadores que se fixaram no vale do rio Nilo foram se transformando em exímios 
agricultores e desenvolveram extensos conhecimentos em torno das necessidades agrícolas. Passaram, 
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então, a dominar as técnicas de plantio e colheita de trigo, cevada, linho, algodão, legumes, frutas 
e papiro, bem como desenvolveram as práticas para a criação de bois, asnos, gansos, patos, cabras e 
carneiros e, na mineração, se destacaram na extração de ouro, cobre e pedras preciosas.
O desenvolvimento dos conhecimentos permitiu aos egípcios alcançarem uma alta produtividade 
agrícola e exercerem um eficiente controle populacional, disponibilizando recursos e mão de obra, 
o que viabilizou a construção das pirâmides e dos palácios, o desenvolvimento do artesanato, da 
ourivesaria e as guerras de expansão. Como podemos perceber, esta sociedade se tornou extremamente 
poderosa e rica, portanto, a estrutura social e cultural deste povo, marcada pelo desenvolvimento das 
atividades econômicas ligadas especialmente à agricultura, foi se tornando cada vez mais complexa. 
Desenvolveu‑se, portanto, uma sociedade de classes, dividida em diferentes camadas sociais: as que 
tinham privilégios, tais como: sacerdotes, nobres, funcionários; e as que compunham o restante da 
população: artesãos, camponeses e escravos. O governo se concretizou como um governo centralizador 
e teocrático. O faraó exercia uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de 
origem divina.
Nesse sentido, afirmamos que governo teocrático ou teocracia é um sistema de governo em que o 
poder político está fundamentado no poder religioso. Para os egípcios, a ordem social representava um 
aspecto da ordem cósmica. Assim, a realeza existiria desde o começo do mundo, pois o “Criador foi o 
primeiro Rei, transmitindo esta função ao filho e sucessor, o primeiro Faraó. Essa delegação consagrou 
a realeza como instituição divina”.
Politeístas, os egípcios acreditavam na vida após a morte e a prática religiosa, composta por muitas 
cerimônias e rituais, tinha grande destaque, valor e influência na sociedade. Como o poder político era 
fundamentado no poder religioso, podemos perceber que a religião era indissociável da vida política e 
cotidiana dos egípcios. O dia a dia era uma expressão da vontade divina e os faraós eram considerados 
e adorados como deuses encarnados. Ao faraó pertenciam todas as terras do país, portanto, todos 
deveriam lhe pagar tributos e lhe prestar serviços. Sendo ele um “deus encarnado” ninguém contestava. 
O faraó era ao mesmo tempo um “deus encarnado” e um chefe político de um Estado poderoso, portanto, 
tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos.
Podemos pensar a sociedade egípcia como uma pirâmide cuja base é composta pelos camponeses 
livres, que eram a maioria da população, viviam nas aldeias e pagavam diversos tributos ao Estado e 
aos templos. Nesta base da sociedade ainda estavam os escravos, que se encontravam nesta condição 
por dívidas ou por dominação de outros povos por meio das conquistas militares. Quase todos eram 
de origem estrangeira e faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas. 
Acima destes havia uma camada intermediária formada pelos artesãos, trabalhadores que exerciam 
diferentes ofícios, tais como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives 
etc. Havia, ainda, os soldados que não atingiam os postos de comando, pois estes eram reservados à 
nobreza.
A classe dominante era formada pelo faraó e sua família, pelos sacerdotes, militares e altos 
funcionários do Estado, dentre eles os escribas. O faraó, soberano teocrático e centralizador, 
concentrava em suas mãos o poder político e espiritual; era cultuado como um deus vivo, filho de 
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deuses e intermediário entre estes e os homens; era a pessoa sagrada cuja autoridade absoluta não 
era e nem podia ser questionada.
Portanto, podemos perceber que na cultura egípcia o fator religioso era decisivo. A educação, 
por sua vez, estava intimamente relacionada com a religião e a cultura. Nesta sociedade de 
classes, a transmissão do conhecimento, tanto religioso como técnico, não era disponibilizada 
para todos, ao contrário, era restrita a poucos. Com a diversificação da economia, podemos 
perceber que começa a existir certa hierarquização no mundo do trabalho, ou seja, esta economia 
pede um trabalhador mais especializado e qualificado e uma educação condizente com esse 
propósito.
Manacorda nos mostra que provavelmente houve o desenvolvimento de três tipos de escolas: 
as escolas “intelectuais”, em que eram cultivados os estudos de matemática, de geometria 
e de astronomia; as escolas “práticas”, destinadas à qualificação de artesãos e treinamento 
de guerreiros, e as escolas de ciências esotéricas e sagradas, voltadas para a formaçãode 
sacerdotes.
O autor enfatiza a existência da educação destinada às classes dominantes, especialmente no 
que se refere à educação para a vida política, ou seja, para o exercício do poder. Esta educação 
era baseada em literatura sapiencial e tinha como objetivo o ensinamento dos comportamentos e 
da moral referentes ao exercício do poder. Literatura sapiencial é um tipo de literatura proverbial 
de sabedoria que tem uma finalidade basicamente didática. A Bíblia, por exemplo, é um livro de 
literatura sapiencial. Segundo os historiadores, este tipo de literatura foi introduzida em Israel pelo 
rei Salomão, mas, antes disso, se tem registros dessa literatura em todo o Oriente e, especialmente, 
no Antigo Egito.
Portanto, estes conselhos de sabedoria prática contêm condutas e preceitos morais intimamente 
relacionados ao modo de vida da classe dominante:
Eles contêm preceitos morais e comportamentais rigorosamente 
harmonizados com as estruturas e conveniências sociais ou, mais 
diretamente, com o modo de viver próprio das castas dominantes. Estes 
sempre foram em forma de conselhos dirigidos do pai para o filho e do 
mestre escriba para o discípulo (neste caso o termo “filho” será usado de 
qualquer forma, para indicar o “discípulo” seja este filho carnal ou não), e 
insistem na ininterrupta continuidade da transmissão educativa de geração 
em geração (MANACORDA, 2004, p. 11).
O exame da literatura sapiencial, em sua relação com a estrutura social e o momento em que a 
mesma foi produzida, pode nos fornecer um entendimento adequado acerca dos conteúdos e objetivos 
da educação, bem como da relação pedagógica entre mestre e discípulo. Manacorda conclui que a 
educação era mnemônica, repetitiva, baseada na escrita e transmitida autoritariamente do pai para o 
filho.
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 Observação
Mnemônica é uma técnica para desenvolver a memória por meio de 
processos de combinação e associação de ideias. Relativo à memória; que 
ajuda a reter na memória. Memorizar.
O conteúdo específico gira em torno dos preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática. A característica principal destes ensinamentos é que estes estão voltados para a formação 
do homem político. Sendo assim, a “arte de falar” ou o “falar bem” é um dos objetivos máximos 
deste ensino. Portanto, os temas pedagógicos fundamentais no Antigo Egito são: “educação para 
falar” e “obediência”. Devemos entender que “educação para falar” refere‑se ao exercício da oratória, 
fundamental na arte política do comando. Também devemos estar atentos para o fato de que 
comandar pressupõe a arte da obediência e, para que isso funcione, é necessário haver disciplina, 
castigo e rigor.
