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HISTÓRIA DO DIREITO resumo de flavia lages

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HISTÓRIA DO DIREITO: RESUMO DA OBRA DE FLÁVIA LAGES 
silvânia mendonça almeida margarida
1 INTRODUÇÃO
A História do Direito no Brasil não é recente. Não é recente também a história geral do direito no planeta e no atual mundo globalizado.
Muitos diplomas legais foram sendo reformados no curso do século XX: Código penal, legislação trabalhista, Código de processo civil, um universo de legislação fora dos códigos e finalmente, digno de nota especial, o Código Civil de 2002, que substituiu o Código de 1916. Nossa história constitucional, segundo Sílvio Salvo Venosa (2004), demonstra que nosso federalismo sempre ficou muito distante do sistema norte-americano, no qual procurou inspirar-se. 
Nossos Estados-membros são por dependentes da União, assim como os Municípios. Atravessamos longos períodos de obscurantismo, de supressão das garantias constitucionais e de direitos individuais, na era de Getúlio Vargas e na era de domínio de governos militares, a partir de 1964. A Constituição de 1946 representou um passo avante nas conquistas democráticas, mas não teve vida muito longa.
A Constituição em vigor, de 1988, já várias vezes alterada, prolixa e detalhada, reflete muitas conquistas sociais, mas ao mesmo tempo, espelha uma democracia apenas burocrática, com sistema eleitoral e representativo ineficiente, sem o direito social atue eficazmente. Essa Carta Constitucional representa, no entanto, um divisor de águas, segundo Venosa (2004), no direito privado brasileiro, pois muitos dos princípios conservadores e obsoletos de nosso anterior Código Civil foram por ela reformados. 
Assim, por exemplo, essa Constituição reconheceu a união estável do homem e da mulher sem casamento como entidade familiar, fez desaparecer a distinção entre filiação legítima ou ilegítima, biológica ou não; permitiu a indenização por danos exclusivamente morais, deu novos contornos à utilização da propriedade rural e urbana; reconheceu série mais ampla de direitos individuais e da personalidade.
Toda essa história recente de nosso país deve ser investigada pelo estudioso, inclusive os reflexos do movimento militar de 1964, cujos efeitos sentimos até hoje, principalmente pelo aniquilamento de lideranças que pudessem dirigir digna e eficazmente a nação nos anos futuros, ou seja, no presente.
Como enunciado tratamos aqui de uma iniciação ao estudo do Direito, suas primeiras linhas, e especificamente neste ponto, de uma iniciação histórica ao direito brasileiro , de alguns pontos para maior aprofundamento e debate. Início de assunto, início de discussão, início de temas para meditação, cujo desenvolvimento deverá ser dado pelo próprio iniciante e seus mestres, nas salas de aula e fora delas.E, se nessa busca conseguirmos que o futuro operador do Direito encontre o real caminho da Ética e da Moral, para garantir o bem-estar das futuras gerações deste país imenso em todos os sentidos, estas primeiras linhas terão alcançado seu objetivo, conforme afirma Venosa (2002, em seu livro Introdução ao Direito.
2 OS PRIMEIROS HABITANTES DO 
PLANETA E A ORGANIZAÇÃO 
2.1 O Direito na Antiguidade
O Direito sempre existiu. Nasceu com o homem em sociedade. Nas sociedades primitivas, o Direito se confunde com a religião e com a política. Essas sociedades não tinham órgãos específicos para emanar normas nem legisladores. As leis nem sempre foram as principais fontes reveladoras do direito. Eram resultados da opinião popular e com o largo uso pelo se tornavam obrigatórias.
O Direito primitivo foi portanto da natureza consuetudinária, baseado em uma fusão de costumes que modifica-se em ritmo lento. As famílias uniam-se em um organismo mais amplo: na cidade, no estado.
Entre as famílias antigas a que dominou as demais, foi, sem dúvida, a cidade romana. Seu poderio estendeu-se aos quatro quadrantes da terra. Mas o território permaneceu pequenino como no início. Roma não juntou seu território às terras conquistadas, não ampliou seus limites, nem tão pouco incluiu entre seus cidadãos dos países vencidos. Primou-se em continuar a ser única e exclusivamente a “cidade”, a cidade mais poderosa, as demais rendiam-se homenagens e pagavam tributos.
2.2 Direito Romano e a história externa: pequenas considerações
A) REALEZA (origens de Roma - 510 a.C.)
• ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
No período da Realeza a organização política de Roma constituía-se do rei, do Senado e dos Comícios.
• Rei
O rei era o magistrado único, vitalício e responsável. Tinha as funções de chefe do Estado, de juiz e de sacerdote, e amplos poderes administrativos. Seu sucessor era indicado por ele, não havendo hereditariedade ou eleições. Quando não indicado pelo antecessor, era escolhido pelo interrex (senador designado pelo Senado para ocupar o cargo em vacância, provisoriamente). No comando do exército, declarava guerra e celebrava a paz.
• Senado
Conselho do Rei, subordinado a ele, cujos membros, chamados senadores ou patres, eram escolhidos pelo monarca entre os chefes das gentes. Inicialmente composto por 100 membros, posteriormente teve sua composição elevada para 300 membros. Eram vitalícios e conservadores.
O Senado era convocado pelo rei, que o consultava quando deveria tomar decisões importantes, embora não estivesse obrigado a seguir o seu conselho. Também confirmava as deliberações dos comícios. Sem esta confirmação as decisões dos comícios não tinham validade, não eram reconhecidas.
Os Comícios
Os Comícios eram assembléias com a participação do povo. Podiam ser:
- Por cúrias – eram assembléias convocadas pelo rei, pelo interrex ou pelo tribunus celerum. Reuniam-se no comitium, ao pé do Capitólio. Não deliberavam, apenas aprovavam ou rejeitavam a proposta de quem lhes presidia. Pronunciavam-se sempre que se tratava de modificar a ordem legal da ciuitas. 
- “Comítia calata” – assembléias para comunicar ao povo deliberações sobre questões religiosas. O povo não era ouvido, apenas tomava conhecimento das questões de seu interesse.
O povo romano se dividia em tribos e cúrias. Cada tribo era composta por dez cúrias. A população romana era composta pela gens, a clientela e a plebe. As classes sociais eram definidas e rígidas, e ia além da questão econômica.
Os membros da gens se denominavam gentiles, e julgavam descender de um antepassado comum, lendário e imemorável. O vínculo entre os gentiles vinha, portanto, do nome em comum e não necessariamente de laços consangüíneos. Era o agrupamento de várias famílias. Os gentiles formaram o patriciado quando surgiu o Estado Romano. Na realeza, somente os patrícios gozavam de todos os direitos civis e políticos. Os clientes e plebeus eram despojados de quaisquer tipos de direito.
A clientela era formada por indivíduos que se sujeitavam à uma gens, recebendo proteção. Eram, portanto, súditos e protegidos dos gentiles. Deviam obrigações e recebiam em troca proteção e assistência. Esses indivíduos eram basicamente estrangeiros vencidos de guerra, estrangeiros emigrados que se submetiam espontaneamente e escravos libertados que ficavam vinculados à gens de seu antigo dono.
A plebe possivelmente se constituía dos vencidos de guerra e estrangeiros que ficavam sob a proteção do Estado e de clientes cujas famílias patrícias se extinguiram. Não eram organizados e habitavam o solo romano sem se integrarem à cidade. Viviam à margem da sociedade. A princípio, não possuíam direitos políticos nem civis.
FONTES
As fontes de Direito durante a República foram:
- OS COSTUMES – atos praticados pelos antepassados e transmitidos às gerações pela tradição. Foi a fonte de direito mais importante na Realeza.
- AS LEIS RÉGIAS – leis votadas pelos comícios por cúrias e, segundo a tradição, compiladas por Papírio.
B) REPÚBLICA (510 a.C. - 27 a.C.)
• ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
No período denominado República as instâncias de poder eram:
• Os magistrados
A princípio são dois magistrados únicos, com atribuições militares, administrativas e judiciárias. Comandamo exército e velam pela segurança pública, fazem o recenseamento da população, gerem o erário, tomam medidas em prol do bem público, administram a justiça criminal e exercem a jurisdição voluntária e contenciosa. Aos poucos, vão surgindo magistraturas com atribuições retiradas do consulado, pelo desenvolvimento do Estado Romano e pela luta da plebe para obter ingresso na magistratura. São os consules, pretores e censores.
As características fundamentais são a temporariedade, a colegialidade, a gratuidade e a irresponsabilidade. Os magistrados são eleitos anualmente. Os censores, a cada cinco anos. Cada magistrado tem o poder de veto. Não percebem proventos para o exercícios do cargo e são invioláveis, mas após o mandato podem ser chamados a prestar contas perante o povo.
Os poderes do magistrado se resumem nas potestas e no imperium. Potestas é a competência que tem o magistrado de expressar com a sua própria vontade a do Estado, gerando para este direitos e deveres. Imperium é a personificação da supremacia do Estado, que exige a obediência de todos os cidadãos, limitada pelos direitos individuais destes. Nem todos os magistrados possuem o imperium, mas todos têm o potestas.
• Senado
É o centro do governo na República, pois os magistrados o consulta e segue seu conselho antes de tomar deliberações importantes. Além disso, o Senado podia intervir na formação das leis e exercia controle na atuação dos comícios. Podia, por exemplo, anular leis que não tivessem sido votadas observando às formalidades legais.
• As Assembléias / Comícios
 Comícios por cúrias: continuaram e existir, mas com outra composição (admissão dos plebeus). As funções permaneceram as mesmas.
 Comícios por centúrias: surgiram da divisão do povo em cinco classes de acordo com o seu patrimônio. Cada uma das classes eram subdivididas em centúrias, constituídas de iuniores e seniores. Os comícios se realizavam fora da cidade de Roma pois o povo votava armado. Os menos favorecidos raramente podiam influir nas deliberações, pois a votação era feita por hierarquia, e bastava alcançar a maioria absoluta.
