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A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM
EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
 A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
 Carla Gomes dos Santos Silva
Colatina/2015
CARLA GOMES DOS SANTOS SILVA
A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, da Universidade Candido Mendes, sob orientação da Prof.ª Anderléia Maria Donateli.
Colatina/2015
CARLA GOMES DOS SANTOS SILVA
A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, da Universidade Candido Mendes, sob orientação da Prof.ª Anderléia Maria Donateli.
Colatina/2015
 Carla Gomes dos Santos Silva
A IMPORTÂNCIA DOS CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Candido Mendes – UCAM, para obtenção do título de Especialista em Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
ORIENTADOR(A):
 ______________________________________________________
Anderléia Maria Donateli
Tutora do Curso de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental
_________
Nota
Colatina, 27 de agosto de 2015.
A Deus por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.
A esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior .
Ao minha orientadora Prof.ª Anderléia Maria Donateli, pelo suporte no tempo que lhe coube, pelas suas correções e incentivos.
Ao meu esposo, meus filhos e minha mãe pelo amor, incentivo e apoio incondicional.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado. 
ANEXO 4
RESUMO
O presente trabalho pretende fazer um estudo a respeito da importância dos contos de fadas na alfabetização, aguçando o imaginário das crianças, além de despertar o gosto pela apreciação da leitura desse tipo de texto. Levar se o leitor a fazer uma viagem maravilhosa pelos caminhos do imaginário, considerando e mostrando toda a importância que tal recurso proporciona satisfatoriamente na formação pré escolar e na fase de aquisição da leitura e escrita. Baseado na pesquisa bibliográfica, o trabalho mostrará as origens dos contos de fadas, e sua repercussão na literatura infantil, os contos na sala de aula, como se preparar para uma boa contação de histórias. Em suma, mostrara que além de encantar as crianças, os contos de fadas são historicamente utilizados e de grande relevância na alfabetização.
Palavras–Chave:
Origem - Contos de fadas –Contação de História.
SUMÁRIO
	 1.0 INTRODUÇÃ0 .............................................................................................
	08
	2.0 CONTOS DE FADAS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTA l ..
	09
	2.1 HISTÓRICOS DOS CONTOS..................................................................
	09
	2.2 OS CONTOS NA ALFABETIZAÇÃO .......................................................
	13
	2.3 OS CONTOS DE FADAS NA SALA DE AULA .......................................
	16
	3.0 A ARTE DE LER E CONTAR HISTÓRIAS................................................
	18
4.0 CONCLUSÃO................................................................................................. 26
5.0 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 27
1.0 INTRODUÇÃO
O presente trabalho pretende fazer um estudo bibliográfico a respeito da importância dos contos de fadas na alfabetização, aguçando o imaginário das crianças, além de despertar o gosto pela apreciação da leitura desse tipo de texto. Levar o leitor a fazer uma viagem maravilhosa pelos caminhos do imaginário, considerando e mostrando toda a importância que tal recurso proporciona satisfatoriamente na formação pré escolar e na fase de aquisição da leitura e escrita.
Desde a antiguidade, os contos são narrativas populares que perpassaram inicialmente pela tradição oral. São narrativas simples, porém de grande complexidade, pois abordam assuntos de conflitos cotidianos até filosóficos e psicológicos, geralmente abordados através da formação moral e dos polos opostos como, por exemplo, a bondade e a maldade, a beleza e a feiura entre outros.
O trabalho visa discutir a importância dos contos de fadas nos anos iniciais do ensino fundamental e na fase de alfabetização do individuo. Para tanto, serão apresentadas sua origem, sua importância literária, a influência deste gênero como formação da identidade e personalidade da criança e sua percepção como eixo desencadeador para um trabalho sistemático. Também abordaremos um pouco sobre o processo de leitura dos contos de fadas na sala de aula, suas dificuldades e conquistas e diferenças de leitura e contação de histórias.
2.0 CONTOS DE FADAS NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
2.1 BREVE HISTÓRICOS DOS CONTOS
Desde os primórdios, a literatura infantil surge como uma forma literária menor, apenas expressando um ato de linguagem ou representação simbólica de alguns fatos, os quais, nem sempre eram reais. Como se sabe, a literatura infantil contém em seu abrangente conteúdo vários tipos de textos representativos como é o caso das fábulas, o apólogo, a lenda, o conto maravilhoso, os contos de fadas e etc. Então, vista a necessidade de escolher diante de tanta oferta em literatura a mais criativa e eficaz na alfabetização, a indicada vem a ser os contos de fadas, os quais, tratam de problemas humanos universais como, por exemplo, a solidão e a necessidade de enfrentar a vida por si só, mas de uma maneira simbólica.
Em sua origem, os contos de fadas nada mais eram do que relatos de fatos da vida dos camponeses, recheados de conflitos, aventuras e pornografias sendo assim, pouco indicado a ser contado para as crianças. Esses relatos apenas serviam como entretenimento; anos mais tarde com a descoberta das fadas, que eram idealização de uma mulher perfeita, linda e poderosa, a qual era dotada com poderes sobrenaturais, vê-se a necessidade de utilizar tais histórias alienadas também à educação, já que as crianças gostavam muito desses contos e a fantasia inserida neles, estava ajudando a formar a personalidade dessas pequenas pessoas.