Assim, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito tinha as seguintes características:
• Mnemônica.
• Baseada na escrita (hieróglifos).
• Transmitida autoritariamente.
• Calcada na obediência e na disciplina: percepção do castigo como eficaz para o processo de 
aprendizagem.
• Uso de livros e textos de literatura sapiencial (preceitos comportamentais e conselhos de sabedoria 
prática).
• Processo sistemático (com começo, meio, fim e objetivos).
• Institucionalizada, inicialmente sem locais rigidamente especificados para a sua transmissão, mas 
a ideia de escola já bem consolidada.
• Existência de um encarregado pela educação (escriba ou sacerdote).
• Educação de classes, portanto com conteúdos adequados aos diferentes objetivos (“intelectuais” 
ou “práticos”), ou seja, conteúdos adequados à classe dominante (formação do homem político, de 
escribas e altos funcionários) e conteúdos adequados ao povo (formação de artesãos e formação 
de guerreiros).
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Figura 3 – Escrita hieróglifa
 Saiba mais
Para saber mais acerca da escrita, do alfabeto e da gramática dos antigos 
egípcios, consultar: <http://hieroglifos.com.sapo.pt/>. 
Resumidamente, podemos afirmar que a educação no Antigo Egito primava pelo desenvolvimento da fala, 
no sentido da arte da oratória, da obediência e da moral. Isso acontecia dentro de um rígido regime disciplinar 
em que a punição e o castigo eram frequentemente utilizados para quem não aprendia corretamente.
3.2 Ascensão social por meio do ofício de escriba
O escriba do Antigo Egito era um perito na escrita em um tempo e lugar em que bem poucos 
detinham esse conhecimento. Além de funcionário da administração, ele era mestre dos filhos das 
castas dominantes, e também dos filhos dos reis e faraós. A profissão de escriba se apresentava aos 
jovens e à sociedade em geral como extremamente promissora e vantajosa, portanto, era claramente 
uma forma de ascensão social. Assim, lemos em Manacorda:
“Quanto ao escriba, ele nunca sairá do bem‑estar, e em qualquer lugar onde 
ele morar não haverá mais necessidade” (MANACORDA, 2004, p. 22).
A literatura disponível nos informa que a ideia de trabalho manual como sendo um trabalho menor, 
inferior e desgastante em contraposição com o trabalho intelectual, especialmente do escriba, parece 
ser bastante comum, como nos informa a passagem abaixo, recolhida do trabalho de Manacorda:
“Nunca vi um cortador de pedras enviado como mensageiro, nem um ourives. 
Mas vi o ferreiro em seu trabalho, à boca da fornalha, fedendo mais do que 
ovas de peixe” (MANACORDA, 2004, p. 23).
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Nessa passagem há, claramente, um repúdio às profissões artesanais, ao trabalho manual, enquanto 
que na passagem seguinte observamos um enaltecimento à profissão de escriba:
“Mostrar‑te‑ei sua verdadeira beleza: ela (a profissão de escriba) é a maior 
de todas as profissões e não existe outra semelhante a ela neste país. (...) Eis 
que não existe nenhuma profissão sem que alguém te dê ordens, exceto a de 
escriba, porque é ele que dá as ordens. Se souberes escrever, estarás melhor 
do que nos ofícios que te mostrei. (...) Sê escriba: este ofício salva da fadiga e 
te protege contra qualquer tipo de trabalho. Por ele evitas carregar a enxada 
e a marra e dirigir um carro. Ele te preserva do manejo do remo e da dor 
das torturas, pois te livra de números, patrões e superiores. (...) O homem sai 
do seio de sua mãe e corre para o seu patrão. Mas o escriba chefia todos 
os tipos de trabalho neste mundo. (...) Sê escriba para que teu corpo se 
conserve liso e tuas mãos logo não se cansem e, assim, tu não queimes como 
uma lâmpada” (apud MANACORDA, 2004, p. 24).
Em uma sociedade como a egípcia, fortemente marcada pelas desigualdades sociais e com pouca 
mobilidade social, estes relatos podem nos indicar que dominar a escrita e o conhecimento eram formas de 
ascender socialmente. Já encontramos na antiguidade egípcia, portanto, elementos que nos mostram que 
o sábio, o intelectual ou aquele que detém o conhecimento é sempre diferenciado em relação aos demais. 
Percebemos, também, que deter conhecimentos é uma forma de exercer poder sobre os outros.
4 EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA NA ANTIGUIDADE GREGA
Inicialmente, devemos esclarecer que o termo Antiguidade Clássica refere‑se a um período da 
história humana que aconteceu especificamente na Europa, portanto, quando falamos em Antiguidade 
Clássica, estamos nos referindo aos acontecimentos que se desenrolaram na Europa, na Grécia e em 
Roma.
Este período compreende o século VIII a.C. e se estende até, aproximadamente, o século V d.C. Esta 
periodização, que é feita muito mais no sentido didático, coloca como marco do início deste período 
o surgimento, na Grécia, da poesia de Homero e, comomarco do final do período, a queda do Império 
Romano no ano 476 da era cristã.
Como já indicamos anteriormente, o Egito foi o berço cultural de nossa civilização, que, por sua vez, 
é herdeira dos ideais greco‑romanos no que se refere ao conhecimento, à ciência e à cultura. Dos povos 
da Antiguidade, foram os gregos e os romanos que tiveram maior influência na formação da civilização 
ocidental. Portanto, é fundamental entendermos estas civilizações.
4.1 A Grécia
Nosso mundo atual tem muito em comum com o universo dos gregos antigos. Vários conceitos 
que usamos diariamente são herdados dos gregos, como, por exemplo, os conceitos de cidadania e 
democracia. Foram os gregos que inventaram os jogos olímpicos, criaram a filosofia e estabeleceram 
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os fundamentos da ciência e do teatro. A Grécia ainda é considerada o berço da Pedagogia. Produziu 
filósofos conhecidos e populares até os dias de hoje, como Sócrates, Platão e Aristóteles, além dos 
sofistas, que tiveram influência decisiva na profissionalização da educação.
Para entendermos o pensamento educacional na Grécia clássica, é fundamental que possamos 
vislumbrar os traços característicos de sua cultura e sociedade. Luzuriaga, buscando compreender 
estes traços, nos informa que a cultura grega pode, resumidamente, ser pensada a partir dos seguintes 
princípios:
• Descobrimento do valor humano independentemente de autoridade religiosa ou política.
• Reconhecimento da razão e da inteligência crítica ausente de dogmas.
• Criação da ordem, da lei e do cosmos, tanto na natureza como na humanidade.
• Criação da vida cidadã, do Estado e da organização política.
• Criação da liberdade individual e política dentro da lei e do Estado.
• Invenção da poesia épica, da história, da literatura dramática, da filosofia e das ciências físicas.
• Reconhecimento do valor decisivo da educação na vida social e individual.
• Consideração da educação humana em sua integridade: física, intelectual, ética e estética.
• O princípio da competição e seleção dos melhores, na vida e na educação.
