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Direito Constitucional (1)

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Direito Constitucional- 1ºMini Teste
I Capítulo. Direito Constitucional 
Noção de Direito Constitucional 
Definição
O Direito Constitucional é a parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado enquanto Comunidade e enquanto Poder. É o direito da Constituição, sendo esta definida como o conjunto de normas jurídicas que definem: estrutura (povo, território e poder político); fins (segurança, justiça e bem-estar económico-social) e funções do Estado (política, legislativa, judicial e administrativa), assim como, a organização (económica, social e política), titularidade (órgãos); exercício (processo de feitura e execução de leis) e controlo do poder político (fiscalização da constitucionalidade, tribunais e Provedor de Justiça).
É ainda de referir que o DC é um ramo de direito público interno formado pelo conjunto das normas constitutivas do estatuto jurídico do político, que estabelecem os princípios políticos e jurídicos da sociedade, regulam material, processual e formalmente a organização do poder político, consagram e garantem os direitos e deveres fundamentais do cidadãos e pessoas jurídicas e definem positivamente a ordem-quadro, económica, social e cultural. 
Normas constitucionais e normas ordinárias
As normas constitucionais são as mais importantes de um ordenamento jurídico, uma vez que que constituem o suporte e fundamento das restantes normas jurídicas, que são designadas como normas ordinárias, tendo de respeitar as primeiras sob pena de inconstitucionalidade. As normas constitucionais estão, assim, no topo da hierarquia, são a fonte hierarquicamente superior do Direito já que prevalecem sobre as demais normas jurídicas. 
As normas constitucionais estão em regra reunidas num diploma, no entanto, podem existir fora do texto constitucional, ou seja, apesar de assumirem a forma de norma ordinária consideram matéria de âmbito constitucional. 
Lei: ato normativo geral e abstracto, editado pelo Parlamento, cuja finalidade essencial é a defesa da liberdade e propriedade dos cidadãos. 
As primeiras Constituições escritas e os antecedentes do constitucionalismo
 	Até o Séc.XIX, os governantes consideravam-se limitados por normas religiosas ou princípios morais, uma vez que a sanção pelo incumprimento das normas era meramente moral. A ideia de organização constitucional do Estado só começou a ganhar impulso no Séc.XVIII, dadas as revoluções liberais( Francesa e Americana) surgindo as primeiras Constituições escritas na transição da Monarquia Absoluta para o Estado de Direito Liberal. 
 No entanto, podemos encontrar alguns documentos que regulavam, em parte, a organização e o exercício do poder político ̶ antecedentes do constitucionalismo ̶ que tinham em vista a limitação do poder e a defesa de direitos dos cidadãos. São eles documentos como: 
A Magna Carta (1215): foi imposta pela nobreza Inglesa ao Monarca, procurava resolver alguns problemas resultantes da estrutura feudal da época e, assim, proteger as diferentes classes sociais da prepotência do monarca.
A Petition of Right (1628): foi imposta pelo Parlamento a Carlos I de Inglaterra, sendo considerada uma tentativa de tomada e posição do Parlamento sobre princípios fundamentais das liberdades civis.
Os Covenants (séc.XVII): eram contratos de colonização ou pactos de criação de comunidades coloniais entre os colonos fixados no continente americano e a mãe-pátria, onde se estabeleciam direitos e deveres recíprocos. 
O Instrument of Government (1653): é considerado como a primeira Constituição escrita do Estado Moderno, aproximando-se das constituições autoritárias da época contemporânea, apesar de bastante rudimentar e concebido para permitir o absolutismo de Cromwell. 
O Bill of Rights (1989): chamada também Declaração de Direitos afirmava que sob nenhum pretexto o rei poderia violar as leis fundamentais do reino, abstendo-se de perseguir os católicos. 
Forais: entretanto encontramos a concessão de forais, que implicava o reconhecimento pelos senhores e pelo monarca de certas liberdades aos residentes, envolvendo a definição de normas básicas de administração local. 
O Pactum Subjectionis: pacto de sujeição medieval, o povo confia o governo ao monarca com a condição de a governação obedecer aos parâmetros de equidade, caso contrário, é legítimo o exercício do direito de rebelião popular. 
Leis Fundamentais do Reino: leis às quais o rei devia obediência, não as podendo modificar. Representavam um limite ao poder do reino, mesmo num período de progressiva concentração e unificação de funções da coroa. Tratavam-se de disposições relativas à Coroa e nada estabeleciam sobre direitos e deveres entre rei e súbditos. 
Não havia até aqui a preocupação de codificação de normas fundamentais. Com a Revolução Francesa, em 1789, pretendeu-se pôr termo ao absolutismo real, mediante a consagração do principio da separação de poderes: o poder legislativo caberia ao Parlamento, o poder executivo ao Rei e o poder judicial aos Tribunais.
Passou a entender-se que existia um poder supremo: o poder do povo elaborar a sua própria organização, ou seja, a sua Constituição, onde constariam os órgãos com capacidade para exercer o poder, as suas atribuições, bem como os direitos dos cidadãos perante estes órgãos. 