O reconhecimento da edição dos contos de fadas, como conhecemos hoje, surge na França no fim do século XVII sob iniciativa de Charles Perrault (1628 – 1703). Ao contrário do que se possa ser pensado, Perrault não criou as narrativas de seus contos, mas as editou para que estas se adequassem à audiência da corte do rei Luiz XIV (J 638 – I 71 5). Foram às narrativas folclóricas contadas pelos camponeses, governantas e serventes que forneceram a matéria prima para estes contos. Apesar do distanciamento da camada popular e do desprezo pela sua cultura, a classe nobre só conhecia tais narrativas devido ao inevitável contato por meio do comércio ou pelas presenças das governantas e outros serviçais em suas residências. Após coletar tais narrativas, Charles Perrault eliminou o quanto pôde as passagens obscenas ou repugnantes que continham incesto, canibalismo e sexo grupal para manter o seu apelo literário junto aos salões letrados parisienses.
Os contos começam a serem reunidos em coletâneas, tendo como representantes: “Noites Prazerosas” de Straparola no século XVI e “O Conto dos Contos” de Basile no século XVII. Basile reconta histórias da tradição popular napolitana, dos quais, mais tarde, seriam eternizados por Perrault ao reescrevê-los, por exemplo: “Cogluso” é a base de “o Gato de Botas”; de “Sole,Luna e Talia” surgiu “A Bela Adormecida”; “Zezolla” deu origem “A Gata Borralheira”.
Em 1690, temos os “Romances Preciosos” em que mulheres da nobreza reuniam em seus salões pessoas da alta corte para verem encenações de Contos, tendo como representante a Preciosa Madame D’Aulunoy. Assim, essas histórias passam da cultura popular à nobreza. Em 1691, Charles Perrault começa a escrever as narrativas folclóricas em busca da defesa da literatura francesa e da causa feminista, que tinha sua sobrinha Mlle Héritier como líder. Apenas em 1696, com a adaptação de “Pele de Asno” é que começa a escrever para crianças orientando sua formação moral. Em 1697, Perrault publicou Contes de ma Mère l’Oye (Contos de Minha Mãe Ganso) com seu material recolhido diretamente da tradição popular oral segundo DARTON (1986 p.24), e sua principal fonte, provavelmente, foi a babá de seu filho, mas realizou adaptações, pois escrevia para a corte francesa. Ao dirigir o livro ao filho de Luís XIV, o rei Sol, Perrault acrescentara aos contos uma moral em versos rimados ao término de cada história, era a primeira vez que um escritor se apropriava da tradição oral para criar um livro especificamente destinado à criança. (Souza, 1996 p.27). Apesar destas adaptações, eliminando algumas partes e lhe acrescentando uma “lição”, ele conservou a crueldade dos contos, não lhe desviou da linha original da história (Darton, 1986 p.89). Assim, tem-se a primeira configuração dos Contos de Fadas para crianças tal como conhecemos hoje. Mais tarde, no século XIX, em meio a um romantismo alemão, os irmãos Grimm, Jacob e Wilhelm, buscando descobrir a evolução das diversas línguas e dialetos de seu país passam a investigar as histórias populares. Segundo DARTON (1986 p.24) os irmãos Grimm, além de recolherem os contos de camponeses, escutaram de sua vizinha Jeannette Hassenpflug boa parte dos contos, que ela ouvira de sua mãe. Esta era de uma família francesa Huguenote que fugira da perseguição religiosa de Luis XIV no século anterior levando consigo para a Alemanha um repertório de contos dos livros de Perrault, Marie Cathérine d’Aulnoy e outros. Percebendo a natureza literária afrancesada destes contos, os retiraram da segunda edição dos Contos para a criança e para o lar – com exceção de Chapeuzinho Vermelho, porque sua vizinha lhe enxertara um Final Feliz, passando assim a fazer parte da tradição literária alemã.
Somente com os Grimm é que os Contos de Fadas se popularizaram, isto graças aos mascates - vendedores ambulantes - que viajam de uma região para outra levando pequenos livros com estas histórias a um preço acessível ao povo. Podemos notar mais uma vez, seja com a babá que Perrault investigou, seja com Jeannette Hassenpflug ou por Marie Cathérine d’Aulnoy a importância da figura feminina como narradora. Através da contribuição destas, os contos populares puderam ser recolhidos por seus compiladores e conservados através dos livros. Já Hans Christian Andersen foi considerado o Pai da Literatura Infantil, ao adaptar os contos para a linguagem infantil, tomando emprestada a visão da criança e tendo uma maneira de contar própria. Escreveu diversos contos, parte retirada da cultura popular parte de sua própria criação. Em suas histórias Andersen buscava mostrar os confrontos entre poderosos e desprotegidos, fortes e fracos, buscando demonstrar que todos os homens deveriam ter direitos iguais. Por sua enorme contribuição com a literatura destinada para a infância, comemora-se o Dia Internacional do Livro Infanto Juvenil na data de seu nascimento, 02 de abril. Além disso, o mais importante prêmio internacional do gênero, considerado o Nobel da Literatura Infantil, leva seu nome: Prêmio Hans Christian Andersen.
Outros autores ainda escreveram voltados para o público infanto juvenil, como Carrol e Collodi. Lewis Carroll, autor de Alice no País das Maravilhas (1865) e Alice através do Espelho (1872), escreveu especificamente para uma criança: a Alice, com quem costumava passear de barco juntamente com suas irmãs. Apaixonado por jogos e lógica, sua obra é repleta de jogos matemáticos e lógicos ocultos em seu texto. Já Carlo Collodi ficou conhecido por ter sua obra Aventuras de Pinóquio. Escritor jornalista escreveu um jornal voltado para crianças, o primeiro italiano, e foi neste que começou a publicar os primeiros capítulos das Aventuras de Pinóquio (1881).