Do ponto de vista social, sabemos que em todo tempo e lugar a expansão das atividades comerciais 
e de conquista gera profundas desigualdades sociais. Na Grécia, isto não foi diferente e as desigualdades 
se tornaram mais acentuadas com a consolidação da propriedade privada e com a introdução da 
escravidão. Desta forma, os processos educativos vão se estabelecendo em conformidade com as classes 
sociais, mas devido aos valores culturais desenvolvidos entre os gregos, já há uma tendência para a 
existência de uma educação mais democrática.
Os valores culturais desenvolvidos pelos gregos permite formar uma visão de mundo muito diferente 
dos outros povos da antiguidade. Enquanto estes povos baseavam suas vidas debaixo da obediência cega 
à religião, aos deuses ou às autoridades teocráticas, os gregos, ao contrário, colocavam a razão humana 
como um instrumento que pudesse servir ao próprio homem. Os gregos não se submetiam aos sacerdotes 
nem se humilhavam diante dos deuses, pois tinham o homem como o ser mais importante do universo. 
A religião era politeísta e Zeus ocupava o primeiro lugar na hierarquia, conhecido como deus do trovão. 
Apolo era o deus do sol, Athenas era a deusa da guerra e das atividades domésticas e Hades era o deus do 
mundo do além. Mas nada neste “modelo” religioso apontava para um possível rebaixamento do homem. 
Os deuses eram expressões das forças e formas do próprio homem ou da natureza.
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 Saiba mais
Para saber mais sobre deuses gregos e mitologia grega, acessar: <http://
www.beautyonline.com.br/bernardodegregorio/mitologia.htm>.
Para fins didáticos, podemos dividir a história da educação grega da seguinte maneira:
• Período Homérico (1100‑800 a.C.)
Corresponde à Educação Heroica, Cavalheiresca, fase retratada pelos poemas de Homero: Ilíada 
e Odisseia.
• Período Arcaico (800‑500 a.C.)
Fase da formação das cidades‑estado (polis). Introdução da escrita, da moeda e da lei. Corresponde 
à Educação Cívica (Atenas e Esparta).
• Período Clássico (500‑400 a.C)
Apogeu da civilização grega. Corresponde à Educação Clássica, humanista e é representada 
especialmente por Sócrates, Platão e Aristóteles.
• Período Helenístico (336‑146 a.C.)
Fase da decadência da Grécia. Corresponde à Educação Helenística, enciclopédica.
Como podemos perceber, o período intitulado de Antiguidade Clássica grega é muito longo, portanto 
a educação, bem como a sociedade, assumiu formas diferentes no decorrer do tempo. Em Esparta, 
por exemplo, a educação assume um papel de preparação para a guerra, enquanto que em Atenas 
assume um papel mais intelectual. Vejamos mais detalhadamente como se processou a educação nestes 
diferentes períodos:
• O Período Homérico e a Educação Heroica ou Cavalheiresca
A Educação Heroica ou Cavalheiresca do Período Homérico tem sua origem e base em dois poemas 
épicos atribuídos a Homero: Ilíada e Odisseia.
Os gregos deste período não tinham o domínio da escrita, portanto, o processo educativo se 
realizava a partir da tradição oral, especialmente por meio das rapsódias Ilíada (narrativa sobre a 
guerra de Troia) e Odisseia (narrativa sobre a volta de Ulisses à Grécia). Estes dois grandes poemas 
épicos serão redigidos sob a forma escrita entre os séculos IX e VIII a.C. Estes poemas influenciaram, 
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de forma marcante, toda a educação e cultura clássica, grega e romana. A Leitura e o estudo 
eram obrigatórios na educação básica da Grécia e, mais tarde, no Império Romano. Estes poemas 
influenciaram os autores clássicos do mundo todo e podem ser considerados como fundadores da 
literatura ocidental.
Estes poemas dominaram o processo educativo na Grécia, divulgando ideais que perpassaram a 
cultura grega e atingiram o patrimônio romano. Mas o que estes poemas tinham de tão especial? Quais 
ideais foram espalhadas pela cultura grega e romana?
Na verdade, estes poemas tratam das venturas e desventuras de heróis que servem de modelos 
permanentes para a juventude. Seus heróis mais importantes, como Aquiles e Ulisses, atravessaram 
os séculos. Estes heróis são modelos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, 
coragem, perseverança e cumprimento do dever, apesar dos mais temidos obstáculos. Os feitos 
heroicos destes personagens eram aprendidos de memória pelas crianças e detalhadamente 
analisados pelos jovens.
Como esta é uma sociedade dos tempos heroicos e guerreiros, o ideal da educação desta época se 
estabelece em estreita relação com os ideais e as aspirações da sociedade. Portanto, neste período, a 
educação, chamada de Heroica ou Cavalheiresca, é fortemente alicerçada nos conceitos de honra e valor e 
no espírito de luta e sacrifício, bem como nas capacidades e nos feitos individuais. Percebe‑se, porém, mais 
claramente, o ideal educativo grego “Arete”. Originalmente formulado e explicitado nos poemas homéricos, 
a arete é entendida como um atributo próprio da nobreza, um conjunto de qualidades físicas, espirituais 
e morais, tais como a bravura, a coragem, a força, a destreza, a eloquência, a capacidade de persuasão, ou, 
em uma palavra, a heroicidade.
Homero enaltece qualidades capazes de dotar o homem de superioridade. A Ilíada é 
recheada de episódios cujo conteúdo prima pela capacidade que tem o herói de se sobressair, 
de estar entre os primeiros. Portanto, uma característica fundamental da educação é o espírito 
de superioridade.“Ser o melhor”, “superar os outros” é um ideal que norteia todo o precesso 
educativo grego deste período. Na Ilíada, é possivel perceber a importância atribuída às duas 
outras capacidades: a capacidade de pronunciar discursos, ou seja, de possuir uma boa retórica, 
e a capacidade de ser suficientemente valente para realizar intervenções e ações militares. Isto 
é, a capacidade para “falar” e para “agir”, ou seja, a capacidade de intervir na política e de fazer 
a guerra.
Podemos perceber que, durante este período, a educação visava ao preparo para a Guerra e para 
a capacidade de falar com facilidade. Este “treinamento” obviamente não era destinado a todos. A 
educação formal e institucionalizada ainda não existia. Não sendo pública nem gratuita, a educação 
tinha um caráter elitista. Era ministrada nos palácios ou castelos dos nobres, onde se recebia uma 
formação integral que incluía atividades físicas, manejo de armas, arco e flecha, exercícios militares, a 
arte da caça, da música, da dança e do canto, história e poesia.
Em Luzuriaga, encontramos a seguinte referência de Dilthey em relação à educação do jovem no 
período homérico:
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Largos espaços para exercícios físicos, o que devia cultivar não só a força, 
mas a beleza; os jogos festivos nos quais elas se demonstravam; o ensino 
de poesia e canto, acompanhado de instrumentos musicais; os relatos e 
as memórias de Homero; as leis, a sabedoria vital depositada em poesias 
morais; bem como os elementos com os quais se cultivava o jovem grego 
para estar preparado para a guerra e para a eloquência das assembleias 
(LUZURIAGA, 2001, p. 36).
