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APS-MARIA DA PENHA

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FACULDADE DE ENSINO E CULTURA DO CEARÁ
CURSO DE DIREITO
LEI MARIA DA PENHA: UMA EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL EM FAVOR DA MULHER
FORTALEZA-CEARÁ
Outubro/2014
LEI MARIA DA PENHA: UMA EVOLUÇÃO DO DIREITO PENAL EM FAVOR DA MULHER
Amonay Maressa Arrais Alves de Souza
Atividades Práticas Supervisionadas, trabalho apresentado como exigência para a avaliação do segundo bimestre em disciplina do 4º semestre do Curso de Direito da Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará, sob orientação do Professor Sandro Ziccarelli.
Fortaleza-Ceará
Outubro/2014
SUMÁRIO:
Resumo
1. Considerações iniciais...................................................................................04
2. Origem da lei 11.304/06................................................................................05
3. Violência doméstica.......................................................................................06
3.1. Formas de prevenção................................................................................08
3.2. Assistência à mulher...................................................................................09
3.3. Medidas preventivas...................................................................................10
4. O papel do Poder Público.............................................................................11
5. Aspectos positivos e negativos da Lei Maria da Penha................................12
5.1. Aspectos positivos......................................................................................13
5.2. Aspectos negativos....................................................................................15
6. Propostas de Melhorias.................................................................................15
7. Considerações finais.....................................................................................17
8. Referências bibliográficas.............................................................................18
“A vida é para ser vivida
Os sonhos para serem realizados
Só de realidades se faz a vida
Pois é da vida que se alimenta a morte
Viva intensamente
Acredite na sua sorte!”
Maria da Penha
RESUMO
O presente trabalho objetiva fazer uma análise sobre a Lei Maria da Penha, como um marco na luta da sociedade contra a violência sofrida pelas mulheres no ambiente familiar, considerando a importância da criação de sanções penais para coibir e punir a agressão contra a mulher. Far-se-á uma explanação a cerca da origem dessa lei e a importância da atenção conferida pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Palavras-chave: Lei Maria da Penha. Violência. Mulher. Direito. Punição.
ABSTRACT
This paper aims to make an analysis of the Maria da Penha Law, as a landmark in the struggle of society against violence suffered by women in the family environment, considering the importance of creating criminal penalties to deter and punish the aggression against women. An explanation will be made at about the origin of this law and the importance of attention given by the Brazilian legal system.
Keywords: Maria da Penha Law. Violence. Woman. Right. Punishment.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Conhecida popularmente como Lei Maria da Penha, a lei 11.340/06, foi considerada um ponto marcante no combate à violência domestica e familiar contra a mulher. Entretanto, para que houvesse a criação dessa lei, foi necessário um grande esforço e pressão de diversas ONGs e organismos internacionais.
A conquista de direitos igualitários entre homens e mulheres é fruto de um longo período histórico. Uma luta não só por igualdade, mas por respeito à dignidade humana e liberdade do ser feminino. Essa lei também representa a ratificação dos direitos da mulher enquanto ser humano e cidadã, segundo a Constituição Federal brasileira de 1988.
Dentre tantas formas de subjugação da mulher perante a sociedade dominada pela figura masculina, a causa que deu ensejo a criação de uma lei especial, foi o crescente aumento dos casos de agressões contra a mulher, que sempre foram tratados como uma questão privada, que não deveria sair do âmbito familiar, surgindo, assim, a necessidade de se criar normas para coibir a ocorrência desses fatos criminosos e punir os agressores. 
O presente Artigo Científico passará a apresentar os principais aspectos da Lei Maria da Penha, fazendo uma explanação sobre a sua origem e as medidas por ela adotadas, destacando os pontos positivos, observadas, também, as suas falhas,e propondo melhorias para se obter a máxima garantia dos direitos conquistados através dessa lei.