Os Contos foram ainda explorados em outras fontes do que o texto escrito. Adaptado para desenhos e filmes como dos estúdios da Walt Disney e Dream Works alcançou um vasto público que ficou conhecendo as histórias através destas versões e inúmeros objetos comercializados com temas de Contos de Fadas.
Já no Brasil, a adaptação do modelo europeu que chegava, abrangia todo tipo de literatura até então usada, sendo assim também apropriada para o projeto educativo e ideológico que via no texto infantil (principalmente os contos de fadas) e na escola aliados indispensáveis para formação de cidadãos. Essa formação, que utilizava tais textos aconselhava em suas páginas principalmente o patriotismo, o amor e respeito à família e aos mais velhos, a dedicação aos mestres e à escola, a piedade pelos pobres e fracos.
Neste clima de valorização da instrução e da escola, simultaneamente a uma produção literária variada, inicia-se um período de preocupação generalizada, devido à carência de material adequado à leitura para crianças brasileiras, já que, apenas era o começo da utilização dos contos, e histórias na escola, é o que documenta Silvio Romero, reclamando a precariedade das condições em sua alfabetização:
“Ainda alcancei o tempo em que nas aulas de primeiras letras aprendia-se a ler em velhos autos, velhas sentenças fornecidas pelos cartórios dos escrivães forenses. Histórias detestáveis e enfadonhas em suas impertinentes banalidades eram nos administradas nestes poeirentos cartapácios. Eram como clavas a nos esmagar o senso estético, a embrutecer o raciocínio e a estragar o caráter.”
ROMERO, Silvio. Rio de Janeiro, Lalmmert, 1885.
Nestas lamentações de ausências de material de leitura e de livros para infância brasileira, fica clara a concepção, bastante comum na época, da importância do hábito de ler para a formação do cidadão, formação que, a curto, médio e longo prazo, era o papel que se esperava do sistema escolar e da então utilização dos contos e histórias infantis.
A partir daí, dentro desse espírito de mudanças surgiram vários programas de nacionalização, os quais aderem à temática urbana, tendo crianças como personagens centrais que, através de variadas situações e aventuras iam desenvolvendo o sentimento de família, noções de obediência, prática das virtudes civis, sendo formadas crianças moldadas e pouco críticas, cuja presença nos livros parece cumprir a função de contagiar todos com iguais virtudes e sentimentos.
Teve grande destaque em regenerar esse conceito de molde para as crianças, Olavo Bilac ou Tales de Andrade na literatura infantil, fazendo a inversão de valores ideológicos, com isso assume um compromisso com a modernidade centralizando sua preocupação em valores menos tradicionais e mais liberais.
2.2 OS CONTOS DE FADAS NA ALFABETIZAÇÃO:
A dificuldade enfrentada pela escola em alfabetizar as crianças, torna necessária a doção de perspectivas diversas que possam estabelecer o diálogo entre as crianças e o universo da leitura e da escrita. Não se ensina ou não se aprende simplesmente a ler e a escrever, aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de interação, uma atividade, um trabalho simbólico.
 
Estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré- conscientes e inconscientes [...] começam onde a criança realmente se encontra no seu ser psicológico e emocional. Falam de suas pressões internas graves de um modo que ela inconscientemente compreende. (BETTELHEIM, 2007, p.72) 
A escrita foi a responsável pela difusão e aprimoramento literário dos contos tais como conhecemos atualmente.Para que as histórias populares adentrassem as cortes, os contadores faziam adaptações, acrescentavam detalhes descritivos e, assim, as narrativas passaram a ser melhor elaboradas, com maior refinamento da linguagem. Quando escrevemos, dispomos de maior tempo para refletir sobre a forma da mensagem que queremos transmitir. O produto final de uma produção escrita não contém, portanto, as hesitações, as sentenças incompletas que normalmente ocorrem quando as pessoas falam. Poderíamos dizer que a língua escrita é um produto linguístico mais depurado. (REGO, 1995, p.11). 
No plano da escrita, não existe o apoio contextual como cenário, por isso é necessário explicitá-lo, há a necessidade de precisão, seleção das palavras, a fim de que mensagem não fique obscura, pois o interlocutor não estará lá para dar mais esclarecimentos caso falte alguma informação. Rego (1995, p.10) salienta que as “palavras funcionam como matéria prima da criação artística” na literatura e que a língua escrita é uma fonte criativa em que “o uso da linguagem caracteriza se, portanto, por ser mais sistemático e por estar imbuído de senso estético que efetivamente temos quando conversamos”.
Dentro desta lógica de ouvir narrativas orais e organizá-las na linguagem escrita, que desenvolveu este gênero literário, percebemos um simulacro deste contexto em sala de aula. As crianças, desde a educação infantil, são introduzidas ao mundo das narrativas dos contos de fadas. A partir dos conceitos referenciados por tais histórias, vão criando modos de inferência no meio social e assimilando questões específicas da linguagem escrita. Quando ingressam no ensino fundamental, todos os parâmetros de sistematização da aprendizagem podem ser permeados através desta base literária.
Assim sendo, o presente trabalho visa discorrer acerca dessa funcionalidade dos contos de fada como forma de mostrar o quão positivo pode ser esta abordagem para o desenvolvimento integral da criança e como a escola pode utilizar este gênero literário para que possa construir meios de desenvolver o letramento nos anos iniciais do ensino fundamental. 
 
Os contos de fadas, dentro de suas raízes de conflitos e fantasias, permitem que a criança assimile e possa exteriorizar seus desejos, sejam eles bons ou maus.