 Comícios por tribo: surgiram das assembléias que a plebe organizava para tratar de assuntos do seu interesse. As atribuições dos comícios por tribo são eleitorais (eleição dos magistrados), legislativas e judiciárias (apreciam o recurso de cidadão romano multado).
 Comícios da plebe: elegem os tribunos e edis da plebe, votam os plebiscitos (deliberações da plebe) e apreciam recursos das multas impostas por magistrados da plebe.
FONTES
- LEIS: vão adquirindo cada vez mais importância. A plebe luta para a obtenção de leis escritas para acabar com a incerteza do direito, e dar-lhes mais segurança. Apresenta-se sob duas modalidades: lex rogata e lex data. A lex rogata contém quatro partes, onde se consignava o objeto da lei, dados dos magistrados e data de votação, o seu conteúdo e as sanções. A lei mais importante neste período é uma lex data: a Lei das XII Tábuas, o primeiro monumento legislativo dos romanos, fruto da disputa entre classes.
- COSTUMES: os costumes continuam sendo fonte de direito, mas com uma importância menor que durante a Realeza. É a fonte preponderante do direito privado, graças às atividades dos jurisconsultos.
- EDITOS DOS MAGISTRADOS: nova fonte, que não existia na Realeza. Os magistrados podiam promulgar editos. Inicialmente eram proclamados oralmente. Eram um programas dos magistrados ao assumirem o cargo. Passou a ser escrito.
C) PRINCIPADO (27 a.C. - 285 d.C.)
• ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
O principado foi o regime de transição entre a república e a monarquia absoluta.
• Príncipe/Imperador
Primeiro cidadão.
• Os Magistrados
Passam a ter funções reduzidas e limitadas durante o principado.
- CONSULES: os poderem passam a ser limitados pelo príncipe.
- PRETORES: os pretores urbanos e peregrinos exercem a jurisdição civil. A pretura peregrina acaba desaparecendo durante o principado.
- SENADO: reduzida às funções de redação das listas dos cidadãos de Roma, recenseamento.
- QUESTORES: servem de secretários para o príncipe.
- EDIS: deixam de existir pois suas funções passam ser atribuídas a funcionários imperiais
- TRIBUNATO DA PLEBE: passam a ter atribuições administrativas.
• Senado
Os senadores eram eleitos entre os ex-magistrados, e a influência do príncipe levava à eleição de homens de sua confiança. O príncipe convocava o Senado e apresentava propostas. Assim, apesar de aparentemente ter posição de destaque, o Senado perdeu os poderes da República, mas absorveu funçõeses eleitorais e legislativas dos comícios.
• As Assembléias
Perdem os poderes judiciários e eleitorais e legislativas, e caem em desuso.
FONTES
No principado encontra-se o maior número de fontes de direito, por ser um período de transição. São elas:
- LEIS
- COSTUMES: importância menor do que nos períodos anteriores. Existiam costumes que preenchiam as lacunas das leis.
- EDITOS DOS MAGISTRADOS
- SENATUS-CONSULTOS: passam a ser fonte de direito pois o Senado deliberava sobre as propostas do príncipe
- RESPOSTAS DOS JURISCONSULTOS: patente concedida pelo príncipe para que os jurisconsultos respondessem a consultas dos litigantes, magistrados e juizes.
- CONSTITUIÇÕES IMPERIAIS: apesar do príncipe não ter expressamente a faculdade de legislar, interferiu na criação do direito através das constituições imperiais, que continham normas e respostas sobre questões jurídicas.
D) DOMINATO (285 d.C – 565 d.C.)
• ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
Caracterizada pela burocracia. Dependência da administração provincial ao governo central.
• Imperador
Monarquia absoluta.
FONTES
Constituições Imperiais: Por ser uma monarquia absoluta, há apenas uma fonte de direito atuante de criação organizada do direito. Persiste o costume, mas apenas para preencher as lacunas das constituições imperiais, com pouca importância para o direito privado . 
2.3 A Romanização
Quando Roma tomou a Península Ibérica muitos povos já haviam habitado o lugar, destacando-se entre eles os Lusitanos. Estes mantiveram, mesmo depois da Romanização, traços básicos de sua cultura que formaram uma das bases para a elaboração social da sociedade burguesa.
Os romanos, ao chegarem na península, sofreram resistência, entretanto, após incursões mais fortes por parte do exército romano eles acabaram por sucumbir. A partir deste momento (no sécuo II a.C.) os lusitanos absorveram a cultura dos invasores.
No final do primeiro século a.C., foi feita uma reforma adminstrativa por Roma, estas reformas dividiam a Penínula em três províncias. Com a reforma instalou-se também a administração da justiça que, para fins juduciais, cada província estava dividida em unidades menores, chamadas conventus, cada um estava responsável por administrar a justiça em seu terriório. A romanização foi coroada, com a Constituição Antoniana, que concedeu cidadania romana a todos os habitantes do império.
Com esta igualdade podem ser vistas algumas conseqüências, como o surgimento de pessoas necessitadas de conhecimento acerca do direito romano e o problema com a duplicidade de ordenamentos jurídicos.
A partir do início do século V d.C. os Germânicos começaram a penetrar também na Penísula Ibérica, até que outra tribo, a dos Visigodos, com um acordo com os romanos, os expulsou e tomou a península. O direito visigótico passa a dominar a região.
Após a morte de Maomé, foi formado um Estado teocrático militar, governado por Califas, chefes político-religiosos que lideraram um movimento expansionista que acresceu territórios ao Império árabe com uma velocidade jamais vista.
Muitos fatores influenciaram esta expansão: necessidade de terras férteis, explosão demográfica, a guerra santa, o dever mulçumano de combater os infiéis. Outros elementos auxiliaram na rapidez com que esta expansão se realizou: a fraqueza dos Impérios Bizantinos e Persa e a descentralização de poder do norte da África e a fragmentação da Europa Medieval.
Os Califasconquistaram a Penísula Ibérica, mas foram derrotados em sua expansão em direção ao território dos francos. Na Península Ibérica os mulçumanos ou mouros, como eram conhecidos por lá, permaneceram até o século XV, influenciando sobremaneira a cultura da região, onde hoje estão Portugal e Espanha. 
2.4 Portugal
A partir do século XI com a formação dos reinos cristãos de Castela, Aragão, Navarra e Leão a luta pela expulsão dos mulçumanos iniciaram-se efetivamente.
Muitos nobres iam lutar ao lado dos cristãos pela expulsão daqueles que chamavam “infiéis”. Os cristãos consideravam-se em uma Cruzada Santa. Como recompensa por importantes serviços prestados na “Guerra de Reconquista”, dois nobres franceses receberam recompensa do rei, suas duas fihas em casamento e feudos. Um destes feudos era o Condado Portucalense que com tendências separatistas conseguiu em 1139 formar um reino, com dinastia própria e com o reconhecimento da Igreja. Como Condado ou como reino Portugal não parou a luta pela expulsão dos mulumanos.
“Portugal nasceu com uma espadas na mão” é o que diz um velho ditado lusitano, e é fato. Como havia uma exigência permanente de constante mobilização militar, a figura do chefe do exército foi reforçada, facilitanto a centralização em torno do rei.
Assim, o Estado Português nascia como que naturalmente, mas não no modelo feudal. As instituiçõeses municipais eram fortes e hierarquicamente dispostas sob o rei, o soberano era o supremo juiz, as leis eram para todos.
E, finalmente, para manter um exército era necessário renda e esta poderia advir de impostos. Por isso Portugal é o primeiro a tornar-se um Estado no sentido moderno do termo.
Um dos momentos mais importantes do início da história portuguesa foi o reinado de D. Diniz, porque a formação da Nação Portuguesa deveu-se muito aos atos deste monarca que unificou a língua em todo território.
Este mesmo monarca fez valer em Portugal um documento legal: a Lei das Sete Partidas. Esta era uma exposição jurídica de caráter enciclopédico, inspirada, basicamente, no direito romano e no direito canônico que tinha em vista suplantar os costumes e o chamado “direito velho”.
O “direito velho” tem como propriedade a utilização da Justiça Privada e da vigança.
O direito mulçumano trouxe uma onda de instituições consagradas pelo Alcorão, entre elas a vindicta privada que acabou por atrasar a inserção da idéia de Direito Público no Direito Português.
Assim, o início da história codificada de direito português é o início da luta contra o direito privado que existia em detrimento do direito público. 
Foi ainda no reinado D. Diniz que o serviço judiciário foi reestruturado com a criação do cargo de juiz, oficiais régios, com juridição na cidade. Os juízes tinham por competência tutorias e o julgamento acerca de inventários de menores órfãos, eram os Juízes dos Órfãos.
Este monarca aumentou o número de almotacés, que eram inspetores encarregados da exata aplicação dos pesos e medidas e da taxação e distribuição dos gêneros alimentícios, introduziu o cargo de Procurador do Conselho que tinha a atribuição de cuidar dos interesses públicos e diminuiur o poder dos senhors de terra.
2.4.1 A Era das Ordenações
a) As Ordenações Afonsinas
Esta legislação, nasceu com intuito de diferenciar-se da legislação espanhola. Este sentimento cresceu em Portugal, principalmente durante e depois da Revolução de Avis, que foi resultado de uma crise econômica do século XIV somada a uma crise dinástica.
Com o maior poder de sustentação de uma guerra a burguesia conseguiu colocar no poder o irmão “bastardo” de D. Fernando que, em 1385 foi oficialmente coroado com o nome de D. João I.
As Ordenações Afonsinas começaram a ser feitas no reinado de D. João I, que ascendeu ao trono nesta Revolução e colocou a dinastia de Avis por cerca de dois séculos no trono português.