ORIGEM DA LEI 11.340/06
É possível observar que ao longo da historia a violência doméstica e familiar veio crescendo, surgindo, assim,a necessidade de se criar normas específicas para coibir e punir essa forma de violência. No Brasil, até setembro de 2006, a violência era julgada como crime de “menor potencial ofensivo”, onde a pena máxima fixada era de dois anos podendo ser revertida em multa ou cestas básicas.
Apesar da Convenção de Belém do Pará (OEA), e da Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (ONU), o Brasil por muito tempo não se posicionou quanto a propostas de criação de leis que tratassem desse tipo de violência. Somente após a condenação do Brasil por negligência e omissãopela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, em decorrência do caso de Maria da Penha Maia Fernandes, criou-se um dispositivo legal, a Lei 11.340 de 2006, sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,visando aumentar o rigor das punições aos homens que agridem física ou psicologicamente a uma mulher ou à esposa, o que ocorre com mais freqüência.
Essa lei ficou conhecida como Lei Maria da Penha (LMP), em homenagem à biofarmacêutica, natural de Fortaleza, capital cearense, que foi vítima de agressões físicas e mentais por parte do marido, o professor universitário colombiano Marco Antonio Herredia Viveros. Maria sobreviveu a duas tentativas de homicídio. Na primeira, em 1983, ficou paraplégico em decorrência de um tiro nas costas enquanto dormia disparado pelo marido, que alegou que a esposa foraatingida em um assalto em seu domicílio. Meses depois Maria tomou coragem para denunciá-lo, após a segunda tentativa, quando Viveros empurrou-a da cadeira de rodas e tentou eletrocutá-la e afogá-la no chuveiro. Somente após 19 anos o marido de Maria foi condenado, cumprindo apenas dois anos em regime fechado. Mas este episódio tornou-se mais do que um caso de justiça brasileira, tomou conhecimento internacional, como expomos no parágrafo anterior, provocando uma grande pressão no País para que fosse tomada uma medida em favor da luta que passou a ser a de milhões de mulheres representadas pela mesma indignação de Maria da Penha.
Essa lei representa a ratificação dos direitos das mulheres enquanto seres humanos, garantidos pela Constituição Federal brasileira de 1988, conferindo-lhes o direito à vida, à integridade física e moral, à liberdade, ao patrimônio, e, dentre tantos outros, o direito à dignidade e à busca pela felicidade, colocando-as em igualdade com os homens, como cidadãs.
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
A violência doméstica é a violência praticada dentro de casa, no âmbito familiar, os agressores são os próprios familiares como pais, padrastos, irmãos, tios etc. Existem várias formas de violência como o abuso sexual contra crianças e adolescentes, contra idoso e contra a mulher. Caso a violência tenha sido praticada por um desconhecido não se encaixa na classificação de um crime de violência doméstico e, sim, urbano, pois para ser um crime doméstico, é preciso que haja o mínimo de parentesco. É válido ressaltar que com o tempo a LMP foi modificada, para proteger não só a mulher, mas a toda pessoa que for vítima de qualquer tipo de violência doméstica, englobando também aos homens que sofrerem maus tratos e violações de seus direitos no núcleo familiar.
A violênciapode ser divida de diversas formas como a violência física que ocasiona a agressão, a violência psicológica que é a agressão verbal, violência socioeconômica e muitas outras, como expressonos artigos 1° e 2° do Tratado Internacional – Convenção do Belém do Pará.
		
Artigo 1° Para os efeitos desta Convenção deve-se entender por violência contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado.
Artigo 2°Entender-se-á que violência contra a mulher inclui a violência física, sexual e psicológica:
a: que tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica ou em qualquer outra relação interpessoal em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher e que compreende, entre outros, estupro, violação, maus-tratos e abuso sexual;
b: que tenha ocorrido na comunidade e seja perpetra por qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violação, abuso sexual, tortura, maus tratos de pessoas, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como em instituições educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar, e
c: que seja perpetra ou tolerada pelo Estado e seus agentes, onde que ocorra.