Essas narrativas mostram o mundo, a vida em sociedade através da simbologia. Segundo Bettelheim (2007, p.67), “o conto de fadas procede de um modo conforme a criança pensa e experimenta o mundo”. 
Explicações de modo lógico, racional não são compreensíveis, para a criança, pois ainda lhe faltam conhecimento e maturidade. Os conceitos de sociedade, de ciência e de mundo ainda lhe são abstratos, mantêm se ainda através de pensamentos animistas, desta maneira, ela cria suas hipóteses fantasiosas para compreender seus sentimentos e o mundo que a cerca. Os contos lhe servem de auxílio, teoria que lhe subsidia suporte para resolver seus conflitos internos e garante criatividade e autonomia na resolução dos problemas cotidianos.
A atemporalidade (“Era uma vez”), a ausência de delimitação dos personagens, compensada por adjetivos (“Branca de Neve, O Patinho Feio”), a unidimensionalidade da personalidade (bruxa sempre má, princesa bonita e boa) e, principalmente, o desfecho satisfatório após a superação de vários obstáculos por parte do herói, fazem com que este gênero literário facilite projeções por parte da criança, dando lhe sensação de prazer e alívio. Para Bettelheim (2007 p.30), tais elementos subsidiam os elementos da narrativa, sendo possível para a criança transitar do mundo simbólico para a realidade. As narrativas seriam uma ponte e por esta razão são consideradas solucionadoras de conflitos.
Aguiar 2001 coloca que os contos infantis:
“É uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, das dificuldades, dos impasses, das soluções, que todos atravessamos e vivemos, de um jeito ou de outro, através de problemas que vão sendo defrontados, enfrentados (ou não), resolvidos (ou não) pelos personagens de cada história (cada um a seu modo…). E assim consegue esclarecer melhor os nossos problemas ou encontrar um caminho possível para a resolução deles…”.
De acordo com Piaget, as crianças adquirem valores morais não só por internalizá-los ou observá-los de fora, mas por construí los interiormente através da interação com o meio ambiente. Nesta fase, ouvir histórias (principalmente os contos), entre outras atividades, é possibilidade real de desenvolvimento e aprendizagem.
Os contos de fadas exercem um grande fascínio nas crianças, são caminhos de descoberta e compreensão do mundo. Segundo Bettelheim (2007 p.37) dentro do texto: “O conto de fadas procede de uma maneira consoante ao caminho pelo qual uma criança pensa e experimenta o mundo; por esta razão os contos de fadas são tão convincentes para elas”.
Bettelheim ainda assinala que as crianças, através da utilização dos contos, aprendem sobre problemas interiores dos seres humanos e sobre suas soluções e também é através deles que a herança cultural é comunicada às crianças, tendo uma grande contribuição para sua educação moral.
2.3 OS CONTOS DE FADAS NA SALA DE AULA :
 O processo de leitura deveria ser um direito e, não um dever, de todo cidadão, que deveria ter a sua disposição obras variadas com qualidade e quantidade para que desta forma pudesse ter um grande acervo à sua escolha. Entretanto, é comum ver o contrário no cenário escolar. Professores, muitas vezes, obrigam os alunos a lerem certos livros com o intuito de realizar provas e tarefas, muitos delas desinteressantes. Assim, os alunos podem ser sentir afastados do mundo da leitura ao invés de sentirem se descobrindo novos mundos escondidos nas histórias. A leitura espontânea, por prazer, por indicação de amigos não é prática muito comum no universo escolar. É claro que há exceções: professores que conseguem fazer do espaço escolar um lugar onde seus alunos possam adquirir o gosto pela literatura, e estes professores tem muito que nos ensinar.
Mas é um absurdo impingir um prato cheio pela goela abaixo de qualquer pessoa. Mesmo que se ache que o que enche aquele prato é a iguaria mais deliciosa do mundo. (Machado, 2002 p.15) Ao impingir um livro pela goela abaixo de um aluno o resultado mais provável será a repulsa por tal alimento. É preciso que este alimento seja oferecido de formas diferenciadas para atrair a atenção da criança para si. Desta forma, aos poucos, a criança vai ganhando o gosto pela leitura podendo ter uma prato maior e mais diversificado, ou seja, com novos gêneros literários. Os alunos devem ter a autonomia da escolha de qual obra ler e do tempo necessário de cada um - pois este tempo é individualizado não sendo pré-determinado em um padrão - para a apreciação da mesma. Não esquecendo se do papel do professor em incentivar a leitura, formando leitores capazes de pensar sobre o que se lê e não somente aceitar o que se diz como verdade absoluta. Ler histórias, e em especial os Contos de Fadas, pode permitir às crianças viajarem por outro mundo, vivendo momentos de alegria e de medo, desenvolvendo a fantasia e estimulando a antiga denominação para o atual terceiro ano do I Ciclo do Ensino Fundamental. Pensando Quanto a isto, Freud diz que as fantasias das crianças são seus pensamentos. (apud Bettelheim, 1979 p.150) Muitas vezes os Contos de Fadas não recebem seu devido valor como obra literária por parte de alguns críticos. De forma pejorativa muitas vezes, são consideradas apenas ‘histórias infantis’ e, por isso, vistas como pouco importante (Machado, 2002 p.68). Toda literatura deveria ser vista como arte, e para a arte não existe idade. Referindo-se aos Contos de Fada, MACHADO (2002 p.69) nos diz que o alto nível de sua qualidade artística e a sua força cultural são atestados pela sua universalidade e sua permanência. Todos podem usufruir do aspecto maravilhoso capaz de desvendar segredos, pelo uso metafórico das palavras, proporcionando ao leitor várias leituras de um determinado texto. O escritorC.S. LEWIS (2005 p.743) afirma que uma