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aula 4

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Escolas penais e propostas de sistemas punitivos "racionais"
As Escolas penais
Durante o período contemporâneo desenvolveu-se uma recapitulação e um estudo sobre a pena e porque punir. 
A partir do olhar da Escola clássica que foi feito o estudo sobre o desenvolvido em períodos anteriores ao moderno.
Esse olhar é basicamente centrado em discursos evolutivos da história a pena que são orientados em volta a sistemas punitivos: ilimitados (vingança privada), limitados (vingança pública), restritos (humanização) e racionais (científicos). 
Escola Clássica/Liberal
Batizada pela Escola positivista, a Escola Clássica buscava no jusnaturalismo bases para criticar o sistema absolutista que havia sido instituído durante a Idade Média (renacentismo/iluminismo). Caracterizava-se, portanto, por possuir um pensamento liberal e humanitário. Por isso o batismo de “Escola Clássica”, tratava-se de uma analogia a um pensamento que já havia acabado. 
Contratualismo: a função do Estado de garantir o cumprimento do contrato social com a mínima interferência possível.
Finalidade da pena: defendia a punição retributiva sobre o sujeito de direitos de acordo com o delito cometido, dentro de sua liberdade de escolha (na qual optou por contrariar o contrato social). 
Método racionalista dedutivo de ordem jusracionalista (regras como naturais acima do direito posto).
Beccaria 
Beccaria (1738-1794): foi um aristocrata que defendia o iluminismo penal. Em que pese não ter formulado um rol de princípios que deveriam reformar o sistema punitivo de forma “lógico-racional”, Beccaria foi responsável por fazer uma compilação de diversas propostas, acrescentando a proibição da pena de morte. A sua obra se propagou como uma referência especialmente porque foi utilizada para defesas de condenações à guilhotina pela igreja católica que perseguia revolucionários. 
Escola Clássica
Pellegrino Rossi (1787-1849): a pena deveria ser compreendida como a retribuição do “mal”. Em que pese reconhecer a carga “negativa” da pena, ela seria necessária para o restabelecimento da paz social. O pensamento de Rossi era embasado na noção de justiça moral, o que afastava noções de utilitarismo.
Giandomenico Romagnosi (1761-1835): a partir do olhar utilitarista e jusnaturalista, defendia a função social da pena como a defesa da sociedade. A intimidação pela punição seria uma forma de prevenir novos crimes. De certa forma, estabelece uma releitura da “defesa social” da obra do “Martelos das Bruxas”.
Escola Clássica
Paul John Anselm von Feuerbach (1804-1872): responsável pela conceituação do princípio da legalidade pela expressão “nullum crimen, nulla poena sine lege”. Defendia a finalidade da pena de prevenção especial ao estabelecer uma coação psicológica sobre o criminoso (medo da pena).
Francesco Carrara (1805-1888): a finalidade da pena é retribuição do mal causado à sociedade. O castigo é lido, todavia, pelo prisma jurídico de violação contratual do direito de terceiro. 
Escola Positiva
A partir desta Escola que a criminologia foi definida como ciência independente do direito penal. A Escola positiva é responsável pelo desenvolvimento de concepções baseadas no naturalismo e no evolucionismo. Os seus estudos são direcionados para os ramos da biologia e da sociologia e possui três fases a serem consideradas, marcadas por três autores-marcos: 
Cesar Lombroso
Para Lombroso o homem não seria dotado de livre-arbítrio; o indivíduo seria determinado por questões anatômicas, fisiológicas e psicológicas.
Lombroso possuía formação em medicina, psiquiatria e antropologia e formou o jornal “Archivio I Psichiatria, antropologia criminale e scienza penale” (1880), juntamente com Ferri e Garofalo. 
Contexto: expansionismo europeu e leitura da obra de Darwin para as recém-ciências sociais. 
Principal Obra: O Homem delinquente (1876) 
Enrico Ferri
Em uma abordagem sociológica, Ferri defendia o determinismo da infração devido ao processo físico-psicológico que seria ativado de acordo com o ambiente físico e social do indivíduo. Desenvolveu uma tese de classificação dos criminosos e de seus motivos para os crimes. Também formulou a chamada “Lei da Saturação” (lugar social e indivíduos condicionados ao crime). Propôs a prevenção geral anterior ao crime: aplicação dos substitutivos penais porque a repressão não soluciona as causas dos crimes. Ademais, desenvolveu as medidas de segurança para os criminosos “loucos e passionais”.
Principal obra: A Teoria da Imputabilidade e a Negação do Livre-arbítrio (La Teorica dell'Imputabilità e la Negazione del Libero Arbitrio) publicada em 1878. 
Formação: foi aluno de Carrara e de Lombroso (1879)
Atuação: foi acadêmico e deputado, pelo partido socialista, mas apoio ao regime de Mussolini (honorário senador em 1929). Reformou o código penal italiano de 1890 em 1919. 
Rafael Garofalo
Garofalo sistematizou o pensamento da Escola positiva e estabeleceu o conceito de periculosidade do agente de acordo com o seu grau de responsabilidade. A característica mais marcante de Garofolo era o seu extremismo tanto como teórico da Escola positiva, como político (Senador). Defendeu:
A pena de morte aos detentores de anomalias congênitas determinantes ao crime
Eliminação parcial ou prisões longas para integrantes de sociedades primitivas 
Medidas de reparação aos que cometeram o crime em situação de pressão circunstancial e não tendem ao crime. 
Contexto: unificação da Itália. 
Obras: datam de 1880 a 1911
Escola Técnico-jurídica
1905: Possui como expoente Arturo Rocco, que buscava definir o direito penal como positivo de forma retirar da análise toda esfera inerente aos da antropologia, da sociologia e da filosofia. A exegese da lei deveria ser, portanto, o único critério de análise para definição do crime. 
Em que pese o ideal inicial de prevenção geral pela intimidação da Lei, em segundo momento assumiu o caráter repressivo retributivo da pena, especialmente a partir de Maggiore, Bettiol e Battaglini. 
Atenção! Não confundir com Alfredo Rocco (1875-1935) - defensor do facismo. 
Escola da Defesa Social
Proposta: reação anti-liberal que reforçava a Escola positiva. O direito penal como instrumento de combate à criminalidade.
1851-1919: Von Liszt foi um dos fundadores da União Internacional de Direito Penal para estabelecer o enfrentamento da criminalidade enquanto um fato social, o que trazia a abordagem da periculosidade do agente acima da concepção de responsabilidade moral. Defendia: 
as medidas de segurança por período indeterminado e penas dosadas pela personalidade do agente.
Período entre-guerras: profilaxia criminal para assistência educativa e organização da prevenção ao crime por meio do estudo da personalidade do delinqüente, mas ainda sobre o parâmetro do respeito à pessoa humana. 
O discurso da defesa social: o Estado em regra não deveria punir, posto que o objetivo era aprimorar os indivíduos. Como a causa do delito está na estrutura social, é preciso o tratamento das causas da “doença social do crime” A causa do delito estaria na organização social. Para ele, os cárceres são inúteis, devendo ser abolidos, e a pena deveria ser dosada com base na personalidade, e não no dano.

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