Segundo as pesquisas feitas pelo Instituto Sangari, o blog “mulher ideal cariri”, chama atenção com o tema “Dados da Violência 2014 acendem alerta sobre o peso das discriminações de gênero e de raça no aumento dos homicídios de jovens no Brasil”. A matéria expõe percentuais exorbitantes e vergonhosos no aumento dos homicídios dolosos de mulheres, números que dobraram no País nas últimas décadas, passando de uma taxa de 2,3 por 100 mil habitantes, em 1.980, para 4,8 homicídios por 100 mil, em 2.002 – um crescimento de 111% - na maioria dos casos são jovens na faixa até 30 anos. [1]
 “Pelo entendimento da cultura machista, no momento em que uma mulher sofre violência doméstica e é assassinada, alguma coisa ela fez para merecer aquilo”. Nas palavras da própria Maria da Penha, entende-se que um dos elementos da violência é o preconceito e a própria ignorância de uma sociedade predominantemente machista e desigual. Podemos identificar também a culpabilização da vítima, um dos recursos mais usados e bem aceitos na chamada “cultura do estupro”.
“A vida começa quando a violência acaba” - frase de Maria da Penha, que recomeçou sua vida motivada por uma luta, que deixou de ser pessoal.
FORMAS DE PREVENÇÃO
Dada a complexidade do problema e as repercussões que causa,a eficácia das ações de prevenção e redução da violência doméstica depende da reunião de recursos de diversas áreas. Na forma doartigo 226, § 8°,da Constituição Federal/88, oEstado age juntamente com a sociedade civil, contando com movimentos sociais de mulheres, por exemplo, Associação de Parentes e Vítimas de Violência (APAVV), fomentando fatores estimulantes, como informações de programas de prevenção, buscando soluções para essa problemática.
Existe também outro dispositivo jurídico que visaprevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, assegurando os seus direitos e dignidade humana, a Convenção Interamericana do Pará, de 1994 – “Convenção de Belém do Pará” - que destaca ainda uma série de outros direitos: respeito à vida;respeito à integridade física, mental e moral; direito à liberdade e à segurança; direito a que se respeite a dignidade inerente à sua pessoa e a que se proteja sua família; direito a ter igualdade de acesso às funções públicas de seu país e a participar nos assuntos públicos, inclusive na tomada de decisões, entre outros.
Geralmente as razões que levam as mulheres a se calarem são: o medo de represálias; medo de ficar sem recursos para subsistência própria e de seus filhos; vergonha de familiares e vizinhos; e a insegurança para “recomeçar”. Pelo fato de ter uma relação de afeto e intimidade com o agressor, a grande maioria das vítimas acaba não denunciando, pela esperança de que os episódios de agressão não mais se repitam. Segundo Bárbara M. Soares, em sua obra “Enfrentando a Violência contra a Mulher”, uma das formas de prevenção é ficar atento a alguns sinais como, por exemplo: o comportamento controlador do agressor; expectativas irrealistas com relação à parceira; abuso verbal. Certamente o primeiro passo é a denúncia para que o órgão competente venha a tomar conhecimento da situação e iniciar as devidas providências legais.
A resistência e o medo de fazer a denúncia impossibilitam a aplicação da Lei, como mencionamos. A dificuldade de se realizar o devido processo de investigação e punição do agressor era maior, pois a mulher acabava por vários motivos retirando as acusações e voltando para o seio da violência. Felizmente, a lei Maria da Penha foi alterada para impossibilitar a mulher de retirar a denúncia, passando o Ministério Público a ser o titular do processo.
ASSISTÊNCIA À MULHER
Em casos de violência doméstica o primeiro passo é a denúncia. Pode ser realizada pelo “Ligue 180”, que é a Central de Atendimento à Mulher, ou ir diretamente a uma Delegacia Especializada à Mulher (DEAM), relatando o caso com o Boletim de Ocorrência, e até mesmo a uma Delegacia comum.
A lei 11.340/06 garante expressamente em seu texto o direito de assessoria às vítimas de agressão doméstica. Podemos verificar nos artigos 27 e 28:
Art. 27. Em relação os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado.