história deve sempre suscitar o interesse do leitor em diferentes fases da vida, não podendo se restringir a uma faixa etária pré-determinada: Inclino me quase a afirmar como regra que uma história para crianças de que só as crianças gostem é uma história ruim. Dando o exemplo de sua vida, diz que seu gosto pelos Contos de Fadas surgiu mais plenamente na idade adulta do que quando criança, assim, muitas vezes sendo incompreendido por seus companheiros. Tratando da literatura em sala de aula, penso que os professores deveriam oferecer diversas fontes para que os alunos pudessem compreender as múltiplas formas de linguagem literária e aperfeiçoar a sua visão de mundo, interpretando e reinterpretando o texto e o mundo. Conforme mergulhamos em uma leitura passamos a fazer parte dela, ao menos por um tempo nos tornamos co autores. Ao imaginar as vozes dos personagens, atribuir sons as paisagens e melodias para canções e rimas estamos construindo um novo texto paralelo ao que lemos. Segundo Ana Maria Machado (2002 p.24): ‘Ler uma narrativa literária como ninguém precisa ensinar, mas cada leitor vai descobrindo à medida que se desenvolve é um fenômeno de outra espécie, Muito mais sutil e delicioso’. Vai muito além de juntar letras, formar sílabas, compor palavras e frases, decifrar seu significado de acordo com o dicionário. É um transporte para outro universo, onde o leitor se transforma em parte da vida de outro, e passa a ser alguém que ele não é no mundo quotidiano. Ao imergirmos em uma história nos transportamos para outro universo. Assim, o leitor passa a fazer parte dos acontecimentos narrados podendo realizar feitos que não seriam possíveis em seu quotidiano, vivenciando novos sentidos a cada página. Conforme nos familiarizamos com os diversos tipos de textos, passamos a reconhecer qual gênero literário está diante de nós, quais suas características e estilos. Com isto, ao encontrar uma ironia, por exemplo, é mais fácil a interpretação do texto à medida que a reconhecemos, ampliando, assim, nossos horizontes. A utilização dos Contos de Fadas trazem diversas contribuições positivas para psiquê infantil. Impulsiona o leitor a refletir sobre os enigmas da existência humana e a construir respostas pessoais para os seus questionamentos e os aspectos que envolvem tanto as experiências pessoais quanto as coletivas. O Conto de Fadas propicia ao leitor imaginar e vivenciar diferentes experiências. No processo de ensino aprendizagem pode se apreender, através dos contos, o legado cultural construído por nossos antepassados. A cultura de um povo está permeada de ritos folclóricos, de misticismo, de lendas e do imaginário popular que cria e recria a cada dia suas histórias.
Por isso, faz se importante e necessário, mesmo na educação infantil, uma discussão à respeito da diversidade que constitui a nossa sociedade, sem com isso acabar com a possibilidade de fantasiar, proporcionada pelos Contos de Fadas. O compromisso do professor deve levar em conta a flexibilidade, a diversidade e a variedade que há no mundo das relações sociais e, nos interesses dos envolvidos no processo de ensino aprendizagem, colocando como meta da educação o pensamento de forma crítica.
3.0 A ARTE DE LER E CONTAR HISTÓRIAS
Não há “fórmula mágica” para transformar um indivíduo em contador de histórias. Esta tarefa não é tão fácil quanto parece, o processo precisa de estímulo e incentivo, de segurança e criatividade por parte do contador.
Para se tornar um “contador de histórias”, é preciso saber ouvir histórias, estudar, pesquisar, ensaiar. Conhecer como funciona a imaginação das crianças também é um grande passo, pois não se deve querer ensinar ou manipular os seus pensamentos, somente deve se contar a história, deixando a criança livre imaginar e sonhar.
É sempre necessário ler várias vezes a história que se pretende contar, pois o indivíduo que se propõe a esta tarefa, deve conhece lá muito bem, com suas pontuações, os momentos de respirar, de se surpreender, de mudar o timbre da voz, assim, quem ouvir a história irá se surpreender mesmo que ela seja contada muitas vezes.
Todo recurso que estiver disponível para chamar a atenção das crianças é válido. Dançar, cantar, usar sotaque, usar objetos, roupas de príncipes, princesas, fantoches, livros com páginas soltas, enfim, tudo que puder trazer o fascínio, estimular a imaginação e a reflexão da criança.
Não se pode impor a vontade do leitor à criança ou adolescente. Eles precisam ter a liberdade de escolha, ou seja, é necessário que eles próprios escolham qual o livro querem ler ou que seja lido, para que tenham mais interesse na história. È preciso também que se respeite o momento de cada um, pois, a criança pode não estar naquele momento, com vontade de ouvir histórias, então uma conversa antes de se iniciar a leitura é sempre bem vinda.
Não há quem resista a boas histórias. Nas páginas dos livros, dos jornais e das revistas, na tela do computador e na televisão, narradas presencialmente ou transmitidas pelo rádio... Seja lá onde e como aparecem, elas encantam, amedrontam, fazem rir ou chorar, assustam e são capazes de levar, ainda que em pensamento, até a lugares distantes pessoas de qualquer idade, especialmente as crianças. 
Na pré escola, elas fazem parte da rotina de duas maneiras: leitura e contação. Além de proporcionar aos pequenos o contato com o mundo dos livros, os momentos de leitura os levam a compreender que a escrita é uma maneira de fixar o texto. Afinal, todas as vezes em que se lê um conto de fadas ou uma fábula, por exemplo, a história é a mesma, está registrada. A contação, por sua vez, explicita o valor da cultura oral. Por serem transmitidas de geração para geração, sem um suporte concreto, as narrativas sofrem diversas transformações. 