Aparecem então as primeiras Constituições escritas: o primeiro texto foi a Declaração de Direitos do Estado da Virgínia, em 1776, seguida pelas Constituições dos outros Estados americanos até à Constituição da Confederação dos Estados Americanos, de 1781, e à Constituição Federal, de 1787. Em 1789, surgiu a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão e, em 1791, a primeira Constituição francesa, reforçando-se assim o ciclo iniciado com as Constituições americanas onde ficaram bem traçados dos contornos do Estado Constitucional. 
A partir daqui encarou-se a Constituição como um conjunto de regras jurídicas definidoras das relações de poder, como forma de limitar os governantes e legitimar os actos do Estado. No Estado de Direito Liberal o principal objetivo da Constituição era limitar o poder politico atendendo sobretudo à organização do poder politico, consagrando a separação de poderes e os direitos dos cidadãos. No Séc.XX a Constituição torna-se um conceito mais amplo, aberto a uma pluralidade de conteúdos, ao mesmo tempo que se universalizava. 
Em Portugal, a Revolução Liberal surgiu em 1820 e, por essa razão, a primeira constituição escrita surgiu em 1822.
Espécies de Direito Constitucional 
Direito Constitucional Particular 
O Direito Constitucional Particular dedica-se apenas à análise da ordenação constitucional de um Estado concreto, estudando a sua estrutura, fins e funções, a organização, titularidade, exercício e controlo do poder politico. Por exemplo, quando estudamos o Direito Constitucional Português. 
Direito Constitucional Geral 
O Direito Constitucional visa a fixação de uma dogmática constitucional que serve de enquadramento teórico ao estudo do DC Particular. Por exemplo: se estudarmos o sistema de fiscalização da constitucionalidade português estamos no âmbito do DC Particular, mas se estudarmos os sistemas de fiscalização em geral, e aí enquadrarmos o nosso, estamos a fazer um estudo de DC Geral.
 
Direito Constitucional Comparado 
O DC Comparado faz uma descrição dos vários sistemas constitucionais positivos, tentando captar os seus aspectos característicos e, assim, fornecer contributos para o DC Geral. A comparação pode ser simultânea e diz-se sincrónica ou sucessiva e diacrónica. 
Noção de Ciência Política 
A CP trata-se de uma ciência que procura estudar, ordenar, sistematizar e dar a conhecer a realidade politica, os fenómenos políticos. Hoje em dia, entende-se por fenómeno político todo aquele que pressupõe uma relação de poder, uma relação entre governante e governado. A ciência politica é uma ciência meramente descritiva, não normativa. 
Sobreposição da Ciência Política e do Direito Constitucional 
O DC é o direito da Constituição. Esta vai normativizaros fenómenos políticos. Nesta perspectiva existe um âmbito de sobreposição entre a CP e o DC, uma vez que ambos se dedicam aos fenómenos políticos. 
Distinção entre Ciência Política e Direito Constitucional
Enquanto a CP tem um carácter descritivo e tem como objeto uma realidade factual, o DC é formado por normas jurídicas e tem como objeto uma realidade normativa. 
A CP estuda “como é”, o DC diz “como deve ser”. Pode dizer-se que a CP é complementar do DC porque permite pesquisar aspectos que a simples consideração das normas jurídicas não deixaria antever, assim como subsidiária porque ajuda o jurista a compreender melhor as normas jurídicas. 
Distinção entre o Direito Público e o Direito Privado
A divisão do direito em vários ramos tem como fundamento o reconhecimento da existência de certos núcleos de normas com características singulares comuns, distintas de outros núcleos ou ramos.
A primeira grande divisão do direito, não só pela sua importância e alcance mas também pela distinção que tem, é a que distingue Direito Público e Direito Privado. O DC inclui-se no Direito Público, como grande base da ordem jurídica estadual, do qual derivam os restantes ramos do direito.
III Capítulo. Teoria da Constituição 
Os Sentidos da Constituição
O constitucionalismo e os sentidos de Constituição: sentido material e sentido formal. 
A constituição é um conjunto de normas jurídicas fundamentais que definem a estrutura, os fins e as funções do Estado, a organização, a titularidade, o exercício e o controlo do poder político, bem como a fiscalização do acatamento das normas constitucionais. 
Existem constituição pode ser considerada por duas perspectivas: uma material, em que atende ao seu objeto ou ao seu conteúdo quando se delimita a matéria com dignidade constitucional, e uma formal, em que se atende à posição das normas jurídicas e ao modo como se articulam e se recortam no ordenamento jurídico, normalmente inseridas num texto escrito elaborado por órgãos com poderes especiais, mediante um processo próprio e onde constam os princípios fundamentais da ordem jurídica. 
A constituição em sentido material abrange todas as normas que abordem matéria com dignidade constitucional, já a constituição em sentido formal define-se como um conjunto de normas qualificadas de constitucionais e revestidas e força jurídica superior à de quaisquer outras normas. A constituição em sentido formal deve vincular-se à Constituição em sentido material. Os países com constituição material são também países com constituição formal (à excepção da Inglaterra). 