Art. 28. É garantida a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, no termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento especifico e humanizado.
Podemos concluir, portanto, que o legislador se preocupou em conferir à mulher agredida e fragilizada, condições de buscar as vias judiciais, desobstruindo os meios, para levar a diante o processo contra o seu agressor.
Como outras formas de assistência às vítimas o Estado viabiliza o acompanhamento psicológico.Em casos de agressão física há hospitais especializados para a mulher(como o Hospital da Mulher de Fortaleza), e, casas de abrigos, quando essas vítimas não podem retornar pra suas residências. Pode-se contar, também, com os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e as medidas protetivas de urgência, que foram as principais inovações trazidas pela LMP.
MEDIDAS PROTETIVAS
Juntamente com a Lei Maria da Penha vieram às medidas protetivas, que reforçaram os meios de assistência à mulher.São de caráter urgente e de efeito imediato. Dividem-se em: medidas protetivas de urgência; medidas protetivas que obrigam o agressor; e as medidas protetivas dirigidas à ofendida.
Conforme o artigo 19, § 1°,da LMP, as medidas protetivas de urgência podem ser concedidas de imediato sem audiência ou manifestação no Ministério Público:
§ 1° As mediadas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, independentemente de audiência das partes e de manifestações o Ministério Público, devendo este ser prontamente comunicado.
As medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor sãoaplicadas para suspensões, restrições, afastamento do lar, proibições de aproximação da ofendida, visitas, entre outras. Já a medida protetiva de urgência à ofendida, o juiz poderá encaminhar a vítima para programas oficiais ou comunitários de proteção ou quando necessário aplicar-lhe outras medidas, como proteção patrimonial, restituição de bens, proibição temporária de celebrações de compras e vendas da parte do agressor. 
O PAPEL DO PODER PÚBLICO
O Governo busca hoje o equilíbrio entre homens e mulheres, tentando assim combater a discriminação e a violência contra as mulheres. Encontramos expressamente a busca pela igualdade no artigo 5º, I, da Constituição federal brasileira de 1988. A lei 11.340/06 assegura as mulheres condições para que possam exerceros direitos efetivos à vida, segurança, acesso a justiça, liberdade, dignidade, entre outros. Cabe, também, ao Poder Público desenvolver políticas para que esses direitos possam ser exercidos, segundo o artigo. 3º, §1º, Lei 11.340:
Art. 3º, §1º “O Poder Público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos Humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Conforme a lei de que trata este artigo, o poder público tem o dever de garantir sua execução e buscar o apoio dos demais órgãos do governo(ONG's, Municípios, Casas de abrigos), além de estruturar juizados especiais, para que dessa forma se possa combater a violência doméstica e familiar com eficácia.
 Compete, ainda, ao Governo a divulgação de informações, através de campanhas educativas e distribuição de materiais informativos sobre a Lei Maria da Penha, além de organizar eventos de conscientização com o objetivo de discutir o tema em todo o território nacional e capacitar agentes públicos para eficácia na execução da lei, apurando resultados concretos para implantação de novos projetos no combate da violência familiar.
ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DA LEI MARIA PENHA
É reconhecida a importância de uma lei especial para tratar do tema em questão, devido aos números exorbitantes de casos de violência contra a mulher ao longo da história. Todavia, mesmo com as medidas protetivas e todo o amparo conferido pela LMP, a mesma não atingiu ainda a eficácia necessária para erradicar, ou mesmo amenizar com a eficiência esperada, os índices de violência doméstica.
Apesar dos avanços alcançados pela LMD, pesquisas recentes contabilizam 4,4 assassinatos a cada 100 mil mulheres, em 2014. Nesse tipo de crime o Brasil ocupa o 7° lugar no ranking de países. De acordo com as pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), houve uma queda no índice de mortalidade nos casos de violência doméstica contra a mulher, mas voltou a subir em 2009, chegando a 5,82 óbitos para cada 100 mil mulheres em média, no período compreendido entre 2009 e 2011.