Os saberes construídos e as habilidades desenvolvidas durante essas duas atividades não se encerram com esses exemplos. Tanto a contação quanto a leitura são um convite para explorar o mundo da ficção e a riqueza da linguagem literária. 
Ler e contar histórias, porém, não é a mesma coisa embora possa parecer à primeira vista, principalmente se as atenções estiverem voltadas só para o enredo. "As práticas têm particularidades no que diz respeito aos objetivos e à postura de quem apresenta a trama". Por isso, cada uma delas pede comportamentos distintos tanto dos educadores como dos pequenos e ambos os grupos precisam estar cientes dessa necessidade. 
Tabela comparativa: ler x contar
	 
	Ler
	Contar
	Característica
principal
	A história é apresentada preservando as palavras escolhidas pelo autor. O leitor deve se manter fiel ao que está escrito.
	A trama sempre sofre pequenas modificações, já que o contador tem a liberdade para improvisar e agregar elementos a ela. Ele nunca conta uma história da mesma forma.
	Objetivo
	Desenvolver o comportamento leitor das crianças. Elas conhecem o portador e seus elementos (texto e imagens), aprendem a emitir opiniões sobre a história, falando ao grupo se gostaram do que foi lido e por que, e a conhecer o ponto de vista dos colegas.
	Ampliar o repertório da cultura oral, que se perpetua na forma e sofre mudanças de conteúdo de geração em geração.
	Preparação
	Selecione e leia os livros pensando na qualidade literária e na adequação à faixa etária da turma.
	Conheça bem a história e seus personagens, já que ela será contada sem o auxílio de um portador de texto. Analise se intervenções com música, fantoches e outros recursos podem enriquecer o momento. Se sim, providencie o material.
	Organização da turma
	Coloque o grupo sentado próximo a você, de modo que todos possam ouvir a leitura e visualizar as ilustrações do livro. Se houver diversos exemplares do mesmo título, sugira que a turma acompanhe a atividade em duplas.
	Peça que as crianças se acomodem em torno de você para ouvir a contação com clareza.
	Início da atividade
	Apresente ao grupo o título do livro, o autor e o ilustrador. Explique o porquêda escolha e antecipe possíveis dúvidas. Se, por exemplo, os personagens moram no polo Norte, fale um pouco sobre o local. Lembre que é importante todos se manterem em silêncio até o fim da leitura e que perguntas serão respondidas depois. Faça referências ao suporte livro, um bem cultural que guarda a história.
	Faça uma introdução rápida do enredo e fale sobre a opção de contar aquela história especificamente. Antecipe possíveis dúvidas. Informe que é importante o grupo se manter em silêncio para ouvir a contação. As perguntas devem ser respondidas somente no término da atividade.
	Cuidados
	Durante a leitura, seja fiel ao texto. Não substitua palavras ou faça interrupções na narrativa. Mude o tom da voz de acordo com os personagens e o desenrolar da trama.
	Conte a história preservando os detalhes. Cuide da postura corporal para que os movimentos enriqueçam a contação. Fique atento à impostação de voz, respeitando o desenrolar da trama e as características dos personagens.
	O que fazer depois
	Convide a turma para comentar a história e as ilustrações e abra espaço para perguntas - se necessário, releia trechos. Ofereça o livro aos pequenos para que eles o manuseiem e analisem como o visual ajuda a contar o enredo.
	Sugira às crianças que apresentem suas opiniões sobre a trama que foi contada e a forma como a narração foi feita.
 O contar histórias é uma prática obrigatória para a promoção da leitura e no resgate lúdico da fantasia, o que antes era o trabalho do professor ou do bibliotecário, passou a ser apreciado pelos mais variados tipo de artistas como o cantor, o ator, músicos, poetas, surgindo com esse “frisson” a necessidade de se observar ao denominado espaço escolar como a “Hora do Conto”, pois a escolha do lugar, na qual uma história é contada, tem o poder de envolver ainda mais o ouvinte; sendo assim, o professor também deverá cuidar em chamar a atenção da criança, o que vem a exigir do professor que também tenha uma formação para esta prática:
 Contar histórias é uma arte, certamente. E nem todo o professor nasce com o privilégio desse dom [...] Entretanto, o uso de alguns recursos fará dele, se não o artista de dotes excepcionais, um mestre capaz de transmitir com segurança e entusiasmo um texto para os pequenos. (DINORAH, 1995 p.50). 
Para tanto, a autora orienta ser necessário ao professor que estude a prática do contar uma história de forma divertida e que transmita ao aluno um aprendizado de qualidade, que permita o entendimento do aluno por meio das informações e conhecimentos que esteja no contexto da história, fatores que vem a exigir objetividade do professor no ato de contar a história. O docente precisa incluir em seu planejamento curricular períodos dedicados à leitura, com o objetivo de formar crianças que gostem de ler e escrever, uma geração de leitores e escritores que possam enxergar na literatura infantil um meio de interação e diversão. Segundo Abramovich (1997 p.12) ‘o ato de escutar contos é o 28º início para a aprendizagem de se tornar um leitor’. Assim, oferecer estas oportunidades didáticas educativas significa capacitar as crianças para que possam desenvolver todas as suas potencialidades dentro da língua materna. Batista (2007 p.22) informa em sua pesquisa que uma parte dos professores afirma trabalhar com a literatura infantil assistematicamente, no entanto todos conhecem que atividades do gênero despertam nas crianças grande interesse, em especifico a forma narrada. A autora constata que a atividade de contar histórias por estes professores não tem significado ou objetivo, pois de acordo com relatos, o contar histórias em sua sala de aula é utilizado geralmente para acalmar e controlar as crianças quando estão muito inquietas. A narrativa da história infantil tem uma estrutura que traz uma expectativa ao receptor, cria condições que dá sentido aos fatos, pois quando a criança ainda não sabe ler ou está no aprendizado desta habilidade ainda não é capaz de unir as duas práticas ao mesmo tempo, ou seja, não consegue decifrar os códigos da leitura e entender a história ao mesmo tempo. Por isso, é necessária a mediação do professor no momento da contação da história, e se esta for contada de forma a despertar o interesse do aluno, também estará desenvolvendo sua aprendizagem.