A educação tinha, sobretudo, a função e o objetivo de fazer com que o jovem assimilasse os valores da 
sociedade, ou seja, o espírito de superioridade, a habilidade de falar e de se expressar e a valentia para agir.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a Educação Homérica, consultar: MURARI, J. C.; 
AMARAL, R. G. do A.; PEREIRA MELO, J. J. Objetivos e características da 
Educação Homérica: uma reflexão sobre o conceito de Areté. Disponível 
em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2562_
1928.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
• O Período Arcaico e a Educação Cívica
No final do período homérico, por volta de 800 a.C., ocorreram grandes mudanças na vida política, 
social, cultural e econômica dos gregos. Dentre estas mudanças, podemos citar: o desenvolvimento das 
chamadas cidades‑estado, as polis; o desenvolvimento da racionalidade e da reflexão em detrimento 
do mito; a utilização da escrita; o uso da moeda; a elaboração de leis escritas por legisladores; e o 
aparecimento dos primeiros filósofos.
Neste período, ocorre o que muitos autores denominam de Educação Cívica, ou seja, uma educação 
para a cidadania, capaz de formar bons cidadãos comprometidos com os interesses de suas sociedades. 
As cidades‑estado mais conhecidas foram Esparta e Atenas e normalmente elas são muito citadas para 
exemplificar modelos educacionais que são antagônicos entre si, mas que estão de acordo com o ideal 
de homem e de sociedade pensados por elas. Neste momento, ocorre um alargamento do ideal educativo 
arete, que passa a ser denominado kaloskagathia.
O ideal educativo denominado kaloskagathia buscou atingir mais do que a honra e a glória contidos 
no arete, pois pretendia‑se, além disto, alcançar a excelência física e moral. Os atributos que o homem 
devia procurar realizar eram: a beleza (kalos) e a bondade (kagatos). Para alcançar este ideal, foi proposto 
um programa educativo que implicou dois elementos fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento 
do corpo e a música (aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. Ao final da época 
arcaica, este programa educativo completava‑se com a gramática e, posteriormente, transformou‑se na 
paideia.
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O modelo de educação em Esparta
A sociedade espartana é muito comumente identificada como sendo composta por um povo guerreiro, 
de modos rudes e de pouca cultura. A verdade é que, em virtude das conquistas políticas, os espartanos 
tinham que manter os povos conquistados com punhos de aço e, para tal, todos os cidadãos foram 
convertidos em soldados. Desta forma, Esparta um clima de constante estado de guerra, o que impunha 
a necessidade de um Estado forte que controlasse e disciplinasse totalmente os indivíduos. A forma de 
governo que se estabeleceu é próxima ao que conhecemos como sendo um governo totalitário.
Neste tipo de sociedade, era necessário que a educação fosse calcada na severidade e na disciplina. 
Neste sentido, a educação espartana era essencialmente militar, embora os esportes e a música 
também fossem incentivados. Nos esportes, por exemplo, Esparta alcançou grandes feitos e vitórias, 
especialmente naqueles relacionados às necessidades militares, enquanto que as atividades artísticas 
ficaram visivelmente comprometidas. Ao contrário dos atenienses, os espartanos não eram dados a 
refinamentos intelectuais nem apreciavam os debates e os discursos longos. A palavra lacônico, que 
significa “maneira breve e concisa de falar ou escrever”, deriva da Lacônia, região em que viviam os 
espartanos.
O modelo de heroísmo homérico, que visava aos feitos individuais, foi aos poucos sendo substituído 
pelo heroísmo do amor à pátria. A figura do guerreiro individual dos tempos homéricos foi cedendo 
espaço para a formação do soldado pronto para o combate e pronto para seguir o ideal coletivo do 
Estado que a todos subordina. Portanto, a educação espartana estava sob o controle absoluto do 
Estado. A intervenção do Estado era tanta que foi decretado o sacrifício do recém‑nascido que não 
fosse suficientemente sadio e robusto, ou seja, que não pudesse se transformar no guerreiro pretendido 
por Esparta.
A educação da criança, especialmente do menino após os sete e até os vinte anos de idade, era 
realizada diretamente pelo Estado.
Giles nos faz um relato interessante quanto a isso:
Poucos dias após o nascimento, o filho é inspecionado por um conselho 
de anciões. Estes decidem se o menino deve viver ou morrer. A decisão 
depende de o menino ser sadio e forte ou doente e frágil. No segundo caso, 
será exposto até morrer. No caso de a decisão ser pela vida, o bebê será 
entregue à mãe até os sete anos de idade. A ela compete enrijá‑lo por meio 
de práticas, tais como o jejum compulsório, criando‑o de maneira que seja 
totalmente destemido. Aos sete anos de idade, em nome dos conselhos de 
governadores, o menino será entregue aos cuidados da escola oficial do 
Estado, pois a frequência à escola é compulsória e, até mesmo, condição 
imprescindível para o reconhecimento da cidadania e a outorga de qualquer 
assistência por parte do Estado. Entretanto, todo ensino destina‑se a 
formar o soldado indômito. Ao ingressar na escola, o menino recebe uma 
cama de palha, sem cobertor, e uma camisola curta. Deve andar descalço. 
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Para acostumar‑se a passar fome em tempo de guerra só recebe o mínimo 
de comida. O resto ele deve conseguir como pode. Deve, pois, aprender 
a roubar. É o meio de desenvolver a astúcia. Só que, se for apanhado em 
flagrante, será severamente castigado por falta de habilidade. O castigo 
para qualquer falta contra a disciplina será a flagelação com o chicote. 
Ademais, haverá periodicamente a chamada “prova do chicote”. Esta se 
realiza diante do altar, em que o menino apanha até verter sangue. A prova 
se realiza na presença dos pais e dos parentesdos alunos. Estes o animam 
para que se mantenha corajoso e demonstre a devida resolução. O medo 
de decepcionar os pais e parentes leva muitos alunos a suportar a prova 
até a morte. Uma vez por ano dava‑se a licença de empreender o combate 
mortal. Podia‑se matar qualquer escravo ou servo com a finalidade de 
aprender a matar antes de enfrentar o campo de batalha. Na escola, os 
exercícios comuns são a corrida, o salto, a natação, o arremesso de disco, 
a caça e a luta livre. O objetivo de tal formação é embrutecer ao máximo o 
jovem aspirante (GILES, 2006, p. 13).
Segundo Luzuriaga, a educação da mulher também era preocupação do Estado. A formação 
destinada a elas era parecida com a dos homens, mas se fazia com a intenção de prepará‑las o mais 
adequadamente possível para gerarem os filhos de Esparta:
Exercita‑se os corpos das donzelas no correr, lutar, arremessar o disco e 
atirar com o arco para que a concepção dos filhos, em corpos robustos, 
brotasse com mais força... proscrevendo, por outro lado, a comodidade, o 
resguardo e toda delicadeza feminina, acostumou as moças a apresentar‑se 
nas reuniões desnudas como os mancebos (LUZURIAGA, 2001, p. 38).
O modelo de educação em Atenas
Muito diferente do que se estabeleceu em Esparta foi o modelo de educação estabelecido em Atenas. 
Enquanto Esparta se preocupou com a formação do patriota guerreiro, Atenas se preocupou com a 
formação do homem livre.