Conforme revelaram os dados dos atendimentos realizados de janeiro a junho de 2014 pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), 77% das mulheres em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente. Podemos constatar que não tem havido total empenho do Poder Público para máxima aplicação da Lei.
ASPECTOS POSITIVOS
Em tempos, não muito distantes, as agressões contra as mulheres eram tratadas apenas como pequenas contravenções penais, onde muitas vezes eram punidas com o pagamento pecuniário de multas e até mesmo cestas básicas. Com o advento dessa nova lei, inúmeros benefícios advieram para uma melhor condição de vida, trazendo mais segurança para as mulheres brasileiras.
Inúmeros pontos foram inovados, deixando de tratar como um crime de menor potencial lesivo, proibindo as penas pecuniárias, garantindo cada vez mais um direito fundamental da mulher, tratando como violência familiar não apenas mais as agressões físicas sofridas pelas mulheres, mas também as agressões morais, sexuais, psicológicas e, ate mesmo os danos causados ao patrimônio da mulher. Vejamos o que nos relata o Art. 5 da Lei 11.340:
Art. 5o  Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Caso o agressor venha a descumprir qualquer que seja das medidas protetivas, determinadas judicialmente, este poderá ser punido cumulativamente com outras medidas protetivas, caso o agressor continue a desobedecer a determinação judicial, o juiz de direito poderá de oficio decretar a prisão preventiva ou a pedido do representante do ministério publico, garantindo mais segurança para a mulher, conforme nos relata o Art. 20 da lei 11.340/06: 
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial.
Anteriormente à Lei, os casos de violência contra a mulher eram julgados pelos Juizados Especiais e Criminais, onde existiam penas que variavam de seis meses a um ano, hoje depois dessa nova lei, foram construídos inúmeros juizados especializados contra a violência da mulher e as sanções penais foram aumentadas, podendo as penas chegar a três anos e se por ventura a mulher agredida for possuidora de alguma deficiência a pena poderá ser aumentada em um terço da pena. 
Como mais um exemplo de inovação dessa lei, antes o agressor poderia frequentar os mesmo ambientes que agredida, sem que houvesse qualquer problema, hoje pode ser determinado de oficio pelo juiz como uma medida protetiva o afastamento do agressor da vitima, não permitindo assim que o mesmo permaneça no mesmo ambiente da vitima, proporcionando uma maior segurança para a mulher. Ressalta-se ainda que o juiz pode conceder as medidas protetivas de urgência em um prazo de até 48 horas.
ASPECTOS NEGATIVOS
A falta de treinamento adequado de delegados e policias no atendimento às mulheres vitimas de violência doméstica, consiste em um dos principais pontos negativos da Lei Maria da Penha. Devido aos traumas sofridos elas se sentem envergonhadas e humilhadas, necessitam de acolhimento e atenção especiais, portanto é preciso que esses profissionais estejam bem preparados e treinados para lidar com situações tão delicadas.
Há quem defenda que o termo agressor utilizado amplamente para designar o sujeito que está sob Investigação policial e posterior processo judicial, merece crítica, pois o termo ofende o principio da presunção de inocência consagrado na Constituição Federal em seu art.5º, LVII - esse principio estabelece que a pessoa submetida à investigação e ao processo criminal deve receber tratamento de inocente. Conforme a LMP, para ser considerado agressor basta que a mulher ofendida indique alguém como tal.
Em virtudes dos pontos citados, tanto positivos como negativos, é preciso que essas mulheres sejam orientadas e acompanhadas, que lhes sejam garantidos segurança ao fazer a denúncia da agressão. 
PROPOSTAS DE MELHORIAS
Wânia Pasinato, consultora da ONU Mulheres e pesquisadora do Núcleo Pagu/Unicamp, afiram que “o campo das políticas públicas precisa conhecer melhor as causas dos números crescentes de assassinatos de mulheres para enfrentá-los de modo mais eficaz”. Para ela, aumentar a produção de dados e estatísticas nacionais sobre a violência contra as mulheres consiste em um passo essencial nesse sentido.