Conforme Batista (2007 p.24), o professor deve assumir uma postura agradável e confortável para contar sua história, organizar as crianças de forma que todos possam alcançar com seus olhares o contador. Conclui se, portanto, que a utilização do conto de história nas atividades didáticas e educativas pode trazer inúmeros benefícios em vários âmbitos do desenvolvimento e da aprendizagem infantil. Tais atividades podem ser de familiarização com a linguagem escrita (no caso de crianças pequenas), ou do estudo sistemático dos elementos que a compõem, a fim de favorecer o desenvolvimento de habilidades linguísticas e metalinguísticas essenciais à evolução dos processos de alfabetização e de letramento. Dinorah (1995 p.20) argumenta que o professor não nasce com um dom artístico, mas o uso de recursos fará dele um bom contador de histórias, por isso os diferentes recursos são de grande valia, mesmo quando se trata de um ótimo narrador. Na visão de Chaves (2010 p.31) ‘’o trabalho com as artes, como a musicalização, o trabalho com telas e com a literatura, a estratégia de recursos adequados possibilita levar a criança a estágios cada vez mais avançados da aprendizagem e desenvolvimento’’. Dessa forma, acredita se que na contação de história o recurso leva a criança ao encantamento e assim terá o aprendizado que objetiva o professor. De acordo com Oliveira (2009 p.52), ‘há muitas maneiras de contar histórias, ou seja, existe uma série de recursos que podem ajudar o professor ao desenvolvimento dessa prática’. A autora também apresenta algumas orientações que ela não considera como regra, mas que podem facilitar o trabalho; são técnicas que procuram estar dentro das possibilidades da escola ou do professor. Segundo ela a técnica mais eficiente é o amor, a criatividade, unidos à preocupação com os objetivos do trabalho. “Se o professor for um apaixonado pela literatura infantil, provavelmente, os alunos se apaixonarão também” (OLIVEIRA, 2009 p.53).
 Alerta se para que o uso do recurso tenha um objetivo definido, de forma a não esvaziar o recurso; deve se ter vida e não só beleza por beleza, assim como toda arte praticada na escola, deve existir um objetivo de aprendizagem com a prática da mesma. Um exemplo de utilização de recursos com objetivo é trabalhar com objetos antigos ou instrumentos musicais, neste caso, o professor pode ensinar após a contação a história do objeto ou do instrumento, para que este serve ou serviu. Após apresentar a contação de história como elemento que pode auxiliar o trabalho do educador, sua importância, técnicas e recursos, ainda vale lembrar que estes são instrumentos para valorizar a prática e levar até a criança um encantamento maior que, consequentemente, o levará a ter mais motivação para o aprendizado. Acredita se que são técnicas eficientes, mas é o amor e a criatividade unidos ao comprometimento e objetivo de trabalho do professor que realmente transmite o conhecimento e o aprendizado desejado. É preciso que o professor tenha afinidade com a literatura, que se encante com a história, pois somente dessa forma poderá transmitir conhecimento. Deve se salientar que os recursos, além de serem aliados do professor no momento da contação de histórias, também auxiliam no aprendizado do aluno, pois desenvolvem sua imaginação.
Acredito que a “Contação de História” é uma atividade necessária e imprescindível no processo de desenvolvimento da criança, pois a contação de histórias auxilia na formação humana e, por isso, deve ser valorizada e desenvolvida no meio escolar a fim de potencializar a imaginação, a linguagem, a atenção, a memória, o gosto pela leitura e outras habilidades humanas, além de contribuir no processo de aprendizagem e socializaçãoda criança. 
A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um texto já é uma forma de leitura ( RCNEI, VOL. 3., p.141).
O professor, quando passa a contador de história, vai além de ser humano e transcende seu próprio Ser. Faz do exercício de contar a sua maneira de falar, deixa de ser pessoa simplesmente e adentra em um mundo que só a criança compreende. Nesse momento, ele aproveita essa potencialidade comunicativa favorecida pela contação para despertar o desejo pela leitura, afinal quando há encantamento o aluno inconscientemente se predispõe a compartilhar os saberes. Fica assim, explícita a necessidade de criação de um novo olhar sobre a instituição escolar. Não se admite mais que a escola represente uma mera listagem de técnica ou uma metodologia para ser utilizada pontualmente, sem nenhuma possibilidade de interação entre ela, a fantasia, e os alunos. Os contos fomentam a possibilidade de vida cooperativa, interativa e talvez fraterna; mas o que importa na verdade é esse clima favorável à aprendizagem, que a maioria das escolas acaba por ignorar. Contudo, a escola não é a única responsável pela negação do valor dos contos. Há um histórico de desvalorização dos mesmos desde o seio familiar, não há um incentivo à leitura, não se conta mais casos nas rodas de fogueiras, ou nas soleiras das portas. Essas, são culturas, brincadeiras de infância que “já não importam mais”. Por isso, a escola precisa unir forças com as famílias e até outros grupos sociais, na tentativa de valorizar e salvar o que ainda resta do belo, educativo e fantasioso nos contos de outrora. ‘É importante ressaltar o quanto pode ser significativo que os pais leiam histórias para seus filhos, ou folheiem algumas literatura infantil, levando os a dizerem o que imaginam o que irá acontecer na página seguinte’. (JOLIBERT 1994, P. 129). Enfim, existe algo mais simples, menos pesado do que compartilhar, interagir com seus filhos os diversos encontros com o escrito, com a história oral, que marcam naturalmente a vida familiar diária? Cabe a nós, professores, procurarmos caminhos múltiplos, que permitam que cada um encontre o seu lugar. A família e a escola necessitam entender que enquanto o conto diverte a criança também a esclarece sobre si mesma, possibilitando lhe atribuir significados a sua existência. 