Requisitos de Existência de uma Constituição Formal
As normas constitucionais formais são normas de fonte legal e que exigem um processo específico de formação. Integram-se num conjunto sistemático, com uma unidade e coerência própria dentro do ordenamento jurídico, estando no topo do direito positivo do Estado. Assim, gozam de um regime imposto por tais características, que se manifesta na sua interpretação, integração, aplicação e na sua garantia. 
A constituição em sentido formal conta com 3 requisitos: 
Intencionalidade própria na sua formação: ou seja, as normas formalmente constitucionais são criadas com a intenção de serem constitucionais, de acordo com um processo específico de formação. 
Sistematização própria: isto é, as normas integram-se num conjunto sistemático com unidade e coerência próprias, dentro da unidade e coerência geral do ordenamento jurídico, estando colocadas no topo desse mesmo ordenamento. 
Força jurídica superior: ou seja, as normas gozam de um estatuto ou regime imposto por determinadas características e pela função que exercem. 
Constituição Formal vs Constituição Instrumental 
Constituição em sentido instrumental é o documento onde se depositam normas que foram criadas com a intenção de serem constitucionais e terem um valor jurídico superior. Este sentido só é relevante quando relacionado com o sentido formal. O papel deste é dar a conhecer a constituição em sentido formal. A constituição em sentido instrumental depende pois da existência de uma constituição formal, mas sem com ela se confundir forçosamente.
As normas formalmente constitucionais podem, em relação à constituição em sentido instrumental, surgir de quatro maneiras, relacionando conceitos:
Podem constar de um só texto chamado Constituição- sendo esta a hipótese mais vulgar.
Podem constar de um pluralidade de textos ou documentos elaborados (simultaneamente ou sucessivamente) como constitucionais- é a hipótese de se fazerem várias constituições em vez de uma só.
Podem constar de um texto chamado Constituição e de textos posteriormente elaborados como constitucionais, formando todos uma unidade. 
Podem constar de um texto chamado Constituição e de textos anteriores mantidos ou elevados por normas consignadas, nesse mesmo texto, à categoria de constitucionais- hipótese da existência de uma constituição, juntamente com leis em harmonia com preceitos nela expressos que assumem a forma de leis constitucionais.
Nesta última hipótese torna-se evidente a noção de noção de Constituição instrumental a juntar à Constituição formal. Esta relação entre a constituição e certas leis que por virtude dela adquirem estatuto de leis formalmente constitucionais designa-se por relação de receção. Esta pode ser formal ou material.
A relação de receção formal pressupõe a conservação da força jurídica originária dos princípios ou preceitos, acarretando a sua interpretação, integração e aplicação nos mesmos termos da sua situação de origem;
A relação de receção material reduz-se a uma técnica de preenchimento de espaços de regulamentação jurídica. As normas recebidas são incorporadas como normas do sistema que as recebe e com o espírito que a este preside, a sua vigência, interpretação e integração, ficam dependentes de outras normas do novo sistema.
A Aplicação destes Conceitos à realidade Constitucional Portuguesa
A Importância da Existência de uma Constituição Formal 
A distinção entre a constituição em sentido formal e a constituição em sentido instrumental, no caso português é importante, uma vez que o atual direito constitucional português recebeu as leis nº 8,16 e 18/75 e 1/76 como leis formalmente constitucionais - uma receçao material; e a declaração Universal dos direito do Homem - receção formal. Uma e outras farão parte da constituição em sentido formal embora não da constituição instrumental. 
Estas leis, como formalmente constitucionais estão sujeitas ao mesmo estatuto, deveriam ser revistas aquando a constituição e geram inconstitucionalidade, se violadas.
A distinção entre constituição formal e o conceito mais amplo de constituição material
As normas materialmente constitucionais não cabem todas na constituição formal. 
Os dois conceitos podem ser ou não coincidentes, assim a constituição em sentido formal seria desde logo constituição material, ou seja, em regra as normas formalmente constitucionais são-no também materialmente, porque a primeira serve de sinal e garantia da constituição material que lhe subjaz. A forma não pode valer por si só, vale enquanto se reporta a certa substância. As normas inseridas no texto qualificado de constituição e formalmente constitucionais serão constitucionais do ponto de vista material ao visarem matérias com dignidade constitucional. 
Para o positivismo a Constituição material será o conjunto de normas inseridas no texto constitucional, única e exclusivamente o conteúdo jurídico destacado da realidade constitucional e plasmado no texto constitucional
Classificação das Constituições:
Constituição escrita e constituição mista
Uma distinção possível é a que distingue sistemas essencialmente consuetudinários, semi-consuetudinários e subsidiariamente consuetudinárias, ou seja, entre constituição consuetudinária, nascida do costume, escrita ou mista. 