O estudo realizado pelo IPEA, mencionados anteriormente, destaca a necessidade de reforçarem-se as ações previstas na LMP, efetivando assim a proteção das vitimas e reduzindo a desigualdade de gênero no Brasil, levando-nos a constatar que a Lei Maria da Penha é importante, mas ainda ineficiente. 
O crime de feminicídio poderá ser incluso no Código Penal (Lei 2.284/1940) como um reforço no homicídio. A pena sugerida para o crime de morte da mulher é de reclusão de 12 a 30 anos. A tipificação especial foi recomendada pela Comissão ParlamentarMista de Inquérito (CPMI) da violência contra a Mulher prevista no projeto de lei do Senado (PLS 292/2013), proposto no relatório final da CPI. O projeto deixa claro que a aplicação da pena do feminicídio não elimina punição por crimes a ele associados, como estupro. A CPMI também avaliou a aprovação da Lei 11.340/2006 como um ponto de partida, e não de chegada, no combate á violência contra mulher. Daí a defesa da inclusão do feminicídio no código penal.
“A importância em tipificar o feminicídio – diz a senadora Ana Rita (PT-ES) - é de reconhecer, na forma da lei, que mulheres estão sendo mortas pela simples razão de serem mulheres, bem como, mostrar a desigualdade de gênero que persiste em nossa sociedade, para assim combater a impunidade, e consequentemente evitar que feminicidas sejam beneficiados por interpretações jurídicas.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Lei Maria da Penha (11.340/06) foi criada com o intuito de proteger as vítimas de agressões domésticas, bem como punir os seus agressores e realizar ações para combater essa prática criminosa. Todavia, apesar de seu caráter essencial para a sociedade, a Lei apresenta falhas para efetiva aplicação, pois, de acordo com os dados coletados desde a sua promulgação, os índices de violência e homicídios de mulheres em seus lares, mesmo depois de terem feito a denúncia e com todas as garantias conferidas pela LMP, tiveram uma diminuição logo após a entrada em vigor da LMP, mas voltaram a subir e a subir cada vez mais até os dias atuais.
Diante de tantas estatísticas negativas, concluímos que apesar de ser uma grande conquista para o nosso ordenamento jurídico e beneficiar uma parte das vítimas, as medidas adotadas não têm sido aplicadas de forma eficaz, faltando mais empenho do Poder Público e da própria sociedade em combater a violência e a discriminação para com o gênero feminino.
A criação de uma legislação específica não erradicou o problema, não evitou a violência muito menos os óbitos, mas trouxe benefícios para a mulher, como um ponto de referência a qual ela pode recorrer. As delegacias especializadas também são um avanço, embora o medo ainda seja uma barreira difícil de ser superada. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] http://mulheridealcariri.blogspot.com.br/p/mulher-de-corpo-e-alma.html
BASTOS, Marcelo Lessa. Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher: lei Maria da Penha – alguns comentários. In: XV Congresso Nacional do CONPEDI, 2006, Manaus.
CENTRO UNIVERSITÁRIO GERALDO DI BIASEFUNDAÇÃO EDUCACIONAL ROSEMAR PIMENTELCURSO DE DIREITO. Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/20196858/Violencia-Domestica-e-Familiar-Contra-a-Mulher
http://cidadania.fcl.com.br/violencia-domestica-a-luta-continua/item/violencia-domestica-a-luta-continua
CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ. 10 anos da adoção da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. Disponível em: http://agende.org.br/docs/File/publicacoes/publicacoes/revista%20Convencao%20Belem%20do%20Para.pdf
http://www.observe.ufba.br/lei_aspectos
GOMES, Luis Flávio; BIANCHINI, Alice. Lei da violência contra a mulher: renúncia e representação da vítima. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1169, 13 set. 2006. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8917>.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Maria_da_Penha
Lei Maria da Penha não reduziu morte de mulheres por violência, diz Ipea – g1.com. Disponível em: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/09/lei-maria-da-penha-nao-reduziu-morte-de-mulheres-por-violencia-diz-ipea.html

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