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A ADJETIVAÇÃO LIBERAL DO ESTADO DE DIREITO

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A ADJETIVAÇÃO LIBERAL DO ESTADO DE DIREITO
RESENHA CRÍTICA
	Fins do século XVIII, era das grandes revoluções burguesas na Europa. A partir desse marco e com base no Contratualismo, a ideia de soberania começa a se sustentar no povo e o rei não é mais considerado algo fora da sociedade. A Revolução Francesa marca a mudança do modelo Absolutista de Estado para a reorganização do Estado Liberal de Direito. O objetivo principal desse projeto político é o controle da natureza para satisfação de todos e conceder liberdade de escolha ao povo. 
Para tanto, é imprescindível que, na transformação liberal do Estado de Direito, ele se torne mínimo e haja a separação entre Estado e sociedade, mais especificamente entre Estado e economia, na visão de Adam Smith, Estado e moral, do ponto de vista de Immanuel Kant, e Estado e sociedade civil, na óptica de Humboldt.	
Separando Estado e economia, o mesmo deveria se preocupar apenas com a segurança, a propriedade e com obras de infraestrutura que não atraem o conjunto privado, pois não geram lucros. No âmbito da moral, o Estado deve fica de fora, para não impor qualquer moral social aos indivíduos, isso seria de suas próprias responsabilidades, já que a moral é privada e não pública. Por fim, para a sociedade civil, o Estado deve cuidar apenas da segurança do povo, pois não tem uma função própria para cuidar do bem-estar da população.
 “Direitos fundamentais e divisão de poderes (com império da lei e princípio da legalidade), surgem, pois, como os elementos fundamentais do Estado de Direito liberal” (NOVAIS, p. 75). Os direitos fundamentais seriam como meios para a garantia da autonomia de cada um e prevenção contra as invasões que o soberano poderia vir a fazer. Com a divisão, criada por Montesquieu, o objetivo seria propiciar uma forma mais equilibrada de ação do Estado e legitimar a liberdade individual. 
O império da lei é, de maneira geral, a liberdade em obedecer as leis e não os homens, é a soberania do poder legislativo, onde os interesses do povo são representados, no caso daquela época, os interesses burgueses. Por sua vez, o princípio da legalidade estabelece a essência do Estado Liberal e da divisão de poderes, é entendido como prevalência da lei, protegendo os direitos subjetivos dos particulares e a legalidade objetiva. 
Isto posto, é possível encontrarmos algumas semelhanças entre o modelo de Estado Liberal estabelecido ao final do século XVIII e o da atualidade, que se estabelece no Estado Democrático de Direito. Tal interdependência, apanhada de um modo geral, é notavelmente observada e brevemente explicada por Norberto Bobbio em seu livro O Futuro da Democracia:
"Estado Liberal e estado democrático são interdependentes em dois modos: na direção que vai do liberalismo à democracia, no sentido de que são necessárias certas liberdades para o exercício correto do poder democrático, e na direção oposta que vai da democracia ao liberalismo, no sentido de que é necessário o poder democrático para garantir a existência e a persistência das liberdades fundamentais. Em outras palavras: é pouco provável que um estado não liberal possa assegurar um correto funcionamento da democracia, e de outra parte é pouco provável que um estado não democrático seja capaz de garantir as liberdades fundamentais." (BOBBIO, 1986, p. 20)
A primeira correspondência, e eu diria a principal, é a criação dos direitos fundamentais, firmado, no Brasil atual, pelo Art. 5º da Constituição Federal que estabelece, basicamente, o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Ao analisarmos os fundamentos dos direitos fundamentais do Estado Liberal, perceberemos que eles se encaixam perfeitamente com os atuais, pois, nos dois casos, o Estado “reconhece juridicamente os direitos originários dos homens e os proclama solenemente com a finalidade de melhor os garantir” (NOVAIS, p. 77). 
Na divisão atual dos poderes, eles devem ser independentes e harmônicos, pois cada um tem seu próprio campo de atuação principal, apesar de estarem interligados. É dever do Legislativo elaborar as leis, por sua vez o Executivo as aplica e o Judiciário analisa sua justa e certa aplicação. Da mesma maneira que antigamente, a finalidade dessa separação, como mencionado anteriormente, é uma melhor organização e desempenho do Estado, a liberdade individual e o reconhecimento da superioridade da Constituição. 
Sendo suprema nos dois momentos históricos, a Constituição garante as normas que compõem o Estado, logo, é natural a sua supremacia, todas as outras leis devem lhe obedecer, sob pena de se tornarem inconstitucionais. Dessa forma, os outros poderes estatais só serão legítimos se a Constituição os reconhecer. Ela está nessa posição superior para limitar e regular o poder estatal e, assim, assegurar que ele não ultrapasse suas barreiras. A Carta Constitucional atual, assim como a liberal antiga, proporciona o respeito aos direitos fundamentais, mesmo porque sem o reconhecimento desses direitos, a Constituição não pode existir.
Resgatando a concepção de império da lei mencionada anteriormente, pode-se perceber que ela continua predominando nos Estados atuais. “Obedecendo cada um apenas a vontade geral e racional, ninguém estaria dependente de ninguém [...]. Daí que a liberdade estivesse em obedecer às leis e não aos homens, que a democracia e a liberdade se identificassem com a exclusiva soberania da lei”. (NOVAIS, p. 91). 
Desde remoto século XVIII, já havia uma separação nítida estabelecida entre o público e o privado da mesma forma que há atualmente, onde o Estado é responsável pelas relações que acontecem no primeiro e os particulares no segundo. Como mencionado anteriormente, dois pensadores da época já faziam tal distinção: Immanuel Kant quando afirmava que a moral é exclusivamente privada e Adam Smith quando defendia a economia movida pelas pessoas, a chamada autonomia privada. 
De certa forma, há, também, algumas diferenças entre as duas formas de Estado que devem ser mencionadas, mas não merecem tão pleno destaque quanto as semelhanças. Como o fato de que o Estado Liberal experimentou a fase declaratória dos direitos, sendo esses individuais, e o Democrático de Direito está inserido na fase concretista dos direitos, sendo esses fraternais, onde se busca formar uma sociedade plural respeitando diferenças. Assim, o liberalismo clássico declara direitos e o democrático os concretiza.
Em virtude dos fatos mencionados, é possível compreender que, apesar de os tempos estarem relativamente mudados em questão de datas ou até mesmo de formas de pensamento, muitos aspectos de certos sistemas mais antigos como o Estado Liberal ainda são adotados nos mais atuais, em exemplo o Estado Democrático de Direito. Quer dizer, algumas aplicações foram tão efetivas que permanecem até hoje, como a democracia, a divisão dos poderes, a Constituição reguladora, igualdade jurídica, o império da lei e a distinção entre público e privado. Da mesma forma que algumas coisas precisaram ser alteradas para que os novos princípios se encaixassem melhor. 
Concordando com Adam Smith, ainda que haja algumas falhas por parte dos órgãos públicos, é necessária sua intervenção, mesmo que minimamente estabelecida, para que haja um certo “controle de qualidade” por parte do Estado. Tal afirmação não quer dizer que não deva existir a privatização, ela precisa se instaurar, pois “os indicadores comprovam que a privatização gerou ganhos de eficiência, de qualidade de serviços e de número de empregos em diversos setores e empresas” (PAUL, Gustavo, Revista Exame, 2011)

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