Um dos objetivos da Revolução de Avis era defender a independência portuguesa, fortalecendo o poder real. Um Estado forte era interessante à burguesia, pois, o apoio do Estado era primordial para a promoção do comércio e da navegação. Outro alvo da feitura das Ordenações era diminuir ou acabar com as várias leis dispersas pelo reino.
As Ordenações Afonsinas são divididas em cinco livros: o primeiro é relativo aos regimes dos cargos públicos; o segundo é sobre Direito Eclesiático; o terceiro livro diz respeito ao processo civil; o quarto é de direito civil; o quinto aborda o direito penal e o processo penal.
Esta legislação foi feita sob a transcrição na íntegra das fontes já existentes seguida da declaração de termos que confirmavam, alteravam ou eliminavam estas fontes. Só o Livro I utilizou-se da formulação direta das normas sem apoiar-se em nenhuma fonte.
A Estrutura Juduciária colocada pelas Ordenações Afonsinas contava com Magistrados Singulares e Tribunais Colegiados de segundo e terceiro graus de jurisdição, além de magistrados com funções específicas postos acima dos Tribunais Colegiados.
O Tribunal Colegiado – 3º Grau de jurisdição – era a Casa de Suplicação, que era a terceira e última instância da justição portuguesa com competência delimitada.
Era do rei o mais alto cargo da Justiça. Seu papel era a distribuição dos Desembargadores, definição dos dias de trabalho destes e do Juiz dos feitos, do Procurador, do Corregedor da Corte e dos Ouvidores.
O Juiz dos Feitos era o responsável por realizar audiências nos Tribunais de Relação ou nas Mesas de Consciência, o Corregedor da Corte – que acompanhava a corte por onde esta fosse – era competente para conhecer questões de pessoas menos afortunadas.
Os Ouvidores eram os responsáveis pelo conhecimento de todos os feitos penais que estivessem em apelação, assim como, no âmbito dos Tribunais de Relação, a distribuição de audiências. As Ordenações Afonsinas têm muito do direito Canônico.
Dentro da mentalidade da época, vê-se também, que esta legislação não trabalha com uma proporcionalidade entre crime e pena, a lei servia para incurtir o medo. Neste sentido existiam vários delitos, de várias espécies que eram passíveis de punição idêntica, a pena de morte.
A igualdade não pode ser vista na Ordenação Afonsina, visto que, sempre fidalgos e pessoas comuns são diferenciadas.
b) As Ordenações Manuelinas
Quando da feitura da parte das Ordenações Afonsinas, Portugual já havia se lançado na Expansão Marítima. Conforme Portugal avançava no Périplo Africano, o caráter de Cruzada era suplantdo paulatinamente pelos lucros advindos do empreendimento, assim a Expansão Marítima era cada vez mais Expansão Marítimo-Comercial.
Com mudanças tão grandes ocorrendo na sociedade portuguesa, leis caíam em desuso mais rapidamente do que era normal em tempos anteriores. As Grandes Navegações e os avanços tecnológicos e filosóficos do período faziam mudar a mentalidade, as coisas tinham que ser mais velozes. Como não querer dar mais agilidade também à legislação?
Em 1505, cinqüenta e nove anos após a promulgação da Ordenação Afonsina, D. Manuel mandou revisá-la e a revisão acabou por gerar a Ordenação Manuelina de 1521.
A Ordenação Manuelina é diferente da Afonsina, porque foi feita em estilo “decretório”. Em contrapartida as daus ordenações se assemelhavam, porque ambas mantêm o direito romano como subsidiário.
A Ordenação Manuelina trata, de maneira mais específica as questões de direito marítimo, de contratos e de mercadores. No tocante a questões penais, muito pouca coisa mudou de uma ordenação para outras. Os fidalgos continuavam tendo vantagens.
O adultério feminino era um crime tão odioso que tornava lícito o homicídio. Ainda não havia a diferenciação entre crime e pecado. É dada a D. Manuel a qualidade de ter exigido a formação acadêmica de direto para aqueles que trabalhavam com a Justiça.
Com o passar do tempo novas leis foram sendo estabelecidas, umas alteravam deipositivos da Ordenação, outras revogava-os parcialmente, outras ainda somente esclareciam o texto. 
c) As OrdenaçõesFilipinas
D. Sebastião assumiu o trono aos quartoze anos em 1571, era um adolesente com uma tipicidade perigosa para um monarca absolutista, seu mito chegou a influenciar a Guerra de Canudos.
Em 1578, ele saiu de Portugal à frente de um exército de 18.000 homens para combater os infiéis – no caso os mulçumanos – e disseminar a fé cristã. D. Sebastião perdeu a batalha de Alcácer-Qibir no norte da África e seu corpo nunca foi encontrado. O problema era que ele não tinha filhos o que abriu uma séria crise dinástica.
D. Henrique, tio-avô de D. Sebastião ascendeu ao trono, mas veio a falecer sem herdeiros, ele era Cardeal. Assim extinguiu-se a disnastia Avis.
Felipe II, neto de D. Manuel, tornou-se, ao mesmo tempo, rei da Espanha e de Portugal é a chamada União Ibérica. Esta união dos dois países poderia gerar o fim de Portugal como nação independente, entretanto, os portugueses impediram a união completa entre os dois países.
Em 1581, as Cortes Portuguesas apresentaram exigências ao novo rei, que as aceitou dando origem ao Juramento de Tomar. Por este juramento Felipe II permitiria que o comércio colonial de Portugal fosse feito por navios portugueses, comandados por portugueses. No campo administrativo os portugueses continuariam a ocupar os cargos, as leis e costumes de Portugal seriam respeitados e seria mantida a língua portuguesa como língua oficial.
Foi no reinado de Felipe II que foi promulgada a Ordenação Filipina, em 1603, o mais duradouro documento jurídico, tanto de Portugal quanto do Brasil. Três motivos existiram para a feitura deste documento legislativo: desejo de centralização do poder real, desejo dos juristas de impor o direito romano e a tendência de repelir a influência canônica.
A Ordenação Filipina segue a técnica da compilação revisando também um pouco das normas contidas na Ordenação Manuelina. Por isso, pode-se afirmar que esta ordenação é a reforma da anterior. A estrutura judiciária da Ordenação Filipina é um pouco mais complexa que a das anteriores.
A quantidade de juízes singulares aumentou e proliferaram as funções específicas de cada um, os Tribunais Colegiados de segundo e terceiro graus de jurisdição também seguiram o mesmo caminho.
No segundo grau de jurisdição a responsabilidade era da “Casa de Suplicação” e do “Tribunal de Relação”. A Casa de Suplicação era composta pelos Desembargadores do Paço, pelo Conselho da Coroa e Fazenda, pela Mesa da Consciência e Ordem e pelo Chanceler da Suplicação; os carregadores e ouvidores também exerciam funções nos tribunais de segundo grau.
O terceiro grau de jurisdição era exercido pela “Casa da Suplicação”, presidida pelo Regedor e composta pelo Chanceler Mor e pelos Desembargadores da Casa da Suplicação. O Regedor tinha como principal atividade conduzir as atividades judiciais dos desembargadores das mesas. O Chanceler Mor inspecionava os documentos públicos e extrajudiciais e era responsável pelo juramento e tomada de posse dos cargos dos oficiais do Império. A função recursal era de responsabilidade dos Desembargadores. 
A Ordenação Filipina indica quais são os casos que o processo deve ser recebido. O julgamento, pela Ordenação Filipina, deve ser o mais célebre possíel. Entretanto o resultado final do julgamento poderia ser feito à custa de provas mais seguras do cometimento do cirme.
Desde muito cedo predominou a idéia de que o tribunal deveria procurar a “verdade dos fatos” através da inquisição direta ou da audiência de testemunhas. A Ordenação Filipina indica quais testemunhas não devem ser utilizadas: pais, mães, avós, avôs, filhos, netos, bisnetos, irmãos, escravos, judeus e mouros.
O falso testemunho, nos casos que envolvem pena de morte, era punido com a morte e todos os bens do que desse falso testemuno iam para a Coroa. Se o processo não envolvesse pena de morte, o destino do mentiroso era o Brasil.
O degredo para o Brasil estava em segundo lugar no grau de penalidade, mesmo o degredo para outros lugares e açoites eram aplicados para crimes considerados mais leves.
A pena de morte poderia ser executada de quatro formas, morte cruel, a morte atroz, morte simples (natural) e a morte civil que era considerada a mais cruel de todas elas. O indivíduo mesmo vivo, não tem direito algum, vive como se não mais vivesse.
Em muitos casos indica-se dois tipos de pena, para pessoas comuns e outra para os que chamam “gente de maior qualidade”. Havia, porém, alguns crimes, tidos como muito graves, que não haveria diferença entre pessoas. De uma certa forma, os menores também era protegidos. 
d) Período Pombalino
Enquanto em alguns países o Iluminismo agiu como elemento pertubador da ordem estabelecida em outros foi utilizado para reforçar o absolutismo e assim foi com Portugal. 
O rei D. José II nomeou como secretário de Estado, o Marquês de Pombal. Todas as reformas do Marquês tinham como objetivo último o fortalecimento do Estado, visando a reforçar o absolutismo, mesmo em detrimento da burguesia, de uma parte da nobreza e do clero. 
Marquês de Pombal legislou bastante para proteger a economia portuguesa. A obra de Pombal que talvez chame mais a atenção na História do direito foi a que modernizou a ordem jurídica portuguesa. Esta modernização deu-se de dois modos, primeiro houve a edição da Lei da Boa Razão de 18 de agosto de 1769, que reformulava a estrutura do direito subsidiário.
O segundo modo foi a reforma dos Estatutos das Universidades. Esta foi feita após o estudo de uma Comissão o que gerou a Carta de Lei de 1772, que introduziu as cadeiras de Direito Natural, História do Direito Romano e do Direito Pátrio, Direito Público Universal e Direito de Gentes.
e) As Constituições Portuguesas
Portugal inicou seu “caminho constituicional”, um tanto tortuoso, depois da situação gerada pela invasão da França Napoleônica e da transferêncida da Família Real Portuguesa para o Brasil.