Estes modelos de educação tão antagônicos estão profundamente relacionados com o tipo de 
sociedade vigente em cada um deles. Como vimos, Esparta precisava de uma educação militarista, rígida 
e disciplinada, para manter os povos conquistados. Entretanto, a sociedade ateniense se tornou uma 
sociedade democrática. De fato, Atenas é considerada o berço da democracia. Este tipo de governo e 
sociedade, por não prescindir de uma formação militarista, têm outros anseios e outras necessidades, 
muito diferentes dos anseios e necessidades de uma sociedade fortemente militarista.
A democracia se estabeleceu em Atenas, com a queda da tirania, quando ocorreu uma verdadeira guerra 
entre os que defendiam a oligarquia, liderados por Isagoras, e os que defendiam a democracia, liderados 
por Clistenes. Venceu Clistenes e a democracia. Esta vitória provocou mudanças que provavelmente são 
muito responsáveis pelo desenvolvimento experimentado por Atenas. Entre estas mudanças, houve um 
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vasto programa de reformas políticas, no qual foi possível estender os direitos de participação política 
a todos os homens livres nascidos em Atenas: os cidadãos. Desse modo, consolidava‑se a democracia 
ateniense.
No entanto, essa democracia que se estabelece em Atenas é muito limitante. Apenas 10% dos 
habitantes da cidade eram considerados cidadãos, portanto, só estes possuíam os direitos políticos 
conquistados. Desta forma, Atenas, que possuía 400 mil habitantes, pemitiu a participação de apenas 
40 mil cidadãos, excluindo a maior parte da população de participar da vida política e pública. Eram 
excluídos os estrangeiros residentes em Atenas, os escravos, as mulheres e os não proprietários.
Por volta do século V a.C., a democracia foi consolidada em Atenas e a cidade viveu um clima de 
efervescência artística e literária. Pisístrato e seus filhos foram patronos ardorosos das artes e atraíram 
artistas e poetas estrangeiros para obras de embelezamento e concursos musicais e poéticos.
As preocupações da sociedade ateniense eram muito voltadas para o desenvolvimento artístico e 
cultural de seu povo, o que levou à formação de uma civilização de forte tendência intelectual, artística 
e cultural. Atenas foi uma sociedade que desenvolveu o teatro, a filosofia e a arquitetura. Sendo, até os 
dias de hoje, referência na arquitetura, na qual podemos destacar obras como os templos erguidos em 
homenagem aos deuses, principalmente à deusa Atena, protetora da cidade.
Em Atenas floresceu uma vida urbana muito mais plena, que contrastava com Esparta, onde os 
homens viviam muito mais em aldeias e acampamentos, se preparando para as guerras.
A educação em Atenas, em conformidade com este modo de vida, possuía um enfoque muito mais 
social do que estatal. Obviamente, esta educação segue alguns parâmetros que são comuns por toda 
a Grécia, como o ensino de educação física e música. Os ideais educacionais do arete e kaloskagathia 
foram ultrapassados e se transformaram em paideia.
 Saiba mais
Para saber mais sobre os modelos de educação em Esparta e em Atenas, 
consultar: RAMIRO, M. A educação em Esparta e em Atenas. Disponível em: 
<http://www.eses.pt/usr/ramiro/docs/etica_pedagogia/ebook_hist_
idpedag/Cap%203%20A%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20em%20Espart
a%20e%20em%20Atenas.pdf>. Acesso em 24 mai. 2011.
Enquanto os ideais educacionais do arete e kaloskagathia tinham como foco a formação do homem 
individual, a partir do século V a.C. a educação precisou dar conta de uma outra realidade, que era a 
formação do cidadão. A educação baseada apenas na ginástica, na música e na gramática não era 
suficiente. Neste momento, o ideal educativo grego aparece como paideia, cujo foco essencial era a 
formação geral capaz de construir o cidadão pretendido. Platão definiu paideia da seguinte forma “(...) 
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a essência de toda a verdadeira educação ou paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se 
tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento”. Jaeger 
nos informa, ainda, que os gregos deram o nome de paideia a todas as formas e criações espirituais e 
ao tesouro completo da sua tradição, tal como nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina 
“cultura”. Daí que, para traduzir o termo paideia, “não se pode evitar o emprego de expressões modernas 
como: civilização, tradição, literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que 
os Gregos entendiam por paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto daquele 
conceito global. Para abranger o campo total dos conceitos gregos, teríamos de empregá‑los todos de 
uma só vez” (JAEGER, 2001, p. 21).
Podemos perceber que o conceito de paideia é muito amplo e abrangente, reunindo em si os termos 
arete e kaloskagathia e indo além deles. Não é exclusivamente uma técnica para ensinar a criança a ser 
adulto. Na verdade, é muito maios do que isto. Este conceito serve também para especificar o resultado 
do processo educativo, ou seja, aquilo que o processo educativo consegue fazer pelo homem. Se 
pudéssemos imaginar um ser humano que nunca tivesse tido contato com nenhum processo educativo, 
provavelmente nos depararíamos com um ser no nível do animal, pois o homem não nasce homem, ele 
precisa aprender o que é ser um “ser humano”. O resultado do processo educativo, portanto, se prolonga 
por toda vida, muito para além dos anos escolares.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o sentido de Paideia e Aretê para a educação, 
consultar: FERREIRA, M. Perenidade da Aretê como horizonte apelativo da 
Paideia: sobre a excelência em educação. Disponível em: <http://www.scielo.
oces.mctes.pt/pdf/rpcd/v8n2/v8n2a10.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
Também em Atenas existia o costume de sacrificar os filhos que não eram fortes e sadios, entretanto, 
esta era uma decisão exclusiva do pai e não do Estado.
Giles nos faz o seguinte relato da educação ateniense:
Aos sete anos de idade, sob os cuidados do pedagogo, todo cidadão ateniense 
livre enviava o filho a três tipos de escola elementar: Palestra ou Escola de 
Ginástica, Escola de Música e Escola de Escrita. O local de funcionamento 
variava, algumas vezes funcionandoao ar livre, em algum canto de rua 
ou de templo, outras em alguma loja alugada, ou mesmo à sombra de 
algum monumento público. A instrução começava logo cedo e durava até 
o pôr‑do‑sol. (...) Além de visar ao desenvolvimento do senso estético do 
menino, a música ensinava o sentido de participação, seja por meio de 
concursos, de festivais religiosos, como também por meio de declamações 
públicas de poesia. Por meio do ritmo e da harmonia, a música ensina o 
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menino a ser mais gentil, a ser gracioso e harmonioso e, portanto, a ser 
útil para a coletividade e para si. A música lhe ensina a evitar tudo o que 
é indecente na fala e no agir, a praticar a temperança e a moderação. Na 
escola de Escrita o menino aprendia a escrever tanto a letra formal como a 
letra cursiva. A evolução do alfabeto que se processou no século V a.C., em 
Atenas, é de importância incalculável para o processo educativo. (...) O aluno 
iniciava por copiar as letras individuais para depois combiná‑las em sílabas 
e, enfim, decorava palavras inteiras. (...) A leitura era baseada nas obras de 
Homero, Hesíodo, Esopo, Tucídides, Focilíades, Sólon e em outras poesias em 
que se encontravam admoestações e ilustrações relativas à conduta, como 
também elogios e louvor aos homens distintos que o menino devia admirar 
e imitar. (...) Quanto à disciplina esta é severa. Dizia‑se que o jovem que não 
tinha sido açoitado não tinha sido educado” (GILES, 2006, p. 13).