Esta distinção é feita tendo em conta o papel que as normas escritas e o costume desempenham no sistema constitucional e assim, de acordocom esse critério as constituições mistas, são aquelas em que as normas escritas e o costume estão no mesmo plano e papel. Não há distinção. O principal exemplo de constituição mista é o caso da Grã-Bretanha onde a vida constitucional é regulada por várias fontes de direito que têm todas o mesmo valor e independentemente da existência das normas escritas. Assim as fontes de direito constitucionais na Grã-Bretanha são as seguintes:
Custom: Prática social da qual resulta uma norma que é obrigatória e aplicada nos tribunais e têm associada uma sanção;
Statutes: Atos legislativos praticados no momento que contém normas jurídicas e que em alguns casos regulam matéria com dignidade constitucional. As normas têm todas o mesmo valor;
Precedentes Judiciais: são as decisões dos tribunais que vão aplicar as normas e que têm valor obrigatório para os restantes tribunais quando existam casos análogos.
Conventions: Práticas sociais que se repetem ao longo do tempo e que também se tornam obrigatórios mas são diferentes do custom porque não são passíveis de sanção.
O caráter essencialmente consuetudinário do sistema britânico deriva não só do costum mas também do papel desempenhado pelas conventions.
Um sistema semi-consuetudinário é aquele em que o papel do costume é paralelo, em certos domínios importantes, ao da lei constitucional.
Uma constituição escrita é aquela em que predominam as normas escritas e o papel do costume é um papel meramente subsidiário. Este é o sistema que predomina na maior parte dos estados e relativamente ao costume distinguem-se três tipos:
Secundum leges: tem um conteúdo relacionado com uma norma constitucional escrita1
Praeter leges: abrange matérias que não estão reguladas por normas escritas
Contre leges: tem um conteúdo contrário a normas constitucionais escritas
Só o costume praeter leges é que pode ser fonte de direito constitucional. O contre leges não se aplica pois vai contra a norma e por isso é inconstitucional.
Constituição flexível, rígida e semi-rígida
Constituição flexível: é aquela que pode ser revista pelo mesmo processo adotado para a elaboração de leis ordinárias
Constituição rígida: é aquela que só pode ser modificada mediante um processo específico, nela previsto e distinto do processo legislativo ordinário
Constituição semi-rígida: é aquela em que certa parte pode ser revista por processo análogo ao legislativo ordinário e noutra parte só mediante um processo específico.
Esta classificação tem como critério o processo de revisão constitucional. Entende-se que para a distinção entre constituição rígida e flexível há que ter em conta, para além do processo de revisão, os limites apostos a esse processo pelas constituições.
Existem limites formais, circunstanciais, materiais e temporais.
Os limites formais podem dizer respeito ao órgão encarregado da revisão, sendo então um órgão legislativo especial que tem por base o órgão legislativo ordinário embora o ultrapasse.
Os limites circunstanciais resultam da verificação de situações de perturbação da ordem política ou social, não visam propriamente assegurar a permanência da constituição, mas antes impedir que essa situação de perturbação vá coagir os encarregados da revisão constitucional.
Os limites temporais e materiais visam assegurar a permanência da constituição.
Entende-se assim que se deve ter em linha de conta a existência de limites formais, temporais e materiais para a distinção entre constituição rígida e flexível.
Uma revisão constitucional total só é possível quando a constituição o preveja expressamente, porque de outra forma há uma rutura na ordem constitucional, já que o poder de revisão está subordinado ao poder constituinte originário. Pode-se falar em revisão formal, quando se cria um novo texto e revisão material quando se alter a principiologia.
Constituição Normativa, Nominal e semântica
Esta classificação é feita com base no critério ontológico proposto por Karl Lowenstein. Este critério significa a concordância entre as normas constitucionais e a realidade do processo político isto porque segundo o autor, nenhuma constituição funciona por ela própria mas antes é aquilo que os detentores do poder fazem dela na prática e por isso ela tem que ser vivida/posta em prática. 
Nesta perspetiva:
Constituição Normativa: É quando as normas constitucionais dominam o processo político ou em que o processo do poder se adapta Às normas constitucionais e submete-se a ela. Assim as normas constitucionais funcionam como meio de controle dos governantes e como proteção dos governados. Assim é uma constituição válida porque limita o poder político. É eficaz porque protege os direitos fundamentais dos cidadãos e tem uma realidade existencial esta é também a classificação regra nos estados atuais ocidentais.
Constituição Nominal: é válida mas ineficaz porque não se adapta à dinâmica do processo político ou seja não tem uma realidade existencial pois não está adaptada à sociedade. Existiram no período de descolonização mas como não conseguiram aplicar-se foram modificados para serem normativas.
Constituição Semânticas: São válidas nas eficazes ou seja são aquelas constituições que visam apenas formalizar a situação do poder político em benefício dos detentores do poder e como tal não têm em vista a fixação e o controlo do poder, nem os direitos dos cidadãos e por isso são inválidos mas eficazes pois são impostas aos cidadãos. São ligados aos regimes ditatoriais.
Constituição utilitária e ideológico-programática
A constituição utilitária tem como base um critério meramente cronológico pois correspondem ao primeiro tipo de constituições que seguiram em termos históricos e portanto o seu conteúdo é ainda restrito ou seja preocupava-se fundamentalmente com a organização do poder político e os direitos fundamentais do cidadão
As constituições ideológico-programático: surgem no século XX e já têm o conteúdo muito mais amplo, têm já uma ideologia inerente à constituição. Já definem objetivos económicos e sociais e estabelece a Constituição económica do Estado. Cega a configurar-se como um programa genérico do governo.