Os Portugueses, insatisfeitos, fizeram uma revolução em 1820 e formaram um governo: a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino que já em dezembro do mesmo ano mandou fazer uma eleição de deputados para as Cortes Extraoridinárias Constituintes convocadas para Lisboa.
O primeiro passo das Cortes foi o de aprovar o projeto de Bases da Constituição Portuguesa em Março de 1821. Os Constituintes, inspirados nos ideiais iluministas da Revolução Francesa, indicam a base da Constituição que seria feita.
Este documento é dividido em duas seções. Na primeira foi feita uma Declaração de Direitos seguindo os moldes Norte-Americanos e Franceses; na segunda eles se preocuparam em estabelecer as bases políticas do novo Estado português.
Em novembro de 1822, as potências da Santa Aliança, resolveram intervir na Espanha e acabaram por invadir este país e restaurar a monarquia abolutista. Animados com estes fatos portugueses contrários a qualquer limitação do poder real, promoveram uma revolta, que ficou conhecida como “Vila-Francada” liderada pelo Infante D. Miguel – irmão de D. Pedro I, do Brasil – que revogou a constituição e restaurou o absolutismo.
A Constituição de 1826, chamada por muitos de Carta Constitucional, foi uma “dádiva de D. Pedro” ao povo português. Aliás, sua principal fonte foi a Constituição brasileira de 1824. Desta forma podemos ver o Poder Moderador também nesta Constituição. Em abril de 1838 Portugal tinha uma nova Constituição.
O princípio da tripartição de poderes foi reinstalado assim como o bicameral das Cortes. Outras características dessa Constituição foram o veto absoluto do rei e a descentralização administrativa. Ela toma uma posição intermediária entre o radicalismo da Constituição de 1822 e a unilateralidade da Constituição outorgada de 1826. Em 1842 um golpe de Estado restaurou a Carta Constitucional de 1826 que permaneceu até 1910, ano da Proclamação da República em Portugal, com revisões em 1852, 1885 e 1896.
A República foi proclamada em 5 de outubro de 1910, no mesmo dia organizou-se um governo provisório que estabeleceu as regras para aseleições para deputados constituintes. A Assembléia Constituinte reuniu-se a partir de abril de 1911, sendo promulgada a Constituição em agosto do mesmo ano.
A Constituição durante a breve ditadura de Pimenta Castro, havia sido suspensa. Mas em seguida à morte do ditador o Congresso repôs em vigor a Contituição de 1911.
A Constituição foi sujeita a alterações, sendo as mais importantes: o direito concedido ao presidente da República de dissolver as Câmaras; a regulamentação escrita dos poderes do Governo durante o período de dissolução do Congresso; a aprovação das bases da reforma da administração ultramarina, no sentido duma larga autonomia.
Em 28 de Maio de 1826 deu-se nova revolta militar, que instituiu outra vez a ditadura. O Decreto de 9 de Junho de 1926 dissolveu o Congresso da República. A atual Constituição de Portugal foi promulgada em 1976 após a reinstalação da democracia. 
3 BRASIL COLÔNIA
3.1 Sem Fé, sem Lei, sem Rei
Os habitantes originais do território que hoje é o Brasil eram múltiplos, em tribo, etnias, línguas. Eles viviam em comunidades caracterizadas pela inexistência da propriedade privada. O caráter comunitáro da produção implicava em uma economia que buscava assegurar estritamente o que era para consumo.
Das várias línguas, a mais utilizada era o tupi, que não tinha a pronúncia da letra “F”, da letra “L” ou da letra “R”, o que foi utilizado pelos portugueses como uma forma de depreciação do índio porque, em se partindo de uma comparação com os europeus de época, como os índios não eram cristãos, não tinham fé; como não legislavam, não tinham lei, como não tinham chefe supremo, não tinham rei.
Para europeus era estranho não identificar alguém nas tribos com poder que pudesse ser colado acima dos demais. De fato havia o chefe da aldeia, mas não era muito maior que os dos chefes das malocas.
Quanto as leis, de fato eles não as tinham, não no modelo europeu que contava com códigos e com autoridades supremas que impunham a lei.
As grandes decisões eram tomadas pelo grupo de homens que se reunia para discutir, o que era valorizado era o poder da persuasão. 
Mas havia regras, elas não eram escritas porque os índios do território que Portugal tomou posse não tinham escrita. Eram regras variáveis de tribo para tribo mas algumas questões eram comuns.
A divisão do trabalho era feita através de critérios sexuais ou etários. Para alimentação havia algumas proibições, os animais domésticos se tornavam tabus alimentares. 
O casamento era preferencialmente realizado na forma avuncular, ou seja, matrimônio do tio materno com a sobrinha e era através destes que eram acertadas as alianças. Casar-se era tão simples quanto divorciar-se; após declaração de ambas as partes estava feito. A poligamia era permitida e o homem com mais de uma esposa tinha seu prestígio reforçado. A poliandria também existia em algumas tribos, havia a possibilidade de uma mulher ter vários maridos.
3.2 Os tratados antes do Brasil e limites de terras
Os primeiros documentos com valor jurídico relativos ao que chamamos hoje de Brasil são anteriores a própria existência jurídica do Brasil.
Alguns autores indicam a Bula Inter Coetera (de 1493) e o Tratado de Tordesilhas (de 1494) como sendo os documentos que trazem a posição de primeiros documentos jurídicos que afetaram o que é hoje o Brasil.
Mesmo antes da viagem de Colombo houve um Tratado celebrado entre Portugal e Espanha em 6 de março de 1480, o Tratado de Toledo, que dava a Portugal a exclusividade de águas e terras ao sul das Canárias.
A viagem de Colombo veio a estremecer o relcionamento entre as duas Coroas Ibéricas e fez com que o rei português D. João II, fundamentado no diploma de 1480 procurasse garantir seus direitos através de uma demonstração de força. 
Para defenderem-se, os Reis Católicos da Espanha, buscaram apoio no papa. Em 4 de maio de 1493 o Papa Alexandre VI expediu a Bula Inter Coetera.
Embora a demarcação da bula papal tenha salvaguardado as rotas portuguesas do Atlântico Sul, D. João II recusou-se a aceitá-la e pressionou a Espanha, que recém-saíra da guerra contra os Mouros e receava entrar em uma, outra guerra, para que um arranjo fosse feito.
Utimou-se em Tordesilhas, em 7 de junho de 1494, o acordo que deu fim a longas negociações entre as duas coroas. Conforme a principal cláusula do diploma as duas monarquias estabeleciam o meridiano traçado a 370 léguas a oeste das Ilhas Cabo Verde, tudo que estivesse seria espanhol, a leste de Portugal.
3.3 O antigo sistema colonial e o primeiros documentos jurídicos na Colônia
O Brasil dos primeiros tempos não eram em nada interessante para Portugal. O Brasil era uma colônia e no Antigo Sistema Colonial a Colônia existe para dar lucros, para desenvolver a Metrópole, e os índios no Brasil não eram um mercado considerável.
O que havia de interessante era o pau-brasil, a árvore era considerada um produto “estancado”, ou seja, só o consentimento real dava o direito de exploração. Assim foram expedidos os primeiros documentos com valor jurídico, aqueles que davam, mediante pagamento prévio de uma soma, a indivíduos o direito de extrair, por um tempo determinado, a madeira. 
Portugal não tinha condições financeiras e humanas para empreender uma posse em um território tão vasto quanto era o Brasil. A solução encontrada foi uma espécie de “privatização” da colonização: as Capitania Hereditárias. Os donatários – maneira que eram chamados aqueles que recebiam as Capitania – ficaram responsáveis pelos investimentos de colonização.
Os indivíduos escolhidos para donatários recebiam as Cartas de Doação que indicavam a condição de posse de sua capitania. Eles tinham o privilégio de exercer a justiça, mas isto não era arbitrário, nem exerciam o poder judicial e legislativo de forma isolada, eram obrigados a seguir as leis do Reino e as Cartas Forais que delimitavam suas funções. Os forais eram importantes documentos jurídicos tendo em vista que delimitavam e indicavam poderes e deveres.
Cabia aos donatários nomear seu Ouvidor para exercer a jurisdição civil e criminal.
3.4 O município, o governo e a montagem de um aparato jurídico da Colônia
Com o fracasso do sistema de Capitanias, foi transladado para a colônia os princípios de administração local através do Município, com organização e atribições políticas, administrativas e jurídicas semelhantes às da metrópole, seguindo a legislação metropolitana.
A criação do Governo Geral em 1548 demontrava esta mudança de rumo. Enquanto com as Capitanias Hereditárias os donatários recebiam poderes soberanos, os Governadores estariam, ao mesmo tempo, sujeitos diretamente ao poder metropolitano e sujeitando a colônia a este controle. Cabia ao Governador Geral coordenar a defesa da terra contra ataques instalando fortes.
O Regimento ainda estabelecia que o Governador fizesse aliança com os índios e dessem auxílio em sua catequese evitanto sua escravização e doando-lhes terras com vistas a integrar estas populações no sistema produtivo colonial.
A questão da não escravização do indígena é muitas vezes justificada com uma obra primorosa de marketing dos jesuítas que, interessados em ter índios livres para a catequese não desejavam que estes fossem escravizados.
Paralelamente ao interesse desta ordem, o índio não era interessante como escravo por dois motivos básicos: primeiro e mais importante, a escravidão indígena não atendia o principal pressuposto da relação metrópole colônia, isto é, a colônia deveria sua existência para dar lucros à metrópole.
O segundo motivo era o interesse e, até certo ponto, a necessidade de Portugal de tornar os índios parte da obra de colonização. Como auxiliares dos governadores foram instituídos ainda três cargos, cada qual com Regimento próprio: o Provedor Mor da Fazenda , o Capitão Mor da Costa e o Ouvidor Mor. A princípio o Ouvidor Mor era independente, mas, poucos meses após a implantação do Governo Geral a funçãodo Ouvidor vinculou-se ao Governador.