• O Período Clássico e a Educação Clássica ou Humanista
Durante o período clássico, Atenas se fortalece como centro da vida social, econômica política e 
cultural da Grécia em virtude do crescimento do comércio, da economia, do artesanato e das artes 
militares. Atenas viveu, ainda, durante este período, um processo de fortalecimento da ideia e do 
conceito de democracia.
Esta democracia, que se fortalece na Grécia, é uma democracia direta, ou seja, não é estabelecida por 
eleição de representantes no governo, mas sim por meio da participação de todos no governo. Todos, 
desde que fossem cidadãos, tinham o direito de expor e defender em público suas ideias e opiniões 
sobre as resoluções políticas mais adequadas para a cidade. No entanto, para se exercer este direito, era 
necessário ter competência. Era necessário ter ideias e opiniões, além de ser versado na arte de falar em 
público de modo a convencer os que escutavam. Com esta necessidade estabelecida, a educação buscou 
supri‑la. A formação do cidadão pleno, capaz de unir virtude, beleza, força, intelectualidade, capacidade 
de persuasão e comprometimento social, se fez muito necessária em virtude do modelo de sociedade 
democrática.
Para suprir esta necessidade, surgem os sofistas.
Mas quem são os sofistas?
Os sofistas foram os primeiros “educadores pagos” da Grécia e cobravam altas taxas pelos ensinamentos 
que ministravam. Mas o que ensinavam os sofistas? Como neste período a maior necessidade pedagógica 
da Grécia era a habilidade na política, os sofistas se esmeravam no ensino da retórica, da arte de falar 
em público, da arte da persuasão e das técnicas que ajudavam os homens a defenderem suas opiniões. 
Mas não apenas isso. Os sofistas não eram filósofos, mas ensinavam tudo aquilo que fosse necessário: 
retórica, política, gramática, história, física e matemática.
No entanto, se esmeravam mesmo no ensino da Retórica, arte da persuasão pela palavra. De fato, os 
sofistas perceberam que este era um grande filão para ser explorado, pois o objetivo dos jovens políticos 
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que eles treinavam era o de convencer o povo de que suas ideias e opiniões eram as melhores e mais 
eficazes, mesmo que não fossem. Como é possível perceber, os sofistas não estavam muito interessados 
na verdade. O que realmente interessava era convencer. Portanto, era necessário ter argumentos potentes 
e suficientes sobre qualquer assunto. Estes argumentos serviam, via de regra, para fazer parecer, por 
exemplo, que o pior fosse melhor, ou para provar que água era pedra.
Os sofistas foram bastante criticados por Sócrates e seus seguidores, basicamente por dois motivos: 
por cobrarem por seus ensinamentos e por se considerarem sábios, pois, para Sócrates, os ensinamentos 
não deveriam ser cobrados e o verdadeiro sábio é aquele que reconhece sua própria ignorância. Existe 
uma célebre frase atribuída a ele: “Só sei que nada sei”. Esta frase exemplifica sua posição em relação à 
sabedoria.
Podemos destacar os seguintes sofistas: Protágoras, Górgias, Hípias, Isócrates, Pródico, Crítias, 
Antifonte e Trasímaco e, destes, os mais importantes são: Protágoras, Górgias e Isócrates. Eles tinham 
grande apreço pelo desenvolvimento do espírito crítico e pela capacidade de expressão.
Duas frases famosas de dois destes sofistas devem ser registradas: a de Protágoras – “o homem é a 
medida de todas as coisas; daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são”–, 
e a de Górgias – “o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa”.
Apesar de os sofistas serem alvos de preconceitos, é preciso que se afirme a grande importância 
deles. Se existiram sofistas enganadores, fúteis e gananciosos, existiram, também, os sérios, responsáveis 
e comprometidos com o ensino, como os citados acima. Eles foram os primeiros professores da história 
que se tem notícia; foram os primeiros a fazer do magistério uma profissão.
Os sofistas não foram cientistas nem filósofos, mas tiveram muita influência na cultura e na educação 
de seu tempo. Por meio de suas atuações, contribuíram para a sistematização da educação e para a 
difusão da filosofia de um grande número de pessoas das polis. Os sofistas não consideravam que a 
virtude, a arete, fosse patrimônio exclusivo da aristocracia, mas que deveria ser de todos, uma vez que 
era passível de ser transmitida e ensinada.
Pedagogia e pedagogo: termos de origem grega
A palavra pedagogo tem origem na Grécia. Etimologicamente o termo “pedagogo” é originário da 
palavra paidagogo, sendo que paidós significa criança e agodé significa condução. Tomada ao pé da 
letra, a palavra significa “aquele que conduz crianças”. Na Grécia Antiga, os paidagogos eram escravos 
encarregados de acompanhar as crianças em diversos locais, especialmente até o local de estudos. 
O paidagogo sempre carregava uma lamparina para qualquer eventualidade e, especialmente, para 
iluminar o caminho. Além de conduzirem as crianças, os paidagogos também tinham a função de 
transmitir ensinamentos e cultura. Com o tempo, o termo passou a ser utilizado para significar as 
reflexões feitas em torno da educação. Portanto, a Grécia Clássica pode ser considerada o berço 
da pedagogia, pois é justamente aí que vão ocorrer as primeiras reflexões em torno dos processos 
educativos.
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Como exemplo, vejamos como era o dia de uma criança grega:
• Mal o dia surgia, o rapaz acordava e o pedagogo, com a sua lanterna, o ajudava a lavar‑se e a 
vestir‑se.
• Após a refeição da manhã, o pedagogo acompanhava o rapaz à palestra na qual ia aprender 
música e ginástica.
• Depois de um banho, o rapaz regressava à casa para almoçar.
• À tarde, regressava novamente à palestra para ter lições de leitura e escrita.
• De regresso à casa, e sempre acompanhado pelo pedagogo, o rapaz estudava as suas lições, fazia 
os trabalhos de casa, jantava e ia deitar‑se. 
• Não existiam fins de semana nem férias, exceto os frequentes dias de festivais religiosos ou 
cívicos, que constituíambons dias de descanso para os jovens gregos (CASTLE, apud POMBO 
et al., 2005, p. 65).
Foi durante o Período Clássico que surgiram os filósofos, tanto que este período também é identificado 
com Período Socrático (séculos V a IV a.C.), marcado pela influência de três grandes filósofos: Sócrates, 
Platão e Aristóteles.
Período Socrático
O Período Socrático tem início com os sofistas e os filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles, bem como 
com as disputas políticas e conflitos de ideias provocados pelas ações destes homens. Sócrates rivalizava 
visivelmente com os sofistas.
Neste período, há o desabrochar da filosofia, bem como das ideias pedagógicas, sendo que Platão 
e Aristóteles são considerados dois grandes clássicos da pedagogia grega, tendo exprimido suas ideias 
educacionais em suas monumentais obras filosóficas.