Esta distinção tem pouco relevo pois a maior parte das constituições contemporâneas são programáticas, com maior ou menor grau ideológico. E por outro lado, mesmo as constituições liberais ainda vigentes não são rigorosamente neutras, está-lhes sempre implícita certa ideologia.
Constituições dos estados capitalistas e constituições dos estados socialistas
Uma outra classificação atende a uma faceta do conteúdo das constituições: o sistema económico vigente, tendo por conceito-base a constituição económica, como conjunto de preceitos que definem um dado sistema económico e que instituem uma certa forma de organização e funcionamento da economia. Só de acordo com este critério é possível integrar a Constituição no sistema social e económico de que faz parte e possibilita a compreensão das funções da constituição de acordo com o sistema socioeconómico.
Dentro das constituições capitalistas existem vários tipos:
Constituições liberais: Foram as primeiras e caracterizam-se pela enunciação de direitos, liberdades e garantias e organização do poder político com uma separação de poderes. Porém, dada a preocupação de controlar e limitar o poder político, estas constituições ocuparam-se sobretudo com a parte organizatória, notando-se uma carência de princípios ideológicos-programáticos.
Constituições sociais-democratas: Caracterizam-se por valorizar a parte ideológica-programática, não se limitando à parte organizatória. Visam não só a ordem estadual mas também a ordem social, cabe aos entes públicos intervir para conformar uma sociedade desigualitária. Quanto aos direitos fundamentais, recolhem os chamados direitos negativos e ao mesmo tempo dão atenção aos direitos positivos, direitos sociais e económicos que postulam uma certa atividade por parte do estado. Refletem a evolução do estado parlamentar para o chamado estado administrativo, de que é expressão a técnica dosdecretos-leis e autorizações legislativas e o domínio reservado dos regulamentos.
Constituições autoritárias: surgiram com a crise liberal e as ideologias autoritárias fascistas. Engrandecem o poder executivo ou do governo e conforma as liberdades públicas, com intervenção do estado na economia, consagrando a separação de poderes embora com uma prática de concentração.
Constituições Compromissórias: São por vezes reconduzidas às constituições sociais-democratas. Enquanto as constituições sociais-democratas quando não elaboradas em época de capitalismo estabilizado, refletem a dominância da classe burguesa no conjunto e de algumas frações de classe em particular. As constituições compromissórias resultam de um compromisso entre forças políticas heterogéneas, portadoras de interesses diferentes. Forças que tentam veicular a sua ideologia no texto constitucional, daí resultando uma ordem constitucional com uma justaposição de modelos políticos diferentes e por vezes antagónicas. Numa classificação que atenda à homogeneidade do conteúdo da constituição, opõem-se às constituições simples, que podem reconduzir-se a um só princípio enquanto estas aglutinam princípios de natureza real ou potencialmente diversa ou oposta, ainda que algum dos princípios acabe por prevalecer ou tenha que ser entendido como base da subsistência de todos os demais no seu conjunto.
As constituições do terceiro mundo: Não possuem caráteres específicos suficientes para se considerarem como outro tipo de constituições. As constituições destes estados acompanharam a evolução sociopolítica e aproximam-se dos outros modelos referidos.
Constituições estatuárias e constituições programáticas: 
As constituições estatuárias ou orgânicas são as que se ocupam sobretudo do estatuto dos órgãos do poder político, dos seus órgãos e da participação política dos cidadãos, limitam-se a traçar as regras do processo político sem atender à parte económica, social e cultural. Semelhante a esta noção é a classificação de constituição garantia, que se dedica sobretudo aos direitos fundamentais e garantias institucionais da vida social e aos princípios de limitação e alternância do poder.
As constituições programáticas ou doutrinais para além da organização política estabelecem diretrizes, programas e metas para a ação do estado no domínio económico, social e cultural. A estas corresponde essencialmente uma outra classificação de constituições prospetivas. 
Esta distinção deve ser entendida em termos relativos, visto que não coincide com a distinção entre Constituição Política e constituição social.
Classificação das normas constitucionais
Normas precetivas e normas programáticas tendo em conta a eficácia, a nível da realidade constitucional, podemos distinguir entre:
As normas constitucionais precetivas: são normas de aplicação direta, não estando a sua eficácia dependente de condições institucionais ou de facto, vinculando todos os sujeitos de direito, incluindo o legislador ordinário.
As normas constitucionais programáticas: abundam nas constituições programáticas e são normas de aplicação diferida, dirigem-se a certos fins e as transformações não só da ordem jurídica mas também de estruturas sociais, dirigem-se a todos os órgãos do poder que devem tomar as medidas necessárias para as efetivar.
Normas exequíveis e normas não exequíveis por si mesmas: aqui encontramos o critério distintivo nas próprias normas, na completude ou incompletude destas.
As normas constitucionais exequíveis: são aplicáveis por si só, sem necessidade de lei que as complementem.
As normas constitucionais não exequíveis: por si mesmas são carecidas de normas legislativas que as tornem plenamente aplicáveis da via.