A colonização no Brasil cometeu um erro crasso, que levaria a outros erros ainda maiores: os portugueses transpuseram para a colônia o modelo idêntico ao que era utilizado em Portugal.
Nas vilas, nos municípios, havia toda uma série de cargos que chamaríamos, pela falta de denominação melhor, de jurídicos que eram ocupados (almotacés, juiz ordinário etc.), mas a jurisdição destes era tão imensa que tornava humanamente impossível cobrir todo território que se deveria.
Podemos indicar, através do estudo de Jônatas L. M. de Paula uma visão panorâmica da estrutura judiciária do Brasil colônia, principalmente depois da Ordenação Filipina:
• Ouvidor – além das funções adminstrativas cabia-lhe conhecer e julgar os processos cíveis e cirminais.
• Juiz Ordinário ou da Terra – eleito entre os homes bons, tinham como função processar e julgar os processos cíveis e criminais.
• Juiz de Vintena – cabia-lhe julgar em processo verbal as questões de pequena monta.
• Almotacéis – competia-lhes questões sobre servidões urbanas e nunciações de obras novas.
• Juiz de Fora – substituía o juiz ordinário nas causas cíveis cujo valor não ultrapassasse mil réis nos bens móveis e nas localidades de até 200 casas.
• Juiz de Órfãos – cabia-lhe processar e julgar inventários, partilhas, causas decorrentes deles ou em que fosse parte deles menores ou incapazes, assim como as causas envolvendo tutela e curatela. 
Para o segundo e terceiro graus de jurisdição o órgão máximo era a Casa da Suplicação, com sede em Lisboa. Outros eram o Desembargo do Paço, a Casa do Porto, a Mesa da Consciência e Ordens, o Conselho Ultramarino, a Junta de Comércio, o Conselho do Almirantado, o Tribunal da Junta dos Três Estados, o Régio Tribunal ou Fazenda e o Tribunal do Santo Ofício.
3.5 O direito sob o domíno holandês no nordeste brasileiro
Entre 1580 e 1640, Portugal estava sob o domínio espanhol, sob o comando do rei Felipe II. Unindo a questão da incompatibilidade religiosa e a necessidade sempre crescente de afluxo de dinheiro, o rei Felipe adotou uma postura extorsiva no tocante aos impostos cobrados dos flamengos que rebelaram-se e fundaram um novo país na Europa, a “República das Províncias Unidas”. Este país já nascia como a maior potência comercial do mundo, possuindo uma frota de navios mercantes maior que a soma dos navios de todos os outros países.
Os flamengos eram os distribuidores dos produtos coloniais na Europa e financiadores de empresas nas colônias.
O nascimento da República das Províncias Unidas não ocorreu de forma pacífica, durante toda a segunda metade do século XVI eles lutaram contra Felipe II pela independência. Essa luta gerou a proibição tácita do rei Felipe II dos holandeses comercializarem com quaisquer de suas possessões, incluindo-se a região do açúcar no Brasil.
O fracasso da primeira tentativa de invasão ao território brasileiro não desanimou a Companhia das Índias Ocidentais, órgão holandês que detinha um monopólio – dado pelo governo da República das Porvíncias Unidas – do comércio da África e da América.
Com a conquista de quatro importantes capitanias pelos holandeses, a de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do Norte iniciou-se o período conhecido como “Brasil Holandês”. 
Os holandeses do nordeste brasileiro adaptaram a estrutura jurídico-administrativa seguindo o modelo das instituições políticas holandesas. Foram instaldos os Conselhos de Escabinos em substituição às Câmaras Municipais.
A legislação da Holanda deste período bem como a legislação que os holandeses impuseram na região brasileira que dominaram é pouco conhecida.
Havia pena de morte para alguns delitos. A pena de morte era executada de várias maneiras como enforcamento, morte pela espada, pela fogueira, entrega aos índios, esquartejamento.
Outras penas, um pouco menos severas. Eram aplicadas para extorsão, jogos de azar, incesto e adultério.
Eram considerados delitos também não plantar o número de covas de madioca ordenado por lei, vender carne ou matar gado sem licença, casar-se ou amigar-se com índios, realização por padre católico de casamento sem a observância das determinações do governo holândes, escarnecer o judeu, cristão de outra denominação ou blasfemar.
3.6 A legislação específica da região das Minas
A descoberta do ouro no Brasil não ocorreu, ao menos de todo, por acaso. Só no final do século encontraram jazidas importantes e provocaram uma grande mudança na colônia e na metrópole. O grande afluxo de pessoas gerava uma falência permanente no setor de produção de alimentos.
À medida que as jazidas foram sendo encontradas em maior número e a produção aurífera aumentava o governo metropolitano interessava-se, cada vez mais, em controlar esta atividade. Por isso há toda uma legislação específica para este setor no período, dentre outros podemos citar o Código Mineiro de 1603 e 1618 e o Regimento de 1702. 
O Código Mineiro estabelecia que todos os súditos do rei podiam extrair livremente o ouro, desde que reservassem para a Real Fazenda a quinta parte do produto.
O Regimento de 1702 é considerado o regimento mais importante porque alterou substancialmente os códigos anteriores e traçou as linhas básicas do sistema que persistiu até o fim do período colonial.
O regimento criou, então, um governo especial para as zonas auríferas: a Intendência das Minas que estava vinculada somente a Lisboa. As atribuições desta Intendência eram amplas.
Outra modificação efetuada pelo Regimento foi a substituição do Provedor, criado pelo Código Mineiro, por um Superintendente, com atribuições jurídicas mais extensas.
O sistema de arrecadação de impostos era o que mais importava para a metrópole, assim, a Coroa sempre busca meios de aperfeiçoar-se com o objetivo de não perder, de maneira alguma, os lucros advindos com a mineração
Em 1700 foram nomeados por decreto régio Provedores e Escrivãos que seriam responsáveis pela fiscalização do pagamento dos quintos.
Em 1713 a Junta da Fazenda de Vila Rica propôs que se substituísse o quinto por uma quantia anual fixa, era o chamdo sistema de fintas, mas a Coroa, em 1735 criou um sistema mais eficiente e mais cruel ainda do ponto de vista dos colonos: a “Taxa de Capitação dos Escravos e o Censo das Indústrias” que reunia a idéia do sistema de 1710 – cobrança per capta de escravos utilizados – incluíndo escravos não utilizados na mineração e cobrando de pessoas livres que mineravam e todos da região das minas da mesma maneira
Em 1735 a Coroa voltou atrás novamente, entretanto, haveria um mínimo a ser pago, muito alto e portanto muito difícil de cumprir, o que levaria à Derrama.
3.7 Brasil colônia – organização social
A ampliação comercial levou a necessidade de expansão em busca de novos mercados produtores e consumidores. Foi nesse contexto que Portugal, impulsionado pela necessidade de obter mercadorias, devido a escassez, lançou-se em viagens marítimas para alem das costas portuguesas em direção ao sul do Atlântico. E foi numa dessas viagens, que por um erro de percurso, como narra a nossa história que, em 22 de abril de 1500, Portugal aporta na Terra de Vera Cruz.
Os nativos que aqui se encontravam possuíam grande diversidade de tribos, etnias, línguas. Viviam em comunidades onde a terra era de todos e o que se produzia era destinado estritamente ao próprio consumo não havendo assim excedentes de produção, senão raras vezes, e ai então acontecia a troca com outras tribos.
Todo o grupo contribuía para o sustento da tribo e ninguém obrigava ninguém a nada. As decisões eram tomadas pelo grupo de homens reunidos no centro da aldeia e as ordens dos chefes eram cumpridas, não por pura obediência, mas sim pelo poder de persuasão. 
Embora não houvesse leis escritas, pois os índios que habitavam a colônia portuguesa não tinham escrita, haviam regras que variavam de acordo com as tribos, mas no aspecto geral havia semelhanças quanto essas regras.
Aos homens cabia a tarefade caçar, guerrear e preparar a terra para o plantio. As mulheres cuidavam da agricultura, preparo de alimentos e artesanato em geral.
Os portugueses, que já possuíam status de Estado e viviam sob um regime monárquico absolutista, onde o rei centralizava todo o poder, muito estranharam o modo pelo qual se organizavam as comunidades. Eles não divisavam a presença de alguém que exercesse poder sobre os demais, já que os chefes de cada maloca possuíam poder quase equivalente ao chefe da aldeia. Não havia também leis com códigos, como era o modelo europeu, nem autoridades que as fizesse cumprir.
3.8 O direito português em territorio brasileiro
Naturalmente, como não podia deixar de ser, o direito que os portugueses trouxeram para o território que hoje é o Brasil foi o que vigorava em Portugal, onde vigoravam as Ordenações Afonsinas e diversas legislações extravagantes.
O Brasil colonizado por Portugal refletiu sempre os interesses econômicos da metrópole e em função deles se articulou. Instalando-se uma cultura agrária, baseada no latifúndio, para servir de economia complementar aquela que realizava o controle do monopólio. 
Os donos dos latifúndios eram a elite dominante em posição oposta aos que eram utilizados na mão-de-obra e sustentavam a economia. Essa era a organização social do Brasil Colônia. A estrutura política foi importada de Portugal e o povo nativo foi submetido a ela sem sequer tomar consciência.
No que diz respeito a cultura implantada aqui pelos lusitanos, essa era absolutista e autoritária, vinculada aos ideários da Igreja Católica. 
Foi nesse contexto histórico que se deu o surgimento do Direito no Brasil e por algum tempo conviveram o Direito do povo que aqui vivia, que era um direito informal, com o direito transposto de Portugal e imposto no Brasil colônia, o que culminava em divergências de idéias e práticas. Imperava a coexistência de duas organizações sociopoliticas diferenciadas: de um lado o excesso de burocracia e formalismo do outro, a existência de relações primarias – burocracia x patrimonialismo. 