Sócrates
Já dissemos que os primeiros educadores profissionais da Grécia foram os sofistas, mas Sócrates é 
considerado o grande educador espiritual. Seja como filósofo ou como pensador, Sócrates foi, antes de 
tudo, um educador.
Nascido em Atenas no ano de 469 a.C., Sócrates não era de família nobre, seu pai era escultor e sua 
mãe era parteira. Nasceu pobre e pobre morreu, apesar de frequentar a melhor sociedade da época. 
Embora tenha tido uma vida exemplar, participando de atividades políticas e militares da Grécia, seus 
grandes feitos e realizações se encontram na área intelectual. Foi um dos maiores pensadores e filósofos 
de toda a Grécia, influenciando gerações e gerações de pensadores no mundo todo até os dias atuais. 
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Apesar de sua enorme influência sobre todos os homens da época e de sua enorme cultura, não ficou 
rico nem ocupou cargos importantes.
Xenofonte, grande historiador grego, citado por Luzuriaga, faz a seguinte afirmação:
Todos os discípulos sentimos‑lhe a falta, porque era o melhor no cuidado da 
virtude, piedoso, pois em todo obrava segundo o pensamento dos deuses; 
justo, pois foi o mais proveitoso para quantos com ele trataram; continente, 
pois nunca preferiu o excelente; prudente, pois não se enganou ao julgar 
o bom e o mal; capaz de juízo, de conselho e de repreensão para os que 
se equivocavam. Por tudo o que era considerado o melhor e mais feliz dos 
homens (LUZURIAGA, 2001, p. 47).
Assim como os sofistas, Sócrates utilizava as palavras faladas, o discurso e o diálogo em suas 
atividades educacionais e, assim como eles, acreditava que a virtude deveria ser ensinada a todos. Mas, 
se Sócrates concordava com algumas ideias pedagógicas dos sofistas, discordava de outras.
Discordâncias entre Sócrates e os sofistas:
• Ao contrário dos sofistas, Sócrates não concordava que a educação fosse uma profissão remunerada, 
utilitária.
• A educação não deveria ser de caráter prático nem de proveito pessoal, mas deveria, antes, ser de 
tipo espiritual e moral.
• Os sofistas usavam o diálogo em seus ensinamentos para impor ideias ou para fins egoístas. 
Sócrates, ao contrário, usava o diálogo para conduzir à descoberta da verdade.
• Os sofistas não se preocupavam com as ideias morais, enquanto que, para Sócrates, a moral, a 
virtude e a ética deveriam ser o cerne da educação e da vida.
As ideias socráticas foram extremamente inovadoras na educação. Com Sócrates, o domínio da razão 
e a racionalidade adquire nova importância. Sócrates percebe que, para o ensino ser eficiente, é necessário 
ensinar a pensar. O método de Sócrates é basicamente o diálogo em dois momentos: a ironia e a maiêutica.
A respeito de Sócrates, lemos em Luzuriaga:
Sócrates foi um gênio pedagógico sem igual na antiguidade. (...) com ele 
se introduz um elemento inteiramente novo na história da educação: a 
penetração no mais profundo da juventude. Nele estavam indissoluvelmente 
unidos o Eros platônico, o amor pedagógico, a intenção de liberar pela 
conversação os conceitos que se achavam no espírito e a tendência de fazer 
do saber e das verdades a diretriz da ação. Que grande foi a sedução que 
exerceu! (LUZURIAGA, 2001, p. 50).
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 Saiba mais
Para saber mais, consultar: MARTINS, J. da S. O método sofístico e o 
ensino da filosofia. Disponível em: <http://www.agora.ceedo.com.br>. 
Acesso em: 24 mai. 2011. 
Platão
Platão foi um dos mais importantes discípulos de Sócrates. Também nasceu em Atenas, mas, 
diferentemente do mestre, era de uma família ilustre. Enquanto Sócrates foi o primeiro educador da Grécia, 
alguns autores admitem que Platão tenha sido o fundador da teoria da educação, ou seja, da pedagogia, 
pois Platão se destacou muito mais pela reflexão pedagógica do que pela atividade educativa.
A educação para Platão
Platão considerava que a educação deveria ser obrigação do Estado, bem como admitia que ela 
deveria ser universal e igual para homens e mulheres.
Para Platão, o processo educacional deveria ser algo longamente elaborado para que o indivíduo 
fosse suficientemente preparado e a educação teria que ser capaz de revelar os talentos deste.
Os conteúdos ministrados na educação básica, por exemplo, deveriam ter o objetivo de desenvolver 
o equilíbrio do corpo e do espírito e, para tal, as crianças deveriam ser privadas do convívio com os pais 
e enviadas ao campo, em função da influência negativa que a família podia exercer.
A ginástica, que deveria se iniciar na infância e se estender por toda a vida adulta, fazia parte do 
programa de educação pensado por Platão e deveria ser composta de exercícios de caráter militar, 
além de jogos, lutas, corridas, esgrima, arremesso e arco e flecha. Mas deveria ser uma maneira de 
complementar a formação do caráter e da personalidade. Portanto, Platão não entendia a ginástica 
como forma de incentivar a competição nem de alcançar a melhoria da forma física, pois esta podia 
até ser uma consequência, porém, nunca deveria ser seu objetivo. A música também deveria ser 
ensinada na medida em que favorecesse o desenvolvimento do espírito, o desejo pelo belo e a repulsa 
pelo feio.
Como em toda educação helênica, Platão considera a ginástica e a música 
instrumentos essenciais; assina‑lhes, contudo, papel mais amplo que na educação 
tradicional. Na ginástica inclui não só os exercícios físicos e a higiene, mas ainda 
a formação do caráter, o cultivo do valor; enquanto a música compreende ainda 
a dança e o canto, as letras e, pela primeira vez, a matemática. Umas e outras, 
todavia, a serviço do espírito. “Os deuses”, diz Platão, “fizeram aos homens o 
presente da música e da ginástica, não com o fito de cultivar a alma e o corpo 
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(pois, se este colhe alguma vantagem, é apenas indiretamente), mas, para cultivar 
só a alma e nela aperfeiçoar a sabedoria e o valor” (LUZURIAGA, 2001, p. 52).
Assim como para Sócrates, para Platão a finalidade da educação era a formação do homem moral, e 
o meio era a educação do Estado. Para tanto, o Estado deveria encarnar a ideia de justiça.
Aristóteles
Aluno e discípulo de Platão, Aristóteles considerava, tal como o mestre, que a educação deveria ser 
pública e ter como objetivo a virtude. Foi um grande filósofo, educador e pedagogo. Esteve aos seus 
encargos a educação de Alexandre Magno, filho de Filipe, Rei da Macedônia, iniciando aquilo que ficou 
conhecido como “educação do príncipe”.
Para Aristóteles, era necessário ensinar o que é virtude, mas somente pela prática da mesma é que 
seria possível, realmente, aprender o que esta é de fato. Apenas praticando a virtude nos tornamos 
virtuosos.Ninguém se torna virtuoso apenas por saber o que é virtude, ou seja, ninguém se torna bom 
apenas por saber a definição de bondade. Seremos mais bondosos quanto mais bondade praticarmos.