Todas as normas exequíveis por si mesmas podem considerar-se precetivas, mas nem todas as normas precetivas são exequíveis por si mesmas. 
Convém também frisar que entre as normas precetivas e programáticas, bem como na outra classificação, não há uma diferença de natureza ou de valor. Umas e outras são normas jurídicas e constitucionais, as diferenças assinaladas são de estrtura e projeção da norma no ordenamento.
A força jurídica das normas programáticas traduzem-se em:
Determinam a inconstitucionalidade de normas anteriores que disponham em contrário; 
Possuem um sentido proibitivo duplo: proíbem a emissão de normas legais contrárias, e a prática de atos que tendam a impedir a produção de atos por elas impostos.
Não podem ser invocadas em tribunal pelo cidadão, uma vez que não se lhes dirigem, nem regulamentam relações entre os particulares antes de destinam aos órgãos do poder, não podem fazer valer direitos com base nestas normas antes de serem concretizadas.
Capítulo IV. O Poder Constituinte
O Poder Constituinte
Definição e espécies
Em sentido amplo abrange a faculdade de criar as normas constitucionais, quer escritas ou não escritas.
Em sentido restrito é a possibilidade de criar normas constitucionais escritas que vão criar a trave mestra do ordenamento jurídico do Estado.
Como temos um sistema estrito falamos sempre em criar normas constitucionais escritas. Neste sentido o poder constituinte é o poder mais elevado do estado uma vez que é através dele que a soberania do estado se realiza plenamente, uma vez que o órgão que o vai exercer vai determinar uma opção global para o futuro no que diz respeito a toda organização do estado.
O poder constituinte tem duas espécies: Originário e Derivado
Originário: Vai criar uma constituição de novo para um estado que nunca a teve ou deixou de ter em virtude de uma desagregação social, por essa razão é lógica e cronologicamente anterior à constituição.
Derivada: Possibilidade de alterar uma constituição já existente para corrigir imperfeições para integrar lacunas ou adaptá-la à evolução da sociedade.
Revisão: Contrariamente ao anterior este só pode ser exercido nos termos previstos pela própria constituição. Por essa razão entende-se que só em sentido impróprio se pode chamar poder constituinte porque ele é um poder constituído como os outros poderes que são criadas pela constituição.
A Natureza do Poder originário: é um poder jurídico ou um simples poder de facto?
O poder constituinte originário só se exerce quando há uma rutura na ordem constitucional ou um golpe de estado, a não ser que a constituição admita a revisão total, ou seja, não estabeleça limites. Quanto ao Estados novos, aí o poder constituinte originário vai exercer-se pela primeira vez e como tal não há rutura na ordem constitucional. Nesta perspetiva temos duas teses de natureza constituinte originária: 
Positivistas (Kelson): Que entendem que as revoluções são atos contrários ao direito uma vez que o poder constituinte vai necessariamente ser exercido pelos mais fortes e como tal será uma manifestação de força. A revolução é concebida como um fenómeno fora do direito de modo que os próprios atos preparatórios da constituição serão pré-jurídicos pois o direito só nasce com a constituição. Portanto o poder constituinte poderá ser legítimo com a ideologia que inspirou a revolução mas não será legal e assim será sempre um poder de facto.
Contemporânea: As revoluções não são propriamente contrárias ao direito. Podem ser é contrárias ao direito instituído mas são reguladas pela sua própria ideia de direito e pretendem substituir a ideia de direito em vigor e instituir a da revolução e por essa razão entende-se que ele não é um poder de facto mas sim um poder jurídico.
Características do poder Constituinte Originário
O primeiro teorizador foi Siéyès. Para este, o poder constituinte residia no povo ou na nação e por isso todos os poderes criados pela constituição seriam uma emanação da vontade do povo ou da nação, que delegava o seu poder na assembleia constituinte. 
Assim teria três características essenciais:
Inicial: Pois antes dele não existia qualquer outro poder que lhe servisse de fundamento
Autónomo: Porque era independente. Ele é que decide se como e quando elaborar a constituição
Omnipotente:Não estaria sujeito a quaisquer limites nem de forma nem de substância. 
O entendimento mudou e desde dessa altura ele é realmente inicial, autónomo mas não é omnipotente porque em todas as sociedades existe um conjunto de ordens ou valores anteriores à constituição que constituem um pilar da civilização. 
Poder Constituinte Formal e Poder Constituinte Material
Poder constituinte formal é o poder de elaborar normas constitucionais escritas, de criar um complexo normativo ao qual se atribui a força da constituição. 
Poder constituinte material é a faculdade de selecionar de entre as normas constitucionais as que devem também sê-lo de um ponto de vista formal.
O poder constituinte originário está sujeito não só a limites formais como a limites materiais. Tem limites quanto à validade, ou seja tem que respeitar uma ordem de valores anteriores à constituição e que são os pilares morais da própria civilização, que resultam desta e não da natureza humana como pretendiam os neojusnaturalistas.
Titularidade do Poder constituinte
A questão da titularidade do poder constituinte é indissociável da questão do titular da soberania, e soberano é o poder que cria o direito.