O choque cultural resultou a desestruturação de aproximadamente 6 milhões de pessoas que aqui viviam. Os índios eram vistos como não humanos e em 1531, os padres dominicanos solicitaram ao papa a assinatura de uma bula declarando que os nativos eram homens, e não bestas, não escravos. 
3.9 Período pré-colonial
Os tratados antes do Brasil e Limites de terras
O Tratado de Toledo foi o primeiro do gênero, que regulamentava a posse de terras ainda não descobertas. O Tratado foi firmado muito antes de a projeção marítima espanhola se iniciar realmente, coisa que só ocorreu com Colombo. Ele dava a Portugal todas as terras a serem descobertas ao sul das Canárias, garantindo o controle luso sobre a costa africana e sobre o Caminho das Índias.
As ilhas descobertas por Colombo em 1492 no Mar do Caribe estavam situadas ao sul das Canárias para desespero da Espanha. Os reis católicos solicitaram então ao papa que procedesse a uma divisão do mundo entre os dois reinos, de forma a assegurar à Espanha as terras a descobrir a ocidente de um meridiano distante 100 léguas para oeste do Arquipélago de Cabo Verde. Em 4 de maio de 1493 o Papa Alexandre VI expediu a Bula Inter Coetera, realizando assim os anseios dos reis espanhóis.
Embora a Inter Coetera tenha salvaguardado as rotas portuguesas do Atlântico Sul, ainda assim não era interessante para Portugal e por isso D. João II recusou a mediação papal e entabulou tensas negociações com a Espanha, que redundaram na assinatura do Tratado de Tordesilhas em de junho de 1494. Assim, Lisboa assegurava-se do controle de todas as terras a descobrir a oriente de um meridiano mais afastado, 370 léguas para oeste de Cabo Verde. 
3.10 Primeiros documentos jurídicos da colônia
A descoberta da América não despertou inicialmente, interesse dentro do contexto comercial que se iniciava, entre Europa e Oriente. O caso brasileiro não foi exceção a essa realidade, mesmo porque aqui não havia nenhum produto de valor comercial que pudesse atrair a atenção da monarquia portuguesa ou da burguesia mercantil. Qualquer tentativa de aproveitamento da terra implicaria em gastos para a Metrópole e todos os recursos portugueses estavam sendo aplicados nas Índias Orientais.
Apesar da importância secundária, era inegável a preocupação estatal com o reconhecimento e a proteção desse território. Diversas expedições foram realizadas para procurar no Brasil riquezas que pudessem ser exploradas e ao mesmo tempo combater invasores estrangeiros (principalmente espanhóis e franceses). Essas expedições não conseguiram descobrir os tão sonhados metais preciosos, que só foram encontrados no final do século XVII (uma das bases do sistema mercantil era o metalismo). No entanto, localizaram nos litorais brasileiros um produto de importância menor que viabilizou o surgimento de um incipiente comércio: o do pau-brasil.
A exploração dessa madeira, que era utilizada na tintura de tecidos europeus, tornou-se a principal atividade econômica do período pré-colonial. Esse comércio tornou-se viável graças ao escambo com os indígenas e ao surgimento de algumas poucas feitorias no litoral.
Escambo - Troca de bens e serviços sem a intermediação do dinheiro. Logo após a chegada dos portugueses no Brasil, o escambo foi intensamente empregado nas relações entre europeus e ameríndios para carregamento do pau-brasil. Os índios cortavam a madeira e a deixavam na praia, para ser colocada nos navios, em troca recebiam facas, espelhos e bugigangas de fabricação européia.
As feitorias eram estruturas comerciais, em geral fortificadas e situadas no litoral, que serviam de entrepostos com o interior das colônias.
Dessa forma o que se realizou no Brasil entre 1500 e 1530 não passou de um reconhecimento superficial do litoral da nova terra e a implantação de atividade extrativa do pau-brasil, através do arrendamento de sua exploração a particulares. Para tanto foram construídas feitorias na chamada “costa do pau-brasil”, o que não implicou em início de povoamento. Também foram enviadas algumas expedições, chamadas de “guarda-costas”, em vista de presença francesa no litoral, através da ação de corsários, já que os demais países europeus não reconheciam o Tratado de Tordesilhas.
Razões que levaram Portugal a inaugurar a colonização do Brasil. 
Podemos entender colonização como o ato de submeter um determinado território, política e economicamente, em função dos interesses de uma Metrópole. Nesse sentido o Brasil começou a ser realmente colonizado por volta de 1530 pelos seguintes motivos:
- o progresso da centralização política européia já que a medida que os países conseguiram superar a crise geral do Feudalismo, o poder centralizado se efetivou e procurou novos mercados, organizando-se assim as bases do capitalismo comercial e do absolutismo. Decorrente dessa situação surgiu rivalidades entre as grandes potências européias, passando os pioneiros, Portugal e Espanha, a ser ameaçados pelo crescimento de outras nações;
- a descoberta de metais preciosos no México e no Peru (entre 1517 e 1524) pelos espanhóis, aguçando assim a cobiça dos portugueses e fazendo com que a América fosse vista de forma diferente;
- a contestação dos tratados luso-espanhóis pelos outros países, já que os documentos sacramentados pelo Papa foram postos em xeque, após a Reforma que trouxe consigo a quebra da soberania papal. A legitimidade da posse das terras divididas pelo Tratado de Tordesilhas só era aceita se acompanhada de ocupação e não apenas da posse jurídica.
- a crise do comércio português com a Índia, gerada principalmente pelas grandes despesas que o Estado tinha com a manutenção do seu império colonial (soldos as tripulações, fortalezas, armamentos, pensões, etc.) e pelos entraves que esse próprio Estado criava ao desenvolvimento da burguesia portuguesa, fazendo com que os lucros da distribuição dos produtos se transferisse para os comerciantes flamengos. Alem disso,a concorrência feita pelos demais países (Inglaterra, França e Holanda) gerava uma baixa no preço das especiarias o que prejudicava Portugal.
• Período Colonial (1530-1822)
Em 1530, o envio da expedição chefiada por Martim Afonso de Sousa indica a preocupação colonizadora do rei D. João II, já que essa expedição paralelamente a atividades de exploração do litoral e afundamento de navios franceses fundou os dois primeiros núcleos de povoamento efetivo do Brasil: São Vicente e Piratininga (atual São Paulo). Alem disso na primeira vila foi criado o primeiro engenho de açúcar, o de São Jorge dos Erasmos. Entretanto não seria através do sistema de expedições financiadas pela Coroa que a ocupação da terra iria adiante: era necessário garantir a posse simultânea de todo o litoral para sua defesa, transferir para particulares o ônus da colonização e criar na América uma alternativa ao comércio do Oriente. Tais objetivos só poderiam ser atingidos com a criação do sistema de Capitanias Hereditárias.
• Capitanias Hereditárias
Visto que Portugal não tinha condições financeiras e humanas para empreender uma posse em um território tão vasto quanto era o Brasil, a solução encontrada foi uma espécie de “privatização” da colonização: as Capitanias Hereditárias.
Capitania era o termo utilizado para designar um imenso lote de terra doado pelo Estado português. Capitão donatário, portanto, era o homem que recebia do Rei ou herdava de sua família a capitania hereditária. 
O estado português precisava colonizar as terras, mas estava mergulhado em uma profunda crise. A alternativa escolhida pelo rei foi repassar os custos da colonização para particulares. Desta forma, os capitães donatários seriam os responsáveis pelo controle e pela posse das terras recebidas, e, para não perdê-las, deveriam investir em sua colonização. Portanto, as capitanias foram doadas somente àqueles que, donos de excelente situação financeira, pudessem custear a empresa da colonização. 
As terras brasileiras eram muito distantes da Metrópole e as notícias que chegavam de lá não eram muito animadoras: noticias de monstros que habitavam o oceano, calmarias e tempestades eram freqüentes; nas novas terras, matas gigantescas, antropófagas e não havia sinal de riqueza mineral.
É importante saber que os capitães donatários além de direitos sobre suas terras, também tinham deveres a cumprir para com Rei de Portugal. Portanto, além de arcar sozinhos com os gastos da colonização, os capitães tinham ainda que dividir os lucros com o Estado.
O sistema foi estruturado através de dois documentos que foram entregues aos donatários. Esses documentos eram:
• -a Carta de Doação;
• - o Foral. 
Fonte: Disponível em: 
http://br.geocities.com/vinicrashbr/historia/brasil/independênciadobrasil.htm.
Acesso em:30 abr. 2008
Pela Carta de Doação o rei estabelecia os direitos (recebimento de taxas, distribuição de terras, nomeação de autoridades administrativas e juizes) e os deveres (todas as despesas da colonização e ajuda a povoadores) do donatário, a localização de sua capitania e os objetivos do sistema. O rei doava ao donatário somente o direito de administrar a capitania, não de possuí-la efetivamente;
Pelo Foral, eram confirmados a doação e os privilégios feitos ao donatário, mas se estabeleciam também os direitos e impostos que os colonos deveriam pagar ao donatário e ao rei. 
Pelo estudo desses dois documentos podemos concluir que:
• A capitania era hereditária, inalienável e indivisível;
• O donatário não seria proprietário da capitania, deveria administrá-la, exercer nela a justiça e cobrar impostos, parte dos quais eram seus, e a outra parte do rei; 
• as terras da capitania deveriam ser divididas em sesmarias, doadas a colonos que para ali quisessem se transferir. O donatário poderia reservar para si uma dessas sesmarias, isenta de impostos, exceto do dizimo;
• os colonos estavam sujeitos a lei e a justiça do donatário, que para isso poderia nomear funcionários;
• o rei reservava para si o direito de cunhar moedas, as rendas obtidas nas alfândegas, o monopólio do pau-brasil, pertencia a ele o quinto dos metais encontrados nas capitanias e o dizimo, cobrado em nome da Ordem de Cristo.