Aristóteles, juntamente com seus discípulos do Liceu, procedeu à organização e sistematização de 
vários saberes (Botânica, Zoologia, Química, Psicologia etc.).
Liceu foi uma escola de Ciência Política fundada por Aristóteles em 335 a.C. A escola 
localizava‑se no bosque consagrado à Apolo Lício e, provavelmente, esta é a origem do nome 
“Liceu”. Atualmente, várias escolas secundárias e estabelecimentos educacionais e culturais 
recebem esta designação.
Podemos destacar os seguintes aspectos na educação aristotélica:
• A educação deveria ser responsabilidade do Estado.
• A educação deveria ser a mesma para todos em todo solo grego.
• A lei deveria regular a educação e esta deveria ser pública.
• A família deveria se responsabilizar pela educação na primeira infância (até os sete anos).
• A partir dos sete anos a educação deveria ser dividida em dois períodos: dos sete anos à puberdade 
e da puberdade aos vinte e um anos.
• A educação deveria ser composta de ginástica, música, letras e desenho.
• As duas partes essenciais eram a ginástica e a música: a ginástica para desenvolver a coragem e a 
música para desenvolver a moral.
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 Saiba mais
Para saber mais acerca do significado de educação em Platão e Aristóteles, 
consultar o excelente artigo da professora BOTO, C. A ética de Aristóteles e 
a educação. Disponível em: <http://www.hottopos.com/videtur16/carlota.
htm>. Acesso em: 24 mai. 2011. Veja também o trabalho de KOHAN, O. W. 
Infância e educação em Platão. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
ep/v29n1/a02v29n1.pdf>. Acesso em: 24 mai. 2011.
• Período Helenístico: Educação Helenística/Enciclopédica
No período helenístico, ocorre a decadência das cid ades‑estado. Foi neste período que Alexandre 
Magno, Rei da Macedônia, conquistou a Grécia, colocando‑a sob o seu domínio. Contudo, este também é 
um momento em que a cultura grega se amplia de tal maneira que se universaliza e se espalha para todo 
o mundo. Isto ocorre porque Alexandre admirava muito a cultura grega, inclusive havia sido educado por 
Aristóteles e, em sua empreitada de conquistar o mundo, acabou difundindo‑a de forma magistral.
Na verdade, o contato da cultura grega com as diferentes culturas do mundo, especialmente com 
o mundo oriental (Pérsia e Egito), gerou uma fusão cultural que passou a caracterizar o helenismo. 
Portanto, podemos pensar o helenismo como um período em que se processou uma mistura de diferentes 
culturas, principalmente a grega, a persa e a egípcia, mistura esta que foi difundida por todo o mundo.
A educação particular, mantida com os pagamentos dos alunos, continuou a existir, porém, a 
educação pública se expandiu e passou a ser uma obrigação dos municípios e das cidades. Apenas a 
educação militar é que continuou a cargo do Estado.
Os conteúdos da educação continuam parecidos com os das épocas anteriores, contudo, há 
uma diminuição da importância da educação física e dos aspectos estéticos, em geral, e uma 
valorização dos aspectos intelectuais. Nesta época, a paideia se transformou em enkyklios paideia 
(enciclopédia). A partir do método da memorização, a leitura, a escrita e o cálculo ganharam maior 
destaque em relação às outras épocas e a disciplina era muito rígida, inclusive com a adoção de 
castigos corporais.
No período helenístico, a divisão entre matérias humanistas e realistas foi estabelecida por meio do 
trivium (gramática, retórica e filosofia) e quadrivium (aritmética, música, geometria e astronomia).
 Resumo
Diferentemente do que acontecia na Pré‑História, no Antigo Egito, a 
educação assumiu contornos mais condizentes com as necessidades sociais 
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apresentadas pela sociedade, que era bem mais complexa. A educação foi 
se tornando cada vez mais formal, concentrou‑se na arte da oratória, no 
treino da obediência e da moral (uso de literatura sapiencial), a partir de um 
rígido regime disciplinar em que a punição e o castigo eram frequentemente 
utilizados. Neste período, surgiu a figura de um encarregado pela educação 
(escriba ou sacerdote) e o domínio do conhecimento passou a ser uma 
forma de ascensão social.
Na Antiguidade Clássica Grega, destacaram‑se quatro diferentes 
períodos em que se impuseram quatro diferentes ideais de educação, 
a saber: o Período Homérico, correspondente à Educação Heroica ou 
Cavalheiresca; o Período Arcaico, correspondente à Educação Cívica, ou 
seja, uma educação para a cidadania; o Período Clássico, correspondente à 
Educação Humanista; e o Período Helenístico, que corresponde à Educação 
Helenística e/ou Enciclopédica.
Na Grécia houve o desabrochar das ideias pedagógicas e educacionais 
mais fundamentais e que influenciaram a educação em todo o mundo 
ocidental. Estas ideias se iniciaram especialmente durante o Período 
Clássico, também conhecido como Período Socrático, com o surgimento dos 
sofistas e dos filósofos Sócrates, Platão e Aristóteles. Guardada as devidas 
diferenças entre eles, estes filósofos consideravam que a educação deveria 
ter como objetivo a virtude e ser composta essencialmente pela ginástica e 
pela música, além de ser pública e de responsabilidade do Estado.
 Exercícios
Questão 1 (Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul – SP – USCS – 2009). A chave da 
compreensão do pensamento político, epistemológico, ético e espiritual de Platão encontra‑se:
A) No mundo das ideias, o qual existe de forma absoluta.
B) No mundo sensível, indispensável ao conhecimento do mundo.
C) No mundo das ideias, relacionado ao imaginário do ser humano.
D) No hiperurânio ou mundo psicofísico do ser humano.
E) Nos dois mundos: o das ideias e o sensível, numa relação dialética.
Resposta correta: alternativa A.
Análise das alternativas:
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A) Alternativa correta.
Justificativa:
A alternativa é correta porque na filosofia de Platão todo conhecimento e verdade existem na forma 
absoluta do mundo das ideias.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo sensível era fonte de 
ilusão e engano.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo das ideias não era o do 
imaginário humano, mas o das formas e ideias absolutas.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo psicofísico do ser humano 
era fonte de ilusão e engano.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa:
A alternativa não pode ser considerada correta, pois, para Platão, o mundo sensível era fonte de 
ilusão e engano.
Questão 2. O período homérico foi caracterizado pela “educação heroica ou cavalheiresca”. Essa 
Educação tem sua origem e base em dois poemas épicos: Ilíada e Odisseia, que tratam das venturas, 
desventuras, feitos de virtude, honra, superioridade, conquista dos objetivos, coragem, perseverança e 
cumprimento do dever dos heróis Aquiles e Ulisses. Eles serviam, portanto, de modelo permanente para 
a juventude grega. Nessa época, a sociedade grega é uma sociedade sonhadora, imersa no universo 
onírico. Portanto, a educação neste período é baseada nos contos de fada de heróis e cavalheiros.
A partir disso, é considerado o autor da Ilíada e da Odisseia:47
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A) Homero.
B) Hesíodo.
C) Ulisses.
D) Tales.
E) Sócrates.
Resposta desta questão na Plataforma.

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