São ímpares, não como forma de literatura, mas como obra de arte integralmente compreensível para a criança, como nenhuma outra forma de arte é, o significado do conto é diferente para cada pessoa, e diferente para a mesma pessoa em vários momentos de sua vida. (BETTELHEIM, 2000 p. 20). 
Se a leitura é, acima de tudo, a compreensão dos outros, a contação de histórias possibilita, sobretudo, o entendimento do próprio sujeito. Partindo disso, os professores pontuam duas coisas importantes: A primeira é que sempre é tempo de, ainda, procurar reatar os laços com os momentos de contação de história na própria escola, e, dessa maneira, desfazer as barreiras criadas em torno dos contos de fadas. A segunda é que não podemos nos agarrar a nossas dificuldades, travando o crescimento dos alunos. Se é certo que nossa responsabilidade maior é descortinar para eles mundos novos, é igualmente certo que isso somente pode ser feito através da fantasia, para a qual é caminho privilegiado a contação de histórias.
4.0 CONCLUSÃO.
Vê se que não há a necessidade de esperar pela alfabetização formal para que as crianças se envolvam com a leitura dos contos infantis. Tem se que associa lá à alfabetização, para se obter melhores resultados na formação escolar e na preparação da criança para a vida real. Só assim, a criança conhecerá a realidade mundana sem toda obscuridade nela presente.
Entretanto, para que elas se tornem efetivamente leitoras e autoras dos próprios textos, faz se necessário que, em algum momento do processo de alfabetização tenham não somente adquiridos conhecimentos específicos do código alfabético, mas também (e, sobretudo) imaginação bem fluente, capaz de desenvolver textos criativos; isso acontecerá se essas crianças tiverem acesso aos contos de fadas, responsáveis por tais benefícios.
Afinal, não se ensina ou não se aprende simplesmente a ler e a escrever. Aprende-se uma forma de linguagem, uma forma de interação, uma atividade, um trabalho simbólico, que só é conseguido através da utilização dos contos de fadas a partir da alfabetização.
Sendo assim, o enfoque deste trabalho foi mostrar a importância da utilização dos contos e seus benefícios às crianças, já que, são relacionados ao mundo imaginário pintando a realidade do mundo, atualizando ou reinterpretando, em suas variantes questões universais, como o conflito do poder e a formação dos valores, misturando realidade e fantasia, no clima do “Era uma vez”, permitindo “um final feliz”.
5.0 REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil, gostosuras e bobice. 5 ed. São Paulo: Scipione, 1997.
AGUIAR, Vera Teixeira. Era uma vez… na escola: formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001.
ALENCAR, Marcelo. Quem quiser que conte outra. Educação. São Paulo: Segmento. Ano 26, nº 228. p. 42-54, abr 2000. 
BATISTA, Cleide Vitor Mussini. Hora do Conto: um espaço para brincar com as palavras. In. Trabalho pedagógico na educação infantil. Londrina: Humanidades, 2007.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. p.150.
BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. 14ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 440 p.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Trad. Arlene Caetano. São Paulo: Paz e Terra, 2007.
CHAVES, Marta. Intervenções pedagógicas humanizadoras: Possibilidades de práticas educativas com artes e literatura para as crianças na educação infantil. In. A formação do professor e intervenções pedagógicas humanizadoras. 1 ed. Curitiba: Instituto da memória editora, 2010.
COELHO, Nelly Novaes. O Conto de fadas: símbolos – mitos – arquétipos. São Paulo: Paulinas, 2008.
DARTON, Robert. O grande massacre dos gatos, e outros episódios da história cultural francesa. Rio de Janeiro: Graal, 1986.
DINORAH, M. O livro infantil e a formação do leitor. Petrópolis: Vozes, 1995.
JOLIBERT, Josette. et al colaboradores. Formando crianças leitoras. Vol 1; Tradução Bruno C. Magne, Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. 220 p.
LEWIS, C. S. Três maneiras de escrever para crianças. In: As Crônicas de Nárnia – Volume Único. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
OLIVEIRA, Maria Alexandre de. Dinâmicas em Literatura Infantil. São Paulo: Paulinas, 2009. 
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Vol. 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.
REGO, Lúcia Lins Browne. Literatura infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na pré-escola. São Paulo: FTD, 1995.
ROMERO, Silvio. Lalmmert. Rio de Janeiro, 1885
SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Belo Horizonte, nº25, p.5-17, jan/fev/mar/abr, 2004.
SOUZA, Angela Leite. Contos de Fada: Grimm e a literatura oral no Brasil. Belo Horizonte, MG: Lê, 1996.
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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Trad. Jéferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1987.

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