As capitanias Hereditárias, enquanto sistema de colonização, foram um fracasso considerável, somente duas, a de Pernambuco e São Vicente conseguiram obter êxito montando um esquema produtivo baseado em fortuna própria e ajuda financeira de grupos mercantis estrangeiros. A razão do fracasso da maioria das Capitanias deveu-se a:
- falta de interesse ou de capacidade administrativa de alguns donatários; 
- falta de capitais de outros; 
- problemas de defesa da capitania contra indígenas ou estrangeiros (não havia força militar profissional no Brasil); 
- a Metrópole e as próprias capitanias entre si não tinham condições de prestar auxilio umas as outras devido as distancias;
- algumas capitanias tinham melhores condições naturais que outras.
De qualquer maneira o sistema serviu para fixar o colono ao Brasil, dar inicio a produção açucareira e assegurar a posse da terra.
• Governo Geral (1548)
“... se Vossa Alteza não socorre a essas capitanias e costas do Brasil, ainda que nos percamos a vida e fazendas, Vossa Alteza perdera o Brasil.”
(Carta do Capitão Donatário Luis Góes a El-Rei de Portugal, 1548).
Alem das dificuldades de administrar as Capitanias devido principalmente a distância entre a Colônia e a Metrópole, a Coroa percebeu ainda excesso de autonomia em alguns donatários e decidiu partir para um sistema mais centralizado, aos moldes do absolutismo mercantilista.
A centralização administrativa veio com o sistema de Governo Geral que passou a vigorar no Brasil em 1548, através do Regimento de Tome de Souza, decretado pelo rei D. João III. Este documento não extinguiu as capitanias hereditárias, mas transformava muitas delas em propriedades efetivas do rei (capitanias reais). A Bahia é um exemplo e lá surgiu a primeira capital, Salvador. 
Para agilizar a administração alguns cargos foram criados como os de: 
- Provedor-Mor da Fazenda: responsável pelas finanças: proteger os interesses do rei, em relação a cobrança de impostos e monopólios: prover cargos; 
- Capitão Mor da Costa: encarregado da defesa; 
- Ouvidor-Mor: responsável pela justiça: organizar judiciariamente a colônia, já que em algumas capitais a falta de autoridade dos donatários fizera com que imperasse grande desordem. 
Essas atribuições, não eram tão respeitadas na pratica, mesmo porque a colonização portuguesa no Brasil cometeu o erro de trazer para a colônia o modelo idêntico ao que era utilizado em Portugal, menos no tocante a cobrança de impostos e, levando-se em conta a diferença de extensão dos dois territórios era remota a possibilidade desta copia dar muito certo.
• As Câmaras Municipais
O surgimento das primeiras vilas coloniais gerou na Metrópole a necessidade de criação de um órgão de administração local, visando um maior controle das terras descobertas. A Coroa fez opção por um sistema já experimentado em Portugal e desde os tempos das Capitanias Hereditárias funcionam no Brasil as Câmaras Municipais. A princípio, instaladas para controle da colonização, as Câmaras acabaram descentralizando a administração. Isso porque suas funções concentravam poder nas mãos de particulares, membros de uma pequena elite local latifundiária, os chamados “homens bons”. Estes homens podiam tributar, fiscalizar, legislar e ate mesmo julgar pequenos crimes. Eram poucos cargos, geralmente vereadores e juizes ordinários. Estes últimos, com a nova centralização do século XVII, passaram a ser nomeados pelo Conselho Ultramarino, vindos da própria corte e sendo chamados por isso, de Juizes-de-Fora. 
3.11 Justiça no Brasil colônia
As funções da justiça se confundem com a administração do Estado, os juízes não precisam ter formação em Direito e os suspeitos de práticas criminosas são processados sem serem ouvidos e sem contarem com o auxílio de advogado.Estranhos para nós, esses procedimentos estavam presentes e faziam parte da organização da Justiça no Século XVIII, no Brasil Colônia e, em especial, em Minas Gerais.
Em sua tese de mestrado, Carmem Silvia Lemos (2005), “A Justiça local: os juízes ordinários e as devassas da comarca de Vila Rica (1750-1808)‘’ pesquisou processos, inventários, testamentos, entre outros documentos. No século XVIII, o Brasil, ainda colônia de Portugal, vivia sob o regime monarquista, onde não havia a divisão dos três poderes, característica dos regimes democráticos atuais. Nesse contexto, a Justiça funcionava como um instrumento decisivo no processo de consolidação do Império Português e se confundia com as funções administrativas do Estado monárquico, como a fiscalização da administração pública, afirma Carmem Lemos. A Justiça no reino de Portugal era aplicada segundo as determinações de alguns códigos legislativos, em especial as Ordenações Filipinas de 1603.
Durante o período colonial, o órgão superior da Justiça, o Desembargo do Paço, ficava sediado em Portugal e os Tribunais da Relação, que lhe sucediam, ficavam espalhados pela metrópole e em seus domínios coloniais. No Brasil, até 1751, havia somente um Tribunal de Relação, situado na Bahia, quando, com o declínio da produção açucareira e com o interesse voltado para a exploração de ouro, foi criado o Tribunal da Relação do Rio de Janeiro, ao qual a comarca de Vila Rica, atual Ouro Preto, ficou vinculada.
Nas sedes das comarcas e nas vilas com grandes números de habitantes, havia a presença de ouvidores e dos juízes de fora,que eram os magistrados de carreira de mais baixa instância. Em Vila Rica, não havia a presença do juiz de fora e a principal autoridade judiciária da comarca era o ouvidor.
- Juízes ordinários
Ainda na execução das funções da Justiça e previsto pela legislação portuguesa, havia a figura dos juízes ordinários. Eles exerciam funções semelhantes às do juiz de fora, ou seja, eram responsáveis pelas decisões de 1ª. Instância, mas não faziam parte da carreira da magistratura e não era exigida uma formação em Direito. Em Vila Rica, os juízes ordinários eram eleitos entre os “homens bons do lugar”, a elite local, e exerciam o cargo de presidente do Senado da Câmara (estrutura legislativa municipal), acumulando funções administrativas e Judiciais. Conforme Lemos, “ao mesmo tempo em que eram responsáveis por processos cíveis e criminais da população local, tinham que legislar sobre assuntos municipais e administrar o Senado da Câmara”, destaca a pesquisadora.
Mas, apesar dessa sobreposição de funções, os juízes ordinários costumavam exercê-las em locais diferentes. De acordo com Carmem Lemos, as questões administrativas eram todas resolvidas no Senado da Câmara, já os procedimentos judiciais, como a inquirição de testemunhas, eram realizados nas residências particulares dos juízes ordinários, denominados na época de “casas de morada”.
Segundo Carmem Lemos, em alguns estudos, o juiz ordinário, por não ter formação em Direito, aparece como um obstáculo ao cumprimento da legislação em sua área de atuação, mas aparece entre os letrados e a elite local. No entanto, constatou-se que o cargo de juiz ordinário tinham a ajuda de assessores jurídicos no momento de redigir as sentenças. Os mesmos juízes estavam sujeitos à fiscalização pelos ouvidores exercida de forma a controlar a comarca.
Um dado interessante e se assemelha com a situação atual do Poder Judiciário é a preocupação com os prazos processuais. Já no século XVIII, a legislação portuguêssa procurava estabelecer limites temporais para a atuação dos juízes ordinários que atuavam frente às devassas: procedimento juridíco que era previsto na legislação portuguesa e utilizado pelos juízes para a inquirição sumária de testemunhas na apuração de delitos que atapalhavam a tranqulidade pública. No Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, há devassas que tratam de agressões, homícidios, furtos, fugas de presos, incêndios, feitiçaria, extravio de diamantes, ente outros. 
4 BRASIL REINO
No século XIX Napoleão tomava tantos territórios quanto o desejavam a burguesia francesa com o objetivo de obter e manter mercados através do domínio político e territorial. A Inglaterra utilizou sua superioridade marítima e impôs o “Bloqueio Marítimo da França” atingindo todos os aliados de Napoleão. Os burgueses franceses responderam a este bloqueio naval com o “Bloqueio Continental”, estabelecido pelo Decreto de Berlim em 1806 e de Milão em 1807, que impunha um bloqueio comercial a Inglaterra com objetivo de impedir a concorrência dos produtos ingleses e o enfraquecimento da economia inglesa.
Portugal, que desde o final da União Ibérica caíra na órbita econômica da Inglaterra, teve dificuldades em tomar uma posição de imediato, bem como a Espanha: “Se aderissem ao Bloqueio a Inglaterra ocuparia suas colônias, se não aderissem a França ocuparia as metrópoles. 
Napoleão pressionou D. João (príncipe regente português) através de uma serie de “ultimatuns” onde exigia que Portugal declarasse guerra a Inglaterra e confiscasse os bens dos ingleses residentes no pais. O governo inglês, por outro lado, ameaçava apreender a frota portuguesa para que não caísse em poder de Napoleão. Diante desse impasse, D. João decidiu aceitar a proteção inglesa e vir para o Brasil. 
4.1 A corte portuguesa no Brasil e a subordinação a Inglaterra
A partir da vinda da corte portuguesa, criou-se no Brasil um aparelho de governo e administração, uma orientação econômica e social e houve a transformação do Rio de Janeiro no centro de autoridade política do Brasil. Surgiu dessa forma uma “política brasileira”, o que, para o Brasil, nação que se formava, era fundamental. Garantiu-se também o ingresso da colônia de forma direta, na esfera de domínio da Inglaterra, já que esse pais, aproveitando-se da difícil situação política da monarquia portuguesa, obteve o acesso direto do mercado brasileiro através de vantajosos acordos comerciais.