Antes da idade média não se colocou a questão da titularidade do poder. No entanto, nas monarquias teocráticas dos faraós, de Grécia e Roma, há uma alusão já à origem divina do poder, uma vez que o rei é considerado descendente dos deuses e portanto ele é um deus.
Teoria do direito divino: Com o período medieval houve uma mudança da ideia pois este período foi dominado pelo cristianismo e passou a entender-se que o poder residia em Deus que tinha como representante o Papa e que delegava o poder no rei. Nessa altura o Monarca era sagrado pelo papa e assim surgiram as teorias do direito divino. Temos assim: 
Teoria do Direito divino sobrenatural (ou de legitimidade carismática): Os governantes são diretamente escolhidos por Deus, governam “pela graça de deus”. O poder será assim um dom divino concedido a certas pessoas, dado possuírem um certo carisma. O que revelaria a escolha divina de um indivíduo seria por exemplo o seu aparecimento em circunstâncias difíceis e salvando o povo de dificuldades existentes, outras vezes a participação em milagres.
Teoria do Direito Divino Providencial: Deus ao criar o mundo teria criado leis que o hão-de governar e só excepcionalmente intervém para modificar essas leis. O poder vem de Deus para a sociedade que depois o confia aos governantes. Essa ordem providencial que regula a harmonia das coisas e atende às necessidades dos homens regeria também a designação dos governantes.
Teorias Contratualistas
Entretanto na idade média tornou-se corrente a ideia de que a fonte do poder temporal era o povo. O fundamento da autoridade política residia num contexto de submissão pelo qual o povo voluntariamente instituía um poder que o regesse. Era o surgir das doutrinas contratualistas, do pactum subjectonis.
Teoria do poder popular alienável: segundo esta teoria o povo detém o poder e transfere-o para o monarca através de um pacto de sujeição. Essa transferência pode ser definitiva e irrevogável passando o governante a exercer o poder por direito próprio ficando superior ao povo. Chegava-se assim às monarquias absolutas.
Teoria do poder popular inalienável: O povo limita-se a transferir o uso ou exercício do poder mas reserva para si a raiz do poder e por isso mantém-se superior ao monarca e pode destitui-lo. Esta teoria justificou os casos históricos de revolta contra os monarcas e em alguns casos a morte. Vigorou no século XVI, XVII, XVIII. 
Teorias Monocráticas do despotismo iluminado (século XVIII ligadas ao estado de polícia)
Por força do iluminismo começou a fazer-se a apologia de governos minoritários.
As massas populares seriam incultas e ignorantes, vivendo naquilo que se chama obscurantismo, daí que não poderiam participar no governo já que a sua ação seria nefasta aos seus próprios interesses. Assim o poder caberia à minoria esclarecida, detentora da moderna cultura e capaz de implantar as reformas exigidas pelo progresso da ciência. Assim esta doutrina favoreceu o poder absoluto dos monarcas uma vez que se pensava que o ideal seria o despotismo esclarecido, ou seja, o poder ilimitado de um soberano posto ao serviço da razão e da ciência.
Democracia Liberal: tem por fundamento essencial a liberdade individual à qual é dado um conteúdo preciso. A liberdade individual é concebida como a zona de autonomia do indivíduo perante o Estado. O estado deve limitar-se a um papel geral e restrito – assegurar a paz e a ordem pública. O poder político deve ser organizado de modo a não atentar contra a autonomia individual.
Teoria da Soberania Nacional: O titular da soberania é a nação como uma entidade abstrata distinta do conjunto dos cidadãos. Assim temos como consequências:
A teoria do mandato representativo: se a soberania cabe à nação, e esta é uma entidade abrstrata, deve exercer o poder através de representantes, mas que representam toda a nação e não aqueles que os elegeram.
A teoria do eleitorado-função; a soberania pertence à nação que é uma entidade abstrata, como tal é necessário que os eleitores designem representantes, mas o que importa é que sejam designados os órgãos e não a forma como se delega. Assim os eleitores não exercem um direito mas antes uma função: eles exprimem a vontade nacional. Essa função pode ser exercida por uma parte apenas dos cidadãos - sufrágio restrito. A nação pode atribuir tal função apenas àqueles que acha mais dignos de a representar, tornando-o: Capacitário ( o direito de voto cabe apenas aos que tem certo grau de instrução) ou Censitário (só podem votar aqueles que pagam certos impostos).
O mandato representativo: conduz à irresponsabilidade dos representantes. Eles não podem receber mandatos precisos, não podem ser diretamente controlados pelos eleitores, não podem assim ser desalojados dos cargos que ocupam. O mandato é irrevogável.
Teoria da Soberania Popular
A democracia tem como fundamento o contrato social. Todos os cidadãos são iguais, cada um aliena os seus direitos a favor da sociedade e participam assim igualmente na vontade geral, e mesmo os que não participam devem submeter-se. Temos assim a teoria da soberania popular, segundo a qual o poder cabe ao povo, cabendo a cada elemento uma parcela de soberania.
Assim como consequências temos:
1º O povo titular da soberania exercerá o poder segundo formas de democracia direta. Em caso de impossibilidade o poder poderá ser confiado a representantes que devem ser eleitos por sufrágio universal, sendo responsáveis perante o povo que representam e podendo ser destituídos do cargo que ocupam - mandato imperativo – porque têm de cumprir tarefas impostas pelo eleitorado e revogável.
2º Como cada cidadão é titular de uma fração de soberania, deve eleger os seus representantes. É a teoria do eleitorado direito, que leva ao sufrágio universal, em que todos os cidadãos gozam do direito de voto. O sufrágio universal pode contudo ser desigualitário, assim:
-com o voto múltiplo os eleitores podem votar em várias circunstâncias;
-O voto plural confere a certos eleitores vários votos geralmente em função da fortuna;
-O voto familiar confere ao chefe de família um número de votos proporcional ao tamanho da família.
3ºO poder político encontrando as suas origens no povo e sendo exercido pelo povo não há necessidade de limitações porque ele nunca será despótico.
 Teoria da soberania do Estado
Foi teorizado no século XIX, na Alemanha, no positivismo normativo.
Sendo o povo um simples elemento do estado, este é que é o titular do poder soberano, não fazendo sentido falar do povo como seu titular, porque este não tem razão de ser antes do Estado e da Constituição. O Estado é uma entidade autónoma, não depende da vontade dos homens.
Teoria Marxista
Na tese da soberania popular marxista, o poder constituinte cabe aos detentores dos meios de produção, que formam a classe dominante, do pontode vista económico. Insere-se nas teorias do governo minoritário para as quais o titular do poder constituinte é uma minoria de cidadãos definida por critérios de natureza ideológica, intelectual, económica ou social.
Na Constituição Portuguesa Atual
Só o povo real- concebido como comunidade aberta de sujeitos constituintes que entre si “contratualizam”, “pactuam” e consentem o modo de governo da cidade – têm o poder de disposição e conformação da ordem político-social.
A constituição de 1976 consagra fundamentalmente a tese da teoria da soberania popular, no entanto, contém também elementos próprios da soberania nacional. Assim como elementos da soberania popular encontramos o disposto nos artigos seguintes:
Artigo 1º, a menção à vontade popular
Artigo 2º, a soberania popular
Artigo 3º, refere que a soberania reside no povo
Artigo 108º, que a soberania pertence ao povo
Artigo 10º consagra o sufrágio universal
Artigo 115º apresenta resquícios de democracia direta.
Artigo 114º consagra o sistema representativo
Artigo 152º nç2, um mandato não imperativo e irrevogável
Formas de Exercício do Poder Constituinte
As formas de exercício do poder constituinte são condicionadas pelas estruturas económicas, políticas e sociais dominantes em casa sociedade e em cada momento histórico. Temos fundamentalmente três formas de exercício:
Democrática: o povo exerce o poder intervindo diretamente ou indiretamente na feitura da constituição;
Ditatorial ou autocrática: o poder é exercido por um indivíduo ou por um grupo de indivíduos;
Mista ou pactuada: em que a constituição resulta de acordo ou pacto entre o monarca e o povo (ou seus representantes).
Esta distinção é feita de acordo com 2 elementos:
entidade competente para o exercício do poder constituinte.
existência ou não de expressão popular.
A Forma Democrática pode ser…
Representativa: o poder constituinte cabe ao povo que elege os seus representantes que reunidos em assembleia vão elaborar a constituição.
Direta: o texto constitucional é elaborado por uma assembleia formada por todos os cidadãos eleitores, pelo povo sem mediação de quaisquer representantes.
Semidireta ou referendária: O texto constitucional é elaborado por um órgão eleito e em seguida submetido à aprovação popular.
A teoria da soberania nacional conduz logicamente à democracia representativa. Embora não exclua a possibilidade de governo representativo está mais próxima da democracia direta ou semidireta.
A Forma Ditatorial pode ser…
Monocrática: quando o poder é exercido por um só indivíduo: Monárquico (quando é o monarca que dá ou outorga uma constituição à Nação).
Bonapartista: quando esse indivíduo é um ditador que elabora a constituição em nome do povo.
Autocrática: quando o poder é exercido por um grupo de indivíduos, por um governo de facto ou revolucionário e que o podem fazer a título próprio ou em nome do povo, invocando o princípio democrático.
 A Forma Mista pode ser…
Plebiscito: misto de bonopartismo e democracia. A constituição é elaborada por um indivíduo e submetido a aprovação popular.
Constituições Pactuadas: Misto de democracia e monarquia. A constituição resulta de um acordo entre a Assembleia representativa e o monarca. Também é possível o acordo ocorrer entre o monarca e uma autoridade não monárquica ou entre o povo e uma autoridade não monárquica ou revolucionária.
As hetero-constituições são aquelas que são elaboradas fora do Estado em que vão vigorar. A partir do momento em que estes estados se convertam em soberanos a sua validade passa a fundar-se no poder constitucional local.
Conteúdo do exercício do poder constituinte
As constituições nascidas de uma forma democrática de exercício do poder constituinte têm um conteúdo democrático. As constituições nascidas de uma forma ditatorial de exercício do poder constituinte podem ter um conteúdo ditatorial (bonapartista) ou democrático.

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