Medidas significativas foram tomadas no período joanino na economia, na politica interna e administração e na politica externa:
- decretação, em 28 de janeiro de 1808, da Abertura dos Portos, que pos fim ao monopólio comercial português no Brasil, fixando-se em 24% “ad valorem” os direitos alfandegários sobre as importaçoes, atendendo a três interesse básicos: ao do governo português, necessitado de recursos para a manutenção da Corte, e por isso, interessado no incremento do comércio externo que permitiria cobrança de tarifas, ao da Inglaterra, que ha muito, investia contra o monopólio comercial e ao da camada senhoril brasileira, que desejava ver-se livre das restrições econômicas metropolitanas. 
- assinatura, em 1810, de três tratados: um de Amizade e Aliança, outro de Comércio e Navegação e um último que vem regulamentar as relações postais entre os dois reinos. O segundo, que maiores efeitos teve sobre a economia brasileira, determinava que os produtos britânicos passariam a pagar 15% de impostos nas alfandegas brasileiras, enquanto que os portugueses pagariam 16% e os dos demais países continuariam com a taxa de 24%.
Apesar de constar nos tratados uma falsa reciprocidade, na prática, as condições foram extremamente desiguais entre os dois países. A longo prazo, esse tratado teve efeitos danosos para a economia brasileira, pois, alem de provocar déficits orçamentários cronics enquanto durou(ate 1843), dada a baixa arrecadação tarifaria, inviabilizou qualquer tentativa de industrialização no país.
-fundação do Banco do Brasil, em 12/10/1808, para emitir moeda, gerir fundos para manutenção da Corte, facilitar o pagamento dos soldos e promover transações mercantis;
- revogação, em 01/04/1808, do Alvará proibitivo das indústrias. Do ponto de vista da economia brasileira, esta simple decisão jurídica nao foi suficiente para promover um surto manufatureiro, por dupla razão: o trabalho escravo e a concorrência inglesa.Apesar de tudo, um pequeno desenvolvimento atingiu os setores têxtil e metalúrgico.
- a efetivação da chamada “Inversão Brasileira” o órgão responsável pelo Brasil passou a ser Ministério do Reino, enquanto, que Portugal e as colonias da Africa ficavam a cargo do Ministerio da Marinha e Ultramar. Para ca foram transplantados todos os órgãos dos Estado português: Ministérios, Real Erario, conselho de Estado, Conselho Supremo Militar etc. E um transplante o que se verifica, sem que se respeite a nova sociedade. Com a instalação da Corte no Rio de Janeiro, abriu-se aos senhores rurais a oportunidade de intervir diretamente no centro das decisões politicas. Opunham-se aos seus interesses, entretanto, a camada mercantil, na qual predominavam os portugueses, camada essa apoiada na nobreza burocrática, que acompanhara o rei na fuga e que se contituia no verdadeiro nucleo do poder.
- elevação do Brasil a categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves por ocasião do Congresso de Viena (1815). Para que a disnatia de Bragança fosse considerada “legítima”, e, portanto, merecedora de respeito e reconhecimento pelas demais potências absolutistas, era necessário que habitasse o reino, ou seja, que voltasse a Portugal. O impasse foi resolvido com a elevação do Brasil a Reino. Alem disso, a nova situação do Brasil consolidava a posição dos portugueses no continente, como monarquia absolutista, importante num momento em que a América toda partia para governos republicanos, o que não era interesse da política reacionária do Congresso de Viena. 
Resta lembrar ainda que o Período Joanino foi uma época de razoável progresso cultural, tendo sido criados as escolas médicas da Bahia e do Rio de Janeiro, a Academia de Belas Artes, a Biblioteca Real, a Imprensa Regia, o Teatro Real de São João, a Academia Militar. Também, neste período, veio ao Brasil, em 1816, a Missão Artística Francesa, que teria grande influência sobre as artes plásticas brasileiras. Foram fundados os primeiros jornais (oficiais). Em 1816, com a morte de Maria I, o Príncipe Regente foi coroado como D. João VI.
- A politica externa joanina caracterizou-se como expansionista: em 1809, uma expedição militar portuguesa conquistou a Guiana Francesa sob a justificativa de exercer represalia contra a França, devido a invasão de Portugal (em 1815, o Congresso de Viena determinou a devolução do território). 
- anexação da Banda oriental do Uruguai, parte do antigo Vice Reino do Prata, pertencente a Espanha. Inicialmente, sob o pretexto de defender os interesses de sua esposa Dª. Carlota Joaquina, da casa real espanhola, D. Joao interveio na região, em 1811. A Inglaterra, porém nao via com bons olhos a expansão portuguesa no Prata e obrigou D. João a retirar suas forças da região em 1813. Em 1816, ocorreu nova invasão, sendo o Uruguai, em 1821, anexado ao Brasil com o nome de Província Cisplatina (até 1828). 
4.2 O processo de independência do brasil
O processo de independência começa com o agravamento da crise do sistema colonial e se estende até a adoção da primeira Constituição brasileira, em 1824. As revoltas do final do século XVIII e começo do XIX, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Revolta Pernambucana de 1817, mostram o enfraquecimento do sistema colonial. A independência dos EUA e a Revolução Francesa reforçam os argumentos dos defensores das idéias liberais e republicanas. Cresce a condenação internacional ao absolutismo monárquico e ao colonialismo. Aumentam as pressões externas e internas contra o monopólio comercial português e o excesso de impostos numa época de livre comércio. A instalação em 1808 da Corte portuguesa no Brasil contribui para a separação definitiva das duas nações. A abertura dos portos e a criação do Reino Unido do Brasil praticamente cortam os vínculos coloniais e preparam a independência. Com a Revolução do Porto, em 1820, a burguesia portuguesa tenta fazer o Brasil retornar à situação de colônia. 
A partir de 1821, as Cortes Constituintes – o Parlamento lusitano – obrigam Dom João VI a jurar lealdade à Constituição por elas elaborada e a retornar imediatamente a Portugal. No Brasil fica Dom Pedro, como regente. 
Pressionado pelas Cortes Constituintes, Dom João VI chama dom Pedro a Lisboa, mas o príncipe regente resiste às pressões, que considera uma tentativa de esvaziar o poder da monarquia. Forma-se em torno dele um grupo de políticos brasileiros que defende a manutenção do status do Brasil no Reino Unido. Em 29 de dezembro de 1821, Dom Pedro recebe um abaixo-assinado pedindo que não deixe o Brasil. Sua decisão de ficar é anunciada no dia 9 de janeiro do ano seguinte. O episódio passa à história como o Dia do Fico. 
Principal ministro e conselheiro de Dom Pedro, José Bonifácio luta num primeiro momento pela manutenção dos vínculos com a antiga metrópole, resguardando o mínimo de autonomia brasileira. Convencido de que o rompimento é necessário, passa a ser o principal ideólogo da independência política do Brasil, sendo conhecido desde então como Patriarca da Independência. Fora da corte, outros líderes liberais atuam nos jornais e nas lojas maçônicas, fazendo pesadas críticas ao colonialismo português e defendendo a total separação da metrópole. 
Em 3 de junho de 1822, Dom Pedro recusa fidelidade à Constituição portuguesa e convoca a primeira Assembléia Constituinte brasileira. Em 1º de agosto baixa um decreto declarando inimigas as tropas portuguesas que desembarcarem no país. Cinco dias depois assina o Manifesto às Nações Amigas, redigido por José Bonifácio. Nele, Dom Pedro justifica o rompimento com as Cortes Constituintes de Lisboa e assegura "a independência do Brasil, mas como reino irmão de Portugal". 
Em protesto, os portugueses anulam a convocação da Assembléia Constituinte brasileira, ameaçam com o envio de tropas e exigem o retorno imediato do príncipe regente. No dia 7 de setembro de 1822, numa viagem a São Paulo, Dom Pedro recebe as exigências das cortes. Irritado, reage proclamando a independência do Brasil. Em 12 de outubro de 1822 é aclamado imperador pelos padres do reino e coroado pelo bispo do Rio de Janeiro em 1º de dezembro, recebendo o título de Dom Pedro I. No início de 1823 realizam-se eleições para a Assembléia Constituinte da primeira Carta do império brasileiro. A Assembléia é fechada em novembro por divergências com Dom Pedro I. Elaborada pelo Conselho de Estado, a Constituição é outorgada pelo imperador em 25 de março de 1824. Com a Constituição em vigor e vencidas as últimas resistências portuguesas nas províncias, o processo de separação entre colônia e metrópole está concluído. A independência, entretanto, só é reconhecida por Portugal em 1825, quando Dom João VI assina o Tratado de Paz e Aliança entre Portugal e Brasil. 
4.3 Textos e documentos
“O GRITO DO IPIRANGA”
Pedro Américo
“ O Grito do Ipiranga” é, sem duvida, uma das principais obras do pintor brasileiro Pedro Américo (1843-1905). Encomendada pelo governo de São Paulo, em fins do século XIX, encontrava-se, hoje, no Museu do Ipiranga. Nesse painel percebe-se, através da meticulosidade dos detalhes e da grandiosidade da composição, uma preocupação em fazer da “Independência” um tema épico, entendido como o momento maior da própria história do Brasil. Pedro Américo destacou-se no cenário artístico do século passado como um artista vinculado, tanto por seu temperamento como por seu próprio estilo, ao romantismo. Em parte, sua obra inspira-se nos “grandes temas históricos”, “dignos de serem retratados”, como por exemplo, “Batalha do Avaí” e “Passagem do Chaco”, acerca da guerra do Paraguai.
Em seu “O Grito do Ipiranga” as ações estão centradas em torno d figura de D.Pedro, quase mitológica, “verdadeiro artífice” da independência, apresentado com cores vibrantes, repletas de romantismo. No entanto, no canto inferior esquerdo, um boiadeiro (seria o povo?) apenas, de fora para dentro para dentro, a cena central. Carregado de simbolismo, o quadro permite varias interpretações

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